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Análise Literária UERJ - 2022

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Aline Layoun 
é redatora publicitária, roteirista e coidealizadora da 
plataforma de ensino @osalto. Formada em Comunicação 
Social, ela possui MBA em Marketing pela FGV e domina 
a língua portuguesa como ninguém.
Vanessa Biondini
é formada em Letras pela UFMG, possui MBA em Gestão 
Estratégica de Pessoas pelo SENAC e, atualmente, é 
mestranda em Educação e Formação Humana pela UEMG.
SOBRE AS AUTORAS
ÍNDICE
O que esperar da redação da UERJ?
Sobre a obra
Quem é o autor?
Gênero: romance-policial
Linguagem
Narrador
Tempo da narrativa
Espaço da narrativa
Enredo
Principais personagens da obra
Temáticas principais
Temáticas secundárias
Proposta de redação estilo UERJ
Redação-modelo
Bibliografia
4
5
5
6
7
7
8
8
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13
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25
26
Análise Literária
UERJ - 2022
O QUE ESPERAR DA REDAÇÃO DA UERJ?
Desde 2017, a UERJ indica uma obra de literatura como leitura prévia da prova 
de Redação. O tema escolhido advém de uma das questões levantadas pelo 
livro em questão. Para o vestibular de 2022, a obra indicada é “Uma janela 
em Copacabana”, do autor Luiz Alfredo Garcia-Roza.
O que os corretores da UERJ esperam é que os candidatos leiam o livro 
e discutam a narrativa, ao longo do ano, com seus colegas e professores. 
Assim, eles terão tempo para elaborar suas próprias opiniões a respeito das 
temáticas levantadas, bem como fortalecer a sua argumentação.
Desse modo, o texto exigido pela universidade carioca é a dissertação, que 
pode ser definida como a ação de defender uma opinião própria por meio de 
argumentos articulados entre si. O candidato, por sua vez, tem liberdade para 
defender qualquer opinião, desde que seus argumentos estejam apoiados 
em fatos. Em outras palavras, os argumentos precisam ser tanto suficientes 
e pertinentes quanto válidos e verdadeiros. 
Por fim, de acordo com os documentos anexados ao edital do vestibular da 
UERJ, “serão avaliados a habilidade de leitura e interpretação para reconstrução 
de textos em diversos níveis, o domínio de gênero “dissertação”, a construção 
de argumentação, e o emprego de formas e estruturas linguísticas de acordo 
com a norma padrão.”
Análise Literária
UERJ - 2022
SOBRE A OBRA
Uma janela em Copacabana, da autoria de Luiz Alfredo Garcia-Roza, é um 
romance policial que se passa no Rio de Janeiro. Na história, três policiais são 
executados em um curto espaço de tempo. Todos eles eram tiras de segundo 
escalão, possuíam carreiras medíocres e foram eliminados pela mesma pessoa, 
um assassino que dispara à queima-roupa e não deixa rastro. O mundo policial 
entra imediatamente em rebuliço e o delegado Espinosa é encarregado de 
desvendar o caso, descobrindo que os crimes são consequência de um forte 
esquema de corrupção e lavagem de dinheiro entre os policiais.
QUEM É O AUTOR?
LUIZ ALFREDO GARCIA-ROZA (1936-2020), formado em filosofia e psicologia, 
foi professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e publicou oito 
livros sobre psicanálise e filosofia. Deixou a vida acadêmica para dedicar-se à 
ficção policial e às investigações do delegado Espinosa, personagem central 
de quase todas as suas histórias. Seu romance de estreia, O silêncio da chuva, 
recebeu em 1997 os prêmios Nestlé de Literatura e Jabuti, além de ter sido 
traduzido para diversos idiomas.
GÊNERO: ROMANCE-POLICIAL
Os romances policiais, também conhecidos como gênero policialesco, 
seguem, em sua maioria, uma estrutura narrativa marcada pela presença 
do crime, da investigação e da revelação do autor, um criminoso acima de 
qualquer suspeita. Esses elementos compõem a receita de sucesso que fazem 
do gênero um dos mais vendidos em todo mundo.
A tradição começou em 1841, ano de publicação do conto Assassinatos da 
Rua Morgue, de Edgar Allan Poe, precursor do gênero. A história de dois 
assassinatos brutais de mulheres em Paris, investigados pelo detetive C. 
Auguste Dupin, foi publicada nas colunas de um periódico da Filadélfia, 
o Graham’s Magazine, nos Estados Unidos. Outras histórias de Poe foram 
apresentadas ao público por meio do jornal, processo que continuou até o 
século XIX, quando os romances policiais passaram a ser editados em livros 
populares. O detetive Dupin, concebido por Edgar Allan Poe, foi o primeiro 
da literatura de ficção e inspirou Arthur Conan Doyle na criação do célebre 
personagem Sherlock Holmes, o mais famoso detetive de todos os tempos.
