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Discussão de Caso Clínico

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Clínica Médica I 
Discussão de Caso 
Clínico III 
❖ Paciente sexo masculino, 15 anos, 
entrou no PS com rebaixamento do 
nível de consciência de inicio há 36 
horas, com náuseas, vômitos, 
seguido de dor abdominal e lombar 
difusa após 6h. Automedicado com 
melhora parcial. Hoje está sonolento 
e letárgico. 
❖ Nega história patológica pregressa. 
Nega medicações de uso contínuo. 
Mãe refere emagrecimento de 5 Kg 
em 30 dias. 
EXAME FÍSICO GERAL 
❖ BEG, corado, desidratado 3+/4+, 
acianótico, anictérico, torporoso 
(responde apenas a comandos 
altos). 
SSVV E EXAME FISICO ESPECIAL 
❖ PA: 100x60 mmHg 
❖ FC: 140 bpm 
❖ FR: 30 irpm 
❖ Tax: 36,8°C 
❖ Cardíaco: BRNF 2T S/S. 
❖ Pulmonar: MV+ bilateral e simétrico, 
s/RA. 
❖ Abdome: plano, RHA+, difusamente 
doloroso a palpação profunda, DB+, 
s/VCM palpáveis. 
❖ Neurológico: Glasgow (abertura 
ocular ao chamado, resposta verbal 
emitindo sons e obedece a 
comandos = 11), PIFR. Ausência de 
sinais meníngeos (rigidez de nuca, 
lasegue, kernig, brudzinsk) 
❖ Extremidades: nada digno de nota. 
HD sindrômico: síndrome de desidratação, 
síndrome álgica e síndrome neurológica 
aguda. 
HD etiológica: cetoacidose diabética. 
DISCUSSÃO 
❖ Choque é definido como uma PAS < 
90 mmHg ou queda de 40 mmHg da 
pressão basal do indivíduo, 
acompanhados de sinais de má 
perfusão/baixo débito (alteração de 
consciência, pulso filiforme, TEC > 
3seg, livedo reticular, oligúria, lactato 
elevado, acidose metabólica). 
❖ O diagnóstico pode ser feito de 
forma clinica e complementado 
pela gasometria arterial (evidenciará 
acidose metabólica) e lactato 
(produzido em virtude do 
metabolismo anaeróbio, iniciado 
após a carência de oxigênio nas 
células). 
O paciente em questão não está em choque. 
CETOACIDOSE DIABÉTICA 
❖ É a complicação aguda mais 
comum no DM1, geralmente 
surgindo juntamente com o 
diagnóstico da DM1 (a complicação 
leva ao diagnóstico). 
❖ Caracteriza-se pelo aumento dos 
corpos cetônicos na circulação 
sistêmica em decorrência de um 
estado hiperglicêmico importante. 
QUADRO CLÍNICO 
❖ Náuseas; 
❖ Vômitos; 
❖ Torpor e letargia; 
❖ Desidratação (por diurese osmótica). 
EXAMES COMPLEMENTARES 
❖ A confirmação do diagnóstico deve 
ser feita pela gasometria arterial 
(acidose metabólica – pH reduzido, 
HCO3 baixo, pCO2 baixo), urina tipo 1 
(para visualização de corpos 
cetônicos) e glicemia capilar (> 250). 
TRATAMENTO 
❖ Deve ser feito hidratação EV e 
insulinização, para que haja a queda da glicemia sérica 
concomitantemente com a 
correção a acidose (pela diurese) e 
cessação da cetogênese. 
❖ Em síntese, a hidratação elimina os 
corpos cetônicos já criados e a 
insulina impede a criação de novos 
corpos cetônicos. 
❖ A hidratação deve ser feita com SF 
0,9%. A insulinização deve ser feito 
com a insulina regular em BIC ou 
bólus, na dose de 0,1 UI/Kg/h. 
❖ Deve-se atentar durante esse 
processo os níveis de potássio (pelo 
risco de hipocalemia – o potássio 
entra na célula junto com a glicose) 
e de glicose (pelo risco de 
hipoglicemia). 
❖ A cada hora, deve-se fazer glicemia 
capilar de controle (se abaixar muito 
rápido, reduz a dose da insulina). A 
dosagem de potássio deve ser feita 
a cada 4 horas, bem como a 
gasometria arterial (para avaliar os 
níveis de bicarbonato). 
Se possível, como o quadro é resolutivo de 6h a 48h, 
deve-se encaminhar o paciente para UTI. Se não, 
pode ser alocado em sala de emergência ou 
enfermaria.

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