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Hilário Oliveira – T29 @hilarioof WUCHERERIA BANCROFTI – FILARIOSE INTRODUÇÃO: Filaria era previamente um gênero que englobava todos os nematelmintos de esôfago cilíndrico → hoje, filaria segue uma classe de espécies com esôfago cilíndrico, porém apresentando vários gêneros diferentes. FILARIOSE LINFÁTICA: A filariose linfática é causada por um nematelminto com características típicas, tais como sistema digestivo completo, pseudoceloma... A filariose linfática difere de elefantíase → a elefantíase é uma possível complicação decorrente da filariose linfática crônica, podendo ainda ocorrer por outros motivos que não sejam filariose linfática. WUCHERERIA BANCROFTI: É a filaria causadora de filariose/filaríase linfática. As microfilárias da classe wuchereria bancrofti são embanhadas, ou seja, tem uma bainha que as reveste → a bainha é formada pelo que previamente era a casca do ovo. OUTRAS CLASSES DE FILARIA: Onchocerca volvulus: Outra espécie de filaria que causa infecção ou parasitose no tecido subcutâneo, principalmente no couro cabeludo. Mansonella ozzardi: Tem muita semelhança com a espécie wuchereria bancrofti, porém é um tipo de filaria não patogênica, logo, é um parasita que se alimenta dos nutrientes do hospedeiro sem causar prejuízo ao hospedeiro (o consumo de nutrientes é mínimo), além de não haver resposta imunológica do hospedeiro para essa classe de filaria. Em métodos diagnósticos tais como a centrifugação, essa classe pode ser confundida com a wuchereria bancrofti, visto que as duas tem a mesma fisiologia, excerto que a wuchereria possui bainha, porém, no processo de centrifugação essa bainha é perdida, dificultando o diagnóstico. MORFOLOGIA - WUCHERERIA BANCROFTI: ADULTOS Os adultos são longos e delgados, tem a cutícula lisa (logo, seu único método de fixação é o enovelamento), sua boca tem um estilete bucal (sem lábios → ela também não serve para a fixação... auxilia, mas não é suficiente) e tem um esôfago longo e cilíndrico Fêmeas: são maiores e mais grossas; Machos: são menores e mais finos; Habitat: vasos linfáticos e linfonodos (onde machos e fêmeas ficam enovelados). Longevidade: vivem de 4 a 6 anos, porém há registros de filarias sobrevivendo de 17 a 40 anos. Maturidade sexual: após a infecção do indivíduo é só após cerca de 1 ano que ele terá microfilarias no seu sangue periférico (ou seja, 1 ano até a maturidade sexual). Antes de 1 ano só se encontram as filarias nos vasos linfáticos ou linfonodos. Obs. O alimento da wuchereria é a linfa que corre pelos vasos e caso não haja o enovelamento entre as filarias elas são levadas pela circulação linfática. OVOS Ficam na parte inicial do útero e ao chegarem na vagina eclodem (microfilarias saem da fêmea já fora do ovo). Não são encontrados ovos fora da microfilaria fêmea. Ao eclodir, a casca do ovo se torna a bainha. LARVA As microfilarias de primeiro estágio (L1) são chamadas → microfilarias embanhadas, tem movimentos chicoteantes e não direcionais, seu tamanho varia de 250 a 300mm. Algo que difere a wuchereria bancrofti das demais são seus núcleos caudais que não chegam até o fim da sua extremidade posterior. Hilário Oliveira – T29 @hilarioof PERIODICIDADE DAS MICROFILARIAS: Durante o dia as microfilarias estão no capilar pulmonar e durante a noite se encontram no sangue periférico → isso ocorre quando o macho e a fêmea se reproduzem e o ovo eclode dentro do corpo da fêmea → a fêmea migra dos vasos linfáticos para a circulação. Em casos de exame de sangue para diagnóstico de filariose linfática, o período a ser realizado é a noite, pois durante o dia as filarias encontram-se no pulmão. O fato dessa migração diária causa reações imunológicas no hospedeiro (semelhante a síndrome de loeffer, só que em maior escala), tal como uma pneumopatia eosinofílica (aumento exacerbado de eosinófilos), podendo levar a uma fibrose pulmonar. CICLO BIOLÓGICO: O mosquito (Culex sp.) pica o