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Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Portugués Volume 3 Profetas Posteriores Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Portugués Volume 3 Profetas Posteriores Prof. Dr. Edson de Faria Francisco Linguista e professor da área de Bíblia da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), com pós-doutorado em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas pela Universidade de São Paulo (USP) Sociedade Bíblica do Brasil Barueri, SP Semeando a PALAVRA que transforma VIDAS Francisco, Edson de Faria Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Portugués - Volume 3 - Profetas Posteriores/ Edson de Faria Francisco. Barueri, SP : Sociedade Bíblica do Brasil, 2017. 784 pp ISBN 9 7 8 - 8 5 1 ־311-1626־ Texto hebraico: Biblia Hebraica Stuttgartensia, © 1967/77 Deutsche Bibelgesellschaft, Stuttgart Textos em português: tradução literal © 2012 Sociedade Bíblica do Brasil; Nova Tradução na Linguagem de Hoje © 2000 Sociedade Bíblica do Brasil;Tradução de Almeida, Revista e Atualizada, 2 ed. © 1959,1993 Sociedade Bíblica do Brasil 1. Antigo Testamento. 2. Profetas. 3. Profetas Hebraico. 4. Almeida Revista e Atualizada. 5. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. 6. Edição Interlinear I. Sociedade Bíblica do Brasil CCD 225.8969 Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Portugués - Volume 3 - Profetas Posteriores © 2017 Sociedade Bíblica do Brasil Av. Ceei, 706 - Tamboré - Barueri, SP - CEP 06460-120 Cx. Postal 330 - CEP 06453-970 www.sbb.org.br - 0800-727-8888 Todos os direitos reservados Texto bíblico hebraico Biblia Hebraica Stuttgartensia © 1967/77 Deutsche Bibelgesellschaft, Stuttgart Texto usado com permissão Tradução em português Tradução literal do texto bíblico hebraico e capítulo "Dificuldades Textuais" Edson de Faria Francisco Revisão da tradução literal do texto bíblico hebraico Antônio Renato Gusso © 2017 Sociedade Bíblica do Brasil (direitos cedidos) Tradução de Almeida, Revista e Atualizada, 2 ed. © 1959,1993 Sociedade Bíblica do Brasil Nova Tradução na Linguagem de Hoje © 2000 Sociedade Bíblica do Brasil Projeto gráfico, edição e diagramação Sociedade Bíblica do Brasil EA983HPI3 - Impresso no Brasil - 1.300 - SBB - 2019 http://www.sbb.org.br Indice Dificuldades Textuais................................................................................ Vil Isaías............................................................................................................ 2 Jeremias................................................................................................... 174 Ezequiel....................................................................................................376 Os Doze Oseias...................................................................................................552 Joel.......................................................................................................576 Amos....................................................................................................586 Obadias................................................................................................606 Jonas....................................................................................................610 Miqueias...............................................................................................618 Naum....................................................................................................632 Habacuque...........................................................................................638 Sofonias................................................................................................646 Ageu............................................... 654 Zacarias................................................................................................660 Malaquias............................................................................................ 690 Dificuldades Textuais Neste capítulo são apresentadas e comentadas, de maneira sucinta, diversas situações relacionadas com determinadas dificuldades textuais encontradas durante a produção do Antigo Testamento Interlinear Hebraico- -Português (ATI), no bloco dos Profetas Posteriores.1 Existem diversas situações inusitadas e especiais de redação do texto da Bíblia Hebraica, no bloco dos Profetas Posteriores, revelando problemas de concordância nominal e verbal, vocábulos de tradução incerta, detalhes gramaticais inusitados etc. Além disso, neste capítulo são co- mentadas, também, algumas opções e justificativas de tradução de algumas unidades lexicais adotadas no ATI. Neste capítulo são citadas variantes textuais registradas em três versões clássicas da Bíblia: a Septuaginta (versão grega [c. 3o séc. a.C.—Γ séc. d.C.]), aVulgata (versão latina [c. 4o—5o séc.]) e oTargum de Jônatas ben Uziel (versão aramaica dos Profetas [c. 3o—5o séc.]). Todas as dificuldades textuais encontradas no Texto Massorético (o texto original hebraico de tradição massorética) dos Profetas Posteriores, e relacionadas e comentadas neste capítulo, são comparadas com as três antigas versões bíblicas mencionadas. O objetivo de tais citações é expor para o leitor como as dificuldades textuais apontadas neste texto foram resolvidas pelas três obras bíblicas. São utilizadas, igualmente, as informações de crítica textual registradas em três edições críticas do texto bíblico he- braico: a Biblia Hebraica (BHK), a Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) e a Biblia Hebraica Quinta (BHQ). Além destas três publicações, utilizou-se, também, a Biblia Hebraica Leningradensia (.BHL). Estas quatro edições são baseadas no Códice de Leningrado BI9a (L). Além de tais obras, foram usados, também, os dados de crítica textual anotados nos três volumes até agora publicados do Hebrew University Bible Project (HUBP), a Hebrew University Bible (HUB). Além de tal publicação, usou-se, igualmente, a Jerusalem Crown (JerCrown) e a edição de Mordechai Breuer. Estas três publicações são baseadas no Códice de Alepo (A). Além de tais livros, são men- cionadas variantes textuais, inclusive as que são puramente ortográficas, dos manuscritos bíblicos encontrados nas 11 cavernas de Qumran, de acordo com a obra The Biblical Qumran Scrolls: Transcriptions and Textual Variants (BQS). Para complementar informações relacionadas específicamente com a massorá, são citadas anotações do tratado massorético Okhlah we-Okhlah (Okhl), de acordo com edições acadêmicas. As situações relacionadas com a problemática textual são apresentadas e comentadas seguindo a sequência da Bíblia Hebraica. As abre- viaturas utilizadas neste capítulo são as seguintes: Obras A Μ. H. Goshen-Gottstein (ed.), The Aleppo Codex: Provided with Massoretic Notes and Pointed by Aaron ben Asher — The Codex Considered Authoritative by Maimonides, Part One: Plates, Hebrew University Bible Project, 1976. A T I E. de F. Francisco (trad.), Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Portugués, vol. 3: Profe- tas Posteriores, 2017. A T If Vv.Aa. (trads.), Anden Testament interlinéame hébreu-français, 2007. B H K R. Kittel e P. E. Kahle (eds.), Biblia Hebraica, 16. ed., 1973. BH L A. Dotan (ed.), Biblia Hebraica Leningradensia: Prepared according to the Vocalization, Ac- cents, and Masora of Aaron ben Moses ben Asher in the Leningrad Codex, 2001. ,A nomenclatura Profetas Posteriores, dada pela tradição judaica ao bloco de escritos bíblicos que engloba de Isaías a Malaquias י deve-se ao fato de tal conjunto literário ter sido escrito por profetas escritores, isto é, por aqueles profetas, ou discípulos desses profetas, que registraram por escrito as suas mensagens, como Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oseias, Amos, Joel, Zacarias, entre outros. A terminologia Profetas Anteriores, dada pela tradição judaica ao conjunto de textos bíblicos que abarca de Josué a 2Reis, surgiu em virtude do fato de tal bloco literário mencionar profetas e profetisas que não consignaram por escrito os seus discursos, sendo apenas citados em diversas narrativas bíblicas,como Débora, Samuel, Natã, Gade, Elias, Eliseu, Huida, entre outros. Entretanto, de acordo com a tradição judaica (cf.Talmude Babilónico, tratado Baba Batra 15a), determinados profetas seriam os autores dos livros deste último bloco: Josué teria escrito 0 livro de Josué, Samuel teria escrito 0 livro de Juizes, Samuel e Gade teriam escrito 0 livro de Samuel e Jeremias teria escrito 0 livro dos Reis. Por fim, a divisão do bloco dos Profetas em Profetas Anteriores e Profetas Posteriores deu-se a partir do 8o século, cf. Biblia de Jerusalém, 2002, p. 306 e 1230; Bíblia — Tradução Ecumênica, 2015, p. 323-326; Sellin e Fohrer, 1978, p. 730 e Gottwald, 1988, p. 114-115. DIFICULDADES TEXTUAISVIII BH Q A. Schenker et alii (eds.), Biblia Hebraica Quinta. Fascicle 13:The Twelve Minor Prophets, 2010 (fascículo preparado por Anthony Gelston). B H S K. Elliger eW. Rudolph (eds.), Biblia Hebraica Stuttgartensia, 5. ed., 1997. B Q S E. Ulrich (ed.), The Biblical Qumran Scrolls: Transcriptions and Textual Variants, 2010. HUB Μ. H. Goshen-Gottstein (ed.), The Hebrew University Bible: The Book of Isaiah, 1995. C. Rabin, S. Talmon e E. Tov (eds.), The Hebrew University Bible:The Book of Jeremiah, 1997. Μ. H. Goshen-Gottstein e S. Talmon (eds.), The Hebrew University Bible: The Book of Ezekiel, 2004. JerCrown Y. Ofer (coord.), Jerusalem Crown — The Bible of the Hebrew University of Jerusalem: Pen- tateuch, Prophets and Writings According to the Text and Masorah of the Aleppo Codex and Related Manuscripts Following the Methods of Rabbi Mordechai Breuer, 2. ed., 2004. L D. N. Freedman et alii (eds.), The Leningrad Codex: A Facsimile Edition, 1998. ,Okhl I S. Frensdorff (ed.), Das Buch Ochlah W ’ochlah (Massora), Herausgegeben, iibersetzt und mit erlãuternden Anmerkungen versehen nach einer, soweit bekannt, einzigen, in der Kaiserli- chen Bibliothek zu Paris befindlichen Handschrift, 1972. ,Okhl II F. Diaz Esteban (ed.), Séfer ,Oklah wè-,Oklah: Colección de Listas de Palabras Destinadas a Conservar la Integridad del Texto Hebreo de la Biblia entre los Judíos de la Edad Media, 1975. ,Okhl III B. Ognibeni (ed.), La seconda parte del Sefer ,Oklah we- ,Oklah. Edizione del Ms. Halle, UniversitãtsbibliothekYB 4o 10,ff. 68-124, 1995. ,Okhl IV B. Ognibeni (ed.), Les listes marginales de la ,oklah de Halle, 1997. Idiomas aram. aramaico. ff. francés. gr. grego. hebr. hebraico. hebr. sam. hebraico samaritano. lat. latim. sir. siríaco. Siglas dos Manuscritos de Qumran lQ Isa Io manuscrito de Isaías da caverna 1 de Qumran. 