Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
0 BIOQUÍMICA I Contribuintes: Camila Zucchetti e Vitor Guedes Sumário: PARTE I - Proteínas 1. Aminoácidos 1.1 Classificação dos aminoácidos 1.2 Titulação de aminoácidos 2. Proteínas 2.1 Ligação peptídica 2.2 Classificações das proteínas 2.2.1 Estrutura primária 2.2.2 Estrutura secundária 2.2.3 Estrutura terciária e quaternária 2.3 Desnaturação proteica 2.4 Modificações pós-traducionais PARTE II - Enzimologia 3. Enzimas 3.1 Funcionamento enzimático 3.2 Cinética enzimática 3.3 Inibição enzimática 3.4 Regulação enzimática 3.5 Biossinalização 3.6 Conceitos finais PARTE III - Bioenergética 4. Carboidratos 4.1 Classificação 4.2 Absorção 5. Metabolismo da glicose 5.1 Glicólise 5.2 Gliconeogênese 5.3 Regulação da glicólise e gliconeogênese 5.4 Via das pentoses fosfato 5.5 Metabolismo do glicogênio 5.6 Ciclo do ácido cítrico 5.6.1 Regulação do ciclo do ácido cítrico 5.7 Fosforilação oxidativa 5.7.1 Cadeia respiratória 5.7.2 Síntese de ATP 5.7.3 Regulação da fosforilação oxidativa 1 5.8 Balanço energético final 1. AMINOÁCIDOS Os aminoácidos (aa) são moléculas que quando ligadas entre si formam uma proteína. Existem 20 tipos de aminoácidos e todos eles possuem uma estrutura fundamental em comum. O carbono α é o centro dessa estrutura e está ligado a um hidrogênio, um terminal amino (NH3), um terminal carboxila (COOH) e um grupo R. O grupo R é diferente em cada aminoácido e é o que os diferencia determinando a cada um deles diferenças no tamanho, na estrutura, na solubilidade, na carga energética e no tipo de interação intermolecular que será efetuada. Como sabemos, quando um átomo de carbono tem quatro ligantes diferentes ele se torna um carbono quiral, dessa forma concluímos que os aminoácidos possuem atividade óptica. Os aminoácidos tem dois estereoisômeros que são a imagem especular um do outro, não sendo imagens sobreponíveis. Esses estereoisômeros são chamados de L-aminoácidos e D-aminoácidos. Os aa presentes em sistemas biológicos vivos são exclusivamente L-aminoácidos. 1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS Os aminoácidos possuem 5 classificações que os separam. Aminoácidos apolares alifáticos: São os que possuem seu grupo R com características apolares, ele se agrupa no interior da proteína estabilizando-se com interações hidrofóbicas. Esse grupo é composto pelos seguintes aminoácidos: ↓ Aa com estrutura mais simples. Único que não possui centro quiral, pois não tem quatro ligantes diferente no seu carbono α. 2 Aminoácidos aromáticos: Seus grupos R são relativamente hidrofóbicos podendo realizar esse tipo de interação. Esse grupo tem a capacidade de absorver luz ultravioleta. ↓ Único aa do grupo que possui capacidade de fazer ligações de H devido a uma hidroxila presente no seu grupo R. Aminoácidos polares não carregados: Possuem uma certa solubilidade em água, sendo hidrofílicos. Seus grupos R fazem ligações de H. → Facilmente hidrolisados em aspartato e glutamato ↓ É um ácido fraco com polaridade modesta. Quando uma cisteína liga-se com outra através de uma ligação covalente, chamada de ponte dissulfeto, forma uma cistina que é fortemente hidrofóbica. Aminoácidos carregados positivamente: Possuem características básicas, seus grupos são mais hidrofílicos devido a carga residual positiva. → Facilmente ionizável em pH 7 Aminoácidos carregados negativamente: Possuem características ácidas. Podem fazer ligações iônicas com aa carregados positivamente. 3 1.2 TITULAÇÃO DE AMINOÁCIDOS Os grupos amino, carboxil e o R de um aa comportam-se como ácidos ou bases fracos, mas os que não possuem grupo R ionizável podem se comportar das duas formas. A titulação consiste na adição (quando titulados com um ácido) ou remoção (quando titulados com uma base) gradual de prótons. Quando o pH de uma solução está ácido o aa encontra-se na sua forma totalmente protonada. Isso ocorre devido a grande quantidade de prótons livres na solução que favorecem para que o equilíbrio desloque no sentido da forma protonada, nessa situação o pH resultante é positivo. Logo, quando a solução está básica o equilíbrio desloca para a forma ionizada deixando o aa na sua maneira totalmente desprotonada e gerando um pH resultante negativo. Se há uma resultante positiva ou negativa a solubilidade do aa é favorecida. No ponto isoelétrico (PI) da curva há uma carga resultante de 0, ou seja, o número de moléculas carregadas positivamente é o mesmo de moléculas carregadas negativamente. Devido a ausência de carga resultante a solubilidade dos aa são afetadas, ela diminui tendenciando a agregação. Em virtude do comportamento ácido-base fracos dos aa, eles possuem poder tamponante. Isso pode ser observado nas inflexões da curva de titulação onde por mais que adicionamos uma grande quantidade de titulante o pH não varia bruscamente. 2. PROTEÍNAS 2.1 LIGAÇÃO PEPTÍDICA A ligação peptídica é formada quando um aminoácido se junta com um outro aminoácido. Essa ligação é covalente e ocorre através da perda de uma molécula de água (desidratação) seguida de uma condensação. Nessa última etapa citada, o terminal amino (NH3) de um aa condensa-se com o terminal carboxila (COOH) de outro formando uma amida, dessa forma um único aminoácido pode ligar-se a outros dois ao mesmo tempo, um em cada terminal. Os aminoácidos que fazem parte de uma proteína são chamados de resíduos e por causa da ligação peptídica somente os radicais do grupo R são capazes de fazer ligações externas. A ligação peptídica é caracterizada por sua rigidez e por sua forma planar que ocorre devido a sua estabilização por ressonância, por isso é uma ligação muito forte e não pode ser facilmente rompida. 4 2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS Para uma molécula que possui ligações peptídicas ser considerada uma proteína ela deve ter peso superior a 10000 kg Daltons. Quando esta marca não é atingida dizemos que ao invés de uma proteína é um peptídeo. Uma proteína pode ser classificada de várias maneira, por exemplo, pode ser chamada de proteína simples quando na sua composição possui apenas aminoácidos. Mas quando possuem um grupo prostético é chamada de proteína conjugada. Ela também é classificada de acordo com seu grupo prostético, as lipoproteínas possuem lipídeos ligados aos seus resíduos de aminoácidos, glicoproteínas possuem açúcares e metaloproteínas possuem um metal específico na sua composição. No entanto a classificação mais importante está ligada a sua conformação. A conformação proteica se refere a forma em que a proteína vai se distribuir no espaço, existem quatro formas, a primária, secundária, terciária e quartenária. 