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2 Aulas Organização, estrutura e funcionamento do SUS

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Prévia do material em texto

1 
 
Disciplina: Organização, estrutura e funcionamento do SUS 
Autora: Esp. Viviane Possa Patrício 
Revisão de Conteúdos: Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki 
Ano: 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
 
2 
 
Viviane Possa Patrício 
 
 
 
 
Organização, estrutura e 
funcionamento do SUS 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2019 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
3 
 
Editora São Braz 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Revisão de Conteúdos 
Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
 
Revisão Ortográfica 
Juliano de Paula Neitzki 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
PATRÍCIO, Viviane Possa. 
Organização, estrutura e funcionamento do SUS / Viviane Possa Patrício. – 
Curitiba: Editora São Braz, 2019. 
62 p. 
ISBN: 978-85-5475-415-0 
1. Aspectos de Gestão. 2. Movimentos Sociais. 3. Prestação de Cuidados 
Material didático da disciplina de Organização, estrutura e funcionamento do SUS 
– Faculdade São Braz (FSB), 2019. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio .......................................................................................................................... 07 
Aula 1 – Pilares do SUS .................................................................................................. 08 
Apresentação da Aula 1 ................................................................................................. 08 
 1.1 - O Sistema Único de Saúde .............................................................................. 08 
 1.2 - Princípios do SUS ............................................................................................ 08 
 1.2.1 - Princípios doutrinários ................................................................................. 09 
 1.2.2 - Princípios organizativos ............................................................................... 10 
 1.3 - As três esferas na gestão do SUS ................................................................... 13 
 1.3.1 - Esfera Federal e Ministério da Saúde ........................................................... 15 
 1.3.2 - Esfera Estadual e Secretaria Estadual de Saúde .......................................... 16 
 1.3.3 - Esfera Municipal e Secretaria Municipal de Saúde ....................................... 17 
Conclusão da aula 1 ....................................................................................................... 19 
Aula 2 – Gestão em saúde .............................................................................................. 20 
Apresentação da aula 2 .................................................................................................. 20 
 2.1 - Promoção e prevenção ................................................................................... 20 
 2.1.1 - Estudo de caso: iodo .................................................................................... 24 
 2.2 - Cogestão ......................................................................................................... 26 
 2.2.1 - Conferências de saúde ................................................................................ 26 
 2.2.2 - Conselhos de saúde .................................................................................... 28 
 2.2.3 - Comitês técnicos .......................................................................................... 28 
 2.3 - Interoperabilidade ............................................................................................ 28 
 2.3.1 - Interoperabilidade nos sistemas de saúde .................................................... 30 
 2.3.2 - Interoperabilidade e segurança de dados ..................................................... 31 
Conclusão da aula 2 ....................................................................................................... 32 
Aula 3 – Gestão no SUS: uma gestão participativa ........................................................ 33 
Apresentação da aula 3 .................................................................................................. 33 
 3.1 - Políticas específicas ........................................................................................ 34 
 3.2 - ParticipaSUS ................................................................................................... 34 
 3.2.1 - Monitoramento e avaliação ........................................................................... 37 
 3.3 - PlanejaSUS ..................................................................................................... 40 
 3.3.1 - PlanejaSUS: instrumentos de planejamento ................................................ 41 
 3.4 - HumanizaSUS ................................................................................................. 42 
 3.4.1 - HumanizaSUS: diretrizes ............................................................................. 44 
Conclusão da aula 3 ....................................................................................................... 45 
Aula 4 – Redes de atenção ............................................................................................. 46 
Apresentação da Aula 4 ................................................................................................. 46 
 4.1 - As redes de atenção ........................................................................................ 46 
 
 
6 
 
 4.2 - Hierarquia da complexidade ............................................................................ 46 
 4.2.1 - Atenção primária .......................................................................................... 47 
 4.2.1 - Atenção intermediária ................................................................................... 49 
 4.2.3 - Atendimento de alta complexidade .............................................................. 50 
 4.3 - Urgência e emergência ................................................................................... 50 
 4.3.1 - Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE) ................................. 524.3.2 - Política Nacional de Atenção às Urgências – PNAU ..................................... 55 
 4.3.3 - SAMU ........................................................................................................... 56 
Conclusão da aula 4 ....................................................................................................... 57 
Conclusão da disciplina .................................................................................................. 58 
Índice Remissivo ............................................................................................................ 59 
Referências .................................................................................................................... 61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Prefácio 
 
Esta disciplina objetiva proporcionar a compreensão acerca do 
funcionamento, da maneira como é organizado e estruturado o Sistema Único 
de Saúde (SUS). Diferente de sistemas de saúde privados, o SUS tem 
características próprias de gestão, organização e planejamento devido à sua 
estrutura descentralizada, na qual as esferas municipal, estadual e federal atuam 
em conjunto na tomada de decisões. 
 Serão expostos quais os mecanismos que estimulam a participação 
popular e como se analisam as demandas da população, a estrutura disponível 
para que sejam articulados os processos necessários para a obtenção de 
resultados satisfatórios, utilizando uma gestão construída com a participação de 
todos. 
Também serão apresentados os diferentes conselhos e as conferências 
que se realizam para discutir as necessidades da população, além dos 
profissionais envolvidos nas discussões e planejamento ou reestruturação de 
políticas de saúde. Além disso, serão expostas políticas específicas, como a 
Política Nacional de Humanização e as Políticas de Urgência e Emergência, 
compreendendo quais relações de hierarquia existem entre o atendimento 
básico até o de alta complexidade e como se pode transitar entre eles. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Aula 1 – Pilares do SUS 
 
Apresentação da aula 1 
 
Nesta primeira aula serão abordadas as questões relativas aos pilares 
que direcionam o Sistema Único de Saúde, como as diretrizes que orientam o 
gestor no planejamento de suas ações e organização de gestão do SUS. 
Também serão apresentadas as diferentes esferas envolvidas, quais seus 
campos de atuação e órgãos representativos. 
 
1.1 O Sistema Único de Saúde 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em razão da Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988, que, por meio do artigo 196, garante a 
saúde como direito de todos e dever do Estado. 
Desde então, o SUS vem prestando atendimento a qualquer cidadão 
brasileiro, de maneira universal e igualitária, em todos os níveis de atenção à 
saúde e em todo o território nacional, gratuitamente. As mudanças no perfil 
demográfico da população, demandas sociais e avanços na medicina foram 
promovendo transformações importantes ao longo dos anos. 
 
1.2 Princípios do SUS 
 
Para que seja possível compreender de maneira adequada a 
organização, estrutura e funcionamento do SUS, é importante conhecer as 
bases de estruturação do SUS, ou seja, os princípios e diretrizes que orientam 
suas ações e sua organização. 
Com a Constituição Federal de 1988, foram regulamentados os princípios 
e diretrizes do SUS no capítulo II, artigo 7º da lei 8.080/1990, que dispõe sobre 
as condições para promover, proteger e recuperar a saúde do cidadão, além de 
orientar a organização e o funcionamento dos serviços de saúde. 
Os princípios e diretrizes do SUS são quatorze ao todo. Destes, seis são 
os mais importantes e, por isso, mais comumente abordados no âmbito político 
e acadêmico, assim sendo, serão abordados mais profundamente abaixo. 
 
 
9 
 
Eles são divididos em princípios doutrinários e princípios organizativos: 
 
 Princípios Doutrinários: universalidade, integralidade e 
equidade; 
 Princípios Organizativos: são todos os outros que estão no artigo 
7º da lei 8.080/1990. Porém, os mais importantes e que serão 
abordados com maior profundidade neste material são: 
Regionalização e Hierarquização; Descentralização e Participação 
Popular. 
 
1.2.1 Princípios Doutrinários 
 
Responsáveis pelo direcionamento das ações e na criação de políticas de 
saúde em todas as esferas, os princípios doutrinários são três: Universalidade, 
Integralidade e Equidade: 
 
 Universalidade: se refere ao direito que todo cidadão brasileiro, 
independentemente de qualquer característica social ou pessoal, 
possui de poder receber assistência em saúde e do dever do 
Estado de provê-la. O SUS é para todos os cidadãos brasileiros e 
o atendimento à saúde, como direito de todos, não pode discriminar 
ninguém. Este princípio garante que a individualidade do cidadão 
será respeitada; 
 
 Integralidade: diz respeito ao cuidado integral em saúde de um 
cidadão, atendendo a todas as suas necessidades, desde o seu 
nascimento até o seu óbito, em todos os níveis de atendimento à 
saúde. Dessa maneira, é garantido desde o atendimento básico, 
como a aferição da pressão arterial ou uma marcação de consulta 
de rotina até o atendimento de alta complexidade, como um 
transplante de órgão, passando pela distribuição de medicamentos 
de alto custo ou realização de exames que exigem tecnologias 
mais avançadas; 
 
 
10 
 
 Equidade: visa diminuir as desigualdades no acesso à saúde. Este 
princípio garante atendimento em todos os locais dentro do 
território nacional. 
 
Assim, todo cidadão terá acesso igualitário ao serviço de saúde, em todos 
os níveis de atenção à saúde, ainda que em regiões isoladas, de difícil acesso e 
longe das grandes cidades. 
Esse acesso é possível por meio das unidades itinerantes de saúde, como 
as unidades fluviais de saúde que atuam em localidades de difícil acesso, assim 
como outras unidades móveis, como ônibus ou vans adaptadas à prestação de 
serviços essenciais. 
 