Análise Literária
UERJ - 2022
Linguagem
A metalinguagem se faz bem presente na obra “Uma janela em Copacabana”, 
promovendo um diálogo intertextual comum ao gênero policial, que possui 
uma espécie de caráter autorreflexivo. 
A narrativa promove a intertextualidade ao dialogar com a própria literatura 
policial, com a psicanálise e com o cinema, envolvendo o leitor em um jogo 
metalinguístico e convidando-o a ocupar também o lugar de detetive. 
Para a autora Marta Maria Rodrigues, o livro “Uma janela em Copacabana”, 
de Luiz Alfredo Garcia-Roza, dialoga com o filme “Uma janela indiscreta”, 
de Alfred Hitchcock. Enquanto o primeiro é um romance policial em que o 
detetive protagonista é leitor de narrativas policiais, o segundo é um filme 
em que o detetive é fotógrafo, ou seja, um produtor de imagens. Ambos 
reafirmam a vocação intertextual e metalinguística da literatura policial ao 
realizarem um jogo não somente com ela, mas também com o cinema e 
ainda com a psicanálise, trabalhando com imagens, palavras e, acima de 
tudo, com o olhar, essa “janela da alma”. 
CURIOSIDADE - O filme Janela indiscreta, de Alfred Hitchcock, é 
baseado no conto “It had to be murder”, de Cornell Woolrich. Durante 
a investigação dos crimes, Espinosa estava lendo este mesmo livro, 
herdado pela avó.
Narrador
A obra conta com um narrador em terceira pessoa, onisciente, que conhece 
não só os fatos referentes à trama como o passado e os pensamentos mais 
íntimos do protagonista, o delegado Espinosa. Esse personagem é recorrente 
em cerca de 11 livros do autor Garcia-Roza.
Análise Literária
UERJ - 2022
Tempo da narrativa
A trama se desenvolve em tempo cronológico, ou seja, está associada 
diretamente à passagem de dias, horas e segundos. Pelo desenrolar da história, 
percebe-se que a narrativa ocorre aproximadamente no mesmo ano em que 
a obra foi escrita, em 2001.
Espaço da narrativa
O delegado Espinosa, protagonista da história, vive no Rio de Janeiro e conduz 
o leitor pelas ruas de sua geografia predileta, entre os bairros do Leme e de 
Copacabana. Ele mora num apartamento no Bairro Peixoto e trabalha na 12ª 
DP, na Rua Hilário de Gouveia. Quase todo o desenrolar da trama acontece 
nessa região, salvo os momentos que Espinosa viaja para encontrar Irene em 
São Paulo.
Análise Literária
UERJ - 2022
ENREDO
No romance policial “Uma janela em Copacabana”, Luiz Alfredo Garcia-Roza 
busca retratar a realidade corrupta da polícia do Rio de Janeiro, uma vez 
que os crimes centrais são apenas consequência de um forte esquema de 
corrupção e lavagem de dinheiro entre os policiais. Na história, Nestor, Silveira 
e Ramos pertencem à chamada “banda podre da polícia”, nome dado pela 
imprensa aos oficiais corruptos que se beneficiam de propinas pagas pela 
máfia do jogo do bicho. Além disso, eles estão envolvidos em um esquema 
de roubos de automóveis que visa a vender os carros aos verdadeiros donos 
ou comercializar suas peças no mercado paralelo.
Com o tempo, o negócio conquista grandes dimensões e os lucros tornam-
se exorbitantes, despertando a ganância de Celeste, amante de um dos 
policiais. A personagem, que mais tarde se revela a assassina da história, 
elimina cada um dos integrantes do grupo para ficar com todo o dinheiro. 
Quando as suspeitas recaem sobre ela, a única alternativa é convencer o 
delegado Espinosa, responsável pela investigação, de que ela seria a próxima 
vítima. Seduzido pela beleza e a simpatia da assassina, o delegado acaba 
prosseguindo a investigação descartando a possibilidade de que Celeste seja 
a culpada.
No entanto, ainda havia umatestemunha ocular da história, Serena Rodes, 
esposa de um influente representante da área econômica do governo federal. 
Quando Celeste atirou em uma das suas vítimas, Serena assistiu a tudo 
pela janela do prédio onde morava. Por isso, ela se tornou o último alvo da 
assassina, que elimina a testemunha e foge do país deixando uma carta para 
Espinosa. Assim, o delegado descobre, por meio da confissão, que Celeste 
era a assassina, mas já era tarde demais para prendê-la, pois com sua fuga, 
ele não sabia onde encontrá-la. 
Análise Literária
UERJ - 2022
PRINCIPAIS PERSONAGES DA OBRA
Análise Literária
UERJ - 2022
O delegado que combate a corrupção
Delegado Espinosa – é o delegado titular da 12ª DP, em Copacabana, no Rio 
de Janeiro. Na vida pessoal, ele pode ser descrito como um homem comum, 
que leva uma vida comedida, é divorciado, mantém um discreto romance e 
é um ávido leitor. Como membro de uma corporação, é um delegado cujas 
principais características são a integridade e a honestidade incorruptíveis.
