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Objetivo do capítulo Esclarecer os principais conceitos em genética microbiana; Esclarecer o processo de replicação, transcrição e tradução em microrganismos; Compreender os processos de transferência gênica horizontal. ESTRUTURA E FUNÇÃO DO MATERIAL GENÉTICO • Principais conceitos em genética microbiana • DNA e cromossomos INFORMAÇÃO GENÉTICA • Replicação do DNA • RNA e síntese de proteínas PLASMÍDEOS E TRANSPOSONS • Conceitos - plasmídeos • Conceitos - transposons TRANSFERÊNCIA GENÉTICA E RECOMBINAÇÃO • Transferência gênica horizontal e vertical • Transformação • Conjugação • Transdução TÓPICOS DE ESTUDO 107 Atualmente, a atenção da comunidade científi ca mundial está voltada à resistência bac- teriana a diversos tipos de antibióticos. Os tratamentos, visando à melhoria da saúde, tornam-se cada vez mais inefi cazes devido às mutações e trocas genéticas que ocorrem entre microrganismos. Alterações no DNA podem ser traduzidas em resistência e/ou me- lhoramento genético. Mas como um microrganismo transfere suas informações a fi m de promover contínuo aperfeiçoamento ou sobrevivência? Contextualizando o cenário 108 Estrutura e função do material genético5.1 Todos os seres vivos possuem o seu material genético, e este, na maioria dos seres vivos, é o ácido desoxirribonucleico, também conhecido como DNA. Sua função é simplesmente transmitir as informações desse indivíduo. A genética do DNA é enquadrada em uma ciência moderna, descoberta no século XIX, pelo cientista suíço Johann F. Miescher, que visualizou uma substância desconhecida em leucócitos extraídos de feridas purulentas e soube que aquela estrutura continha dois elementos: nitrogê- nio e fósforo. Mais tarde, em 1953, dois outros cientistas, James D. Watson e Crick H.C., apresen- taram a toda comunidade científi ca a estrutura das duas hélices separadas pelas fi tas do DNA. Segundo Tortora (2017): a genética é a ciência da hereditariedade. Ela inclui o estudo dos ge- nes: como eles carreiam a informação, como eles são replicados e transferidos para gerações subsequentes de células ou entre organismos e como a expressão de suas informações deter- mina as características de um organismo. A informação genética em uma célula é chamada de genoma, e o genoma de uma célula inclui seus cromossomos e plasmídeos. Os cromossomos são estruturas contendo DNA que transportam fi sicamente a informação hereditária, os cro- mossomos contêm os genes. Os genes são segmentos de DNA (exceto em alguns vírus, nos quais eles são constituídos de RNA) que codifi cam produtos funcionais. Em geral, estes produtos são proteínas, mas podem ser RNAs (ribossomal, transportador ou microRNA). (TORTORA, 2017). Portanto, o DNA, conforme visto na Fig. 1, é enquadrado como molécula que compõe os ge- nes, sua estrutura possui uma fi ta dupla de quatro unidades de nucleotídeos e duas cadeias, que se juntam por ligações de hidrogênio entre as bases nitrogenadas e que são constituídas por uma pentose e grupos fosfatos (BROOKS, 2014). Figura 1. Ilustração da dupla hélice de DNA. Fonte: Shutterstock. Acesso em 29/12/2018. 109 PAUSA PARA REFLETIR O DNA possui em sua composição uma pentose, qual é sua função? Principais conceitos em genética microbiana5.1.1 As características de um organismo vivo são infl uenciadas pelo ambiente onde vi- vem, por sua hereditariedade, pelas trocas genéticas e por suas características mi- crobianas, como formas, metabolismo, re- produção, locomoção, capacidade de sobre- vivência em condições hostis e relações da cadeia e teia alimentar. Os organismos possuem essa capacidade de repassar informações importantes acer- ca de sobrevivência por conta de sua história evolutiva e seu lugar nos ecossistemas. Para o entendimento da genética microbia- na, é preciso entender os seguintes conceitos: • Genótipo: coleção de genes; • Genes: o gene é a unidade fundamental da hereditariedade formado por sequência de ácidos nucleicos (DNA ou RNA). Ele é res- ponsável por informações; • Fenótipo: expressão das características do genoma somado às condições ambientais; • Mutações: qualquer mudança na sequência do DNA; • Resistência microbiana: é a capacidade de resistir a uma determinada droga de forma in- trínseca ou adquirida; • Código genético: é o conjunto de regras ou condutas, de forma a determinar correta- mente, como uma sequência de nucleotídeos é convertida na sequência de aminoácidos de uma proteína; • RNA: ácido nucleico composto apenas de um fi lamento de nucleotídeo. Outros conceitos estão interligados e, para melhor compreensão, estão descritos no Fluxograma 1. 110 Fluxograma 1. Conceitos da genética microbiana Conceito genoma: informação genética. Cromossomos e plasmídeos. Plasmídeos: moléculas circulares de DNA. Cromossomos: estrutura celular que contém o DNA, local onde se encontra a informação e os genes. Genes: segmentos de DNA. DNA: filamentos de nucleotídeos em pares. Mutação ou alterações: mudanças benéficas, maléficas ou letais que ocorrem no DNA. Para entender mais sobre o mecanismo de resistência, os conceitos ligados às formas em que as bactérias adquirem novas características, são: • Conversão lisogênica: adquirir novos genes de forma externa ou através da inserção de vírus bacteriófagos dentro da bactéria; • Transdução: adquirir novos genes de forma externa de outras bactérias através de bacteriófagos; • Conjugação: adquirir plasmídeo de forma externa através de trocas pelo Pili sexual. A principal troca entre bactérias são genes de resistência dos antibióticos; • Transformação: é englobar genes desnudos, ou seja, matérias genéticas livres no meio ambiente e incorporadas pela bactéria. Segundo Tortora (2017): “mutações no genoma bacteriano consistem em um dos primeiros passos em direção ao desenvolvimento da resistência a antibióticos”. 111 Novas doenças ocorrem por mutações de organismos que possivelmente não promo- vem impactos em outros seres vivos, mas, através de alterações em seu genoma, traduzem em seres letais. As mutações podem ocorrer em apenas pequenos pedaços, com uma simples troca da se- quência do DNA, conforme visualizado na Fig. 2. Figura 2. Ilustração de uma mutação no DNA (região em amarelo). Fonte: Shutterstock. Acesso em 29/12/2018. DNA e cromossomos5.1.2 Agora já entendemos que é no DNA que constam as informações genéticas e as funções importantes de sobrevivência da espécie. Estas são transmitidas para seus descendentes, de forma a perpetuar sua espécie e transmitir suas adaptações evolutivas. O DNA está em cada célula do organismo e é formado por longos fi lamentos chamados nucleotídeos. Cada nucleotídeo consiste em uma nucleobase: adenina, timina, citosina, gua- nina, uma desoxirribose e um grupo de fosfato. Os pares de bases sempre se unem de forma específi ca: a adenina se pareia com a timina, a citosina pareia com a guanina e, devido a este pareamento, as fi tas são complementares. (TORTORA, 2017). Os cromossomos se diferem em cada organismo e são as sequências de DNA que condu- zem a identidade do ser vivo. Por exemplo, os humanos possuem 46 cromossomos, sendo 23 herdados do pai e 23 da mãe. (HOFLING, 2011). 112 Figura 3. Ilustração dos cromossomos visualizados em microscópio. 4A visualização geral de cromossomos em células coradas. 4B visualização apenas dos cromossomos da célula. Fonte: Shutterstock. Acesso em 29/12/2018. Figura 4. Ilustração do DNA circular. Fonte: Shutterstock. Acesso em 29/12/2018. 4A 4B Na grande maioria das bactérias, o cromossomo é único e o DNA é uma molécula circular, conforme a Fig. 4. O cromossomo de bactérias geralmente está dobrado e aderido na mem- brana plasmática. (TORTORA, 2017). O DNA da E. coli contém 4,6 milhões de pares de bases e 1 mm de comprimento, sendo maior, inclusive, que a própria célula. Por estar enovelado, fi ca contido no interior da célula, e o genoma é uma região nãocodifi cante chamada de tandem ou STR (short tandem repeats) que se repete de duas a cinco sequências (TORTORA, 2017). 