 
Barco da Saúde: unidade fluvial de saúde para atender a população ribeirinha 
Fonte: https://i1.wp.com/www.ac24horas.com/wp-content/uploads/2014/04/Vagner_04 
.jpg 
 
1.2.2 Princípios organizativos 
 
Os princípios organizativos, ou diretrizes organizativas, são um conjunto 
responsável pelo funcionamento adequado do sistema de saúde. Os principais 
são: Regionalização e Hierarquização, Descentralização e Participação Popular. 
 
 Regionalização e Hierarquização: a regionalização ocorre com o 
mapeamento das regiões, identificando a área geográfica e o perfil 
 
 
11 
 
epidemiológico da população que irá ser atendida, tornando 
possível articular os serviços em hierarquias de complexidade 
crescente. 
 
Vocabula rio 
Epidemiológico: de epidemiologia, é o estudo da frequência, 
da distribuição e dos determinantes dos problemas de saúde 
em populações humanas, bem como a aplicação desses 
estudos no controle dos eventos relacionados com saúde. É a 
principal ciência de informação de saúde, sendo a ciência 
básica para a saúde coletiva. 
 
 
Os serviços obedecem a uma hierarquia, sendo desde o atendimento 
básico até o mais complexo ofertado para aquela população e articulados entre 
si, visando à resolução do problema. Cada região é responsável pela 
organização de hierarquia das redes de saúde de seu território, sendo possível 
realizar pactos com outras regiões, a fim de prover os serviços necessários, 
conforme será visto mais adiante nesta aula. 
 
 Descentralização: no SUS, a descentralização se refere à 
distribuição de recursos financeiros, poder e responsabilidade 
política entre as esferas federal, estadual e municipal. Assim o 
poder não fica concentrado em apenas uma esfera, como a federal, 
dando liberdade aos estados e municípios de atenderem 
demandas regionais e investiremem infraestrutura e atividades de 
maneira autônoma. A fiscalização por parte dos cidadãos também 
é facilitada com esse arranjo. 
 
Conforme a divisão das esferas, cada uma delas tem poder e autonomia 
sobre si, mas não tem poder sobre as demais, diretamente. Dessa forma, a 
instância federal apenas pode impor medidas sobre os estados como um todo 
(ou seja, sobre todo o território nacional e instância cujo poder lhe cabe) e não 
sobre um estado específico. 
 
 
12 
 
Em caso de a União criar uma nova regulamentação, esta deverá ser 
aplicada em todos os estados do país e não poderá ser aplicada apenas ao 
Paraná, por exemplo. Já nas instâncias estaduais e municipais ocorre o mesmo. 
Um município tem autonomia de criar um mini-hospital, por exemplo. Caso a 
esfera estadual ou federal não esteja de acordo com isso, não poderá delimitar 
a extinção do mini-hospital daquela cidade especificamente. 
Para que essa extinção ocorra, a esfera estadual terá que regular sobre 
todo o estado na qual tem autonomia para que a ação possa surtir efeito naquela 
cidade. Da mesma maneira, a instância federal terá de regular a proibição de 
mini-hospitais em todo o território nacional a fim de extinguir aquele em uma 
cidade específica. 
 
 Participação Popular: o SUS precisa e valoriza a participação 
popular para conhecer e atender as necessidades das 
comunidades de diferentes locais, conhecendo suas 
características demográficas e epidemiológicas. Além de conhecer 
também as necessidades de diferentes profissionais de saúde e de 
outras áreas relacionadas, como os gestores. A participação 
popular é incentivada por meio dos Conselhos e Conferências de 
Saúde. 
 
Além destes, é importante que os outros princípios organizativos sejam 
conhecidos, pois também eles serão determinantes nas ações de gestão de 
saúde pública. 
Os demais princípios organizativos são os seguintes: 
 
LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 
 
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o 
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. 
 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei: 
 
Capítulo II 
Dos Princípios e Diretrizes 
 
 
 
13 
 
 Art. 7º As ações e serviços público de saúde e privados contradados ou conveniados 
que integram o Sistema único de Saúde (SUS) são desenvolvidos de acordo com as diretrizes 
previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: 
[...] III - Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e 
moral; 
IV - Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer 
espécie; 
V - Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; 
VI - Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua 
utilização pelo usuário; 
VII - Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de 
recursos e a orientação pragmática; 
[...] XI - Conjugação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de 
assistência à saúde da população; 
XII - Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e 
XIII - Organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para 
fins idênticos; 
XIV - Organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e 
vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, 
acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei 
nº 12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427, de 2017) 
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm 
 
A décima quarta diretriz, adicionada recentemente às treze diretrizes 
estabelecidas originalmente, trata especificamente da atenção às mulheres e 
vítimas da violência doméstica. Essa adição se dá em função de demandas 
sociais, reforçando o caráter democrático e de participação popular conferido ao 
SUS. 
Percebe-se que essas diretrizes são um conjunto coeso e específico que 
indica como o sistema deve ser organizado, mesmo com o surgimento de novas 
tecnologias e evolução de teorias de gestão. Assim, as diretrizes conversam com 
as demandas sociais, cabendo ao gestor manter-se atualizado quanto às 
diretrizes que orientam suas ações em diferentes esferas. 
 
1.3 As três esferas na Gestão do SUS 
 
A descentralização do SUS proporciona à administração uma gestão 
democrática, com participação social e distribuída entre a sociedade civil 
organizada, representantes de classes profissionais da área da saúde (médicos, 
 
 
14 
 
enfermeiros, fisioterapeutas, etc.) e de outras profissões correlatas (como 
assistentes sociais, advogados, administradores, técnicos em logística, etc.) e 
as diferentes esferas do Estado: federal (ministério), estadual e municipal da 
saúde. 
Na questão financeira, a União se responsabiliza por metade dos custeios 
na saúde pública, a outra metade se divide igualmente entre os estados e 
municípios, ou seja, a União entra com 50% dos recursos, o Estado com 25% e 
os outros 25% são de responsabilidade do município. 
 
Para refletir 
Os estados e municípios se responsabilizam pela formação de 
conselhos de saúde, sua organização também fiscaliza os 
recursos de saúde. Mas como os gestores do SUS atuam? 
Como é a alocação dessas esferas? 
 
Os estados e os municípios se responsabilizam pela formação de 
conselhos de saúde, dentro dos quais esses grupos se organizam também para 
fiscalizar os recursos de saúde. No SUS, os gestores atuam em diferentes 
órgãos do executivo, de acordo com a esfera na qual estão alocados, da seguinte 
forma: 
 
 Federal: é representada pelo Ministério da Saúde; 
 
 Estadual e o Distrito Federal: Secretaria Estadual de Saúde ou 
órgão equivalente; 
 
 Municípios: Secretaria Municipal de Saúde, ou órgão equivalente. 
Em tese, não há hierarquia entre essas esferas e sim diferentes 
competências para os gestores de cada uma delas. 
 
 
 
15 
 
 
Três esferas da Gestão no SUS 
Fonte: elaborado pelo autor (2019). 
 
1.3.1 Esfera Federal e Ministério da Saúde 
 
O Ministério da Saúde é o órgão que se encontra no topo da pirâmide de 
gestão, responsável pela direção do SUS em âmbito nacional. Esse órgão tem 
como competências a formulação, avaliação e apoio às políticas referentes à 
alimentação e à nutrição. Participa na formulação e implementação de políticas 
de saneamento básico, no controle de agressões ao meio ambiente que 
impactam na saúde da população e também nas condições e ambientes de 
trabalho que podem ser insalubres e representar riscos à saúde dos 
trabalhadores. O Ministério da Saúde também é o responsável pela coordenação 
da vigilância sanitária, epidemiológica, das redes de laboratórios de saúde 
pública e as redes integradas de assistência e alta complexidade. 
Basicamente, pode tomar parte nas discussões sobre diferentes aspectos 
que podem influenciar na saúde da população. Desde a fiscalização do exercício 
profissional na área da saúde, vigilância de portos, aeroportos e fronteiras, 
procedimentos (como cirurgias) e substâncias (como medicamentos) até a 
determinação da execução de ações a nível nacional quando ocorre alguma 
situação, como uma epidemia, que corre o risco de ser disseminada 
nacionalmente. 
Embora tome parte das discussões e elaboração de políticas de saúde, o 
Ministério da Saúde não realiza as ações. As ações são realizadas pelos estados 
e municípios, além de parceiros como empresas, fundações ou organizações 
 
 
16 
 
não governamentais. A União também faz o repasse de recursos financeiro para 
os estados e municípios por meio de 5 blocos: 
 
 Atenção Básica; 
 Atenção de Média e Alta Complexidade; Vigilância em saúde; 
 Assistência Farmacêutica; 
 Gestão do SUS. 
 
