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As Atribuições do Poder Legislativo Municipal- Vereador

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1
RENATA CUNHA
As Atribuições do
LEGISLATIVO
MUNICIPAL
Conheça as principais funções de um vereador 
e o funcionamento da Câmara Municipal.
22
Renata Cunha
Servidora efetiva do Poder Legislativo 
(Assembléia Legislativa do Estado de 
Santa Catarina - ALESC) desde 2010, 
pós graduada em Gestão Pública e 
f o r m a d a e m H i s t ó r i a p e l a 
Universidade Federal de Santa 
Catarina. Ministra palestras e cursos de 
c a p a c i t a ç ã o p r o  s s i o n a l p a r a 
vereadores e servidores de Câmaras 
Municipais. Cursou Ciência Política na 
Espanha (Universidade de Salamanca) 
e coordenou o Centro de Apoio às 
Câmaras Municipais da ALESC. 
Renata Cunha possui um canal no 
Youtube e pers nas redes sociais, onde 
compartilha assuntos relacionados ao 
funcionamento e a atuação do Poder 
Legis la t ivo , espec ia lmente das 
Câmaras Municipais de Vereadores.
@renatacunha.leg
Renata Cunha
3
Ao leitor (a)
O objetivo desse livro digital é orientar os vereadores e suas 
equipes de gabinete em relação ao trabalho realizado na 
Câmara Municipal, passando por todas as suas funções e 
competências.
Nesse guia, eu organizei e disponibilizei as informações mais 
essenciais sobre o funcionamento, a estrutura e a organização 
do Legislativo Municipal.
Renata Cunha
Esse livro vai contribuir para 
qualicar o seu mandato, 
incentivar a busca por mais 
conhecimento sobre o Poder 
Legislativo, de forma que 
você possa transformar a 
atuação do vereador no 
Brasi l , especialmente a 
forma de legislar e scalizar 
o Executivo Municipal.
Os conhecimentos aqui disponibilizados buscam, também, 
estimular uma reexão sobre o verdadeiro papel do vereador e 
os desaos atuais enfrentados pelos membros do Legislativo.
44
SUMÁRIO
Direitos dos vereadores - Prerrogativas do 
parlamentar
Pra nalizar
Numero de vereadores nas Câmaras Municipais
Quanto ganha um vereador
Relação vereador - prefeito
O Município na Federação Brasileira
Competências das Unidades da Federação
As Três Funções do Estado
A Câmara Municipal e Sua Importância para o
Município
Tipos de leis que o vereador pode criar
Como o vereador pode scalizar e acompanhar a 
gestão do município
A participação do vereador no orçamento da cidade
O vereador também julga
Lei orgânica do município
Regimento interno da Câmara Municipal
Comissões parlamentares de inquérito (CPI)
A função de representação
Funcionamento da Câmara Municipal
Mas anal, o que faz um vereador?
Preparação do Mandato
Para Reetir
Principais Orgãos da Câmara Municipal
19
21
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33
33
31
38
31
29
Pg.
5
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
Para refletir...
Além disso, por que as questões municipais são bem menos repercutidas na mídia e 
na internet do que as ações do governo federal e estadual, sendo que é no município 
que nós vivemos? Se as políticas 
p ú b l i c a s m u n i c i p a i s i m p a c t a m 
diretamente na nossa vida, então, por 
que esses assuntos recebem menos a 
nossa atenção?
Você já parou para pensar que ao mesmo tempo que os vereadores são os 
representantes políticos mais “próximos” das pessoas, por outro lado, são os mais 
desconhecidos pelos cidadãos? Se o vereador é esse agente político tão presente na 
comunidade, alguém que vivencia os problemas coletivos diariamente, por que, 
então, sabemos tão pouco sobre o trabalho dos vereadores e sobre as diferenças 
entre a função do vereador e do prefeito? Por que temos pouca informação sobre a 
atuação e importância da Câmara Municipal da nossa cidade? Parece uma 
contradição, não é verdade? 
Não existe resposta pronta para esses 
questionamentos, mas não tenho 
dúvidas de que ela passa pela longo 
histórico de despreparo por parte de 
muitos vereadores que já passaram 
pelas Casas Legislativas e que deixaram 
d e c u m p r i r m i n i m a m e n t e s u a s 
atribuições, construindo, ao longo dos 
anos, a imagem de que o Poder 
Legislativo é uma estrutura ineciente e 
pesada para os cofres públicos quando 
se pondera os resultados produzidos 
pelo Legislativo, em benefício da 
sociedade. O descrédito generalizado 
da população em relação aos políticos, principalmente em relação aos vereadores, 
leva muitas pessoas a difundirem a ideia de que o Legislativo é desnecessário, e que 
poderia, inclusive, “fechar as portas''. 
Só existe uma forma de mudarmos essa triste realidade e tornar o Poder Legislativo 
Municipal uma instituição valorizada pelas pessoas, um espaço de participação 
social e de construção coletiva das decisões políticas: por meio da democratização 
das informações sobre o funcionamento e o papel dessa instituição e criando 
condições reais e efetivas de participação da sociedade nas 
O descrédito generalizado 
da população em relação 
aos polí�cos, 
principalmente em relação 
aos vereadores, leva muitas 
pessoas a difundirem a ideia 
de que o Legisla�vo é 
desnecessário, e que 
poderia, inclusive, “fechar 
as portas''.
66
Preparação para o mandato
A Constituição Federal fala que cabe ao Poder Legislativo legislar (criar as leis) e 
scalizar os atos do Executivo. Parece pouco, mas apenas dentro dessas duas 
principais funções, existe um mar de possibilidades de atuação para o vereador, já 
que legislar não se resume a apresentar projetos, e scalizar tampouco se resume a 
apontar os erros do prefeito. E para legislar e scalizar com eciência, de forma que 
os resultados dessas ações impactem em melhorias para o Município, o vereador e 
sua equipe precisam se munir de conhecimentos, das mais diversas áreas e temas, 
dentre os quais: 
Ser vereador(a) não é tarefa fácil, já que carrega consigo o compromisso de honrar o 
voto de conança depositado pelos eleitores, tendo sempre em vista os interesses 
dos cidadãos e da cidade que representa. Mas não basta ser eleito, é preciso estar 
preparado para o mandato, porque todos os problemas do Município são 
problemas da Câmara Municipal (e, de uma forma ou de outra, passam pelo 
Legislativo). O vereador, portanto, deve ter a capacidade de buscar soluções e 
conciliar consensos. 
Regimento Interno 
da Câmara
As estruturas da 
administração pública 
Orçamento público e 
contabilidade pública
Lei Orgânica
Municipal
Processo
Legislativo
Competências
Constitucionais
Princípios
Constitucionais
Os direitos e
deveres dos
parlamentares
O vereador que pretende fazer um mandato de sucesso, com bons resultados para a 
cidade, obter o apoio das pessoas às suas ações e desempenhar todas as suas funções 
com eciência, precisa buscar constantemente qualicação e se cercar de pessoas 
capacitadas tecnicamente, para o auxiliarem nessa missão de tão grande 
responsabilidade. 
Portanto, esse material pretende proporcionar ao vereador e assessor parlamentar 
uma visão geral sobre as principais funções do(a) vereador(a), e apontar para 
algumas possibilidades práticas de atuação do Poder Legislativo, estimulando uma 
reexão sobre a atuação dos vereadores e sobre os novos desaos enfrentados pelas 
Câmaras Municipais.
Para isso, adotamos uma linguagem simples, de forma que qualquer pessoa, mesmo 
que nunca tenha atuado numa Câmara Municipal, consiga compreender a dinâmica 
de funcionamento da Câmara Municipal e o verdadeiro papel do vereador.
entre outros assuntos.
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
7
O Município na Federação Brasileira
República Federativa do Brasil: esse é o nome ocial do nosso país, e somos uma 
Federação porque existem diferentes “entes federativos” que compõem o Estado 
brasileiro: União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, todos com 
autonomia política e administrativa. A organização do Estado Federativo em três 
níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal) garante que todos os 5.568 
municípios, distribuídos em 26 estados e um Distrito Federal, possam ter a presença 
do poder públicoe serem geridos com mais eciência, de acordo com a sua 
realidade local e regional. O conjunto de obrigações e responsabilidades de cada um 
dos entes federados é conhecido como Pacto Federativo, e está materializado nos 
artigos 1º e 18 da Constituição Federal:
Mas nem sempre foi assim: até a promulgação da Constituição de 1988, o Município 
não era considerado uma unidade política autônoma, mas o novo ordenamento 
jurídico elevou o status dos Municípios, colocando-os como ente federativo, e por 
isso hoje nós podemos escolher diretamente os nossos representantes municipais 
(prefeitos, vices-prefeitos e vereadores). Junto com essa autonomia política, o 
Município recebeu a prerrogativa de criar e organizar, por conta própria, toda a 
estrutura de órgãos públicos municipais porque, até então, os municípios eram 
“células” do estado, sem qualquer autonomia administrativa.