113 Informação genética5.2 Toda informação de um ser vivo está guardada em seus genes. Estas informações são únicas e são sua herança. Os genes controlam as estruturas celulares e todo o metabolismo da célula, de- pois são passados para a próxima geração perpetuando a espécie. Cada gene é rico em recursos energéticos, ele possui proteínas e auxilia nos processos metabólicos, como a biossíntese celular. Nos genes, existem regiões conhecidas como DNA inútil, pois a maior parte do DNA não traz nenhuma informação, apenas complementação. Já a parte útil transfere suas informações, conforme indicado na Fig. 5. Replicação do DNA5.2.1 A replicação do DNA inicia-se na conversão da fi ta dupla em duas moléculas fi lhas idên- ticas, servindo como molde para a próxima célula. Para que ocorra a replicação, muitas pro- teínas e enzimas estão envolvidas no processo. A replicação do DNA é um dos processos celulares mais complexos. Para facilitar a visualização das sequências, a Fig. 6 demonstra as etapas de forma explicativa. Figura 5. Ilustração do fl uxo da informação genética. Fonte: TORTORA, 2017. (Adaptado). Célula parental Célula recombinanteA célula realiza metabolismo e cresce Células-fi lhas Expressão Recombinação Replicação Novas combinações de genes A informação genética é utilizada dentro da célula para produzir as proteínas necessárias para o funcionamento celular. A informação genética pode ser transferida horizontalmente entre células da mesma geração. A informação genética pode ser transferida verticalmente para a próxima geração de células. 114 Quanto às enzimas da replicação, há são pelo menos 14 enzimas importantes na replica- ção, expressão e correção do DNA. São elas: • DNA-girase, que relaxa o enovelamento do DNA para iniciar a forquilha de replicação; • DNA-ligase, que forma as ligações covalentes que unem as fi tas de DNA; • DNA-polimerases, que sintetizam, corrigem e reparam o DNA; • Endonucleases, que clivam o arcabouço de DNA em uma fi ta de DNA, facilitando o reparo e inserções; • Exonucleases, que clivam o DNA em uma extremidade oposta para facilitar o reparo; • Helicase, que desenovela a dupla-fi ta; • Metilase, que adiciona o grupo metil a bases selecionadas no DNA recém-sintetizado; • Fotoliase, que utiliza a luz visível para separar dímeros de pirimidina induzidos pela luz UV; • Primase, que sintetiza iniciadores de RNA a partir do molde de DNA; • Ribozima, que é uma enzima de RNA e snRNP, sendo que ambos removem os íntrons e unem os éxons (íntron e éxons são sequências de DNA); • RNA-polimerase, que produz cópias de RNA a partir de um molde de DNA; • Topoisomerase, que separa círculos de DNA ao fi nal da replicação; • Transposase, que cliva o arcabouço do DNA, produzindo as fi tas simples de extremida- des coesivas. Figura 6. Ilustração da replicação do DNA. Fonte: TORTORA, 2017. (Adaptado). 1 2 3 Fita Parental Forquilha de Replicação Extremidade 3’ Fita fi lha em formação Extremidade 3’ Fita parental Extremidade 3’ Extremidade 5’ Fita parental Extremidade 5’ TiminaAdenina Guanina Açúcar Desoxirribose Citosina Açúcar Desoxirribose 1 A dupla hélice do DNA parental se separa à medida que as ligações de hidrogênio fracas entre os nucleotídeos das fi tas opostas se rompem em resposta à ação das enzimas de replicação. 2 Ligações de hidrogênio se formam entre os novos nucleotídeos complementares e cada fi ta do molde parental forma novos pares de bases. As duas fi tas de DNA são antiparalelas. O arcabouço de açúcar-fosfato está alinhado de cabeça para baixo em relação ao cabouço da outra fi ta. 3 Enzimas catalisam a formação de ligações açúcar-fosfato entre os nucleotídeos sequenciais em cada fi ta-fi lha resultante. 3´ 3´ 5´ 5´ 115 ASSISTA: Para melhor elucidação deste conteúdo, assista ao vídeo Replicação de DNA, que explica toda o processo da replicação do DNA. O vídeo está disponível no canal Mundo Incrível, no YouTube. Replicação de DNAReplicação de DNA, que explica toda o processo da replicação do DNA. O vídeo está disponível no canal Replicação de DNA, que explica toda o processo da replicação do DNA. O vídeo está disponível no canal Replicação de DNA explica toda o processo da replicação do DNA. O vídeo está disponível no canal explica toda o processo da replicação do DNA. O vídeo está disponível no canal RNA e síntese de proteínas5.2.2 O RNA, ou ácido ribonucleico, é uma molécula responsável pela síntese de proteínas das células do corpo. Sua principal função é a produção de proteínas. Por meio da molécula de DNA, o RNA é produzido no núcleo celular, sendo encontrado também no citoplasma da célula. (BROOKS, 2014). A informação contida no DNA é transcrita pelo processo de transcrição através de uma sequência de bases complementares de RNA, e a célula usa essa informação codifi cada para sintetizar proteínas pelo processo de tradução (TORTORA, 2017). As etapas dos processos de transcrição e tradução são visualizadas na Fig. 7. Figura 7. Ilustração da transcrição e tradução. Fonte: Shutterstock. Acesso em 29/12/2018. Núcleo Transcrição Exportação Tradução Dobramento Proteína RNA RNAm RNAm DNA A transcrição é um mecanismo de produção de uma fi ta de RNA complementar utilizando um molde de DNA, conforme a Fig. 8. Ao fi nal a informação foi codifi cada e transformada para o uso da célula. 116 Figura 8. Ilustração do processo de transcrição. Fonte: Shutterstock. Acesso em 29/12/2018. A transcrição é o primeiro passo na expressão gênica, pois as informações de um gene são utilizadas para construir um produto funcional, que geralmente é a proteína. O objetivo da transcrição é fazer uma cópia de RNA a partir de um molde de DNA de um gene. Para um gene codifi cador de proteína existe a cópia de RNA, transcrito, que carrega as informações necessá- rias para construir um polipeptídeo (MADIGAN, 2016). A transcrição é uma síntese de moléculas de RNA a partir de uma molécula de DNA-molde, e esta síntese ocorre pela união entre nucleotídeos complementares seguindo regras de parea- mento iguais as de replicação, exceto pelo pareamento de uracil com adenina. (LEVINSON, 2016). Transferência genética e recombinação5.3 A replicação do DNA é uma sequência de eventos complexos que traz diversos erros de processo, estes são conhecidos como mutações. Se houver alguma vantagem evolutiva ou seletiva, essa mutação será rapidamente replicada e repassada para as próximas gerações, a fi m de melhoria genética. Normalmente, as mutações são de cará- ter benéfi co para os microrganismos e preju- diciais para os hospedeiros. Em caso de bactérias, que são organismos haploides, as mutações obrigatoriamente se- rão expressa devido ao fato de suas células reprodutivas serem idênticas às células-mãe. 117 ESCLARECIMENTO: Organismos haploides são a minoria de todos os seres vivos, são constituídos por apresentar apenas um conjunto completo de cromossomos que serão repassa- dos para as próximas gerações. Os diploides possuem dois conjuntos completos de cromossomas. Os seres humanos são diploides e possuem, portanto, 2 n, sen- do 46 cromossomos. apresentar apenas um conjunto completo de cromossomos que serão repassa-apresentar apenas um conjunto completo de cromossomos que serão repassa- Organismos haploides são a minoria de todos os seres vivos, são constituídos por apresentar apenas um conjunto completo de cromossomos que serão repassa- dos para as próximas gerações. Os diploides possuem dois conjuntos completos de cromossomas. Os seres humanos são diploides e possuem, portanto, 2 n, sen- Organismos haploides são a minoria de todos os seres vivos, são constituídos porOrganismos haploides são a minoria de todos os seres vivos, são constituídos porOrganismos haploides são a minoria de todos os seresvivos, são constituídos porOrganismos haploides são a minoria de todos os seres vivos, são constituídos porOrganismos haploides são a minoria de todos os seres vivos, são constituídos por apresentar apenas um conjunto completo de cromossomos que serão repassa- dos para as próximas gerações. Os diploides possuem dois conjuntos completos apresentar apenas um conjunto completo de cromossomos que serão repassa-apresentar apenas um conjunto completo de cromossomos que serão repassa- dos para as próximas gerações. Os diploides possuem dois conjuntos completosdos para as próximas gerações. Os diploides possuem dois