Com relação aos medicamentos, especificamente, a União repassa cerca 
de 80% do valor de medicamentos ditos excepcionais, que são os medicamentos 
de alto custo, como os utilizados em doenças raras, ou os de tratamento 
continuado, como para indivíduos que realizaram transplantes. A União também 
faz a compra de medicamentos para DST/AIDS e realiza o repasse às 
secretarias de saúde. 
Além dos atributos ligados direta ou indiretamente à saúde, a esse órgão 
compete a coordenação e avaliação técnica relativa à área financeira do SUS, 
por meio do Sistema Nacional de Auditoria (SNA). O SNA do SUS promove 
ações de auditoria para adequada alocação e utilização dos recursos, 
oportunizando acesso à saúde de qualidade, respeitando as diretrizes do SUS. 
Assim, realiza avaliações contábeis, financeiras e patrimoniais, de maneira 
técnica e transparente. 
Na esfera federal, as políticas do SUS são discutidas e estabelecidas por 
meio da Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Essa comissão conta com 
representantes das secretariais municipais de saúde, secretarias estaduais de 
saúde e representantes do Ministério da Saúde. 
 
1.3.2 Esfera Estadual e Secretaria Estadual de Saúde 
 
As Secretarias Estaduais de Saúde se encontram logo abaixo do 
Ministério da Saúde e acima das Secretarias Municipais de Saúde, sendo 
responsáveis pela direção estadual do SUS. As Secretarias Estaduais de Saúde 
são órgãos que se responsabilizam por promover a descentralização dos 
 
 
17 
 
serviços e ações de saúde para os municípios, além disso, prestam apoio técnico 
e financeiro para a organização dos serviços. 
Nos estados, os gestores aplicam recursos próprios e realizam os 
repasses da União. Sua função é reguladora, organizando o SUS apenas em 
seu território, sendo parceiro da esfera federal colocando suas políticas em 
prática. Dessa forma, desenvolve programas de saúde que atendam as 
necessidades específicas daquele estado, que diferem de outros estados por 
conta do perfil epidemiológico, demográfico, localização geográfica, condições 
climáticas, dentre outros aspectos. 
Também promove a ampliação de programas já existentes, de acordo 
com a pertinência e importância de cada um. Na esfera estadual, as ações do 
SUS são debatidas e estabelecidas por meio da Comissão Intergestores 
Bipartite (CIB). Essa comissão conta com representantes das secretariais 
municipais de saúde e secretarias estaduais de saúde. 
 
Ví deo 
O decreto 7508 regulamenta a lei no 8.080 do SUS. Assista ao 
vídeo referente ao decreto 7508, disponível no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=z8bTDPqmXj0 
 
1.3.3 Esfera Municipal e Secretaria Municipal de Saúde 
 
As Secretarias Municipais de Saúde são a base da pirâmide da hierarquia 
da gestão, sendo elas o órgão responsável pela direção municipal do SUS. As 
Secretarias Municipais podem ainda se organizar em distritos municipais, a fim 
de propiciar atendimento mesmo em localidades mais afastadas do centro da 
cidade. Cabe a esse órgão o planejamento, a organização, o controle e a 
avaliação referentes aos serviços de saúde. Embora seja parte integrante do 
SUS, a Secretaria Municipal de Saúde também é responsável pelo controle e 
fiscalização dos procedimentos de saúde na esfera privada. 
Além de estar mais próximo às necessidades da população, atuando de 
acordo com as demandas sociais, planejando, programando e organizando a 
 
 
18 
 
rede de forma regional e hierarquizada, cabe a participação de execução, 
controle e avaliação epidemiológica e sanitária, além de outros aspectos comuns 
a todos os órgãos de saúde. 
Então, além de elaborar suas próprias políticas de saúde e colocá-las em 
prática, a esfera municipal é parceira do Estado e da União para a implantação 
eficiente das políticas oriundas dessas esferas. Assim, o município realiza o 
repasse financeiro do Estado e da União, além de alocar recursos próprios, 
sendo assim o principal responsável por garantir a saúde da população. 
Na esfera municipal, é possível fazer convênios com serviços de saúde 
privados para ampliar a rede de atuação no município e também formar 
consórcios com outros municípios, atuando de maneira integrada e colaborativa. 
Além disso, os municípios podem fazer pactos com outros municípios vizinhos 
para, por exemplo, ter acesso à compra de medicamentos mais baratos, em 
maior quantidade, ou ter a possibilidade de realizar o encaminhamento de 
pacientes aos hospitais de referência ou com maior complexidade, caso não 
possa oferecer esse atendimento. 
Todas as esferas atuam alinhadas com as diretrizes e princípios do SUS 
e entre si, colaborando umas com as outras e reforçando políticas de saúde em 
todo o território nacional. As esferas municipais fornecem dados como taxas de 
morbidade e mortalidade às esferas estaduais, contribuindo com os indicadores 
levados às políticas de saúde estaduais e nacionais, que podem refletir esses 
dados em políticas mais amplas. 
 
Vocabula rio 
Morbidade: termo usado para designar o conjunto de casos 
de uma dada doença ou a soma de agravos a saúde que 
atingem um grupo de indivíduos, em um dado intervalo de 
tempo e lugar específico. 
 
 
Por exemplo: supondo que uma epidemia de sarampo se inicie em um 
município, a Secretaria Municipal de Saúde responsável pela região informa à 
Secretaria Estadual e esta ao Ministério da Saúde. O Ministério da Saúde, de 
 
 
19 
 
posse dessas informações, verifica que vários municípios, em três estados 
próximos, estão apresentando índices elevados de sarampo. Como o Ministério 
da Saúde não pode atuar apenas em três estados e pensando em evitar uma 
epidemia nacional, cria-se uma política de imunização contra o sarampo em todo 
território nacional, para evitar a disseminação da doença. No âmbito municipal, 
as discussões e pactos em saúde são realizados e aprovados pelo Conselho 
Municipal de Saúde (CMS). 
 
Conclusão da aula 1 
 
Nesta primeira aula foram abordadas as diretrizes e princípios do SUS 
que norteiam as ações dos gestores em suas três esferas: federal, estadual e 
municipal. Também se abordou a organização de gestão do SUS e quais órgãos 
representam cada esfera e suas atribuições. 
Um gestor precisa conhecer os princípios que direcionam a atuação do 
SUS em todas as esferas para definir suas ações de maneira efetiva, eficaz e 
adequada, sem interferir na autonomia das outras, além de conhecer e respeitar 
a hierarquia e os órgãos que representam cada esfera. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Elabore uma campanha em saúde. Cite no mínimo três princípios 
do SUS e explique como sua campanha irá respeitá-los. 
Por exemplo: uma campanha de vacinação contra o sarampo. Ela 
respeitará a equidade, pois será oferecida em todos os distritos. 
Respeitará a autonomia, pois não obrigará quem não deseja a se 
vacinar, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Aula 2 – Gestão em saúde 
 
Apresentação da aula 2 
 
Nesta segunda aula serão explorados aspectos da gestão que são 
pertinentes à saúde, especialmente conceitos aplicados ao SUS, como a gestão 
participativa e aspectos específicos, por exemplo, a prevenção e promoção de 
saúde, fundamentais na saúde coletiva. Também serão exploradas as diferentes 
ferramentas que propiciam a participação popular na gestão, como os conselhos 
de saúde, comitês técnicos e conferências de saúde. Por fim, serão explorados 
aspectos da interoperabilidade e sua importância no futuro da gestão integrada 
de sistemas de saúde. 
 
Gestão em saúde 
Fonte: https://br.depositphotos.com/similar-images/68312065.html?qview=154288814 
 
2.1 Promoção e prevenção 
 
Um dos maiores diferenciais do SUS em relação aos serviços privados de 
saúde é a implantação de políticas e ações educativas que visam à promoção 
da saúde e à prevenção de doenças. Essas ações são particularmente 
importantesao conhecimento do gestor, devido as suas características que 
devem obedecer aos princípios e diretrizes vistos anteriormente, além de serem 
de grande volume e importância no contexto do SUS. 
 
 
21 
 
Importante 
Destarte, é importante compreender a diferença entre 
prevenção e promoção: 
A prevenção é quando se deseja prevenir uma doença 
específica. As campanhas de vacinação são o melhor exemplo, 
pois são direcionadas a prevenir uma determinada doença, 
como o sarampo, a rubéola, a paralisia infantil, etc. 
Já a promoção se dá por meio de processos que visam 
melhorar a saúde como um todo. As ações que promovem a 
saúde são aquelas direcionadas a fomentar mudanças ativas 
que possibilitam a melhora da saúde, qualidade de vida e bem-
estar como um todo. 
 
Por exemplo, se uma Unidade Básica de Saúde (UBS) estabelece um 
programa de caminhada coletiva para idosos diariamente, é um programa que 
visa à promoção da saúde, pois estimula socialização e atividade física. Embora 
seja possível prever melhora de depressão devido à socialização e a diminuição 
da pressão arterial devido à atividade física, o programa não tem foco em uma 
doença específica, mas no estado de bem-estar geral do sujeito. 
Saúde e doenças de uma população estão intimamente ligados a diversos 
fatores, assim distúrbios ou doenças podem ter etiologias muito variadas, tendo 
raízes biológicas, genéticas, ambientais, laborais, sociais, psicológicas, dentre 
muitas outras. 
Vocabula rio 
Etiologia: ramo do conhecimento que se dedica ao estudo e à 
pesquisa acerca daquilo que pode determinar as causas e 
origens de um certo fenômeno; estudo, análise e pesquisa 
sobre as causas das doenças. 
 
