Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXACERBAÇÃO AGUDA DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA A DPOC é caracterizada por uma obstrução fixa da via aérea causada por enfisema, bronquite crônica ou ambas. É um problema clínico comum e crescente. Funcionalmente é caracterizada por redução no volume expiratório forçado de primeiro segundo (VEF1) < 80% do predito após uso de broncodilatador ou uma relação do VEF1 sobre a capacidade vital forçada (CVF) < 70% (índice de Tifenon?). Os pacientes podem ser classificados em relação à DPOC de acordo com a classificação GOLD, que utiliza critérios espirométricos. FISIOPATOLOGIA: Limitação do fluxo aéreo é progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões a particular ou gases nocivos. A obstrução do fluxo de ar pode ocorrer também pela destruição do parênquima (enfisema). Progresso VEF1 pelo tempo Spirometry – normal trace e obstructive disease. DEFINIÇÕES Bronquite crônica: tosse produtiva por mais de 3 meses em 2 anos consecutivos sem outra causa. Blue bloater. Enfisema pulmonar (anatomopatológica): destruição dos espaços distais aos bronquíolos terminais, sem fibrose importante associada. Pink puffer. EXACERBAÇÃO DE DPOC Evento agudo caracterizado por um agravamento dos sintomas respiratórios do paciente que está além das variações normais do dia a dia e que leva a uma mudança na medicação”. Geralmente inclui uma mudança aguda em um ou mais dos seguintes sintomas cardinais: 1 – Aumento da dispneia. 2 – Aumento do volume de expectoração. 3 – Mudança nas características do escarro – mudança de coloração (branco → amarelado). *Tosse produtiva pela manhã. 1 sintoma leve, 2 sintomas moderado, 3 sintomas grave. Escala MRC modificada 0 – Dispneia a exercícios intensos. 1 – Dispneia andando rápido no plano ou subindo aclives leves. 2 – Andar mais lentamente que pessoas da mesma idade devido a dispneia ou parar para respirar andando normalmente no plano. 3 – Parar para respirar após caminhar uma quadra (90 ou 120m) ou após poucos minutos no plano. 4 – Não sair de casa devido à dispneia ou dispneico ao se vestir. Teste de avaliação da DPOC – CAT Avalia o estado de saúde do paciente com DPOC – qualifica o impacto de sintomas comuns da doença. Tosse, catarro, aperto no peito, falta de ar ao subir ladeiras/escadas, limitação das atividades domésticas, confiança ao sair de casa. GOLD – Ferramenta de avaliação: EPIDEMIOLOGIA: 3ª causa de morte nos EUA. > 500.00 mortes no mundo. 7mi de brasileiros com DPOC. 107.000 internações hospitalares/ano. Prevalência 1%% em tabagistas de longa data. Custo médio de tratamento 6.000 de dólares ao ano – 2/3 no departamento de emergência. Brasil – 35.000 mortes/ano. SINTOMAS Dispneia progressiva. Tosse crônica – pode ser intermitente e não produtiva. Chiado (sibilo) recorrente. Produção de escarro crônica. Infecções recorrentes de trato respiratório inferior. No exame físico: sibilancia, taquipneia, comprometimento respiratório – dificuldade de falar, uso de musculatura acessória, movimentos torácicos paradoxais. Sinais de hipertensão pulmonar (edema periférico, P2 hiperfonética, estase jugular, Kussmaul). Epidemiologia positiva: tabagismo atual ou pregresso com alta carga tabágica. Exposição a queima de biomassa (fogão a lenha, carvoaria). Deficiência de alfa 1 antitripsina (raro). Baixo peso ao nascer. Infecções respiratórias na infância. Fatores de risco: gene, infecção, prematuridade, desnutrição, deficiência metabólica, tabagismo, poluição. DPOC e insuficiência cardíaca direita – por conta do aumento da pressão pulmonar = aumento da pressão no ventrículo direito → bronquite crônica tem mais sinais disso. PINK PUFFER – Soprador rosado Fenótipo enfisematoso, história de dispneia a longo prazo, pouco escarro, crises pouco frequentes. Hiperinsuflação, uso de musculatura acessória (tórax em barril), respiração com lábio semi serrado, oxigenação normal BLUE BLOATER – Azul inchado Fenótipo bronquitico, história de tosse e escarro de longo prazo e frequente, crises frequentes, menor grau de dispneia, hipoxemia crônica, sinais de hipertensão pulmonar (cor pulmonale – alteração na estrutura e no funcionamento...) Diagnósticos diferenciais – outras causas de tosse crônica: asma, CA de pulmão, tuberculose, bronquiectasias, IC E, doença intersticial pulmonar, fibrose cística, tosse idiopática. Rinite alérgica, síndrome de gotejamento pós nasal, síndrome da tosse de vias aéreas superiores, DRGE, medicamentos (iECA). Sinais e sintomas no departamento de emergência: tabagismo, > 70 maços/ano, história de sibilância, expectoração, sibilos, roncos, murmúrio vesicular, dispneia aos esforços. O que avaliar no paciente com exacerbação? Severidade da exacerbação (os 3 critérios), duração