 
CURIOSIDADE - O nome do delegado é uma homenagem ao filósofo 
holandês Baruch Espinosa (1632 – 1677, Amsterdã), reconhecido pela 
sua integridade.
O núcleo de policiais assassinados
Nestor, Silveira e Ramos, os três policiais assassinados, não eram 
considerados pessoas especialmente inteligentes. Apesar de queridos pelos 
colegas, eles não se destacavam como investigadores ou em suas funções 
administrativas. Eles também não eram honestos, já que tinham um negócio 
de automóveis, que envolvia o roubo de carros e seguradoras, e, além disso, 
os três recolhiam e distribuíam a contribuição do jogo do bicho para a polícia.
Ramos – tira de segundo escalão do Rio de Janeiro, era um policial com uma 
vida profissional discreta e sem grandes feitos. Apesar de casado, tinha uma 
amante, com quem mantinha um relacionamento extraconjugal – Maria Rita. 
Ramos foi o primeiro policial vítima da série de assassinatos investigados na 
obra, morto com um tiro à queima roupa, na frente do pai, portador do mal 
de Alzheimer. 
Silveira – antigo policial da 3ª DP, no Rio de Janeiro, era considerado um 
“detetive da antiga”, discreto, que contava o tempo para se aposentar, tinha 
uma conduta exemplar e era querido pelos colegas. Apesar de ser casado e 
ter uma família, mantinha um relacionamento extraconjugal com Aparecida. 
É assassinado com um tiro à queima roupa na nuca, sentado em um banco 
de praça em Copacabana.
Nestor – policial da 12ª DP, no Rio de Janeiro, era um profissional cuja folha 
de serviço “não o recomendava nem o comprometia”. Ao saber da morte 
dos outros dois colegas de profissão, procura o delegado Espinosa e revela 
a sua preocupação com o caso. Era casado e mantinha um relacionamento 
extraconjugal com Celeste. Foi o terceiro dos policiais a ser morto, com um 
tiro à queima roupa na nuca, em um conjugado em Copacabana.
A equipe de investigação
Para a investigação da morte em série de policiais, em Copacabana, o 
delegado Espinosa selecionou três de seus homens: Welber, Ramiro e Artur. 
Do ponto de vista operacional, o grupo ficava sob a chefia do inspetor Ramiro.
Detetive Welber – assistente e colega de trabalho de vários anos do delegado 
Espinosa, na 12ª DP, em Copacabana, no Rio de Janeiro, normalmente 
mostrava-se entusiasmado com as investigações. Welber era um homem 
em quem o delegado Espinosa depositava total confiança.
Inspetor Ramiro – inspetor com vinte anos de polícia, chefe dos detetives e 
elemento de ligação entre o delegado e os policiais da delegacia. Era hábil na 
tomada de depoimentos e considerado pelos colegas um bom investigador. 
Artur – detetive recém-saído da academia de polícia, inteligente e ainda não 
contaminado pela corrupção.
As mulheres da trama 
Sejam como amantes, companheiras ou mandantes de crimes, as mulheres 
se tornam, ao longo da trama, verdadeiras peças-chave da investigação.
Irene – “namorada” do delegado Espinosa, é uma mulher independente com 
quem o delegado desenvolve suas possíveis teorias e ouve uma perspectiva 
externa dos crimes.
Análise Literária
UERJ - 2022
Maria Rita – amante do policial Ramos, foi encontrada morta dentro de um 
carro, com um tiro na cabeça dado à queima-roupa.
Aparecida – amante do policial Silveira, foi encontrada morta, no banheiro 
do apartamento onde costumava se encontrar com o policial, dentro do 
boxe, nua e molhada, com um buraco no meio do peito.
Celeste – amante do policial Nestor, procura o delegado Espinosa e dá a 
ele todas as respostas de que precisava para as soluções dos crimes, já que 
foi ela a responsável pelos assassinatos ocorridos e, depois, desaparece, 
deixando o delegado com mais dúvidas. A motivação para os crimes seria, 
segundo suposição do delegado Espinosa, o desejo de ficar com todo o 
dinheiro advindo das ações corruptas dos policiais.
Rosita – amiga de Celeste, tem a sua morte investigada por ter caído da 
janela do apartamento onde morava, levantando diferentes hipóteses para 
o ocorrido, como assassinato, acidente ou suicídio. 
Serena – jovem mulher enigmática e insinuante, é casada com Guilherme, um 
figurão da área econômica do governo federal. Serena é quem testemunha 
o último crime – a morte de Rosita - e acaba se tornando mais uma vítima 
de toda a trama. Em determinado momento, tem um breve e complexo 
envolvimento com o delegado Espinosa. 