Outra faceta da autonomia municipal é a possibilidade de legislar sobre assuntos de 
interesse local (entendidos como os assuntos que digam respeito, 
predominantemente, ao Município), bem como suplementar a legislação federal e 
estadual, no que for permitido. Além disso, faz parte da autonomia legislativa do 
Município a elaboração da própria Lei Orgânica Municipal, sobre a qual falaremos 
mais adiante.
A partir de 1988, o Município também foi autorizado a instituir e arrecadar tributos 
municipais e aplicar as suas receitas, respeitando as regras constitucionais e as 
normas gerais de direito tributário e nanceiro, como o Código Tributário Nacional 
(Lei 5.172/66), a Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) e a 
Lei 4.320/64. Mas, como não poderia ser diferente, junto a autonomia nanceira, 
veio também a obrigação de prestar contas, já que o princípio da publicidade dos 
atos é dever de todos os órgãos de qualquer ente federativo. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito e tem como fundamentos (...)
Art. 18 A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil 
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos 
autônomos, nos termos desta Constituição.
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
88
Perceba que, após a Constituição de 
1988, o Município passou a assumir 
muitas responsabilidades e recebeu 
independência para agir, mas deve 
respeitar os limites colocados pela 
Constituição e pelas demais leis 
vigentes no país. Com essa elevação 
do município a ente federativo, a 
Câmara Municipal de Vereadores 
passou a ser a sede do Poder 
Legislativo em âmbito municipal, 
assim como a Prefeitura passou a 
representar o Poder Executivo local. 
O Município pode e deve cuidar de 
tudo o que diga respeito aos 
interesses do seu povo e atuar em 
todos os campos que a Constituição 
Federal permite, especialmente nos 
assuntos tratados no Artigo 30 e nas 
situações previstas na Lei Orgânica. 
AUTONOMIA signica que não 
existe hierarquia ou subordinação 
entre as esferas de governo: o 
governo federal não está acima dos 
estados, e estes não estão acima dos 
seus municípios. Cada um possui 
suas própr ias a t r ibuições e 
responsabilidades. 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
 I - Legislar sobre assuntos de 
interesse local;
‘ II - Suplementar a legislação 
federal e a estadual no que couber;
 III - Instituir e arrecadar os 
tributos de sua competência, bem 
como aplicar suas rendas, sem 
prejuízo da obrigatoriedade de 
prestar contas e publicar balancetes 
nos prazos xados em lei;
 IV - Criar, organizar e suprimir 
Distritos, observada a legislação 
estadual;
Art. 30. Compete aos Municípios:
 V - Organizar e prestar, 
diretamente ou sob regime de 
concessão ou permissão, os serviços 
públicos de interesse local, incluído o 
 VI - Manter, com a cooperação técnica 
e nanceira da União e do Estado, 
programas de educação infantil e de 
ensino fundamental;
 VII - Prestar, com a cooperação 
técnica e nanceira da União e do Estado, 
serviços de atendimento à saúde da 
população;
 VIII - Promover, no que couber, 
adequado ordenamento territorial, 
mediante planejamento e controle do uso, 
do parcelamento e da ocupação do solo 
urbano;
 IX - Promover a proteção do 
patrimônio histórico-cultural local, 
o b s e r v a d a a l e g i s l a ç ã o e a a ç ã o 
scalizadora federal e estadual.
de transporte coletivo, que tem caráter 
essencial;
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
9
Competências das Unidades da Federação
Como já citamos anteriormente, cada um 
dos entes federativos (União, Estados e 
Municípios) possui suas atribuições e 
proibições. A Constituição Federal traz 
essa repartição de tarefas e indica as 
c o m p e t ê n c i a s a d m i n i s t r a t i v a s e 
legislativas de cada órgão que compõe a 
estrutura do Estado. Portanto, conhecer 
essas competências é fundamental para 
todo agente político. Segue um quadro-
resumo com os artigos da Constituição 
referentes às competências de cada 
unidade da Federação, para você 
organizar melhor os seus estudos.
É importante lembrar que o Município 
é uma pessoa jurídica de direito 
público interno e portanto, possui 
capacidade civil. Isso signica que os 
municípios também possuem direitos 
e obrigações. Veja o que diz o Código 
Civil (Lei 10.406/2002).
I - a União;
Art. 41. São pessoas jurídicas de 
direito público interno:
III - os Municípios;
II - os Estados, o Distrito Federal e os 
Territórios;
Entes 
Federados 
UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS TODOS 
Artigos 21 e 22 25, §1º 29, 29 -A, 30 e 31 23 e 24 
 
As três funções do Estado brasileiro
Grande parte dos países adota o Sistema Tripartite, em que o poder político do 
Estado se divide em três grandes funções: a função legislativa (representada pelo 
Poder Legislativo), a função executiva ou administrativa (representada pelo Poder 
Executivo) e a função jurisdicional (representada pelo Poder Judiciário). E é 
exatamente este o modelo adotado pelo Brasil.
Constituição Federal
Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário.
Cada uma dessas três estruturas responde por determinadas tarefas e, por serem 
independentes, não podem interferir no trabalho das outras, a menos que uma delas 
ultrapasse os seus limites de atuação, impostos pela Constituição. Perceba, então, 
que os três “poderes” (que na verdade são as três funções do estado) devem 
funcionar como um sistema de freios e contrapesos, de forma que um coloque limite 
em possíveis excessos ou abusos do outro. A ideia, portanto, é que nenhum dos três 
poderes se sobreponha aos demais, mas façam uma regulação e scalização 
recíproca, trabalhando na busca pelo equilíbrio e harmonia, sempre respeitando os 
princípios da nossa Constituição. 
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
1010
De uma forma bem resumida, cabe a cada um dos Poderes: 
Cada um dos níveis de governo (federal, estadual e municipal) possui seus 
representantes no Legislativo, Executivo e Judiciário. A exceção é a esfera 
municipal, que não tem um Poder Judiciário próprio. Nesse caso, suas 
demandas são atendidas pelo judiciário estadual.
Poder Legislativo: 
Poder Executivo: 
Poder Judiciário:
Criar, alterar e revogar as leis, bem como scalizar a atuação do Poder Executivo. Na 
esfera federal, o Poder Legislativo é exercido pelos deputados federais e senadores, 
na esfera estadual, pelos deputados estaduais e, em nível municipal, pelos 
vereadores.
Administrar o Estado, fazendo a gestão dos serviços públicos do respectivo ente 
federativo (União, DF, Estados e Municípios), colocando as leis em prática, 
investindo os recursos públicos e executando as políticas públicas. O Poder 
Executivo é representado pelo Presidente da República em nível federal, pelos 
governadoresna esfera estadual e pelos prefeitos nos municípios.
analisar e julgar casos em que as leis não estejam sendo cumpridas, seguindo a 
legislação do nosso país. Ele é exercido nos Tribunais pelos Ministros do STF, 
desembargadores, promotores e juízes. 
O que vale para a União, vale para os Estados e Municípios: 
Simetria constitucional
Sempre que a Constituição se referir ao Presidente da República, devemos entender 
que tal atribuição ou competência também é válida para o Prefeito, no âmbito dos 
Municípios e para os governadores nos estados; assim como as referências aos 
deputados federais e senadores também se aplicam, no que couber, aos vereadores 
nos municípios, e aos deputados estaduais, no estados. Da mesma forma, quando a 
Constituição se referir às funções da Câmara dos Deputados e Senado Federal, 
podemos entender que também se aplicam às Câmaras Municipais.
Esse reexo das atribuições da União para os estados e municípios ocorre devido ao 
Princípio da Simetria, estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal, por meio do 
qual diversas regras constitucionais válidas para a União, também são aplicadas 
para os estados e municípios (resguardadas as devidas proporções). 
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
11
A Câmara Municipal e sua importância para
o Município
A Câmara Municipal, também chamada de Câmara de Vereadores, não é um órgão 
público qualquer da sua cidade. Ela é o poder do Estado Federativo na sua face 
legislativa, em âmbito municipal. Trata-se, portanto, de um órgão (poder) 
independente e autônomo e, diferente do que muitos pensam, não é vinculado à 
Prefeitura.
A Câmara Municipal é composta por vereadores, eleitos pelos munícipes, para um 
mandato de quatro anos, pelo voto direto e secreto. É nela onde são tomadas as 
decisões mais importantes para a cidade, já que todos os projetos de lei e demais 
proposições legislativas, independente de quem seja o autor, deve passar pelo crivo 
do Legislativo. 
Constituição Federal
 I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para 
mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em 
todo o País; (...)
CF, Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, 
com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos 
membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios 
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os 
seguintes preceitos:
Como órgão colegiado, a Câmara toma suas decisões por meio do Plenário, é 
administrada pela Mesa Diretora e representada pelo Presidente da Casa (um 
vereador escolhido pelos demais colegas parlamentares). É por meio dos 
vereadores, portanto, que o Poder Legislativo Municipal exerce importantes 
funções para a democracia e para a cidade, as quais veremos adiante. 
Os trabalhos legislativos da Câmara de Vereadores são organizados em Sessões 
Legislativas, períodos de um ano, também conhecidos como ano parlamentar. Já a 
Legislatura corresponde ao período do mandato do vereador, portanto, tem a 
duração de quatro anos (04 Sessões Legislativas). 