dos sintomas, número de exacerbações prévias, comorbidades associadas, características da expectoração (aumento, mudança de característica), dor torácica, sintomas constitucionais, tratamento atual. Achados de maior gravidade: uso de musculatura acessória, movimentos paradoxais da parede torácica, aparecimento ou piora da cianose, presença de edema periférico, instabilidade hemodinâmica, sinais de IC direita, alterações sensoriais (confusão mental, agitação, sonolência), acidose respiratória. Quais os potenciais fatores precipitantes? Intrapulmonares: bronquite aguda, pneumonia, broncoespasmo, edema pulmonar, TEP, hipertensão pulmonar. Extrapulmonares: diminuição do drive ventilatório, diminuição da força muscular respiratória, aumento da demanda metabólica, diminuição da tensão atmosférica de oxigênio, arritmia cardíaca, isquemia miocárdica. Quais exames solicitar? Oximetria de pulso, RX tórax, hemograma, eletrólitos, glicemia, prova de função pulmonar (não pedir na emergência, é para diagnóstico e não para conduta). RX na DPOC: Aumento do diâmetro anteroposterior, distancia entre as costelas, coração em gota, retificação do diafragma. RX tórax: Achados que podem mudar a conduta – pneumonia, pneumotórax, TEP. Hemograma pode acusar policitemia e leucocitose, solicitar para todos com indicação de internação. Eletrocardiograma: alterações sugestivas de cor pulmonale – desvio de eixo para a D-D1 negativo aVF positivo. Hipertrofia atrial D – aumento da amplitude de onda P. realizar em todos com dor torácica. Tomografia de tórax: só para alguns casos específicos, causa da exacerbação não evidente. Gasometria arterial: indicada para todos os pacientes com necessidade de internação. PaO2 < 60 e/ou PaCO2 > 45 indicam IRpA. PaO2 < 50 e/ou PaCO2 > 70 e pH 7,3 indicam episódio de grande gravidade. MANEJO Beta-2 agonistas inalatórios e anticolinérgicos: nível A de evidência. Associação com anticolinérgicos aumenta VEF1. Dose máxima de 2,5mg de fenoterol ou albuterol (10 gotas) + 30 a 40 gotas de atrovent. 4 a 6 puffs de salbutamol. 3 inalações na primeira hora e depois espaçar para hora em hora. Corticoesteroides: recomendada em praticamente todas as exacerbações agudas. Dose recomendada 40mg de predinisona VO. Pode-se considerar metilprednisolona EV 20-60mg a cada 6h em casos graves nas primeiras 72h. Estudos não houve diferença entre EV ou VO. Tempo de uso: 5-7 dias. Devo usar antibióticos? Indicados nas exacerbações moderadas a grave ou necessidade de ventilação invasiva. Etiologiais principais: pneumococo, hemófilos, moraxela, atípicos raros. Seleção do tipo de antibiótico: Grupo A: sem fatores de risco. Grupo B: presença de fatores de risco. Grupo C: risco de infecção por pseudomonas. A: amoxicilina/clavulanato. B e C: quinolona respiratória. Considerar antivirais se sintomas sugestivos de influenza. Oxigenoterapia Objetivo: manter SO2 88-92% ou PaO2 de 60 a 65mmHg. Usar menor fluxo possívelpara atingir esse objetivo (cateter 1-2L, venturi 24-28%). Quando internar? IRpA: acidose principalmente. Sinais novos como cianose ou edema periférico. Falha de resposta ao tto inicial. Condições associadas potencialmente sérias. Insuficiente suporte no lar. Quando indicar ventilação não invasiva? Moderada a grave dispneia. Hipoxemia refratária. PH < 7,35 e/ou PaCO2 > 45mmHg. Iniciar com pressão baixa: P Ins (IPAP): 8-12cm H2O. P Ex (EPAP): 3-5cm H2O. Mortalidade redução 10%. Intubação redução de 30%. Indicações de ventilação invasiva Falência da VNI ou contraindicação. Pós PCR. Rebaixamento de nível de consciência. Períodos de pausa respiratória com rebaixamento de nível de consciência. Persistente inabilidade para promover secreções respiratórias ou aspiração. Instabilidade hemodinâmica grave sem resposta a cristaloide e droga vasopressora. Graves arritmias ventriculares. Manejo inicial do ventilador Manter FiO2 para SO2 90-94% e PaO2 60-72mmHg. VC: 5-6ml/kg. FR: 8-12irpm. Pressão de pico < 45cm H2O e pressão de platô < 30cm H2O. Relação I/E: 1/3. PEEP inicial: 3 a 5 cm H2O. Quando indicar internação em UTI Dispneia severa com pouca resposta ao tratamento, alterações do estado mental, hipoxemia com PaO2 < 40mmHg ou acidose respiratória < 7,45. Necessidade de ventilação invasiva. instabilidade hemodinâmica. Outras medidas Monitorar balanço hídrico, considerar uso de profilaxia TEV (heparina), tratar condições associadas. Introduzir na alta hospitalar B2 agonistas de longa duração para pacientes com indicação. Acetilcisteína – não tem benefício/casos selecionados. Fisioterapia respiratória – reabilitação respiratória durante a internação aumenta mortalidade. Sulfato de Mg EV não benefício. Metilxantinas (teofilina) – não recomendadas pois aumentam efeitos colaterais.
Compartilhar