homem e ingere as larvas (a picada deve ser durante a noite, pois é quando as larvas estão em capilares periféricos) L1 (microfilarias embanhadas) → a larva L1 perde a bainha e perfura o estômago do mosquito → no mosquito (na hemolinfa), ele se localiza nos músculos torácicos do mosquito (em forma salsichoide) → 8-9 dias depois L1 vira L2 e migra para a hemolinfa do inseto → na hemolinfa, após 12-15 dias, L2 se transforma em L3 (forma infectante, medindo cerca de 2mm) → L3 migra até o lábio do mosquito → mosquito pica o homem → L3 penetra a pele do homem que contrai a larva L3 infectante → a larva L3 migra aos vasos linfáticos, onde sofre mais duas mudas e vira larva de 5º estágio (L5) em cerca de 1 a 3 meses → após 1 ano a larva L5 atinge a maturidade sexual no homem e após copular, vai a circulação sanguínea (vasos pulmonares ao dia e periféricos a noite) para a liberação de microfilárias. Obs → A vida do mosquito que é hospedeiro intermediário dura cerca de 2-3 semanas, logo, para que o mosquito tenha a larva infectante L3 ele deve ser jovem, isso porque caso seja velho, não irá sobreviver o bastante para que a larva se torne L3 e vá aos seus lábios. Essa característica explica a pequena porcentagem de mosquitos que tem larvas infectantes nas larvas endêmicas. Algo que pode favorecer a infecção é a quantidade de tempo (e consequentemente de picadas) que o indivíduo passa na área endêmica. RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO: O parasitismo vai depender da frequência das picadas; Pode ocorrer o parasitismo sem microfilárias (em casos de conter apenas machos ou apenas fêmeas → ou até conter os dois sexos, porém não ocorrendo o acasalamento – como em casos de todos os machos estarem em um local do corpo e todas as fêmeas em outro local); FORMAS EXTREMAS: Hiperreatividade imunológica → o indivíduo tem muitos sintomas, respondendo a maioria (se não todos) os antígenos das microfilárias. Hiporreatividade imunológica → o individuo não tem resposta imunológica contra a filaria (assintomático), mas é infectante aos outros. Oligosintomáticos → estão entre as duas fases. PNEUMOPATIA EOSINOFÍLICA TROPICAL: Uma das formas em que há mais resposta imunológica → nesta as microfilarias são destruídas no pulmão; Ocorre em menos de 1% dos casos. Ocorre hiper-reatividade a todos os antígenos filarianos e, principalmente microfilarianos. Ocorre um aumento nos anticorpos IgE e eosinófilos. Ocorre infiltração pulmonar de histiócitos com broncopneumonia e abcessos eosinofílicos. Não há microfilaremia. Na sua forma crônica leva a fibrose pulmonar. O tratamento é feito a partir de dietilcarbamazina. (sua ação maior é nas microfilarias). Hilário Oliveira – T29 @hilarioof PATOLOGIA: Casos assintomáticos → pacientes com número elevado de vermes instalados nos linfonodos ou vasos linfáticos e completamente assintomáticos. Obs. Em casos de resposta imunológica nos vasos linfáticos tem-se a formação de granuloma, dificultando a passagem da linfa → extravasamento de linfa → edema linfático/elefantíase em forma crônica (mais de 5 anos). Processos inflamatórios → são desencadeados pela morte do verme → quando causados em linfonodos, levam a Adenite (inflamação do linfonodo): linfonodos mais atingidos são inguinais, axilares, epitrocleares e raramente cervicais. Linfonodos hipertrofiados tornam-se dolorosos. Em torno das filarias desenvolvem-segranulomas (eosinófilos e histócistos) que envolvem os vermes calcificando-os. Linfangite: inflamação e dilatação do vaso linfático que formam varizes. (acompanham adenites). Lesões genitais: funiculite filariana é uma linfangite no cordão espermático acompanhada de inflamação do tecido conjuntivo → pode evoluir a inflamação do epidídimo ou do testículo (epididimite e orquite) → irá haver extravasamento de líquido causando hidrocele (na bolsa escrotal) → é a mais frequente manifestação de filariose genital, caracterizada por distensão e espessamento da túnica vaginal