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
1212
Principais órgãos da Câmara Municipal
Cada Câmara de Vereadores possui autonomia para denir a sua estrutura interna 
de órgãos e as suas próprias regras de funcionamento, as quais devem estar 
previstas no Regimento Interno. Vamos conhecer, a seguir, os principais órgãos da 
Casa Legislativa municipal, comuns a todas elas. 
PLENÁRIO
O Plenário é o órgão máximo de deliberação no Legislativo, o que signica que 
nenhum órgão governamental está acima dele quando o assunto é “legislar”. É o 
espaço onde todos os vereadores se reúnem para debater e votar os projetos mais 
importantes do município. A palavra Plenário tem um sentido duplo, signicando, 
também, o conjunto dos parlamentares que compõem a Casa, e por isso se diz que o 
Plenário é soberano, já que cabe a ele a decisão nal sobre o rito legislativo. Quem 
comanda as atividades do Plenário é o presidente da Câmara.
COMISSÕES
Além das das discussões e votações em Plenário, os vereadores também se reúnem 
em comissões, que são órgãos técnicos da Câmara Municipal, organizados por 
temas (por isso são chamadas, também, de comissões temáticas). As Comissões são 
responsáveis pela análise dos projetos de lei e outras proposições legislativas que 
tramitam na Casa, bem como a elaboração de pareceres (opinião da Comissão), para 
orientar o Plenário nas suas decisões. 
Além da importante atuação no Processo Legislativo, as Comissões também 
exercem um papel preponderante na scalização das ações do Poder Executivo, 
podendo, inclusive, convocar os secretários do Prefeito e outras autoridades para 
prestarem informações, perante o Legislativo, sobre suas pastas. Se a Comissão 
convocar um secretário municipal ou pessoa vinculada ao Prefeito, o convocado 
tem a obrigação de comparecer para prestar os esclarecimentos solicitados.
Essas comissões podem ser de dois tipos: permanentes ou temporárias. As 
comissões permanentes, como o próprio nome já sugere, fazem parte da estrutura 
da Casa, possuem um número de membros denido no Regimento e não possuem 
prazo para acabar. Já as comissões temporárias são criadas para estudar uma 
matéria especíca, ou fazer o acompanhamento e scalização de uma determinada 
ação e, portanto, deixam de existir assim que seu objetivo é atingido. Como exemplo 
de uma comissão temporária, podemos citar uma Comissão para acompanhamento 
das medidas de combate ao Coronavírus.
 As comissões permanentes analisam o mérito das propostas, e cada uma delas ca 
responsável pela análise de projetos da sua área de competência (Educação, Direitos 
Humanos, Saúde, Meio Ambiente, Finanças e Tributação, etc.). Dessa forma, os 
trabalhos legislativos e de scalização se tornam especializados, já que cada 
Comissão estuda e emite parecer apenas em relação às matérias relacionadas ao seu 
tema. 
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
13
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas 
comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de 
órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para 
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente 
determinado, importando em crime de responsabilidade a ausência sem 
justicação adequada.
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão 
encaminhar pedidos escritos de informação a Ministros de Estado ou a 
qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime 
de responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento, no prazo de trinta 
dias, bem como a prestação de informações falsas.
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à 
Câmara dos Deputados ou a qualquer de suas comissões, por sua iniciativa 
e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de 
relevância de seu Ministério.
Constituição Federal
Como são preenchidas as vagas nas Comissões?
Os membros do Legislativo (vereadores e deputados) são eleitos pelo Sistema 
Proporcional, em que as cadeiras do Legislativo são preenchidas por partidos 
políticos, de acordo com o Coeciente Eleitoral e Partidário. No funcionamento das 
Casas Legislativas, esse sistema também está presente, pois as Comissões e a Mesa 
Diretora devem reetir de forma proporcional, a representação dos partidos ou 
blocos presentes na Câmara Municipal (e Assembléia Legislativa). Exemplo: se um 
partido ou bloco X ocupa 20% das cadeiras da Câmara, esse partido ou bloco terá (na 
medida do possível) direito a 20% das vagas em cada Comissão. Essa regra você 
encontra no Artigo 58 da Constituição Federal:
Art. 58 § 1º Na constituição das Mesas e de cada comissão, é assegurada, 
tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos 
blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.
MESA DIRETORAComo o nome já indica, a Mesa Diretora é o órgão de direção da Casa, responsável 
pelos atos legislativos e administrativos da Câmara de Vereadores. É composta pelo 
Presidente da Câmara, Vice(s)-presidente(s) e Secretários, mas sua composição 
pode variar conforme cada Regimento Interno, já que cada Casa Legislativa possui 
autonomia para decidir sobre a sua estrutura interna. Os membros da Mesa são 
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
1414Em algumas cidades, podemos observar câmaras municipais com sua sede própria, 
estruturas modernas, corpo de servidores efetivos e qualicados, escola do 
legislativo atuante, etc. Já em outras, nos deparamos com estruturas bem precárias, 
prédios cedidos pela Prefeitura, carência de recursos humanos e materiais, e outras 
situações que precarizam e dicultam a atuação efetiva do Poder Legislativo.
eleitos pelos próprios vereadores, para um mandato de um ou dois anos, e todas as 
regras da eleição e as atribuições de cada membro também estão dispostas no 
Regimento Interno da Casa.
E aqui cabe falarmos, rapidamente, da importância de uma boa gestão no 
Legislativo, já que cabe à Mesa a responsabilidade de administrar a Casa. Como já 
vimos, a Constituição garante a independência do Poder Legislativo, tanto na sua 
atuação (exercício das funções), quanto na sua organização interna e 
relacionamento com os cidadãos. Portanto, nem o Prefeito nem qualquer 
autoridade deveria interferir nos trabalhos da Câmara Municipal, mas, 
infelizmente, é muito comum vermos o Chefe do Executivo dando as diretrizes ao 
Chefe do Legislativo, em relação à Casa Legislativa. 
Os vereadores possuem a responsabilidade de fortalecer cada vez mais a Câmara 
Municipal, porque a comunidade não precisa de uma mera Câmara Municipal, e 
sim de um Poder Legislativo eciente, independente e próximo das pessoas. Mas 
para isso, os vereadores devem preocupar-se com a gestão da Casa e investir bem os 
recursos de que a Câmara dispõe (os duodécimos), pois os parlamentares tendem a 
dar mais atenção às questões políticas do que as ações administrativas, o que é 
natural para um líder político. 
Mas, se queremos um legislativo moderno, produtivo e participativo, o vereador, 
especialmente os membros da Mesa Diretora, precisa fortalecer a função 
administrativa da Câmara, fazendo os investimentos necessários em estrutura, na 
qualicação dos servidores, em inovação do processo legislativo, em formas 
efetivas de relacionamento com o povo e de transparência, dentre outras ações que 
busquem valorizar o Legislativo perante os outros poderes e a sociedade, 
fortalecendo a sua função institucional. 
GABINETES PARLAMENTARES
O vereador desempenha suas tarefas legislativas e administrativas em um gabinete, 
dentro da Câmara Municipal, espaço onde se reúne com seus assessores, e cidadãos. 
O gabinete parlamentar é formado por pessoas da conança do vereador, 
escolhidas pelo próprio vereador, com a função de auxiliá-lo na elaboração de 
proposições legislativas, análise de projetos em tramitação, atendimento ao público, 
tomada de decisão e no relacionamento com o cidadão. 
As realidades das Câmaras Municipais brasileiras são as mais diversas, inclusive, 
há lugares em que os vereadores sequer possuem gabinete para trabalhar. Em 
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
15
outras, dois ou mais vereadores compartilham o mesmo espaço. Por esse mesmo 
motivo que o valor da verba de gabinete (que, via de regra, cada vereador dispõe 
para utilizar ao longo do mandato) varia de Câmara para Câmara, bem como as 
regras de utilização desse dinheiro. 
OUVIDORIA
Muitas Câmaras Municipais contam com uma Ouvidoria, um canal aberto para que 
o cidadão envie solicitações, reclamações, sugestões de projetos para a cidade e 
pedidos de informação sobre assuntos de competência do Legislativo.
LIDERANÇA PARTIDÁRIA
As Lideranças são estruturas políticas bem importantes na Câmara Municipal e não 
poderíamos deixar de falar sobre elas. Os líderes são vereadores que representam 
todos os parlamentares do mesmo partido ou bloco, nas atividades parlamentares. 
O Líder é escolhido no início do mandato pelos próprios colegas do partido 
(bancada partidária) ou bloco parlamentar (conjunto de partidos). Mas nada 
impede que ele seja retirado da função, caso perca a conança dos colegas de partido 
ou bloco.
É a união de dois ou mais partidos 
políticos que possuem interesses em 
comum, no âmbito da Câmara. Dessa 
forma, os partidos que se juntam em 
bloco são considerados como um 
único partido, tendo somente um líder 
partidário para representá-los.
Grupo de vereadores de um único 
partido (bancada do PT, do PSL, do 
PMDB, etc). Mas também se usa a 
expressão “Bancada” para se referir à 
união de parlamentares de legendas 
diferentes, mas que atuam em prol de 
uma pauta ou interesse em comum. 
Ex: Bancada Feminina, Bancada da 
Segurança Pública, etc.