1 QIsb 2o manuscrito de Isaías da caverna 1 de Qumran. lQ pH c pesher de Habacuque da caverna 1 de Qumran. 4QIsa Io manuscrito de Isaías da caverna 4 de Qumran. 4QIsc 3o manuscrito de Isaías da caverna 4 de Qumran. 4QIsd 4o manuscrito de Isaías da caverna 4 de Qumran. 4QIse 5o manuscrito de Isaías da caverna 4 de Qumran. 4QIs8 7o manuscrito de Isaías da caverna 4 de Qumran. 4QIsm 13o manuscrito de Isaías da caverna 4 de Qumran. 4QJra I o manuscrito de Jeremias da caverna 4 de Qumran. 4QJF 3° manuscrito de Jeremias da caverna 4 de Qumran. 4QEza Io manuscrito de Ezequiel da caverna 4 de Qumran. 4QEzb 2o manuscrito de Ezequiel da caverna 4 de Qumran. 4QpNa pesher de Naum da caverna 4 de Qumran. IXDIFICULDADES TEXTUAIS 4QXIF I o manuscrito dos Doze Profetas da caverna 4 de Qumran. 4QXIIh 2o manuscrito dos Doze Profetas da caverna 4 de Qumran. 4QXIIC 3o manuscrito dos Doze Profetas da caverna 4 de Qumran. 4QXIId 4o manuscrito dos Doze Profetas da caverna 4 de Qumran. 4QXIP 5o manuscrito dos Doze Profetas da caverna 4 de Qumran. 4QXII8 7o manuscrito dos Doze Profetas da caverna 4 de Qumran. 11 QEz manuscrito de Ezequiel da caverna 11 de Qumran. Siglas dos Manuscritos de Wadi M urabba‘at e de Nahal Hever M urXII manuscrito dos Doze Profetas de Wadi M urabba‘at. 8HevXIIgr manuscrito grego dos Doze Profetas da caverna 8 de Nahal Hever. Siglas dos Códices Massoréticos A Códice de Alepo ou Ms. No. 1 do Instituto Ben-Zvi. C Códice do Cairo dos Profetas ou Códice Gottheil 34. L Códice de Leningrado: Firkowitch I. BI9a. L4 Códice de Leningrado: Firkowitch II. B I24. L 18 Códice de Leningrado: Firkowitch I. B59. L 19 Códice de Leningrado: Firkowitch I. B51. L20 Códice de Leningrado: Firkowitch II. B9. L30 Códice de Leningrado: Firkowitch II. B61. N Códice de Nova York JTS 232: ENA 346. P Códice Petropolitano Babilónico ou Códice de Leningrado: Firkowitch I. B3. R Códice Reuchliniano ou Códice de Karlsruhe 3. S1 Códice Sassoon 1053. Símbolos Críticos Usados na Transcrição de Palavras dos Manuscritos de Q um ran2 .ponto sobre a letra indica que a mesma é de provável identificação א .círculo sobre a letra indica que a mesma é de possível identificação א ] colchete colocado antes ou após a palavra indica letra ou letras ausentes. asterisco colocado junto da palavra indica leitura original ou reconstruída. Isaías 3.16 ר?ליהם5ו (hebr. e com os pés deles). Vocábulo com sufixo pronominal masculino plural inusitado. Pelo contexto do versículo, a palavra em destaque, que se refere à locução 5 ציון נות (hebr. as filhas de Sião), deveria ter sufixo pronominal feminino plural, devendo ter, teoricamente, a seguinte redação: וברגליהן (hebr. e com os pés delas). O manuscrito lQ Isa registra 0 mencionado vocábulo com sufixo pronominal feminino plural, mas na forma alongada (-הנה) que é típica de vários manuscritos bíblicos encontrados em Qumran: 3. Confirmando tal possibilidade textual, no bloco II do aparato crítico da HUB וברנליהנה consta a seguinte anotação sobre tal situação de ordem textual: Is-a וברגליהנה (no manuscrito lQ Isa consta a grafia וברנליהנה [hebr. e com os pés delas]). Ratificando tal sufixo pronominal feminino plural, conferir a palavra הן1פר (hebr. a fronte delas) no verso 17. Tanto a BH K quanto a BHS não possuem 2 Cf. Ulrich, 2010, p. XIII. 3 Cf. Ulrich, 2010, p. 336. Qimron informa que entre determinados textos dos Manuscritos do Deserto da Judeia, as formas masculinas -המה ou -הם são também utilizadas como sufixos pronominais femininos plurais. Tal uso ocorre, por exemplo, mais de 20 vezes no Rolo do Templo (1 1QT). Ele comenta, ainda, que a forma feminina -הנה, em vez da forma típica do Texto Massorético - ocorre no manuscrito 1 QIsa, cf. Qimron, 2008, p. 6 ,הן 2 6 3 .־ DIFICULDADES TEXTUAISX observação em seus aparatos críticos sobre tal assunto. Contornando tal dificuldade textual, no A TIf a palavra foi traduzida como et avec leurs pieds (fr. e com seus pés). No ATI foi mantida a tradução literal da palavra com sufixo pronominal masculino plural, mesmo que 0 mesmo seja excepcional em virtude do contexto do versículo. Isaías 3.20 הנפש וברד (hebr. e as casas de a vida). Expressão de tradução muito intrincada. As três versões bíblicas clássicas interpretam, cada uma à sua maneira, a locução em relevo: a Septuaginta interpreta como και τούς δακτυλίους (gr. e os anéis de dedo); a Vulgata determina como et olfactoriola (lat. e os saquinhos de perfume) e oTargum de Jônatas ben Uziel interpreta como וקד־שיא (aram. e os anéis de nanz). No ATIf optou-se por interpretar como et les boites de senteur (ff. e as caixas de perfume), em conformidade com 0 texto bíblico latino. As diversas versões bíblicas em português apresentam variadas interpretações da locução, como vasos de perfume, talismãs, caixinhas de perfumes, frascos de perfume, perfumes, frascos, colares, entre outras opções. A locução é registrada no manuscrito lQIsa assim: הנפש ובת* (hebr. e as casas da vida) A Tal leitura é também atestada pelo Texto Massorético. No ATI decidiu-se pela tradução literal da expressão como e as casas de a vida, por não haver outra opção melhor ou mais confiável. Isaías 3.20 é de significado complexo, sendo registrado apenas לחש hebr. e os amuletos de conchas). O vocábulo) והלחשים cinco vezes no texto bíblico hebraico (cf. Is 3.3; 3.20; 26.16; Jr 8.17 e Ec 10.11).4 5 6 Constata-se que nos di- cionários de hebraico bíblico a referida unidade lexical ésempre definida com algum grau de incerteza para a passagem de Isaías 3.20: Kirst et alii, Holladay, Alonso Schõkel, Koehler e Baumgartner e Clines cogitam que seria amuleto, mas revelam dúvidas em relação ao significado preciso da palavra. Holladay comenta que seria amuleto feito com conchas que produzem zumbido como ornamento; Brown, Driver e Briggs presumem que seria talismã ou amuleto usado por mulheres; Koehler e Baumgartner conjecturam que seria amuleto feito com fio de cascas de concha e Clines cogita que seria amuleto, talvez feito com cascas de concha.6 As antigas versões bíblicas traduzem tal item lexicográfico da seguinte maneira: a Septuaginta verte como και τα ένώτια (gr. e os brincos); a Vulgata traduz como et inaures (lat. e os brincos) e o Targum de Jônatas ben Uziel verte como וחליטתא (aram. e os colares). No ATIf encontra-se a definição et les amulettes (ff. e os amuletos). A unidade lexical é registrada no manuscrito lQIsa da seguinte maneira: והלחשים (hebr. eos amuletos de conchas).7Tal leitura é também confirmada pelo texto bíblico hebraico de tradição massorética. No ATI acha-se a definição do vocábulo como amuletos de conchas, tendo como base Holladay, Koehler e Baumgartner e Clines, mesmo que não haja certeza absoluta em relação ao seu significado no trecho de Isaías 3.20. Isaías 3.23 ,é de significação imprecisa na passagem de Isaías 3.23 ?ליון hebr. e as roupas de papiro). A palavra) והגלינים sendo registrada apenas duas vezes no texto bíblico hebraico (cf. Is 3.23 e 8.1).8Além disso, a lexia apresenta ortografia excepcional. Tradicionalmente, tal unidade lexical é interpretada como espelho em Isaías 3.23, de acordo com algumas versões clássicas da Bíblia, como a Vulgata e como oTargum de Jônatas ben Uziel. Kirst et alii, Holladay, Koehler e Baumgartner e Clines estabelecem como roupa de papiro. Entretanto, Alonso Schõkel cogita que seria um tipo de veste, plissada ou translúcida, mas demonstra dúvidas; Brown, Driver e Bri- ggs definem como tábuas de metal polido, espelhos, mas informam que determinados hebraístas conjecturam 4 Cf. Ulrich, 2010, p. 337. 5 Cf. Even-Shoshan, 1997, p. 598. 6 Cf. Kirst et alii, 2014, p. 110; Holladay, 2010, p. 248; Alonso Schõkel, 2004, p. 342; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 538; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 527 e Clines, 2009, p. 194. 7 Cf. Ulrich, 2010, p. 337. 8 Cf. Even-Shoshan, 1997, p. 236. XIDIFICULDADES TEXTUAIS que seria roupa transparente, gaze e Jastrow determina que seria uma cinta de material fino, porém, não for- nece mais detalhes.9 As versões clássicas da Bíblia vertem tal unidade lexicográfica da seguinte maneira: a Septuaginta traduz como και τα βύσσινα (gr. e as roupas de linho fino); a Vulgata verte como et specula (lat. e os espelhos) e oTargum de Jônatas ben Uziel traduz como ומחד״תא (aram. e os espelhos). Sobre a referida problemática de ordem semântica, no bloco inferior do aparato crítico da BHK encontra-se a seguinte nota: mlt MSS ה׳; <S διαφανή λακωνικά (prps והגלינים [cf bab. gulinu]) (muitos manuscritos hebraicos medievais pos- suem a leitura הגלינים [hebr. as roupas de papiro]; a Septuaginta possui a leitura διαφανή λακωνικά [gr. tecidos transparentes lacônicos] [é proposta a grafia והגלינים {hebr. e as roupas de papiro}] [cf. 0 vocábulo babilónico gulinu {veste}]) e no aparato crítico da BHS acha-se a seguinte anotação: 1 והגלי׳ (akkgulinu vestis) (a palavra é para ser lida como ניםיוה$ל [hebr. e as roupas de papiro] [cf. 0 vocábulo acádico gulinu {veste}]). No bloco III do aparato crítico da HUB e no aparato crítico de Breuer são apresentadas as mesmas informações da BHK e da BHS, mas específicamente em relação à ortografia extraordinária da lexia em alguns manuscritos hebraicos medievais, como os códices A, L, C e S1 e em algumas edições impressas do texto bíblico hebraico, como a Segunda Bíblia Rabínica.10 * A palavra foi vertida como et les miroirs (fr. e os espelhos) no ATIf, sendo reflexo da opinião tradicional das versões bíblicas latina e aramaica. No manuscrito lQIsa é encontrada a seguinte grafia: והנליונים (hebr. e as roupas de papiro) (consta a letra wazv após o caractere yod)." No ATI, ao contrário, acatou-se a alternativa registrada em Kirst et alii, Holladay, Koehler e Baumgartner e Clines, apesar de não haver segurança absoluta sobre tal acepção. Isaías 7.3 ;שוב וק!