Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 RENATA CUNHA As Atribuições do LEGISLATIVO MUNICIPAL Conheça as principais funções de um vereador e o funcionamento da Câmara Municipal. 22 Renata Cunha Servidora efetiva do Poder Legislativo (Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina - ALESC) desde 2010, pós graduada em Gestão Pública e f o r m a d a e m H i s t ó r i a p e l a Universidade Federal de Santa Catarina. Ministra palestras e cursos de c a p a c i t a ç ã o p r o s s i o n a l p a r a vereadores e servidores de Câmaras Municipais. Cursou Ciência Política na Espanha (Universidade de Salamanca) e coordenou o Centro de Apoio às Câmaras Municipais da ALESC. Renata Cunha possui um canal no Youtube e pers nas redes sociais, onde compartilha assuntos relacionados ao funcionamento e a atuação do Poder Legis la t ivo , espec ia lmente das Câmaras Municipais de Vereadores. @renatacunha.leg Renata Cunha 3 Ao leitor (a) O objetivo desse livro digital é orientar os vereadores e suas equipes de gabinete em relação ao trabalho realizado na Câmara Municipal, passando por todas as suas funções e competências. Nesse guia, eu organizei e disponibilizei as informações mais essenciais sobre o funcionamento, a estrutura e a organização do Legislativo Municipal. Renata Cunha Esse livro vai contribuir para qualicar o seu mandato, incentivar a busca por mais conhecimento sobre o Poder Legislativo, de forma que você possa transformar a atuação do vereador no Brasi l , especialmente a forma de legislar e scalizar o Executivo Municipal. Os conhecimentos aqui disponibilizados buscam, também, estimular uma reexão sobre o verdadeiro papel do vereador e os desaos atuais enfrentados pelos membros do Legislativo. 44 SUMÁRIO Direitos dos vereadores - Prerrogativas do parlamentar Pra nalizar Numero de vereadores nas Câmaras Municipais Quanto ganha um vereador Relação vereador - prefeito O Município na Federação Brasileira Competências das Unidades da Federação As Três Funções do Estado A Câmara Municipal e Sua Importância para o Município Tipos de leis que o vereador pode criar Como o vereador pode scalizar e acompanhar a gestão do município A participação do vereador no orçamento da cidade O vereador também julga Lei orgânica do município Regimento interno da Câmara Municipal Comissões parlamentares de inquérito (CPI) A função de representação Funcionamento da Câmara Municipal Mas anal, o que faz um vereador? Preparação do Mandato Para Reetir Principais Orgãos da Câmara Municipal 19 21 18 17 16 15 2 3 4 14 10 11 12 5 8 1 7 9 6 13 22 20 23 6 7 26 5 9 9 11 17 18 16 12 24 32 36 30 33 33 31 38 31 29 Pg. 5 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL Para refletir... Além disso, por que as questões municipais são bem menos repercutidas na mídia e na internet do que as ações do governo federal e estadual, sendo que é no município que nós vivemos? Se as políticas p ú b l i c a s m u n i c i p a i s i m p a c t a m diretamente na nossa vida, então, por que esses assuntos recebem menos a nossa atenção? Você já parou para pensar que ao mesmo tempo que os vereadores são os representantes políticos mais “próximos” das pessoas, por outro lado, são os mais desconhecidos pelos cidadãos? Se o vereador é esse agente político tão presente na comunidade, alguém que vivencia os problemas coletivos diariamente, por que, então, sabemos tão pouco sobre o trabalho dos vereadores e sobre as diferenças entre a função do vereador e do prefeito? Por que temos pouca informação sobre a atuação e importância da Câmara Municipal da nossa cidade? Parece uma contradição, não é verdade? Não existe resposta pronta para esses questionamentos, mas não tenho dúvidas de que ela passa pela longo histórico de despreparo por parte de muitos vereadores que já passaram pelas Casas Legislativas e que deixaram d e c u m p r i r m i n i m a m e n t e s u a s atribuições, construindo, ao longo dos anos, a imagem de que o Poder Legislativo é uma estrutura ineciente e pesada para os cofres públicos quando se pondera os resultados produzidos pelo Legislativo, em benefício da sociedade. O descrédito generalizado da população em relação aos políticos, principalmente em relação aos vereadores, leva muitas pessoas a difundirem a ideia de que o Legislativo é desnecessário, e que poderia, inclusive, “fechar as portas''. Só existe uma forma de mudarmos essa triste realidade e tornar o Poder Legislativo Municipal uma instituição valorizada pelas pessoas, um espaço de participação social e de construção coletiva das decisões políticas: por meio da democratização das informações sobre o funcionamento e o papel dessa instituição e criando condições reais e efetivas de participação da sociedade nas O descrédito generalizado da população em relação aos polí�cos, principalmente em relação aos vereadores, leva muitas pessoas a difundirem a ideia de que o Legisla�vo é desnecessário, e que poderia, inclusive, “fechar as portas''. 66 Preparação para o mandato A Constituição Federal fala que cabe ao Poder Legislativo legislar (criar as leis) e scalizar os atos do Executivo. Parece pouco, mas apenas dentro dessas duas principais funções, existe um mar de possibilidades de atuação para o vereador, já que legislar não se resume a apresentar projetos, e scalizar tampouco se resume a apontar os erros do prefeito. E para legislar e scalizar com eciência, de forma que os resultados dessas ações impactem em melhorias para o Município, o vereador e sua equipe precisam se munir de conhecimentos, das mais diversas áreas e temas, dentre os quais: Ser vereador(a) não é tarefa fácil, já que carrega consigo o compromisso de honrar o voto de conança depositado pelos eleitores, tendo sempre em vista os interesses dos cidadãos e da cidade que representa. Mas não basta ser eleito, é preciso estar preparado para o mandato, porque todos os problemas do Município são problemas da Câmara Municipal (e, de uma forma ou de outra, passam pelo Legislativo). O vereador, portanto, deve ter a capacidade de buscar soluções e conciliar consensos. Regimento Interno da Câmara As estruturas da administração pública Orçamento público e contabilidade pública Lei Orgânica Municipal Processo Legislativo Competências Constitucionais Princípios Constitucionais Os direitos e deveres dos parlamentares O vereador que pretende fazer um mandato de sucesso, com bons resultados para a cidade, obter o apoio das pessoas às suas ações e desempenhar todas as suas funções com eciência, precisa buscar constantemente qualicação e se cercar de pessoas capacitadas tecnicamente, para o auxiliarem nessa missão de tão grande responsabilidade. Portanto, esse material pretende proporcionar ao vereador e assessor parlamentar uma visão geral sobre as principais funções do(a) vereador(a), e apontar para algumas possibilidades práticas de atuação do Poder Legislativo, estimulando uma reexão sobre a atuação dos vereadores e sobre os novos desaos enfrentados pelas Câmaras Municipais. Para isso, adotamos uma linguagem simples, de forma que qualquer pessoa, mesmo que nunca tenha atuado numa Câmara Municipal, consiga compreender a dinâmica de funcionamento da Câmara Municipal e o verdadeiro papel do vereador. entre outros assuntos. RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 7 O Município na Federação Brasileira República Federativa do Brasil: esse é o nome ocial do nosso país, e somos uma Federação porque existem diferentes “entes federativos” que compõem o Estado brasileiro: União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, todos com autonomia política e administrativa. A organização do Estado Federativo em três níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal) garante que todos os 5.568 municípios, distribuídos em 26 estados e um Distrito Federal, possam ter a presença do poder públicoe serem geridos com mais eciência, de acordo com a sua realidade local e regional. O conjunto de obrigações e responsabilidades de cada um dos entes federados é conhecido como Pacto Federativo, e está materializado nos artigos 1º e 18 da Constituição Federal: Mas nem sempre foi assim: até a promulgação da Constituição de 1988, o Município não era considerado uma unidade política autônoma, mas o novo ordenamento jurídico elevou o status dos Municípios, colocando-os como ente federativo, e por isso hoje nós podemos escolher diretamente os nossos representantes municipais (prefeitos, vices-prefeitos e vereadores). Junto com essa autonomia política, o Município recebeu a prerrogativa de criar e organizar, por conta própria, toda a estrutura de órgãos públicos municipais porque, até então, os municípios eram “células” do estado, sem qualquer autonomia administrativa. Outra faceta da autonomia municipal é a possibilidade de legislar sobre assuntos de interesse local (entendidos como os assuntos que digam respeito, predominantemente, ao Município), bem como suplementar a legislação federal e estadual, no que for permitido. Além disso, faz parte da autonomia legislativa do Município a elaboração da própria Lei Orgânica Municipal, sobre a qual falaremos mais adiante. A partir de 1988, o Município também foi autorizado a instituir e arrecadar tributos municipais e aplicar as suas receitas, respeitando as regras constitucionais e as normas gerais de direito tributário e nanceiro, como o Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66), a Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) e a Lei 4.320/64. Mas, como não poderia ser diferente, junto a autonomia nanceira, veio também a obrigação de prestar contas, já que o princípio da publicidade dos atos é dever de todos os órgãos de qualquer ente federativo. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos (...) Art. 18 A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 88 Perceba que, após a Constituição de 1988, o Município passou a assumir muitas responsabilidades e recebeu independência para agir, mas deve respeitar os limites colocados pela Constituição e pelas demais leis vigentes no país. Com essa elevação do município a ente federativo, a Câmara Municipal de Vereadores passou a ser a sede do Poder Legislativo em âmbito municipal, assim como a Prefeitura passou a representar o Poder Executivo local. O Município pode e deve cuidar de tudo o que diga respeito aos interesses do seu povo e atuar em todos os campos que a Constituição Federal permite, especialmente nos assuntos tratados no Artigo 30 e nas situações previstas na Lei Orgânica. AUTONOMIA signica que não existe hierarquia ou subordinação entre as esferas de governo: o governo federal não está acima dos estados, e estes não estão acima dos seus municípios. Cada um possui suas própr ias a t r ibuições e responsabilidades. CONSTITUIÇÃO FEDERAL: I - Legislar sobre assuntos de interesse local; ‘ II - Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - Instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos xados em lei; IV - Criar, organizar e suprimir Distritos, observada a legislação estadual; Art. 30. Compete aos Municípios: V - Organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o VI - Manter, com a cooperação técnica e nanceira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; VII - Prestar, com a cooperação técnica e nanceira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; VIII - Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; IX - Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, o b s e r v a d a a l e g i s l a ç ã o e a a ç ã o scalizadora federal e estadual. de transporte coletivo, que tem caráter essencial; RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 9 Competências das Unidades da Federação Como já citamos anteriormente, cada um dos entes federativos (União, Estados e Municípios) possui suas atribuições e proibições. A Constituição Federal traz essa repartição de tarefas e indica as c o m p e t ê n c i a s a d m i n i s t r a t i v a s e legislativas de cada órgão que compõe a estrutura do Estado. Portanto, conhecer essas competências é fundamental para todo agente político. Segue um quadro- resumo com os artigos da Constituição referentes às competências de cada unidade da Federação, para você organizar melhor os seus estudos. É importante lembrar que o Município é uma pessoa jurídica de direito público interno e portanto, possui capacidade civil. Isso signica que os municípios também possuem direitos e obrigações. Veja o que diz o Código Civil (Lei 10.406/2002). I - a União; Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: III - os Municípios; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; Entes Federados UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS TODOS Artigos 21 e 22 25, §1º 29, 29 -A, 30 e 31 23 e 24 As três funções do Estado brasileiro Grande parte dos países adota o Sistema Tripartite, em que o poder político do Estado se divide em três grandes funções: a função legislativa (representada pelo Poder Legislativo), a função executiva ou administrativa (representada pelo Poder Executivo) e a função jurisdicional (representada pelo Poder Judiciário). E é exatamente este o modelo adotado pelo Brasil. Constituição Federal Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Cada uma dessas três estruturas responde por determinadas tarefas e, por serem independentes, não podem interferir no trabalho das outras, a menos que uma delas ultrapasse os seus limites de atuação, impostos pela Constituição. Perceba, então, que os três “poderes” (que na verdade são as três funções do estado) devem funcionar como um sistema de freios e contrapesos, de forma que um coloque limite em possíveis excessos ou abusos do outro. A ideia, portanto, é que nenhum dos três poderes se sobreponha aos demais, mas façam uma regulação e scalização recíproca, trabalhando na busca pelo equilíbrio e harmonia, sempre respeitando os princípios da nossa Constituição. RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 1010 De uma forma bem resumida, cabe a cada um dos Poderes: Cada um dos níveis de governo (federal, estadual e municipal) possui seus representantes no Legislativo, Executivo e Judiciário. A exceção é a esfera municipal, que não tem um Poder Judiciário próprio. Nesse caso, suas demandas são atendidas pelo judiciário estadual. Poder Legislativo: Poder Executivo: Poder Judiciário: Criar, alterar e revogar as leis, bem como scalizar a atuação do Poder Executivo. Na esfera federal, o Poder Legislativo é exercido pelos deputados federais e senadores, na esfera estadual, pelos deputados estaduais e, em nível municipal, pelos vereadores. Administrar o Estado, fazendo a gestão dos serviços públicos do respectivo ente federativo (União, DF, Estados e Municípios), colocando as leis em prática, investindo os recursos públicos e executando as políticas públicas. O Poder Executivo é representado pelo Presidente da República em nível federal, pelos governadoresna esfera estadual e pelos prefeitos nos municípios. analisar e julgar casos em que as leis não estejam sendo cumpridas, seguindo a legislação do nosso país. Ele é exercido nos Tribunais pelos Ministros do STF, desembargadores, promotores e juízes. O que vale para a União, vale para os Estados e Municípios: Simetria constitucional Sempre que a Constituição se referir ao Presidente da República, devemos entender que tal atribuição ou competência também é válida para o Prefeito, no âmbito dos Municípios e para os governadores nos estados; assim como as referências aos deputados federais e senadores também se aplicam, no que couber, aos vereadores nos municípios, e aos deputados estaduais, no estados. Da mesma forma, quando a Constituição se referir às funções da Câmara dos Deputados e Senado Federal, podemos entender que também se aplicam às Câmaras Municipais. Esse reexo das atribuições da União para os estados e municípios ocorre devido ao Princípio da Simetria, estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal, por meio do qual diversas regras constitucionais válidas para a União, também são aplicadas para os estados e municípios (resguardadas as devidas proporções). RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 11 A Câmara Municipal e sua importância para o Município A Câmara Municipal, também chamada de Câmara de Vereadores, não é um órgão público qualquer da sua cidade. Ela é o poder do Estado Federativo na sua face legislativa, em âmbito municipal. Trata-se, portanto, de um órgão (poder) independente e autônomo e, diferente do que muitos pensam, não é vinculado à Prefeitura. A Câmara Municipal é composta por vereadores, eleitos pelos munícipes, para um mandato de quatro anos, pelo voto direto e secreto. É nela onde são tomadas as decisões mais importantes para a cidade, já que todos os projetos de lei e demais proposições legislativas, independente de quem seja o autor, deve passar pelo crivo do Legislativo. Constituição Federal I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País; (...) CF, Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: Como órgão colegiado, a Câmara toma suas decisões por meio do Plenário, é administrada pela Mesa Diretora e representada pelo Presidente da Casa (um vereador escolhido pelos demais colegas parlamentares). É por meio dos vereadores, portanto, que o Poder Legislativo Municipal exerce importantes funções para a democracia e para a cidade, as quais veremos adiante. Os trabalhos legislativos da Câmara de Vereadores são organizados em Sessões Legislativas, períodos de um ano, também conhecidos como ano parlamentar. Já a Legislatura corresponde ao período do mandato do vereador, portanto, tem a duração de quatro anos (04 Sessões Legislativas). RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 1212 Principais órgãos da Câmara Municipal Cada Câmara de Vereadores possui autonomia para denir a sua estrutura interna