2.2.1 ESTRUTURA PRIMÁRIA A estrutura primária de uma proteína é definida como a sequência linear de seus aminoácidos. Nesse estágio as interações intermoleculares que os grupos R podem realizar são ignoradas, somente a ligação peptídica é observada. Essa forma é apenas acadêmica e não pode ser encontradapuramente no organismo humano. 2.2.2 ESTRUTURA SECUNDÁRIA A estrutura secundária possui uma complexidade maior que a estrutura primária, quando tratamos desta consideramos algumas interações que causam um dobramento na proteína mudando seu arranjo espacial. α- hélice: Essa é a conformação secundária mais comum, o esqueleto peptídico da proteína é firmemente enrolado em volta de um eixo imaginário, produzindo a forma de uma hélice, os grupos R dos aa ficam projetados para fora dessa hélice. Cada volta da hélice é formada na distância de 3,6 resíduos de aa e a sua rotação para a esquerda é a mais encontrada. Essa estrutura é estabilizada através das ligações de H que ocorrem entre o hidrogênio do grupo amino e o oxigênio do grupo carboxila, nessa fase os grupos R não participam da interação. Nem todos os polipeptídeos podem formar uma α- hélice, depende dos aa presentes na estrutura primária, por exemplo, a alanina tem melhor tendência em formarα- hélice, aa carregados negativamente sequenciados próximos uns dos outros causam muita repulsão e acabam desestabilizando a estrutura e não formando uma hélice. Grupos R muito volumosos e aproximados também podem desestabilizar, mas normalmente os aa carregados positivamente estão localizados a 3,6 resíduos dos carregados negativamente para formar pares iônicos estabilizando a estrutura. A prolina é um aa 5 que geralmente não aparece nas α- hélices, devido sua estrutura cíclica o seu H esta indisponível para realizar a interação. Devido sua simplicidade a glicina é um aa muito flexível e não contribui para a formação da hélice. Folhas B: Também chamadas de B-pregueadas esta estrutura se dispõe de forma estendida em zigue-zag. Ligações de H são formadas em segmentos adjacentes e dependem de uma certa proximidade, por isso quanto menor os grupos R, maior a possibilidade de aproximação. Podem ser paralelas ou antiparalelas. Volta B: Ocorrem em proteínas globulares e é caracterizada por um dobramento abrupto. Também dependem de ligações de H. Dependem da prolina na posição 2 (tipo I) e da glicina na posição 3 (tipo II). 2.2.3 ESTRUTURA TERCIÁRIA E QUATERNÁRIA Uma proteína assume sua forma terciária quando está completamente dobrada. As estruturas secundárias interagem entre si através de seus radicais (grupos R) e estabilizam a estrutura terciária. Essa interações podem ser fracas como as interações hidrofóbicas, ligações iônicas, ligações de hidrogênio e ligações covalentes como pontes dissulfeto. A estrutura terciária nada mais é que a forma 3D que a proteína pode tomar. Quando tratamos de uma proteína na sua estrutura quaternária estamos nos referindo a uma proteína que possui mais de uma estrutura terciária, então dizemos que a proteína quaternária é formada por subunidades. Mas quando essas subunidades estão interagindo através de ligações covalentes elas são chamadas de cadeias. Proteínas fibrosas: São cadeias arranjadas ao longo de filamentos, conferem suporte forma e proteção. Elas são insolúveis em água devido a alta concentração de resíduos hidrofóbicos tanto no seu interior quanto na sua superfície. São formadas por apenas um padrão de estrutura secundária. 6 α- queratina: É originada pela α-hélice que quando ligadas em pares formam cadeias e espiral enrolados, que quando ligados formam protofilamento que quando ligados formam a protofibrilas, que quando ligadas formam o fio de cabelo. As ligações dissulfeto estabilizam as cadeias das estruturas quaternárias além de proporcionar rigidez, essas quando desfeitas causam o alisamento do cabelo. α-queratina está presente em cabelos, pernas e unhas. colágeno: Está presente nos tendões, cartilagens e matriz orgânica. Possui um estrutura secundária única e sua hélice vira-se para a esquerda, suas ligações de H possuem intervalo de 3 resíduos de aa tornando sua estrutura muito mais rígida. Sua estrutura quaternária é super torcida e suas cadeias são interligadas por tipos incomuns de ligações covalentes lisina-hidroxilisina. fibroína da seda: Suas cadeias polipeptídicas possuem conformação B e tem grande presença de alanina e glicina. São estabilizadas por ligações de H e algumas interações de Van der Waals. Ela possui uma estrutura mais flexível devido suas interações fracas, mas não possui elasticidade porque sua conformação B já está estendida. Proteínas globulares: São cadeias dobradas em forma esférica, é formada por vários tipos de estruturas secundárias, seus exemplos são enzimas e proteínas reguladoras. anticorpos: Proteínas solúveis, é formadas por glicoproteínas. O IgG é a principal classe de anticorpo, ele é formado por 4 cadeias polipeptídicas que podem ser leves ou pesadas. Na sua extremidade possui cadeias leves e variadas, é a região amino terminal (necessária para reconhecer diferentes antígenos), a sua parte interna possui cadeias pesadas e constantes, é a região carboxiterminal (região FC que liga-se ao macrófagado). Suas cadeias são ligadas por pontes dissulfeto e quando ligadas ao antígeno sua conformação muda devido ao encaixe induzido. actina e miosina: São as proteínas motoras dos músculos. A região carboxi terminal da miosina é uma α- hélice voltada para esquerda que forma a sua cauda fibrosa, já a amino terminal é globular e forma a sua cabeça que possui sítio de ligação para o ATP. A actina é globular e se organiza como actinas G que se ligam formando um polímero chamado actina F, essa actina F interage com a cabeça da miosina. A Actina é chamada de filamento fino enquanto as miosinas são os filamentos grossos. hemoglobina e mioglobina: São proteínas conjugadas e seus grupos heme são seus grupo prostético. A mioglobina é uma proteína monomérica, ou seja, possui apenas uma subunidade, funciona como uma proteína de reserva e possui alta afinidade pelo O2 transformando-a em um transportador ineficiente visto que não vai liberar o O2 nos tecidos. A hemoglobina é tetramérica e possui 4 subunidades (2 cadeias alfa e 2 beta) que se estabilizam por interações fracas, ela é responsável por carrear o oxigênio na corrente sanguínea. Quando ela está no seu estado tenso possui baixíssima afinidade por O2, mas a alta concentração de oxigênio e o pH básico do pulmão forçam os grupos heme a capturar oxigênio (efeito bohr). Ao se ligar na primeira subunidade o oxigênio causa uma reação em cadeia aumentando a afinidade por O2 das subunidades adjacentes, a quarta subunidade é a que possui maior afinidade pelo O2. 