Bloco Partidário Bancada Parlamentarx
O líder exerce diversas funções na Casa Legislativa, e uma delas é a orientação de 
voto durante as decisões em Plenário ou nas Comissões. Assim, o líder indica a 
decisão do partido (favorável ou contrário), em relação a determinado assunto, para 
que os vereadores do seu partido ou bloco saibam como se posicionar sobre a 
matéria. Os líderes partidários, normalmente, possuem um tempo maior no uso da 
palavra nas sessões plenárias, indicam os membros para compor as comissões e as 
substituições, quando necessário, podem solicitar a criação de comissões especiais, 
pedir votações secretas (quando permitido pelo Regimento), solicitar regime de 
prioridade para os projetos, entre outras atribuições, que se encontram no 
Regimento Interno.
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
1616
OUTROS ÓRGÃOS
Pode haver outros órgãos na estrutura das Câmaras Municipais, além dos que 
apontamos aqui, como por exemplo, Escola do Legislativo, Procuradoria da 
Mulher, Controle Interno, etc. E para conhecer melhor o Legislativo da sua cidade, 
você pode acessar o site ocial da Casa e procurar o Organograma!
E como já falamos anteriormente, cada município brasileiro possui suas 
peculiaridades e capacidade nanceira, que varia de acordo com a realidade 
econômica e social local. Consequentemente, a estrutura de cada Casa Legislativa 
também sofre variações, de uma cidade para outra. 
Funcionamento da Câmara Municipal
Não devemos confundir Sessão Legislativa (ano de trabalho das Casas Legislativas) 
com Sessão Plenária (reuniões semanais dos vereadores realizadas no espaço do 
Plenário da Câmara). Nas Sessões Plenárias, ou Sessões da Câmara, como 
costumam ser chamadas, os vereadores discutem e votam os projetos e proposições 
em pauta.
Vamos começar por , período de quatro anos que coincide com o Legislatura
mandato do vereador. Mas os trabalhos da Casa se organizam em períodos anuais, 
chamados de Sessão Legislativa que, normalmente, vai de fevereiro a dezembro. 
Para o Poder Legislativo Federal (Congresso Nacional), a Constituição determina 
que as reuniões das Casas (Câmara dos Deputados e Senado Federal) devem 
acontecer de 02 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Se 
algumas dessas datas caírem em sábados, domingos ou feriados, o início dos 
trabalhos é transferido para o primeiro dia útil subsequente. Mas os Municípios, por 
meio de suas Leis Orgânicas, podem estabelecer datas diferentes das estabelecidas 
para o Congresso Nacional, para iniciar e terminar a Sessão Legislativa da sua 
Câmara Municipal. 
Ma s atenção: A Câmara Municipal não fecha as portas durante o recesso: os setores 
administrativos seguem trabalhando normalmente e as atividades da Mesa não são 
totalmente interrompidas, inclusive, é comum os regimentos preverem a instalação 
de uma comissão de vereadores para car trabalhando durante os recessos 
(Comissão Representativa).
De fevereiro a julho, temos o primeiro Período Legislativoe, de agosto a dezembro, 
o segundo período legislativo (equivalentes aos semestres). Nos intervalos entre 
eles, acontecem os recessos parlamentares, quando há uma interrupção dos 
trabalhos legislativos (Plenário e Comissões). 
O universo legislativo é recheado de palavras esquisitas e nada familiares para o 
cidadão comum, compondo o que eu chamo de “parlamentês”, um vocabulário 
muito peculiar das Casas Legislativas, e aqui vamos falar sobre várias delas.
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
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Mas afinal, o que faz o Vereador?
É importante sabermos que o vereador está impedido de realizar, de forma direta, as 
atividades de gestão do Município (construir obras, gerenciar os recursos públicos, 
contratar servidores públicos, executar as políticas e serviços públicos, criar órgãos 
na estrutura da Administração Municipal, etc), pois administrar a cidade é papel do 
Prefeito.
Além dessas funções principais, também chamadas 
de “típicas”, o Legislativo exerce outras atividades 
secundárias, como julgar as contas do Prefeito, 
processar os vereadores e o prefeito em caso de 
infrações político-administrativas, e administrar a 
própria Câmara Municipal. 
Como já vimos, o vereador é o representante do 
Poder Legislativo na esfera municipal da Federação 
brasileira e possui, portanto, funções equivalentes 
aos deputados estaduais, federais e senadores. Dessa 
forma, o vereador exerce as funções que a 
Constituição reservou ao Poder Legislativo: criar as 
leis municipais (legislar) e scalizar o Poder 
Executivo (Prefeito e seus secretários), visando a 
representação dos interesses da população local. 
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FUNÇÃO DE LEGISLAR
Além disso, os vereadores podem encaminhar 
Indicações, ou Requerimentos, ao Prefeito e seus 
Secretários, sugerindo que tomem determinadas 
providências em favor da população (como por exemplo, construção de escolas e 
postos de saúde, limpeza pública, abertura de estradas, realização de melhorias, 
etc). Essa é uma forma de o vereador assessorar os gestores públicos na condução da 
cidade sem, portanto, interferir na governabilidade do Poder Executivo, já que as 
indicações apresentadas pelos vereadores não obrigam o Prefeito. 
A função que mais caracteriza o poder legislativo é justamente a legislativa (criar as 
normas), já que, por meio das leis, diversos problemas da sociedade podem ser 
solucionados. Como membro do Legislativo, o vereador não pode resolver 
diretamente os assuntos de competência do Prefeito, entretanto, como legislador, 
pode apresentar ideias na forma de projetos de lei, discutir sobre eles com os demais 
colegas vereadores e com a sociedade e, por m, 
aprová-los ou não. Os parlamentares também 
discutem e votam todas as propostas encaminhadas 
pelo Poder Executivo (Prefeito) e pela sociedade civil 
(projetos de iniciativa popular). 
Os parlamentares 
também discutem e 
votam todas as propostas 
encaminhadas pelo Poder 
Executivo (Prefeito) e 
pela sociedade civil 
(projetos de iniciativa 
popular). 
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
1818
Contudo, é importante termos a consciência de que criar novas leis nem sempre é a 
única (ou a melhor) solução para atender as necessidades mais urgentes do povo. 
Muitos vereadores se apegam à criação de novas leis, como uma forma de se 
mostrar produtivo durante o mandato, mas acabam criando leis irrelevantes e 
inúteis para a cidade. 
O vereador também pode contribuir com a cidade apresentando emendas 
(alterações) aos projetos de lei que tramitam na Casa, seja de origem de outro 
vereador ou mesmo do Prefeito, principalmente emendas às Leis Orçamentárias, 
em que os vereadores podem sugerir projetos e ações a serem realizadas pelo 
Prefeito. 
 Mas quando temos leis bem elaboradas, feitas de acordo com as reais demandas da 
sociedade - e com a participação dela -, a atividade legislativa pode trazer bons 
resultados para a cidade, pois as (boas) leis garantem os direitos dos cidadãos, 
orientam a vida em sociedade e ajudam na condução da cidade, já que o gestor 
público só pode fazer o que a lei expressamente autoriza. 
Sobre quais assuntos o vereador pode legislar?
A Constituição Federal reserva alguns assuntos que só podem ser apresentados, por 
meio de projetos de lei, pelo Chefe do Executivo (Presidente, Governador e 
Prefeito). É o que chamamos de iniciativa privativa, reservada ou exclusiva. Com 
exceção das matérias de iniciativa privativa do Prefeito, o vereador pode apresentar 
projetos de lei sobre todos os assuntos de competência do Município. Veja, na 
Constituição, sobre quais assuntos os membros do Legislativo NÃO podem legislar. 
 II - disponham sobre:
CF, Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a 
qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados, do Senado 
Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República (...)
 a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na 
administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
 b) (...)
 § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República [Prefeito] as 
leis que:
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
19
Mesmo nos projetos de iniciativa exclusiva do Prefeito, nada impede que os 
vereadores apresentem emendas às propostas de origem do Executivo para 
aperfeiçoar o texto, desde que, nesse caso, não gerem despesas para o 
município. 
São muitos os assuntos que o vereador pode (e deve) legislar, seja por meio de 
apresentação de projetos de sua iniciativa, seja por meio de emendas para o 
aperfeiçoamento de políticas públicas municipais, ou mesmo levantando debates 
públicos na Câmara Municipal, dando ampla publicidade ao tema:
Dessa forma, diferente do que muitos pensam, as possibilidades de atuação do 
vereador, por meio da atividade legislativa, é muito ampla, pois, mesmo com 
algumas restrições (não poder apresentar projetos sobre as matérias de iniciativa 
exclusiva do prefeito), o vereador pode atuar de outras formas e, assim, contribuir 
com o desenvolvimento da cidade e com a resolução dos problemas públicos.
 e) criação e extinção de Ministérios [secretarias] e órgãos da 
administração pública, observado o disposto no art. 84, VI;
 d) (...)
 c) servidores públicos … , seu regime jurídico, provimento de 
cargos, estabilidade e aposentadoria;
Obs: Lembrando que, de acordo com o Princípio da Simetria, o que se 
refere ao Presidente da República se aplica, no que couber, ao Prefeito. 