de órgãos e as suas próprias regras de funcionamento, as quais devem estar previstas no Regimento Interno. Vamos conhecer, a seguir, os principais órgãos da Casa Legislativa municipal, comuns a todas elas. PLENÁRIO O Plenário é o órgão máximo de deliberação no Legislativo, o que signica que nenhum órgão governamental está acima dele quando o assunto é “legislar”. É o espaço onde todos os vereadores se reúnem para debater e votar os projetos mais importantes do município. A palavra Plenário tem um sentido duplo, signicando, também, o conjunto dos parlamentares que compõem a Casa, e por isso se diz que o Plenário é soberano, já que cabe a ele a decisão nal sobre o rito legislativo. Quem comanda as atividades do Plenário é o presidente da Câmara. COMISSÕES Além das das discussões e votações em Plenário, os vereadores também se reúnem em comissões, que são órgãos técnicos da Câmara Municipal, organizados por temas (por isso são chamadas, também, de comissões temáticas). As Comissões são responsáveis pela análise dos projetos de lei e outras proposições legislativas que tramitam na Casa, bem como a elaboração de pareceres (opinião da Comissão), para orientar o Plenário nas suas decisões. Além da importante atuação no Processo Legislativo, as Comissões também exercem um papel preponderante na scalização das ações do Poder Executivo, podendo, inclusive, convocar os secretários do Prefeito e outras autoridades para prestarem informações, perante o Legislativo, sobre suas pastas. Se a Comissão convocar um secretário municipal ou pessoa vinculada ao Prefeito, o convocado tem a obrigação de comparecer para prestar os esclarecimentos solicitados. Essas comissões podem ser de dois tipos: permanentes ou temporárias. As comissões permanentes, como o próprio nome já sugere, fazem parte da estrutura da Casa, possuem um número de membros denido no Regimento e não possuem prazo para acabar. Já as comissões temporárias são criadas para estudar uma matéria especíca, ou fazer o acompanhamento e scalização de uma determinada ação e, portanto, deixam de existir assim que seu objetivo é atingido. Como exemplo de uma comissão temporária, podemos citar uma Comissão para acompanhamento das medidas de combate ao Coronavírus. As comissões permanentes analisam o mérito das propostas, e cada uma delas ca responsável pela análise de projetos da sua área de competência (Educação, Direitos Humanos, Saúde, Meio Ambiente, Finanças e Tributação, etc.). Dessa forma, os trabalhos legislativos e de scalização se tornam especializados, já que cada Comissão estuda e emite parecer apenas em relação às matérias relacionadas ao seu tema. RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 13 Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando em crime de responsabilidade a ausência sem justicação adequada. § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informação a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados ou a qualquer de suas comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério. Constituição Federal Como são preenchidas as vagas nas Comissões? Os membros do Legislativo (vereadores e deputados) são eleitos pelo Sistema Proporcional, em que as cadeiras do Legislativo são preenchidas por partidos políticos, de acordo com o Coeciente Eleitoral e Partidário. No funcionamento das Casas Legislativas, esse sistema também está presente, pois as Comissões e a Mesa Diretora devem reetir de forma proporcional, a representação dos partidos ou blocos presentes na Câmara Municipal (e Assembléia Legislativa). Exemplo: se um partido ou bloco X ocupa 20% das cadeiras da Câmara, esse partido ou bloco terá (na medida do possível) direito a 20% das vagas em cada Comissão. Essa regra você encontra no Artigo 58 da Constituição Federal: Art. 58 § 1º Na constituição das Mesas e de cada comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. MESA DIRETORAComo o nome já indica, a Mesa Diretora é o órgão de direção da Casa, responsável pelos atos legislativos e administrativos da Câmara de Vereadores. É composta pelo Presidente da Câmara, Vice(s)-presidente(s) e Secretários, mas sua composição pode variar conforme cada Regimento Interno, já que cada Casa Legislativa possui autonomia para decidir sobre a sua estrutura interna. Os membros da Mesa são RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 1414Em algumas cidades, podemos observar câmaras municipais com sua sede própria, estruturas modernas, corpo de servidores efetivos e qualicados, escola do legislativo atuante, etc. Já em outras, nos deparamos com estruturas bem precárias, prédios cedidos pela Prefeitura, carência de recursos humanos e materiais, e outras situações que precarizam e dicultam a atuação efetiva do Poder Legislativo. eleitos pelos próprios vereadores, para um mandato de um ou dois anos, e todas as regras da eleição e as atribuições de cada membro também estão dispostas no Regimento Interno da Casa. E aqui cabe falarmos, rapidamente, da importância de uma boa gestão no Legislativo, já que cabe à Mesa a responsabilidade de administrar a Casa. Como já vimos, a Constituição garante a independência do Poder Legislativo, tanto na sua atuação (exercício das funções), quanto na sua organização interna e relacionamento com os cidadãos. Portanto, nem o Prefeito nem qualquer autoridade deveria interferir nos trabalhos da Câmara Municipal, mas, infelizmente, é muito comum vermos o Chefe do Executivo dando as diretrizes ao Chefe do Legislativo, em relação à Casa Legislativa. Os vereadores possuem a responsabilidade de fortalecer cada vez mais a Câmara Municipal, porque a comunidade não precisa de uma mera Câmara Municipal, e sim de um Poder Legislativo eciente, independente e próximo das pessoas. Mas para isso, os vereadores devem preocupar-se com a gestão da Casa e investir bem os recursos de que a Câmara dispõe (os duodécimos), pois os parlamentares tendem a dar mais atenção às questões políticas do que as ações administrativas, o que é natural para um líder político. Mas, se queremos um legislativo moderno, produtivo e participativo, o vereador, especialmente os membros da Mesa Diretora, precisa fortalecer a função administrativa da Câmara, fazendo os investimentos necessários em estrutura, na qualicação dos servidores, em inovação do processo legislativo, em formas efetivas de relacionamento com o povo e de transparência, dentre outras ações que busquem valorizar o Legislativo perante os outros poderes e a sociedade, fortalecendo a sua função institucional. GABINETES PARLAMENTARES O vereador desempenha suas tarefas legislativas e administrativas em um gabinete, dentro da Câmara Municipal, espaço onde se reúne com seus assessores, e cidadãos. O gabinete parlamentar é formado por pessoas da conança do vereador, escolhidas pelo próprio vereador, com a função de auxiliá-lo na elaboração de proposições legislativas, análise de projetos em tramitação, atendimento ao público, tomada de decisão e no relacionamento com o cidadão. As realidades das Câmaras Municipais brasileiras são as mais diversas, inclusive, há lugares em que os vereadores sequer possuem gabinete para trabalhar. Em RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 15 outras, dois ou mais vereadores compartilham o mesmo espaço. Por esse mesmo motivo que o valor da verba de gabinete (que, via de regra, cada vereador dispõe para utilizar ao longo do mandato) varia de Câmara para Câmara, bem como as regras de utilização desse dinheiro. OUVIDORIA Muitas Câmaras Municipais contam com uma Ouvidoria, um canal aberto para que o cidadão envie solicitações, reclamações, sugestões de projetos para a cidade e pedidos de informação sobre assuntos de competência do Legislativo. LIDERANÇA PARTIDÁRIA As Lideranças são estruturas políticas bem importantes na Câmara Municipal e não poderíamos deixar de falar sobre elas. Os líderes são vereadores que representam todos os parlamentares do mesmo partido ou bloco, nas atividades parlamentares. O Líder é escolhido no início do mandato pelos próprios colegas do partido (bancada partidária) ou bloco parlamentar (conjunto de partidos). Mas nada impede que ele seja retirado da função, caso perca a conança dos colegas de partido ou bloco. É a união de dois ou mais partidos políticos que possuem interesses em comum, no âmbito da Câmara. Dessa forma, os partidos que se juntam em bloco são considerados como um único partido, tendo somente um líder partidário para representá-los. Grupo de vereadores de um único partido (bancada do PT, do PSL, do PMDB, etc). Mas também se usa a expressão “Bancada” para se referir à união de parlamentares de legendas diferentes, mas que atuam em prol de uma pauta ou interesse em comum. Ex: Bancada Feminina, Bancada da Segurança Pública, etc. Bloco Partidário Bancada Parlamentarx O líder exerce diversas funções na Casa Legislativa, e uma delas é a orientação de voto durante as decisões em