 
A visão de saúde como apenas ausência de doença já foi há muito tempo 
substituída pelo conceito de saúde multifatorial. A saúde é hoje definida pela 
OMS como: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não 
somente ausência de afecções ou enfermidades”. Assim, como foi visto 
anteriormente, as competências dos diversos órgãos do SUS dispõem sobre a 
 
 
22 
 
vigilância em saúde, saneamento, alimentação, meio ambiente e saúde do 
trabalhador, dentre outros aspectos, justamente por compreender a importância 
da etiologia multifatorial no surgimento de enfermidades. 
A integralidade, presente entre as diretrizes do SUS, reforça que um 
atendimento integral deve priorizar a prevenção, sem prejudicar as ações 
curativas. Há muitos motivos pelos quais investir em prevenção e promoção é 
tão importante quanto investir em saúde curativa. Existem nesse aspecto 
diferentes tipos de ações: ações preventivas, ações de promoção à saúde e 
ações educativas: 
 
 Ações preventivas: visam prevenir uma doença específica e são 
responsáveis por diminuir os custos do sistema de saúde. 
 
Os custos de uma campanha preventiva, assim como as de promoção à 
saúde, são menores do que os custos de hospitalização, exames, medicamentos 
e custo humano. O custo humano tanto pode ser compreendido como os 
profissionais que irão realizar o atendimento quanto uma pessoa afetada pela 
desordem de saúde, o que acarreta sofrimento, pode causar danos permanentes 
e até levá-la a óbito. 
 
 Ações de promoção: são especialmente responsáveis pela 
melhora da qualidade de vida da população, fomentando a saúde 
de maneira integral, diminuindo a incidência de doenças que 
poderiam ser evitadas com mudanças de hábitos. Ex.: a campanha 
de caminhada orientada. 
 
Um indivíduo que modifica seus hábitos buscando uma vida mais 
saudável se beneficia da melhora em diversos aspectos de sua vida. Além de 
reduzir custos aos serviços de saúde, a manutenção de hábitos saudáveis pode 
ser o diferencial entre o desenvolvimento ou não de uma doença e sua gravidade 
ou o tempo que decorre entre o surgimento de um distúrbio até um evento 
importante, como um infarto, por exemplo. 
Um indivíduo que aos 30 anos sofre de problemas de pressão alta poderia 
ter um acidente vascular encefálico (AVE) aos 40 anos, ter sequelas ou mesmo 
 
 
23 
 
ir a óbito. Ao modificar os hábitos de maneira precoce, esse mesmo indivíduo 
pode desenvolver pressão alta apenas aos 60 anos e nunca ser acometido por 
um AVE. 
 
 Ações educativas: elas possibilitam a disseminação da 
informação e do conhecimento entre a população sobre como fazer 
escolhas mais saudáveis. 
 
A população, munida de informações sobre como cuidar da própria saúde, 
faz escolhas mais saudáveis, dissemina informação e transforma o seu entorno 
positivamente ao diminuir a incidência de problemas evitáveis e promover 
mudanças de hábitos de vida. Para que essas ações surtam efeito e sejam bem 
assimiladas pela população, elas devem ser feitas respeitando a diferença da 
linguagem científica para a linguagem popular, em que o discurso deve ser o 
mais acessível possível à população à qual se direciona. 
 Durante a sua formação, os profissionais da saúde precisam dominar 
uma terminologia específica que muitas vezes não é acessível à população leiga, 
por esse motivo, o discurso deve ser feito sempre tomando o cuidado para ser o 
mais acessível à população para qual se destina, devendo se atentar à região, 
nível cultural e educacional do público ao qual será direcionada a informação. 
No âmbito da saúde pública, quase todos os profissionais têm histórias 
para contar sobre como eufemismos, analogias e metáforas foram tomados 
literalmente pelos pacientes ou usuários do sistema de saúde, levando a atitudes 
ineficientes ou mesmo perigosas. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o Artigo Cuidados do Corpo em Vila de Classe Popular 
(Jaqueline Ferreira). O Artigo faz um recorte antropológico na 
Vila Dique, periferia de Porto Alegre, sobre os cuidados com 
o corpo que seus moradores relatam, suas visões do 
processo saúde-doença. Reflita sobre o que você aprendeu 
de promoção e prevenção em saúde e relacione com os 
relatos e práticas expostos no artigo. Disponível no link: 
http://books.scielo.org/id/yw42p/pdf/duarte-9788575412572-
03.pdf 
 
 
 
24 
 
2.1.1 Estudo de caso: iodo 
 
A adição de iodo ao sal de cozinha é um caso relativamente antigo e de 
sucesso quando se pensa em ações de saúde coletiva com viés preventivo que 
foram eficazes e eficientes. Os distúrbios que se originam devido à deficiência 
de iodo no organismo são ainda um sério problema de saúde pública em vários 
países. A ausência de iodo provoca problemas no funcionamento da glândula 
tireoide, que pode levar à redução do crescimento e do desenvolvimento infantil, 
o que pode ocasionar baixa estatura, atraso no desenvolvimento cerebral, 
prejuízos motores, de fala e de audição, além de abortos no caso de gestantes. 
Esses problemas de saúde interferem diretamente em questões escolares 
e sociais, como pode ser observado pelo aumento na tendência à evasão 
escolar, redução da capacidade de trabalho e outros aspectos que podem 
atrapalhar a qualidade de vida de um indivíduo, bem como elevar os custos de 
saúde e previdência no país. 
Na natureza, o iodo é encontrado majoritariamente em frutos do mar, algo 
que não é facilmente acessível no território brasileiro, seja pelo custo, seja pelo 
distanciamento da costa marítima em muitas localidades. 
A prevenção dos distúrbios causados pelo déficit desse micronutriente é 
simples: ocorre por meio da adição de iodo ao sal de cozinha, que é consumido 
com frequência pela população e apresenta baixo custo, tornando-se uma 
alternativa de custo acessível. 
Desde 1953, quando foi promulgada a lei 1.944, a iodação do sal para 
consumo humano é obrigatória. Essa lei foi sendo fortalecida por decretos que 
delimitavam e posteriormente ampliaram a área onde o sal iodado deveria ser 
consumido, a regulação da quantidade de iodo, dentre outras, fortalecendo essa 
ação preventiva. 
Para que haja sucesso na implementação de uma medida preventiva 
como essa, é importante que hajauma comunicação adequada com a 
população, como informar que não há necessidade de consumir mais sal (o que, 
por sua vez, poderia acarretar outros problemas de saúde, como a hipertensão 
arterial). O sal não deve ser armazenado por mais de 2 anos nem ser 
armazenado em local úmido, dentre outros cuidados. 
 
 
25 
 
 Além disso, deve-se fazer campanhas educativas junto à população rural, 
orientando-a a não consumir o sal destinado aos animais, que não possui iodo 
em quantidade adequada. Assim, com uma medida simples e de baixo custo, se 
aumenta a qualidade de vida da população, se reduz a incidência de doenças e 
distúrbios ligados ao déficit de iodo e também são reduzidos os custos com 
saúde curativa e previdência. 
 
 
Bócio (aumento da glândula tireoide) 
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/53/Goiter.JPG 
 
Saiba Mais 
Em 1978, a vila de Heilongjian, na China, era conhecida 
como “vila dos idiotas”. Mas teve o seu desenvolvimento 
socioeconômico grandemente afetado após o programa de 
adição de iodo ao sal. A prevalência de bócio despencou de 
80% para 4,5%, o que reduziu a taxa de reprovação escolar 
de mais de 50% para apenas 2% e até mesmo a renda per 
capita subiu de 43 para 550 yuaǹ. 
Cadernos de atenção básica: Carências de Micronutrientes. 
Ministério da Saúde, Unicef. Disponível no link: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atenca
o_basica_carencias_micronutrientes.pdf 
 
 
 
26 
 
2.2 Cogestão 
 
A abordagem tradicional da gestão, como aparece na Teoria Geral da 
Administração, que ocorre de forma verticalizada, mostrou-se problemática na 
organização dos serviços de saúde, devido à autonomia e profissionalização de 
todos os envolvidos no fazer da saúde. Assim, o SUS adotou políticas de gestão 
participativa, com características mais horizontalizadas, nas quais a participação 
de todos é valorizada. 
Cogestão é uma maneira de fazer administração coletivamente, de forma 
que todos os trabalhadores possam ter voz ativa na tomada de decisão e não 
apenas se subordinar às decisões unilaterais do gestor responsável. A cogestão 
pode ser melhor visualizada como uma reunião administrativa que tem a forma 
de uma roda de conversa, e não uma pessoa tomando sozinha as decisões que 
todos os outros terão de acatar sem possibilidade de diálogo. 
No SUS, cada profissional pode trazer as próprias demandas de sua área 
à luz do debate para buscar soluções que não beneficiem apenas um ou outro 
grupo especificamente. Neste formato, os usuários do sistema também são 
incentivados a participar dos debates e decisões. 
No SUS, essa participação popular se dá em todas as esferas por meio 
das Conferências de Saúde, Conselhos de Saúde e Comitês técnicos. Assim, 
usuários do sistema, gestores, diferentes profissionais de saúde e de outras 
áreas relacionadas ao cuidado (arquitetos, assistentes sociais, advogados, etc), 
usuários do SUS e representantes das esferas municipal, estadual e federal, 
participam do debate, analisando a situação coletivamente e discutindo ações 
possíveis para a resolução dos problemas que se apresentam. Para isso, foram 
criados diferentes mecanismos para deliberação, criação de pactos, formulação 
de políticas em diferentes esferas na busca da melhora dos serviços. 
 