7 Resumo 2.3 DESNATURAÇÃO PROTEICA Quando uma proteína é desnaturada ela precipita e perde a sua atividade funcional, essa desnaturação pode ser causada pelo calor, por pHs extremos, solventes orgânicos e outros. A perda da estrutura tridimensional de uma proteína já é suficiente para que ela desnature. No entanto quando uma proteína desnatura as ligações peptídicas continuam intactas e não há rompimentos. O fenômeno de renaturação pode ocorrer comalgumas proteínas quando colocados em um ambiente favorável e desse modo pode recuperar a sua funcionalidade. 2.4 MODIFICAÇÕES PÓS TRADUCIONAIS Após sintetizadas as proteínas são enviadas para o retículo endoplasmático onde sofre mudanças que a ativam. Modificações covalentes: - glicosilação: É a adição de glicose em um aminoácido para formar um glicoproteína. A ligação é feita no nitrogênio ou no oxigênio. A glicosilação amino terminal é espontânea. - fosforilação/desfosforilação: Adição ou remoção de grupos fosfato em resíduos de serina, treonina ou tirosina. Essa mudança pode deixar a proteína mais ou menos ativa. A enzima cinase transforma OH em fosfato e a enzima fosfatase transforma o fosfato em OH. - acetilação: Adição de um grupo acetil em um terminal amino. Essa adição dificulta a degradação, ou seja, aumenta o tempo de vida de um proteína. - âncoras lipídicas: Ligação covalente entre lipídeos da membrana plasmática e proteínas que se ancoram neles. - ubiquitinação: A ubiquitina ligase a resíduos amino terminais e encaminham a enzima para a degradação. - zimogênio: É um precursor inativo de uma enzima, ele pode ser ativado por clivagem de ligações covalentes por intermédio de outra enzima. 8 3. ENZIMAS As enzimas são proteínas altamente especializadas que possuem função catalisadora de reações biológicas, ela atuam em soluções aquosas com temperatura e pH adequados. Exceto por um pequeno grupo de RNAs catalíticos todas as enzimas são proteínas globulares. Como visto anteriormente a proteína precisa estar em sua conformação ideal para realizar uma função, logo se a enzima sofrer desnaturação ela perderá o seu poder catalítico. Algumas enzimas necessitam de outros grupos químicos para exercer a sua função, eles são chamados de cofatores e são partículas não-proteicas como um íon ou uma molécula orgânica. Os cofatores orgânicos são chamados de coenzimas e quando ligados fortemente a proteína são chamados de grupo prostético. As enzimas são divididas em classes, oxidorredutases; transferases; hidrolases; liases; isomerases; ligases. cofator + enzima = holoenzima ↓ ↓ coenzima apoenzima Normalmente no corpo humano as reações tendem a não acontecer sem a presença de enzimas, e caso acontecesse seria muito devagar. As enzimas possuem um sítio ativo chamado bolsão catalítico que é o local onde ocorre a reação. A molécula que se liga ao sítio e sofre a ação da enzima é chamada de substrato. 3.1 FUNCIONAMENTO ENZIMÁTICO É importante compreender que como função catalítica a enzima acelera a velocidade de reação, mas não altera o equilíbrio, ou seja, a enzima não favorece a formação de produtos, ela apenas acelera a velocidade do processo. Quando a energia de ativação de uma reação é muito alta, a reação acaba se tornando mais lenta, dessa forma as enzimas atuam diminuindo a energia de ativação e consequentemente acelerando a velocidade. No entanto, essa barreira de alta energia é importante para que as reações biológicas são se revertem espontaneamente. As reações enzimáticas formam espécies intermediárias na reação formando complexos enzima-substrato e enzima-produto. enzima + substrato ⇆ complexo enzima-subs ⇆ complexo enzima-prod ⇆ enzima + produto A interação da enzima com substrato é feito através de ligações iônicas, hidrofóbicas e ligações de hidrogênio. A formação dessas interações causa a liberação de energia de ligação que estabilizam o complexo. Muito do poder catalítico das enzimas prove da energia livre liberada na formação desses ligações fracas, além disso a energia de ligação também é responsável pela especificidade da enzima. A ligação E-S ocorre somente no estado de transição, que é o momento molecular em que o equilíbrio da reação pode deslocar tanto para os produtos quanto para os substratos. A partir dessas ligações fracas podemos concluir que o modelo chave-fechadura está errado, pois se o encaixe fosse perfeito a enzima estabilizar o substrato e a energia de ativação aumentaria e na realidade a enzima segue o ajuste induzido, em que ela sofre mudanças conformacionais que permitem a formação de ligações fracas. 9 Grupos catalíticos específicos: Algumas das reações formam formam intermediários instáveis que impossibilita a formação do produto, então existem mecanismos que superam essa dificuldade. Catálise geral ácido-básica: Quando a formação de intermediários carregados. Isso pode ser resolvido através da transferência de prótons. Essa transferência poderia envolver somente somente a água, mas algumas enzimas não possuem água no seu sítio ou então a água é insuficiente, dessa forma o termo catálise ácido-básica refere-se a transferência de prótons por moléculas que não são a água. Algumas cadeiras laterais de resíduos de aa podem assumir esse papel. Esse mecanismo é o que ocorre na maioria das enzimas. Catálise covalente: Agentes nucleofílicos, cadeias laterais de aa ou grupos funcionais de cofatores formam uma ligação covalente transitória entre a enzima e o substrato. Catálise por íons metálicos: Interações iônicas entre o metal e o substrato pode ajudar a orientar a reação. 