CURIOSIDADE - Serena observa pela janela de seu apartamento, em 
Copacabana, a morte de Rosita, que, inclusive, morre ao ser jogada da 
janela de um edifício também em Copacabana. Essas ocorrências, por 
sua vez, dialogam diretamente com o nome da obra “Uma janela em 
Coapacabana”. 
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TEMÁTICAS PRINCIPAIS
1 - Criminalidade e segurança pública:
A criminalidade está bem marcada no livro “Uma janela em Copacabana”. A 
história gira em torno da investigação de seis assassinatos: três de policiais e 
três de pessoas ligadas a eles. No enredo, não é só a facilidade de matar que 
chama a atenção do leitor, mas o fato de o criminoso terminar a narrativa 
impune. 
Em um certo momento da narrativa, descobrimos que Celeste é a verdadeira 
serial killer da história. Quando a personagem percebe que é suspeita pelos 
assassinatos, arquiteta um plano para fazer com que todos acreditem que 
ela seria a próxima vítima e que, por isso, precisava de proteção policial. O 
delegado Espinosa, então, seduzido e manipulado pela criminosa, prossegue 
com a investigação desconsiderando Celeste como assassina. Desse modo, 
a personagem ganha tempo para fugir do país, terminando a história impune.
REPERTÓRIOS SOBRE O ASSUNTO:
A) Estatísticas sobre a criminalidade no Brasil:
Em 2020, a taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI), no Brasil, chegou 
a 23,6% por cada 100.000 habitantes. Os números chamam a atenção, 
principalmente, porque nos dois anos anteriores (2018 e 2019) o país vinha 
passando por reduções sucessivas dessas mortes.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2020, a 
categoria de Mortes Violentas Intencionais foi composta por:
- 83% de homicídios dolosos
- 12,8% de mortes decorrentes de intervenções policiais
- 2,9% de latrocínios
- 1,3% de lesões corporais seguidas de morte
Análise Literária
UERJ - 2022
B) Dados sobre a impunidade no Brasil:
O Instituto Sou da Paz realiza, desde 2017, a pesquisa “Onde mora a Impunidade”. 
O estudo, que busca consolidar um Indicador Nacional de Esclarecimento de 
Homicídios, chegou à 3ª edição em 2021, revelando que apenas 11 estados 
brasileiros conseguem esclarecer 30% dos seus homicídios, sendo o Rio de 
Janeiro o pior neste ranking (apenas 11% de homicídios esclarecidos).
Para que o Brasil passe a priorizar a investigação de homicídios, o Instituto Sou 
da Paz propõe, entre outras recomendações, a modernização da gestão, da 
infraestrutura e da remuneração das Polícias Civis Estaduais, e a garantia da 
disponibilidade ininterrupta de equipes completas (delegado, investigadores 
e peritos) para chegada rápidaao local do crime em todas regiões dos estados. 
Além disso, a organização sugere a padronização e a integração dos sistemas 
de informação dos Ministérios Públicos estaduais, a fim de conferir mais 
transparência à resposta que o estado dá aos crimes contra a vida.
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2 - Corrupção praticada pela polícia
O delegado Espinosa se apresenta ao leitor como um dos poucos profissionais 
íntegros que existem no meio policial. Na delegacia onde atua, a maior parte 
da equipe está envolvida em esquemas de corrupção, aos quais ele combate 
fervorosamente. Não é à toa que, na narrativa, os assassinatos compõem 
justamente a chamada “banda podre da polícia”, nome dado pela imprensa 
aos oficiais corruptos que se beneficiam de propinas pagas pela máfia do 
jogo do bicho. 
Na história, o narrador denuncia os baixos salários dos policiais, que 
complementam a baixa remuneração que recebem com dinheiro advindo 
da corrupção. Desse modo, conseguem dar conforto para as famílias e ainda 
nutrir certos luxos, como sustentar amantes em vidas paralelas à matrimonial.
Em um dos trechos da história, Welber, o detetive assistente do delegado 
Espinosa, diz:
Delegado, é quase impossível listar os que recebem propina. Os caras se 
sentem como se estivessem cortando o salário deles, encaram a propina 
como um complemento legítimo que pode significar o dobro do salário, 
às vezes até mais. A dificuldade não é saber quem recebe. Todo mundo 
sabe, até porque muita gente recebe. O problema está em fazer alguém 
falar, ainda mais sabendo que estamos investigando. O senhor mesmo é 
capaz de dizer quem, na delegacia, recebe dinheiro. Mas e daí? O que vai 
fazer com eles? Mandar embora?
O combate à corrupção nas delegacias fica ainda mais difícil quando os 
policiais corruptos se tornam cúmplices uns dos outros. Na narrativa, a 
honestidade se apresenta como um valor perdido. Não é à toa que a história 
termina com a impunidade da assassina. Se o delegado Espinosa obtivesse 
sucesso na investigação, o desfecho traria uma mensagem de otimismo e 
esperança no combate à corrupção policial e não é essa a mensagem que o 
autor deseja passar aos leitores.