אר (hebr. e Sear-Jasube). Este nome próprio masculino, sem a conjunção waw, é simbólico, significando, literalmente, Remanescente Retomará. O nome é traduzido ou transliterado pelas antigas versões bíblicas da se- guinte maneira: a Septuaginta transcreve como Ιασουβ (gr. Jasubé); a Vulgata translitera como Iasub (lat. Jasube) e o Targum de Jônatas ben Uziel interpreta como ון־תבו הטו ךלא ושאר (aram. e remanescente que não transgrediu e que retornou). Aqui, os textos bíblicos grego e latino omitem a primeira parte do nome. No ATIf 0 nome foi transcrito como et Shéar-Yashouv (fr. e Sear-Jasube). O manuscrito lQIsa registra a leitura ישוב ושאר (hebr. e Sear-Jasube), que possui atestação pelo Texto Massorético. 12 No ATI é mantida na tradução uma forma apor- tuguesada do nome e é fornecido 0 significado do mesmo neste capítulo. Isaías 7.11 hebr. para 0 sheol). O vocábulo apresenta significação e vocalização complexas. De acordo com a sugestão) שאלה da maioria dos hebraístas, a leitura deveria ser שאלה (hebr. para 0 sheol), isto é, a lexia שאול (hebr. sheol) com sufixo he locale. Koehler e Baumgartner explicam que tradicionalmente a palavra tem sido considerada como um infinitivo da raiz verbal שאל (qal: pedir), de acordo com a opinião de Davi Qimhi de Narbonne ( 1160- 1235) ou como uma forma secundária da unidade lexicográfica שאלה (hebr. petição), que seria equivalente ao vocábulo de origem samaritana siyyàla (hebr. sam. petição). Alonso Schõkel, aceitando esta última hipótese, define a palavra como petição. Brown, Driver e Briggs esplanam que a maioria dos hebraístas e Áquila, Símaco e Teodociâo tratam a palavra como uma derivação do item lexical שאול (hebr. sheol). Clines é o único que não faz nenhuma observação sobre o assunto.13 McCarter Jr. argumenta que o tratamento da lexia שאלה como se fosse uma forma verbal é muito desajeitado e que as versões clássicas da Bíblia a entenderam corretamente como substantivo, a 9 Cf. Kirst et alii, 2014, p. 42; Holladay, 2010, p. 83; Alonso Schõkel, 2004, p. 139; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 163; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 193; Clines, 2009, p. 67 e Jastrow, 2005, p. 249. ו0 Cf. Breuer, 2003, p. 138. ״ Cf. Ulrich, 2010, p. 337. .Cf. Ulrich, 2010, p. 342 ו 2 13 Cf. Kirst et alii, 2014, p. 241; Holladay, 2010, p. 508; Alonso Schõkel, 2004, p. 652; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 982; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1374 e Clines, 2009, p. 443. DIFICULDADES TEXTUAISXII interpretando como אלה?? (hebr. para 0 sheol).u As versões antigas da Bíblia lidam com a problemática textual da seguinte maneira: a Septuaginta traduz como εις βάθος (gr. para profundidade)׳, a Vulgata verte como in profundum inferni (lat. ao profundo do inferno) e oTargum de Jônatas ben Uziel traduz como או־עא על (aram. para a terra). No bloco inferior do aparato crítico da BHK consta a seguinte nota sobre 0 detalhe textual em destaque: 1 c ΑΣΘ שאלה (εις αδην) (a lexia é para ser lida conforme Áquila, Símaco eTeodocião, que leem אלה?; [hebr. para o sheol] [que corresponde à locução εις αδην {gr. para o hades}]); no aparato crítico da BHS é registrada a seguinte anotação: α'σ'θ׳ εις αδην, 1 שאלה cf ®ס (Áquila, Símaco eTeodocião leem εις αδην [gr. para o hades], a palavra é para ser lida como אלה?; [hebr. para 0 sheol], cf. a Septuaginta e a Vulgata) e no bloco I do aparato crítico da HUB consta a seguinte nota: f εις αδην = ט (as três versões gregas [Áquila, Símaco eTeodocião] possuem a leitura εις αδην [gr. para o hades], que corresponde à leitura da Vulgata). No ATIf decidiu-se por verter como vers le séjour des morts (ff. paraa morada dos mortos). No manuscrito lQIsa a palavra é registrada assim: ש]אלה (hebr. para 0 shejol).'5 Tal leitura é atestada, igualmente, pelo Texto Massorético. No ATI optou-se por acatar a sugestão da maioria dos hebraístas e das observações registradas na BHK, na BHS e na HUB, tratando a unidade lexical como uma forma do vocábulo שארל (hebr. sheol) com sufixo he locale. Isaías 7.14 אל עמנו (hebr. Emanuel). Este nome próprio masculino é simbólico, significando, literalmente, Conosco (está) El. O nome é transliterado pelas antigas versões bíblicas sempre com o mesmo padrão: a Septuaginta transcreve como Εμμανουήλ (gr. Emanuel); a Vulgata translitera como Emmanuhel (lat. Emanuel) e oTargum de Jônatas ben Uziel transcreve como עמנו־אל (aram. Emanuel). No ATIf 0 nome foi transliterado também como Emma- nuel (Avec-nous-Dieu) (ff. Emanuel [Conosco Deus]). Em determinadas fontes antigas, 0 nome possui pequena variação de escrita: às vezes sem separação entre os dois componentes e às vezes com separação. Sobre tal parti- cularidade ortográfica, o aparato crítico da B Q Spossui a seguinte anotação: עמנואל lQIsa8 © (Εμμανουήλ) α'σ'] אל עמנו m (cf 8:8, 10) (o manuscrito lQIsa possui o nome grafado como עמנואל [hebr. Emanuel]; a Septuaginta possui 0 nome escrito como Εμμανουήλ [gr. Emanuel]; Áquila e Símaco também grafam o nome da mesma maneira; o Texto Massorético escreve 0 nome como אל עמנו [hebr. Emanuel] [cf. Is 8.8,10]).14 15 16 No bloco III do aparato crítico da HUB acha-se a seguinte informação: אל עמנו 20ל מ ר ; KR (mlt) עמנואל (a grafia אל עמנו [hebr. Emanuel] é registrada nos códices R e L20 e na Segunda Bíblia Rabínica; muitos manuscritos hebraicos medievais das edições de Kennicott e de Rossi registram a grafia עמנואל [hebr. Emanuel]). Por fim, no ATI é mantida na tradução uma forma aportuguesada do nome e é fornecido o significado do mesmo neste capítulo. Isaías 7.17 אשור מלך את (hebr. 0 rei de a Assíria). Esta locução parece deslocada do versículo, aparentemente não tendo conexão com 0 trecho precedente. A BHK e a BHS possuem observação sobre tal situação textual: no bloco inferior do aparato crítico da BHK consta a seguinte nota: add? ([a expressão] é uma adição?); no aparato crítico da BHS consta uma anotação similar: add ([a expressão] é uma adição). A HUB não possui observação sobre o caso em destaque. As duas primeiras edições críticas do texto bíblico hebraico informam que a mencionada locução seria uma adição no final de Isaías 7.17. Entretanto, a BHK expressa alguma dúvida em relação ao caso, enquanto a BHS demonstra, de maneira afirmativa, que se trata realmente de um acréscimo ao versículo. Todavia, a expressão em destaque é registrada nas versões bíblicas clássicas: a Septuaginta possui a leitura ròv βασιλέα των Ασσυριών (gr. 0 rei dos assírios); a Vulgata tem a leitura cum rege Assyriorum (lat. com 0 rei dos assírios) e noTargum de Jônatas ben Uziel é encontrada a leitura ךאתור מלכא ית (aram. 0 rei da Assíria). No ATIf a ex- pressão foi traduzida como le roi deAssyrie (ff. o rei da Assíria). A locução é assim registrada no manuscrito lQIsa: 14 Cf. McCarter Jr., 1986, p. 57. 15 Cf. Ulrich, 2010, p. 343. 16 Cf. Ulrich, 2010, p. 343. XIIIDIFICULDADES TEXTUAIS אשור מלך את (hebr. 0 rei da Assíria) e tal redação é confirmada pelo Texto Massorético.17 * No ATI a locução é mantida por ser parte integrante do Texto Massorético. Isaías 8.3 בז חש שלל מהר (hebr. Maer-Salal-Hàs-Baz). Este nome próprio masculino é simbólico, significando, literal- mente, Depressa-Pilhagem-Se-Apressa-Saque. O nome é sempre traduzido pelas antigas versões bíblicas: a Sep- tuaginta verte como Ταχέως σκύλευσον, όξέως προνόμευσον (gr. Sem demora espolia, de maneira rápida saqueia)', a Vulgata traduz como Adcelera spolia detrahere Festina praedari (lat. Apressa-te a tirar os espólios: Faze de maneira veloz a presa) e oTargum de Jônatas ben Uziel verte como עךאה ולמגגדי ביזא למיבז מוחי (aram. os que se apressam para saquearem saque epara os que espoliam espolio). No ATIfioi mantida uma transcrição do nome, o qual foi transliterado como Maher-Shalal-Hash-Baz (ff. Maer-Salal-Hàs-Baz). No manuscrito lQIsa é registrada a grafia בז חש שלל מהר (hebr. Maer-Salal-Hàs-Baz), que é atestada pelo texto bíblico hebraico de tradição massoréti- ca. No manuscrito 4QIse é encontrada uma pequena diferença ortográfica no terceiro componente do nome: מ חוש שלל מהר [ (hebr. Maer-Salal-Hôs-Baz[ [?]) (0 terceiro componente é escrito com a letra waw).18 No ATI é mantida na tradução uma forma aportuguesada do nome e é fornecido 0 significado do mesmo neste capítulo. Isaías 9.6 ךבה9ל (ketiv), למךבה (qerê: para o aumento de). Situação de ketiv e qeré no texto bíblico hebraico de tradição massorética.19 20 Na masora parva do Códice L é encontrada a seguinte anotação sobre tal pormenor redacional: ק למרבה (o qerê é למךבה [hebr. para o aumento de]). Nesta palavra, a letra mem final (□) é escrita no meio da palavra e não o formato gráfico normal do referido caractere hebraico (מ). No manuscrito lQIsa é achada a ortografía למרבה (hebr. para o aumento de), que corresponde à grafia do qerê.20 Alguns manuscritos massoréticos medievais, como os códices A, C e S1, registram a grafía □רבה ל (hebr. para o aumento de), isto é, a lexia em destaque sendo escrita como se fosse duas palavras em vez de uma só. A grafia למרבה (hebr. para o aumento de), sendo escrita como uma só palavra, é registrada tanto no Códice L quanto na Segunda Biblia Rabínica.21 Sobre tal peculiaridade ortográfica, a BHK registra a seguinte nota no bloco inferior de seu aparato crítico: 25 MSS Q □ (£© fft (cf למךבה; 1 (ל רבה dittogr) (25 manuscritos hebraicos medievais possuem a leitura do qerê למרבה [hebr. para o aumento de]‘, a palavra é para ser lida, possivelmente [cf. a Septuaginta e oTargum de Jônatas ben Uziel], como רבה [hebr. grande] [as letras לם seriam ditografia]) 22; na BHS é encontrada a seguinte anotação: mlt Mss ut Q; prp c pe Mss σ’ (LO רבה cf © (לם dttg vel reliquum nominis proprii, cf 5C; 0?a רבה למ ); al למי =) (לו רבה י7 Cf. Ulrich, 2010, p. 344. י8 Cf. Ulrich, 2010, p. 345 e 473. 