2.2.1 Conferências de saúde 
 
As Conferências de Saúde objetivam avaliar a situação da saúde a fim de 
orientar os governos na elaboração de planos e definição de ações, além disso, 
elas propõem políticas nos três níveis: municipal, federal e nacional. As 
Conferências Nacionais de Saúde, regulamentadas pela lei nº 8.142, de 28 de 
 
 
27 
 
dezembro de 1990, são realizadas a cada quatro anos, devendo contar com 
representantes de vários segmentos, como sociedade civil organizada, 
parlamentares, profissionais da saúde e prestadores de serviços. 
As Conferências Nacionais de Saúde trazem à tona demandas discutidas 
nas Conferências Estaduais de Saúde que, por sua vez, discutiram tópicos 
trazidos pelas Conferências Municipais de Saúde. A primeira Conferência 
Nacional de Saúde foi realizada em 1941. Entre 1941 e 1963, já se debatiam 
tópicos a respeito da descentralização, municipalização e organização sanitária. 
No começo dos anos 80, criou-se o Conselho Consultivo de 
Administração da Saúde Previdenciária (CONASP) para atuar na busca de 
soluções para redução de cursos e melhora da assistência médica. Em 1985, 
foram criados o CONASS e o CONASEMS e em 1986 foi realizada a conferência 
que mais teve influência na criação do SUS. O CONASS e o CONASSEM 
também são importantes conselhos deliberativos que participam das comissões 
intergestores: 
 
 CONASS: Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Fazem 
parte de sua composição os secretários de saúde dos estados que 
realizam debates, discussões e intercâmbio de experiências, 
formulando e propondo políticas e diretrizes constitucionais. Eles 
representam os gestores estaduais nas Comissões Intergestores 
Tripartite; 
 
 CONASEMS: Conselho Nacional de Secretários Municipais de 
Saúde. Sendo a esfera municipal a mais importante e principal 
responsável no atendimento à população e no desenvolvimento de 
ações, este órgão se compõe de secretários municipais de saúde. 
Seu principal objetivo é de realizar a formulação de políticas, propor 
novas ações, discutindo acerca de suas experiências além de 
apoiar os municípios e poder representá-los nas Comissões 
Intergestores Tripartite (CIT). 
 
 
 
 
 
28 
 
2.2.2 Conselhos de saúde 
 
Os Conselhos de Saúde possuem caráter permanente e deliberativo. Eles 
ocorrem nas três esferas, de forma que são divididos em: 
 
 Conselho Municipal de Saúde; 
 Conselho Estadual de Saúde; 
 Conselho Nacional de Saúde. 
 
Fazem parte desses conselhos diferentes categorias, como 
representantes dos usuários do SUS, profissionais de saúde, gestores, 
representantes do governo e prestadores de serviços. 
Dentro desse conselho são formuladas estratégias de aplicação das 
políticas de saúde e são também fiscalizadas as formas como os recursos de 
saúde são alocados. 
 
2.2.3 Comitês técnicos 
 
Os comitês técnicos são espaços de participação social, compostos por 
todas as esferas além de representantes de movimentos sociais ou entidades 
representativas e representantes de conselhos de saúde. Há também os 
Comitês Técnicos de Equidade em Saúde, que consistem de grupos consultivos 
e que monitoram, avaliam e assessoram discussões e políticas que dizem 
respeito à promoção da equidade. 
 
2.3 Interoperabilidade 
 
Com os avanços tecnológicos na área computacional e a conexão em 
rede interligando diversos dispositivos na década de 1990, tornou-se possível o 
armazenamento e a transferência de dados de forma rápida e eficiente ao redor 
do globo. 
 
 
29 
 
 
Fonte: https://br.depositphotos.com/similar-images/44889037-st60.html?qview=15763 
9858 
 
A interoperabilidade surge como uma característica resultante desse 
processo, da capacidade de diferentes organizações e sistemas de trabalhar em 
conjunto a fim de tornar possível que sistemas interajam para promover a troca 
de informações. Por meio dessa estrutura, pode-se trabalhar em conjunto, 
compartilhando dados, em que as informações podem ser gerenciadas e são 
propiciadas conexões entre diversas estruturas, como governos, entidades 
privadas e pessoas. 
Para que isso seja possível, é importante que se utilizem padrões que 
possam ser acessíveis, assim dados salvos em determinado sistema podem ser 
convertidos e acessados em outro sistema diferente. A interoperabilidade existe 
em diversos campos, da comunicação à tecnologia da informação, de governos 
à sociedade civil. 
Essa integração facilitada e transparente permite que dados sejam 
armazenados e não precisem ser coletados novamente, assim esses dados 
podem ser disponibilizados a qualquer tempo, em qualquer lugar e até mesmopermitindo o trabalho simultâneo de diferentes profissionais. 
Essa característica torna a interoperabilidade uma prática muito 
interessante no âmbito da gestão em saúde e é especialmente desejável nas 
próximas décadas. 
 
 
 
 
 
30 
 
2.3.1 Interoperabilidade nos sistemas de saúde 
 
As tecnologias em saúde têm evoluído rapidamente e, além delas, as 
tecnologias em outros campos podem ser agregadas com objetivos de torná-las 
mais acessíveis, com menor custo em longo prazo e maior eficiência para o 
usuário do sistema de saúde. Já existem à disposição tecnologias que começam 
a tornar essa integração possível, como o Prontuário Eletrônico do Cidadão 
(PEC). O PEC é um software desenvolvido pelo Departamento de Informática do 
SUS, o DataSUS, que foi implementado nas Unidades Básicas de Saúde e 
tornado obrigatório em 2017. 
Mesmo assim, a implementação do PEC apresenta muitos desafios, como 
a dificuldade de informatizar o serviço de saúde e a resistência de alguns 
gestores a mudanças e aos custos de implantação. Com um prontuário 
eletrônico integrado, o profissional de saúde pode ter acesso a todo histórico 
médico de saúde de um usuário do SUS, como exames já realizados, 
medicamentos que faz uso, alergias, históricos de cirurgias dentre outras 
informações relevantes para elaboração de um diagnóstico preciso que, muitas 
vezes, acabam se perdendo quando realizados de forma tradicional, em papel 
ou mesmo pelo esquecimento do usuário devido ao volume de informações. 
Um usuário do sistema de saúde que more em determinada cidade, ao 
sofrer um acidente em uma viagem, em uma outra região do país, pode ter seu 
atendimento agilizado com a disponibilidade de informações que constam no 
PEC. Essa agilidade pode ser determinante entre um desfecho favorável e o 
óbito. Além disso, esse sistema promove a redução dos custos ao sistema de 
saúde e sofrimento do paciente ao evitar a realização de exames repetidos 
desnecessariamente, oferecendo controle adequado do uso de medicamentos, 
reduzindo a polifarmácia e, consequentemente, as interações medicamentosas 
que podem trazer efeitos colaterais. 
 
Vocabula rio 
Polifarmácia: também chamado Polimedicação, é um termo 
que designa o uso de múltiplos medicamentos 
concomitantemente e em tratamento prolongado (mais de 3 
 
 
31 
 
meses), principalmente por pessoas idosas. Considera-se que 
um paciente está polimedicado quando o número de 
medicamentos que toma diariamente é superior a cinco, tendo 
os estudos sido efetuados sobretudo em pessoas de terceira 
idade, vivendo em lares para idosos. Alguns autores incluem na 
polimedicação os casos em que a medicação, apesar de 
inferior a 5, inclui medicamentos desnecessários para o 
indivíduo. 
 
Porém, para que a interoperabilidade ocorra, é necessário mais do que 
isso. É preciso que ocorra a integração desse sistema público com o privado: 
hospitais, clínicas e laboratórios devem ter sistemas que sejam compatíveis 
entre si, mesmo que diferentes. 
É como se os programas utilizados nesses dispositivos de informática, 
ainda que não partilhem das mesmas plataformas, compartilhem dados para que 
não seja necessário fazer cópias de dados de maneira manual ou se utilizar de 
mais de uma plataforma para que seja possível realizar a consulta de dados. 
De maneira grosseira, seria como uma “rede social” de saúde onde todos 
os dados do paciente (medicação, internações, alergias e etc) estão em apenas 
uma rede social. Essa rede única funciona em diferentes dispositivos, como 
computadores, notebooks, tablets e celulares, para que não seja necessário 
acessar outra “rede social” (plataforma) para coletar dados específicos, como 
uma rede de laboratórios para acessar um exame de sangue e uma rede 
hospitalar para acessar cirurgias prévias. 
Além disso, com acesso a esses dados, torna-se possível melhor 
compreender as necessidades e demandas da população, elaborando planos de 
ação mais precisos e eficientes. Assim, para que esses avanços da tecnologia 
se tornem auxiliares nos processos de saúde, melhorando a qualidade do 
atendimento e reduzindo custos e tempo, é necessário possibilitar a 
interoperabilidade entre todos os sistemas envolvidos. 
 