Análise Literária
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REPERTÓRIOS SOBRE O ASSUNTO:
A) Teoria das maçãs podres
A biologia comprova que uma maçã podre pode estragar todas as outras 
que estiverem ao lado. Mas, na vida social, o mesmo raciocínio não pode 
ser aplicado. Afinal, um comportamento criminoso, como a corrupção, não 
necessariamente vem de um indivíduo, mas de um sistema organizacional.
Para a antropóloga, Ana Paula Miranda, a “teoria das maçãs podres” reduz os 
problemas a casos isolados, escolhendo “bodes expiatórios” para preservar 
a imagem da instituição. Afinal, o seu foco é a inspeção, a identificação e a 
remoção de indivíduos em “desvio de conduta”. Porém, esse discurso tem 
duas conseqüências negativas:
- permite que os dirigentes e governantes não assumam suas 
responsabilidades;
- não permite ver os problemas a partir dos processos de trabalho. 
B) Culpabilização x responsabilização
Para a antropóloga Ana Paula Miranda, só será possível reduzir as transgressões 
disciplinares e os crimes policiais quando o mecanismo de culpabilização for 
substituído pelo de responsabilização.
Fique de olho!
Culpabilização: medidas punitivas e fiscalização de condutas são formas de 
culpar os agentes pelos seus erros e punições. 
Responsabilização: o paradigma do controle diz respeito à profissionalização 
dos agentes, atribuição de responsabilidades, como a prestação de contas 
pelos agentes e gestores públicos.
Análise Literária
UERJ - 2022
3 - Desmilitarização da polícia
Desmilitarizar a polícia significa, de forma geral, rever a sua forma de 
organização. Não cabe ao policial receber um treinamento militar, voltado 
para o enfrentamento e para o combate quando, para isso, já existe o Exército 
Brasileiro. O dever da polícia é (ou deveria ser) atuar para a prevenção de 
crimes, colocando-se a serviço da cidadania e na salvaguarda dos Direitos 
Humanos. 
Apesar disso, a instituição policial brasileira assume um papel de opressora e 
seus profissionais habituam-se com a violência em suas mais variadas facetas. 
Com isso, a sociedade civil teme a opressão da polícia como teme a tirania do 
bandido, perdendo a confiança no poder regulador do Estado. Essa relação 
conflituosa é exposta por Luiz Alfredo Garcia-Roza no seguinte trecho do 
livro:
“A mensagem recebida pelo rádio do carro falava em morte por arma 
de fogo. Pensou em como aquelas palavras se aplicavam a tudo no seu 
dia a dia. Desde que fora designado para o serviço de patrulha nas ruas 
não vira outra coisa que não fosse violência, e morte por arma de fogo 
nem sempre era a maior das violências. O pouco treinamento que tivera 
antes de ir para a rua não lhe possibilitara dar mais de meia dúzia de tiros 
— economia de munição, diziam —, mas incluía o que chamavam de 
preparação psicológica, sendo que a moça que fazia as palestras para os 
recrutas usava a palavra psicologia como usava batom: para enfeitar a boca. 
O rapaz não entendia de psicologia, mas entendia de violência. Convivera 
com ela desde o dia em que nascera. Seus vinte e dois anos de vida, todos 
eles vividos na favela, tinham-no habituado a violência de todo tipo, tanto 
a dos bandidos e traficantes como a da própria polícia. Mudara-se de lá 
fazia menos de um mês. Estavam matando policiais. O próprio comando 
tinha providenciado a mudança. É isso mesmo, morro não é lugar para 
policial. Lá, a lei é a do traficante, depois vem a lei de Deus.”
REPERTÓRIOS SOBRE O ASSUNTO:
A) Insegurança em relação à atuação das forças policiais
Uma pesquisa do Datafolha de 2019, divulgada pelo jornal “Folha de São 
Paulo”apontou que 51% dos brasileiros têm mais medo do que confiança 
na polícia. Já para 81% dos deles, a polícia não deveria ter liberdade para 
Análise Literária
UERJ - 2022
atirar em suspeitos sob o risco de atingir inocentes, sendo que apenas 17%, 
admitem esse tipo de ação.
B) Princípios do policiamento comunitário
O policiamento comunitário já é realidade em países como Bélgica, França, 
Itália, entre outros. Ele funciona como um órgão de prestação de serviço para 
cada cidadão e não como um instrumento de força para o governo local ou 
nacional.
Para Eddie Hendrickx, ex-vice-diretor da Polícia Nacional belga e responsável 
pela desmilitarização da polícia em seu país, “policiamento comunitário é 
essencialmente isso – juntar polícia e cidadãos, sociedade civil e autoridades 
políticas, para discutir quais são os problemas de segurança e conjuntamente 
achar soluções. (…) Para as pessoas se sentirem mais seguras, é preciso 
identificar os problemas de segurança reais no nível mais elementar e então 
buscar soluções”. 
