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ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020 2 AUTORIDADES Governador do Estado do Rio de Janeiro Exmº Sr Cláudio Castro Secretário de Estado de Polícia Militar Exmº Sr Coronel PM Luiz Hemrique Marinho Pires Subsecretário de Estado de Polícia Militar Ilmº Sr Coronel PM Carlo Eduardo Sarmento da Costa Diretor-Geral de Ensino e Instrução Ilmº Sr Coronel PM Marco Aurelio Ciarlini Guarabyra Vollmer Comandante do CFAP 31 de Voluntários Ilmº Sr Coronel PM Marcelo André Teixeira da Silva Comandante do Centro de Educação a Distância da Polícia Militar Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Alexandre Moreira de Soares ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020 3 APRESENTAÇÃO Atualmente, conhecimento, informação, tecnologia e serviço constituem valores de primeira grandeza, capazes de transformar o ambiente interno e externo das organizações sociais e das instituições públicas. No intuito de instigar a autonomia, permitir a flexibilidade temporal, evitar o deslocamento de efetivo e facilitar questões de cunho logístico, o Comando da Corporação, através da proposta do Diretor-Geral de Ensino e Instrução, interligando os eixos acima supracitados, oferece a você, Sargento da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, o Curso Especial de Formação de Sargentos EAD/2021 (CEFS – EAD/2021). Este curso tem por objetivo não só capacitar, mas confirmar as divisas dos policiais militares já promovidos à graduação de 3º Sargento. Para tanto, as disciplinas do CEFS serão todas no ambiente virtual de aprendizagem, através da Escola Virtual, do Centro de Educação a Distância da Polícia Militar (CEADPM). Assim, ressaltamos a importância de sua dedicação ao curso, pois um policial militar bem formado, bem treinado, capacitado e motivado para o cumprimento da missão, conhecedor dos valores institucionais alicerçados sob a base do conhecimento, da informação, da tecnologia e do serviço é capaz de consolidar e aprimorar a sua consciência democrática; cultivar elevados padrões morais para continuar com dignidade no exercício da profissão; garantir o respeito às leis e a dedicação ao cumprimento do dever; estimular o senso de responsabilidade e o interesse pela comunidade; dentre outros. Desta forma, esperamos que com este curso você, policial militar, possa estar fortalecendo seu vínculo profissional, repensando o seu papel como profissional diante da necessidade de soluções cada vez mais rápidas e dentro da legalidade para os mais complexos problemas enfrentados no singular cotidiano do Estado do Rio de Janeiro. Desejamos a todos bons estudos! Marco Aurelio C. Guarabyra Vollmer Coronel PM - Diretor-Geral de Ensino e Instrução Marcelo André Teixeira da Silva Coronel PM - Comandante do CFAP ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 4 Desenvolvedores CEADPM Supervisão EAD MAJ PM Rodrigo Fernandes Ferreira Equipe Técnica SUBTEN PM Willian Jardim de Souza 3º SGT PM Edson dos Santos Vasconcelos SD PM Lucas Almeida de Oliveira SD PM Diogo Ramalho Pereira Diagramação 2º SGT PM Alan dos Santos Oliveira 2º SGT PM Wallace Reis Fernandes CB PM Michele Pereira da Silva de Oliveira CB PM Vanessa Souza Rino Bahia Design Instrucional 1º SGT PM Eloisa Cláudia Clemente de Almeida CB PM Michele Pereira da Silva de Oliveira Filmagem e Edição de Vídeo CB PM Renan Campos Barbosa SD PM Alessandra Albuquerque da Silva Designer Gráfico / Diagramação Interativa 2º SGT PM Wallace Reis Fernandes SD PM Leonardo da Silva Ramos Suporte ao Aluno CB PM Vanessa Souza Rino Bahia CFAP Supervisão Geral e Coordenação Pedagógica CAP PM Ped Patrícia Kalife Paiva Equipe Técnica CB PM Juliana Pereira de Carvalho Conteudista Divisão de Ensino CFAP 31 Vol ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................ 6 CONCEITOS BÁSICOS DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 7 A OCORRÊNCIA ................................................................... 11 EXAME DA CENA .................................................................. 14 SUPORTE BÁSICO DE VIDA.................................................. 27 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO DEA ............................ 39 TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS ............... 45 MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM CRIANÇAS E LACTENTES ..................................................... 50 CHOQUE .............................................................................. 52 HEMORRAGIA ...................................................................... 56 QUEIMADURAS .................................................................... 63 EMERGÊNCIAS CLÍNICAS .................................................... 73 TRAUMATISMO .................................................................... 78 TRAUMA TORÁCICO ............................................................. 86 TRAUMA ABDOMINAL .......................................................... 91 TRAUMA MÚSCULO – ESQUELÉTICO .................................... 96 TRANSPORTE E MANIPULAÇÃO DE VÍTIMA DE TRAUMATISMO .........................................................................................104 CONCLUSÃO ...................................................................... 114 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................... 115 ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 6 INTRODUÇÃO A disciplina de Atendimento Pré-hospitalar tem por objetivo abordar situações de urgências e emergências mais comumente encontradas pelo Agente de Segurança Pública nas ocorrências diárias, bem como as principais condutas a serem tomadas até a chegada de equipe especializada para atendimento e transporte do paciente ao hospital. Estudaremos o Suporte Básico de Vida visando o atendimento prestado a uma vítima de mal súbito, queimaduras, traumatismo e intoxicações visando à manutenção de seus sinais vitais e à preservação da vida, além de evitar o agravamento das lesões existentes, até que uma equipe especializada possa transportá-la ao hospital e oferecer um tratamento definitivo. Um bom aproveitamento para todos! ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 7 CONCEITOS BÁSICOS DE ATENDIMENTO PRÉ- HOSPITALAR Responsabilidades do socorrista É da maior importância que o socorrista conheça e saiba colocar em prática o suporte básico de vida. Saber fazer o certo na hora certa pode significar a diferença entre a vida e a morte para um acidentado. Além disso, os conhecimentos na área podem minimizar os resultados decorrentes de uma lesão, reduzir o sofrimento da vítima e colocá-la em melhores condições para receber o tratamento definitivo. Atendimento pré-hospitalar (aph) É o conjunto de procedimentos técnicos realizados no local da emergência e durante o transporte da vítima, visando mantê-la com vida e estável, evitando o agravamento das lesões existentes e fornecendo um transporte rápido e adequado até um serviço de referência. O socorrista É pessoa tecnicamente capacitada e habilitada para, com segurança, avaliar e identificar problemas que comprometam a vida. Cabe ao socorrista prestar o adequado socorro pré-hospitalar e o transporte do paciente sem agravar as lesões já existentes. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 8 É uma atividade regulamentada pelo Ministério da Saúde, segundo a portaria N° 2048, de 05 de novembro de 2002. O socorrista possui umtreinamento mais amplo e detalhado que uma pessoa prestadora de socorro. Atributos do socorrista Os principais atributos inerentes à função do socorrista são: a) Ter conhecimento técnico e capacidade para oferecer o atendimento necessário; b) Aprender a controlar suas emoções, ser paciente com as ações anormais ou exageradas daqueles que estão sob situação de estresse; c) Ter capacidade de liderança para dar segurança e conforto ao paciente. Responsabilidades do socorrista As responsabilidades do socorrista no local da emergência incluem o cumprimento das seguintes atividades: Ter conhecimento acerca da necessidade de utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) e fazer uso dos mesmos; Controlar o local do acidente, identificando e gerenciando os riscos, de modo a proteger a si mesmo, sua equipe, o paciente e prevenir outros acidentes; Colher o maior número possível de informações junto à base, tais como tipo de acidente, nº e situação das vítimas, se já foi ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 9 acionado outro órgão para o local (recursos adicionais), pontos de referência do local da ocorrência etc... Obter acesso seguro ao paciente e utilizar os equipamentos necessários para a situação; Identificar os problemas utilizando-se das informações obtidas no local, através da cinemática do trauma e pela avaliação do paciente; Fazer o melhor possível para proporcionar uma assistência de acordo com seu treinamento, não correndo riscos desnecessários. Tentar fazer o que estiver ao seu alcance para socorrer uma vítima, desde que a cena esteja segura para si e sua equipe primeiramente; Decidir quando a situação exige a mobilização ou mudança da posição ou local do paciente. O procedimento deve ser realizado com técnicas que evitem ou minimizem os riscos de lesões adicionais; Solicitar, se necessário, auxílio de terceiros presentes no local da emergência e coordenar as atividades; Fornecer um atendimento humanizado ao paciente, tratando com dignidade e respeito à vida humana. Direitos do paciente a) Solicitar e receber atendimento; b) Exigir sigilo sobre suas condições; c) Denunciar a quem não lhe prestou socorro e/ou não fez sigilo de sua condição; ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 10 d) Recusar o atendimento conforme o caso. Termos usuais Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a uma pessoa cujo estado físico coloca em perigo a sua vida ou a sua saúde, com o fim de manter as suas funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, até que receba assistência médica especializada. Urgência: Condição indica gravidade, mas geralmente não perigosa. Estado que necessita de encaminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é encontrada e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível. Ex.: queimaduras; estado de pânico agudo; dor abdominal grave. Emergência: Condição potencialmente ameaçadora a vida ou à ação normal de um órgão em estado grave, que necessita atendimento médico imediato com a mais alta prioridade. Ex.: parada cardíaca; choque profundo; traumatismo craniano. Acidente: Fato do qual resulta pessoas feridas e/ou mortas que necessitam de atendimento. Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resulta pessoas mortas ou feridas, mas que pode oferecer risco futuro. Sinal: É a informação obtida a partir da observação da vítima. Sintoma: É informação a partir de um relato da vítima. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 11 Suporte Básico da Vida: É uma medida de emergência que consiste no reconhecimento e correção da falência do sistema respiratório e/ou cardiovascular, ou seja, manter a pessoa respirando, com pulso e sem hemorragias. Trauma: Aplicação de uma força que supera a capacidade de resistência do corpo ou parte dele, provocando lesões de extensão, intensidade e gravidade variáveis, que podem ser produzidas por agentes diversos (físicos ou químicos), sendo de forma acidental e ou intencional, agindo instantânea ou prolongadamente, provocando perturbação somática e/ou psíquica. A OCORRÊNCIA Evento causado pelo homem, de forma intencional ou acidental, por fenômenos naturais, ou patologias, que podem colocar em risco a integridade de pessoas ou bens e requer ação imediata de suporte básico de vida, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida ou sobrevida aos pacientes, bem como evitar maiores danos à propriedade ou ao meio ambiente. Acionamento e comunicação protocolar de emergência Dados a solicitar ou confirmar durante o deslocamento para a cena de emergência ou para acionamento dos serviços públicos ou privados de socorro: Local do acidente (ponto de referência); Solicitante; Natureza da ocorrência; N.º de vítimas e idade aproximada; Gravidade das vítimas; Ações já empreendidas. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 12 Reconhecimento do local da ocorrência Reconhecimento da situação, realizado pelo socorrista no momento em que chega ao local da emergência. O reconhecimento é necessário para que o socorrista possa avaliar a situação inicial, decidir o que fazer e como fazer. Avaliação do local O socorrista deverá avaliar o local da ocorrência, observando principalmente os seguintes aspectos: A situação; Potencial de risco; As medidas a serem adotadas; Adoção de medidas de proteção individual (EPI). Após avaliar o local, o socorrista deverá gerenciar os riscos presentes na cena e acionar o serviço de emergência. Deve se conhecer os procedimentos para o planejamento das ações conforme definido previamente no plano de emergência da planta. Ex.: Em alguns pontos da planta será viável a retirada do trabalhador acidentado por plataforma e em outros por corda, por exemplo, bem como medidas padronizadas para riscos específicos de acordo com cada setor ou ponto de trabalho. referência nas proximidades do local de trabalho. com de hospitais dos localização à se ser conhecido deve – transporte, antecedência Caso a equipe de resgate seja dotada de veículo de ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 13 Gerenciamento dos riscos Consiste na avaliação minuciosa por parte do socorrista em toda a cena de emergência, possibilitando eliminar ou minimizar as situações de risco existentes. Equipamentos de proteção individual (epi) Avaliação geral do paciente A avaliação é a pedra fundamental para o melhor atendimento ao doente. A primeira meta é determinar a situação atual da vítima. Desenvolve-se uma impressão geral, estabelecem-se valores basais para os estados respiratórios, circulatório e neurológico. Em seguida, são rapidamente encontradas e tratadas as condições que ameaçam a vida. Se o tempo permitir, mais frequentemente quando o transporte está sendo efetuado, é feita uma avaliação detalhada de lesões sem risco de vida ou que comprometam membros. Todas essas etapas são realizadas com rapidez e eficiência com o intuito de minimizar o tempo gasto na cena. Não se pode permitir que doentes graves permaneçam no local do trauma para outro cuidado que não o de estabilizá-los para transporte, a menos que estejam presos ou existam outras complicações que impeçam o transporte imediato. De acordo com o PHTLS 8ª Edição, o processo de avaliação geral do paciente divide-se em quatro fases distintas, a saber: Exame da cena; Exame primário; EPI’s são equipamentos destinados à proteção da integridade física do socorrista durante a realização de atividades onde possam existir riscos potenciais a sua vida. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 14 Exame secundário; Monitoramento e reavaliação.EXAME DA CENA Antes de iniciar o atendimento propriamente dito, a equipe de socorro deve garantir sua própria condição de segurança, a das vítimas e a dos demais presentes. De nenhuma forma qualquer membro da equipe deve se expor a um risco com chance de se transformar em vítima, o que levaria a deslocar ou dividir recursos de salvamento disponíveis para aquela ocorrência. Exame primário Podemos conceituá-lo como sendo um processo ordenado para identificar e corrigir, de imediato, problemas que ameacem a vida em curto prazo. No doente traumatizado multissistêmico grave, a prioridade máxima é a identificação e o atendimento rápido de condições que ameacem a vida. Mais de 90% dos doentes traumatizados possuem ferimentos que envolvem apenas um sistema. Para esses, há tempo para fazer tanto o exame primário quanto o secundário completo. Para doentes traumatizados graves, o socorrista não pode fazer mais do que o exame primário. A ênfase é na avaliação rápida, utilizando cinco etapas (ABCDE do trauma). O paciente multissistêmico possui lesões que afetam mais de um sistema do corpo, incluindo os sistemas pulmonar, circulatório, neurológico, gastrointestinal, musculoesquelético e tegumentar. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 15 A - (Airway) permeabilidade das vias aéreas e controle da coluna cervical. B- (Breathing) ventilação. Se a vítima respira e como se processa essa respiração. C- (Circulation) verificar pulso, hemorragia e risco de estado de choque. D- (Disability) incapacidade neurológica. E- (Exposure) exposição de ferimentos. Como Realizar o Exame primário 1. Observe visualmente a cena (cinemática do trauma) e forme uma impressão geral do paciente; 2. Apresente-se ao paciente e solicite o seu consentimento. “Eu sou o... (nome Agente), Policial Militar, e estou aqui para te ajudar. O que aconteceu contigo? ’’. Uma resposta adequada permite esclarecer que a vítima está consciente, que as vias aéreas estão permeáveis e que respira; 3. Vias aéreas (A): Avalie a sua permeabilidade e estabilize manualmente a coluna cervical, utilizando a manobra do empurre mandibular (em caso de trauma). Para casos clínicos, será necessária somente a abertura de VA’s, utilizando a manobra de elevação do queixo; 4. Avalie a respiração (B) do paciente (usar a técnica do ver, ouvir e sentir – VOS). Observe sinais de respiração difícil (rápida, profunda, ruidosa). Caso o paciente não respire, faça a abertura de sua cavidade oral e visualize a presença de algum corpo estranho ou excesso de secreção na cavidade. Caso exista, faça uma varredura digital ou uma aspiração. Posteriormente, deverão ser efetuadas duas ventilações de resgate e observar se houve passagem do ar (elevação do tórax e/ou abdome). ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 16 Em caso negativo, iniciar manobra de desobstrução de vias aéreas (OVACE). Em caso positivo, checar pulso carotídeo: paciente com pulso iniciar reanimação pulmonar (esses procedimentos serão descritos logo adiante); Quando a vítima se encontra inconsciente, o tônus muscular é insuficiente, posto que a língua e a epiglote pode obstruir a chegada de ar até os pulmões. A fim de permitir a respiração ou o acesso fácil para aspiração bilateral, é introduzida uma cânula orofaríngea nesses pacientes. Caso tenham reflexos de vômito, não deverá ser colocada; FIGURA 1 – AVALIAÇÃO DAS VIAS AÉREAS. FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL) FIGURA 2 – AVALIAÇÃO DA RESPIRAÇÃO. FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL) ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 17 5. Verifique a circulação (C) do paciente (avalie o pulso carotídeo em adultos e crianças, e braquial em lactentes): paciente sem pulso iniciar RCP; verifique a presença de hemorragias e perfusão. A perfusão > 2s, associada a outros sinais tais como cianose, palidez, pele fria e úmida, pode indicar um comprometimento da oxigenação dos tecidos ou choque; 6. Verifique nível de consciência (D) (Escala de coma de Glasgow), para a avaliação do grau de comprometimento neurológico e da evolução do quadro. Ao verificar a resposta ocular, examine as pupilas. Observe a sua reatividade e simetria; 7. Exposição dos ferimentos (E). Retirar vestimentas pesadas que impeçam a correta avaliação da existência de ferimentos; expor somente as partes lesionadas para tratamento; prevenir o choque; preservar dentro das possibilidades, a intimidade do paciente; 8. Decida a prioridade para o transporte, através da escala CIPE; 9. Coloque colar cervical; 10. Administre oxigênio. Escala CIPE Ao término do exame primário, o socorrista deverá classificar o paciente de acordo com a gravidade de suas lesões ou doença. Essa classificação é baseada na escala CIPE. Crítico Parada respiratória ou cardiorrespiratória. Instável Paciente inconsciente (Glasgow <13), com choque descompensado (choque com perfusão >2s), dificuldade respiratória severa, com lesão grave de cabeça e/ou tórax. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 18 Potencialmente instável Paciente vítima de mecanismo agressor importante, em choque compensado (perfusão <2s), portador de lesão isolada importante ou lesão de extremidade com prejuízo circulatório ou neurológico. Estável Paciente portador de lesões menores e sinais vitais normais. Os pacientes críticos e instáveis devem ser tratados no máximo em 5 minutos no local da emergência e transportados de imediato. Nesses casos, o exame secundário deverá ser realizado durante o transporte para o hospital, simultaneamente com as medidas de suporte básico de vida. Já no caso dos pacientes potencialmente instáveis e estáveis, o socorrista deverá continuar a avaliação no local da emergência no máximo em 12 minutos e transportá-lo após sua estabilização. Colar Cervical e Oxigênio Após decidir sobre a prioridade de transporte, a equipe de socorristas deverá realizar um rápido exame físico na região posterior, anterior e lateral do pescoço e, em seguida, mensurar e aplicar o colar cervical de tamanho apropriado. Depois, os socorristas deverão avaliar a necessidade de ofertar oxigênio para o paciente. Para isto, deverão examinar o nariz, a boca e a mandíbula e através do emprego de uma máscara facial com reservatório de oxigênio. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 19 Exame secundário Você sabia que o exame secundário é avaliação da cabeça aos pés do doente? O socorrista deve completar o exame primário, identificar e tratar as lesões que ameaçam a vida antes de começar o exame secundário. Seu objetivo é identificar lesões ou problemas que não foram identificados durante o exame primário. É dividido em três etapas, que são realizadas simultaneamente por três socorristas. Caso não haja essa quantidade, pode haver acúmulo de função, sendo imprescindível sempre, um treinamento permanente da equipe para a harmonia dos trabalhos. Entrevista: Etapa da avaliação onde o socorrista 1 conversa com o paciente buscando obter informações dele próprio, de familiares ou de testemunhas, sobre o tipo de lesão ou enfermidade existente e outros dados relevantes. Sinais Vitais: Etapa da avaliação onde o socorrista 2 realiza a aferição da respiração, pulso, pressão arterial e temperatura relativa da pele do paciente. Exame físico detalhado: Realizado pelo chefe da equipe em todo o segmento corporal. Para tratar os pacientes de emergência clínica, os socorristas poderão utilizar os mesmos parâmetros recomendados nos casos de trauma, no entanto, não necessitam imobilizar a região cervical. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 20 Fique atento durante todo o processo de avaliação, pois algumas vezes a natureza da emergência pode não estarclaramente definida. Guia Para Realizar Uma Entrevista Se o paciente estiver consciente e em condições de respondê- lo, questione-o utilizando as seguintes perguntas (mnemônica AMPLA): Alergias: principalmente a remédios. Medicações: drogas prescritas ou não que o paciente toma regularmente. Passado médico e antecedente cirúrgico: problemas médicos importantes para os quais o paciente recebe tratamento. Inclui cirurgias prévias. Líquido e alimentos: muitos traumatizados necessitarão de cirurgia, e alimentação recente pode aumentar o risco de vômito e aspiração durante a indução da anestesia. Ambiente: Eventos que levaram ao trauma (o que aconteceu?). Pergunte ao paciente sobre sua queixa principal, o (s) local (s) que doem mais. Guia para aferir os sinais vitais Sinal É tudo aquilo que o socorrista pode observar ou sentir no paciente enquanto o examina. Exemplos: pulso, palidez, sudorese etc. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 21 Sintoma É tudo aquilo que o socorrista não consegue identificar sozinho. O paciente necessita contar sobre si mesmo. Exemplos: dor abdominal, tontura etc. Aferição de Sinais Vitais Pulso - É o reflexo do batimento cardíaco palpável nos locais onde as artérias calibrosas Estão posicionadas próximas da pele e sobre um plano duro. Valores normais Adulto: 60-100 batimentos por minuto (bpm); Criança: 80-140 bpm; Lactentes: 85-190 bpm. Respiração Processo fisiológico de troca de gases entre as artérias e o alvéolo. Valores normais Adulto: 12-20 ventilações por minuto (vpm); Criança: 20-40 vpm; Lactentes: 40-60 vpm. Temperatura É a diferença entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo humano. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 22 Valores normais 36,5 a 37,0 ºC – independente da faixa etária. Temperatura Relativa da Pele Em atendimento pré-hospitalar, o socorrista verifica a temperatura relativa da pele colocando o dorso da sua mão sobre a pele do paciente (na testa, no tórax ou no abdômen). O socorrista estima a temperatura relativa da pele pelo tato. Convém recordar que a pele é a grande responsável pela regulação da temperatura e poderá apresentar-se normal, quente ou fria, úmida ou seca. Durante o monitoramento, o socorrista deverá utilizar o termômetro clínico, para real certificação da temperatura corporal. Com relação à coloração, a pele poderá estar? Pálida, Ruborizada ou Cianótica. Pressão arterial (PA) - É definida como a pressão exercida pelo sangue circulante contra as paredes internas das artérias. A PA é verificada em dois níveis, a PA sistólica e a diastólica. Nas pessoas negras, a cianose poderá ser notada nos lábios, ao redor das fossas nasais e nas unhas. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 23 A sistólica é a pressão máxima à qual a artéria está sujeita durante a contração do coração (sístole). A diastólica é a pressão remanescente no interior do sistema arterial quando o coração fica relaxado (diástole). A pressão arterial é diretamente influenciada pela força do batimento cardíaco, quanto mais força, mais elevada a PA e o volume de sangue circulante. Valores normais Adulto: Sistólica - máxima 150 mmHg e mínima 100 mmHg. Diastólica - máxima 90 mmHg e mínima 60 mmHg. Criança Dentro desses valores, consideramos a PA normal; se exceder à máxima, denominamos alta (hipertensão) e, ao contrário, se não atinge o nível mínimo, denominamos baixa (hipotensão). Em geral não se afere PA em crianças com menos de 3 anos de idade. Nos casos de hemorragias ou choque, a PA mantém-se constante dentro de valores normais para no final desenvolver uma queda abrupta. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 24 Guia para realizar o exame físico detalhado O exame físico detalhado da cabeça aos pés deve ser realizado pelo socorrista em cerca de 2 a 3 minutos. O exame completo não precisa ser realizado em todos os pacientes. Ele pode ser realizado de forma limitada em pacientes que sofreram pequenos acidentes ou que possuem emergências médicas evidentes. Ao realizar o exame padronizado da cabeça aos pés, o socorrista deverá: Verificar a cabeça (couro cabeludo) e a testa; Verificar a face do paciente. Inspecionar os olhos, pálpebras e os ouvidos; Inspecionar o ombro bilateralmente proximal / distal; Inspecionar as regiões anterior e lateral do tórax; Inspecionar o abdômen em quatro quadrantes separadamente; Inspecionar as regiões anterior e lateral da pelve e a região genital; Inspecionar as extremidades inferiores (uma de cada vez). Pesquisar a presença de pulso distal, a capacidade de movimentação (motricidade), a perfusão e a sensibilidade (PPMS); Inspecionar as extremidades superiores (uma de cada vez). Pesquisar PPMS; Realizar o rolamento em monobloco e inspecionar a região dorsal. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 25 FIGURA 3 – EXAME FÍSICO DETALHADO. FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL) Monitoramento e reavaliação Você sabia que o monitoramento é realizado durante o transporte do paciente, devendo o socorrista reavaliar constantemente os sinais vitais e o aspecto geral do paciente? A reavaliação deverá ser realizada conforme a escala CIPE: CRÍTICO e INSTÁVEL: Reavaliar a cada 5 minutos. POTENCIALMENTE INSTÁVEL e ESTÁVEL: Reavaliar a cada 15 minutos. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 26 Escala de coma de glasgow (ECG) Fluxograma da avaliação geral do paciente ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 27 SUPORTE BÁSICO DE VIDA Você já ouviu falar em suporte básico de vida (SBV)? Sabe o que é? Vamos aprender? O suporte básico de vida (SBV) é uma sequência de medidas, aplicadas inicialmente no atendimento a vítimas em parada cardiorrespiratória, consiste em reconhecer a PCR, solicitar ajuda iniciar suporte ventilatório e circulação mecânica. Considerando que a fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular (TV) sem pulso são os ritmos mais frequentemente observados em adultos durante uma PCR, e que a desfibrilação elétrica precoce é a única terapia eficaz na conversão desse ritmo caótico, adicionou-se a desfibrilação à sequência da RCP. O termo Reanimação Cardiorrespiratória e Cerebral – RCRC vem sendo inserido na prática profissional em substituição ao termo RCP - Reanimação Cardiopulmonar. Busca-se com essa mudança, o entendimento de que as medidas iniciais devem objetivar não só o retorno da circulação espontânea, mas sim a prevenção ou minimização de lesão cerebral. Entretanto, abordaremos nessa apostila o termo RCP, para evitarmos quaisquer dúvidas. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 28 Definições Parada respiratória Supressão súbita dos movimentos respiratórios, que poderá ou não, ser acompanhada de parada cardíaca. São causas de parada respiratória por ordem de incidência: Doenças do pulmão; Trauma; Obstrução de Vias Aéreas; Acidente Cardiovascular (AVC); Overdose por drogas; Afogamento; Inalação de fumaça; Epiglotite e laringite; Choque elétrico. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 29 Parada cardíaca Segundo Guimarães ET AL (2005, p.1) parada cardíaca é “a cessação da atividade ventricular cardíaca e circulação sistêmica em indivíduo com expectativa de restauração das funções Cardio pulmonar e cerebral, não portador de moléstia crônica intratável ou em fase terminal”. A relação 30:2 proposta pela AHA é mundialmente aceita visto que até o momento é a que melhor apresenta confirmações científicas de eficácia. A antiga relação 15:2 caiu emdesuso, pois exigia que o socorrista interrompesse as compressões torácicas para realizar ventilações desnecessárias visto que o suprimento sanguíneo que chega ao coração está diminuído durante uma PCR, portanto não há necessidade de grandes quantidades de oxigênio (AHA, 2010). É o cessar da atividade mecânica do coração. É um diagnóstico clínico confirmado pela falta de resposta a estímulos, ausência de pulso detectável e apneia (ou respirações agônicas). Morte clínica e biológica A reanimação cardiopulmonar (RCP) é também uma aspiração médica, porque a morte clínica não é seguida instantaneamente da morte biológica. Ou seja, no momento em que um paciente apresenta sinais de morte clínica (inconsciência sem resposta a qualquer estímulo e ausência de movimentos respiratórios e de pulso), há ainda viabilidade biológica dos órgãos internos. Outra definição ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 30 Dessa forma, se for possível manter a oferta de oxigênio aos tecidos e recuperar a respiração e a circulação espontâneas, antes da morte biológica dos tecidos, a reanimação é conseguida com sucesso. Para alguns pacientes com parada cardiorrespiratória e com funções neurológica e cardiorrespiratória previamente preservada, a utilização rápida das técnicas de RCP, seguidas de cuidados médicos definitivos, pode ser salvadora. O tempo disponível de viabilidade dos tecidos antes da morte biológica é curto e o principal determinante do sucesso da RCP. Delineação da idade Com o objetivo de aplicar as técnicas conforme a idade da vítima é necessária definir tal situação: Adultos: vítimas que apresentem caracteres sexuais secundários (pré-adolescentes); Crianças: a partir de 1 (um) ano de idade até a presença de caracteres sexuais secundários; Bebês ou lactentes: até 1 (um) ano de idade; Neonatos ou recém-nascidos: das primeiras horas do parto até 28 dias. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 31 Diagnóstico É essencial para um melhor prognóstico, o reconhecimento de sinais que indiquem que o paciente está evoluindo para uma parada cardiorrespiratória. São eles: Alteração da respiração (taqui ou bradipnéia); Alteração do nível de consciência (torpor); Alteração do ritmo cardíaco (taquiarritmias, bradicardia). Na vigência da evolução desses sinais, teremos uma PCR, diagnosticada através de: inconsciência, ausência de movimentos respiratórios e ausência de pulso central (carotídeo e femoral). No lactente, dá-se preferência ao pulso braquial, palpado contra o úmero medialmente ao bíceps. Outros sinais podem ser identificados, como a midríase e a cianose. A dilatação pupilar (midríase) surge cerca de 45 segundos após a PC, completando-se em menos de 3 minutos. ABCD primário A reanimação cardiopulmonar requer uma sequência de procedimentos parecidos com o ABCD da avaliação inicial com a diferença que o “D” da RCP se refere à desfibrilação: A - Vias aéreas: manter as vias aéreas para a passagem do ar B - Respiração: ventilar os pulmões da vítima com pressão positiva C- Circulação: fazer compressões torácicas D - Desfibrilação: aplicação de choque para FV/TV sem pulso ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 32 Estabelecida que a vítima apresenta os sinais característicos de parada cardiopulmonar você deve iniciar os procedimentos de RCP. Para tanto o primeiro passo é garantir que a vítima esteja em decúbito dorsal (costas no chão). Vias aéreas (A) 1º passo: Na ausência de suspeita de trauma (vítimas clínicas), realize a manobra de inclinação da cabeça-elevação do queixo. Ao suspeitar de eventos traumáticos realizarem manobra de empurre mandibular. FIGURA 4 – ABERTURA DAS VIAS AÉREAS. FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL) 2º passo: inspecione a cavidade oral e certifique-se que não há nenhuma obstrução por prótese, vômito, sangue e outros. Retirar conforme técnicas já descritas. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 33 Respiração (B) Fazer o V O S (ver, ouvir e sentir). Se não há nenhuma movimentação do tórax e nenhum ar exalado, a vítima está em apneia. O ideal é que essa avaliação dure de 3 a 5 segundos. Se constatar que não há respiração, a respiração é inadequada (agônica) ou ainda, você não tem certeza sobre a situação, inicie as ventilações artificiais. Realize 2 (duas) ventilações de resgate- boca-boca, boca- máscara, boca-nariz, bolsa-válvula-máscara e observe se houve passagem de ar. As ventilações devem ter a duração de 1 segundo e um intervalo de aprox. 4 segundos entre elas, permitindo assim a expiração. Entretanto, o importante é observar se o volume de cada ventilação está sendo suficiente para produzir uma elevação torácica visível. Devem-se evitar ventilações longas ou forçadas, pois pode exceder a pressão de abertura do esôfago, provocando distensão gástrica, regurgitação e aspiração. Cuidado maior quando se trata de crianças e lactentes, onde o volume de ar insuflado deverá ser menor. Se possível, a cânula orofaríngea deverá ser usada nesse momento; Se houve passagem de ar e a vítima não respira, mas possui pulso, realizar a reanimação pulmonar, que consiste em ciclos de 10 a 12 ventilações por minuto para um adulto (1 ventilação a cada 5 segundos) e 12 a 20 ventilações por minuto para lactentes ou crianças (aprox. 1 ventilação a cada 3 segundos). Após cada ciclo, observar se a vítima ainda apresenta pulso central. Continuar com as ventilações até que a vítima restabeleça a respiração ou entre em parada cardiorrespiratória. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 34 FIGURA 5 – CÂNULAS OROFARINGEAS. Circulação (C) Checar pulso em artérias centrais, como carótida e femoral; em lactentes, utiliza-se a palpação da artéria braquial. Se ausente, iniciar a compressão torácica externa na metade inferior do osso esterno. Sequência ADULTO: o esterno é comprimido 4- 5 cm, utilizando-se a região hipotenar de 2 mãos. As compressões são feitas na frequência de 100/min, com 5 ciclos de 30:2 (compressão/ventilação) ou aproximadamente 2 minutos. CRIANÇAS: utilizar a região hipotenar de 1 ou 2 mãos na compressão esternal, aqui restrita a 2,5- 3,5 cm. A relação compressão/ventilação será de 30:2 (5 ciclos ou 2 min.) com um socorrista e 15:2 (10 ciclos ou 2 min.) com dois socorristas. LACTENTES: profundidade: 2,5-3,5 cm. Com 1 socorrista: utilizar 2 dedos para comprimir o esterno; com 2 socorristas: utilizar a técnica dos dois polegares, com as mãos circundando o corpo. Da mesma forma em crianças, a frequência das compressões em lactentes será de 100/min., guardando a relação 30:2 (5 ciclos ou 2 min.) com um socorrista e 15:2 (10 ciclos ou 2 min.) com dois socorristas. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 35 Em nenhuma hipótese as mãos devem ser retiradas da posição entre as massagens. Entretanto, é importante que seja permitido ao tórax retornar ao seu ponto de partida antes da compressão, não devendo ser mantido sob pressão; Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície rígida; Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP reavalie a vítima; não demore mais do que 5 segundos nessa avaliação e continue a RCP, a menos que um DEA esteja disponível; O tempo de compressão e descompressão deve ser igual; não permitir que o tórax retorne de forma abrupta; A ótima compressão do esterno normalmente é identificada quando existe a palpação de pulso carotídeo ou femoral; Na impossibilidade da ventilação (ausência de materiais de proteção ou traumas que possibilitem apenas a obtenção de via aérea avançada), realizar somente as compressões cardíacasexternas. Adultos e crianças Ponto de referência para a compressão: centro do peito, entre os mamilos; Ajoelhe-se ao lado da vítima na altura dos ombros. Se possível, posicione-se do lado direito, deixando livre o esquerdo para a aplicação do DEA; Considerações acerca da RCP ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 36 A cada 2 min. troque se possível, o socorrista que comprime o tórax, para evitar a exaustão e consequente aplicação incorreta das compressões; Os dedos devem estar estendidos ou entrelaçados; eles não tocam o tórax durante as compressões. Os braços também deverão permanecer eretos e perpendiculares ao tórax da vitima durante todo o tempo. Para isso, o socorrista deverá inclinar-se. FIGURA 6 – RESSUCITAÇÃO CARDIO PULMONAR(OBSERVE NA FIGURA ACIMA O POSICIONAMENTO DAS MÃOS DO SOCORRISTA)FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL) ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 37 FIGURA 7 – AULA DE RESSUCITAÇÃO CARDIO PULMONAR MINISTRADA PELO 1º TEN PM ENF JAMIL, EM 2019 NO 25º BPM. Lactentes Ponto de referência para compressão: imediatamente abaixo da linha dos mamilos; Em lactentes, o socorrista poderá realizar a RCP sentado com o bebê em seu braço, apoiado em uma das pernas; FIGURA 8 – RCP EM LACTENTES. FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL) ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 38 Desfibrilação (D) Se após 5 ciclos de RCP o paciente não tiver pulso e se houver um desfibrilador disponível, deverá ser lançado mão imediatamente para normalizar os batimentos cardíacos que entram em movimentos descompassados como a fibrilação ventricular (FV) e a taquicardia ventricular sem pulso. Desfibrilação Externa Automática O principal fator determinante da sobrevivência de uma parada cardíaca é o intervalo desde a perda da consciência até a desfibrilação. A desfibrilação rápida é fundamental para as vítimas de parada cardíaca súbita pelos seguintes motivos: O ritmo inicial mais frequente nas paradas cardíacas súbitas testemunhadas é a Fibrilação Ventricular. O tratamento mais eficaz para a FV é a desfibrilação elétrica. A probabilidade de uma desfibrilação bem-sucedida diminui rapidamente com o tempo. A FV tende a transformar-se em assistolia em poucos minutos. Muitos pacientes adultos em parada por FV podem sobreviver sem sequelas neurológicas, mesmo se a desfibrilação é realizada de 6 a 10 minutos após a parada cardíaca súbita. Quanto mais cedo à desfibrilação, mais alta a taxa de sobrevivência. O socorrista tem apenas alguns minutos depois da perda da consciência para restabelecer um ritmo de perfusão. A RCP pode manter um paciente por um período breve, mas não pode restabelecer diretamente um ritmo organizado. Restabelecer um ritmo de perfusão requer RCP imediata seguida de desfibrilação nos primeiros minutos da parada ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 39 inicial e para isso o socorrista deverá dispor de um desfibrilador externo automático (DEA). ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO DEA Os DEA são desfibriladores externos automáticos. Na verdade, a palavra automática significa semiautomático, já que a maioria dos DEA disponíveis no mercado “avisa” ao operador que o choque está indicado, mas não o administram sem uma ação do socorrista (isto é, o socorrista deve pressionar o botão de CHOQUE [SHOCK]). O DEA é conectado ao paciente por meio de pás autoadesivas. O aparelho está equipado com um sistema de análise do ritmo baseado em microprocessadores. Quando é detectada TV ou FV, o sistema “indica” um choque por intermédio de mensagens visuais ou sonoras. Operação Do DEA Os DEA’s devem ser utilizados somente quando os pacientes apresentarem os seguintes 3 sinais clínicos: 1) Ausência de resposta verbal (inconsciente); 2) Ausência de respiração efetiva depois da liberação das vias aéreas; 3) Ausência de reposta às 2 ventilações de resgate iniciais. Momento adequado para emprego do DEA ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 40 1) Quando a parada cardíaca for TESTEMUNHADA priorize a utilização do DEA logo que constatar a parada cardíaca; 2) Quando a parada cardíaca NÃO FOI TESTEMUNHADA ou ocorreu há mais de 4 minutos, execute 5 ciclos (ou 10 ciclos, se lactente ou criança, com 2 socorristas) de RCP (2 minutos) para depois utilizar o DEA. Nestes casos, será necessário criar condições propícias para que o coração receba o choque em uma fibrilação ventricular fortalecida pela RCP. Situações especiais Antes de aplicar o DEA, o operador deve determinar primeiro, se há situações especiais que exijam outras ações antes de usar o aparelho ou que contraindiquem absolutamente sua utilização. As 4 situações que podem requerer que o operador adote outras ações antes de usar um DEA ou durante sua operação são as seguintes: A vítima tem menos de 8 anos (ou pesa menos de 25 quilos, aproximadamente). Existem desfibriladores com pás apropriadas para serem empregadas em crianças. As Diretrizes 2005 da American Heart Association aprova o uso do DEA programado para vítimas, adultos e crianças, na impossibilidade do equipamento apropriado. Diante de uma situação de parada cardíaca por fibrilação ventricular a única chance de recuperação da vítima é a desfibrilação precoce (choque). Não se recomenda a utilização de pás de desfibrilação pediátrica em vítimas adultas devido à ineficácia do choque. Priorize a RCP e o transporte imediato ao hospital. A vítima está na água ou próxima dela. A água é boa condutora de eletricidade. Um choque elétrico aplicado a uma vítima poderia ser conduzido até o socorrista. É mais comum que a ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 41 água sobre a superfície da pele da vítima torne-se uma via direta de passagem de energia de um eletrodo a outro interferindo na transmissão do choque ao músculo cardíaco. A vítima deve ser removida, rapidamente, do local em que se encontra. Seque a parte anterior e posterior do tórax antes da aplicação das pás adesivas. A vítima tem um marca-passo implantado. Esses aparelhos podem ser identificados imediatamente porque cria uma protuberância dura sob a pele, coberta por uma cicatriz, na parte anterior do tórax. Quando houver coincidência de eletrodos adesivos do DEA com o marca-passo implantado no tórax poderão ocorrer danos ao aparelho e queimaduras nos pontos de inserção metálica no miocárdio durante a aplicação do choque. Nesse caso, aplique a pá autoadesiva do DEA à, no mínimo, 2,5 cm do marca-passo cardíaco. Depois siga os passos normais de operação de um DEA. Há um adesivo de medicação transcutânea ou outro objeto sobre a pele da vítima, onde se colocam as pás autoadesivas do DEA. Passos universais para operar um DEA 1. LIGUE o DEA, em primeiro lugar (isso ativa as mensagens sonoras para guiá-lo em todos os passos subsequentes); 2. Abra o estojo ou a tampa do DEA; 3. Ligue o aparelho (alguns começarão a funcionar automaticamente, quando se abre a tampa ou o estojo); 4. FIXE as pás autoadesivas no tórax da vítima. (Interrompa as compressões torácicas imediatamente antes de fazê-lo); 5. Conecte a “caixa” do DEA com os cabos. (Em alguns modelos, os cabos estão pré-conectados); ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 42 6. Conecte os cabos do DEA com as pás autoadesivas. (Em alguns modelos, as pás estão pré-conectadas); 7. Retire a proteção que está detrás das pás. Interrompa a RCP; 8. Aplique as pás autoadesivas no tórax despido da vítima; 9. “Afaste-se” do paciente e ANALISE o ritmo; 10. Pressione o botão ANALISAR [ANALYZE] para iniciar a análise do ritmo (alguns DEA não precisam desse passo); 11. “Afaste-se” sempre do paciente durante a análise. Assegure-se de que ninguém estejaem contato com ela, nem mesmo a pessoa encarregada da respiração de resgate; 12. “Afaste-se” do paciente e PRESSIONE o botão CHOQUE [SHOCK], se a descarga estiver indicada; 13. Afaste-se do paciente antes de aplicar o choque; assegure-se que ninguém esteja em contato com ela; 14. Pressione o botão CHOQUE [SHOCK] para aplicar a descarga somente quando o DEA avisar que isto está indicado e ninguém estiver em contato com o paciente. Resultados e ações após a desfibrilação Mensagem “choque indicado / choque não indicado” e ações relacionadas: Se o DEA mostrar uma mensagem de “choque indicado”, afaste- se do paciente e, depois, pressione o botão CHOQUE [SHOCK]. Se o DEA avisa “choque não indicado”, verifique os sinais de circulação. Se não há sinais de circulação, reinicie a RCP por 2 minutos, aproximadamente. Depois, verifique novamente os sinais de circulação. Se não detectar sinais de circulação, analise o ritmo do paciente mais uma vez. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 43 Depois de 3 mensagens de “choque não indicado”, faça mais um ciclo de RCP. Repita período de análise a cada 1 ou 2 minutos, enquanto continua realizando RCP. O DEA numa ambulância em movimento Os DEA podem permanecer conectados enquanto o paciente é transportado em um veículo em movimento. No entanto, nunca pressione o botão ANALISE [ANALYZE] numa ambulância durante o transporte; o movimento do veículo pode interferir na avaliação do ritmo e provocar um artefato que simule uma FV. Alguns aparelhos analisam continuamente o paciente. Se uma pessoa necessita de uma análise do ritmo durante o transporte, e o DEA indica ao socorrista que verifique o paciente ou recomenda um choque, pare o veículo completamente e faça uma nova análise. Sequência de ações com o DEA 1. Verifique a ausência de resposta (consciente / inconsciente); 2. Abra as vias aéreas (clínico / trauma); 3. Verifique se há respiração eficaz (VOS); 4. Verifique se há circulação: se não houver circulação realize compressões torácicas e prepare-se para aplicar o DEA; Tente a desfibrilação com o DEA. FIGURA 9 – UTILIZAÇÃO DO DEA. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 44 Obstrução das vias aéreas por corpo estranho–OVACE Durante a avaliação do paciente, ao iniciar a manobra de ventilação, o socorrista pode se deparar com uma resistência ao tentar insuflar. Isso significa que, por qualquer problema, o ar insuflado não está conseguindo chegar aos pulmões da vítima. Caso isso aconteça, não adianta prosseguir na análise primária, sem antes corrigir e eliminar a obstrução. Causas da OVACE Há muitos fatores que podem causar obstrução das vias aéreas, total ou parcial. Em nível de suporte básico da vida pode-se atuar e corrigir as mais comuns, que são: Obstrução causada pela língua; Obstrução causada por corpos estranhos. Sinais da OVACE O reconhecimento precoce da obstrução de vias aéreas é indispensável para o sucesso no atendimento. O socorrista deve estar atento, pois as obstruções de vias aéreas e consequente parada respiratória evoluem rapidamente para parada cardiopulmonar. A obstrução das vias aéreas pode ser parcial (leve) ou total (grave). Uma vítima está tendo obstrução parcial das vias aéreas quando: Sua respiração é muito dificultosa, com ruídos incomuns; ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 45 Embora respire, a cor da pele está azulada (cianótica), principalmente ao redor dos lábios, leito das unhas, lóbulo da orelha e língua; Quando a vítima está tossindo. Quando a vítima apresentar estes sinais, estará consciente e, caso a troca gasosa ainda esteja satisfatória, o socorrista apenas irá encorajá-la a tossir, aguardando que o corpo estranho seja expelido. A obstrução total das vias aéreas é reconhecida quando, por exemplo, a vítima está se alimentando ou acabou de comer e, repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais de asfixia, agarrando o pescoço, apresentando cianose e esforço respiratório exagerado. O movimento de ar pode estar ausente ou não ser detectável. A pronta ação é urgente, preferencialmente enquanto a vítima ainda está consciente. Em pouco tempo o oxigênio disponível nos pulmões será utilizado e, como a obstrução de vias aéreas impede a renovação de ar, ocorrerá à perda de consciência e rapidamente, a morte. TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS Remoção manual Durante a avaliação das vias aéreas, o socorrista pode visualizar corpos estranhos, passíveis de remoção digital. Somente deve-se remover o material que cause obstrução se o mesmo for visível. A técnica de remoção manual consiste em abrir a boca da vítima utilizando a manobra de tração da mandíbula (em caso de trauma) ou a de elevação do mento e introduzir o dedo indicador “em gancho”, do canto para o centro, deslocando e retirando o corpo estranho. Estando o corpo estranho mais aprofundado, existe a alternativa de utilizar o ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 46 dedo indicador e médio “em pinça”. Em recém-nato e lactente, utilizar o dedo mínimo ou o pinçamento, em virtude das dimensões reduzidas das vias aéreas. Somente tentar a remoção se o corpo estranho estiver visível. Caso o motivo da obstrução de uma vítima inconsciente seja a queda da língua, a introdução a cânula orofaríngea será suficiente para restabelecer a passagem do ar. Aspiração Tem como finalidade a remoção de sangue, vômito e de outros materiais das vias aéreas. O vácuo necessário pode ser produzido com gás comprimido (O2 ou ar), motor elétrico ou manualmente. Os dispositivos utilizados para aplicar a sucção podem ser rígidos ou flexíveis. Técnica Se possível, o paciente deve estar monitorado com o oxímetro de pulso; Pré-oxigenar com máscara e bolsa com oxigênio; Efetuar a limpeza manual da orofaringe; Introduzir o dispositivo de sucção sem aspirar; Aspirar na retirada, o procedimento não deve durar mais de 10 segundos; Retirar com movimentos rotatórios; Não é necessário aspirar às narinas de adultos, pois a obstrução de vias aéreas é na boca e orofaringe; Antes de repetir o procedimento, o paciente deve ser novamente oxigenado. 47 ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 Complicações A complicação mais comum é a hipoxemia pela interrupção da ventilação, que pode causar arritmias cardíacas ou mesmo parada cardiorrespiratória. Manobras de desobstrução de vias aéreas em adultos Vítima consciente Para constatar a obstrução o socorrista deverá perguntar a vítima: “Você está engasgado? ”Se a vítima confirmar através de movimento afirmativo (balançando a cabeça, por exemplo), o socorrista deverá avisar-lhe que irá ajudar e iniciar rapidamente a manobra de Heimlich, que consiste: FIGURA 10 – VÍTIMA DE OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS (OVACE). FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL) a) Vítima em pé ou sentada Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdome; FIGURA 11 – MANOBRA DE HEIMLICH. 48 ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 Se a vítima da obstrução for à própria pessoa e essa se encontrar sozinha, deverá forçar a tosse de maneira insistente, ou utilizar-se do espaldar de uma cadeira para que seja possível comprimir o abdome. FONTE: PRÓPRIA (CORTESIA DO 1º TEN PM ENF JAMIL) Colocar a raiz do polegar de uma das mãos entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifoide; Envolver a mão que se encontra sobre o abdome da vítima com a outra mão; Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas e colocando uma delas entre as pernas da vítima; Pressionar o abdome da vítima puxando-o para si e para cima, por 5 vezes, forçando a saídado corpo estranho; Observar se a vítima expele o corpo estranho e volta a respirar normalmente; Continuar as compressões até que a vítima expila o objeto ou perca a consciência. FIGURA 12 – UTILIZAÇÃO DO ESPALDAR DE UMA CADEIRA. Caso a compressão abdominal seja inviável, por tratar- se de paciente obeso ou gestante, realizar as compressões na porção média inferior do osso esterno. 49 ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 b) Vítima deitada Posicionar a vítima em decúbito dorsal; Ajoelhar-se ao lado da vítima ou a cavaleiro sobre ela no nível de suas coxas, com seus joelhos tocando-lhe lateralmente o corpo; Posicionar a palma da mão sobre o abdome da vítima, entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical, mantendo as mãos sobrepostas; Aplicar cinco compressões abdominais no sentido do tórax; Abrir a cavidade oral e observar se o corpo estranho está visível e removê-lo; Repetir o processo de compressão e observação da cavidade oral até que o objeto seja visualizado e retirado ou até a vítima perder a consciência. Vítima inconsciente Para vítimas sem responsividade, deve ser aplicada a RCP, pois as compressões torácicas forçam a expelição do corpo estranho e mantém a circulação sanguínea, aproveitando o oxigênio ainda presente no ar dos pulmões. Vale ressaltar que durante a abertura das vias aéreas para a aplicação das ventilações de resgate, o socorrista deverá inspecionar a boca e remover quaisquer objetos visíveis (Protocolo 2005 AHA). FIGURA 13 – APÓS A VÍTIMA TER FICADO INCONSCIENTE DURANTE A MANOBRA DE HEIMLICH, RAPIDAMENTE O SOCORRISTA A DEPOSITA SOBRE O SOLO PARA, CASO NÃO TENHA OCORRIDO A DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS, DAR INÍCIO AS COMPRESSÕES TORÁCICAS. 50 ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM CRIANÇAS E LACTENTES Para crianças maiores de um ano, aplicar a manobra de Heimlich, de forma semelhante à do adulto, levando-se em consideração a intensidade das compressões que será menor; nos lactentes, para realizar a manobra de desobstrução, o socorrista deverá tomar os seguintes procedimentos, após falhar a segunda tentativa de ventilação de resgate: Segurar o bebê sobre um dos braços, com o pescoço entre os dedos médio e polegar e com o dedo indicador segurar o queixo da vítima para manter as vias aéreas abertas, deixando-o com as costas voltadas para cima e a cabeça mais baixa que o tronco; Dar 5 pancadas com a palma da mão entre as escápulas do bebê; Girar o bebê de modo que ele fique de frente, ainda mantendo a cabeça mais baixa do que o tronco, e efetuar 5 compressões torácicas através dos dedos após a indicador e médio sobre a linha dos mamilos (idêntica às compressões realizadas na RCP); Colocar o bebê sobre uma superfície plana e tentar retirar o corpo estranho; Realizar 1 insuflação e, caso o ar não passe, reposicionar a abertura das vias aéreas; Abrir as vias aéreas e efetuar outra insuflação. Caso o ar não passe, retornar para as pancadas entre as escápulas e as compressões torácicas, e repetir os procedimentos até que o objeto seja expelido ou a vítima fique inconsciente. Nesse caso, proceder a manobras de RCP. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 51 OVACE em Lactentes. FIGURA 14: ACIMA TEMOS FORMAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM LACTENTES ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 52 CHOQUE Definição É o quadro clinico que resulta da incapacidade do sistema cardiovascular de prover circulação sanguínea suficiente para os órgãos. A chegada de sangue rico em O2 aos órgãos é denominada perfusão. Fisiologia Todas as células do corpo humano necessitam de oxigênio para produzir energia através da queima da glicose – metabolismo aeróbico. A queima da glicose produz o gás carbônico. O O2 é extraído da atmosfera pelos pulmões e transportado ligado aos glóbulos vermelhos pela circulação do sangue aos tecidos onde é utilizado. A função do sistema circulatório é transportar as hemácias para se abastecerem de oxigênio nos pulmões e depois transportá-las aos tecidos. Na ausência de O2 as células do corpo possuem uma fonte alternativa de produção de energia que é o metabolismo anaeróbico, que produz menos energia e gera o acúmulo de ácido lático. Os órgãos mais sensíveis à deficiência de O2 são cérebro, coração e pulmões, sobrevivendo poucos minutos em metabolismo anaeróbico. A pele e os músculos podem sobreviver de quatro a seis horas em metabolismo anaeróbico e os órgãos abdominais podem sobreviver de 45 a 90 minutos. O sistema circulatório é composto pelo coração, vasos sanguíneos e pelo sangue, que é o fluido movimentado sob pressão. A pressão necessária à movimentação do sangue é gerada pela força de contração do coração. A pressão arterial (PA) depende da quantidade de sangue ejetada pelo coração e do grau de contração das artérias ou resistência ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 53 vascular periférica que é regulada pelo sistema nervoso. Os vasos sanguíneos são capazes de se contrair ou se dilatar de acordo com as necessidades do corpo. Por exemplo, no exercício físico ocorre dilatação nos músculos utilizados e contração dos vasos do tubo digestivo; durante a digestão ocorre o contrário. As condições fundamentais para contração eficaz do coração são a existência de um volume suficiente de sangue para encher os vasos sanguíneos e a manutenção de um grau eficaz de contração dos vasos sanguíneos. Condições causadoras do estado de choque Queimaduras graves; Hemorragias; Acidentes por choque elétrico; Envenenamento por produtos químicos e intoxicações; Ataque cardíaco; Exposição a extremos de calor ou frio; Dor aguda; Infecção grave; Emoções fortes; Lesões graves; Politraumatismos. Classificação a) Hipovolêmico: Hemorragias internas e externas, perda de plasmas em queimaduras graves e por desidratação intensa (exemplo: diarreia e vômitos). b) Cardiogênico: Causado pelo Infarto agudo do miocárdio, arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca congestiva. c) Séptico: Ocorre em infecções graves devido à liberação de toxinas pelo agente causador com efeito vasodilatador. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 54 d) Anafilático: Resulta de reação alérgica grave, que produz substância vasodilatadores. Ex.: venenos de insetos, medicamentos, alimentos etc. e) Neurogênico: Desenvolve-se quando o controle autônomo dos vasos sanguíneos falha. Normalmente o sistema nervoso controla a contração e dilatação dos vasos sanguíneos, regulando a pressão arterial. O traumatismo de coluna cervical com dano para a medula espinhal, que interrompe a comunicação entre as fibras do sistema nervoso autônomo e o sistema circulatório. Ocorre vaso dilatação e incapacidade de responder ao choque com taquicardia. Dores intensas são outra causa. f) Obstrutivo: É produzido por obstrução ao enchimento e/ou ao bombeamento cardíaco. São causas o pneumotórax hipertensivo e tamponamento cardíaco. Fases do estado de choque Na ausência de tratamento é um quadro com agravamentos progressivos que se apresenta em duas fases: Choque compensado: é o primeiro estágio, o organismo consegue se equilibrar através dos mecanismos compensatórios. A perfusão dos órgãos é mantida e os sinais e sintomas são mínimos. Não há dano permanente, se o tratamento reverter a causa básica. Choque descompensado: nesta fase ocorre redução na perfusão, queda na pressão arterial e alterações do estado mental. O tratamento ainda pode ser eficaz neste estágio desde que realizado rapidamente. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 55 Sinais do estado dechoque Pele fria e pegajosa; Suor na testa e na palma das mãos; Face pálida, com expressão de ansiedade e agitação; Frio, chegando às vezes a ter tremores; Náusea e vômito; Fraqueza; Respiração rápida, curta e irregular; Visão nublada, tontura; Pulso fraco e rápido; Sede; Extremidades frias; Queda da pressão arterial; Poderá está total ou parcialmente inconsciente. Tratamento Posicionar a vítima em decúbito dorsal; Observar a vítima, pois em caso de vômito deve-se virar a cabeça da vítima para que ela não se asfixie. Caso haja suspeita de lesão da coluna cervical a cabeça não deve ser virada; Afrouxar as roupas da vítima, para facilitar respiração e circulação; Fornecer oxigênio; Não administrar nada via oral; Cobri-lo com cobertores ou sacos plásticos; Reavaliar frequentemente os sinais vitais. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 56 HEMORRAGIA HEMORRAGIA FIGURA 15 TREINAMENTO DE CURATIVO COMPRESSIVO Introdução O sangue é o meio onde é realizado o transporte de oxigênio e nutrientes para as células e de gás carbônico e outros excretas para os órgãos de eliminação, possui um componente líquido chamado plasma que representa cerca de 55% a 60% de seu volume total, sendo composto por água, sal e proteínas. O corpo humano possui normalmente um volume sanguíneo de aproximadamente 70 ml/kg de peso corporal para adultos e 80 ml/kg para crianças, ou seja, um indivíduo com 70 kg possui aproximadamente 4.900 ml de sangue. Contração da parede dos vasos sanguíneos: Os vasos sanguíneos que possuem camada muscular contraem sua parede, diminuindo o tamanho da abertura por onde o sangue está escapando. Os mecanismos normais que o corpo possui para limitar as hemorragias são: ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 57 Coagulação do sangue: Inicia-se pela aderência das plaquetas, corpúsculos que fazem parte da porção sólida do sangue sobre a lesão da parede do vaso. Em seguida ocorre uma série de reações químicas que formam o trombo ou coágulo, que bloqueia o escape de sangue pelo orifício do vaso lesado. Definições Hemorragia É o extravasamento de sangue provocado pelo rompimento de um vaso sanguíneo: artéria, veia ou capilar. Dependendo da gravidade pode provocar a morte em alguns minutos. O controle da hemorragia é prioridade. A hemorragia deve ser tratada na análise primária, para depois tratar as vias aéreas e a ventilação do paciente. Nesta fase deve-se remover a roupa do paciente para examinar as hemorragias. Hemostasia Significa controle de sangramento, pode ser efetuada através dos mecanismos normais de defesa do organismo isoladamente ou em associações com técnicas de tratamento médico-básicas e avançadas. Os pacientes com distúrbios no mecanismo de coagulação, por exemplo, os hemofílicos, podem apresentar hemorragias graves por traumas banais. Classificação das hemorragias FIGURA 16 – HEMORRAGIAS. FONTE: GRUPAMENTO ESPECIAL DE SALVAMENTO E AÇÕES DE RESGATE (CORTESIA ACERVO GESAR PMERJ) ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 58 Tipo de vaso sanguíneo Arterial: sangramento em jato acompanhamento a contração cardíaca. Geralmente o sangue é de coloração vermelho-viva. É mais grave que o sangramento venoso em vasos de mesmo calibre, pois a pressão no sistema venoso e a velocidade da perda sanguínea são maiores. Venoso: Sangramento contínuo geralmente de coloração escura. Capilar: Sangramento contínuo com fluxo lento. Localização do vaso sanguíneo Externa: sangramento de estruturas superficiais com exteriorização do sangramento. Podem ser controladas utilizando técnicas básicas de primeiros socorros. Interna: sangramento de estruturas profundas pode ser oculto ou se exteriorizar. As médias básicas de socorro não funcionam. O paciente deve ser tratado no hospital. Primeiros socorros Estancar imediatamente a hemorragia, fazendo no local um dos métodos que veremos mais à frente (nos casos de hemorragia externa, pois não existe nenhum método de estancamento para hemorragia interna). Podem ser classificadas de acordo com: ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 59 Hemorragia interna Esse tipo de hemorragia ocorre quando o sangue extravasado do vaso sanguíneo permanece dentro do corpo da vítima. É o tipo de hemorragia mais perigosa, pois tanto a sua identificação quanto o seu controle são mais difíceis de serem feitos fora do ambiente hospitalar. Sinais e Sintomas de Hemorragia Interna Dor local; Pele pálida e fria; Edema em expansão; Sangramento pelo ouvido e nariz (hemorragia cerebral); Sede; Fraqueza, tontura e desmaio; Membro sem pulso, muitas vezes associada à fratura. Tratamento da Hemorragia Interna Mantenha as vias aéreas liberadas; Manter a vítima deitada e o mais imóvel possível; Use talas infláveis em caso de fraturas (exceto fraturas expostas); Transporte na posição de prevenção ao estado de choque; Administre oxigênio; Não dê nada para a vítima beber; Eleve o membro, caso não haja suspeita de fratura; Aplicar uma bolsa de gelo sobre o provável local da hemorragia; Conduzir a vítima com urgência para um pronto socorro. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 60 Alguns Tipos De Hemorragia Interna Muitos tipos de hemorragia interna podem se apresentar, mas neste tópico vamos abordar aqueles que podem ser encontrados com mais frequência. a) Hemorragia na Cabeça (narinas) Mantenha a vítima sentada, com a cabeça para cima; Comprima a narina que sangra; Afrouxe-lhe a roupa em torno do pescoço; Se o sangramento não cessar no espaço de 05 minutos, tampe a narina que sangra com algodão ou gaze enchumaçada; Encaminhe a vítima ao pronto socorro, pois esse tipo de hemorragia pode ser a manifestação de determinadas doenças. b) Tórax e Abdome Comprima o ferimento com um pano dobrado, amarrando-o com atadura larga; Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que o corpo, exceto em casos de fratura de crânio. c) Hemorragia dos Pulmões Manifesta-se após um acesso de tosse, e o sangue que sai pela boca é de cor vermelho rutilante. Deite a vítima mantendo-a em repouso; Tranquilize-a e não a deixe falar; Procure imediato auxílio médico e remova a vítima para um pronto socorro. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 61 d) Hemorragia Digestiva A vítima apresenta náuseas e pode vomitar sangue vivo ou digerido, semelhante à borra de café; Mantenha a vítima em repouso e providencie sua remoção para o hospital. Hemorragia externa É de mais fácil identificação, pois basta visualizar o local onde ocorre a perda de sangue. Os sinais e sintomas são praticamente os mesmos descritos para as hemorragias externas, e os métodos de contensão, veremos a seguir: a) Compressão Direta Comprimir diretamente o local de sangramento usando compressa estéril, se possível. Nos ferimentos com objetos penetrantes, devem-se comprimir ambos os lados do objeto. Pode-se fazer um curativo compressivo usando compressas ou faixas elásticas, se isso for suficiente para o estancamento da fratura, caso contrário mantenha a compressão direta. FIGURA 17 – COMPRESSÃO DIRETA NA LESÃO SANGRANTE(INSTRUÇÃO PARA INTEGRANTES DO GAT E PATAMO DO 25º BPM COM O 1º TEN PM ENF JAMIL) ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 62 É a técnica mais adequada e mais utilizada, pois além de parar o sangramento, não interrompe a circulação sanguínea para o membro ferido. Quando se localiza grande hemorragia deve-se imediatamente realizar-se a compressão direta para posteriormente fazer o tamponamento.b) Elevação do Membro A compressão direta não sendo suficiente para estancar o sangramento, deve-se elevar o membro lesionado. Deve-se ter cuidado ao elevar uma extremidade fraturada ou com uma luxação. c) Pontos de Pressão Outro método de controlar o sangramento é aplicando pressão profunda sobre uma artéria proximal à lesão. Esta é uma tentativa de diminuir a chegada de sangue à ferida. Os principais pontos de pressão é a artéria braquial, a artéria axilar, a artéria poplítea, a artéria femoral. d) Tamponamento Consiste em cobrir o local do sangramento com gaze ou pano limpo e estéril, se possível, e envolvê-lo firmemente com uma atadura. É uma técnica de estancamento adequada e mais utilizada, pois para o sangramento e não interrompe a circulação. e) Torniquete Essa técnica praticamente interrompe a circulação. Só deverá ser utilizada em duas situações, se necessário: no caso de amputação de membro, quando o corte foi muito extenso e romper vasos sanguíneos ou quando a compressão direta não estancar a hemorragia. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 63 Essa técnica não é aconselhada por provocar o necrosamento do órgão, ou membro e, consequentemente sua amputação. Deve-se usá- la como último recurso. Tratamento De Uma Hemorragia Externa Nunca toque na ferida; Não toque e nem aplique medicamento ou qualquer produto no ferimento; Não tente retirar objeto empalado; Proteger com gazes ou pano limpo, fixando com bandagem, sem apertar o ferimento; Fazer compressão local suficiente para cessar o sangramento; Se o ferimento for a membros, deve-se elevar o membro ferido, caso não haja fratura; Caso não haja controle do sangramento, pressione os pontos arteriais; Encaminhar a vítima o mais rápido possível para um pronto socorro. QUEIMADURAS Introdução Lesão do tecido de revestimento do corpo, causada por agentes térmicos, químicos, radioativos ou elétricos, podendo destruir total ou parcialmente a pele e seus anexos, até atingir camadas mais profundas (músculos, tendões e ossos). ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 64 Noções básicas A pele é o maior órgão do corpo humano e a barreira contra perda de água e calor pelo corpo, tendo também um papel importante na proteção contra infecções. Pacientes com lesões extensas de pele tendem a perder líquido corporal e temperatura e se tornam mais propensos a infecções. Origem das queimaduras As queimaduras podem ter origem térmica, elétrica, químicas ou por radiação. a) Térmicas Causadas pela condução de calor através de líquidos, sólidos, gases e do calor de chamas. b) Elétricas Produzidas pelo contato com eletricidade de alta ou baixa voltagem. Na realidade o dano é ocasionado pela produção de calor que ocorre à medida que a corrente elétrica atravessa o tecido. São difíceis de avaliar e, mesmo as lesões que parecem superficiais, podem ter danos profundos a músculos, nervos e vasos. A eletricidade, principalmente a corrente alternada, pode causar PCR e lesão do sistema nervoso. c) Químicas Provocadas pelo contato de substâncias corrosivas, liquidas ou sólidas, com a pele. d) Radiação Resulta da exposição à luz solar, fontes nucleares ou qualquer outra fonte de energia emitida sob forma de ondas ou partículas. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 65 Gravidade da queimadura FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE QUEIMADURAS. Depende da causa, profundidade, percentual de superfície corporal queimada, localização, associação com outras lesões, comprometimento de vias aéreas e estado prévio da vítima. Queimaduras de 1º GRAU Lesão superficial da epiderme; Vermelhidão; Dor local suportável; Não há formação de bolhas; Lavar o local com água fria corrente. FIGURA 19 – QUEIMADURA DE 1º GRAU. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 66 Queimaduras de 2º GRAU Lesão da epiderme e derme; Formação de bolhas; Desprendimento de camadas da pele; Dor e ardência locais de intensidade variável; Lavar o local com água fria corrente FIGURA 20 – QUEIMADURA DE 2º GRAU. Queimaduras de 3º GRAU Lesão da epiderme, derme e tecido subcutâneo; Destruição dos nervos, músculos, ossos etc.; Retirar anéis, pulseiras, tornozeleiras e congêneres, pois a vítima provavelmente sofrerá inchaço. FIGURA 21 – QUEIMADURA DE 3º GRAU. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 67 Gravidade quanto à extensão Queimaduras graves são as grandes queimaduras que atingem mais de 13% de área corporal queimada. O risco de vida está mais relacionado com a extensão (choque, infecção) do que com a profundidade. São consideradas queimaduras graves: Em períneo; Queimaduras do 3º Grau, elétricas, por radiação; Com mais de 13% da área corpórea; Com lesão das vias aéreas; Queimaduras em pacientes idosos, infantis e pacientes com doença pulmonar. FIGURA 22 – REGRA DOS 9. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 68 Primeiros Socorros Prevenir o Estado de Choque (cobrir o paciente); Evitar infecções na área queimada, protegendo-o; Controlar a dor; Umedecer o local com soro fisiológico; Administrar oxigênio; Encaminhar a vítima ao pronto socorro o mais rápido possível. Procedimentos Queimaduras térmicas Apagar o fogo da vítima com água, rolando-a no chão ou cobrindo-a com um cobertor (em direção aos pés); Verifique as vias aéreas, respiração e nível de consciência (especial atenção para VAS em queimadas de face); Retirar partes de roupas não queimadas; e as queimadas aderidas ao local, recortar em volta; Retirar pulseiras, anéis, relógios etc.; Estabelecer extensão e profundidade das áreas queimadas; Quando de 1º grau banhar o local com bastante água fria ou soro fisiológico; Não passar nada no local, não furar bolhas e cuidado com infecção; Cobrir regiões queimadas com curativo úmido, frouxo, estéril ou limpo, para aliviar a dor e diminuir os riscos de contaminação; Transporte o paciente para um hospital, se necessário. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 69 Queimaduras químicas Afaste o produto da vítima ou a vítima do produto; Verificar VAS, respiração, circulação e nível de consciência e evitar choque; Retirar as roupas da vítima; Lavar com água ou soro, sem pressão ou fricção; Identificar o agente químico: Ácido lavar por 05 minutos; Álcali lavar por 10 minutos; Na dúvida lavar por 15 minutos; Se álcali seco não lavar, retirar manualmente (exemplo: soda cáustica); Cubra a região com um curativo limpo e seco e previna o choque. Queimadura nos olhos . Lavar o olho com água em abundância ou, se possível, com soro fisiológico por no mínimo 15 minutos; Encaminhar a vítima para um pronto socorro o mais rápido possível. FIGURA 23 – VÍTIMA DE QUEIMADURA NOS OLHOS ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CEFS 2021 70 Queimaduras elétricas FIGURA 24 – QUEIMADURA ELÉTRICA. Desligar a fonte ou afastar a vítima da fonte; Verificar sinais vitais da vítima; Avaliar a queimadura (ponto de entrada e de saída); Aplicar curativo seco; Prevenir o choque. Intoxicações As intoxicações são causadas pela ingestão, aspiração ou introdução no organismo, acidental ou não, de substâncias tóxicas, como entorpecentes, medicamentos, produtos químicos utilizados em laboratório e limpeza, alimentos deteriorados, venenos, gases tóxicos. As intoxicações podem ser subdivididas de acordo com o tempo de ocorrência: aguda (até 24 horas do acidente), subagudas (os primeiros dias após) e, seguidamente sub crônicas (até um mês) e crônicas, exposição a determinada
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