3.2 CINÉTICA ENZIMÁTICA Velocidade enzimática é a taxa com que o substrato é transformado em produto. Quando a enzima atinge sua Vmax significa que o aumento do substrato não altera mais a velocidade de reação. Ja velocidade das reações é afetada pela concentração do substrato. A equação de Michaelis-Mentem nos dá a relação entre concentração do substrato e a Vreação. As enzimas seguem um comportamento hiperbólico. O Km é a constante de Michaelis e numericamente pode ser expresso como a concentração de substrato necessária para que a velocidade da reação seja metade da velocidade máxima. Ela representa a afinidade da enzima pelo substrato, mas somente até a formação do complexo ES. É específico para cada enzima e seu substrato. Quanto maior o Km, MENOR a afinidade. FATORES QUE ALTERAM A VELOCIDADE ENZIMÁTICA: TEMPERATURA: Com seu aumento a taxa de reação aumenta e a estabilidade da proteína decresce devido a sua desnaturação. Até certo ponto a velocidade aumento, mas em altas temperaturas a proteína desnatura PH: Deve-se às variações no estado de ionização dos componentes do sistema a medida que o pH varia. pH ótimo é o biológico. CONCENTRAÇÃO DO SUBSTRATO: Aumenta a velocidade até ocorrer saturação da enzima, a partir desse ponto a V não se altera, mas em baixas concentrações de substrato a formação do produto é proporcional. 10 3.3 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA Inibidores das enzimas são moléculas que interferem na catálise, diminuindo ou interrompendo-a. INIBIÇÃO REVERSÍVEL: inibidores ligam-se, mas podem se soltar, geralmente através de ligações não-covalentes. Inibidor competitivo: compete com o substrato pelo sítio ativo da enzima. A medida que o inibidor se liga, impede que o substrato se ligue. Muitos inibidores competitivos tem estrutura similar a estrutura do substrato e se combinam com a enzima formando um complexo EI, mas que não leva a catálise. Quando o inibidor está ligado, a competição pode ser deslocada em sentido do substrato se aumentadaa concentração dele. Se a afinidade da enzima for igual para o inibidor e substrato, a enzima terá uma resposta 1:1 . Não altera a Vmax, mas aumenta o Km Inibidor incompetitivo: liga-se a um sítio ativo distinto sa substrato. ELe se liga ao complexo ES e com isso dificulta a melhor funcionalidade da enzima, ela fica ligada em uma conformação menos ativa. Se a enzima já estiver saturada não adianta aumentar a concentração do substrato e se a concentração do inibidor for aumentada a inibição será acentuada. Diminui o Vmax e diminui o Km. inibidor misto: liga-se a um sítio distinto do S. Pode ligares-se tanto a enzima quanto ao complexo ES. Não altera o Km e diminui o Vmax INIBIÇÃO IRREVERSÍVEL: Inibem e nunca mais soltam o sítio de ligação muitas vezes eles atuam por ligação covalente, mas também pode ser por uma ligação que seja muito estável. Inativadores suicidas: são não reativos até se ligarem ao sítio da enzima. Faz as primeiras etapas de uma reação enzimática, então é convertido em um produto muito reativo que comina irreversivelmente com a enzima. Também podem ser chamados de inativadores com base no mecanismo. 3.4 REGULAÇÃO ENZIMÁTICA As enzimas aumentam ou diminuem sua atividade catalítica em resposta a certo sinais. Enzimas alostéricas agem por meio de ligações reversíveis e não covalentes com composto denominados moduladores alostéricos. Outras enzima são reguladas por modificação covalente reversível que pode ativas ou inativa-las. Já a proteólise é uma regulação irreversível e ativa a enzima. Vários tipo de regulação podem ocorre em uma só enzima. ENZIMAS ALOSTÉRICAS: Mudanças conformacionais induzidas por moduladores interconvertem formas mais ou menos ativas da enzima, muitas vezes o modulador é o próprio substrato. Esses moduladores não podem ser confundidos com inibidores competitivos, pois apesar os inibidores também se ligarem a um sítio diferente eles não induzem as mudanças conformacionais. Quando o modulador é alostérico homotrópico, o 11 substrato e o modulador são o mesmo, já o alostérico heterotrófico possui uma molécula diferente para substrato e para modulador. Cada sítio regulatório é específico ao seu modulador, mas nas homotrópicas o sítio catalítico e o regulador são o mesmo. Essas enzimas não seguem a cinética de Michaelis-Mentem, possuem uma curva sigmóide. AMP: Modulador positivo do catabolismo ATP: Modulador negativo do catabolismo - inibição por retroalimentação: o produto final da via inibe a enzima. Isso ocorre quando a concentração do produto excede ao requerido pela célula. Reduzindo a atividade da enzima alostérica toda a via tem sua atividade reduzida, pois seus substratos ficam presentes em quantidades mínimas, por isso o produto final deve inibir sempre a primeira enzima da rota. REGULAÇÃO POR MODIFICAÇÃO COVALENTE: - clivagem proteolítica: precursor inativo chamado zimogênio é hidrolisado formando uma enzima ativa, por exemplo, quimiotripsinogênio virando quimiotripsina. Essa ação é irreversível pois a enzima ativa não volta a ser um zimogênio. Proteases são inibidas por proteínas inibidoras que se ligam fortemente a seu sítio ativo. O zimogênio tem aa a mais que escondem o sítio ativo impossibilitando que o substrato se ligue. A proteólise é custosa energeticamente, mas vale a pena pois é perigoso deixar a enzima sempre na forma ativa, ela pode atacar nosso sistema. - fosforilação / desfosforilação: ligação ou remoção de grupamentos fosfato de resíduos de serina, tirosina e treonina. A ligação é catalisada por proteínas cinases e a remoção por proteínas fosfatases. A fosforilação pode alterar a catálise quando muda a afinidade da enzima pelo substrato, esse processo deve ser reversível. 