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Aula 03 - Normas brasileiras de contabilidade e perícia contábil

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Perícia Contábil
Aula 3: Normas brasileiras de contabilidade e perícia contábil
Apresentação
A perícia contábil, assim como as demais áreas da contabilidade, tem seus procedimentos padronizados por meio de
Princípios Fundamentais da Contabilidade, Normas Brasileiras de Contabilidade e suas Interpretações Técnicas, que
preconizam a conduta ilibada do perito e a �dedignidade das informações relatadas.
Nesta aula, apresentaremos o desenvolvimento da atividade pericial contábil, segundo as Normas Brasileiras de
Contabilidade e Princípios Fundamentais da Contabilidade.
Objetivo
Analisar o condicionamento do trabalho técnico pericial contábil às Normas Brasileiras de Contabilidade e suas
Interpretações Técnicas;
Identi�car a importância dos Princípios Fundamentais da Contabilidade sobre as execuções periciais, a �m de
assegurar um resultado perene e transparente.
 Primeiras palavras
Vários fatores culturais, sociais e morais in�uenciam a conduta e o comportamento humano. A lei da sobrevivência humana
estimula a adoção de atitudes que podem comprometer o convívio social e o bem-estar entre as pessoas.
Experimente acessar um site de busca e digite notícias sobre fraudes. Instantaneamente, sua tela estará repleta de notícias
sobre falsi�cações, golpes, denuncias e mais. Sob essas falácias de rupturas éticas, construímos nossa existência digna.
Nesse meio, surge a perícia contábil como um mastro erguendo o pavilhão da verdade dos fatos.
O terreno de atuação da perícia contábil, na maioria das vezes, origina-se em uma desavença, um litígio ou no mínimo, um
desconforto. A perícia contábil se alicerça nos Princípios Fundamentais da Contabilidade e nas Normas Brasileiras de
Contabilidade (NBC) e suas Interpretações Técnicas (IT) como fundamento legítimo e gerador de elementos que conduzam ao
relato da verdade.
 Concepção investigação financeira| Fonte: shuterstock
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Princípios fundamentais da contabilidade
Segundo a Resolução CFC nº 750/93, são Princípios Fundamentais da Contabilidade:
I. O da Entidade;
II. O da Continuidade;
III. O da Oportunidade;
IV. O do Registro pelo valor original;
V. O da Competência;
VI. O da Prudência.
De forma sucinta, expressamos o signi�cado de cada um deles:
I
Entidade
Na atividade pericial contábil deve ser reconhecido com
clareza a autonomia do patrimônio da entidade. Ou seja, o
patrimônio da entidade não deve ser confundido com o
patrimônio dos seus sócios.
II
Continuidade
A modi�cação no estado de continuidade das atividades
operacionais de uma entidade impactará diretamente na
condição de seu patrimônio.
III
Oportunidade
O registro dos fatos ocorridos e as decorrentes variações
sofridas pela entidade devem ser registradas no momento
de sua ocorrência.
IV
Registro pelo valor original
Os registros dos componentes patrimoniais devem ser
lançados na contabilidade pelo seu valor de entrada.
V
Competência
O reconhecimento das receitas geradas e despesas
incorridas não está relacionado com recebimentos ou
pagamentos, mas com a ocorrência do fato gerador no
período.
VI
Prudência
Diz respeito à obtenção do menor valor de Patrimônio
Líquido, entre os possíveis, no ato da avaliação.
Exemplo
Como um juiz entenderia o critério de avaliação patrimonial usado na perícia contábil, de uma ação cível, sem a adoção do
princípio da Entidade, que garante que o patrimônio avaliado não foi confundido com o patrimônio do sócio? E que o registro do
patrimônio ocorreu em acordo com o Princípio da Oportunidade, ou seja, na entrada do bem na entidade? E que os cálculos
demonstram os valores de acordo com o Princípio da Prudência, sem colocar em dúvida o valor original do patrimônio? Essas,
entre outras questões, têm suas respostas contempladas na aplicação integral dos Princípios Fundamentais da Contabilidade, no
exercício da perícia contábil.
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 Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC)
O Conselho Federal de Contabilidade formulou e publicou as Normas Pro�ssionais do Perito Contábil – NBC PP 01 (R1). Vale
destacar os seguintes tópicos:
NBC PP 01 – Habilitação
Pro�ssional (5-6)
NBC PP 01 – Impedimento e
Suspeição (7-15)
NBC PP 01 – Honorários (30-37)
NBC PP 01 – Responsabilidade e
Zelo (16-28)
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NBC PP 01 (R1) – Normas pro�ssionais do perito
A NBC PP 01 (R1) traz em seu teor a conceituação de perito, a independência na execução dos trabalhos, o dever do sigilo, a
utilização do trabalho de especialista e a importância da educação continuada.
