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1 Natasha Ferreira ATM25 farmacodinâmicA INTRODUÇÃO Descreve as ações dos fármacos no organismo e as influencias das suas contrações na magnitude das respostas Para que o fármaco tenha resposta terapêutica ele precisa interagir com alguma molécula. Deve interagir com os receptores (qualquer estrutura bioquímica que possa estar em membrana celular, tecido – macromolécula alvo especializada) no qual a ligação fármaco-receptor possa levar a uma alteração conformacional do receptor, levando a alterações bioquímicas. FÁRMACOS Substancia química sinalizadora que, quando aplicada a um sistema fisiológico afeta seu funcionamento de um modo especifico Eles atuam como sinais e seus receptores atuam como detectores de sinais O fármaco precisa ter uma afinidade com o receptor para acarretar em resposta biológica, ou seja, tenha uma atividade intrínseca • Ex: agonista natural (resposta endógena do organismo) / agonista modificado (fármaco) • Pode ocorrer também um bloqueio da resposta biológica a partir de moléculas que possuem afinidade ao receptor (não perfeitamente) – antagonistas Obs: Cuidar com relação ao calor, mexeu na estrutura mexeu na sua afinidade com receptor, pode até se ligar, mas não desenvolve resposta muitas vezes. COMO AGEM OS FÁRMACOS Fármacos precisam exercer influência química (interação) sobre um ou mais constituintes para produzir uma resposta farmacológica Para que os efeitos farmacológicos ocorram, em geral, as moléculas do fármaco precisam ligar-se a constituintes específicos de uma célula ou tecido Especificidade dos fármacos Para que um fármaco seja útil como instrumento terapêutico ou científico, ele precisa agir de modo seletivo sobre as células e tecidos específicos – deve ter um alto grau de especificidade pelo sitio de ligação. Assim, quanto mais especifico for o fármaco para o sitio de ligação, melhor será a sua atividade, menor a incidência de ocorrer efeitos colaterais (efeitos adversos) Porém, nenhum fármaco é completamente especifico (exceto imunobiológicos, anticorpos monoclonais), isto é, ele tem especificidade, mas não é 100% especifico para aquele local de ação. RELAÇÃO DOSE X ESPECIFICIDADE A especificidade varia de fármaco para fármaco e normalmente é dose dependente. Quanto mais específico for, uma menor dose deverá ser administrada para que ele se ligue ao receptor e desencadeie a resposta. E vice-versa, quanto menor a especificidade do fármaco, uma maior dose será necessária para que ele tenha uma resposta biológica, podendo ligar-se a outros locais (outros tipos de receptores), apresentando afinidade e podendo levar a efeitos colaterais. 2 Natasha Ferreira ATM25 Tecido tem vários receptores diferentes, porém alguns possuem a mesma forma estrutural, mas são alvos de fármacos diferentes. Entretanto um fármaco A pode ter uma afinidade a um receptor B (que não é o seu sitio alvo) e acabar desencadeando efeitos colaterais. ALVOS PROTEICOS PARA A LIGAÇÃO DO FÁRMACO 4 tipos principais de proteínas reguladoras que normalmente atuam como alvos farmacológicos primários: • Receptores • Enzimas • Moléculas carregadoras (transportadoras) • Canais iônicos A maior parte dos medicamentos, quando administrados, são projetados para se ligar a um desses alvos Há fármacos que são direcionados para interagir de forma intracelular, apresentando lipossolubilidade para atravessar a membrana e chegar ao núcleo da célula. • Ex: antimicrobianos, macrolídeos, sulfas, hormônios, antitumorais • Agem a nível de transcrição genica ou interferir diretamente na cadeia de RNA ou DNA Receptores Ao se ligar ele pode desencadear um efeito biológico ou bloquear uma atividade que estava sendo desenvolvida Agonista – desencadeia uma resposta posterior • Mecanismo de transdução • Efeito direto − Abertura/fechamento de canais iônicos − Ativação/inibição de enzimas − Modulação dos canais iônicos − Transcrição do DNA (agindo de forma intracelular) Antagonista – bloquear atividade, sem resposta pós ligação • Eficácia do fármaco vai ser 0 Canais iônicos Bloqueadores – permeabilidade bloqueada Moduladores – aumento ou redução da probabilidade de