3.5 BIOSSINALIZAÇÃO RECEPTORES ASSOCIADOS A PROTEÍNA G: Possuem 3 componentes, um receptor na membrana plasmática com 7 segmentos helicoidais transmembranas; uma proteína G que alterna entre forma ativa (quando ligada a GTP) e inativa (quando ligada a GDP); e uma enzima efetora na membrana plasmática que é regulada pela proteína G ativada. Proteína G é estimulada pelo receptor ativado e troca GDP por GTP ↓ Dissocia-se do receptor ocupado e liga-se a enzima efetora alterando sua atividade ↓ Enzima ativada gera um segundo mensageiro que afeta os alvos Receptores B-adrenérgicos: A adrenalina liga-se a seu receptor na membrana plasmática e promove a troca de GDP para DTP. a subunidade alfa da proteína G é a que se liga a GDP/GTP e transmite o sinal do receptor para a enzima efetora (adenil-ciclase). Adenil-ciclase ligada à proteína G estimula a síntese AMP-cíclico a partir de ATP, depois a proteína G se dissocia e se inativa automática ticamente estando disponível para uma 12 nova interação na membrana. AMPc ativa alostericamente a proteína cinase dependente de AMPc (PKA), que então catalisa a fosforilação da cinase do glicogênio (fosforilase B) que inicia a mobilização do glicogênio. Fosfolipase C e IP3: A proteína efetora é a fosfolipase C. Hormônio se liga ao receptor provocando troca GDP/GTP e então se liga a fosfolipase C que gera a produção de diacilglicerol de IP3. IP3 liga-se a canais de Cálcio do Retículo Endoplasmático abrindo-os, o cálcio elevado ativa a proteína cinase C (PKC), junto com a ação do diacilglicerol. PKC tem seus alvos nas proteínas do citoesqueleto, enzima e proteínas nucleares que regulam a expressão gênica. RECEPTORES TIROSINA-CINASE: Possuem um domínio de interação com o ligante na face externa da P e sítio ativo enzimático na face citoplasmática, são conectados por um único segmento transmembrana. O domínio citoplasmático é uma proteína cinase que fosforila resíduos de tirosina em proteínas alvos específicas. Possui duas subunidade alfa na parte extracelular e duas subunidade beta na parte intracelular. Receptores de insulina: Insulina liga-se as subunidades alfa que ativam as subunidades beta. Resíduos de tirosina da proteína cinase INSR são fosforilados ativando para fosforilar outras. INSR fosforila IRS-1 que ativa PI3K ligando um domínio SH2. A PI3K converter PIP2 em PIP3, em seguida a GSK3 fosforilada e inativada com isso ela não consegue converter a glicogênio sintase em sua forma inativa. A síntese glicogênio é então acelerada. PKB estimula captação de glicose pela GLUT. 3.6 CONCEITOS GERAIS ISOENZIMAS: Catalisam a mesma reação, mas podem ter diferenças estruturais. Possuem importância pois catalisam a mesma reação em diferentes tecidos. Suas cinéticas são diferentes. ENDOENZIMAS: Atuam na parte interna da molécula do substrato, quebram no meio de um polipeptídeo. ECTOENZIMAS: Atuam na extremidade da molécula. COMPLEXO MULTIENZIMÁTICO: 3 ou mais proteínas enzimáticas diferente conjugadas por interações não covalentes. Cada uma das enzimas catalisam uma reação separada, mas quando reunidas no complexo enzimático catalisam uma reação global. COMPLEXO MULTIFUNCIONAL: Uma única enzima fazendo várias funções dentro de uma reação. DEFICIÊNCIA ENZIMÁTICA: Acúmulo de substrato da enzima que está deficiente gera efeitos tóxicose erros inatos do metabolismo. ENZIMAS CONSTITUTIVAS: Enzimas requeridas todo tempo pela célula e estão sempre presentes nelas em uma certa quantidade. ENZIMAS INDUZÍVEIS: Sua síntese é induzida ou reprimida por um estímulo adequado. 13 4. CARBOIDRATOS Os carboidratos são poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas. Os carboidratos possuem várias funções, dentre elas função energética, estrutural e lubrificante. Principais Carboidratos na dieta dos animais: amido, sacarose, lactose, celulose, frutose e glicose. 4.1 CLASSIFICAÇÃO Os carboidratos são divididos em três classes: -MONOSSACARÍDEOS: também chamados de açúcares simples, são constituídos por uma única unidade de poli-hidroxialdeído (aldeídos) ou poli-hidroxicetona(cetonas), onde o mais encontrado em abundância na natureza é o D- glicose, também chamado de dextrose. Eles apresentam dois ou mais grupos hidroxila, sendo constituído por uma cadeia carbônica não ramificada, unidas por ligações covalentes simples. Muitos dos átomos de carbono aos quais os grupos hidroxila estão ligados são centros quirais. As enzimas que agem sobre os açúcares são absolutamente estereoespecíficas, normalmente preferindo um estereoisômero a outro. são compostos incolores, sólidos cristalinos, solúveis em água (sendo insolúveis em solventes apolares). A maioria são portadores de sabor adocicado, como D-glicose, D-frutose. Quando a carbonila está na extremidade da cadeia de carbonos, o monossacarídeo é denominado como ALDOSE. Porém, quando a carbonila se encontra em qualquer outra posição, o monossacarídeo é denominado como CETOSE. Monossacarídeos com quatro, cinco, seis e sete átomos de carbono no esqueleto são chamados, respectivamente, de TETROSES, PENTOSES, HEXOSES e HEPTOSES. Epímeros: dois açúcares que diferem apenas na configuração de um carbono. São exemplos de epímeros o D-manose e D-glicose. Em solução aquosa, os monossacarídeos com cinco ou mais átomos de carbono no esqueleto ocorrem predominantemente em forma cíclica (anel), nos quais a carbonila forma uma ligação covalente com o oxigênio de um grupo hidroxila presente na cadeia, levando a formação de um HEMIACETAL (aldoses) ou HEMICETAL (cetoses). A adição de um segundo grupo hidroxila leva a formação de um ACETAL (aldoses) ou CETAL (cetoses), onde tal ligação é conhecida como LIGAÇÃO GLICOSÍDICA. Como o álcool pode ser adicionado a “frente” ou as “costas” do carbono da carbonila, a reação pode produzir qualquer uma das configurações estereoisoméricas, denominadas de α e β. As formas isoméricas de monossacarídeos que diferem apenas na 14 configuração do átomo de carbono hemiacetal ou hemicetal são chamadas de ANÔMEROS, e o átomo de carbono de carbonila é denominado de CARBONO ANOMÉRICO. α: hidroxila ao lado OPOSTO ao carbono seis. β: hidroxila do lado IGUAL ao carbono seis. -OLIGOSSACARÍDEOS: cadeias curtas de unidades de monossacarídeos unidas por ligações características chamadas de ligações glicosídicas. Os mais abundantes são os DISSACARÍDEOS, com duas unidades de monossacarídeos. Um dissacarídeo típico é a sacarose (açúcar de cana), constituído por D-frutose e D-glicose. Os dissacarídeos consistem em dois monossacarídeos unidos covalentemente por uma ligação denominada de ligação O-glicosídica, a qual é formada quando uma hidroxila de uma molécula de açúcar reage com o carbono anomérico de outro, representando a formação de um acetal, a partir de um hemiacetal e um álcool, onde o produto final é denominado de GLICOSÍDEO. Eles podem ser hidrolisados para originar seus monossacarídeos livres. A extremidade de uma cadeia com um C anomérico livre é chamado de extremidade redutora, mas quando há formação de ligação glicosídica há a geração de um açúcar não redutor. o Carbono anomérico que está realizando a ligação glicosídica é chamado de alfa. A