19 Ketív (aram. כתיב, [o que está] escrito): forma tradicionalmente escrita de urna determinada palavra ou expressão no próprio texto consonantal da Biblia Hebraica. Geralmente, o ketiv está relacionado com ocorrências envolvendo tanto questões gramaticais quanto ortográficas. Qerê (aram.קרי ou 0] ,קרי que é] lido): forma lida do ketiv e que é indicação de como determinada palavra ou locução do texto da Bíblia Hebraica deve ser lida. Geralmente, 0 qerê é colocado na margem lateral externa do texto ou no rodapé das edições impressas da Bíblia Hebraica, normalmente junto com uma das seguintes anotações: ק ou קרי. Quando a edição possui anotações massoréticas, o qerê é encontrado na masora parva, cf.Tov, 2012, p. 54, 419 e 421; idem, 2017, p. 55, 425 e 427;Würthwein, 1995, p. 16; Gordis, 1971, p. 7-8; Fischer, 2013, p. 305-306; Kelley, Mynatt e Crawford, 1998, p. 121 e 177; Roberts, 1951, p. 69-70; Weingreen, 1982, p. 15; Brotzman, 1994, p. 193-194 e Francisco, 2008, p. 628 e 639. 20 Cf. Ulrich, 2010, p. 348. 21 Cf. Breuer, 2003, p. 140. 22 Ditografia (gr. διττωγραφία, grafia dupla): termo técnico composto pelos vocábulos διττός (gr. duas) e γραφή (gr. escrita). Erro de cópia que é resultado de repetição acidental de letras, sílabas, palavras ou frases em um determinado documento, cf. Tov, 2012, p. 418; idem, 2017, p. 424; Würthwein, 1995, p. 109; Fischer, 2013, p. 304; Roberts, 1951, p. 94; Weingreen, 1982, p. 36; Brotzman, 1994, p. 193 e Francisco, 2008, p. 621. De acordo com a conjectura da BHK, a situação de ditografia seria relacionada com os caracteres lamed e mem final da palavra שלום (hebr. paz) (excetuando a letra waw) que aparece no final do versículo 5. Possivelmente, as letras לם, que constam no inicio do verso 6, segundo alguns manuscritos massoréticos, seriam duplicação acidentalpor causa de erro escribal da lexia שלום (hebr. paz) que consta no final do verso 5. DIFICULDADES TEXTUAISXIV vel ¡־□־ip לו (muitos manuscritos hebraicos medievais possuem a leitura do qerê; é proposta a leitura רבה [hebr. grande], conforme poucos manuscritos hebraicos medievais, Símaco, oTargum de Jônatas ben Uziel e a Vulgata, cf. também a Septuaginta [as letras □ל seriam ditografia ou seriam algum resquício de nome próprio, cf. caso “a” do verso 5; o manuscrito lQIsa possui a leitura 23[ רב״ למ ; outras fontes possuem a leitura רבה למר [hebr. para ele grande] [a palavra למר {hebr. para ele} corresponde ao vocábulo לו {hebr. para ele)] ou מרבה לו [hebr. para ele muito]) e no bloco IV do aparato crítico da HUB é achada a seguinte nota: ( א = (קש :למרבה פרם 20 18 4ל ל (os códices L, L4, L18, L20, P e R e a Segunda Bíblia Rabínica possuem a grafia לםו־בה [hebr. para o aumento de] [o Códice A possui a mesma grafia dos códices C e S1]). Algumas publicações do texto bíblico hebraico baseadas no Códice A, como a edição de Breuer e a JerCrown, registram a grafia □־בה ל) (hebr. para o aumento de). No entanto, as edições baseadas no Códice L, como a BHK, a BHS e a BHL, registram a grafia למן־בה (hebr. para o aumento de). Portanto, a grafia excepcional da unidade lexicográfica em Isaías 9.6 possui variação entre as diversas fontes hebraicas, além de gerar dúvidas entre os hebraístas sobre a sua real redação e seu significado. As versões clássicas do texto bíblico traduzem o item lexical da seguinte maneira: a Septuaginta traduz como μεγάλη (gr. grande); a Vulgata (v. 7) intepreta como multiplicabitur (lat. se multiplicará) e oTargum de Jônatas ben Uziel traduz como '?Ç (aram. grande). No ATlf a palavra foi vertida como pour Pabondance de (fr. pela abundância de). No ATI a tradução reflete a ortografia que se encontra exatamente no Texto Massorético, conforme 0 Códice L, apesar da excepcionalidade da mesma. Isaías 11.14 □ פלשתי בכתף (hebr. em ombro osflisteus). O primeiro componente da locução apresenta problemática relacionada com a vocalização do Texto Massorético. A primeira unidade lexical está vocalizada de acordo com a sua forma em estado absoluto singular (בכתף [hebr. em ombro]), porém, em virtude do contexto do trecho do versículo, deveria estar vocalizada conforme a sua forma em estado construto singular (בכסף [hebr. em ombro ^]).Teóricamente, a expressão deveria ter a seguinte redação: פלקת־ם בכתף (hebr. no ombro de os flisteus). Sobre tal acidente textual, a BHK apresenta a seguinte nota no bloco inferior de seu aparato crítico: 1 בכסף (a palavra é para ser lida como בכתף [hebr. em ombro de]); a BHS possui a seguinte anotação em seu aparato crítico: 5 bktp’dplstj’, 1 פ׳ בכתף cf D (a Peshitta possui a leitura [sir. no ombro dos flisteus], a expressão é para ser lida como פלשתים בכסף [hebr. no ombro de os flisteus]) e o bloco II do aparato crítico da HUB apresenta a seguinte observação: Is־a פלשתיים (o manuscrito lQIsa possui a grafia פלשתיים [hebr. os flisteus]). A BQS apresenta uma nota ainda mais completa sobre a problemática textual: בכתף lQIsa3 ffl] έν πλοίοις ©; εν ωμια a'; δια των ωμων σ'θ' (a palavra בכסף [hebr. em ombrolem ombro de] é registrada no manuscrito lQIsa e o Texto Massorético; a expressão έν πλοίοις [gr. em ombros] é encontrada na Septua- ginta; a leitura έν ώμια [gr. em ombro] é achada em Aquila; a leitura διά των ώμων [gr. pelos ombros] é registrada em Símaco eTeodociâo). Portanto, a BHK e a BHS se ocupam da questão relacionada com a vocalização massorética, propondo que a lexia em discussão deveria ser tratada como estado construto singular e não como estado absoluto singular. As três versões bíblicas clássicas lidam com tal situação textual da seguinte maneira: a Septuaginta traduz como έν πλοίοις άλλοφύλων (gr. em ombros de estrangeiros); a Vulgata verte como in úmeros Philisthim (lat. em ombros dos flisteus) e oTargum de Jônatas ben Uziel traduz como פלשתאי ית לממחי חד כסף (aram. 0 ombro de um dos que dissolvem os flisteus). No ATlf a locução foi vertida como sur Tépaule de les Phüistins (ff. sobre o ombro dos flisteus). A expressão é achada assim no manuscrito lQIsa: פלשתיים בכתף (hebr. em ombro osflisteus) (o segundo componente da locução é 23 Há um equívoco na anotação da BHS. No manuscrito 1 QIsa a palavra é grafada como למרבה e não como רבה לס , cf. Ulrich, 2010, p. 348. No mesmo manuscrito é encontrado outro caso em Isaías 52.11, em que a forma final da letra mem é escrita no meio do vocábulo: משסה (hebr. desde ali), cf. Ulrich, 2010, p. 434. Tov comenta que no período persa houve 0 desenvolvimento gradual das formas finais das letras kaf, mem, nun, pê e tsadê, porém, a sua utilização não era ainda plenamente consistente. Tal inconsistência é constatada em determinados textos bíblicos e não bíblicos de Qumran. Ele argumenta, ainda, que vários manuscritos de Qumran contêm, ocasionalmente, formas finais de letras sendo escritas no meio da palavra e vice-versa. Existem ocasiões em que formas não finais são escritas no término de palavras, principalmente em lexias monossilábicas, tais como ,;מ ,אס נאם , cf.Tov, 2012, p. 197 e idem, 2017, p. 201. XVDIFICULDADES TEXTUAIS grafado com dois caracteres yod). No manuscrito 4QIsa consta apenas a primeira parte da locução: ] בכתף (hebr. em ombro de [[}]).24No ATI a tradução segue fielmente a vocalização do texto bíblico hebraico de tradição massorética, mesmo que a mesma seja inesperada. Isaías 13.22 תיו hebr. com as viúvas dele). A palavra está redigida assim, de acordo com o Códice L, isto é, não) ?אלמנו consta o sinal vocálico scheva quiescens (shewà mudo) sob a letra mem. Todavia, em outros códices massoréticos é encontrada a redação אלמנותיו? (hebr. com as viúvas delas), isto é, a mesma lexia sendo redigida com o refe- rido sinal vocálico sob o mencionado caractere hebraico. Tanto a BHK quanto a BHL, que são baseadas no Códice L, corrigem a referida unidade lexical, a registrando-a como אלמנותיו? (hebr. com as viúvas delas). No bloco inferior do aparato crítico da BHK é encontrada a seguinte observação sobre tal ocorrência redacional: 1 ΓΡίν (pro ך א ב ) (a unidade lexical é para ser lida como אלמנותיה? [hebr. com as viúvas dela] [em vez de בארמנותיה {hebr. nos palácios fortificados dela)])·, o aparato crítico da BHS registra a seguinte informação: sic L, mlt Mss Edd תיה ,באלם׳ 1 באדמנו cf 52P (a redação está assim, de acordo com o Códice L, muitos manuscritos hebraicos medievais e edições do texto bíblico hebraico, segundo as edições de Kennicott, de de Rossi e de Ginsburg registram a leitura אלמנותיו? [hebr. com as viúvas dele]; a palavra é para ser lida como או־מנותיח? [hebr. nos paid- cios fortificados dela], cf. a Peshitta, oTargum de Jônatas ben Uziel e a Vulgata) e no bloco III do aparato crítico da HUB é encontrada a seguinte anotação: KR תיו as edições de Kennicott e de de Rossi registram a) בארמנו leitura אךמנותיו? [hebr. nos palácios fortificados dele]). No manuscrito lQIsa a unidade lexical é registrada, mas sendo redigida como באלמנותו (hebr. com as viúvas dele) (o item lexical não possui a letra yod antes da segunda letra waw). 25Nas versões clássicas da Bíblia são encontradas as seguintes escolhas de tradução da palavra em destaque: a Septuaginta verte como έν τοΐς οΐκοις αύτών (gr. nas casas deles); a Vulgata traduz como in aedibus eius (lat. em suas moradas) e oTargum de Jônatas ben Uziel verte como ן הו ת תי ?