Plenário ou nas Comissões. Assim, o líder indica a decisão do partido (favorável ou contrário), em relação a determinado assunto, para que os vereadores do seu partido ou bloco saibam como se posicionar sobre a matéria. Os líderes partidários, normalmente, possuem um tempo maior no uso da palavra nas sessões plenárias, indicam os membros para compor as comissões e as substituições, quando necessário, podem solicitar a criação de comissões especiais, pedir votações secretas (quando permitido pelo Regimento), solicitar regime de prioridade para os projetos, entre outras atribuições, que se encontram no Regimento Interno. RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 1616 OUTROS ÓRGÃOS Pode haver outros órgãos na estrutura das Câmaras Municipais, além dos que apontamos aqui, como por exemplo, Escola do Legislativo, Procuradoria da Mulher, Controle Interno, etc. E para conhecer melhor o Legislativo da sua cidade, você pode acessar o site ocial da Casa e procurar o Organograma! E como já falamos anteriormente, cada município brasileiro possui suas peculiaridades e capacidade nanceira, que varia de acordo com a realidade econômica e social local. Consequentemente, a estrutura de cada Casa Legislativa também sofre variações, de uma cidade para outra. Funcionamento da Câmara Municipal Não devemos confundir Sessão Legislativa (ano de trabalho das Casas Legislativas) com Sessão Plenária (reuniões semanais dos vereadores realizadas no espaço do Plenário da Câmara). Nas Sessões Plenárias, ou Sessões da Câmara, como costumam ser chamadas, os vereadores discutem e votam os projetos e proposições em pauta. Vamos começar por , período de quatro anos que coincide com o Legislatura mandato do vereador. Mas os trabalhos da Casa se organizam em períodos anuais, chamados de Sessão Legislativa que, normalmente, vai de fevereiro a dezembro. Para o Poder Legislativo Federal (Congresso Nacional), a Constituição determina que as reuniões das Casas (Câmara dos Deputados e Senado Federal) devem acontecer de 02 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Se algumas dessas datas caírem em sábados, domingos ou feriados, o início dos trabalhos é transferido para o primeiro dia útil subsequente. Mas os Municípios, por meio de suas Leis Orgânicas, podem estabelecer datas diferentes das estabelecidas para o Congresso Nacional, para iniciar e terminar a Sessão Legislativa da sua Câmara Municipal. Ma s atenção: A Câmara Municipal não fecha as portas durante o recesso: os setores administrativos seguem trabalhando normalmente e as atividades da Mesa não são totalmente interrompidas, inclusive, é comum os regimentos preverem a instalação de uma comissão de vereadores para car trabalhando durante os recessos (Comissão Representativa). De fevereiro a julho, temos o primeiro Período Legislativoe, de agosto a dezembro, o segundo período legislativo (equivalentes aos semestres). Nos intervalos entre eles, acontecem os recessos parlamentares, quando há uma interrupção dos trabalhos legislativos (Plenário e Comissões). O universo legislativo é recheado de palavras esquisitas e nada familiares para o cidadão comum, compondo o que eu chamo de “parlamentês”, um vocabulário muito peculiar das Casas Legislativas, e aqui vamos falar sobre várias delas. RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 17 Mas afinal, o que faz o Vereador? É importante sabermos que o vereador está impedido de realizar, de forma direta, as atividades de gestão do Município (construir obras, gerenciar os recursos públicos, contratar servidores públicos, executar as políticas e serviços públicos, criar órgãos na estrutura da Administração Municipal, etc), pois administrar a cidade é papel do Prefeito. Além dessas funções principais, também chamadas de “típicas”, o Legislativo exerce outras atividades secundárias, como julgar as contas do Prefeito, processar os vereadores e o prefeito em caso de infrações político-administrativas, e administrar a própria Câmara Municipal. Como já vimos, o vereador é o representante do Poder Legislativo na esfera municipal da Federação brasileira e possui, portanto, funções equivalentes aos deputados estaduais, federais e senadores. Dessa forma, o vereador exerce as funções que a Constituição reservou ao Poder Legislativo: criar as leis municipais (legislar) e scalizar o Poder Executivo (Prefeito e seus secretários), visando a representação dos interesses da população local. ? ? ? ?? FUNÇÃO DE LEGISLAR Além disso, os vereadores podem encaminhar Indicações, ou Requerimentos, ao Prefeito e seus Secretários, sugerindo que tomem determinadas providências em favor da população (como por exemplo, construção de escolas e postos de saúde, limpeza pública, abertura de estradas, realização de melhorias, etc). Essa é uma forma de o vereador assessorar os gestores públicos na condução da cidade sem, portanto, interferir na governabilidade do Poder Executivo, já que as indicações apresentadas pelos vereadores não obrigam o Prefeito. A função que mais caracteriza o poder legislativo é justamente a legislativa (criar as normas), já que, por meio das leis, diversos problemas da sociedade podem ser solucionados. Como membro do Legislativo, o vereador não pode resolver diretamente os assuntos de competência do Prefeito, entretanto, como legislador, pode apresentar ideias na forma de projetos de lei, discutir sobre eles com os demais colegas vereadores e com a sociedade e, por m, aprová-los ou não. Os parlamentares também discutem e votam todas as propostas encaminhadas pelo Poder Executivo (Prefeito) e pela sociedade civil (projetos de iniciativa popular). Os parlamentares também discutem e votam todas as propostas encaminhadas pelo Poder Executivo (Prefeito) e pela sociedade civil (projetos de iniciativa popular). RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 1818 Contudo, é importante termos a consciência de que criar novas leis nem sempre é a única (ou a melhor) solução para atender as necessidades mais urgentes do povo. Muitos vereadores se apegam à criação de novas leis, como uma forma de se mostrar produtivo durante o mandato, mas acabam criando leis irrelevantes e inúteis para a cidade. O vereador também pode contribuir com a cidade apresentando emendas (alterações) aos projetos de lei que tramitam na Casa, seja de origem de outro vereador ou mesmo do Prefeito, principalmente emendas às Leis Orçamentárias, em que os vereadores podem sugerir projetos e ações a serem realizadas pelo Prefeito. Mas quando temos leis bem elaboradas, feitas de acordo com as reais demandas da sociedade - e com a participação dela -, a atividade legislativa pode trazer bons resultados para a cidade, pois as (boas) leis garantem os direitos dos cidadãos, orientam a vida em sociedade e ajudam na condução da cidade, já que o gestor público só pode fazer o que a lei expressamente autoriza. Sobre quais assuntos o vereador pode legislar? A Constituição Federal reserva alguns assuntos que só podem ser apresentados, por meio de projetos de lei, pelo Chefe do Executivo (Presidente, Governador e Prefeito). É o que chamamos de iniciativa privativa, reservada ou exclusiva. Com exceção das matérias de iniciativa privativa do Prefeito, o vereador pode apresentar projetos de lei sobre todos os assuntos de competência do Município. Veja, na Constituição, sobre quais assuntos os membros do Legislativo NÃO podem legislar. II - disponham sobre: CF, Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República (...) a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) (...) § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República [Prefeito] as leis que: RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 19 Mesmo nos projetos de iniciativa exclusiva do Prefeito, nada impede que os vereadores apresentem emendas às propostas de origem do Executivo para aperfeiçoar o texto, desde que, nesse caso, não gerem despesas para o município. São muitos os assuntos que o vereador pode (e deve) legislar, seja por meio de apresentação de projetos de sua iniciativa, seja por meio de emendas para o aperfeiçoamento de políticas públicas municipais, ou mesmo levantando debates públicos na Câmara Municipal, dando ampla publicidade ao tema: Dessa forma, diferente do que muitos pensam, as possibilidades de atuação do vereador, por meio da atividade legislativa, é muito ampla, pois, mesmo com algumas restrições (não poder apresentar projetos sobre as matérias de iniciativa exclusiva do prefeito), o vereador pode atuar de outras formas e, assim, contribuir com o desenvolvimento da cidade e com a resolução dos problemas públicos. e) criação e extinção de Ministérios [secretarias] e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; d) (...) c) servidores públicos … , seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; Obs: Lembrando que, de acordo com o Princípio da Simetria, o que se refere ao Presidente da