sacarose é um açúcar que não possui carbono anomérico livre, logo é um açúcar não-redutor. -POLISSACARÍDEOS: são polímeros de açúcar que contém mais de 20 unidades de monossacarídeos. Alguns polissacarídeos, como a celulose, têm cadeias lineares; outros, como o glicogênio, são ramificados. Ambos são formados por unidades repetidas de D-glicose, mas diferem no tipo de ligação glicosídica, apresentando, por consequência, propriedades distintas. Os polissacarídeos, também chamados de GLICANOS, diferem um dos outros na identidade das unidades de monossacarídeos repetidas, no comprimento das cadeias, nos tipos de ligações unindo as unidades e no grau de ramificação. São insípidos (sem sabor) e insolúveis em água. HOMOPOLISSACARÍDEOS: são polissacarídeos que são constituídos por apenas uma espécie monomérica. Alguns homopolissacarídeos, como o amido e o glicogênio, servem como forma de armazenamento para monossacarídeos utilizados como combustíveis. Função de estocagem: - O amido está presente nas plantas e contém dois tipos de estruturas de D-glicose, amilose e amilopectina. A AMILOSE consiste em cadeias longas não ramificadas de resíduos de D-glicose, conectados por ligações glicosídicas do tipo (α1 -> 4). A AMILOPECTINA é altamente ramificada, onde as ligações glicosídicas que unem os resíduos de glicose sucessivos são do tipo (α1 -> 4) e nos pontos de ramificação (que ocorrem a cada 24 a 30 resíduos) são do tipo (α1 -> 6). - O glicogênio, o principal polissacarídeo de armazenamento das células animais, assim como a amilopectina, é um polissacarídeo de subunidades de glicose ligadas por ligações glicosídicas do tipo (α1->4), (α1->6). Porém, o glicogênio é mais ramificado. Como cada ramificação de glicogênio termina com uma extremidade não redutora ele possui apenas uma extremidade redutora. Quanto mais ramificada, mais fácil será o armazenamento e a quantidade de ramificações aumentam o nicho onde as enzimas podem trabalhar (extremidades 15 não redutoras). O organismo armazena glicose em forma de glicogênio pelo fato do hepatócito armazenar o mesmo em uma equivalência de 0,4M de glicose, sendo que a concentração verdadeira de glicogênio é de 0,01µM (contribui pouco para a osmolaridade do citosol). Se o hepatócito armazenasse glicose na sua forma monomérica (0,4M), haveria um desequilíbrio osmótico, onde pela passagem de água, ocasionaria a hemólise da célula. Função estrutural: - A celulose é um homopolissacarídeo linear e não ramificado, constituído de resíduos de D-glicose, que possui função estrutural das paredes celulares de plantas. A celulose se apresenta como configuração β, enquanto que a amilose se apresenta como configuraçãoα. A maioria dos animais vertebrados não conseguem digeri-la por falta de uma enzima que hidrolisa estas ligações. HETEROPOLISSACARÍDEOS: são polissacarídeos que são constituídos por duas ou mais espécies monoméricas distintas, como por exemplo, o peptidoglicano (envelope celular bacteriano) - Glicosaminoglicanos: o espaço extracelular dos tecidos dos animais multicelulares é preenchido com um material semelhante a gel, a MEC, que mantém as células unidas e provê um meioporoso para a difusão de nutrientes e oxigênio para cada célula. São compostas por uma rede entrelaçada de proteínas fibrosas e heteropolissacarídeos. Tais heteropolissacarídeos, os glicosaminoglicanos, formam uma família de polímeros lineares compostos por unidades de dissacarídeos repetidos. Um dos monossacarídeos é obrigatoriamente N-acetilglicosamina e o outro um ácido urônico. - Peptideoglicanos: componente rígido das paredes das células bacterianas e algas, constituído por unidades alternadas de N-acetilglicosamina e ácido N-acetilmurâmico. São “alvos” da terapia antibiótica. 4.2 DIGESTÃO / ABSORÇÃO O amido é ingerido e inicialmente a digestão começa na boca. A enzimaα-amilase salivar hidrolisa as ligações glicosídicasα1->4 produzindo polissacarídeos curtos ou oligossacarídeos. Quando o bolo alimentar chega no estômago a α-amilase salivar é desativada por causa do pH, então a α-amilase pancreática é secretada clivando e gerando principalmente maltose, maltotriose e dextrinas. Enzimas ativas no estômago: dextrinase, maltase, lactase, sacarase e trealose. O glicogênio da dieta possui essencialmente a mesma estrutura do amido e sua digestão segue a mesma via. A absorção é realizada a partir do cotransporte com Sódio. GLUT 1: capta glicose basal no jejum GLUT 2: presente no fígado, pâncreas, intestino e rim GLUT 3: transportador de glicose no SNC GLUT 4: transportador sensível a insulina, sua expressão aumenta na presença da insulina GLUT 5: específico para frutose GLUT 7: presente no retículo endoplasmático 16 5. METABOLISMO DA GLICOSE 5.1 GLICÓLISE Uma molécula de glicose é degradada através de reações enzimáticas para a formação de duas moléculas de piruvato (possui três carbonos. Durante as reações parte da energia é conservada como ATP e NADH. A quebra glicolítica da glicose é a única fonte de energia em alguns tecidos ou células (cérebro, eritrócitos, medula renal e esperma). Essa metabolização é dividida em duas etapas: a fase preparatória e a fase de pagamento. Fase preparatória: 1- FOSFORILAÇÃO DA GLICOSE: a glicose é ativada para as reações subsequentes pela fosforilação do C-6, formando a molécula de glicose – 6 – fosfato, com ATP como doador de grupo fosfato. Essa reação é IRREVERSÍVEL em condições intracelulares, sendo catalisada pela enzima HEXOCINASE, com o auxílio do cofator Mg2+ (verdadeiro substrato para enzima é o complexo MgATP2-). Lembrando que a hexocinase é considerada uma isoenzima, ou seja, participam em vários compartimentos catalisando uma mesma reação (HEXOCINASE I,II,III,IV). O fosfato é ligado na molécula de glicose para prendê-la dentro da célula, uma vez que o fosfato possui carga negativa, não passando pela camada apolar da membrana plasmática. A enzima consegue diferenciar moléculas de glicose e de água devido a uma mudança conformacional na enzima que acontece quando o substrato correto se liga ao sítio ativo. Na ausência de glicose, a enzima fica na sua conformação inativa, porém quando a glicose e MgATP2- se ligam, ocorre a mudança de conformação da enzima, tornando-a ativa. Com esse reconhecimento, a reação de hidrolise que poderia acontecer não ocorre. 