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4 - Gentrificação do espaço urbano
Toda a narrativa da obra em questão se passa no Rio de Janeiro e é impossível 
falar da cidade carioca e dos seus bairros sem pensar em gentrificação. Esse 
fenômeno urbano transforma áreas periféricas em espaços modernos e 
revitalizados, segregando grande parte da população.
Desse modo, áreas antes ocupadas por favelas vão mudando gradativamente 
de aspecto e perfil populacional. Os espaços se valorizam e recebem 
cada vez mais investimentos públicos e privados, “expulsando” os antigos 
moradores, de renda mais baixa para locais ainda mais afastados e deficientes 
de infraestrutura básica.
Assim, um empreendimento com aspecto de “periferia” numa área nobre da 
cidade causa uma sensação de estranhamento nos moradores. Esse é o caso 
do sebo retratado na narrativa em questão. Inaugurado a uma quadra da 
delegacia, em uma área nobre de Copacabana, o antiquário chama a atenção 
de todos. 
Trecho da conversa entre Welber e o delegado Espinosa:
“— Abriram um sebo a apenas uma quadra da delegacia. A notícia teve um 
efeito inesperado para Welber. O delegado parou de andar, ficou olhando 
para ele em silêncio como se não tivesse entendidoa frase, e retomou a 
marcha.
— Não gostou da notícia, delegado? 
…— Muito. A ponto de se transformarem num possível projeto de vida. É que 
quando vemos esse projeto sendo realizado tão próximo de nós, ficamos 
assustados. De qualquer maneira, é uma excelente notícia. Obrigado.”
CURIOSIDADE - O termo gentrificação é a versão aportuguesada de 
gentrification (de gentry, “pequena nobreza”), conceito criado pela 
socióloga britânica Ruth Glass (1912-1990), em London: Aspects of 
Change (1964), para descrever e analisar transformações observadas em 
diversos bairros operários em Londres.
Análise Literária
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REPERTÓRIOS SOBRE O ASSUNTO:
A) Projeto Prata Preta
O Projeto Porto Maravilha, criado pela Lei Municipal 101 de 2009, visa à 
revitalização urbana da Região Portuária do Rio de Janeiro e contempla 
alguns estudos como o relatório “Prata Preta —um levantamento inédito dos 
cortiços localizados na zona portuária do Rio de Janeiro”. 
Coordenado pelo professor Orlando Alves dos Santos Jr, o estudo em 
questão faz parte das ações em defesa do direito à moradia no contexto 
da Operação Urbana Porto Maravilha e tem como objetivo dar visibilidade 
à situação econômica, social, cultural, jurídica e urbanística dos moradores 
dos cortiços da área central do Rio; e também identificar a demanda por 
regularização fundiária e habitação de interesse social.
B) Especulação imobiliária
 
Segundo Patrícia Ramos Novaes, mestre e doutora em Planejamento Urbano 
e Regional pela UFRJ, várias questões aparecem no processo de gentrificação 
das favelas da zona sul carioca, como a especulação imobiliária. Para ela: 
“a introdução da dinâmica de mercado com ausência de mecanismos 
de regulações estatais, levou à especulação imobiliária e ao aumento 
dos valores de venda e aluguel praticados nas favelas. Como resultado, 
gerou-se processos objetivos e subjetivos de aumento do custo de vida e 
deslocamentos de moradores para outras partes da cidade e até mesmo 
para dentro das favelas”.
Análise Literária
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TEMÁTICAS SECUNDÁRIAS
1 - Homofobia
O delegado Espinosa, apesar de detentor de um caráter íntegro e ilibado, 
apresenta uma personalidade marcada por uma sociedade machista e 
historicamente patriarcal. Em alguns trechos do livro, é possível perceber 
seu comportamento homofóbico, por exemplo em sua dificuldade em 
estabelecer um relacionamento sério com Irene.
“Ficou pensando se a resistência a estabelecer uma relação mais estável com 
Irene tinha algo a ver com o episódio homossexual dela.”
Em suas reflexões, o personagem atribuía seu comportamento homofóbico 
à criação que recebera quando criança:
“Mas o fato é que ele não podia responder pelos preconceitos acumulados 
por um menino que passara a infância no bairro de Fátima, no Centro, 
antes de morar em Copacabana. Naquele tempo era tudo muito simples: 
menino era menino, menina era menina, e cada qual se comportava de 
acordo com os padrões do seu gênero. Não havia confusão. Pelo menos 
assim pensava ele. O que não podia avaliar era o quanto daquele menino 
continuava presente e atuante nele.” 
2 - Alcoolismo
Serena, testemunha ocular de um dos assassinatos da história, é alcoólatra 
e frequenta diariamente um grupo de Alcoólicos Anônimos. Seu histórico 
com o álcool é uma temática que perpassa toda a narrativa da personagem. 