י ? (aram. nas fortalezas deles). No ATIf a a lexia é traduzida como avec ses veuves (ff. com suas viúvas). Por último, no ATI a lexia reflete o que está realmente registrado no Texto Massorético, de acordo com a redação do Códice L. Isaías 16.4 מואב נדתי (hebr. os meus que são desterrados, Moabe). Segmento de redação e acentuação muito intrincadas. Neste trecho do verso são empregados os acentos disjuntivos de cantilaçào zaqef qatan e tevir, que assinalam pausas e separações entre as palavras no versículo,indicando, assim, uma separação entre os dois componentes da locução. Além disso, 0 primeiro componente do trecho é acentuado como se tivesse sufixo pronominal de primeira pessoa singular. Teoricamente, 0 segmento deveria ter a seguinte redação: מואב ויחי ? (hebr. os que são desterrados de Moabe). Em tal redação hipotética, 0 primeiro componente é tratado como se não tivesse sufixo pronominal e tendo o acen- to conjuntivo de cantilação dargd (acento massorético que assinala conexões entre as palavras dentro do versículo), que é um dos acentos servos do acento disjuntivo de cantilação tevir (acento massorético que assinala separações entre os vocábulos dentro do verso).26 Além disso, em tal redação conjectural há modificação na vocalização do primeiro vocábulo. As edições acadêmicas do texto bíblico hebraico propõem conjecturas sobre tal ocorrência tex- tual: no bloco inferior do aparato crítico da BHK consta a seguinte nota: 1 c <552 מואב דידוי ? (<SL = 0) (נדחים vocábulo é para ser lido conforme a Septuaginta, a Peshitta e 0 Targum de Jônatas ben Uziel, que leem מואב דחי ? [hebr. os que são desterrados de Moabe] [a recensão da Septuaginta de Luciano de Antioquia concorda, mas parcialmente, com as três versões bíblicas mencionadas, possuindo uma leitura, a qual, por meio de retroversão, corresponde à leitura נדחים {hebr. os que são desterrados)]); no aparato crítico da BHS é encontrada a seguinte anotação: 1 c 2 Mss a palavra é para ser lida conforme dois manuscritos hebraicos medievais, a Septuaginta e a Peshitta, que) ?ויחי 55> 24 Cf. Ulrich, 2010, p. 354 e 478. 25 Cf. Ulrich, 2010, p. 356. 26 Cf. Francisco, 2008, p. 204-207. DIFICULDADES TEXTUAISXVI leem נך־חי [hebr. os que são desterrados de]) e no bloco I do aparato crítico da HUB há a seguinte informação: Φ oi φυγάδες Μωαβ = Z var β (a Septuaginta traduz como oí φυγάδες Μωαβ [gr. os fugitivos Moabe], que é leitura igual a alguma leitura que é registrada em aparato crítico de edições doTargum de Jônatas ben Uziel e da Peshitta). Nas antigas versões bíblicas se verifica 0 mesmo padrão de tradução para a locução em destaque: a Septuaginta verte como oí φυγάδες Μωαβ (gr. os fugitivos Moabe); a Vulgata traduz como profugi mei Moab (lat. os meus fugitivos, Moabe) e oTargum de Jônatas ben Uziel verte como מואב מלכות מטלטליא (aram. os exilados do reino de Moabe). No ATIf a locução é traduzida como me dispersés Moab (ff. meus dispersos Moabe). No ATI a tradução adotada reflete a leitura do texto bíblico hebraico de tradição massorética, apesar da sua redação e acentuação complexas. Isaías 28.10,13 □ ש זעיר ש□ יעיר לקו קו לקו קו לצו צו לצו צו כי (hebr. porque tsaw latsaw, tsaw latsaw, qaw laqaw qaw laqaw; zeêr sham, zeêr sham) (v. 10) e לצו צו לצו צו ךבר־:הוה להם וה;ה שם זעיר שם זעיר לקו קו לקו קו (hebr. e será para eles a palavra deYHWH: Tsaw latsaw, tsaw latsaw, qaw laqaw, qaw laqaw, zeêr sham, zeêr sham) (v. 13). Vocábulos de tradução ou interpretação incertas; além disso, os hebraístas não estão de comum acordo quanto ao significado exato dos mesmos. Ora eles propõem alguma tradução hipotética, ora sugerem que as palavras sejam interpretadas como simples sons de mímica zombeteira. Algumas edições da Bíblia em português, como a Bíblia — Tradução Ecumênica e a Biblia de Jerusalém, adotam transliteração em ambas as passagens, e explicam em notas de rodapé que se trataria, possivelmente, de sons de zombaria contra 0 discurso profético.27 As unidades lexicográficas צו e קו são tratadas da seguinte maneira pelos hebraístas: Kirst et alii comentam que seriam imitações zombeteiras de discurso de profetas; Holladay explica que seriam sílabas que imitariam a fala profética; Alonso Schõkel explana que seriam jogos sonoros com letras do alfabe- to hebraico; Brown, Driver e Briggs conjecturam que no verso 10 seriam mímicas zombeteiras das palavras de Isaías e no verso 13 seriam algum discurso ininteligível dos agentes estrangeiros do julgamento deYHWH; eles informam, ainda, que determinados eruditos cogitam que seriam sons de zombaria sem sentido; Koehler e Baumgartner, não apresentando alternativas para tradução, apresentam algumas suposições sobre os vocábulos צו e קו, como 0 primeiro deles tendo relação com item lexical מצות (hebr. ordenanças) ou com a unidade lexicográfica ש!א (hebr. nulidade); eles cogitam, além disso, que há indícios de que as lexias צו e קו sejam antigas denominações de letras do alfabeto hebraico que um professor usaria em aulas; ainda, eles informam que a sequência לקו קו לצו צו teria alguma relação com a locução de procedência acádica (w)asú, qi, luqqi/u, qu”úm (Sai! Deixa-0 sair!Espera!Deixa-0 esperar!) e Clines esclarece que seriam termos de significados desconhecidos, talvez exclamações como ah!, oh! ou ei!; ele comenta, além do mais, que a acepção como preceito para a unidade lexical צו seria menos provável; sobre o item lexicográfico ele explica que seria palavra de significado desconhecido, sendo, talvez, algum som de zombaria das palavras קו de Isaías.28 Tanto a BHK quanto a BHS não se ocupam da problemática, porém, no bloco I do aparato crítico da HUB há citações das opções registradas por algumas versões bíblicas clássicas (cf. a seguir). As versões clássicas da Bíblia tratam da seguinte maneira os quatro itens lexicais: a Septuaginta interpreta como θλΐψιν επί θλΐψιν προσδέχου ελπίδα επ’ έλπίδι έτι μικρόν ετι μικρόν (gr. mbulação sobre tribulação, espera expectativa sobre expectativa, ainda pouco, aitida pouco)', a Vulgata interpreta como manda remanda manda remanda expecta reexpecta expecta reexpecta modicum ibi modicum ibi (lat. ordena torna a ordenar, ordena torna a ordenar, espera torna a esperar, espera torna a esperar, um pouco aqui, um pouco ali) e oTargum de Jônatas ben Uziel fornece uma interpretação muito livre, além de apresentar um texto muito longo em relação ao texto original hebraico. No ATIf as palavras são traduzidas como ordre sur ordre ordre sur ordre régle sur régle régle sur régle petit là petit là (ff. ordem sobre ordem, ordem sobre ordem, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco acolá). No manuscrito lQIsa há algumas modificações na ortografia das palavras: שמ זעיר שמ זעיר לקו קו לקו קו לצי צ' לצי צי (hebr. tsi latsi, tsi latsi, qaw laqaw qaw laqaw; zeêr sham, zeêr sham) (צי em vez de צו e שמ em vez de שם). No manuscrito 4QIsc existem apenas pequeníssimos fragmentos com duas palavras 27 Cf. Biblia de Jerusalém, 2002, p. 1295, n. a e Biblia — Tradução Ecumênica, 2015, p. 652, n. z. 28 Cf. Kirst et alii, 2014, p. 203 e 212; Holladay, 2010, p. 432 e 448; Alonso Schõkel, 2004, p. 557 e 573; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 846 e 875; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 1008-1009 e 1081 e Clines, 2009, p. 375 e 390. XVIIDIFICULDADES TEXTUAIS da frase: ש]ם (hebr. shajm, no v. 10) e ] שם זעיר (hebr. ] zeêr sham, no v. 13).29 No ATI os vocábulos צו e קו e ainda hebr. /a, ah) são apenas transliterados nos dois versículos, acatando a opinião de parte) שם hebr. um pouco) e) זעיר dos hebraístas e, além disso, levando em consideração que se trataria de possível mímica zombeteira sem nenhum significado contra o discurso profético proferido por Isaías. Isaías 29.11 .qerê: livro). Situação de ketiv e qerê no texto bíblico hebraico de tradição massorética) ספר ,(ketiv: 0 livro) הס?ר Na masora parva do Códice L há a seguinte anotação sobre tal pormenor redacional: ק כפר (o qerê é ס?ר [hebr. livro]). Na edição ,Okhl I consta a seguinte nota sobre tal situação de ketiv-qerê: וסי קרץ ולא תיבות׳ בריש ה׳ כתבן ז׳ (7 situações em que se escreve a letra hê no início da palavra, mas que não se lê e as suas referências bíblicas são [...]). Na edição Okhl II encontra-se a seguinte anotação: קרץ ולא תיבותא בריש ה בבין : Ϊ (7 situações em que se adiciona a letra hê no início da palavra, mas que não se lê). As referências bíblicas registradas nas duas edições do tratado massorético Okhlah we-Okhlah em que se verifica tal peculiaridadeortográfica em deter- minados vocábulos são as seguintes: ISm 26.22; 1 Rs 21.8; 2Rs 7.13; 14.7; Ec 10.20; Is 29.11; Jr 38.11.30 No manuscrito lQIsa consta uma correção na palavra, na qual a letra hê está sobrescrita: ספרה (hebr. l°] livro). Tal correção corresponde à leitura do ketiv no texto bíblico hebraico de tradição massorética.31 No bloco inferior do aparato crítico da BHK há a seguinte nota: 1 c Q sin artic (0 vocábulo é para ser lido conforme 0 qerê sem artigo definido); no aparato crítico da BHS acha-se a seguinte anotação: K 1 ,הספר Q 0) ס?ר ketiv é a palavra הספר [hebr. 0 livro], o vocábulo é para ser lido como 0 qerê ספר [hebr. livro]) e no bloco III do aparato crítico da HUB encontra-se a seguinte informação: 30 (sm) 0) ספר manuscrito hebraico medieval de número 30 da edição de Kennicott [a segunda mão, após a correção] possui a leitura ספד [hebr. livro]). No aparato crítico da BQS consta a seguinte nota: 1 ספר QIsaa* 2TIq] 1 הספד QIsaa corr2nL (no manuscrito 1 QIsa ספר [hebr. livro] é a leitura original ou reconstruída e que corresponde ao qerê do Texto Massorético; a leitura הספד [hebr. 0 livro] é encontrada no manuscrito lQIsa; no Códice L a mesma palavra possui uma correção).32 As três versões bíblicas clássicas lidam da seguinte maneira com a situação de característica textual: a Septuaginta verte como γράμματα (gr. os escritos)׳, a Vulgata traduz como litteras (lat. as letras) e oTargum de Jônatas ben Uziel verte como ספרא (aram. 0 livro). No ATIf o ketiv foi levado em consideração, sendo traduzido como Técriture (fr. a escritura). No ATI a tradução reflete fielmente a leitura do qerê do texto bíblico hebraico de tradição massorética, como atestada pelo Códice L. Isaías 34.14 -é de significado complexo, além de ser um hapax legóme לילית hebr. Lilite). A unidade lexicográfica) לילית non,33 ocorrendo unicamente em Isaías 34.14.34 Normalmente, a maioria dos dicionários de hebraico bíblico 29 Cf. Ulrich, 2010, p. 381 e 500. 