2- CONVERSÃO DE GLICOSE – 6 – FOSFATO PARA FRUTOSE – 6 – FOSFATO: a enzima FOSFOHEXOSE ISOMERASE catalisa a isomerização REVERSÍVEL da glicose – 6 – fosfato (aldolase) a frutose – 6 – fosfato (cetose). A enzima responsável pela reação catalítica também requer o cofator Mg+2). A glicose – 6 – fosfato é convertida em frutose – 6 – fosfato pelo motivo de ser uma molécula mais simétrica, sendo necessário mais a frente durante o processo de glicólise 3- FOSFORILAÇÃO DA FRUTOSE – 6 – FOSFATO, TRANSFORMANDO EM FRUTOSE - 1,6 – BIFOSFATO: A enzima FOSFOFRUTOCINASE – 1 (PFK-1), com o auxílio do cofator Mg+2, catalisa a transferência de um grupo fosfato do ATP para a frutose – 6 – fosfato, formando a frutose – 1,6 – bifosfato, gerando uma molécula ainda mais simétrica. A reação com PFK -1 é essencialmente IRREVERSÍVEL em condições celulares, sendo essa a primeira etapa “comprometida” da via glicolítica: a frutose – 1,6 – bifosfato é direcionada SOMENTE para a glicólise. A PFK-1 está sujeita a modulação alostérica, onde sua atividade é aumentada quando há um acúmulo de produtos de degradação de ATP, ADP e AMP e diminuída quando a célula tiver muito ATP e bem suprida por outro combustível, como ácidos graxos. 4- CLIVAGEM DA FRUTOSE – 1,6 – BIFOSFATO: a enzima FRUTOSE - 1,6 – BIFOSFATO ALDOLASE, ou simplesmente ALDOLASE catalisa a reação de condensação aldólica reversível. A frutose – 1,6 – bifosfato é clivada para a formação de duas trioses – fosfatos diferentes: a aldose gliceraldeído – 3 – fosfato e a cetose di - hidroxicetona – fosfato. Embora a reação da aldolase tenha uma variação da energia livre padrão 17 fortemente positiva no sentido de clivar a frutose -1,6 – bifosfato (ΔG = 23,8 KJ/mol), nas baixas concentrações dos reagentes presentes na célula a variação real de energia livre é pequena, e a reação da aldolase é prontamente REVERSÍVEL. 5- INTERCONVERSÃO DAS TRIOSES FOSFATO: Apenas uma das duas trioses – fosfato formada pela aldolase, o gliceraldeído – 3 – fosfato, pode ser diretamente degradada nas etapas subsequentes da glicólise. O outro produto, a di – hidroxicetona, é rápida e reversivelmente convertida pela enzima TRIOSE FOSFATO ISOMERASE, a gliceraldeído – 3 – fosfato, pela razão do mesmo ser rapidamente consumido para a próxima reação da glicólise. Sendo assim, o equilíbrio não é afetado. Fase de pagamento: 6- OXIDAÇÃO DO GLICERALDEÍDO – 3 – FOSFATO EM 1,3 – BIFOSFOGLICERATO: A oxidação do gliceraldeído – 3 – fosfato a 1,3 – bifosfoglicerato é catalisada pela enzima GLICERALEÍDO – 3 – FOSFATO DESIDROGENASE. O gliceraldeído – 3 – fosfato é covalentemente ligado à desidrogenase durante a reação, onde o grupo aldeído reage com o resíduo de cisteína (Cys) essencial do sítio ativo. Primeiramente, há a oxidação (perda de hidrogênio) do gliceraldeído – 3 – fosfato juntamente com a entrada de água. O hidrogênio do C-1 migra para o NAD+, convertendo para NADH. A hidroxila da água então entra no lugar do hidrogênio que saiu do gliceraldeído – 3 – fosfato, liberando o H+ restante e formando assim uma molécula intermediária, a qual guarda grande parte da energia liberada da reação de oxidação. Por fim, há a entrada de FOSFATO INORGÂNICO no lugar da hidroxila recém ligada, dando origem à molécula de 1,3 – bifosfoglicerato. O fosfato inorgânico, diferente do fosfato oriundo do ATP, é uma molécula de baixa energia, não possuindo capacidade de se ligar ao gliceraldeído – 3 – fosfato de forma simples. A entrada do Pi é possível mediante à uma reação de acoplamento, visto que a reação onde há a entrada de Pi possui um ΔG POSITIVO, mas que quando somada com o ΔG da reação de oxidação (negativa), o resultado é um ΔG NEGATIVO, ou seja, torna possível a reação termodinamicamente.7- TRANSFERÊNCIA DO FOSFATO DO 1,3 – BIFOSFOGRICERATO PARA O ADP: A enzima FOSFOGLICERATO CINASE transfere o grupo fosfato de alta energia do grupo carboxil do 1,3 – bifosfoglicerato para o ADP, formando ATP e 3 – fosfoglicerato. A enzima possui esse nome, devido à reação inversa, na qual ela transfere um grupo fosfato do ATP para o 3 – fosfoglicerato. Como todas as enzimas, ela catalisa a reação em ambos os sentidos. As etapas 6 e 7 da glicólise constituem um processo de acoplamento de energia em que 1,3 – bifosfoglicerato é um intermediário comum. A soma das reações garante uma reação EXERGÔNICA. 8- CONVERSÃO DO 3 – FOSFOGLICERATO EM 2 – FOSFOGLICERATO: A enzima FOSFOGLICERATO MUTASE catalisa o deslocamento REVERSÍVEL do grupo fosfato entre C-2 e C-3 do glicerato, sendo a presença do cofator Mg2+ essencial nessa reação. A mudança cria uma repulsão maior entre as cargas negativas, sendo mais fácil do fosfato sair da molécula. 9- DESIDRATAÇÃO DO 2 – FOSFOGLICERATO A FOSFOENOLPIRUVATO: Na presença da ENOLASE, há a retirada de uma molécula de água do 2 – fosfoglicerato de forma REVERSIVA, gerando fosfoenolpiruvato (PEP). 10- TRANSFERÊNCIA DO GRUPO FOSFATO DO FOSFOENOLPIRUVATO PARA O ADP: Catalisada pela PIRUVATO CINASE, a molécula de fosfato é transferida para o ADP, formando DUAS MOLÉCULAS DE ATP E 18 DUAS MOLÉCULAS DE PIRUVATO. Reação IRREVERSÍVEL. Nesta fosforilação no nível do substrato, o piruvato resultante aparece inicialmente na sua forma enólica, depois tautomeriza de modo rápido e não enzimático à sua forma cetônica, que predomina em pH 7,0. 5.2 GLICONEOGÊNESE Esse processo sintetizar glicose a partir de precursores que não carboidratos, para quando, por exemplo, o glicogênio se esgote. Esses precursores são o piruvato, a alanina e o lactato. A gliconeogênese ocorre principalmente no fígado (citosol) e em menor extensão no córtex renal e nas células epiteliais do intestino. Sete das dez reações enzimáticas da gliconeogênese são o inverso das reações da glicólise, somentes as 3 irreversíveis são contornadas por um grupo diferente de enzimas. CONVERSÃO DE PIRUVATO EM FOSFOENOLPIRUVATO (PEP): A partir do piruvato e alanina: O piruvato é primeiro transportado do citosol para a mitocôndria, ou é sintetizado na mitocôndria a partir da transaminação da alanina (CICLO ALANINA – GLICOSE). A seguir, dentro da mitocôndria, a PIRUVATO – CARBOXILASE com o auxílio da coenzima biotina converte piruvato em oxaloacetato. Como a membrana mitocondrial não possui transportador para oxaloacetato, antes de ser exportado para o citosol, o oxaloacetato formado deve ser reduzido (ganhar hidrogênio) a malato pela MALATO – DESIDROGENASE, com consumo de