abertura (tempo de abertura) Ex: benzodiazepínico Enzimas Pode estar presente em um sistema metabólico (ex: CYP450) inibidor – inibição da reação normal • AINEs Substrato falso – produção de metabólito anormal Pró-fármaco – produção da substancia ativa RECEPTORES FARMACOLÓGICOS São estruturas moleculares altamente especializadas, geralmente de natureza proteica, que tem no organismo afinidade de inteirar-se com substancias endógenas com função fisiológica 3 Natasha Ferreira ATM25 Ex: neurotransmissores, hormônios, etc Podem também reagir com substancias exógenas (fármacos), que tenham características químicas e estruturas comparáveis às substancias que ocorrem naturalmente no organismo Obs: os fármacos são produzidos a partir dos ligantes endógenos já conhecidos ESTADO DOS RECEPTORES Os receptores existem em dois estados, no mínimo, o inativo R e o ativo R* que estão em equilíbrio reversível entre si COMPLEXO FÁRMACO-RECEPTOR A célula tem diferentes tipos de receptores, cada qual especifico para um ligante particular e produzindo uma resposta única Os receptores ativados, alteram as propriedades físicas e químicas que levam a interação com moléculas celulares, causando respostas biológicas Podem desencadear um processo de transdução, amplificando o sinal para desencadear uma resposta biológica Ex: coração tem receptores de membrana que ligam e respondem à epinefrina/norepinefrina, bem como receptores muscarínicos específicos para acetilcolina PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE RECEPTORES Mecanismo de sinalização transmembrana ❶ Canais transiônicos disparados por ligantes (ex: rec. Colinérgicos, canais de Gaba, anestésicos locais) ❷ Receptores acomplados a prot. G (há 2º mensageiro presente) (ex: adrenorreceptores) ❸Receptores ligados a enzima (ex: rec. Insulina) ❹ Receptores intracelulares (ex: hormônios esteroides, antibióticos) 4 Natasha Ferreira ATM25 TRANSDUÇÃO DE SINAIS Amplificar pequenos sinais Receptores ligados a prot. G e a enzimas: amplificar a intensidade de duração do sinal Ex: ligação do salbutamol só está presente em poucos milissegundos, mas a proteína G ativada subsequente pode persistir por centenas de milissegundos Proteger a célula contra estimulação excessiva- dessensibilização dos receptores A administração repetida ou continua de um agonista (ou um antagonista) pode causar alterações na responsividade do receptor – leva a um processo celular de sensibilização do receptor Para evitar possíveis lesões celulares (ex: altas concentrações de Ca promovem morte celular), vários mecanismos se desenvolveram, buscando proteger a célula da estimulação excessiva Entendendo o processo Alta exposição do receptor a um agonista receptor dessensibilizado Receptores podem ser dessensibilizados (down- regulated) por internalização ou sequestro no interior da célula, ficando indisponíveis para novas interações com os agonistas Ex: administração repetida de epinefrina (agonista) em um curto período de tempo resulta na diminuição da resposta celular. Após um período de repouso, há novamente a administração do fármaco que resulta em resposta de intensidade original A sensibilização do receptor torna a célula mais sensível aos agonistas e mais resistente aos efeitos dos antagonistas Exposição repetida a antagonistas sensibilização (up-regulation), na qual receptores de reserva são inseridos na membrana aumentando o número total de receptores disponíveis INTERAÇÃO FÁRMACO-RECPETOR Eficácia Forçado complexo fármaco-agonista em desencadear uma resposta (converter a forma inativa do receptor em ativa) A ligação fármaco-receptor nem sempre terá uma resposta farmacológica. A partir dessa resposta diremos qual a força de ligação do fármaco a este receptor, se poderá formar o complexo e se poderá ativa-lo Obs: a ocupação se dá pela atividade, mas nem sempre ativa o receptor Obs: a ligação do fármaco (atividade) e a ativação do receptor (eficácia) são etapas distintas Agonista: eficácia > 0 e máx = 1 Antagonista: eficácia = 0 (não tem resposta) É possível medir a ligação dos fármacos aos receptores a partir de um teste chamado ensaios de binding (ligação) CURVA DOSE-RESPOSTA Embora