Excluímos as alíneas b e d porque não se aplicam aos Municípios.
Ÿ Alienação, concessão, arrendamento e doação de bens
Ÿ Novos tributos municipais (criação, mudança ou extinção) 
Ÿ Dívida municipal
Ÿ Tombamento de prédios como patrimônio público
Ÿ Regime jurídico dos servidores
Ÿ Denominação de ruas, logradouros e prédios públicos
Ÿ Plano municipal de educação
Ÿ Criação de bairros e distritos no Município
Ÿ Planos e programas de desenvolvimento
Ÿ Orçamento anual, plano plurianual e diretrizes orçamentárias;
Ÿ Operações de crédito
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
2020
Ÿ Concessão de subvenções e auxílios
Ÿ Criação de cargos públicos e xação dos seus vencimentos.
Ÿ Plano Diretor 
Ÿ Denição do perímetro urbano (área urbanizada da cidade)
Ÿ Regras de zoneamento, uso e ocupação do solo
Ÿ Suplementação da legislação federal ou estadual, no que couber
Ÿ e outros assuntos.
Ÿ Transferência temporária ou denitiva da sede do Município
Embora legislar seja uma atribuição preponderante do Poder Legislativo, o 
processo legislativo conta com a participação do Poder Executivo, em observância 
ao princípio da separação e harmonia entre os poderes. Dessa forma, os projetos 
aprovados no Legislativo, para se tornarem leis, devem ter a concordância (sanção) 
do Chefe do Poder Executivo. São os casos, por exemplo, dos assuntos da lista 
acima. Em outras matérias, a CâmaraMunicipal possui competência para decidir de 
forma exclusiva, sem submeter a matéria à sanção do Prefeito, como por exemplo 
nas matérias relativas à:
Ÿ Fixação da remuneração do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos vereadores (CF, arts. 
29 e 29-A)
Ÿ Transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções da Câmara (CF, art. 
48, X)
Ÿ Julgamento das contas anuais do Município (CF, art. 31)
Ÿ Sustação dos atos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (CF, 
art. 49, V)
Ÿ Alterações na Lei Orgânica Municipal (CF, Art. 29)
Ÿ Organização interna do Legislativo (CF, art. 51, IV)
Tipos de leis que o vereador pode criar
O Art. 59 da Constituição nos diz que:
A função de legislar se materializa com a produção de leis municipais (ordinárias e 
complementares), decretos legislativos, resoluções, emendas à Constituição (Lei 
Orgânica), e outras proposições legislativas, medidas provisórias, etc, todas 
aprovadas após ampla discussão e votação na Câmara Municipal. 
II - leis complementares;
Art. 59. O processo legislativo 
compreende a elaboração de:
III - leis ordinárias;
I - emendas à Constituição;
IV - leis delegadas;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
V - medidas provisórias;
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
21
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
Vamos conhecer um pouco sobre cada uma dessas 
espécies normativas?
Emenda à Constituição (ou Emendas à Lei Orgânica) Espécie legislativa usada 
para alterar a Constituição ou, no caso dos Municípios, a Lei Orgânica Municipal. A 
Constituição Federal, assim como a Lei Orgânica, são modicadas e promulgadas 
exclusivamente pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assembleia 
Legislativa e Câmara Municipal), necessitando de um quórum muito qualicado 
para aprovar a proposta de emenda. Os chefes do executivo podem apresentar uma 
PEC ou Proposta de Emenda à Lei Orgânica, mas cabe somente à Casa Legislativa a 
decisão de aprová-la ou não, sem necessidade de submeter a matéria à sanção do 
Executivo, como acontece com os projetos de lei. 
Lei Complementar: é o tipo de norma utilizada para complementar e explicar 
algum assunto especíco trazido pela Constituição ou pela Lei Orgânica. Dessa 
forma, só é possível elaborar uma Lei Complementar quando a Constituição 
expressamente determina que tal matéria será tratada por Lei Complementar. Para 
a aprovação dessa espécie normativa é necessário o voto da Maioria Absoluta dos 
parlamentares, que corresponde ao primeiro número inteiro acima da metade dos 
membros da Casa e, posteriormente, a sanção do Prefeito, para que possa ser por ele 
promulgada.
Lei Ordinária: é a lei comum, que aborda assuntos de diversas áreas e, no 
município, a lei ordinária regula quase todas as matérias de competência do 
Município, com exceção dos assuntos destinados à Lei Complementar, à Resolução 
e Decreto Legislativo. Esse tipo de lei é aprovada por Maioria Simples ou Relativa, 
segundo a qual basta o voto favorável da maioria dos vereadores presentes na 
sessão (desde que presente a maioria absoluta da Casa). E assim como a Lei 
Complementar, faz-se necessária a sanção (concordância) do Prefeito aos projetos 
de lei ordinária. Esse tipo de lei pode ser proposto pelos vereadores, prefeito e pelos 
cidadãos do Município, nesse último caso, por meio da Iniciativa Popular.
Lei Delegada: é um tipo de norma que o Prefeito pode fazer mas, para ser elaborada, 
necessita da autorização da Câmara Municipal. A Lei delegada está prevista no 
Artigo 68 da Constituição Federal, e pode ser editada apenas nos casos permitidos 
pela Constituição e Lei Orgânica. Esse tipo de norma não pode tratar de atos de 
competência exclusiva do Legislativo, de matéria de lei complementar, de 
orçamentos, entre outros assuntos. Na prática, as leis delegadas não são utilizadas 
no Brasil, pois quando o chefe do executivo precisa elaborar uma lei com urgência, 
ele utiliza a Medida Provisória, espécie normativa que também pode ser adotada 
pelos Municípios, desde que prevista na Lei Orgânica. 
Medida Provisória: é um tipo de norma editada exclusivamente pelo Poder 
Executivo (Presidente da República, Governador e Prefeito). Sabemos que a função 
de criar leis é do Poder Legislativo, certo? Mas tem exceção: a nossa Constituição 
Federal garantiu ao Presidente da República a criação de Medida Provisória, que, se 
2222
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
Indicação: tipo de proposição usada pelo vereador para sugerir ao Poder Executivo 
a adoção de uma providência ou a realização de um ato administrativo ou de gestão. 
estiver prevista na Lei Orgânica do Município, pode ser editada também pelo 
Prefeito. A Constituição, no artigo 62, diz que em caso de relevância e urgência, o 
Chefe do Executivo pode fazer uso de Medida Provisória, um ato normativo com 
“força de lei” e que passa a surtir efeitos assim que é editada e publicada. Mas após a 
publicação, a MP deve ser submetida imediatamente à Casa Legislativa, que deverá 
se reunir e deliberar sobre a medida. Segundo a Constituição, a Medida Provisória 
entra em vigor por 60 dias, assim que a MP é editada pelo Chefe do Executivo, 
podendo ser prorrogado por mais sessenta dias e, nesse período, o Legislativo pode 
converter a Medida Provisória em lei. Se o Poder Legislativo não o zer, após esse 
prazo ela perde a ecácia e é arquivada. 
Resolução: assim como os Decretos Legislativos, as Resoluções também servem 
para tratar de matérias de competência exclusiva da Câmara de Vereadores. A 
diferença é que a resolução possui efeitos internos, já que são atos administrativos 
que regulamentam apenas atividades da Casa Legislativa. 
Decreto Legislativo: é um ato normativo usado para tratar apenas das matérias de 
competência exclusiva da Câmara Municipal, quando possuem efeitos externos ao 
Legislativo (quando atinge o Prefeito, por exemplo). O Decreto Legislativo serve, 
também, para regulamentar as relações jurídicas decorrentes do período de ecácia 
das Medidas Provisórias, e para tratar do julgamento das contas do Prefeito. O 
quórum de aprovação de um decreto legislativo é o de maioria simples, e o seu 
procedimento de aprovação é o mesmo de uma lei ordinária. O que diferencia é a 
promulgação que, no caso do decreto legislativo, é feita pelo presidente da Câmara 
Municipal, e a lei ordinária é promulgada pelo Prefeito. Outra diferença, é que o 
projeto de decreto legislativo não é submetido à sanção do Prefeito, enquanto que a 
lei, sim. A relação das matérias reguladas por decreto legislativo você encontra na 
Lei Orgânica Municipal e no Regimento Interno da Casa.
Requerimento: é um tipo de proposição por meio do qual o vereador formaliza 
pedidos, verbais ou escritos, para ser decidido pelo Presidente da Câmara 
Municipal, pela Comissão ou Plenário. Exemplo: requerimento para convocar os 
secretários municipais para prestar informações na Câmara.
Moção: a Moção é uma espécie de requerimento que costuma ser usada pelo 
parlamentar para solicitar que a Casa Legislativa se manifeste sobre algo que 
aconteceu na cidade ou no estado, ou até no país. Dessa forma, a Moção é adotada 
para o Legislativo, por exemplo, apoiar alguma ação, mostrar-se solidário a alguma 
pessoa, aplaudir ou repudiar algum ato do Poder Público, protestar contra algo, 
emitir um pesar de falecimento, enviar congratulações a alguém, entre outros. A 
Moção expressa o sentimento ou a vontade da Casa Legislativa, e não do 
parlamentar individualmente. Portanto, ela precisa ser aprovada pelo Plenário. 