2.3.2 Interoperabilidade e segurança de dados 
 
A principal crítica quanto à utilização de sistemas eletrônicos para 
armazenar ou transferir dados de pacientes é a segurança de dados, muitas 
vezes essa critica é feita devido ao desconhecimento da tecnologia blockchain, 
 
 
32 
 
que garante segurança de dados de criptomoedas até outros tipos de dados 
empresariais e de saúde. Com o surgimento das criptomoedas, a partir da 
criação da primeira criptomoeda bem-sucedida, o Bitcoin, desenvolveu-se uma 
tecnologia inovadora chamada blockchain. 
 
Pesquise 
O que é blockchain? Como funciona? Como utilizá-lo na prática? 
Por que é tão difícil atacar o blockchain? Essas questões podem 
ser respondidas acessando o link disponível: 
https://cointimes.com.br/o-que-e-blockchain-como-funciona/ 
 
A blockchain é uma estrutura de blocos de código únicos que são 
identificados por uma timestamp (uma marcação do momento em que aquele 
bloco foi gerado) que acompanha o código em qualquer transferência de dados 
que seja realizada. Com isso, foi eliminada a possibilidade de se gastar duas 
vezes uma mesma unidade de criptomoeda, pois elas eram identificadas de 
modo unitário, perpétuo e absoluto. 
Uma vez que isso foi aplicado com sucesso às criptomoedas, se percebeu 
que poderia ser aplicado a qualquer informação que precise de validação e 
segurança, assim surgiram os primeiros usos de blockchain na saúde, para 
validar os dados de pacientes de maneira segura, registrar qualquer alteração 
realizada por profissionais da saúde, em qualquer momento, de modo 
inconfundível e garantir que os dados não pudessem ser manipulados por 
pessoas não autorizadas ou falsificados. 
Hoje, poucos anos após o surgimento da tecnologia, existem diversas 
aplicações, já em uso ou ainda em desenvolvimento, em países como Canadá, 
Estados Unidos, Japão e Alemanha, para controlar exames, prontuários, 
contratos e informações financeiras e administrativas das instituições de saúde. 
 
Conclusão da aula 2 
 
Nesta segunda aula foram abordadas as políticas de promoção e 
prevenção em saúde. A cogestão foi explicada juntamente com a exposição dos 
 
 
33 
 
diversos mecanismos utilizados pelo SUS para o debate do gestor em todas as 
esferas. Por fim, a interoperabilidade foi abordada, trazendo suas novas 
perspectivas de melhora no sistema de saúde. 
É importante conhecer ações de promoção e prevenção, grandes 
diferenciais do SUS e importantes na construção de uma sociedade mais 
saudável, com menor índice de doenças e com mais qualidade de vida. Também 
é preciso conhecer os espaços de atuação do gestor e os canais dos quais pode 
participar do fazer em saúde e trazer seus conhecimentos para o debate e 
melhoria dos serviços. Além disso, é importante conhecer as novas tecnologias 
e as melhores maneiras de integrá-las aos serviços de saúde, para beneficiar os 
usuários e implementar melhorias para todos. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Faça um pequeno texto, como se tivesse sido convidado a 
participar de um espaço de discussão coletiva enquanto gestor no 
Sistema Único de Saúde. Sua pauta é defender a implementação 
de um sistema eletrônico integrado. Destaque a importância da 
interoperabilidade. 
 
 
Aula 3 – Gestão no SUS: uma gestão participativa 
 
Apresentação da aula 3 
 
Nesta terceira aula serão abordadas três políticas específicas: o 
ParticipaSUS, o PlanejaSUS e o HumanizaSUS. Elas organizam os 
mecanismos de participação social, importante aspecto na gestão do SUS; 
estimulam e organizam o planejamento adequado em cada uma das esferas e 
promovem a valorização do gestor e da humanização de usuários e profissionais, 
respectivamente. 
Neste ínterimserá compreendido como é realizada a organização de 
recursos, como o levantamento de informações e o uso dessas informações para 
a análise da estrutura, objetivando a melhora dos resultados oferecidos ao 
usuário final. 
 
 
34 
 
 
Fonte: https://br.depositphotos.com/similar-images/49366257.html?qview=97919904 
 
3.1 Políticas específicas 
 
No âmbito do SUS, existem políticas específicas que foram criadas a fim 
de atender certas demandas e necessidades, como a criação de mecanismos 
que possibilitem uma gestão participativa, observando o monitoramento e a 
avaliação de informações que possibilitem a orientação dessas ações. A 
participação popular, valorização de profissionais, gestores e usuários, além do 
estímulo ao planejamento, é o que essas políticas buscam. 
Assim, serão abordadas as seguintes: 
 
 ParticipaSUS; 
 PlanejaSUS; 
 HumanizaSUS. 
 
3.2 ParticipaSUS 
 
Na segunda aula desta disciplina foram abordadas a cogestão e a gestão 
participativa, nas quais todos os colaboradores do SUS têm voz, além dos 
usuários do próprio sistema de saúde. Esses conceitos são importantes para o 
modelo de gestão do SUS, mas sem um direcionamento, por meio de 
ferramentas, instruções e normatizações, seriam apenas expressões de efeito. 
 
 
35 
 
Por tal razão, nesta aula, serão abordadas políticas importantes que 
trazem a prática da gestão mais próxima dos indivíduos que atuam em diferentes 
esferas dentro do SUS, tornando efetivamente possível a existência da cogestão 
e da gestão participativa. Um desses programas é o ParticipaSUS, cujo nome 
oficial é “Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa no SUS”, que foi 
aprovada pela portaria nº 3.027, de 6 novembro de 2007. 
Essa política nacional tem por bases reafirmar o direito universal à saúde 
e reforçar os princípios e diretrizes do SUS, como a universalidade, equidade, 
integralidade e participação popular. Também visa valorizar mecanismos 
institucionais que fomentem e estimulem a participação da sociedade em geral 
na gestão do SUS. Entre esses mecanismos institucionais destacam-se as 
Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde. 
Populações específicas são estimuladas a participar dos debates, a fim 
de promover a equidade do direito à saúde, um dos princípios do SUS, como 
visto anteriormente. Os espaços de discussão para essa finalidade também 
buscam ser ampliados, para estimular a participação de gestores de órgãos 
governamentais e não governamentais das três esferas. 
A ampliação do espaço de participação popular também faz com que os 
usuários do sistema possam fiscalizar, monitorar e avaliar as atividades 
realizadas dentro do sistema de saúde, desde a aplicação de políticas 
específicas até o monitoramente de repasses de verbas, permitindo uma 
atuação transparente e a melhora da elaboração de políticas públicas voltadas 
aos usuários. 
Para que esse diálogo aconteça, além da Gestão Participativa, faz-se uso 
da Gestão Estratégica com a ampliação de espaços de diálogo e busca por 
valorizar e respeitar as diferenças individuais, tanto dos usuários do sistema 
quanto dos colaboradores. 
Assim, os usuários desse sistema, como também os profissionais que 
atuam nele, podem fazer com que suas vontades, desejos e necessidades sejam 
compreendidos e melhor avaliados, promovendo também o acolhimento desses 
indivíduos. 
A aplicação da Gestão Estratégica, nesta acepção, evita que situações 
que poderiam ser resolvidas no local, pela equipe de gestão de um hospital, por 
exemplo, tenham de ser levadas ao judiciário ou instâncias superiores do próprio 
 
 
36 
 
SUS, o que gera custo, tanto de recursos financeiros quanto de tempo e pessoal. 
Assim, a Gestão Participativa e a Gestão Estratégica compõem as ferramentas, 
ou abordagens utilizadas para promover a melhora da gestão do SUS, buscando 
a criação de consensos e o reconhecimento das diferenças para que possam ser 
apresentadas alternativas adequadas a cada necessidade. 
Para que isso seja possível, são adotadas as seguintes práticas: 
 
 Mecanismos institucionalizados voltados à participação da 
sociedade civil organizada; 
 Processos participativos de gestão; 
 Instâncias de pactuação entre gestores; 
 Mecanismos de Mobilização Social; 
 Processos de educação popular em saúde; 
 Reconstrução do significado da educação em saúde; 
 Intersetorialidade. 
 