conjuntos completosdos para as próximas gerações. Os diploides possuem dois conjuntos completos de cromossomas. Os seres humanos são diploides e possuem, portanto, 2 n, sen- dos para as próximas gerações. Os diploides possuem dois conjuntos completos de cromossomas. Os seres humanos são diploides e possuem, portanto, 2 n, sen-de cromossomas. Os seres humanos são diploides e possuem, portanto, 2 n, sen-de cromossomas. Os seres humanos são diploides e possuem, portanto, 2 n, sen- Desta forma, a transferência de genes de bactérias, por exemplo, é unidirecional, de manei- ra que a célula receptora irá receber uma parte do DNA da doadora sem a formação de zigotos, e sim de merozigotos. As preferências de doação são pelos membros da mesma espécie, mas isto também ocorre entre espécies diferentes, o que constitui hoje em um risco potencial de transferência de genes de resistência a antibióticos e problemas de infecções hospitalares, como por exemplo a Shigel- la fl exneri, bactéria causadora de fortes diarreias em humanos, que devido a trocas genéticas, é resistente a vários antibióticos comerciais. A mudança no DNA é sucinta e pequenas trocas de bases já constituem uma mutação, con- forme visualizado na Fig. 9. Figura 9. Ilustração de uma mutação em DNA em pequenas regiões. Fonte: Shutterstock. Acesso em 29/12/2018. A transferência genética e a recombinação são, portanto, a causa da resistência aos an- tibióticos. Este problema vem aumentando gradativamente nos últimos anos, sendo as mais resistentes as bactérias Gram-positivas, da espécie Staphylococcus aureus; e entre as Gram-ne- gativas, Klebsiella spp, Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter spp. 118 Transferência gênica horizontal e vertical5.3.1 A transferência gênica horizontal, ou lateral, é quando uma célula simplesmente trans- fere seus genes para outra célula. A transferência gênica vertical é quando um organismo transmite seu material genético para as próximas gerações de forma reprodutiva. A transferência horizontal é a mais utili- zada em bactérias e outros organismos uni- celulares, pois desempenha uma rápida evo- lução e ocorre nos seguintes mecanismos: transformação, conjugação, transdução e agentes de transferência. Em processos de laboratório, a forma de melhoramento genético é realizada por transferência horizontal de forma induzida e artifi cial. Transformação5.3.2 A transformação é um mecanismo baseado em adquirir e expressar o material genético externo à célula, que está dispersa no meio e envolvida pelo organismo, o que resultará na mudança do seu genoma. Bacillus ssp, Hae- mophilus ssp e Pneumococcus spp são exem- plos de organismos que captam o DNA ínte- gro e incorporam em seu cromossoma. A captação do DNA é realizada tanto em uma fi ta simples como em fi ta dupla. As bactérias Gram-positivas incorporam a fi ta simples e sintetizam a fi ta complementar, já as Gram-negativas incorporam apenas as fi - tas duplas. Depois do DNA ser captado, ocorre uma recombinação que resulta em substituição, este tipo de combinação se chama homóloga ou legítima. Isto ocorre quando os organis- mos são homólogos e por isso a transformação é bem-sucedida. Em membros de espécies diferentes, observa-se também uma transformação, porém, estes casos são raros. 119 Conjugação5.3.3 A conjugação é uma transferência de material em forma de plasmídeos entre uma célula doadora e outra receptora, conforme a Fig. 10. Essa transferência ocorre somente quando existe contato direto entre os organismos. O Transdução5.3.4 A transdução é uma transferência de material genético através de um bacteriófago ou fagos e mediado por um vírus, conforme vemos na Fig. 11. Este fago possui uma capa prote- tora, em que o material fi ca protegido das nucleases e perfura a parede celular para injetar seu material genético. Como um vírus comum, o bacteriófago é uma das estruturas mais simples dos organis- mos, tendo uma cabeça ou capsídeo e cauda. O capsídeo é constituído por um material de Figura 10. Ilustração de uma conjugação. Fonte: Shutterstock. Acesso em 29/12/2018. doador é chamado de “macho” e o receptor de “fêmea”, de forma unidirecional. O doador necessita de habilidade e apresenta um pe- daço extra de DNA chamado de fator F (fator de fertilidade), sendo um DNA circular que se replica automaticamente. Este mesmo fator produz o pilus sexual, sem o mesmo não se- ria possível o processo de conjugação. Essa transferência ocorre em diversos ti- pos de bactérias, mas as Gram-negativas são as principais formas de troca genética. Estas possuem resistência múltipla a antibióticos. As Gram-positivas contêm plasmídeos que trazem uma resistência, porém, o plasmídeo possui um material adesivo que provoca agre- gação. Normalmente, as Gram-positivas trans- ferem seu material genético por transdução. PAUSA PARA REFLETIR Qual a importância das fímbrias para a conjugação? 120 origem proteica e em seu interior está o material genético, que é apenas uma molécula de ácido nucleico, ou seja, o DNA. Em geral, a transferência de um fago se dá apenas pelos membros da mesma espécie, entretanto, pode ser transmitido de forma rara, entre espécies diferentes. Figura 11. Ilustração de uma formação de um fago por um vírus. Fonte: Shutterstock. Acesso em 29/12/2018. A transdução na qual qualquer bacteriófago é transferido para um recipiente (receptor) é chamada de transdução generalizada, em que os fagos são empacotados através de um me- canismo conhecido como head full, um preenchimento ocorrido na cabeça do fago e, desta forma, o DNA do recipiente é substituído. Em uma transdução especializada, os fagos são conhecidos como profagos e possuem genes diferentes e específi cos chamados de lisogênicos ou temperados. Estes profagos es- timulam erros em algum espaço no DNA onde são inseridos e infectam, de forma estável, o DNA. Esta forma de inserção é chamada de lisogenização. Este tipo de transferência lisogênica amplifi ca a virulência de muitas bactérias. Plasmídeos e transposons5.4 Os agentes de transferência, também conhecidos como elementos genéticos transponí- veis, são os agentes de transmissão de resistência aos antibióticos, que podem também ser codifi cados em cromossomos bacterianos para expressão de novas linhagens. Os plasmídeos são pequenas parcelas de DNA circular, capazes de replicar de forma in- dependente todo o DNA cromossômico. O plasmídeo não é essencial a uma célula, é só uma vantagem adaptativa, como por exemplo a capacidade de ampliar os mecanismos de meta- bolização de substratos e resistência a antibióticos. 121 Os transposons são regiões específi cas e móveis do DNA que mudam de posição entre cromossomos ou em um plasmídeo. Alguns transposons migram para células diferentes. Alguns plasmídeos são facilmente transferidos entre organismos, já outros necessitam de elementos de transposição conhecidos como transposons, que são regiões de DNA móveis que migram de uma região de DNA para ou- tra. Desta forma, a região de DNA móvel car- rega os genes de resistência para uma região transponível que não continha esse gene, e assim o transmite para outra célula. É através de plasmídeos e transposons que são transmitidos os genes de resistência. Recentemente, foram descobertos os inte- grons, que sãoagentes genéticos que estão localizados nos cromossomos, eles produ- zem uma enzima integrase, responsável pela recombinação de DNA na região dos chamados cassetes gênicos, região dominada pelos genes de resistência. No total, são 60 cassetes gêni- cos ligados à resistência de diversos antibióticos de amplo uso comercial. É pela transferência horizontal que os plasmídeos, transposons conjugativos e integrons constituem resistência aos antibióticos dos membros de uma mesma espécie e de membros fi logenéticos afastados, pelos mecanismos de recombinação. Conceitos: plasmídeos5.4.1 Os plasmídeos são conhecidos como elementos extracromossômicos e são capazes de replicar de forma autônoma e se inserir no DNA do receptor, conforme a Fig. 12. Um plasmídeo que tem a capacidade de se integrar em um cromossomo bacteriano é chamado de epissoma. Os plasmídeos são classifi cados em conjugativos e não conjugativos. Os conjugativos mediam a conjugação e, em geral, são grandes, pois possuem os genes necessários para que ocorra uma replicação autônoma. Isso normalmente ocorre quando os genes são transferi- dos pelo pilus sexual. Os não-conjugativos não mediam a conjugação, são pequenos e possuem poucos genes. A transferência só ocorre quando a célula já possui outros plasmídeos conjugativos e ambos são transferidos juntos. 