Em uma das cenas do livro, Serena marca um encontro com o delegado 
Espinosa em uma das reuniões dos AA. Após o evento, ele a questiona sobre 
o vício: 
“— Há quanto tempo...
— ... sou alcoólatra?
— Ia perguntar há quanto tempo você frequenta os AA, mas acho que é a 
mesma
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pergunta.
— Eu me dei conta de que era alcoólatra há quase dez anos, eu tinha vinte 
e cinco,
mas só passei a frequentar os aa aos vinte e sete, pouco antes de me casar 
com Guilherme.
— Ele também era alcoólatra?
— Ninguém era alcoólatra. Tem membros que estão sóbrios há vinte anos 
e continuam se considerando alcoólatras; sabem que se tomarem uma 
única dose deflagram um mecanismo que os fará tomar a garrafa inteira. 
Guilherme não é alcoólatra, embora beba quase todo dia... Mas não o dia 
todo. Quando conheci Guilherme, frequentava os AA quase diariamente. 
Casamo-nos no ano seguinte e quase nos separamos antes do primeiro 
aniversário de casamento. Mas a responsável pelo abalo não foi a bebida, 
foi meu passado. As pessoas padecem sobretudo de memória. A imagem 
que faço da memória é a de um bichinho de estimação que a pessoa ganha 
ao nascer e que vai crescendo junto com ela até ameaçar devorá-la. Para 
certas pessoas, o único escape é submeter-se às exigências do bicho. Só 
que, no nosso caso, o bicho fez morada na cabeça do meu marido. Não 
me arrependo da vida que levava antes de conhecer Guilherme. Na época 
não estava preocupada com a bebida, mas com minha voz e com meu 
desempenho. Achava que tinha uma voz bonita e que cantava bem. Cantei 
e bebi durante cinco anos. Quando conheci Guilherme, tinha parado de 
cantar e estava lutando para parar de beber. 
Aquela era uma das horas de maior movimento no Largo do Machado. 
Saíram andando na direção da praia do Flamengo de braços dados, ele 
pensando como aquele braço colara-se ao dele.
— Pelo que entendi, o pior já passou.
— Mas não acabou. A ameaça continua presente dentro da gente. É como 
um cão feroz que foi amansado. Um dia pode morder o dono.”
3 - Pessoas em situação de rua
Uma das temáticas exploradas pelo autor Luiz Alfredo Garcia-Roza em seus 
livros é a vulnerabilidade em que vivem as pessoas em situação de rua. 
Embora menos presente na obra “Uma janela em Copacabana”, a narrativa é 
permeada por momentos em que o delegado Espinosa sai para lanchar ou 
espairecer em um banco de praça e se depara com grupos de pessoas que 
vivem marginalizadas.
“O problema de almoçar num banco de rua é que se acaba forçosamente 
tendo de partilhar a refeição. Um menino que devia ter uns seis anos de 
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idade, mas que parecia ter três ou quatro, e que ficou parado na frente de 
Espinosa olhando fixo para ele, saiu carregando o saco de batatas fritas.”
DICA - Não se deve usar termos como “morador de rua”, “pessoa de rua” 
ou até mesmo “mendigo”para se referir a indivíduos que se encontram 
nesse contexto social. Afinal, esses rótulos sustentam ideias de fracasso 
moral e individual, desconsiderando especificidades dessa população 
e ignorando sua possibilidade de mudar ou sair da situação em que se 
encontra.
4 - Incentivo à leitura
O protagonista, Espinosa, cultiva uma paixão pela leitura, hábito incentivado 
pela sua avó. Na narrativa, a sua relação com a leitura é constantemente 
retratada, seja pela sua forma peculiar de organizar os livros, seja pelo seu 
apreço pelos sebos, interesse conhecido pelos colegas da profissão.
“A caminho da praça do Lido, pensava no seu gosto pelos livros. Não era 
propriamente pelos livros; não era um bibliófilo, seus livros não tinham 
sequer estante, eram empilhados junto à parede da sala, uma fileira de 
livros em pé, outra de livros deitados simulando uma prateleira, outra de 
livros em pé e assim por diante, tendo atingido uma altura que superava a 
dele próprio. Também não era um erudito. Longe disso. Faltava-lhe cultura. 
O que procurava nos livros era boas narrativas, histórias bem contadas. 
Devia à avó, responsável por sua educação, o gosto pela leitura.”
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PROPOSTA DE REDAÇÃO ESTILO UERJ
“Quero ressaltar que, independentemente da origem e dos fins, não há boa propina. 
Propina não é complemento salarial. Propina é suborno. Quem aceita suborno, 
assim como quem suborna, é corrupto. E corrupção, além de ser um problema 
legal, é um problema ético.”
Uma janela em Copacabana, de Luiz Alfredo Garcia-Roza
 
Muito se diz sobre a corrupção ser algo inerente aos seres humanos, 
mas, também, é quase unanimidade a associação de atos corruptivos ao 
desvirtuamento e à falta de cuidado com o bem comum, o que desperta os 
mais variados debatessobre como seria possível romper com essa cultura 
de suborno e desvirtuamento. 