Mecanismos institucionalizados voltados à participação da 
sociedade civil organizada: esses mecanismos são representados pelos 
diversos profissionais da área da saúde, membros da sociedade civil organizada, 
Conselhos e Conferências de saúde, em todas as três esferas no governo. Além 
destes, outros mecanismos vêm surgindo e sendo propostos ao longo do tempo, 
como as Plenárias Regionais. 
Processos participativos de gestão: aqui são estruturadas mesas de 
negociação a fim de promover, em todas as esferas, uma gestão participativa 
nas relações de trabalho, atuando em setores de educação continuada em 
saúde, grupos de trabalho, comitês técnicos, dentre outros. 
Instâncias de pactuação entre gestores: são as Comissões 
Intergestores Bipartites (CIB), que contam com participantes das esferas 
estadual e municipal, e as Comissões Intergestores Tripartites (CIT), cujos 
representantes provêm das três esferas do governo, federal, estadual e 
municipal. 
Mecanismos de Mobilização Social: são os movimentos populares 
reivindicando e utilizando os espaços de discussão popular junto de gestores e 
profissionais da saúde. Pode-se argumentar que esses movimentos populares 
 
 
37 
 
fazem parte da sociedade civil organizada e por isso estariam incluídos no 
primeiro item, mas, neste caso, trata-se de uma discussão menos 
institucionalizada. 
Processos de educação popular em saúde: promovem o diálogo e 
disseminam informações com a participação dos usuários do sistema de saúde, 
além de outras entidades e grupos da sociedade. 
Reconstrução do significado da educação em saúde: neste caso, a 
discussão ocorre em escolas, universidades e nos próprios espaços de saúde, 
para fortalecer a produção de saúde e estimular um posicionamento a favor e 
em defesa do SUS. 
Intersetorialidade: ações articuladas entre governo e sociedade civil, 
compartilhando decisões entre os setores. 
Dessa forma, o ParticipaSUS não apenas estimula e fomenta a 
participação de todos os setores, mas também cria mecanismos pelos quais 
essa participação se torna possível a todos. 
 
3.2.1 Monitoramento e avaliação 
 
Desde a criação do SUS, há uma preocupação constante, por parte da 
administração pública, relativa ao monitoramento e à avaliação dos diferentes 
processos que fazem parte de sua gestão. Devido ao conceito ampliado de 
saúde e das diretrizes utilizadas pelo SUS como norteadoras, é importante que, 
além de indicadores de ações e serviços tradicionais, também exista espaço 
para avaliar indicadores e fatores sociais, culturais, de participação social, ações 
intersetoriais e indicadores de desigualdade e inequidade. 
Para que os processos e resultados sejam avaliados, é necessário que 
ainda que estejam presentes indicadores de estrutura em relação à alocação de 
recursos financeiros e humanos, criando-se um sistema de observação, 
avaliação e medição contínua das atividades. 
Quanto à prestação de contas, por sua vez, ocorre o envolvimento de 
órgãos como a Secretaria Federal de Controle, da Controladoria Geral da União 
(SFC/CGU). Assim, há um processo sistemático de acompanhamento contínuo 
dos indicadores, a fim de estruturar a tomada de decisão, adaptando e corrigindo 
as demandas. 
 
 
38 
 
Essa necessidade levou à criação do Departamento de Monitoração e 
Avaliação da Gestão do SUS, sendo este integrado à Secretaria de Gestão 
Estratégica e Participativa. Esse departamento publica o Painel de Indicadores 
do SUS, juntamente da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) e do 
Ministérioda Saúde. 
Essa publicação tem por objetivo a disseminação de informações e o 
auxílio na tomada de decisões baseadas no monitoramento e avaliação dos 
serviços de saúde nas três esferas, além da implementação de ações 
fundamentadas nos princípios do SUS. 
 
Saiba Mais 
O Painel de Indicadores do SUS é distribuído gratuitamente 
e para ter acesso a ele basta escrever para: 
Departamento de Monitoramento e Avaliação da Gestão do 
SUS; 
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa; 
Ministério da Saúde; 
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício-sede, 4o 
Andar, Sala 403, 70058-900 Brasília-DF; 
Ou para o endereço eletrônico: segep.dema@saude.gov.br 
fonte: http://www.redeblh.fiocruz.br/media/indicadsus1.pdf 
 
Assim, a informação se torna acessível a gestores e usuários, reforçando 
o caráter de acesso à informação e aos indicadores de saúde, auxiliando nas 
tomadas de decisão e contribuindo para o diálogo entre diferentes esferas e 
setores, governamentais ou da sociedade civil. Estes painéis aliam a 
acessibilidade da informação com o rigor técnico e apresentam dados obtidos 
por diferentes entidades, tais como: 
 
 IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 
 SIM/MS, o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do 
Ministério da Saúde; 
mailto:segep.dema@saude.gov.br
http://www.redeblh.fiocruz.br/media/indicadsus1.pdf
 
 
39 
 
 SIOPS, o Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em 
Saúde; 
 SNES, Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde; 
 IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; 
 DASIS – Departamento de Análise de Situação em Saúde; 
 SVS/MS, Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da 
Saúde; 
 DataSUS, o Departamento de Informação e Informática do SUS; 
 Dentre outros. 
 
Como se pode observar, por meio da lista acima, o SUS conta com 
diversas ferramentas para obter dados pertinentes ao perfil epidemiológico e 
demográfico brasileiro, além de outras ferramentas que podem variar de acordo 
com a época e a região onde ocorre a coleta de informações. Os dados obtidos 
pela coleta dessas instituições são cruzados entre si para gerar dados 
estatísticos que possam nortear ações e verificar a eficiência dos programas que 
já estão em funcionamento. 
Por exemplo, idade e causa da morte podem indicar que jovens morrem 
mais em acidentes de transito ou que a mortalidade infantil tem diminuído. Para 
o gestor, essa informação pode ser instrumental para definir qual setor demanda 
mais atenção e recursos em certo momento. 
Outros dados podem agregar mais valor às informações e proporcionar 
dados mais precisos, como a verificação de que a diminuição da mortalidade 
infantil se deve ao maior número de realização de consultas pré-natais pela 
gestante e mais acesso ao saneamento básico em determinada região. 
O que esse exemplo diz ao gestor? Depende do contexto, mas a título de 
exemplo pode dizer que é preciso estimular a atenção ao pré-natal e que as 
instâncias superiores da administração precisam ser estimuladas a desenvolver 
campanhas em favor dessa atividade e cobrar o atendimento ao saneamento 
básico. 
Além disso, esses dados podem nortear programas de educação, 
promoção e prevenção que venham a diminuir a incidência de doenças crônicas 
não transmissíveis, doenças infectocontagiosas e causas de morte traumáticas, 
como acidentes de transito ou ocorridos em ambientes de trabalho perigosos. 
 
 
40 
 
Também é preciso considerar que houve a criação de uma ouvidoria para 
estabelecer um canal de comunicação direta dos usuários com o sistema, assim 
podem ser realizadas reclamações, elogios ou sugestões e também denúncias 
e obter informações sobre os serviços. 
A ouvidoria realiza o acolhimento do usuário, orientando, acompanhando 
ou encaminhando-o conforme sua necessidade, para resolver suas demandas 
da melhor maneira e com maior brevidade possível. 
A Ouvidoria Geral do SUS, o Disque Saúde, é uma central de atendimento 
telefônico direta e gratuita, que atende pelo numero 136 e tem parceria em todas 
as esferas e com diferentes órgãos do Ministério da Saúde, como o Instituto 
Nacional do Câncer (INCA) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 
dentre outros. 
Há também a auditoria do SUS, que objetiva avaliar a gestão na sua 
aplicação de recursos, seus processos e as atividades que desempenha. Essa 
auditoria é feita por órgãos como o Sistema Nacional de Auditoria (SNA), que 
realiza o controle interno das questões técnicas e patrimoniais, além de 
avaliação financeira e contábil. 
 
Para refletir 
Qual a finalidade do Sistema de Planejamento do Sistema 
Único de Saúde, regulamentado pela portaria no 3.085 de 1 de 
dezembro de 2006? As diferenças entre as esferas municipal, 
estadual e federal devem ser consideradas? 
 
 
3.3 PlanejaSUS 
 
O Sistema de Planejamento do Sistema Único de Saúde, o PlanejaSUS, 
foi regulamentado pela portaria nº 3.085, de 1º de dezembro de 2006, como uma 
forma de estimular que as esferas municipal, estadual e federal realizem seu 
planejamento de maneira que seja adequado às suas responsabilidades e 
alinhado aos princípios e diretrizes do SUS, melhorando a resolução de 
 
 
41 
 
demandas e propiciando uma maior qualidade na atenção à saúde e nos 
mecanismos de gestão. 
Para que esse planejamento seja organizado, não se estimula que seja 
baseado na hierarquização, mas sim no adequado funcionamento de todas 
essas esferas, atuando de maneira harmônica e integrada. Assim, são 
realizadas articulações e trocas entre os representantes de diferentes esferas, 
para que seu funcionamento ocorra adequadamente, promovendo as trocas de 
informações e de experiências. Essa atuação deve ocorrer realizando o 
monitoramento e a avaliação de forma contínua e principalmente funcionando de 
uma maneira que torne possível estimular a participação social, a integração de 
diferentes setores e dentro dos próprios setores atuantes, estimulando o 
planejamento. 
As diferenças entre as esferas municipal, estadual e federal devem ser 
consideradas para que os modelos se adaptem às necessidades de cada uma, 
respeitando as diretrizes do SUS. Por meio do PlanejaSUS, a gestão tem a 
orientação quanto aos blocos específicos de financiamento: atenção primária, 
secundária e terciária, assistência farmacêutica, vigilância em saúde e gestão do 
SUS. 
Quanto à regionalização, esse programa definirá os instrumentos de 
planejamento do Plano Diretor de Regionalização, do Plano Diretor de 
Investimento e do Programa Pactuada e Integrada. Esse planejamento deve ser 
realizado respeitando, além da esfera na qual o gestor atua, a agenda daquele 
determinado momento e as demandas internas ou externas que são 
apresentadas. 
A proposta de ação deve respeitar a alocação de recursos e os planos 
definidos para cumprir objetivos de médio e longo prazo, atentando às 
necessidades de saúde e aos eventuais contingenciamentos financeiros que 
promovem a reestruturação de alguns desses planejamentos. 
 