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RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
O uso de indicações é uma das principais formas de o vereador contribuir com o 
desenvolvimento da cidade. A Indicação pode ser usada, também, para sugerir ao 
Prefeito o envio de projeto de lei à Câmara, sobre matéria de sua iniciativa exclusiva.
Lei Orgânica do Município 
A Lei Orgânica é a mais importante lei do município, porquefunciona como se fosse 
uma Constituição Municipal (apesar de não ser exatamente uma Constituição). 
Trata-se de um conjunto de normas que organizam e regem o Município (por isso, 
“orgânica”), determinando a composição e organização dos poderes e órgãos locais, 
as políticas públicas municipais, as diretrizes orçamentárias, os direitos e deveres 
dos vereadores e prefeitos, entre outros assuntos importantes para a cidade. 
Portanto, conhecer a Lei Orgânica é fundamental para todo vereador, assessor 
parlamentar, servidor do Legislativo municipal, e até mesmo para os cidadãos.
Como a Lei Orgânica é a “lei máxima” do Município (e do Distrito Federal), 
nenhuma outra norma produzida pela Câmara Municipal pode contrariá-la. A 
competência para modicar essa norma é exclusiva dos vereadores, conforme 
determinação constitucional. 
Cada município possui autonomia para denir a sua Lei Orgânica Municipal, mas 
existem algumas regras e dispositivos na Constituição Federal que devem estar 
presentes em todas elas. É o caso, por exemplo, do tempo de mandato para 
vereadores, número limite de vereadores no município, limite de gastos com os 
subsídios (remuneração) dos vereadores, regras gerais do processo legislativo, 
entre outros assuntos, que devem ser reproduzidos pela esfera municipal, em 
obediência ao Princípio da Simetria, sobre o qual já comentamos anteriormente.
CF, Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois 
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços 
dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os 
princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do 
respectivo Estado e os seguintes preceitos: (...)
XI - organização das funções legislativas e scalizadoras da Câmara 
Municipal; (...)
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RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
Regimento Interno da Câmara Municipal
Enquanto a Constituição Federal e Estadual determinam as regras e princípios 
gerais do Processo Legislativo, o Regimento Interno se encarrega de detalhar os 
procedimentos e rotinas legislativas (como a atuação das comissões, a tramitação de 
projetos de lei e demais proposições legislativas, as modalidades de votação, e todas 
as outras regras do Processo Legislativo).
O Regimento Interno é uma Resolução e, portanto, compete exclusivamente ao 
Legislativo criá-lo ou alterá-lo e, como toda resolução, sua aprovação não 
dependerá de sanção do Prefeito, apenas da aprovação do Plenário. As normas 
regimentais não possuem efeitos externos para os munícipes, nem para o Poder 
Executivo, tendo validade, apenas, no âmbito do Legislativo. 
Conhecer o Regimento é fundamental para o bom andamento dos trabalhos da 
Casa, além do que, por ser uma norma com “força de lei”, seu cumprimento é 
obrigatório por todos os vereadores e demais integrantes do Legislativo. 
Importante citar, também, que é dever da Câmara Municipal manter seu Regimento 
atualizado, já que a Constituição recebeu inúmeras emendas nos últimos anos que 
causaram reexos nos Regimentos das Casas Legislativas (e nas Leis Orgânicas). 
É a norma interna que organiza e disciplina todos os trabalhos legislativos da 
Câmara. O Regimento dene, por exemplo, as normas de conduta dos vereadores, 
as regras para a eleição dos membros da Mesa Diretora, a duração do mandato da 
Mesa e as atribuições de cada um dos seus membros; a possibilidade ou não de 
reeleição, e outros assuntos que digam respeito ao funcionamento da Câmara 
Municipal.
VEREADOR: FISCAL DO DINHEIRO PÚBLICO
Ainda que a função de legislar seja vista como a 
principal função do vereador, a scalização do 
Poder Executivo Municipal (representado pela 
gura do prefeito) é um dos papéis mais 
fundamentais desempenhados pela Câmara. 
Trata-se de uma função-dever, já que deriva da 
própria Constituição Federal, e diz respeito ao 
controle das ações do Executivo. O objetivo da 
scalização é coibir fraudes, superfaturamentos 
nas obras e favorecimentos particulares em 
detrimento do interesse público. Além disso, 
contribui, também, para evitar erros e atrasos no 
oferecimento de serviços públicos. 
25
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
Mas, na prática, o que o vereador deve fiscalizar?
Obras públicas em andamento (estradas, creches, pontes, 
manutenções das praças, prédios públicos, etc) 
Fornecimento de merenda escolar 
Licitações e contratos feitos pela Prefeitura (compra de 
materiais e equipamentos, contratação de serviços, e outras 
aquisições) 
Prestação dos serviços públicos na rede de ensino municipal, 
nos postos de saúde, na assistência social, e nos demais órgãos, 
públicos, para certicar a qualidade dos serviços oferecidos.
Valores gastos em cada ação e projeto, para vericar se estão de 
acordo com o previsto no orçamento público.
Enm, tudo o que envolva a aplicação de recursos públicos. 
O artigo 70 da Constituição Federal trata da função scalizatória do Poder 
Legislativo Federal, mas também se aplica aos vereadores. O Artigo 31, por 
sua vez, fala especicamente da Fiscalização exercida pela Câmara 
Municipal. 
O vereador deve garantir à população local que os recursos dos impostos 
retornem para os cidadãos em forma de serviços públicos de qualidade e, 
consequentemente, em bem estar social. Mas para isso, deve estar 
comprometido de verdade com o povo, com a correta aplicação do nosso 
dinheiro pela Prefeitura e, principalmente, em honrar com suas obrigações 
constitucionais.
2626
 Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade 
pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, 
bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome 
desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (...)
CF, Art. 70. A scalização contábil, nanceira, orçamentária, operacional e 
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, 
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das 
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, 
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada 
Poder.
xxxxxx
CF, Art. 31. A scalização do Município será exercida pelo Poder 
Legislativo municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de 
controle interno do Poder Executivo municipal, na forma da lei.
RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
Como o vereador pode fiscalizar e acompanhar a 
gestão municipal?
Para exercer a função scalizatória com eciência, é fundamental conhecer todos os 
mecanismos de scalização que o vereador tem à disposição. Com a leitura dos 
artigos citados acima, podemos perceber que essa atribuição exercida pela Câmara 
Municipal é bem abrangente, pois trata-se de controlar toda a Administração 
Pública local, no que diz respeito às questões contábeis, nanceiras, orçamentárias e 
patrimonial desempenhadas pelo Prefeito e seus subordinados, para garantir o 
respeito à lei e ao bom uso do dinheiro público. Na prática, os vereadores podem 
fazer esse acompanhamento por diversos meios ou instrumentos:
Ÿ Visitas presenciais a órgãos públicos (secretarias, escolas, empresas públicas, 
creches, etc);
Ÿ Criação de Comissões Especiais (Parlamentares) de Inquérito, as CEIs ou CPIs, 
quando receber alguma denúncia, ou em caso de suspeitas de irregularidades na 
gestão municipal;
Ÿ Sustação dos decretos do Prefeito, que extrapolam a sua função regulamentar. 
Ÿ Convocação de autoridades e pessoas ligadas ao Prefeito, para comparecerem 
pessoalmente à Câmara ou às suas Comissões, para dar explicações sobre 
assuntos da sua responsabilidade;
Ÿ Pedidos escritos de Informação aos responsáveis pelos órgãos do Poder 
Executivo, fazendo questionamentos, que devem ser respondidos em até 30 dias; 
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RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
Seguem alguns artigos que tratam desses instrumentos 
constitucionais de fiscalização.
 § 2º O parecerprévio, emitido pelo órgão competente, sobre as contas que 
o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de 
dois terços dos membros da Câmara Municipal.
 § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio 
dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou 
Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
CF, Art. 31. A scalização do Município será exercida pelo Poder 
Legislativo municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de 
controle interno do Poder Executivo municipal, na forma da lei.
 § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão 
encaminhar pedidos escritos de informação a Ministros de Estado ou a 
qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime 
de responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento, no prazo de trinta 
dias, bem como a prestação de informações falsas.
 § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à 
Câmara dos Deputados ou a qualquer de suas comissões, por sua iniciativa 
e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de 
relevância de seu Ministério.
CF, Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de 
suas comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer 
titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República 
para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente 
determinado, importando em crime de responsabilidade a ausência sem 
justicação adequada.
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Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e 
temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no 
respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos 
nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos 
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, 
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de 
fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, 
encaminhadas ao Ministér io Públ ico, para que promova a 
responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
 CF, art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
(...)
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder 
regulamentar (...);
(...)
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da 
atribuição normativa dos outros Poderes;
Todas as funções de scalização e controle conferidas ao Legislativo devem 
ser exercidas com o devido respeito ao princípio da independência e 
harmonia entre os poderes. Os vereadores devem atuar com bom senso, de 
forma comedida, com base nas regras dispostas na Lei Orgânica do 
Município e no Regimento Interno da Câmara, pois qualquer exagero e uso 
desproporcional nos instrumentos de scalização, o Prefeito e seus 
secretários podem se recusar a atender o pedido, por congurar interferência 
indevida de um Poder sobre outro. 