30 Cf. Frensdorff, 1972, § 166, p. 113 e Díaz Esteban, 1975, § 91, p. 142. .Cf. Ulrich, 2010, p. 385 ו3 32 Cf. Ulrich, 2010, p. 385. No Códice L há uma possível correção no vocábulo em discussão. Em tal códice massorético é en- contrada a seguinte redação: הספד. Percebe-se que há um pequeno ponto acima a letra hê, 0 que indicaria, possivelmente, uma correção na palavra, na intenção de torná-la correspondente à leitura do qerê, cf. Freedman et alii, 1998, fól. 230b, p. 472. 33 Hapax legomenon (gr. απαξ λεγόμενον, contado ou dito uma só vez; pl. απαξ λεγόμενο, contados ou ditos uma só vez): termo técnico usado pela critica textual para designar 0 vocábulo ou expressão que aparece uma única vez ao longo de uma determinada obra literária. No caso da Bíblia Hebraica, tais situações são assinaladas pela massorá por meio da abreviatura ל , que é a inicial dos itens terminológicos de proveniencia aramaica לית לית, e ל־תא, aparecendo principalmente na masora parva (ocasionalmente ocorre também na masora magna) dos códices massoréticos. Os termos significam não há, não existe, não tem, nada, não. Tais lexias terminológicas de procedência aramaica são formadas do seguinte modo: a aglutinação de duas palavras aramaicas, 0 advérbio de negação לא (aram. não) e a partícula de existência אית (aram. existe, há, tem, e), formando a locução רת לא< (aram. não há, não existe, não tem, não e), cf. Gesenius, Kautzsch e Cowley, 1910, § 17, p. 67; Joüon e Muraoka, 2009, § 16, p. 64; Jastrow, 2005, p. 710; Sokoloff, 2002a, p. 283; idem, 2002b, p. 628; Kelley, Mynatt e Crawford, 1998, p. 124 e 127; Fischer, 2013, p. 304 e Francisco, 2008, p. 625. Ofer explica, ainda, que a abreviatura רכותה לית seria redução da expressão terminológica ל (aram. não existe outro que nem este), cf. Ofer, 2002, p. 33. 34 Cf. Even-Shoshan, 1997, p. 599. DIFICULDADES TEXTUAISXVIII determina o item lexical em discusão como Lilite: Kirst et alii e Holladay estabelecem como Lilit (demônio feminino)׳, Alonso Schõkel define como mocho, coruja ou demônio feminino״, Brown, Driver e Briggs estabelecem como Lilite, e explicam que se trataria do nome de um demônio noturno que assombra o Edom desolado em Isaías 34.14; eles explanam, ainda, que, provavelmente, 0 item lexical seria um empréstimo linguístico de proveniência assíria, 0 vocábulo lilitu; por fim, eles conjecturam que 0 nome teria alguma conexão com a lexia -hebr. noite), mas que o mesmo refletiría, aparentemente, uma etimologia popular; Koehler e Baum) לילה gartner determinam como Lilite, e explicam que seria um demônio feminino que praticaria relações sexuais (demônio íncubu-súcubo) 35 36; eles informam, além disso, que o nome possuiría paralelos com as denominações de procedência acádica lilu, lilitu e ardat lili, que formariam um grupo de três demônios da tempestade; 0 re- ferido nome teria, igualmente, conexão com o nome de origem suméria lil; eles também cogitam que o nome teria alguma relação com a palavra ליל (hebr. noite), mas que o mesmo refletiría uma etimologia folclórica; Clines determina como Lilite e Jastrow explana que seria demônio noturno, Lilite, registrando as grafias לילית e -As antigas versões da Bíblia tratam o item lexicográfico cada uma à sua maneira: a Septuaginta interליליתא. 36 preta como όνοκένταυροι (gr. centauros-jumentos) 37 38; a Vulgata interpreta como lamia (lat. lâmia)38 e o Targum de Jônatas ben Uziel interpreta como לילין (aram. demônios noturnos). No ATIfo nome é transliterado como Lilith (fr. Lilite). No manuscrito 1 QIsa consta a grafia ליליות (hebr. Lilite) (consta a letra waw após 0 segundo caractere^oJ). 39No ATI adotou-se transliteração simplificada do item lexical como Lilite, seguindo a norma da língua portuguesa para aquelas palavras e nomes de procedência hebraica, tais como Isaque, Baruque, Mesaque, Elate, Talmude etc. Isaías 37.14 hebr. e a esticou). Unidades verbais de redação inusitada. Pelo contexto) [יפרשהו hebr. e a leu) e) [יקראהו do trecho bíblico, tais expressões verbais deveríam ser redigidas, teoricamente, como ויקראם (hebr. e as leu, cf. 2Rs 19.14) e י?ךשם] (hebr. e as esticou). Seria esperado 0 sufixo pronominal de terceira pessoa masculina plural ם (hebr. as) ao invés do sufixo pronominal de terceira pessoa masculina singular הו (hebr. a) nas duas lexias verbais, pois as mesmas se referem à palavra את־הספרים (hebr. as missivas). A ocorrência textual é tratada da seguinte maneira pelas versões clássicas da Bíblia: a Septuaginta traduz como και ήνοιξεν αύτό (gr. e 0 abriu) (tal locução verbal se refere à palavra το βιβλίον [gr. 0 livro] [o outro item verbal não consta do texto bíblico grego]); a Vulgata verte como et legit eos (lat. e as leu) e et expandit eas (lat. e as estendeu) (tais itens verbais se referem à lexia libros [lat. os livros]) e 0 Targum de Jônatas ben Uziel traduz como וקרא (aram. e leu) e ופו־סה (aram. e esticou) (tais locuções verbais se referem ao vocábulo אי?ךתא [aram. a carta]). Tanto a BHK quanto a BHS não se ocupam de tal problemática textual. No bloco I do aparato crítico da HUB consta a seguinte 35 Íncubo (lat. incubus, pesadelo, sufocação durante o sono), na crença popular medieval, é 0 demônio que assume forma masculina e que atormenta as mulheres durante o sonho, as levando ao pecado da luxúria com ele. Súcubo (lat. succuba, amásia, concubina), também na crendice popular da Idade Média, é 0 demônio que assume forma feminina e que perturba 0 sonho dos homens, mantendo com eles relação sexual, cf. Houaiss e Villar, 2009, p. 1069 e 1785. Gaffiot define incubo como demônio noturno e súcubo como concubina, cf. Gaffiot, 2000, p. 809 e 1529. Santos Saraiva estabelece incubo como pesadelo, sufocação durante 0 sono e súcubo como amásia, concubina e mancebo prostituido que se faz de mulher, cf. Santos Saraiva, 2000, p. 595 e 1151. 36 Cf. Kirst et alii, 2014, p. 110; Holladay, 2010, p. 249; Alonso Schõkel, 2004, p. 343; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 539; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 528-529; Clines,2009, p. 194 e Jastrow, 2005, p. 707. 37 Bailly define a unidade lexical όνοκένταυρος como um tipo de demonio, cf. Bailly, 2000, p. 1383. Muraoka estabelece a mesma palavra como um tipo de demonio que assombra lugares selvagens, cf. Muraoka, 2009, p. 498. Muraoka informa, ainda, que na Septuaginta, em Isaías 34.14 o vocábulo grego όνοκένταυρος é o correspondente da lexia hebraica לילית, cf. Muraoka, 2010, p. 85 e 242. 38 Lamia (lat. lamia) é o monstro mítico com cabeça de mulher e corpo de serpente que se alimentava de adultos e crianças, cf. Houaiss e Villar, 2009, p. 1152. Gaffiot define que o item lexical lamia, que é a transcrição da unidade lexicográfica de proveniência grega λαμία, como um tipo de vampiro que ameaçava e matava crianças, cf. Gaffiot, 2000, p. 894. Santos Saraiva define o vocábulo lamia como bruxa, feiticeira, que sugava o sangue de crianças, cf. Santos Saraiva, 2000, p. 658. 39 Cf. Ulrich, 2010, p. 397. XIXDIFICULDADES TEXTUAIS nota:ויקראהו Φ־ > (a locução verbal ויקראהו [hebr. e a leu] é ausente na Septuaginta [de acordo com 0 texto reconstruído por J. Ziegler {Gottingen, 1931-} que corresponde ao texto da Antiga Grega]) e no bloco III é achada a seguinte observação: K (sol) ויקראם (na edição de Kennicott [leitura única] é encontrada a leitura m ויקראהו [lQIsa ויקראם :hebr. e as leu]). A BQS apresenta em seu aparato crítico a seguinte anotação] [יקראם (a leitura ויקראם [hebr. e as leu] é atestada pelo manuscrito 1 QIsa; a leitura ויקראהו [hebr. e a leu] é atestada pelo Texto Massorético).40 No A T If os itens verbais são vertidos como et il la lut (fr. e a leu) e et la déploya (fr. e a desenrolou). No manuscrito lQIsa verifica-se a inesperada grafia ויקראם (hebr. e as leu) (a forma de início e meio de palavra da letra mem sendo escrita no término).41 Como sempre, a fidelidade ao texto bíblico hebraico de tradição massorética é mantida no ATI. As supracitadas lexias verbais foram traduzidas como e a le u te a esticou, mesmo que as mesmas, que possuem o sufixo pronominal de terceira pessoa masculina singular, sejam inusitadas no contexto da segunda parte de Isaías 37.14. Isaías 38.5 יוסף ה;ני (hebr. eis que eu acrescentará). A forma verbal da locução é de redação ou de vocalização inesperada. O item verbal יוסף pertence à raiz verbal יסף, na conjugação hifil, no tempo imperfeito, sendo a terceira pessoa mas- culina singular, devendo ser traduzida como acrescentará. Teoricamente, a unidade verbal deveria ter as seguintes redações, mais adequadas ao contexto da segunda parte do versículo: אוסיף (hebr. acrescentarei) (a primeira pessoa singular, no tempo imperfeito, na conjugação hifil) ou como מוסיף (hebr. 0 que acrescentará) (participio ativo masculino singular, na conjugação hifil). Sobre a problemática textual, a BHK, no bloco inferior de seu aparato crítico, recomenda que a forma verbal seja lida como והספתי (hebr. e acrescentarei), conforme consta em 2Reis 20.6; a BHS apresenta a seguinte anotação em seu aparato crítico: $(Syh(L) mzvsp cf <SD, 1 ף- (a Peshitta [a Siro-Héxapla e oTargum de Jônatas ben Uziel concordam, mas parcialmente, com a versão bíblica mencionada] possui a leitura aao» [sir. 0 que acrescentará], cf. a Septuaginta e a Vulgata; 0 item verbal é para ser lido como .hebr) יוסף :hebr. que acrescente]). Portanto, a BHS propõe que a forma verbal seja lida como se fosse jussivo] יוסף que acrescente). Então, pela recomendação da BHS, o segmento deveria ter a seguinte redação: יוסף הנני (hebr. eis que eu que acrescente). No bloco III do aparato crítico da HUB é registrada a seguinte observação: K (sol) hebr. 0 que é acrescentado]). Tal situação] מוסף na edição de Kennicott [leitura única] é encontrada a leitura) מוסף textual é resolvida pelas versões clássicas da Bíblia por meio da seguinte maneira: a Septuaginta traduz como προστίθημι (gr. adiciono); a Vulgata verte como ego adiciam (lat. eu adicionarei) e oTargum de Jônatas ben Uziel traduz como מוסיף (aram. 0 que será acrescentado). No ATIfa expressão é vertida como me void ajoutant (fr. eis que eu acrescenta). O manuscrito lQIsa registra a locução יוסף הנני (hebr. eis que eu acrescentará), que atesta a leitura do texto bíblico hebraico de tradição massorética.42 No ATI, como de costume, a tradução segue exatamente 0 que está no Texto Massorético, mesmo que 0 item verbal em destaque apresente dificuldade redacional. Isaías 42.25 אפו חמה (hebr. irritação a fúria dele,). Locução de redação, vocalização e acentuação problemáticas do Texto Massorético. O primeiro componente da expressão está em estado absoluto singular, possuindo um acento con- juntivo de cantilação, 0 acento munnah. Como conjectura, 0 segmento podería ter a seguinte redação: אפו חמת (hebr. a irritação da fúria dele,). Este texto, reescrito de maneira hipotética, traz 0 primeiro componente em es- tado construto singular, sendo mais coerente, em termos redacionais, com o trecho do versículo. Confirmando tal hipótese, 0 manuscrito lQIsa possui a expressão em destaque redigida da seguinte maneira: אפוא חמת (hebr. a irritação da fúria dele). Todavia, por outro lado, 0 manuscrito 4QIsg confirma a redação do texto bíblico hebraico 40 Cf. Ulrich, 2010, p. 401. 