122 Os plasmídeos bacteriocinogênicos possuem genes codifi cantes e produzem substâncias que exterminam outras bactérias. Estas substâncias produzidas são chamadas de colicinas. Os plasmídeos sempre carregam o fator F, de fertilidade e o fator R, de resistência aos antibióticos. O fator R é um fator desconhecido para a comunidade científi ca, mas forneceu uma vantagem evolutiva para a maioria das bactérias. Os plasmídeos R são estruturados com o fator determinante R, que carrega os genes que conduzem a resistência e fazem parte dos transposons. Os principais mecanismos de ação dos genes de resistência são: detoxifi cação, que é a modifi cação ou degradação do antibiótico, alteração do sítio-alvo do antibiótico, alteração da captação, sistemas e efl uxo e redução da hipersensibilidade da membrana. Figura 12. Ilustração de um plasmídeo sendo inserido no DNA bacteriano. Fonte: Shutterstock. Acesso em 29/12/2018. ESCLARECIMENTO: Sistemas de efl uxo são formas de excreção de substâncias tóxicas geradas no me- tabolismo celular, ou seja, é o mecanismo natural do microrganismo e são codifi ca- dos por um gene contido no cromossomo do mesmo. Caso ocorra uma mutação neste gene, ocorre sua expressão de forma a produzir uma superexcreção de tóxi- cos, incluindo os antibióticos de diversas classes. tabolismo celular, ou seja, é o mecanismo natural do microrganismo e são codifica-tabolismo celular, ou seja, é o mecanismo natural do microrganismo e são codifica- Sistemas de efluxo são formas de excreção de substâncias tóxicas geradas no me- tabolismo celular, ou seja, é o mecanismo natural do microrganismo e são codifica- dos por um gene contido no cromossomo do mesmo. Caso ocorra uma mutação neste gene, ocorre sua expressão de forma a produzir uma superexcreção de tóxi- Sistemas de efluxo são formas de excreção de substâncias tóxicas geradas no me-Sistemas de efluxo são formas de excreção de substâncias tóxicas geradas no me-Sistemas de efluxo são formas de excreção de substâncias tóxicas geradas no me-Sistemas de efluxo são formas de excreção de substâncias tóxicas geradas no me-Sistemas de efluxo são formas de excreção de substâncias tóxicas geradas no me- tabolismo celular, ou seja, é o mecanismo natural do microrganismo e são codifica- dos por um gene contido no cromossomo do mesmo. Caso ocorra uma mutação tabolismo celular, ou seja, é o mecanismo natural do microrganismo e são codifica-tabolismo celular, ou seja, é o mecanismo natural do microrganismo e são codifica- dos por um gene contido no cromossomo do mesmo. Caso ocorra uma mutação dos por um gene contido no cromossomo do mesmo. Caso ocorra uma mutação dos por um gene contido no cromossomo do mesmo. Caso ocorra uma mutação neste gene, ocorre sua expressão de forma a produzir uma superexcreção de tóxi- dos por um gene contido no cromossomo do mesmo. Caso ocorra uma mutação neste gene, ocorre sua expressão de forma a produzir uma superexcreção de tóxi-neste gene, ocorre sua expressão de forma a produzir uma superexcreção de tóxi-neste gene, ocorre sua expressão de forma a produzir uma superexcreção de tóxi- Conceitos – transposons5.4.2 Os transposons fazem parte dos elementos genéticos transponíveis não essenciais aos microrganismos, mas que carregam vantagens evolutivas. Um transposon recebe uma designação T, e cada transposon tem sua numeração: T1, T2, e assim por diante. Sua estrutura é uma sequência de inserção, contendo genes extras localizados nas se- quências terminais. 123 Os transposons, atualmente, são os principais problemas hospitalares devido ao uso in- discriminado de antibióticos. Figura 13. Ilustração das regiões de um transposon. Fonte: Broad Institute. Acesso em 29/12/2018. (Adaptado). DNA Transponson Proposta de Atividade Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore um mapa conceitual abordando os conceitos mais relevantes do material estudado. Para realizar essa produção, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Recapitulando Nesse capítulo foi possível compreender os mecanismos de transferência genética, a fi m de conferir alterações no DNA, buscando adaptações evolutivas. O DNA, molécula fundamental para a sobrevivência, encontra-se de forma protegida na cé- lula e contém um açúcar como reserva energética. Esse mesmo DNA possui mecanismos de transferência de forma vertical e horizontal, de modo a promover aos microrganismos formas de perpetuar, adaptar e resistir a ambientes hostis. A forma horizontal se dá por meio de transformação; conjugação; transdução e agentes de transferência. Os agentes de transferências, ou elementos genéticos, podem ser, por exem- 124 plo, os plasmídeos e transposons, que são os principais responsáveis pelos mecanismos de melhoramento e aperfeiçoamento de sobrevivência dos microrganismos. Porém, além de me- canismos genéticos, os mecanismos morfológicos, como as fímbrias, são essenciais para a transferência horizontal, por exemplo: os pilus sexuais, que são de extrema importância para as trocas gênicas. A resistência microbiana a diversos antibióticos é uma ameaça nos tratamentos efetivos hos- pitalares, implicando no aumento de mortes, alta permanência hospitalar, impacto financeiro na promoção de saúde, além do fato de infecções comuns levarem a óbito um grande número de pessoas. De acordo com a pergunta norteadora, as alterações fazem com que os microrganismos se perpetuem, se adaptem e resistam a ambientes hostis. Os microrganismos transferem suas informações através de mecanismos de transferências verticais e horizontais. A primeira pausa para refletir questiona qual seria a função da pentose, ela contém açúcar e, portanto, possui uma reserva e função energética. A segunda pausa para refletir nos levou a pensar sobre a importância das fímbrias para a conjugação. Elas são essenciais para a transferência horizontal, bem como os pilus sexuais, que são de extrema importância para as trocas gênicas. 125 Referências bibliográficas ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. BRAZILIAN JOURNAL OF MICROBIOLOGY. São Paulo: Sociedade Brasileira de Microbiologia, 2000-2005. BROAD INSTITUTE. Disponível em: https://www.broadinstitute.org/. Acesso em: 21 jan. 2019. BROOKS, Geo. F. et al. Microbiologia médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. ENGELKIRK, P. G. Burton, microbiologia para as ciências da saúde. 9. ed. Rio de Janeiro: Gua- nabara Koogan, 2012. HOFLING, J. F. 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FUNGOS • Características dos fungos • Ciclo de vida • Fungos de importância médica: zigomiceto, ascomiceto, basidiomiceto VÍRUS • Características • Espectro de hospedeiros • Estrutura viral • Multiplicação viral TÓPICOS DE ESTUDO 127 Os fungos são organismos fantásticos, produtores de antibióticos, decompositores e reci- cladores de nutrientes importantes para o ecossistema, mas causam algumas doenças. São organismos próprios, com metabolismo e forma de vida, encontrados em solo, água e ar. Alguns são extremamente adaptáveis, trazendo, inclusive, desafi os no ramo alimen- tício no que tange à conservação de alimentos. Normalmente, os fungos são relacionados a organismos do bem, então, é possível algum fungo ser letal ao organismo humano? E os vírus, os organismos mais simples da crosta terrestre, que suscitam a discussão sobre serem vivos ou não vivos, com uma infi nidade de fases de evolução ao longo dos séculos e com muita história de doenças letais. Na atualidade, são focos de preocupações na área da saúde visando ao futuro, visto que estão em constante mutação, corroboran- do com doenças de alta letalidade, sem tratamento ou vacinas. E então pensamos: como uma partícula tão simples gera doenças epidêmicas, endêmicas e pandêmicas? Contextualizando o cenário 128 Fungos6.1 