3.3.1 PlanejaSUS: Instrumentos de planejamento 
 
Existe, no PlanejaSUS, uma diversidade de instrumentos utilizados para 
direcionamento e aperfeiçoamento de ações e serviços de saúde, tanto no 
âmbito da prevenção e da promoção, como na recuperação da saúde e 
 
 
42 
 
reabilitação. Existem instrumentos que são comuns às três esferas, sendo 
considerados elementos básicos: 
 
 O Plano de Saúde (OS); 
 Programação Anual de Saúde (PAS); 
 Relatório Anual de Gestão (RAG). 
 
O Plano de Saúde é o instrumento mais básico no qual o gestor irá 
apresentar suas intenções e os resultados que espera alcançar nos próximos 
quatro anos. Deve ser escrito de forma que constem objetivos, metas e diretrizes. 
Quando sua vigência chega ao fim, deverão ser avaliados os resultados que 
foram de fato alcançados com ele. O Plano de Saúde elaborado pelo gestor deve 
ainda ser pertinente ao Plano Plurianualda esfera no qual está alocado. 
A Programação Anual de Saúde é um instrumento que funciona em 
conjunto com o Plano de Saúde, operacionalizando as intenções determinadas 
nele. Aqui, são determinadas quais ações serão pertinentes a cada área. Por 
fim, o Relatório Anual de Gestão vai registrar o resultado alcançado com o plano, 
contendo ainda orientações de mudanças que possam ser necessárias para 
alcançar os objetivos planejados. 
É importante ressaltar que os objetivos devem ser exequíveis e viáveis de 
serem alcançados do ponto de vista técnico e financeiro, além de serem 
adequados à esfera na qual se encontram e respeitarem as diretrizes do SUS. 
Devem apresentar linguagem clara e serem precisos para facilitar a 
compreensão de outros gestores e técnicos. Além disso, devem ser 
encaminhados para a apreciação e aprovação do Conselho de Saúde da esfera 
em questão. 
 
3.4 HumanizaSUS 
 
A Política Nacional de Humanização (PNH), também conhecida como 
HumanizaSUS, tem o intuito de fomentar trocas solidárias, criação de vínculos e 
transformação da realidade por meio da responsabilidade compartilhada. 
O HumanizaSUS tem um foco especial em três categorias de indivíduos: 
 
 
 
43 
 
 Usuários; 
 Gestores; 
 Colaboradores/Profissionais. 
 
A intenção é de valorizar esses sujeitos, estimular que possam pensar e 
agir com autonomia, cuidar de si e do outro e desenvolver relações com afeto e 
corresponsabilidade. Essa política tem um caráter mais próximo da população e 
daqueles que estão mais envolvidos no fazer saúde em seu dia a dia, porém a 
articulação entre esses grupos também é compartilhada com grupos regionais 
de secretarias estaduais e municipais, além da Secretaria de Atenção à Saúde, 
do Ministério da Saúde em Brasília. 
Essa política tem um caráter ascendente, partindo da menor esfera (a 
relação entre um usuário do sistema e um profissional) chegando até a maior 
(ministério da Saúde), levando demandas e formas inovadoras de encontrar 
soluções para o serviço de saúde em todo o país. 
A valorização de usuários, gestores e profissionais se dá por meio de 
rodas de conversa, possibilitando que profissionais sejam incluídos na gestão, 
assim como os usuários, estimulando o cuidado de si e do outro, compartilhando 
responsabilidades e colaborando para incentivar e dar voz às novas ideias para 
solução de diferentes demandas. 
A inovação tem um papel muito importante no HumanizaSUS, 
reconhecendo a diversidade que se apresenta em um país de dimensões 
continentais e culturas muito diferentes entre si, com indivíduos de 
características muito distintas cujas necessidades podem não ser as mesmas do 
grupo no qual estão inseridos. 
Um usuário que sofre de uma doença rara, por exemplo, pode, por meio 
desse diálogo, apresentar suas demandas de um atendimento mais humano, 
diferenciado e apresentar sugestões de como pode ser propiciado um ambiente 
mais acolhedor e um atendimento mais ágil. 
Os modelos e as propostas são divididas aumentando o grau de 
corresponsabilidade entre os sujeitos, estimulando a criação de vínculos e 
caminhando na direção de um SUS cada vez mais humano, participativo e 
comprometido com a qualidade. 
 
 
 
44 
 
3.4.1 HumanizaSUS: diretrizes 
 
O HumanizaSUS conta com algumas diretrizes próprias, a fim de orientar 
as ações em prol da humanização, colaboração e valorização profissional. São 
elas: 
 
 Acolhimento; 
 Gestão Participativa e cogestão; 
 Ambiência; 
 Clínica ampliada e compartilhada; 
 Valorização do trabalhador; 
 Defesa dos Direitos dos Usuários. 
 
O acolhimento se baseia na construção de uma relação de confiança, 
quando o usuário do sistema sente que está sendo ouvido em suas 
necessidades, que tem garantido seu atendimento, independentemente da 
gravidade da situação. 
A ambiência diz respeito à criação de um ambiente acolhedor e 
confortável, além de respeitar a privacidade. Aqui, o diálogo com profissionais 
como arquitetos, por exemplo, além de profissionais de saúde e usuários, se 
torna fundamental para a criação de um ambiente adequado. 
A clínica ampliada e compartilhada é considerar a totalidade de um 
sujeito em seu processo único de adoecimento, considerando outros fatores 
além de causas e consequências orgânicas, permitindo o diálogo. 
Já a valorização do trabalhador se refere à inclusão dos sujeitos nos 
processos de decisão, por meio do diálogo e da compreensão das necessidades 
apresentadas por cada um. Por fim, a defesa dos direitos dos usuários é 
garantir os direitos assegurados por lei para cada cidadão, mantendo-os 
informados sobre seu real estado de saúde. 
Além das diretrizes, o HumanizaSUS ainda é pautado por três princípios: 
A transversalidade, a indissociabilidade entre atenção e gestão e o 
protagonismo, corresponsabilidade dos sujeitos e coletivos. Por isso, essa 
política se insere em todos os programas do SUS, priorizando o diálogo e a 
transversalidade das relações. Fomentando a participação de profissionais e 
 
 
45 
 
usuários na gestão, organização e tomada de decisão, criando uma sensação 
de responsabilidade compartilhada e incentivando a autonomia. 
 
Conclusão da aula 3 
 
Nesta terceira aula foram abordados três mecanismos importantes para a 
organização e o planejamento no SUS e a valorização dos atores que atuam 
com o fazer saúde. Foi compreendido como é realizada a organização de 
recursos, como o levantamento de informações e o uso dessas informações para 
a análise da estrutura, objetivando a melhora dos resultados oferecidos ao 
usuário final. Assim, foram apresentadas três políticas: o ParticipaSUS, o Planeja 
SUS e o HumanizaSUS. 
O SUS apresenta uma estrutura orgânica e mutável, as demandas 
oriundas da participação dos usuários do sistema criam discussões que podem 
levar ao desenvolvimento de políticas que procuram resolver essas 
necessidades, criando mecanismos que estimulam as mudanças. É importante 
estar atento às mudanças e aos diversos indicadores de saúde que irão nortear 
diferentes ações em todas as esferas. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Considere que você foi realocado como gestor, sendo instalado 
em uma unidade básica de saúde na periferia de uma grande 
cidade que apresenta elevado número de reclamações quanto ao 
tempo de atendimento, longas filas e descaso dos profissionais. 
Baseado nas políticas vistas nesta aula, elabore um plano de ação 
resumido, em no máximo 15 linhas, com o objetivo de reduzir as 
reclamações e resolver as demandas apresentadas. Não esqueça 
de incluir como será feito o acompanhamento de suas ações para 
saber se as necessidades foram atendidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
Aula 4 – Redes de Atenção 
 
Apresentação da aula 4 
 
Esta quarta e última aula tratará da organização das redes de atenção à 
saúde, abordando toda sua hierarquia, desde a atenção primária até o 
atendimento de alta complexidade. Juntamente desse assunto, serão abordados 
importantes aspectos relativos à prestação de cuidados de urgência e 
emergência, além da política que levou à criação do SAMU e como esses 
serviços permeiam toda a hierarquia, garantindo cuidado integral à saúde do 
indivíduo. 
 
4.1 As redes de atenção 
 
As Redes de Atenção à Saúde (RAS) buscam garantir a integralidade do 
cuidado à saúde, utilizando-se para isso de diferentes tecnologias disponíveis, 
integrando gestão e logística ao apoio de técnicos capacitados para tornar 
possível que o cidadão seja acompanhado durante toda a sua vida com suas 
demandas satisfeitas: de uma consulta de rotina a um transplante de órgão. 
 
4.2 Hierarquia da complexidade 
 
Cada prestador de serviço direto dentro do SUS (SAMU, UPA 24H, 
Hospital, UBS etc.) é um ponto nessas redes de atenção, que se integram para 
fornecer o atendimento, e todos os pontos juntos formam as Redes de Atenção 
à Saúde, que são a estrutura da frente de atendimento direto do SUS. 
Dentro

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