e desorganização da camada muscular. (pode evoluir a uma elefantíase em bolsa escrotal). PROCESSOS OBSTRUTIVOS – LINFOEDEMA: Interior dos linfonodos → Filarias formam as vezes novelos que envolvidos pela reação inflamatória formam o granuloma, além de fibrose (TC fibroso) que pode causar obstrução da circulação linfática. Quando a dificuldade circulatória é maior pode acumular linfa nos tecidos formando o edema linfático ou linfoedema. ELEFANTÍASE: Filarias tem preferência de se localizarem em regiões abdominais e pélvicas, por isso a elefantíase é mais evidente nos membros inferiores ou órgãos genitais. O tratamento em estágios avançados de elefantíase é paliativo → a fim de evitar infecções bacterianas. A patologia da elefantíase consiste na hipertrofia e fibrose da derme e tela subcutânea, relacionadas ao alto teor de proteínas do linfoedema. SINTOMATOLOGIA: Período pré-patente (até 1 ano) → nesse período não se tem microfilarias L1, nesse caso, o indivíduo é assintomático ou possui algumas manifestações alérgicas; linfangites ocorrem raramente. Período patente assintomático: microfilaremia sem sintomas (tem filarias no sangue). Forma aguda → linfangites e linfadenites, funiculites, epididimites e orquites. Sinais flogísticos, febre, calafrios, cefaleia, mialgia, anorexia e náuseas. Obs. a febre filarial dura cerca de 3 a 4 dias. Hilário Oliveira – T29 @hilarioof Forma crônica → ocorre em 2 a 5% dos casos; alguns autores trazem que pode ser causada em 1 a 20% dos casos. Causa fenômenos obstrutivos e reações inflamatórias nos pontos de estrangulamentos da circulação linfática. Microfilaremia escassa ou ausente. Hidrocele é a forma crônica mais presente no brasil, além de elefantíase, edema linfático (ascite linfática ou quilosa, quiluria, linfocele etc.). 95% dos casos envolvem escroto e/ou um ou ambos os membros inferiores. Paquidermia: perna, escroto, baço, pênis, vulva e mama. DIAGNÓSTICO: Deve ser verificado o quadro clínico do paciente e a epidemiologia. Biópsia do linfonodo é importante no período pré-patente. Análise do sangue para verificar a presença de filaria → Pesquisa em gota espessa. Ultrassonografia para ver o movimento dos vermes adultos. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Outras causas de elefantíase, como as malformações congênitas, episódios repetidos de erisipela, destruição ou remoção de linfáticos, micoses, donovanose, hanseníase, tuberculose, entre outras. TRATAMENTO: 1- Ivermectina → tem uma ação microfilaricida; Dosagem: 100-400mg/Kg (dose única anual). 2- Dietilcarbamazina (DEC) → tem ação microfilaricida e pequena ação filaricida; Dosagem: 2mg/Kg de 8/8h durante 12 dias. EPIDEMIOLOGIA: 90,2 milhões de casos no mundo de filariose, sendo 81,6 causada pela W. bancrofti. 1 milhão de casos só nas américas. No brasil, a filariose permanece de forma endêmica em apenas 3 estados → Belém, Manaus e Recife. Recife é a única área que não está em baixa, sendo a cidade com o maior número de casos do país (prevalência de 2-15%). Focos isolados → Ceará, alagoas e rio grande do sul. Fontes de infecção → 0,5% da população das áreas endêmicas → pacientes com parasitemia (assintomáticos). Transmissores → Culex quinquefasciatus e Anopheles gambiae. Condições de transmissão → fontes de infeção e transmissores abundantes (0,1-10% com larvas apenas 0,02-1% com larvas infectantes). PREVENÇÃO E CONTROLE: Tratar os infectados, a fim de eliminar a microfilaria do sangue, interrompendo a transmissão. A OMS recomenda o tratamento em massa para populações de risco, através da administração de uma dose anual de ivermectina ou dietilcarbamazina em áreas de alta prevalência. Tratamento de doentes. Promoção, através de educação comunitária, de técnicas simples de higiene para pacientes que apresentam linfoendema, evitando infecções bacterianas e o desenvolvimento de formas mais graves da moléstia. Combate ao inseto transmissor.
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