O perito contábil exerce a atividade pericial de forma pessoal, por isso deve ser um profundo conhecedor da matéria a ser
periciada, por suas qualidades e experiências. Ele pode ser perito contador e perito contador assistente, sendo que o perito
contador atua no âmbito judicial, ou seja, é perito do juiz, enquanto o perito contador assistente atua no âmbito extrajudicial.
Os dois técnicos devem ter
independência para executar suas
atividades e devem denunciar quem
interferir e não admitir
constrangimentos durante a execução
da perícia. 
As informações e os dados referentes
ao trabalho pericial estão acobertados
por rigoroso sigilo, em respeito e
obediência ao Código de Ética
Pro�ssional do Contabilista, mesmo
após o término do laudo ou parecer
técnico.
Quando parte do trabalho pericial tem como matéria outra
área do conhecimento, o perito contábil pode se valer de
especialistas de outras áreas para execução especí�ca da
atividade.
O Conselho Federal de Contabilidade disponibiliza um
programa de educação continuada, em que os peritos
contábeis devem comprovar a sua participação, garantindo
atualização constante.
NBC PP 01 (R1) - Impedimento e suspeição (7-15)
Essa norma de�ne as nomenclaturas para os peritos contábeis:
Perito contador nomeado: Pro�ssional designado pelo juiz;
Perito contador contratado: Atua em perícia extrajudicial;
Perito contador escolhido: Exerce sua função como perito contábil arbitral;
Perito contador assistente: Indicado pela parte em processos judiciais, extrajudiciais e arbitrais.
NBC PP 01 (R1) - Habilitação Pro�ssional (5-6)
O perito contábil deve demonstrar capacidade para desenvolver atividades de pesquisa, análise, fundamentação de provas no
laudo ou parecer contábil e, para isso, deve manter seu nível de conhecimento técnico, da legislação referente à pro�ssão e
aplicáveis à perícia, atualizando-se com constância.
Deve existir espírito solidário entre o perito do juiz e o perito assistente, atuando com igualdade de direitos e adotando os
preceitos da pro�ssão contábil.
A nomeação ou contratação do perito contábil deve ser considerada uma distinção e reconhecimento da capacidade do
contador.
A nomeação ou contratação do perito contábil deve ser considerada
uma distinção e reconhecimento da capacidade do contador.
Além dessas designações, a norma explicita as situações em que o perito contábil é impossibilitado de exercer suas funções
com imparcialidade e sem interferência de terceiros.
Impedimento legal
O impedimento legal acontece:
Quando o perito for parte do
processo;
Quando tiver atuado como
perito contador assistente
ou prestado depoimento
como testemunha no
processo;
Quando tiver cônjuge ou
parente seu, consanguíneo
ou a�m, em linha reta ou em
linha colateral até o terceiro
grau, como parte no
processo;
Quando tiver interesse,
direto ou indireto, mediato
ou imediato, por si ou por
parente, consanguíneo ou
a�m, em linha reta ou em
linha colateral até o terceiro
grau, no resultado da
perícia;
Quando exercer cargo ou
função incompatível com a
atividade de perito contador,
em função de
impedimentos legais ou
estatutários;
Quando receber dádivas de
interessados no processo;
Quando subministrar meios
para atender às despesas
do litígio;
Quando receber quaisquer
valores e benefícios, bens
ou coisas semautorização
ou conhecimento do juízo.
Impedimento técnico
O impedimento técnico deve ser
declarado pelo perito contábil
quando:
A matéria pericial não for de
sua especialidade;
Necessitar de recursos
humanos ou estruturais
superiores aos que mantém,
podendo comprometer o
prazo do trabalho;
Tiver desenvolvido outra
atividade na área contábil
para a parte litigante.
Suspeição
O perito contábil deve considerar-se
suspeito quando for amigo ou
inimigo, credor ou devedor, herdeiro
ou donatário, empregador,
conselheiro ou houver qualquer
interesse no julgamento da causa
ou declarar-se suspeito por foro
íntimo, evitando situações que
comprometam o resultado do seu
trabalho.
NBC PP 01 (R1) - Honorários (30-37)
A composição dos honorários periciais deve considerar:
A relevância do processo no contexto social e sua essencialidade para dirimir as dúvidas de caráter técnico contábil;
O valor da causa, o volume de trabalho e a abrangência pelo conhecimento técnico envolvido;
O risco do não recebimento integral dos honorários, bem como o prazo necessário para o recebimento considerando as
despesas que serão antecipadas;
A complexidade técnica para realização do trabalho em decorrência do grau de especialização;
As horas estimadas para realização de cada fase do trabalho;
O pessoal auxiliar que integra a equipe do perito contábil, entre outras.