Importante:
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A participação do vereador no Orçamento da cidade
O Orçamento Público é elaborado pelo Poder Executivo, e no Município, portanto, é 
o Prefeito que tem a iniciativa da apresentação das leis orçamentárias. Podemos 
dizer, então, que orçamento é a materialização do plano de governo do Prefeito 
eleito, onde ele denirá como as receitas (dinheiro arrecadado com tributos e outras 
fontes) deverão ser gastas (despesas) nas ações governamentais. 
Mas todas as propostas apresentadas pelo Prefeito precisam passar pela Câmara 
Municipal para terem a sua execução “autorizada” pelos vereadores. Durante esse 
processo, os membros do Legislativo podem sugerir melhorias, por meio de 
emendas, adequando o plano orçamentário às necessidades da população local.
Uma das grandes responsabilidades do vereador (se não a maior) é discutir e 
aprovar o orçamento público municipal, que chega na Câmara Municipal por meio 
de projetos de lei. São muitos os problemas da cidade, e os recursos nanceiros, 
muitas vezes, são limitados (às vezes escassos!). Portanto, é preciso estabelecer as 
prioridades, e é exatamente o que faz as leis orçamentárias: denir quais as 
principais e mais urgentes demandas da sociedade serão atendidas a cada ano. 
O orçamento público envolve a elaboração e execução de três diferentes leis 
(também conhecidas como “peças orçamentárias”): o Plano Plurianual (PPA), a Lei 
de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Todas essas 
leis são programas que, juntos, formam o planejamento das ações da Prefeitura para 
a cidade. Vamos conhecer um pouco sobre cada uma delas?
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PPA: é o planejamento de longo prazo, que estipula as metas do governo para 
quatro anos. Elas são organizadas em diversos eixos temáticos, deixando claro qual 
caminho o governo seguirá para viabilizar as melhorias em cada área.
LDO: enquanto o PPA dene as metas do governo para 4 anos, a LDO “divide” 
essas metas em planos anuais. A LDO serve como orientação para a LOA, pois 
aponta quais prioridades nortearão o orçamento no ano seguinte.
LOA: após a denição de todas as metas na LDO, resta estabelecer como o 
orçamento será gasto, para que elas sejam alcançadas. A LOA é o Orçamento 
propriamente dito e, portanto, nela são estimadas as receitas e xadas as despesas 
que o Município pretende realizar no próximo ano, detalhando todos os projetos, 
obras, ações e serviços que a Prefeitura deverá executar na cidade. A LOA deve ser 
aprovada no nal de cada ano, para ser cumprida no ano seguinte. 
3030
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI)
A CPI é um tipo de comissão temporária do Legislativo, com algumas 
características bem especiais. Elas possuem poderes de investigação próprios das 
autoridades judiciais, e seu objetivo é apurar irregularidade, ilegalidade ou 
situações que possam estar causando prejuízos à população em decorrência da má 
gestão e descaso com o dinheiro público. Mas as CPIs devem atuar durante um 
prazo certo, estabelecido pela lei, e para investigar um fato determinado. 
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Em âmbito municipal, as Comissões Parlamentares (ou Especiais) de Inquérito 
também possuem amplo poder de investigação, e mediante requerimento de um 
terço dos vereadores, a Câmara Municipal pode criar essas CPIs (ou CEIs), tendo 
em vista que a Constituição Federal atribui essa função ao Poder Legislativo, 
conforme o Artigo 58, §3º, citado acima. A Comissão atua na apuração de 
irregularidades na administração pública local, seja no próprio Legislativo ou nos 
órgãos do Poder Executivo (Prefeitura, Secretarias Municipais, empresas públicas e 
autarquias). 
(...)
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos 
nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos 
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, 
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de 
fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, 
encaminhadas ao Ministér io Públ ico, para que promova a 
responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
CF, Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões 
permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições 
previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
O que o vereador pode fazer durante a CPI?
Realizar inspeções Ouvir os Indiciados Solicitar cópias de
documentos dos órgãos
municipais
Tomar depoimento
de autoridades
Interrogar testemunhas Solicitar informações sigilosas
e levantamentos contábeis
Outras ações previstas
na lei
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Atenção:
Algumas ações só podem ser feitas com autorização do Poder Judiciário, como 
por exemplo, a quebra de sigilo telefônico ou ordem de buscas domiciliares.
Se a irregularidade cometida pelo investigado for conrmada pela comissão, suas 
conclusões serão encaminhadas para as autoridades competentes (Ministério 
Público, se for o caso), por meio de um relatório nal, para que se promova a 
responsabilização civil e criminal do infrator, já que a CPI apenas investiga, mas não 
tem o poder de julgar ou aplicar punições. 
O vereador também julga!
Mais detalhes sobre esse processo político de julgamento, você pode ler o Decreto -
Lei nº 201, de 1967, que “Dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos e 
Vereadores, e dá outras providências”.
Anualmente, o Prefeito deve apresentar todo o dinheiro que foi arrecadado (as 
receitas do Município) e prestar contas de todos os gastos realizados. Após o parecer 
prévio do Tribunal de Contas do Estado, que é apenas opinativo, os vereadores 
analisam as contas da Prefeitura e fazem o julgamento denitivo, decidindo se o 
Prefeito teve ou não uma atuação adequada na aplicação do dinheiro público.
É isso mesmo: os vereadores também exercem uma função judiciária, parecida com 
a do Juiz de Direito, mas, claro, trata-se de um julgamento político, pois a Câmara 
Municipal processa e julga o Prefeito, o Vice-Prefeito e os próprios vereadores, 
quando cometem alguma infração político-administrativa. A Câmara Municipal 
pode puni-los, inclusive, com a cassação do mandato. 
A função de representação
A palavra vereador deriva do grego antigo “verea”, que signica vereda, caminho, 
ou seja, o vereador deve atuar como um mediador, mostrando os caminhos para a 
resolução dos problemas. Representar é, portanto, construir pontes entre o povo e o 
poder público, entre o Município e outros entes federativos, buscando alternativas 
para os problemas públicos perante as autoridades e parlamentares, sejam 
estaduais ou federais. 
Ao criar leis de qualidade e cumprir com eciência a sua função scalizadora, o 
vereador está atuando como representante político. Mas a função representativa é 
exercida no seu máximo potencial quando o parlamentar mantém uma boa relação e 
interação constante com a comunidade, pautando todas as suas ações conforme as 
demandas reais dos cidadãos. 
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RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
O vereador pode contribuir, por exemplo, na busca de emendas nos Orçamentos da 
União e do seu Estado para trazer mais investimentos públicos para o Município. 
Pode, também, articular junto aos ministérios e secretarias estaduais a inclusão do 
município em programas sociais, ou até mesmo propor indicações ao Poder 
Executivo, para adoção de medidas importantes para a cidade, e que não seja da 
competência do vereador. 
A relação Vereador x Prefeito
Muito embora os Poderes sejam independentes entre si, há momentos em que eles 
precisam atuar de forma conjunta, ainda que cada um tenha as suas próprias 
responsabilidades. Em diversas situações, Executivo e Legislativo precisam se 
articular, atuar de forma harmônica, para que todo o sistema funcione de forma 
equilibrada, conforme preconiza o Sistema de Freios e Contrapesos. 
Como vimos, no município não há “Poder Judiciário”, então, a relação entre os 
poderes ca limitada a Legislativo x Executivo. Vamos relembrar algumas situações 
em que há uma co-participação entre Câmara Municipal e Prefeito:
Impeachment do prefeito: assim como o Presidente da República, o prefeito 
também pode sofrer Impeachment e, neste caso, todo o processo acontece na 
Câmara Municipal.
Controle externo: como já vimos, cabe ao vereador scalizar o Poder Executivo, 
acompanhando todas as ações dos gestores municipais e controlando os gastos 
feitos pelo Prefeito, para garantir que os interesses da cidade estejam sendo 
atendidos, e os recursos bem utilizados.
Orçamento público: como vimos, as peças orçamentárias (PPA, LDO e LOA) são 
elaboradas pelo Executivo e aprovadas pelo Poder Legislativo. Esse relacionamento 
entre os poderes na elaboração do orçamento garante um equilíbrio, fazendo com 
que as decisões sobre “como” usar o dinheiro do município sejam acordadas entre o 
prefeito e vereadores. 
Processo Legislativo: Ainda que legislar seja atribuição dos vereadores, o prefeito 
também tem o seu papel no processo legislativo, pois quando um projeto de lei é 
votado e aprovado na Câmara Municipal, em seguida ele é encaminhado para o 
Prefeito, que pode sancionar (aprovar, validar) ou vetar (considerar o projeto - 
inteiro ou uma parte dele - inconstitucional ou contrário ao interesse público. Mas 
após o veto, o projeto ainda retorna para a análise do Poder Legislativo, que pode 
derrubar o veto ou mantê-lo. Da mesma forma, se o Prefeito decide construir novas 
obras ou realizar outra ação de sua iniciativa exclusiva, o projeto sempre deve ser 
enviado ao Legislativo municipal, que vai analisar os pontos positivos e negativos, 
propor alterações no projeto original, se entender necessário, e decidir se aprova ou 
rejeita. Somente com a aprovação dos vereadores, o Prefeito poderá implementar as 
políticas públicas. Essa dinâmica no processo legislativo demonstra o quão intensa 
é a relação entre legislativo e executivo. 