Os fungos são um grupo de organismos heterotrófi cos, uni ou pluricelulares, macro ou microscópicos, classifi cados em separado de bactérias, plantas e animais, pois formam estru- turas fi lamentosas denominadas de hifas, que formam os micélios, além de serem decom- positores e não fotossintetizantes. Fazem parte desse grupo as leveduras, bolores (Fig. 1) e diversos outros nomes dados popularmente, como mofos, ninhos, dedos, orelhas e muitos outros, sendo que são organismos muito dotados, vivendo de diversas maneiras (HAWKS- WORTH, 2001; LEVINSON, 2016; MADIGAN, 2016; TORTORA, 2017). ESCLARECIMENTO: Organismos unicelulares são aqueles compostos por apenas uma única célula. Já os pluricelulares, ou multicelulares, são aqueles compostos por mais de uma célula ou diversas. Organismos unicelulares são aqueles compostos por apenas uma única célula. Já Organismos unicelulares são aqueles compostos por apenas uma única célula. Já Organismos unicelulares são aqueles compostos por apenas uma única célula. Já os pluricelulares, ou multicelulares, são aqueles compostos por mais de uma célula Organismos unicelulares são aqueles compostos por apenas uma única célula. Já Organismos unicelulares são aqueles compostos por apenas uma única célula. Já Organismos unicelulares são aqueles compostos por apenas uma única célula. Já os pluricelulares, ou multicelulares, são aqueles compostos por mais de uma célula Organismos unicelulares são aqueles compostos por apenas uma única célula. Já os pluricelulares, ou multicelulares, são aqueles compostos por mais de uma célula os pluricelulares, ou multicelulares, são aqueles compostos por mais de uma célula os pluricelulares, ou multicelulares, são aqueles compostos por mais de uma célula os pluricelulares, ou multicelulares, são aqueles compostos por mais de uma célula Figura 1. Ilustração de fungos em placa de Petri contendo meio de cultura sólido. 1A: ilustração de colônias de fungos comuns. 1B: ilustra- ção de colônias de leveduras. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). Figura 2. Ilustração de esporos fúngicos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). Os fungos vivem nos mais diversos am- bientes aquáticos e terrestres. Em sua fase reprodutiva, o micélio forma estruturas para reprodução sexuada e assexuada, nas quais originam os esporos (Fig. 2). 1A 1B 129 Características dos fungos 6.1.1 Os fungos se desenvolvem com grande facilidade, principalmente em locais úmidos e com material orgânico disponível, de preferência no escuro. Por esse fato, são excelentes decom- positores, que chamamos de saprófi tos. Os fungos pluricelulares possuem micélio, um fi la- mento de hifas, conforme visualizado na Fig. 3. Figura 3. Ilustração dos fi lamentos de hifas formando um micélio. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). Como os fungos não possuem clorofi la, não realizam fotossíntese. Sua nutrição é de for- ma heterotrófi ca na obtenção do carbono extraído da decomposição ou absorção de material orgânico. Essa digestão ocorre externamente ao fungo pela liberação de enzimas que agem de forma a decompor o material para serem posteriormente absorvidos. Os fungos possuem a capacidade de armazenar reservas energéticas na forma de glicogênio. ESCLARECIMENTO: Clorofi la é um pigmento verde com a função de absorção de luz para a realização da fotossíntese. Clorofila é um pigmento verde com a função de absorção de luz para a realização Clorofila é um pigmento verde com a função de absorção de luz para a realização Clorofila é um pigmento verde com a função de absorção de luz para a realização Clorofila é um pigmento verde com a função de absorção de luz para a realização Clorofila é um pigmento verde com a função de absorção de luz para a realização Clorofila é um pigmento verde com a função de absorção de luz para a realização Clorofila é um pigmento verde com a função de absorção de luz para a realização Clorofila é um pigmento verde com a função de absorção de luz para a realização As leveduras fazem parte desse reino e são os fungos unicelulares. Os bolores e cogumelos são os fungos multicelulares. Ambos são eucariontes e possuem uma parede celular de quiti- na (polissacarídeo também encontrado em artrópodes). Vivem nos diversos ecossistemas de 130 Figura 4. Ilustração da esporulação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). Figura 5. Ilustração da formação de brotamento em levedura. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). forma harmônica e desarmônica, podendo ser parasitas, decompositores, associados a outros organismos ou de vida livre. Quando um fungo pode se apresentar de diversas formas como hifas, bolores ou leveduras, chamamos de dimórficos. Sua reprodução é sexuada ou assexuada. Quando a reprodução é assexuada, ocorre atra- vés das hifas que produzem os esporos. Esses esporos são idênticos geneticamente. Os es- poros são resistentes e quando as condições ambientais são propícias, ou seja, apresentam umidade, eles germinam num processo conhecido como esporulação (Fig. 4). Os fungos também se reproduzem assexuadamente por fragmentação, na qual a hifa se desprende, liberando células que originam outras hifas. Em fungos unicelulares, como as leveduras, a reprodução é por brotamento. Brotos são formados e se separam da célula original, formando novos fungos, conforme Fig. 5. 131 A reprodução sexuada ocorre pelos espo- ros, na qual inicia-se por fusão de hifas ha- ploides, originando uma hifa diploide. Essa hifa diploide se divide por meiose, formando esporos com genética distinta da matriz ini- cial. O cogumelo é originado de uma reprodu- ção sexuada que chamamos de frutificação. Alguns fungos formam filamentos, que são estruturas finas e longas, formando filas se- quenciais, como na Fig. 6. Os fungos são classificados tradicionalmente em quatrogrupos, conforme o Diagrama 1. Figura 6. Ilustração de filamentos de Candida albicans. Fonte: Shut- terstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). Diagrama 1. Classificação dos fungos BASIDIOMICETOS ZIGOMICETOS ASCOMICETOS QUITRIDIOMICETOS Fungos Os basidiomicetos, ou basidiomycota, são os cogumelos, corpos de frutificação em forma de chapéu. Exemplo: Agaricius (cogumelo champignon). Os ascomicetos, ou ascomycota, são os fungos que produzem sacos de reprodução e, na grande maioria, são filamentosos e unicelulares. Têm a capacidade de sintetizar antibióticos e são usados em indústrias alimentícias. Exemplo: Saccharomyces cerevisiae. Os zigomicetos, ou ficomicetos ou zygomicota, são fungos multicelulares, não formam cor- po de frutificação e fazem parte do apodrecimento de alimentos. Formam micorrizas, que são associações com raízes de plantas. Exemplo: bolores negros (Rhizopus sp). Os quitridiomicetos, ou chytridiomycota ou mastigomicetos, são os fungos mais antigos entre todos e são flagelados, podendo ser uni ou pluricelulares. São normalmente encontra- dos em ambientes aquáticos. Exemplo: Espécies no gênero fúngico batrachochytrium, o Batra- chochytridium dendrobatidis Longcore. 