a ligação fármaco-receptor possa ser medida, estamos interessados na resposta biológica Ex: fármaco que tem afinidade por receptores beta-adrenérgicos no coração (provei que ele se liga ao receptor), mas será que tem resposta? Para descobrir, faremos um processo de dose- resposta (curva) Teste in vitro • Procedimento feito antes que o fármaco chegue ao mercado e comece a ser utilizado para tratamento 5 Natasha Ferreira ATM25 • Teste com a dose para ver quando que obteremos uma resposta biológica X daquele fármaco ao receptor Teste in vivo • Teste de morfina em camundongos (efeito excitatório observado pelo levantamento da cauda) • Feito uma curva para observar qual dose desencadearia uma resposta considerável (dose máxima 140mg/Kg) Então, essa curva nos permite estabelecer e comparar a EFICÁCIA (tamanho da resposta - resposta máxima) e a POTÊNCIA (quantidade de fármaco necessário para produzir um efeito de determinada intensidade) de fármaco Ex: Bloqueadores dos receptores de angiotensina (anti-hipertensivos) • Candesartano – faixa de dose 4 – 32mg (mais potente pois precisa de menor dose para produzir efeito) • Irbesartano – faixa de dose 75 – 300mg Obs: um fármaco com maior eficácia é terapeuticamente mais benéfico do que um fármaco mais potente Obs: Efeito máximo pode ocorrer quando 100% dos receptores estão ocupados (mas não é regra) Lembrar: Quando temos classes diferentes de medicamentos NÃO PODEMOS COMPARAR POTÊNCIA, só podemos comparar se tiver dose e for do mesmo grupo!! Não podemos comparar morfina com ibuprofeno. Diclofenaco e ibuprofeno tu podes comparar pois são AINES. Quando temos dose maior, tem menos especificidade, e aí sim temos mais riscos, mas não podemos relacionar a especificidade com a potência FÁRMACOS AGONISTAS Fármaco ou substância endógena que se ligue a um receptor e ative resposta celular. Possuem afinidade e atividade intrínseca (eficácia >0 / máx 1) ou seja tem eficácia A atividade intrínseca do fármaco determina sua capacidade de ativar total ou parcialmente os receptores Os fármacos devem ser classificados de acordo com suas atividades intrínsecas e os valores de Emax resultantes Agonistas totais Comumente utilizados na farmacologia Afinidade de ligação em que ocorre a transformação do receptor na sua forma ativa, desencadeando uma resposta máxima E > 0 e max 1 Agonista parcial Afinidade de ligação e ativação do receptor e tem resposta intrínseca, mas não é máxima E > 0 e < 1 Podem ser utilizados para modular o tamanho da resposta causada or um fármaco agonista total. Podemos usar os dois tipos (total e parcial) para modular essa resposta e, não deixa-la muito alta 6 Natasha Ferreira ATM25 • Diminuindo a concentração do agonista total • E a medida que o numero de receptores ocupados pelo agonista parcial aumenta, o Emax diminui até alcançar o Emax do agonista parcial • Ex: vias dopaminérgicas que estiverem superativas tendem a ser inibidas pelo Aripiprazol (antipsicótico atípico), enquanto as vias que estiverem subativas são estimuladas − Reduz sintomas da esquizofrenia, mas como tem atividade total ele evita os efeitos extrapiramidais Obs: Adesivos de nicotina não se encaixam como agonista parcial, mas tem a função de ir tirando aos poucos a nicotina do corpo para diminuir os sintomas de abstinência. Agonista inverso Desligar ou reverter a atividade dos receptores e exerce efeito oposto aos outros agonistas Não podemos chama-lo de antagonista, pois ele desliga a atividade basal (atividade existente antes do ligante) • Ex: antihistaminicos de 1ª geração – desligam a atividade do receptor de histamina, mesmo que a histamina não esteja ligada a ele E < 0 FÁRMACO ANTAGONISTA Fármacos que se ligam aos receptores porém não estimulam os efeitos dos compostos reguladores endógenos, possuem afinidade, mas não atividade intrínseca (eficácia=0), ou seja, não tem eficácia Obs: o antagonista só vai existir na presença de um antagonista E = 0 Pode ocorrer antagonismo pelo bloqueio da ligação do fármaco ao receptor ou da capacidade de ativar o receptor Competitivos Se ambos, agonista e antagonista se ligam no mesmo local, no receptor de modo reversível, eles são