República se aplica, no que couber, ao Prefeito. Excluímos as alíneas b e d porque não se aplicam aos Municípios. Ÿ Alienação, concessão, arrendamento e doação de bens Ÿ Novos tributos municipais (criação, mudança ou extinção) Ÿ Dívida municipal Ÿ Tombamento de prédios como patrimônio público Ÿ Regime jurídico dos servidores Ÿ Denominação de ruas, logradouros e prédios públicos Ÿ Plano municipal de educação Ÿ Criação de bairros e distritos no Município Ÿ Planos e programas de desenvolvimento Ÿ Orçamento anual, plano plurianual e diretrizes orçamentárias; Ÿ Operações de crédito RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 2020 Ÿ Concessão de subvenções e auxílios Ÿ Criação de cargos públicos e xação dos seus vencimentos. Ÿ Plano Diretor Ÿ Denição do perímetro urbano (área urbanizada da cidade) Ÿ Regras de zoneamento, uso e ocupação do solo Ÿ Suplementação da legislação federal ou estadual, no que couber Ÿ e outros assuntos. Ÿ Transferência temporária ou denitiva da sede do Município Embora legislar seja uma atribuição preponderante do Poder Legislativo, o processo legislativo conta com a participação do Poder Executivo, em observância ao princípio da separação e harmonia entre os poderes. Dessa forma, os projetos aprovados no Legislativo, para se tornarem leis, devem ter a concordância (sanção) do Chefe do Poder Executivo. São os casos, por exemplo, dos assuntos da lista acima. Em outras matérias, a CâmaraMunicipal possui competência para decidir de forma exclusiva, sem submeter a matéria à sanção do Prefeito, como por exemplo nas matérias relativas à: Ÿ Fixação da remuneração do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos vereadores (CF, arts. 29 e 29-A) Ÿ Transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções da Câmara (CF, art. 48, X) Ÿ Julgamento das contas anuais do Município (CF, art. 31) Ÿ Sustação dos atos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (CF, art. 49, V) Ÿ Alterações na Lei Orgânica Municipal (CF, Art. 29) Ÿ Organização interna do Legislativo (CF, art. 51, IV) Tipos de leis que o vereador pode criar O Art. 59 da Constituição nos diz que: A função de legislar se materializa com a produção de leis municipais (ordinárias e complementares), decretos legislativos, resoluções, emendas à Constituição (Lei Orgânica), e outras proposições legislativas, medidas provisórias, etc, todas aprovadas após ampla discussão e votação na Câmara Municipal. II - leis complementares; Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: III - leis ordinárias; I - emendas à Constituição; IV - leis delegadas; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. V - medidas provisórias; RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL 21 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL Vamos conhecer um pouco sobre cada uma dessas espécies normativas? Emenda à Constituição (ou Emendas à Lei Orgânica) Espécie legislativa usada para alterar a Constituição ou, no caso dos Municípios, a Lei Orgânica Municipal. A Constituição Federal, assim como a Lei Orgânica, são modicadas e promulgadas exclusivamente pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assembleia Legislativa e Câmara Municipal), necessitando de um quórum muito qualicado para aprovar a proposta de emenda. Os chefes do executivo podem apresentar uma PEC ou Proposta de Emenda à Lei Orgânica, mas cabe somente à Casa Legislativa a decisão de aprová-la ou não, sem necessidade de submeter a matéria à sanção do Executivo, como acontece com os projetos de lei. Lei Complementar: é o tipo de norma utilizada para complementar e explicar algum assunto especíco trazido pela Constituição ou pela Lei Orgânica. Dessa forma, só é possível elaborar uma Lei Complementar quando a Constituição expressamente determina que tal matéria será tratada por Lei Complementar. Para a aprovação dessa espécie normativa é necessário o voto da Maioria Absoluta dos parlamentares, que corresponde ao primeiro número inteiro acima da metade dos membros da Casa e, posteriormente, a sanção do Prefeito, para que possa ser por ele promulgada. Lei Ordinária: é a lei comum, que aborda assuntos de diversas áreas e, no município, a lei ordinária regula quase todas as matérias de competência do Município, com exceção dos assuntos destinados à Lei Complementar, à Resolução e Decreto Legislativo. Esse tipo de lei é aprovada por Maioria Simples ou Relativa, segundo a qual basta o voto favorável da maioria dos vereadores presentes na sessão (desde que presente a maioria absoluta da Casa). E assim como a Lei Complementar, faz-se necessária a sanção (concordância) do Prefeito aos projetos de lei ordinária. Esse tipo de lei pode ser proposto pelos vereadores, prefeito e pelos cidadãos do Município, nesse último caso, por meio da Iniciativa Popular. Lei Delegada: é um tipo de norma que o Prefeito pode fazer mas, para ser elaborada, necessita da autorização da Câmara Municipal. A Lei delegada está prevista no Artigo 68 da Constituição Federal, e pode ser editada apenas nos casos permitidos pela Constituição e Lei Orgânica. Esse tipo de norma não pode tratar de atos de competência exclusiva do Legislativo, de matéria de lei complementar, de orçamentos, entre outros assuntos. Na prática, as leis delegadas não são utilizadas no Brasil, pois quando o chefe do executivo precisa elaborar uma lei com urgência, ele utiliza a Medida Provisória, espécie normativa que também pode ser adotada pelos Municípios, desde que prevista na Lei Orgânica. Medida Provisória: é um tipo de norma editada exclusivamente pelo Poder Executivo (Presidente da República, Governador e Prefeito). Sabemos que a função de criar leis é do Poder Legislativo, certo? Mas tem exceção: a nossa Constituição Federal garantiu ao Presidente da República a criação de Medida Provisória, que, se 2222 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL Indicação: tipo de proposição usada pelo vereador para sugerir ao Poder Executivo a adoção de uma providência ou a realização de um ato administrativo ou de gestão. estiver prevista na Lei Orgânica do Município, pode ser editada também pelo Prefeito. A Constituição, no artigo 62, diz que em caso de relevância e urgência, o Chefe do Executivo pode fazer uso de Medida Provisória, um ato normativo com “força de lei” e que passa a surtir efeitos assim que é editada e publicada. Mas após a publicação, a MP deve ser submetida imediatamente à Casa Legislativa, que deverá se reunir e deliberar sobre a medida. Segundo a Constituição, a Medida Provisória entra em vigor por 60 dias, assim que a MP é editada pelo Chefe do Executivo, podendo ser prorrogado por mais sessenta dias e, nesse período, o Legislativo pode converter a Medida Provisória em lei. Se o Poder Legislativo não o zer, após esse prazo ela perde a ecácia e é arquivada. Resolução: assim como os Decretos Legislativos, as Resoluções também servem para tratar de matérias de competência exclusiva da Câmara de Vereadores. A diferença é que a resolução possui efeitos internos, já que são atos administrativos que regulamentam apenas atividades da Casa Legislativa. Decreto Legislativo: é um ato normativo usado para tratar apenas das matérias de competência exclusiva da Câmara Municipal, quando possuem efeitos externos ao Legislativo (quando atinge o Prefeito, por exemplo). O Decreto Legislativo serve, também, para regulamentar as relações jurídicas decorrentes do período de ecácia das Medidas Provisórias, e para tratar do julgamento das contas do Prefeito. O quórum de aprovação de um decreto legislativo é o de maioria simples, e o seu procedimento de aprovação é o mesmo de uma lei ordinária. O que diferencia é a promulgação que, no caso do decreto legislativo, é feita pelo presidente da Câmara Municipal, e a lei ordinária é promulgada pelo Prefeito. Outra diferença, é que o projeto de decreto legislativo não é submetido à sanção do Prefeito, enquanto que a lei, sim. A relação das matérias reguladas por decreto legislativo você encontra na Lei Orgânica Municipal e no Regimento Interno da Casa. Requerimento: é um tipo de proposição por meio do qual o vereador formaliza pedidos, verbais ou escritos, para ser decidido pelo Presidente da Câmara Municipal, pela Comissão ou Plenário. Exemplo: requerimento para convocar os secretários municipais para prestar informações na Câmara. Moção: a Moção é uma espécie de requerimento que costuma ser usada pelo parlamentar para solicitar que a Casa Legislativa se manifeste sobre algo que aconteceu na cidade ou no estado, ou até no país. Dessa forma, a Moção é adotada para o Legislativo, por exemplo, apoiar alguma ação, mostrar-se solidário a alguma pessoa, aplaudir ou repudiar algum ato do Poder Público, protestar contra algo, emitir um pesar de falecimento, enviar congratulações a alguém, entre outros. A Moção expressa o sentimento ou a vontade da Casa Legislativa, e não do parlamentar individualmente. Portanto, ela precisa ser aprovada pelo Plenário. 