132 Antigamente, os fungos também eram classifi cados como deuteromicetos, que são os fun- gos imperfeitos que se reproduzem por conidiósporos. Os fungos desse grupo foram inseridos no fi lo ascomicetos, são eles: Penicillium sp, Aspergillus sp, Candida sp e Tricophyton sp. Pela fi logenia, alguns autores classifi cam os fungos nos seguintes fi los: chytridiomycota, blastocladiomycota, neocallimastigomycota, microsporidia, glomeromycota, ascomycota e ba- sidiomycota. Por essa classifi cação são considerados sete fi los, dez subfi los, 35 classes, 12 sub- classes e 129 ordens (KIRK, 2008). CURIOSIDADE: Os fungos são muito importantes para o meio ambiente e para a saúde, pois fa- zem parte dos organismos decompositores e, dessa forma, promovem o reciclo de nutrientes. A fl oresta amazônica, um dos maiores ecossistemas do mundo, de- ve-se aos fungos, pois a função de decomposição mantém a fl oresta. Também há a contribuição econômica alimentar, tanto na alimentação direta dos cogumelos comestíveis, como na fabricação deles. Atuam na prevenção ambiental através da redução de petróleo, pois fermentam a cana e produzem álcool, um combustível renovável e não poluente. Por fi m, produzem antibióticos que combatem diversas bactérias. ve-se aos fungos, pois a função de decomposição mantém a floresta. Também há Os fungos são muito importantes para o meio ambiente e para a saúde, pois fa- zem parte dos organismos decompositores e, dessa forma, promovem o reciclo de nutrientes. A floresta amazônica, um dos maiores ecossistemas do mundo, de- ve-se aos fungos, pois a função de decomposição mantém a floresta. Também há a contribuição econômica alimentar, tanto na alimentação direta dos cogumelos comestíveis, como na fabricação deles. Atuam na prevenção ambiental através da a contribuição econômica alimentar, tanto na alimentação direta dos cogumelos comestíveis, como na fabricação deles. Atuam na prevenção ambiental através da redução de petróleo, pois fermentam a cana e produzem álcool, um combustível renovável e não poluente. Por fim, produzem antibióticos que combatem diversas zem parte dos organismos decompositores e, dessa forma, promovem o reciclo de nutrientes. A floresta amazônica, um dos maiores ecossistemas do mundo, de- ve-se aos fungos, pois a função de decomposição mantém a fl oresta. Também há a contribuição econômica alimentar, tanto na alimentação direta dos cogumelos zem parte dos organismos decompositores e, dessa forma, promovem o reciclo de nutrientes. A floresta amazônica, um dos maiores ecossistemas do mundo, de- ve-se aos fungos, pois a função de decomposição mantém a fl oresta. Também há a contribuição econômica alimentar, tanto na alimentação direta dos cogumelos comestíveis, como na fabricação deles. Atuam na prevenção ambiental através da redução de petróleo, pois fermentam a cana e produzem álcool, um combustível de nutrientes. A floresta amazônica, um dos maiores ecossistemas do mundo, de- ve-se aos fungos, pois a função de decomposição mantém a floresta. Também há Quadro 1. Principais características dos fungos FUNGOS Tipo de célula Eucarionte Membrana celular Núcleo organizado com presença de esteróis Parede celular Formada por quitina, glicana. Ausência de peptideoglicana Reprodução Sexuada e assexuada Metabolismo Heterotrófi co Atmosfera gasosa Aeróbico, anaeróbico facultativo 133 Ciclo de vida6.1.2 O ciclo de vida dos fungos é muito diversifi cado, mas a maioria é assexuada e apre- senta ciclos reprodutivos com mitose. Os fungos com o ciclo reprodutivo sexuado realizam divisão celular através de meiose, plasmogamia e cariogamia. Figura 7. Ilustração da reprodução do fungo visando à ejeção do esporo. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). ESCLARECIMENTO: Plasmogamia é a fase sexuada dos fungos. Nela, as hifas haploides de dois fungos compatíveis unem-se, formando uma frutifi cação chamada de zigosporângio di- ploide. Cariogamia é a fusão das células que dão origem a primeira célula de um novo indivíduo. compatíveis unem-se, formando uma frutificação chamada de zigosporângio di- Plasmogamia é a fase sexuada dos fungos. Nela, as hifas haploides de dois fungos compatíveis unem-se, formando uma frutificação chamada de zigosporângio di-compatíveis unem-se, formando uma frutificação chamada de zigosporângio di- ploide. Cariogamia é a fusão das células que dão origem a primeira célula de um Plasmogamia é a fase sexuada dos fungos. Nela, as hifas haploides de dois fungosPlasmogamia é a fase sexuada dos fungos. Nela, as hifas haploides de dois fungosPlasmogamia é a fase sexuada dos fungos. Nela, as hifas haploides de dois fungosPlasmogamia é a fase sexuada dos fungos. Nela, as hifas haploides de dois fungos compatíveis unem-se, formando uma frutificação chamada de zigosporângio di- ploide. Cariogamia é a fusão das células que dão origem a primeira célula de um compatíveis unem-se, formando uma frutificação chamada de zigosporângio di-compatíveis unem-se, formando uma frutificação chamada de zigosporângio di-compatíveis unem-se, formando uma frutificação chamada de zigosporângio di-compatíveis unem-se, formando uma frutificação chamada de zigosporângio di- ploide. Cariogamia é a fusão das células que dão origem a primeira célula de umploide. Cariogamia é a fusão das células que dão origem a primeira célula de umploide. Cariogamia é a fusão das células que dão origem a primeira célula de um Os ascomycota e basidiomycota apresentam diferenças dos demais fungos, pois produzem células sexuais diferentes na mesma hifa. Dessa forma, ocorre uma alta variabilidade genética. Os fungos que possuem somente ciclo sexuado são chamados de teleomórfi cos, en- quanto os de ciclo assexuado, anamórfi cos. Já os que apresentam as duas fases de repro- dução, holomórfi cos. A grande maioria dos fungos se encontram no solo, portanto, possuem uma parte enrai- zada e outra parte aérea, chamada de basidiocarpo. Os esporos dos fungos (Fig. 7), tanto os sexuados quanto os assexuados, são ejetados e deslocados pelo ar por longas distân- cias. Esses esporos, para muitas pessoas, são causadores de muitas alergias e outros pro- blemas respiratórios. 134 Fungos de importância médica: zigomiceto, ascomice- to, basidiomiceto 6.1.3 Os fungos zigomicetos são impactantes nos indivíduos imunossuprimidos, como por exemplo os portadores do HIV, diabetes não controladas e transplantados. Esses fungos são causadores de micoses e da mucormicose, uma infecção grave em diversos órgãos. Caso não seja tratada, a mucormicose deixa sequelas como cegueira, difi culdade de respirar, andar e morte, em muitos casos. Faz parte do ciclo de vida a fase adulta, em que o fungo libera os esporos,que germinam e formam os micélios, que crescem e se tornam adultos, conforme Fig. 8. Figura 8. Ilustração simplifi cada do ciclo dos fungos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). Figura 9. 9A: Ilustração de micose de pele. 9B: Ilustração de fungo ocular. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). ESPOROS GERMINAÇÃO DOS ESPOROS CORPO DE FRUTIFICAÇÃO MICÉLIO 9A 9B 135 Figura 10. Ilustração de microscopia 40x com Candida albicans em urina infectada pela levedura. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). Figura 11. Ilustração de Aspergillus sp nos pulmões. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). O ascomiceto de maior relevância é a candidíase, causado pela levedura Candida albicans (Fig. 10). Outros ascomicetos causam micoses comuns. O Aspergillus sp acomete os pulmões e causa a apergilose pulmonar. O fungo se multiplica formando hifas nos pulmões, conforme Fig. 11. Os basidiomicetos são os fungos que vivem na matéria orgânica abundante. Os esporos desses fungos que estão em suspensão no ar penetram nas fossas nasais, causando a sinusite na maioria dos casos. Em outros casos, causam endocardites, alergias simples e graves, lesões nos pulmões e onicomicoses (Fig. 12). 136 Figura 12. Ilustração ocomicose (fungos nas unhas). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). Para o simples diagnóstico de fungos causadores de micoses, coletas de raspados de unhas, pele, caspas, ou simplesmente o uso de swabs nos locais das lesões para cultivo em laboratório com culturas específi cas de fungos, e observação microscópica dos esporos em corantes sim- ples, são chamadas de micológico direto. ASSISTA: Assista ao vídeo O ataque silencioso dos fungos, disponível no canal Pesquisa Fapesp, no Youtube, que explica sobre infecções fúngicas e riscos à saúde. , disponível no canal Pesquisa Fapesp, , disponível no canal Pesquisa Fapesp, , disponível no canal Pesquisa Fapesp, , disponível no canal Pesquisa Fapesp, Diagnósticos por imagens analisam o perfi l dos pulmões, e exames de sangue em busca de células indicadoras de processos alérgicos são de uso clínico no diagnóstico de doenças cau- sadas por fungos. PAUSA PARA REFLETIR Por que, em ambientes médicos, muitas doenças causadas por fungos podem ser facilmente confundidas por viroses? 