denominados competitivos O antagonista competititvo impede que o agonista se ligue ao seu receptor e mantém esse receptor no estado inativo Compete pelo mesmo sitio de ligação, impedindo que o agonista tenha resposta biológica Eles deslocam as curvas dose-resposta para a direita (aumenta o CE50) sem alterar o Emax Obs: quem estiver em maior concentração terá mais chance de se ligar ao sitio de ligação Irreversíveis Se fixam de modo covalente ao local ativo do receptor, reduzindo o número de receptores disponíveis para o agonista Obs: O efeito dele não consegue ser superado pelo aumento da concentração de agonistas só vai parar de se ligar no receptor na apoptose ou destruição do alvo (“até que a morte os separe”) • Ex: Omeprazol, ác. Acetilsalicílico Alostérico Se fixa em um local (local alostérico) diferente do local de ligação do agonista e evita que o receptor seja ativado pelo agonista mesmo que este esteja ligado no seu sitio de ligação Funcional (fisiológico) Pode atuar em um receptor completamente separado, iniciando eventos que são funcionalmente opostos aos do agonista 7 Natasha Ferreira ATM25 Ex: epinefrina sobre a broncoconstrição induzida por histamina. Nesse caso a histamina (agonista) se liga ao seu receptor induzindo a broncoconstrição e a epinefrina se ligando ao seu receptor para fazer o efeito oposto. Químico Evita as ações de um agonista, modificando-o ou sequestrando-o, de modo que fica incapaz de se ligar e de ativar seu receptor Atua antes da ligação ao receptor • Ex: heparina (anticoagulante), se administrado em doses elevadas podemos ter risco de hemorragia. Para inibir essa resposta, utilizamos um antagonista químico • Sulfato de protamina é o seu antagonista. Ele é básico e se fixa à heparina que é acida prevenindo rapidamente seus efeitos terapêuticos ou tóxicos – levando ao processo de anticoagulação ANTAGONISTAS PODEM SER CONSIDERADOS ANTÍDOTOS? Em situações que o agonista está causando um efeito toxico podemos utiliza-los como antídoto para reverter o efeito daquela substância toxica. Só é antídoto quando um excesso do agonista está sendo letal. AINEs são antagonistas de um sistema enzimático, mas não são antídotos. Ex: Overdose de heroína tem que tirar a heroína, então utiliza um dotoxona (antagonista) para isso – nesse caso utilizado como antídoto, porém o paciente vai ter abstinência Nesse caso se utiliza um agonista parcial para ir tirando aos poucos a substancia e não ter a síndrome de abstinência tão alta. Ex: Se um paciente tentou cometer suicidio e tomou uma cartela de Diazepam, tem como reverter depois que já foi absorvido utilizando o Nitrazepam (antagonista). ÍNDICE TERAPÊUTICO É a relação entre a dose que produz toxicidade em metade da população(DT₅₀) e a dose que produz o efeito eficaz ou clinicamente desejado em metade da população (DE50) IT = DT₅₀/DE₅₀ É uma medida de segurança do fármaco, pois um valor elevado indica uma ampla margem entre a dose que é efetiva e a tóxica Quanto maior o IT, mais seguro é o fármaco IT CLÍNICO A dose de um fármaco necessária para produzir efeitos tóxicos pode ser comparada com a dose necessária para gerar efeitos terapêuticos na população, de modo a determinar o ITC Determinado pelo uso de triagem do fármaco e pela experiência clínica Quanto menor a faixa terapêutica, mais cuidado deve se ter com a dose administrada Janela terapêutica Faixa de concentrações de um fármaco que produz uma resposta terapêutica sem causar efeitos adversos/tóxicos PERGUNTAS DA AULA A. Pois tem tamanho de resposta máxima, epinefrina é total. 8 Natasha Ferreira ATM25 B. Pode comparar pois os 2 são AINES, precisa de menor dose para atingir a mesma resposta E. não são da mesma classe então não posso comparar qual é mais potente, não tem dose de ibuprofeno, não tem como tirar a informação de ser total ou parcial A. naloxona não tem efeito sozinha então é antagonista, compete com a morfina então é competitivo B. os 2 tem potencial analgésico mas a pentozocina não tem o mesmo tamanho da resposta E. por não ter efeito por si só, é antagonista, por ser independente da dosagem não é competitivo.
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