23 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL O uso de indicações é uma das principais formas de o vereador contribuir com o desenvolvimento da cidade. A Indicação pode ser usada, também, para sugerir ao Prefeito o envio de projeto de lei à Câmara, sobre matéria de sua iniciativa exclusiva. Lei Orgânica do Município A Lei Orgânica é a mais importante lei do município, porquefunciona como se fosse uma Constituição Municipal (apesar de não ser exatamente uma Constituição). Trata-se de um conjunto de normas que organizam e regem o Município (por isso, “orgânica”), determinando a composição e organização dos poderes e órgãos locais, as políticas públicas municipais, as diretrizes orçamentárias, os direitos e deveres dos vereadores e prefeitos, entre outros assuntos importantes para a cidade. Portanto, conhecer a Lei Orgânica é fundamental para todo vereador, assessor parlamentar, servidor do Legislativo municipal, e até mesmo para os cidadãos. Como a Lei Orgânica é a “lei máxima” do Município (e do Distrito Federal), nenhuma outra norma produzida pela Câmara Municipal pode contrariá-la. A competência para modicar essa norma é exclusiva dos vereadores, conforme determinação constitucional. Cada município possui autonomia para denir a sua Lei Orgânica Municipal, mas existem algumas regras e dispositivos na Constituição Federal que devem estar presentes em todas elas. É o caso, por exemplo, do tempo de mandato para vereadores, número limite de vereadores no município, limite de gastos com os subsídios (remuneração) dos vereadores, regras gerais do processo legislativo, entre outros assuntos, que devem ser reproduzidos pela esfera municipal, em obediência ao Princípio da Simetria, sobre o qual já comentamos anteriormente. CF, Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: (...) XI - organização das funções legislativas e scalizadoras da Câmara Municipal; (...) 2424 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL Regimento Interno da Câmara Municipal Enquanto a Constituição Federal e Estadual determinam as regras e princípios gerais do Processo Legislativo, o Regimento Interno se encarrega de detalhar os procedimentos e rotinas legislativas (como a atuação das comissões, a tramitação de projetos de lei e demais proposições legislativas, as modalidades de votação, e todas as outras regras do Processo Legislativo). O Regimento Interno é uma Resolução e, portanto, compete exclusivamente ao Legislativo criá-lo ou alterá-lo e, como toda resolução, sua aprovação não dependerá de sanção do Prefeito, apenas da aprovação do Plenário. As normas regimentais não possuem efeitos externos para os munícipes, nem para o Poder Executivo, tendo validade, apenas, no âmbito do Legislativo. Conhecer o Regimento é fundamental para o bom andamento dos trabalhos da Casa, além do que, por ser uma norma com “força de lei”, seu cumprimento é obrigatório por todos os vereadores e demais integrantes do Legislativo. Importante citar, também, que é dever da Câmara Municipal manter seu Regimento atualizado, já que a Constituição recebeu inúmeras emendas nos últimos anos que causaram reexos nos Regimentos das Casas Legislativas (e nas Leis Orgânicas). É a norma interna que organiza e disciplina todos os trabalhos legislativos da Câmara. O Regimento dene, por exemplo, as normas de conduta dos vereadores, as regras para a eleição dos membros da Mesa Diretora, a duração do mandato da Mesa e as atribuições de cada um dos seus membros; a possibilidade ou não de reeleição, e outros assuntos que digam respeito ao funcionamento da Câmara Municipal. VEREADOR: FISCAL DO DINHEIRO PÚBLICO Ainda que a função de legislar seja vista como a principal função do vereador, a scalização do Poder Executivo Municipal (representado pela gura do prefeito) é um dos papéis mais fundamentais desempenhados pela Câmara. Trata-se de uma função-dever, já que deriva da própria Constituição Federal, e diz respeito ao controle das ações do Executivo. O objetivo da scalização é coibir fraudes, superfaturamentos nas obras e favorecimentos particulares em detrimento do interesse público. Além disso, contribui, também, para evitar erros e atrasos no oferecimento de serviços públicos. 25 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL Mas, na prática, o que o vereador deve fiscalizar? Obras públicas em andamento (estradas, creches, pontes, manutenções das praças, prédios públicos, etc) Fornecimento de merenda escolar Licitações e contratos feitos pela Prefeitura (compra de materiais e equipamentos, contratação de serviços, e outras aquisições) Prestação dos serviços públicos na rede de ensino municipal, nos postos de saúde, na assistência social, e nos demais órgãos, públicos, para certicar a qualidade dos serviços oferecidos. Valores gastos em cada ação e projeto, para vericar se estão de acordo com o previsto no orçamento público. Enm, tudo o que envolva a aplicação de recursos públicos. O artigo 70 da Constituição Federal trata da função scalizatória do Poder Legislativo Federal, mas também se aplica aos vereadores. O Artigo 31, por sua vez, fala especicamente da Fiscalização exercida pela Câmara Municipal. O vereador deve garantir à população local que os recursos dos impostos retornem para os cidadãos em forma de serviços públicos de qualidade e, consequentemente, em bem estar social. Mas para isso, deve estar comprometido de verdade com o povo, com a correta aplicação do nosso dinheiro pela Prefeitura e, principalmente, em honrar com suas obrigações constitucionais. 2626 Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (...) CF, Art. 70. A scalização contábil, nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. xxxxxx CF, Art. 31. A scalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo municipal, na forma da lei. RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL Como o vereador pode fiscalizar e acompanhar a gestão municipal? Para exercer a função scalizatória com eciência, é fundamental conhecer todos os mecanismos de scalização que o vereador tem à disposição. Com a leitura dos artigos citados acima, podemos perceber que essa atribuição exercida pela Câmara Municipal é bem abrangente, pois trata-se de controlar toda a Administração Pública local, no que diz respeito às questões contábeis, nanceiras, orçamentárias e patrimonial desempenhadas pelo Prefeito e seus subordinados, para garantir o respeito à lei e ao bom uso do dinheiro público. Na prática, os vereadores podem fazer esse acompanhamento por diversos meios ou instrumentos: Ÿ Visitas presenciais a órgãos públicos (secretarias, escolas, empresas públicas, creches, etc); Ÿ Criação de Comissões Especiais (Parlamentares) de Inquérito, as CEIs ou CPIs, quando receber alguma denúncia, ou em caso de suspeitas de irregularidades na gestão municipal; Ÿ Sustação dos decretos do Prefeito, que extrapolam a sua função regulamentar. Ÿ Convocação de autoridades e pessoas ligadas ao Prefeito, para comparecerem pessoalmente à Câmara ou às suas Comissões, para dar explicações sobre assuntos da sua responsabilidade; Ÿ Pedidos escritos de Informação aos responsáveis pelos órgãos do Poder Executivo, fazendo questionamentos, que devem ser respondidos em até 30 dias; 27 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL Seguem alguns artigos que tratam desses instrumentos constitucionais de fiscalização. § 2º O parecerprévio, emitido pelo órgão competente, sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal. § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. CF, Art. 31. A scalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo municipal, na forma da lei. § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informação a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados ou a qualquer de suas comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério. CF, Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando em crime de responsabilidade a ausência sem justicação adequada. 