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RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
O número de cadeiras nas Câmaras Municipais varia conforme a população do 
Município. Quanto maior o município, mais vereadores o legislativo pode ter, até 
um limite estabelecido pela Constituição. Os municípios pequenos, com menos de 
15 mil habitantes, podem ter, no máximo, 09 vereadores na sua Câmara. Já as 
grandes cidades com mais de 8 milhões de habitantes podem ter até 55 
representantes no Legislativo. Essas faixas populacionais com os respectivos 
quantitativos de vereadores estão no artigo 29, IV da Constituição Federal. 
Por isso é fundamental a Câmara não agir com submissão às vontades do 
Prefeito, mas se colocar como um poder independente e dona das suas decisões. 
Por outro lado, as ideologias e vontades partidárias, quando colocadas acima 
do interesse público, podem atrapalhar a harmonia entre os poderes e o 
andamento das políticas públicas e prejudica a população. 
Com esses poucos exemplos, já podemos perceber o inter-relacionamento entre 
os dois poderes locais, e a importância da Câmara Municipal para a política 
municipal e as tomadas de decisão. Mas uma relação saudável e respeitosa 
entre Prefeitura e Câmara Municipal de Vereadores é fundamental para o 
desenvolvimento da cidade. 
Número de vereadores nas Câmaras Municipais 
CF, Art. 29, IV - para a composição das Câmaras Municipais, será 
observado o limite máximo de:
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze mil) 
habitantes;
 x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 8.000.000 
(oito milhões) de habitantes;
Quanto ganha um vereador?
 Para exercer o cargo, os vereadores recebem subsídios (termo usado para se referir 
ao salário ou remuneração mensal dos agentes políticos), e os valores possuem 
alguns limites (tetos). Para denir a remuneração dos vereadores, são considerados 
alguns fatores, que levam em conta as regras da Constituição Federal, a Lei 
Orgânica do Município, a receita do município e o número de habitantes. Os Artigos 
29 e 29-A da Constituição trazem as bases das nanças municipais, apontando, 
inclusive, os limites de gastos de pessoal da Câmara Municipal e de pagamento dos 
subsídios dos vereadores.
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RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
Em primeiro lugar, a Constituição Federal, no seu artigo 29, fala que a Câmara 
Municipal possui a competência exclusiva para xar o subsídio dos vereadores, de 
uma Legislatura para outra, e determina que o subsídio deve variar entre 20% e 75% 
da remuneração paga aos deputados estaduais, a depender do tamanho do 
município. Atualmente, um deputado estadual recebeR$ 25.322,25.
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o subsídio 
máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento do subsídio dos 
Deputados Estaduais; 
Art. 29. (...) 
VI - o subsídio dos Vereadores será xado pelas respectivas Câmaras 
Municipais em cada legislatura para a subsequente, observado o que 
dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na 
respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: 
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos 
Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos Deputados 
Estaduais; 
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio 
máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por cento do subsídio 
dos Deputados Estaduais; 
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio 
máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por cento do subsídio 
dos Deputados Estaduais; 
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o 
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta por cento do 
subsídio dos Deputados Estaduais;
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo 
dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos 
Deputados Estaduais;
Vejamos como funcionam as regras! 
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RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
 A Constituição também determina que a soma das despesas com a remuneração 
dos vereadores não pode resultar em um valor superior a 5% da receita do 
município. 
CF, Art. 29, VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não 
poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do Município;
E a terceira regra diz respeito à folha de pagamentos da Câmara de Vereadores, que 
trata da remuneração dos seus funcionários, incluídos os subsídios dos vereadores, 
segundo a qual, a folha não pode ser superior a 70% da sua receita.
 § 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua 
receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus 
Vereadores.
CF, Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos 
os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá 
ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita 
tributária e das transferências previstas no § 5º do art. 153 e nos arts. 158 e 
159, efetivamente realizado no exercício anterior:
Conhecendo essas regras, podemos perceber que o subsídio do vereador varia 
bastante, a depender de qual município ele faz parte. Além disso, os vereadores 
podem receber verbas indenizatórias, que são reembolsos por alguns gastos feitos 
no exercício da função, como por exemplo, diárias para pagamento de despesas com 
transporte e alimentação em viagens institucionais, cursos relacionados à vereança, 
entre outros.
Mas atenção: a diária não deve ser vista como um complemento de renda e, 
portanto, deve ser solicitada apenas eventualmente, para indenização de 
despesas com hospedagem, transporte e alimentação, quando estritamente 
necessário e devidamente justicado. 
Cuidado com o excesso de diárias! É ilegal, imoral e pode levar à perda do 
mandato!
E para nalizar, as mudanças no subsídio do Prefeito devem ser feitas por lei, já os 
subsídios dos vereadores, o meio adequado é a Resolução, já que trata-se de uma 
competência privativa do Poder Legislativo, e o inciso VI do Art. 29 da Constituição 
Federal não se refere à necessidade de lei para xar os subsídios dos vereadores. 
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RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
CF, Art. 29, V e VI
VI - o subsídio dos Vereadores será xado pelas respectivas Câmaras 
Municipais em cada legislatura para a subsequente, observado o que 
dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na 
respectiva Lei Orgânica (...)
 V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais 
xados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado o que 
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
Ÿ Imunidade material, que garante o direito à liberdade de expressão ao 
parlamentar, impedindo que ele possa sofrer represálias por parte do Poder 
Judiciário, em razão das suas opiniões, votos e manifestações políticas. Dessa 
forma, o vereador não pode ser responsabilizado na esfera civil e penal por 
eventuais ofensas contra a honra de outro parlamentar, por exemplo, durante os 
debates na Câmara. 
Além dos subsídios, que já vimos anteriormente, os vereadores possuem algumas 
prerrogativas, em virtude do mandato e devido às características da atividade 
parlamentar. Vamos conhecer algumas delas.
Mas, atenção! Essa proteção só está garantida aos vereadores dentro do 
Município, e desde que as palavras manifestadas tenham relação com o 
exercício da função parlamentar ou do mandato. 
Mas tudo tem limite: o vereador não pode, nas suas manifestações, violar 
princípios e garantias constitucionais, tampouco cometer crime de ódio, 
apologias a crimes ou incitação à violência.
Direitos dos Vereadores - Prerrogativas do parlamentar
CF, Art. 29, VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, 
palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município;
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RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL
Ÿ Exercer outra função pública: os vereadores possuem o direito de exercer a sua 
função ou cargo público (quando já é servidor público), paralelamente à 
atividade parlamentar, desde que haja compatibilidade de horário entre ambas, 
para não prejudicar a sua função como vereador. Então, se o vereador é também, 
por exemplo, professor, motorista, enfermeiro, etc, não precisa se afastar do 
órgão onde atua para exercer a vereança e, nesse caso, terá direito a receber as 
duas remunerações. Mas, se tiver que se afastar do seu cargo público por 
incompatibilidades de horários, o vereador pode escolher qual das duas 
remunerações quer receber. 
Ÿ Licenças: assim como os demais servidores públicos, o vereador pode usufruir 
de algumas licenças, como por exemplo, licença para tratamento de saúde, para 
tratar de assuntos particulares, para exercer assumir secretaria municipal, fazer 
alguma viagem de interesses do município, etc.. 
Ÿ Renúncia: se não desejar mais exercer a função parlamentar, por qualquer 
motivo, o vereador tem o direito de pedir renúncia do cargo. 
Ÿ Prisão Especial: o vereador tem direito à prisão especial, até a decisão 
condenatória com trânsito em julgado (julgamento denitivo, quando não há 
mais possibilidade de recorrer). Se for condenado, após o processo, o vereador 
deve ser transferido para uma prisão comum. 
Código de Processo Penal - Decreto Lei nº 3.689/41
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da 
autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação 
denitiva:
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito 
do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os 
vereadores e os chefes de Polícia;
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Para nalizar...
Nesse momento, você já deve ter percebido que 
ocupar uma cadeira na Câmara Municipal vem 
acompanhado de muitas responsabilidades, 
pois o vereador é encarregado de ouvir os 
anseios da população, dialogar com a prefeitura 
e construir, coletivamente, soluções para 
melhoria do seu município. Todos os problemas 
da cidade são problemas da Câmara Municipal, 
portanto, não há limites para a ação do vereador 
quando o assunto é lutar e defender o interesse 
local, desde que sua atuação esteja respaldada 
pela Constituição, Lei Orgânica, Regimento 
Interno e demais leis. 
Este breve material está longe de esgotar tudo o 
que você precisa saber para desempenhar um 
bom mandato e fazer a diferença na sua cidade, 
mas espero que você tenha conseguido ter uma 
ideia do que seja a vereança e, acima de tudo, 
espero ter despertado em você o desejo de buscar

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