41 Cf. Ulrich, 2010, p. 401. Explicação sobre a utilização de formas de início e meio de palavra das letras kaf, mem, nun, pê e tsadê, mas sendo escritas, ocasionalmente, no término de palavras, cf. nota 23. 42 Cf. Ulrich, 2010, p. 404. DIFICULDADES TEXTUAISXX de tradição massorética: אפו חמה (hebr. irritação a fúria dele).** Würthwein comenta que o caso em Isaías 42.25 revela confusão de letras similares (teria havido confusão entre os caracteres hê e taw).** Fischer explica que existem situações em que há troca entre os caracteres hê, hêt e taw em textos compostos na escrita quadrática, 0 que elucidaria a ocorrência em Isaías 42.25.43 44 45 No bloco inferior do aparato crítico da BHK é achada a seguinte nota: 1 fft c <MSD 0) חמת vocábulo é para ser lido, possivelmente, conforme a Septuaginta, oTargum de Jônatas ben Uziel, a Peshitta e a Vulgata que leem חמת [hebr. a irritação de])·, no aparato crítico da BHS é encontrada a seguinte anotação: dja חמת (o manuscrito lQIsa registra a leitura חמת [hebr. a irritação de]); no bloco I do aparato crítico da HUB é registrada a seguinte nota: E חימת = (oTargum de Jônatas ben Uziel possui a leitura חימת [aram. irritação de] que é leitura igual à da Septuaginta, Vulgata, Peshitta e versão Árabe) e no bloco III consta a seguinte observação: 150 (pm) om | K (sol) 0) חמת manuscrito hebraico medieval 150 da edição de Kennicott [a primeira mão do escriba original] omite a palavra; na edição de Kennicott [leitura única] é encontrada a lei- tura חמת [hebr. a irritação de]). No aparato crítico da BQS é registrada a seguinte informação: חמת lQIsa3] חמה 4QIsag m (a leitura חמת [hebr. a irritação de]) é atestada pelo manuscrito 1 QIsa; a leitura חמה [hebr. irritação]) é atestada pelo manuscrito 4QIsg e pelo Texto Massorético).46 As versões bíblicas apresentam, praticamente, o mesmo padrão de tradução da locução em destaque: a Septuginta verte como οργήν θυμού αύτοΰ (gr. ira de furor dele)·, a Vulgata traduz como indignationem furoris sui (lat. a indignação do seu furor) e oTargum de Jônatas ben Uziel verte como רוגזיה חימת (aram. a irritação da excitação dele). No ATIfa locução é traduzida como une fureur sa colère (fr. uma fúria sua cólera). No ATI a tradução adotada reflete exatamente o que está no texto bíblico hebraico de tradição massorética, apesar da excepcionalidade da redação da locução registrada em Isaías 42.25. Isaías 44.9 hebr. elas). O ítem lexicográfico é urna das 15 palavras que possuem os puncta extraordinaria (lat. pontos) המה extraordinários) no texto bíblico hebraico de tradição massorética.47 Na masora parva do Códice L existe urna anotação dedicada a tal pormenor textual: נקוד הי (a palavra é umas das 15 ocorrências de puncta extraordinaria). No folio488a do Códice L existe uma listagem das 15 palavras com tal pormenor redacional, cujo cabeçalho diz: בכתובים וחד בנביאים וארבעה בתורה עשרה במקרא אשר נקרות עשרה חמש אילו (estes são 15 pontos [puncta ex- traordinaria] que estão na Biblia Hebraica: 10 no Pentateuco, 4 nos Profetas e 1 nos Escritos). As referências bíblicas fornecidas pela nota massorética do Códice L para os 15 itens lexicais com os puncta extraordinaria são: Pentateuco: Gn 16.5; 18.9; 19.33; 33.4; 37.12; Nm 3.39; 9.10; 21.30; 29.15 e Dt 29.28; Profetas: 2Sm 19.20; Is 44.9; Ez 41.20 e 46.22 e Escritos: SI 27.13.48 49 No manuscrito lQIsa a unidade lexical em Isaías 44.9 encontra- -se sobrescrita: בלהםה ועדיהמה (hebr. e as testemunhas deles eksnem)A9 Tal intervenção escribal indicaria alguma 43 Cf. Ulrich, 2010, p. 414 e 513. 44 Cf. Würthwein, 1995, p. 108. 45 Cf. Fischer, 2013, p. 170. 46 Cf. Ulrich, 2010, p. 414 e 514. 47 Puncta extraordinaria (lat. pontos extraordinarios): marcações escribáis efetuadas pelos antigos escribas judeus no primitivo texto bíblico hebraico, denominado Texto Protomassorético. Quando surgiu o Texto Massorético, a partir do 7o século, os puncta extraordinaria foram mantidos pelos massoretas. Os puncta extraordinaria são pequenos pontos colocados acima de determinadas letras de algumas palavras e expressões e tal pormenor textual é, segundo os estudiosos bíblicos, relacionado, possivelmente, com correções ao texto. A prática de se colocar pontos acima das palavras com 0 propósito de correção já é constatada nos Manuscritos do Deserto da Judeia, como, por exemplo, no manuscrito lQIsa, em Isaías 36.7, onde a expres- são em Jerusalém possui a seguinte redação: בר־וש^ם. Esta locução foi suprimida e não consta no Texto Massorético e nem nas versões bíblicas antigas. Os puncta extraordinaria aparecem, ao todo, em 15 passagens (dez no Pentateuco, quatro nos Profetas e uma nos Escritos), dentre as quais se destacam as seguintes: Gn 18.9; Dt 29.28; 2Sm 19.20; Ez 46.22; SI 27.13, entre outras passagens, cf. Frensdorff, 1972, § 96, p. 96; Díaz Esteban, 1975, § 79, p. 132-133; Butin, 1969, p. 1-130; Τον, 2012, p. 51-52; idem, 2017, p. 52-53; Würthwein, 1995, p. 16; Fischer, 2013, p. 19-20; Kelley, Mynatt e Crawford, 1998, p. 153 e Francisco, 2008, p. 226-229. 48 Cf. Freedman et alii, 1998, fól. 488a, p. 987. 49 Cf. Ulrich, 2010, p. 417. XXIDIFICULDADES TEXTUAIS possível correção no texto bíblico hebraico, como a supressão de tal unidade lexicográfica. Τον explana que no Texto Protomassorético a palavra em Isaías 44.9 teria sido considerada imprópria, supérflua ou incorreta, sendo omitida. Ele comenta, ainda, que a lexia é difícil no contexto do versículo.50 Butin, Würthwein, Fischer e Francisco explicam que os puncta extraordinaria indicariam possíveis correções no texto, como a supressão de alguma palavra, entre outros motivos.51 Sobre o assunto, no bloco superior do aparato critico da B H K é achada a seguinte anotação: sic tn; dl (o vocábulo está assim no Texto Massorético; a palavra é para ser deletada); o apa- rato crítico da BHS registra a seguinte nota: > pc Mss (0 item lexical é ausente em poucos manuscritos hebraicos medievais) e nos blocos I, II e III do aparato crítico da HUB constam as seguintes informações: bloco I: ט ~ (na Vulgata há sequência alterada de palavras); bloco II: Is-a (pm) > (a lexia no manuscrito 1 QIsa [a primeira mão do escriba original] está ausente); bloco III: KG om (as edições de Kennicott e Ginsburg omitem a palavra). No aparato crítico da BQS é encontrada a seguinte anotação: המה lQIsa3] המה mL (puncta extraordinaria); > mmss (a palavra sobrescrita הםה lhebr·das] é atestada pelo manuscrito 1 QIsa; a palavra המה [hebr. elas] é atestada pelo Códice L [com os puncta extraordinaria}·, a lexia é omitida em manuscritos do Texto Massorético).52 Portanto, as edições acadêmicas do texto bíblico hebraico são unânimes em comunicar que 0 vocábulo em Isaías 44.9 nem sempre é atestado por várias fontes, sendo suprimido, inclusive, em alguns manuscritos do Texto Massorético. A seguinte situação é constatada nas antigas versões da Bíblia: na Septuaginta a palavra é omitida; na Vulgata a lexia ipsi (lat. elas mesmas) é trocada de lugar, sendo colocada antes da locução testes eorum (lat. as testemunhas deles) e no Targum de Jônatas ben Uziel é encontrado o vocábulo איבון (aram. eles). À vista disso, em tais obras bíblicas, ora a unidade lexicográfica é omitida, ora é trocada de lugar, ora é traduzida. No ATIf é achada a palavra eux (ff. eles). A unidade lexical com os puncta extraordinaria em Isaías 44.9 é traduzida no ATI, pois é parte integrante da tradição escribal do Texto Massorético, ainda que a mesma seja suprimida em alguns manuscritos hebraicos da Idade Média e em determinadas versões bíblicas. Isaías 47.13 hebr. céus). Situação de ketiv e qerê no Texto Massorético. A) שמים (qeré: os que decompõem de) המרי,(Jketiv) המרו raiz verbal המר é de significado duvidoso e controverso, além de ser um hapax legometion.53 54 Em termos de morfo- logia, a referida forma verbal é participio plural masculino, em estado construto, na conjugação qal. Constata-se que não há unanimidade entre os vários dicionários de hebraico bíblico concernente à definição precisa da raiz verbal em destaque. Além disso, algumas obras dicionarísticas se limitam apenas a substantivar o item verbal: Kirst et alii definem como astrólogo-, Holladay determina também como astrólogo, e comenta que seriam aqueles que classificam (os céus, para astrobgia); Alonso Schòkel estabelece como dividir, mas demonstra dúvidas; ele cogita que seriam os que dividem, distribuem, fazem 0 mapa celeste, astrólogo·, Brown, Driver e Briggs definem como dividir, mas dizem que a acepção é duvidosa; eles falam que a unidade lexical verbal seria relacionada com a perscrutação dos signos do zodíaco ou com outra divisão astrológica dos céus׳, eles informam, ainda, que 0 trecho bíblico em realce é, provavelmente, corrompido e conjecturam que a leitura da unidade lexical verbal poderia ser חקרי (hebr. os que espiam de) (cf. Jz 18.2); Koehler e Baumgartner determinam, igualmente, como astrólogo, comentando que seriam aqueles que dividem a esfera celestial (para astrologia)·, eles argumentam que 0 item verbal teria alguma rela- ção com a raiz verbal de procedência árabe habbara (cortar em pedaços)·, eles cogitam, ainda, que haveria possível conexão com o item lexicográfico verbal de proveniência ugarítica hbr (reverenciar a, cultuar a) e Clines fornece duas acepções possíveis para a raiz verbal em discussão e ambas para o segmento de Isaías 47.13: dividiros céus, e cultuar os céus.M As antigas versões da Bíblia, cada uma à sua maneira, lidam com o trecho da seguinte maneira: a 50 Cf. Tov, 2012, p. 52, n. 66 e idem, 2017, p. 53, n. 66. 