2828 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministér io Públ ico, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. CF, art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...) V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (...); (...) XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; Todas as funções de scalização e controle conferidas ao Legislativo devem ser exercidas com o devido respeito ao princípio da independência e harmonia entre os poderes. Os vereadores devem atuar com bom senso, de forma comedida, com base nas regras dispostas na Lei Orgânica do Município e no Regimento Interno da Câmara, pois qualquer exagero e uso desproporcional nos instrumentos de scalização, o Prefeito e seus secretários podem se recusar a atender o pedido, por congurar interferência indevida de um Poder sobre outro. Importante: 29 A participação do vereador no Orçamento da cidade O Orçamento Público é elaborado pelo Poder Executivo, e no Município, portanto, é o Prefeito que tem a iniciativa da apresentação das leis orçamentárias. Podemos dizer, então, que orçamento é a materialização do plano de governo do Prefeito eleito, onde ele denirá como as receitas (dinheiro arrecadado com tributos e outras fontes) deverão ser gastas (despesas) nas ações governamentais. Mas todas as propostas apresentadas pelo Prefeito precisam passar pela Câmara Municipal para terem a sua execução “autorizada” pelos vereadores. Durante esse processo, os membros do Legislativo podem sugerir melhorias, por meio de emendas, adequando o plano orçamentário às necessidades da população local. Uma das grandes responsabilidades do vereador (se não a maior) é discutir e aprovar o orçamento público municipal, que chega na Câmara Municipal por meio de projetos de lei. São muitos os problemas da cidade, e os recursos nanceiros, muitas vezes, são limitados (às vezes escassos!). Portanto, é preciso estabelecer as prioridades, e é exatamente o que faz as leis orçamentárias: denir quais as principais e mais urgentes demandas da sociedade serão atendidas a cada ano. O orçamento público envolve a elaboração e execução de três diferentes leis (também conhecidas como “peças orçamentárias”): o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Todas essas leis são programas que, juntos, formam o planejamento das ações da Prefeitura para a cidade. Vamos conhecer um pouco sobre cada uma delas? RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL PPA: é o planejamento de longo prazo, que estipula as metas do governo para quatro anos. Elas são organizadas em diversos eixos temáticos, deixando claro qual caminho o governo seguirá para viabilizar as melhorias em cada área. LDO: enquanto o PPA dene as metas do governo para 4 anos, a LDO “divide” essas metas em planos anuais. A LDO serve como orientação para a LOA, pois aponta quais prioridades nortearão o orçamento no ano seguinte. LOA: após a denição de todas as metas na LDO, resta estabelecer como o orçamento será gasto, para que elas sejam alcançadas. A LOA é o Orçamento propriamente dito e, portanto, nela são estimadas as receitas e xadas as despesas que o Município pretende realizar no próximo ano, detalhando todos os projetos, obras, ações e serviços que a Prefeitura deverá executar na cidade. A LOA deve ser aprovada no nal de cada ano, para ser cumprida no ano seguinte. 3030 Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) A CPI é um tipo de comissão temporária do Legislativo, com algumas características bem especiais. Elas possuem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, e seu objetivo é apurar irregularidade, ilegalidade ou situações que possam estar causando prejuízos à população em decorrência da má gestão e descaso com o dinheiro público. Mas as CPIs devem atuar durante um prazo certo, estabelecido pela lei, e para investigar um fato determinado. RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL Em âmbito municipal, as Comissões Parlamentares (ou Especiais) de Inquérito também possuem amplo poder de investigação, e mediante requerimento de um terço dos vereadores, a Câmara Municipal pode criar essas CPIs (ou CEIs), tendo em vista que a Constituição Federal atribui essa função ao Poder Legislativo, conforme o Artigo 58, §3º, citado acima. A Comissão atua na apuração de irregularidades na administração pública local, seja no próprio Legislativo ou nos órgãos do Poder Executivo (Prefeitura, Secretarias Municipais, empresas públicas e autarquias). (...) § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministér io Públ ico, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. CF, Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. O que o vereador pode fazer durante a CPI? Realizar inspeções Ouvir os Indiciados Solicitar cópias de documentos dos órgãos municipais Tomar depoimento de autoridades Interrogar testemunhas Solicitar informações sigilosas e levantamentos contábeis Outras ações previstas na lei 31 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVOMUNICIPAL Atenção: Algumas ações só podem ser feitas com autorização do Poder Judiciário, como por exemplo, a quebra de sigilo telefônico ou ordem de buscas domiciliares. Se a irregularidade cometida pelo investigado for conrmada pela comissão, suas conclusões serão encaminhadas para as autoridades competentes (Ministério Público, se for o caso), por meio de um relatório nal, para que se promova a responsabilização civil e criminal do infrator, já que a CPI apenas investiga, mas não tem o poder de julgar ou aplicar punições. O vereador também julga! Mais detalhes sobre esse processo político de julgamento, você pode ler o Decreto - Lei nº 201, de 1967, que “Dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores, e dá outras providências”. Anualmente, o Prefeito deve apresentar todo o dinheiro que foi arrecadado (as receitas do Município) e prestar contas de todos os gastos realizados. Após o parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado, que é apenas opinativo, os vereadores analisam as contas da Prefeitura e fazem o julgamento denitivo, decidindo se o Prefeito teve ou não uma atuação adequada na aplicação do dinheiro público. É isso mesmo: os vereadores também exercem uma função judiciária, parecida com a do Juiz de Direito, mas, claro, trata-se de um julgamento político, pois a Câmara Municipal processa e julga o Prefeito, o Vice-Prefeito e os próprios vereadores, quando cometem alguma infração político-administrativa. A Câmara Municipal pode puni-los, inclusive, com a cassação do mandato. A função de representação A palavra vereador deriva do grego antigo “verea”, que signica vereda, caminho, ou seja, o vereador deve atuar como um mediador, mostrando os caminhos para a resolução dos problemas. Representar é, portanto, construir pontes entre o povo e o poder público, entre o Município e outros entes federativos, buscando alternativas para os problemas públicos perante as autoridades e parlamentares, sejam estaduais ou federais. Ao criar leis de qualidade e cumprir com eciência a sua função scalizadora, o vereador está atuando como representante político. Mas a função representativa é exercida no seu máximo potencial quando o parlamentar mantém uma boa relação e interação constante com a comunidade, pautando todas as suas ações conforme as demandas reais dos cidadãos. 3232 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL O vereador pode contribuir, por exemplo, na busca de emendas nos Orçamentos da União e do seu Estado para trazer mais investimentos públicos para o Município. Pode, também, articular junto aos ministérios e secretarias estaduais a inclusão do município em programas sociais, ou até mesmo propor indicações ao Poder Executivo, para adoção de medidas importantes para a cidade, e que não seja da competência do vereador. A relação Vereador x Prefeito Muito embora os Poderes sejam independentes entre si, há momentos em que eles precisam atuar de forma conjunta, ainda que cada um tenha as suas próprias responsabilidades. Em diversas situações, Executivo e Legislativo precisam se articular, atuar de forma harmônica, para que todo o sistema funcione de forma equilibrada, conforme preconiza o Sistema de Freios e Contrapesos. Como vimos, no município não há “Poder Judiciário”, então, a relação entre os poderes ca limitada a Legislativo x Executivo. Vamos relembrar algumas situações em que há uma co-participação entre Câmara Municipal e Prefeito: Impeachment do prefeito: assim como o Presidente da República, o prefeito também pode sofrer Impeachment e, neste caso, todo o processo acontece na Câmara Municipal. Controle externo: como já vimos, cabe ao vereador scalizar o Poder Executivo, acompanhando todas as ações dos gestores municipais e controlando os gastos feitos pelo Prefeito, para garantir que os interesses da cidade estejam sendo atendidos, e os recursos bem utilizados. Orçamento público: como vimos, as peças orçamentárias (PPA, LDO e LOA) são elaboradas pelo Executivo e aprovadas pelo Poder Legislativo. Esse relacionamento entre os poderes na elaboração do orçamento garante um equilíbrio, fazendo com que as decisões sobre “como” usar o dinheiro do município sejam acordadas entre o prefeito e vereadores. Processo Legislativo: Ainda que legislar seja atribuição dos vereadores, o prefeito também tem o seu papel no processo legislativo, pois quando um projeto de lei é votado e aprovado na Câmara Municipal, em seguida ele é encaminhado para o Prefeito, que pode sancionar (aprovar, validar) ou vetar (considerar o projeto - inteiro ou uma parte dele - inconstitucional ou contrário ao interesse público. Mas após o veto, o projeto ainda retorna para a análise do Poder Legislativo, que pode derrubar o veto ou mantê-lo. Da mesma forma, se o Prefeito decide construir novas obras ou realizar outra ação de sua iniciativa exclusiva, o projeto sempre deve ser enviado ao Legislativo municipal, que vai analisar os pontos positivos e negativos, propor alterações no projeto original, se entender necessário, e decidir se aprova ou rejeita. Somente com a aprovação dos vereadores, o Prefeito poderá implementar as políticas públicas. Essa dinâmica no processo legislativo demonstra o quão intensa é a relação entre legislativo e executivo. 