Deve ser elaborado um orçamento de honorários, composto pelo número de
horas para realização de cada tarefa, por etapa e quali�cação dos
pro�ssionais da equipe.
Quando requeridas respostas a quesitos suplementares ou de esclarecimentos, poderá haver incidência de honorários
complementares que deverão ser apresentados utilizando o mesmo critério de orçamento anteriormente descrito.
O perito contador apresentará seu orçamento ao juízo da vara em que tramita o processo, mediante petição fundamentada
e anexando o orçamento. O perito contador assistente deverá estabelecer sua relação por intermédio de Contrato de
Prestação de Serviços Pro�ssionais de Perícia Contábil. O perito contador escolhido apresentará seu orçamento mediante
contrato que celebrará com a Câmara de Mediação e Arbitragem ou Tribunal Arbitral que o contratou.
Nos casos em que houver despesas supervenientes à execução da perícia, como despesas de viagens e estadas para a
realização de diligências, o perito deverá requerer o pagamento das despesas, apresentando o respectivo orçamento.
NBC PP 01 (R1) - Responsabilidade e Zelo (16-28)
A observância da responsabilidade pelo perito contábil signi�ca respeitar os princípios morais, da ética e do direito quando
desempenha suas atividades com lealdade, idoneidade e honestidade, sob pena de responder civil, criminal, ética e
pro�ssionalmente por seus atos.
Quando atua com zelo signi�ca que executa suas atividades com cuidado em relação à sua conduta, a documentos e prazos,
ao tratamento dispensado às autoridades, aos integrantes da lide e demais pro�ssionais envolvidos no processo para garantir
fé pública e credibilidade no trabalho executado.
 Atividade
1) As Normas do perito contábil elaboradas pelo Conselho Federal de Contabilidade, são as que seguem. Marque V para as
a�rmativas Verdadeiras e F para as a�rmativas Falsas.
( ) Quando nomeado, o perito deve dirigir petição, no prazo legal, justi�cando a escusa ou o motivo do impedimento. 
( ) Ser amigo íntimo de qualquer das partes não é um dos motivos de suspeição e impedimento a que está sujeito o perito
nomeado. 
( ) Atender às partes ou a assistentes técnicos, desde que se assegure igualdade de oportunidades não é considerada
parcialidade. 
( ) A transparência e o respeito recíprocos entre o perito nomeado e os assistentes técnicos pressupõem tratamento pessoal,
restringindo os trabalhos, exclusivamente, ao conteúdo técnico-cientí�co.
a) V - F - V - F.
b) V – F – F – F.
c) V – V – F – V.
d) F – V – V – V.
e) V – F – V – V.
2) O impedimento técnico deve ser declarado pelo perito contábil quando:
a) For amigo ou inimigo, credor ou devedor, herdeiro ou donatário, empregador, conselheiro ou houver qualquer interesse no julgamento
da causa ou declarar-se suspeito por foro íntimo, evitando situações que comprometam o resultado do seu trabalho.
b) For parte do processo.
c) Quando tiver atuado como perito contador assistente ou prestado depoimento como testemunha no processo.
d) Quando tiver cônjuge ou parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau, como parte no
processo.
e) A matéria pericial não for de sua especialidade, quando necessitar de recursos humanos ou estruturais superiores aos que mantém
podendo comprometer o prazo do trabalho, ou ainda, tiver desenvolvido outra atividade na área contábil para a parte litigante.
3) São Princípios Fundamentais da Contabilidade:
a) Entidade, competência, qualidade.
b) Continuidade, oportunidade, prudência.
c) Registro pelo valor original, registro pelo valor atualizado.
d) Contribuição, evolução, finalidade.
e) Entidade, empresa, faculdade.
4) “O registro dos fatos ocorridos e as decorrentes variações sofridas pela entidade devem ser registradas no momento de sua
ocorrência” é o Princípio Fundamental da Contabilidade:
a) Do Registro pelo valor original
b) Da Tolerância
c) Da Prudência
d) Da Oportunidade
e) Da Entidade
NotasReferências
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Contabilidade NBC TP 01 – Norma Técnica de Perícia
Contábil. Brasília: Disponível em: https://cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/02/NBC_TP_01.pdf. Acesso em 31 mar. 2019.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade Auditoria e
Perícia. Brasília, 2008. Disponível em: //portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/livro_auditoria-e-pericia.pdf.
Acesso em 31 mar. 2019.
Próxima aula
Comparativo dos pro�ssionais com atribuições e características especí�cas das atividades;
Per�l, postura pro�ssional, requisitos fundamentais e condição legal para atuação.
Explore mais
Leia:
O livro Perícia Contábil – Judicial e Extrajudicial, de Ril Moura;
A NBC TP 01 – Norma Técnica de Perícia Contábil.
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