51 Cf. Butin, 1969, p. 108, 109, 116 e 117;Würthwein, 1995, p. 16; Fischer, 2013, p. 20 e Francisco, 2008, p. 227. 52 Cf. Ulrich, 2010, p. 417. 53 Cf. Even-Shoshan, 1997, p. 279. 54 Cf. Kirst et alii, 2014, p. 52; Holladay, 2010, p. 106; Alonso Schòkel, 2004, p. 166; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 211; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 237 e Clines, 2009, p. 85. DIFICULDADES TEXTUAISXXII Septuaginta verte como oí άστρολόγοι του ουρανού (gr. 05 astrólogos do céu)·, a Vulgata traduz como augures caeli (lat. os áugures dos céus) e oTargum de Jônatas ben Uziel verte como שמא למזלת מסכן (aram. 05 que olham as constelações dos céus). No ATIf optou-se em traduzir 0 item verbal como qui divisent (fr. que dividem). No manuscrito lQIsa é encontrada a leitura חוכרי (hebr. 05 que encantam de {?}) e 0 manuscrito lQIsb registra a leitura [חברי (hebr. 05 que encantam de] {}}).55 A B H K apenas se limita a mencionar a situação de ketiv e qerê no bloco superior de seu aparato crítico, não fornecendo mais informações a respeito; a BHS também cita somente o caso de ketiv e qerê e menciona a grafia encontrada no manuscrito 1 QIsa e nos blocos II, III e IV do aparato críticoda HUB, da mesma maneira, consta a menção à situação de ketiv e qerê (blocos III e IV), além de se referir à grafia registrada tanto no manuscrito lQIsa quanto no tratado Berakhot doTalmude Babilónico (bloco II). No aparato crítico da BQS é registrada a seguinte observação:חוכרי lQIsa3 <S (oi άστρολόγοι)] חברי m q (2 - TiL) (err?) (0 manuscrito lQIsaרו registra a leitura חוכרי [hebr. 05 que encantam de {?}], a Septuaginta possui a leitura oi άστρολόγοι (gr. 05 astrólogos); a leitura הם־י [hebr. 05 que decompõem de] é o qerê do Texto Massorético [o Códice L possui o ketiv חברו] [seria algum erro?]).55 56 No ATI a tradução tem como base, mas apenas parcialmente, as possibilidades que são citadas por Holladay, Alonso Schõkel, Brown, Driver e Briggs, Koehler e Baumgartner e Clines, mesmo que não haja certeza absoluta sobre a real significação da supracitada raiz verbal em Isaías 47.13. Isaías 48.14 כשדים וזרעו בבבל (hebr. contra a Babilônia e 0 braço dele os caldeus). O segmento apresenta, possivelmente, algum problema redacional. Sobre a problemática textual, no bloco inferior do aparato crítico da BHK consta a se- guinte anotação: 1 '32 vel potius (cf ®) כ׳ ומרע (o trecho é para ser lido como בכלך־ים [hebr. contra os caldeus] ou preferivelmente [cf. a Septuaginta] □ בשדי ובזרע [hebr. e contra a semente dos caldeus]); no aparato crítico da BHS é registrada a seguinte nota: <S σπέρμα, 1 (הרע וכד ) (a Septuaginta possui a leitura σπέρμα [gr. semente], a palavra é para ser lida como וזרע [hebr. e a semente de] [מרע hebr. e contra a semente de]); no bloco I do aparato crítico ,ו da HUB é encontrada a seguinte anotação: 1P diff (a Septuaginta possui, de modo geral, uma leitura diferente) e no bloco II é registrada a seguinte nota: Is-a כשדיים זרועו (o manuscrito 1 QIsa possui a leitura כלויייס זרועו [hebr. 0 braço dele os caldeus]). No aparato crítico da BQS é encontrada a seguinte observação:זרועו lQIsa3] וזרעו tn; τού άραι σπέρμα <5 (a leitura זרועו [hebr. 0 braço dele] é registrada no manuscrito 1 QIsa; a leitura וזרעו [hebr. e 0 braço dele] é atestada pelo Texto Massorético; a leitura τού άραι σπέρμα [gr. para eliminar semente] é registrada na Septuaginta). No manuscrito lQIsa a locução inteira possui a seguinte redação: בשדיים זרועו בבבל (hebr. contra a Babilônia 0 braço dele os caldeus) (falta a conjunção waw no segundo componente e há duas letras yod no último componente).57 58 A locução é assim traduzida pelas antigas versões da Bíblia: a Septuaginta verte como έπι Βαβυλώνα τού άραι σπέρμα Χαλδαίων (gr. sobre a Babilonia para eliminar sememe de caldeus); a Vulgata traduz como in Babylone et brachium suum in Chaldeis (lat. na Babilonia e moverá o seu braço nos caldeus) e o Targum de Jônatas ben Uziel verte como ככסד־אי ינלי נבורתיה ךו־ע ותקוף בבבל (aram. na Babilonia e o poder da semente das forças dele se revelarão entre os caldeus). No ATIfé encontrada a seguinte redação: envers Babylone et sa descendance les Chaldéens) (ff. para com a Babilonia e a sua descendência, os caldeus). No ATI a tradução segue a leitura do Texto Massorético, apesar da redação complexa da mesma. Isaías 57.13 é de significado muito duvidoso, além de ser um קבוץ hebr. 05 teus ídolos juntados). O item lexicográfico) קבוציך hapax legomenon.5B Alguns hebraístas conjecturam que a palavra deveria ser lida como שקוץ (hebr. ídolo repugnante, cf. Dt 29.16; objeto sacro repugnante, cf. Na 3.6; alguma coisa repugnante, cf. Os 9.10 e alimento sacro repugnante, 55 Cf. Ulrich, 2010, p. 424 e 521. 56 Cf. Ulrich, 2010, p. 424. 57 Cf. Ulrich, 2010, p. 426. 58 Cf. Even-Shoshan, 1997, p. 997. XXIIIDIFICULDADES TEXTUAIS cf. Zc 9.7). Nos dicionários de hebraico bíblico verifica-se a situação a seguir: Kirst et alii, não fornecendo ne- nhuma acepção, informam, somente, que a lexia é de significado desconhecido; Holladay diz que é vocábulo inexplicável, e cogita que na maioria das vezes é lido como שקוציך (hebr. os teus ídolos repugnantes)·, Alonso Schõkel estabelece como grupo, concorrência, mas diz que o item lexical é duvidoso, talvez devendo ser lido como שקוץ (hebr. ídolo)·, Brown, Driver e Briggs, relacionando a lexia com a raiz verbal קבץ (hebr. juntar), definem como amontoado (de ídolos)·, eles também deduzem que a palavra poderia ser lida, talvez, como שקוציך (hebr. os teus ídolos repugnantes)·, Koehler e Baumgartner, do mesmo modo, vinculando 0 item lexicográfico à raiz verbal קבץ (hebr .juntar), apresentam várias opções possíveis, mas sem fornecerem qual seria a mais adequada ao contexto de Isaías 57.13; eles comentam que 0 significado preciso é incerto e as versões bíblicas diferem entre si (cf. abaixo); eles fornecem algumas possibilidades de tradução: as tuas coleções de deuses, 0 teu panteão ou a tua coleção de ídolos-, eles também comentam que existe a leitura hipotética שקוציך (hebr. os teus ídolos repugnantes), mas não demons- tram apoio a tal conjectura e Clines, da mesma maneira, conectando a unidade lexicográfica à raiz verbal קבץ (hebr. juntar), define como coleção (de imagens).59 Jastrow, registrando as grafias קיבוץ e קבוץ no hebraico rabínico, estabelece como ajuntamento, reunião. Em conformidade com Brown, Driver e Briggs, Koehler e Baumgarmer e Clines, Jastrow relaciona a lexia com a raiz verbal קבץ (hebr. juntar).60 A unidade lexical em relevo é assim tratada pelas versões clássicas da Bíblia: a Septuaginta traduz como έν τη θλίψει σου (gr. na tua tribulação)·, a Vulgata verte como congregad tui (lat. os que tu tens ajumado) e oTargum de Jônatas ben Uziel traduz como 'שקן־יך עובד־ (aram. as ações da tua mentira). No ATIf optou-se por traduzir a lexia como tes collections (fr. tuas coleções). No manuscrito lQIsa a palavra é redigida como uma forma de participio plural: קובצ*ך (hebr. os teus que são ídolos juntados) e 0 manuscrito 4QIsd, aparentemente atestando a leitura do texto bíblico hebraico de tradição massorética, registra a redação קבציך (hebr. os teus ídolos juntados) (0 caractere waw é ausente após a letra bêt).6' A BHK, a HUB e a BQS mencionam as mesmas informações já elencadas pelas obras dicionarísticas dedicadas ao hebraico bíblico. A BHS não se ocupa da problemática em discussão. No ATI, 0 vocábulo קבוץ é tratado como derivação da raiz verbal קבץ (hebr. juntar), sendo traduzido como os teus ídolos juntados, mesmo que não haja certeza indubitável sobre o seu significado exato. Isaías 61.1 hebr. abertura de olhos). Unidade lexicográfica de complexa tradução, além de possuir ortografia duvidosa) פקח־קוח e ser um hapax legomenon. Os hebraístas fornecem as seguintes possibilidades de tradução: Kirst et alii estabelecem como abertura (de cárcere),libertação׳, Holladay define como abertura (referindo-se à visão)·, Alonso Schõkel determina como liberdade-, Brown, Driver e Briggs explicam que seria abertura (de olhos), sendo, alegóricamente, como libertação de prisão escura·, Koehler e Baumgarmer explanam que seria abertura, isto é, libertação (de prisioneiros) e Clines apre- senta a seguinte explicação: libertação (talvez, literalmente, abertura [de olhos], depois de liberação de prisão).59 60 61 62 Gesenius. Kautzsch e Cowley registram a grafia פקחקוח, a definindo como abertura; eles comentam, ainda, que a mesma seria um evidente erro de ditografia, sugerindo que a leitura deveria ser פקח (hebr. descerrar), como em Isaías 42.7. Joüon e Muraoka classificam a lexia em discussão como pertencente à conjugação rara pe‘al‘01, a definindo como grande libertação.63 A palavra é registrada em três documentos de Isaías achados nas cavernas 1 e 4 de Qumran, mas com variações de ortografia: 0 manuscrito 1 QIsa registra como פקחקוח (hebr. abertura de olhos), o manuscrito lQIsb escreve 59 Cf. Kirst et alii, 2014, p. 210; Holladay, 2010, p. 443; Alonso Schõkel, 2004, p. 568; Brown, Driver e Briggs, 1996, p. 868; Koehler e Baumgarmer, 2001, p. 1061 e Clines, 2009, p. 386. 60 Cf. Jastrow, 2005, p. 1354. 61 Cf. Ulrich, 2010, p. 443 e 541. 62 Cf.
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