33 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL O número de cadeiras nas Câmaras Municipais varia conforme a população do Município. Quanto maior o município, mais vereadores o legislativo pode ter, até um limite estabelecido pela Constituição. Os municípios pequenos, com menos de 15 mil habitantes, podem ter, no máximo, 09 vereadores na sua Câmara. Já as grandes cidades com mais de 8 milhões de habitantes podem ter até 55 representantes no Legislativo. Essas faixas populacionais com os respectivos quantitativos de vereadores estão no artigo 29, IV da Constituição Federal. Por isso é fundamental a Câmara não agir com submissão às vontades do Prefeito, mas se colocar como um poder independente e dona das suas decisões. Por outro lado, as ideologias e vontades partidárias, quando colocadas acima do interesse público, podem atrapalhar a harmonia entre os poderes e o andamento das políticas públicas e prejudica a população. Com esses poucos exemplos, já podemos perceber o inter-relacionamento entre os dois poderes locais, e a importância da Câmara Municipal para a política municipal e as tomadas de decisão. Mas uma relação saudável e respeitosa entre Prefeitura e Câmara Municipal de Vereadores é fundamental para o desenvolvimento da cidade. Número de vereadores nas Câmaras Municipais CF, Art. 29, IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de: a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze mil) habitantes; x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; Quanto ganha um vereador? Para exercer o cargo, os vereadores recebem subsídios (termo usado para se referir ao salário ou remuneração mensal dos agentes políticos), e os valores possuem alguns limites (tetos). Para denir a remuneração dos vereadores, são considerados alguns fatores, que levam em conta as regras da Constituição Federal, a Lei Orgânica do Município, a receita do município e o número de habitantes. Os Artigos 29 e 29-A da Constituição trazem as bases das nanças municipais, apontando, inclusive, os limites de gastos de pessoal da Câmara Municipal e de pagamento dos subsídios dos vereadores. 3434 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL Em primeiro lugar, a Constituição Federal, no seu artigo 29, fala que a Câmara Municipal possui a competência exclusiva para xar o subsídio dos vereadores, de uma Legislatura para outra, e determina que o subsídio deve variar entre 20% e 75% da remuneração paga aos deputados estaduais, a depender do tamanho do município. Atualmente, um deputado estadual recebeR$ 25.322,25. b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; Art. 29. (...) VI - o subsídio dos Vereadores será xado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; Vejamos como funcionam as regras! 35 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL A Constituição também determina que a soma das despesas com a remuneração dos vereadores não pode resultar em um valor superior a 5% da receita do município. CF, Art. 29, VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do Município; E a terceira regra diz respeito à folha de pagamentos da Câmara de Vereadores, que trata da remuneração dos seus funcionários, incluídos os subsídios dos vereadores, segundo a qual, a folha não pode ser superior a 70% da sua receita. § 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. CF, Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e das transferências previstas no § 5º do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício anterior: Conhecendo essas regras, podemos perceber que o subsídio do vereador varia bastante, a depender de qual município ele faz parte. Além disso, os vereadores podem receber verbas indenizatórias, que são reembolsos por alguns gastos feitos no exercício da função, como por exemplo, diárias para pagamento de despesas com transporte e alimentação em viagens institucionais, cursos relacionados à vereança, entre outros. Mas atenção: a diária não deve ser vista como um complemento de renda e, portanto, deve ser solicitada apenas eventualmente, para indenização de despesas com hospedagem, transporte e alimentação, quando estritamente necessário e devidamente justicado. Cuidado com o excesso de diárias! É ilegal, imoral e pode levar à perda do mandato! E para nalizar, as mudanças no subsídio do Prefeito devem ser feitas por lei, já os subsídios dos vereadores, o meio adequado é a Resolução, já que trata-se de uma competência privativa do Poder Legislativo, e o inciso VI do Art. 29 da Constituição Federal não se refere à necessidade de lei para xar os subsídios dos vereadores. 3636 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL CF, Art. 29, V e VI VI - o subsídio dos Vereadores será xado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica (...) V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais xados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; Ÿ Imunidade material, que garante o direito à liberdade de expressão ao parlamentar, impedindo que ele possa sofrer represálias por parte do Poder Judiciário, em razão das suas opiniões, votos e manifestações políticas. Dessa forma, o vereador não pode ser responsabilizado na esfera civil e penal por eventuais ofensas contra a honra de outro parlamentar, por exemplo, durante os debates na Câmara. Além dos subsídios, que já vimos anteriormente, os vereadores possuem algumas prerrogativas, em virtude do mandato e devido às características da atividade parlamentar. Vamos conhecer algumas delas. Mas, atenção! Essa proteção só está garantida aos vereadores dentro do Município, e desde que as palavras manifestadas tenham relação com o exercício da função parlamentar ou do mandato. Mas tudo tem limite: o vereador não pode, nas suas manifestações, violar princípios e garantias constitucionais, tampouco cometer crime de ódio, apologias a crimes ou incitação à violência. Direitos dos Vereadores - Prerrogativas do parlamentar CF, Art. 29, VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município; 37 RENATA CUNHA :: E-BOOK :: AS ATRIBUIÇÕES DO LEGISLATIVO MUNICIPAL Ÿ Exercer outra função pública: os vereadores possuem o direito de exercer a sua função ou cargo público (quando já é servidor público), paralelamente à atividade parlamentar, desde que haja compatibilidade de horário entre ambas, para não prejudicar a sua função como vereador. Então, se o vereador é também, por exemplo, professor, motorista, enfermeiro, etc, não precisa se afastar do órgão onde atua para exercer a vereança e, nesse caso, terá direito a receber as duas remunerações. Mas, se tiver que se afastar do seu cargo público por incompatibilidades de horários, o vereador pode escolher qual das duas remunerações quer receber. Ÿ Licenças: assim como os demais servidores públicos, o vereador pode usufruir de algumas licenças, como por exemplo, licença para tratamento de saúde, para tratar de assuntos particulares, para exercer assumir secretaria municipal, fazer alguma viagem de interesses do município, etc.. Ÿ Renúncia: se não desejar mais exercer a função parlamentar, por qualquer motivo, o vereador tem o direito de pedir renúncia do cargo. Ÿ Prisão Especial: o vereador tem direito à prisão especial, até a decisão condenatória com trânsito em julgado (julgamento denitivo, quando não há mais possibilidade de recorrer). Se for condenado, após o processo, o vereador deve ser transferido para uma prisão comum. Código de Processo Penal - Decreto Lei nº 3.689/41 Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação denitiva: II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; 3838 Para nalizar... Nesse momento, você já deve ter percebido que ocupar uma cadeira na Câmara Municipal vem acompanhado de muitas responsabilidades, pois o vereador é encarregado de ouvir os anseios da população, dialogar com a prefeitura e construir, coletivamente, soluções para melhoria do seu município. Todos os problemas da cidade são problemas da Câmara Municipal, portanto, não há limites para a ação do vereador quando o assunto é lutar e defender o interesse local, desde que sua atuação esteja respaldada pela Constituição, Lei Orgânica, Regimento Interno e demais leis. Este breve material está longe de esgotar tudo o que você precisa saber para desempenhar um bom mandato e fazer a diferença na sua cidade, mas espero que você tenha conseguido ter uma ideia do que seja a vereança e, acima de tudo, espero ter despertado em você o desejo de buscar
Compartilhar