A partir da leitura do romance, escreva uma redação dissertativa- 
argumentativa, com 20 a 30 linhas, em que discuta a seguinte questão:
É possível combater a corrupção ou ela é algo inerente ao ser?
Seu texto deve atender à norma padrão da língua portuguesa, conter um 
título, além de ser inteiramente escrito com caneta.
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REDAÇÃO-MODELO
Culpabilizar maçãs ou responsabilizar agentes?
No século XVIII, Jean-Jacques Rousseau proferiu a célebre frase “o homem nasce 
bom, e a sociedade o corrompe”. A partir dessa proposição, o filósofo nos afirma 
que as ações dos indivíduos são um reflexo do meio em que eles estão inseridos. 
Essa premissa, por sua vez, permeia importantes debates sobre quais seriam os 
elementos que corrompem a natureza humana. Com efeito, dessa reflexão surge 
uma importante indagação: seria a corrupção um vício inato ou uma reprodução que 
pode ser combatida?
Primordialmente, há de se considerar que parte da sociedade acredita que a corrupção 
é uma condição inerente ao ser. Sobre isso, o cientista político Jorge Almeida, da 
Universidade Federal da Bahia (UFBA), acrescenta que a competitividade comum das 
sociedades contemporâneas amplia o potencial corruptivo. Em suma, ele entende que, 
em espaços onde existem dificuldades para se obter determinados bens, aumenta-se a 
possibilidade de corrompimento. Desse modo, é cabível depreender que a dificuldade 
de acesso aos bens necessários para se viver pode ser um fator determinante para 
o aumento de atos ímprobos. Exemplo disso é a narrativa de Garcia-Roza, em “Uma 
janela em Copacabana”, que denuncia a ocorrência de corrupção dentro da polícia do 
Rio de Janeiro, que seria, inclusive, motivada pelos baixos salários pagos aos policiais. 
Todavia, em prol do bem-estar coletivo, é preciso que não haja a aceitação desses 
desvirtuamentos. Na linha do existencialismo, a filósofa alemã Hannah Arendt já havia 
refletido que um mal praticado corriqueiramente torna-se banal. Assim, podemos 
problematizar como a naturalização da corrupção dificulta o combate dela. Nesse 
sentido, a antropóloga Ana Paula Miranda, alerta que é essencial analisar as ocorrências 
de crimes de corrupção para além da “teoria das maçãs podres”, ou seja, que se deixe 
de culpabilizar os infratores e se comece a responsabilizar agentes e gestores públicos, 
a fim de, efetivamente, buscar soluções para reduzir as transgressões e romper com 
essa cultura de reprodução do corrompimento. 
Portanto, é preciso compreender que, apesar dos fatores que favorecem a prática 
de atos corruptivos entre os seres humanos, essa cultura deve ser combatida. Para 
produzir tal efeito, é fundamental que haja, conforme proposto pela antropóloga Ana 
Paula Miranda, uma substituição da culpabilização dos sujeitos pela responsabilização 
dos agentes. Somente assim, desvios como a desigualdade de acesso aos bens 
necessários para viver serão corrigidos e a corrupção será rechaçada. 
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BIBLIOGRAFIA
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Antropologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, Departamento de Antropologia. 
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de 2021.
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ciência já respondeu sobre população em situação de rua. In: Nexo Jornal. Disponível 
em: https://pp.nexojornal.com.br/perguntas-que-a-ciencia-ja-respondeu/2020/10-
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Acesso em novembro de 2021.
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Uma janela em Copacabana. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2001. 
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em: https://www.revista.vestibular.uerj.br/artigo/artigo.php?seq_artigo=69 Acesso 
em novembro de 2021.
MARTINS, Caroline; RETTICH, Juliana. 2020. Não tem mistério, está no edital: uma 
orientação para a prova de Redação. Disponível em: https://www.revista.vestibular.
uerj.br/artigo/artigo.php?seq_artigo=70 Acesso em novembro de 2021.
NÉBIA, Marta Maria Rodrigues. Janelas da alma: um olhar sobre o gênero policial. 
In: DARANDINA revisteletrônica – Programa de Pós-Graduação em Letras / UFJF – 
volume 1 – número 2. Disponível em: https://www.ufjf.br/darandina/files/2010/01/
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PEROSA, Teresa. Entrevista com Eddie Hendrickx. 2015. In: Revista Época. Disponível 
em:https://epoca.oglobo.globo.com/tempo/noticia/2015/05/precisamos-
desmilitarizar-policias-diz-especialista-europeu.html Acesso em novembro de 2021.
WOOLRICH, Cornell. Janela Indiscreta e outras histórias. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2008.
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https://www.revista.vestibular.uerj.br/artigo/artigo.php?seq_artigo=69
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