137 Vírus6.2 Os vírus são agentes acelulares, sem metabolismo e, por isso, são parasitas intracelulares obri- gatórios. Dentro de outras células, o vírus é ativo, utiliza o metabolismo do hospedeiro e se reproduz. Externamente, as células são inertes e oportunistas (MADIGAN, 2016). Os vírus são vistos por alguns cientistas como organismo não vivo e, para outros, como organismo vivo. É uma questão de escolha (LEVINSON, 2016). A palavra “vírus” vem do latim e signifi ca “veneno” ou “toxina” (MADIGAN, 2016). São pequenos agen- tes infeciosos de tamanho entre 20-400 ηm de diâmetro, exceto o Ebalovirus, um vírus maior que mui- tas bactérias, coonforme mostra a Fig. 13. Figura 13. Ilustração dos tamanhos dos vírus. Fonte: LOPES, 2010. (Adaptado). Figura 14. Ilustração de diversos tipos de vírus. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2019. (Adaptado). Causadores de diversas doenças, os vírus, ao longo da evolução, mostram-se adaptados devido às recombinações genéticas, pois incorporam seu genoma no genoma da célula hospedeira e, quando ocorre a transcrição, são inevitáveis montagens das bases incorretas. Dessa forma, um novo vírus se forma, às vezes, com alta capacidade de virulência. São os organismos mais simples na Terra e têm estruturas conforme a Fig. 14. 970 ηm, vírus Ebola 300 ηm, pequenas bactéricas (clamídias) 200 x 300 ηm, vírus da Varíola 110 ηm, vírus do Herpes simples Cé lu la e uc ar ió ti ca d e um fu ng o, 5 .0 00 η m d e di âm et ro 80 – 120 ηm, vírus da Caxumba e da Gripe 70 – 80 ηm, Adenovírus 65 x 95 ηm, Bacteriófago 280 x 15 ηm, vírus do mosaico do tabaco 22 – 38 ηm, vírus da Febre Amarela 28 ηm, vírus da Poliomelite 10 ηm, vírus da Febre Aftosa 138 Características dos vírus6.2.1 Os vírus prosperam pela contínua interação com seus hospedeiros, pela contínua seleção e mudanças de ambiente. A diversidade genética é característica marcante nesses organismos, o que traz preocupações mundiais devido a doenças letais que são, geralmente, de fácil trans- missão e difícil cura. Além disso, há a falta de vacinas e os medicamentos inefi cazes. Na escala evolutiva, os vírus foram, são e serão um transmissor de material genético de constante evolução. Mesmo assim, suas características comuns estão no seu material genético, sendo DNA ou RNA, ambos protegidos por um capsídeo. Outras características podem ser observadas na Tabela 2. Tabela 2. Principais características dos fungos VÍRUS Tamanho São os menores organismos existentes, vistos apenas em microscópio eletrônico Genoma DNA ou RNA, sendo que a família Mimiviridae apresenta ambos na mesma célula. Alguns possuem fi ta dupla, outros fi tas simples, seja DNA ou RNA Envoltório genético Proteico com ou sem revestimento lipídico, chamado capsídeo Metabolismo Não possuem, toda energia provém do organismo que está parasitando Reprodução Os vírus necessitam da via metabólica da célula para replicarem-se. Só se proliferam dentro da célula hospedeira infectada. A replicação segue as etapas: adsorção, penetração, desnudamento, transcrição, tradução, síntese, maturação e liberação Uma das classifi cações mais aceitas dos vírus é a de Baltimore, baseada na síntese de mRNA (RNA mensageiro), genoma e replicação. Dessa forma, os vírus se agrupam em sete classes, conforme a Fig. 15. A classifi cação baseada na síntese viral de RNA mensageiro (mRNA), genoma viral e replica- ção do DNA (classifi cação de Baltimore) agrupa os vírus em sete classes distintas. 139 Figura 15. Ilustração dos sete grupos de classificação viral. Fonte: MADIGAN, 2016. (Adaptado). A característica marcante dos vírus são as doenças causadas nos seres humanos e associa- das ao parasitismo. As principais são: • Herpes Agente etiológico: herpes simples tipo II. Principais formas de transmissão: utensílios de restaurantes e contato sexual. • Hepatite Hepatite A Agente etiológico: vírus da hepatite. Forma de transmissão: ingestão de água ou alimentos contaminados com o vírus. Hepatite B e C Agente etiológico: vírus da hepatite B e C. Forma de transmissão: contato com o sangue e fluidos de pessoas contaminadas. O contato sexual é a principal forma de transmissão, se- guida por transfusões e seringas contaminadas. Outra forma, crescente, são as manicures e tatuagens. • AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) É o vírus que mais mata pessoas nos últimos anos. Agente etiológico: vírus da imunode- ficiência humana (HIV). Forma de transmissão: contato com os seguintes líquidos corporais infectados: sangue, parto e placenta, esperma, secreções vaginais, leite materno, seringas. Vírus de DNA fd (±) Vírus de DNA fs Síntese da outra fita Intermediário de DNA fd Transcrição reversa Retrovírus RNA fs (+) Vírus de RNA fd (±) Transcrição fita (−) Transcrição fita (−) Vírus RNA fs (−) mRNA (sentido +) Transcrição Pode ser usado diretamente Vírus RNA fs (+) 140 • Sarampo Agente etiológico: vírus do sarampo. Forma de transmissão: vias oral e respiratória de pes- soa-pessoa e contato com objetos contaminados pelo vírus. • Varicela ou catapora Agente etiológico: varicela zoster. Forma de transmissão: vias oral e respiratória de pessoa- -pessoa e contato com objetos contaminados pelo vírus. • Raiva Agente etiológico: vírus da raiva. Forma de transmissão: contato com a saliva de animais doentes, como cão, gato e morcego. • Poliomielite (vírus da paralisia infantil) Agente etiológico: poliovírus. Forma de transmissão: contato pessoa-pessoa e ingestão de água e alimentos. • Dengue Agente etiológico: vírus da dengue.Forma de transmissão: picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus. • Caxumba Agente etiológico: vírus da parótida infecciosa. Forma de transmissão: vias oral e respirató- ria de pessoa-pessoa e contato com objetos contaminados. • Rubéola Agente etiológico: vírus da rubéola. Forma de transmissão: vias oral e respiratória de pes- soa-pessoa e contato com objetos contaminados. • Gripe Agente etiológico: vírus influenza. Forma de transmissão: vias oral e respiratória de pessoa- -pessoa e contato com objetos contaminados. • Gripe aviária Agente etiológico: vírus influenza H5N1. Forma de transmissão: contato com secreções de aves infectadas pelo vírus, contato de pessoa-pessoa através do ar, água, alimentos ou roupas contaminadas. • HPV (papiloma vírus humano) Agente etiológico: vírus HPV. Forma de transmissão: relações sexuais. Esse vírus é o cau- sador de câncer no colo do útero e hoje é prevenido por vacinas fornecidas gratuitamente na rede pública de saúde. Anualmente, mulheres devem fazer o preventivo. • Zika Agente etiológico: vírus zika. Forma de transmissão: picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Quando um vírus é transmitido por um artrópode, é chamado de arbovírus. 141 • Rotavírus Agente etiológico: sete tipos diferentes de sorotipos. Forma de transmissão: fecal-oral, pes- soa-pessoa, água e alimentos contaminados. • Adenovírus Agente etiológico: grupo de vírus. Forma de transmissão: pessoa-pessoa por secreções con- taminadas. • Ebola Agente etiológico: vírus ebola. Forma de transmissão: relações sexuais, contato com o sangue, fl ui- dos corporais, secreções incluindo vômitos, pele de pessoas infectadas e tecidos ou sangue de animais. • H1N1 Agente etiológico: vírus infl uenza. Forma de transmissão: vias oral e respiratória de pessoa- -pessoa e contato com objetos contaminados. PAUSA PARA REFLETIR Tendo como base as características dos vírus, é possível que, nos próximos anos, possamos ser surpreendidos por novos vírus, inclusive mais letais que o vírus ebola? Espectro de hospedeiros6.2.2 Devido ao sistema imune e às defesas dos hospedeiros, os mecanismos de ataque dos ví- rus fazem o equilíbrio em uma infecção viral. Quando um vírus entra na célula hospedeira, se favorece e se adapta para a reprodução e metabolismo. Em contrapartida, o hospedeiro inicia os processos de proteção. Dessa forma, essa relação entre vírus e hospedeiro é uma relação de equilíbrio, trazendo a atenuação da virulência e relações de comensalismo harmônicas. Assim, o hóspede permane- ce vivo e o vírus se reproduz e se nutre. Espécies que não produzem virulência são enquadradas numa fase longa e adaptativa de coa- daptação com os hospedeiros, resultando na perda ou redução de fatores que induzem a infecções. Dá-se o nome “espectro de hospedeiros” para a variedade de células que podem ser infec- tadas por um vírus (MADIGAN, 2016). Tudo depende dos mecanismos de interação, receptores, proteção, ataque, virulência, espécie, transmissão, imunidade, de forma que bloqueiam ou conduzem a uma relação de mutualismo. Os efeitos de interação do vírus no hospedeiro alteram o pH, massa molecular, densidade, temperatura, composição, comunicação do sistema imune e o tropismo celular. 142 Estrutura viral6.2.3 A estrutura viral é composta por, basicamente, dois componentes: parte central, chamada de cerne, onde está o genoma; e a capa proteica, que é o capsídeo, formando o nucleocapsídeo. O outro componente é constituído por partículas chamadas de vírion, que podem ser infec- ciosas (TORTORA, 2017; MADIGAN, 2016). Segundo Tortora (2017): Um vírion é uma partícula viral infecciosa completa, totalmente desenvolvida, composta por ácido nucleico e envolta por um revestimento proteico que a protege do meio ambiente. Os vírus são classifi cados de acordo com o ácido nucleico que possuem e por diferenças nas estruturas de seus envoltórios (TORTORA, 2017). Em poliovírus e adenovírus, os vírions são apenas os nucleocapsídeos. Nos mixovírus, poxvírus e herpesvírus, os vírions possuem externamente um envelope liproteico (Fig. 16), ad- quirido durante a saída da célula, arrastando e carregando a membrana celular do hospedeiro. Figura 16. Ilustração do envelope contendo internamente o vírus herpesvírus. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/01/2019. (Adaptado). Figura 17. Ilustração das simetrias virais. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/01/2019. (Adaptado). Devido ao nucleocapsídeo, os vírus possuem simetrias: esférica, helicoidal, poliédrica e complexa, conforme Fig. 17. ESFÉRICA HELICOIDAL POLIÉDRICA COMPLEXA POLIÉDRICA ESFÉRICA 143 Multiplicação viral6.2.4 Para que o vírus se multiplique, algumas etapas são necessárias. As fases são: adsorção, penetra- ção, desencapeamento, síntese de ácido nucleico, maturação e liberação. Quando a célula hospedei- ra permanece viva, chamamos de ciclo lisogênico. Se ocorre a morte celular, chamamos de ciclo lítico. Segundo Tortora (2017): Para que um vírus se multiplique, ele precisa invadir a célula hospedeira e assumir o comando da sua maquinaria metabólica. Um único vírion pode dar origem, em uma única célula hospedeira, a algumas ou mesmo milhares de partículas virais iguais. Esse processo pode alterar drasticamente a célula hospedeira, podendo causa sua morte. Em algumas infecções virais a célula sobrevive e continua a produzi vírus indefi nidamente (TORTORA, 2017). A fase inicial da multiplicação é a adsorção que, como o nome indica, é a fi xação do vírus na superfície da célula. Isso ocorre pelas proteínas de fi xação, que se ligam aos receptores da célula hospedeira. Após a aderência, a próxima etapa é a penetração, que se dá por formas diferentes depen- dendo do tipo do vírus. Os vírus envelopados entram por fusão com a membrana ou pelos endossomos da célula hospedeira. Mas para que isso ocorra, o pH deve estar ácido para realizar a fusão com a mem- brana e a formação do endossomo. Os vírus que não possuem envelope normalmente destroem ou penetram pela membrana, chegando com rapidez pelo citoplasma da célula hospedeira. Depois da penetração, a próxima fase é o desencapamento. Libera-se o ácido nucleico, num processo integrado com a biossíntese do ácido nucleico e proteínas. Para que ocorra essa etapa, o vírus utiliza os mecanismos enzimáticos e metabólicos da célula hospedeira, de forma a induzir a célula a replicar diversas cópias virais idênticas. A partir do fago, forma-se o RNAm, transcrito do DNA e traduzidos através dos ribossomos, aminoácidos e maquinário enzimático do hospedeiro. Nesse período de multiplicação, apenas pedaços de fagos são encontrados na célula hos- pedeira, ou seja, não são encontrados vírions completos, num período denominado eclipse. A próxima etapa é a maturação, mais conhecida como montagem, em que um vírion é fi na- lizado e está completo para ser liberado, passando para a última etapa. A liberação é a saída da célula hospedeira do vírion completo e o retorno para primeira etapa de um fago. Quando o vírus sai por brotamento, normalmente não ocorre a lise, consti- tuindo infecções de alta persistência. É o brotamento que dá ao vírus o envelope. Os vírus não envelopados são liberados pela lise e morte celular. 144 A Fig. 18 mostra as fases da multiplicação viral. Figura 18. Ilustração das fases da multiplicação viral. Fonte: TORTORA, 2017. (Adaptado). Proposta de Atividade Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo! Realize uma ficha sobre as principais doenças causadas por vírus, bactérias e fungos. Elabore em forma de tabela, relacionando cada agente causador. Para realizar sua produção, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Recapitulando Neste capítulo, estudamos sobre fungos e vírus, que são organismos simples, mas com uma adaptação extraordinária, que causam, infelizmente, algumas enfermidades. 1 2 3 4 5 Adsorção: o fago adere-seà célula hospedeira. Penetração: o fago penetra na célula hospedeira e injeta o seu DNA. Biossíntese: o DNA do fago direciona a síntese de componentes virais pela célula hospedeira. Maturação: os componentes virais são organizados, formando vírions. Liberação: a célula hospedeira sofre lise e novos vírions são liberados. PAREDE CELULAR BACTERIANA CAPSÍDEO DNA CAPSÍDEO (CABEÇA) BAINHA FIBRA DA CAUDAPAREDE CELULAR MEMBRANA PLASMÁTICA PLACA BASAL PINO CROMOSSOMO BACTERIANO 145 Os fungos são largamente usados na alimentação, principalmente as leveduras, em massas, pães, bebidas alcoólicas e fermentações em geral. Porém, em alguns setores alimentícios, são degradadores da qualidade e padrões organolépticos impostos pelo Ministério da Saúde. Nor- malmente, os fungos são facilmente eliminados pelo sistema imune dos seres humanos, mas quando se trata de imunossuprimidos, como os aidéticos, fungos simples como Candida sp são letais. Às vezes, uma infecção fúngica pode ser facilmente confundida com uma virose, visto que os sintomas são muito próximos e ambos são eliminados pelo organismo hospedeiro em poucos dias. Já os vírus têm uma larga sequência histórica de doenças letais que eliminaram boa parte da população mundial. Na atualidade, o HIV é uma das viroses que causam grande número de mortes, seguido das hepatites. Os vírus, organismos simples, sempre ressurgem com mutações e formas adaptativas de transmissão, portando alta virulência, como o caso do vírus ebola e H1N1. Por isso, não pode- mos descartar a hipótese de novos vírions surgirem com uma capacidade mais letal. Estudos científicos de quantificações em laboratórios, produções de vacinas, e busca por novos medica- mentos é a chave para a promoção da saúde, visando à melhoria da qualidade de vida. 146 Referências bibliográficas ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. BRAZILIAN JOURNAL OF MICROBIOLOGY. São Paulo: Sociedade Brasileira de Microbiologia, 2000-2005. Trimestral. BROOKS, G. F. et al. Microbiologia médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26. ed. Porto Ale- gre: AMGH, 2014. ENGELKIRK, P. G. Burton, microbiologia para as ciências da saúde. 9. ed. Rio de Janeiro: Gua- nabara Koogan, 2012. HAWKSWORTH, D. L. 2001. The magnitude of fungal diversity: the 1.5 million species estimate revisited. Mycological Research, v. 105, n. 12, p. 1422-1432. HOFLING, J. F. Microscopia de luz em microbiologia: morfologia bacteriana e fúngica. Porto Alegre: ArtMed, 2011. KIRK P. M.; Cannon P. F.; David J. C.; STALPERS, J. A. Dictionary of the fungi. 11. ed. Wallingford: Cabi Publishing, 2008. LEVINSON, W. Microbiologia médica e imunologia. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. LOPES, S.; ROSSO, S. Biologia. São Paulo: Saraiva, 2010. MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2016. O ATAQUE silencioso dos fungos. Postado por: Pesquisa Fapesp. (5 min. 56 seg.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wqrOUj4gaVI>. Acesso em: 12 jan. 2019. SALVATIERRA, C. M. Microbiologia: aspectos morfológicos, bioquímicos e metodológicos. São Paulo: Erica, 2014. TORTORA, G. J. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2017. 147
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