NADH. O malato deixa a mitocôndria por meio de um transportador específico presente na membrana mitocondrial, e no citosol é reoxidado (perde hidrogênio) a oxaloacetato, com a produção de NADH citosólico. O oxaloacetato é então convertido a fofoenolpiruvato (PEP) pela FOSFOENOLPIRUVATO – CARBOXICINASE, necessitando de Mg+2 e GTP (doador de grupo fosfato). A partir do lactato: Essa via faz uso do lactato produzido pela glicólise anaeróbica, sendo necessária após um exercício vigoroso. A conversão de lactato em piruvato no citosol de hepatócitos gera NADH e a exportação como malato é consequentemente desnecessária. Depois que o piruvato, formado pela enzima LACTATO – DESIDROGENASE, é transportado para a mitocôndria, sendo convertido a oxaloacetato pela PIRUVATO – CARBOXILASE. Tal oxaloacetato é convertido diretamente a PEP pela isoenzima mitocondrial da PEP – CARBOXICINASE, onde o PEP é transportado para fora da mitocôndria, dando continuidade a via gliconeogênica. CONVERSÃO DE FRUTOSE – 1,6 – BIFOSFATO EM FRUTOSE – 6 – FOSFATO: como essa reação é altamente exergônica e por isso irreversível em células intactas, a formação de frutose – 6 – fosfato é catalisada por outra enzima dependente do cofator Mg+2, a FRUTOSE – 1,6 – BIFOSFATASE, que promove a hidrólise do fosfato em C-1 CONVERSÃO DE GLICOSE – 6 – FOSFATO EM GLICOSE: a reação é catalisada pela enzima GLICOSE – 6 – FOSFATASE, com o auxílio do cofator Mg+2, hidrolisando a molécula para a formação de glicose, sem geração de ATP. A glicose produzida pela gliconeogênese no fígado, nos rins ou ingerida na dieta é entregue aos tecidos pela corrente sanguínea. *REAÇÕES NÃO CITADAS SÃO O INVERSO DAS DA GLICÓLISE* 19 Glicólise Gliconeogênese hexocinase glicose-6-fosfato fosfofrutocinase-1 frutose-1,6-bifosfatase piruvato-cinase piruvato-carboxilase 5.3 REGULAÇÃO DA GLICÓLISE E GLICONEOGÊNESE A hexocinase I e II (presente nos músculos) são inibidas alostericamente por seu produto glicose – 6 – fosfato, de forma que sempre que a concentração intracelular de glicose se elevar acima do nível normal, essas enzimas são temporariamente inibidas por feedback negativo, levando a velocidade da formação da glicose – 6 – fosfato ao equilíbrio. Sob condições de glicose sanguínea baixa, a concentração do açúcar no hepatócito é baixa em relação ao Km da hexocinase IV e a glicose gerada pela gliconeogênese deixa a célula antes de ficar presa pela fosforilação. Imediatamente após uma refeição rica em carboidratos, quando a glicose sanguínea estiver alta, ela entra nos hepatócitos via GLUT 2 e ativa a hexocinase IV. Durante o jejum, quando os níveis de glicose no sangue diminuem para menos de 5mM, a frutose – 6 – fosfato provoca a inibição da hexocinase IV, de forma que o fígado não compete com outros órgãos pela glicose escassa. Quando a concentração celular alta de ATP sinaliza que ele está sendo produzido mais rapidamente do que está sendo consumido, o mesmo inibe a PFK-1 por se ligar a um sítio alostérico na enzima, o que reduz sua afinidade pela frutose – 6 – fosfato. ADP e AMP, cujas concentrações aumentam à medida que o consumo de ATP supera a produção, atuam alostericamente para liberar a inibição pelo ATP. ATP ACUMULADO PROVOCA INIBIÇÃO. ADP E AMP ACUMULADO PROVOCA ATIVAÇÃO. A enzima que catalisa a reação de frutose – 1,6 – bifosfato em frutose – 6 – fosfato é inibida alostericamente pelo AMP. Quando o nível de glicose no sangue diminui, o GLUCAGON sinaliza para o fígado produzir e liberar mais glicose e parar de consumi-la. Uma das fontes de glicose é o glicogênio armazenado no fígado e via gliconeogênese, usando precursores não carboidratos. Quando a glicose no sangue aumenta, a INSULINA sinaliza para o fígado usar o açúcar como combustível e como precursor na síntese e no armazenamento de glicogênio. Frutose - 2,6 – bifosfato se liga ao sítio alostérico da PFK-1, aumentando a afinidade da enzima pelo seu substrato, a frutose – 6 – fosfato. Altas concentrações de ATP, acetil-COA e ácidos graxos de cadeia longa inibem alostericamente todas as isoenzima da piruvato cinase. A frutose-2,6-bifosfato não é um intermediário da glicose, é somente um regulador alostérico que é produzido quando há excessode frutose-6-fosfato. 5.4 VIA DAS PENTOSES-FOSFATO O principal destino catabólicos da glicose – 6 – fosfato é a degradação glicolítica até piruvato, cuja maior parte é então oxidada pelo ciclo do ácido cítrico, levando enfim a formação de ATP. Porém, a glicose – 6 – fosfato tem outros destinos catabólicos. Em alguns tecidos é a oxidação da glicose – 6 – fosfato em pentose – fosfato pela via das pentoses- fosfato. Nessa reação, o NADP+ É O ACEPTOR DE HIDROGÊNIO, GERANDO NADPH. Nos eritrócitos, o NADPH produzido pela via das pentoses – fosfato é importante, pois impede o dano oxidativo que um defeito genético da glicose – 6 – fosfato – desidrogenase, a primeira enzima da via, pode causar. 20 FASE OXIDATIVA PRODUZ PENTOSES – FOSFATO E NADPH: a primeira reação é a oxidação da glicose – 6 – fosfato pela GLICOSE – 6 – FOSFATO DESIDROGENASE para formar 6 – FOSFOGLICONA – δ – LACTONA, formando NADPH. A lactona é hidrolisada ao ácido livre 6 – FOSFOGLICONATO pela enzima LACTONASE, onde tal produto vai sofrer oxidação e descarboxilação pela 6 – FOSFOGLICONATO – DESIDROGENASE para formar RIBULOSE – 5 – FOSFATO, onde há a formação do segundo NADPH. A ribulose – 5 – fosfato é convertida pela FOSFOPENTOSE – ISOMERASE em RIBOSE – 5 – FOSFATO. As pentoses – fosfato produzidas são recicladas em glicose – 6 – fosfato. NADPH: usado como agente redutor para reações biossintéticas; RIBOSE – 5 – FOSFATO: precursor para a síntese de nucleotídeos. FASE NÃO OXIDATIVA RECICLA AS PENTOSES – FOSFATO A GLICOSE – 6 – FOSFATO: nessa fase, a ribulose – 5 – fosfato é primeiro EPIMERALIZADA a XILULOSE – 5 – FOSFATO. Duas enzimas exclusivas da via, agindo nas interconversão de açúcares: TRANSCETOLASE E TRANSALDOLASE: ● A TRANSCETOLASE catalisa a transferência de um fragmento de dois carbonos da xilulose – 5 – fosfato para a ribose – 5 – fosfato, formando o produto de sete carbonos, o SUDOEPTULOSE – 7 – FOSFATO. O fragmento remanescente é o gliceraldeído – 3 – fosfato. ● A TRANSALDOLASE, em seguida, catalisa a reação de remoção de um fragmento de três carbonos da sudoeptulose – 7 – fosfato e condensação com o gliceraldeído 3 – fosfato, formando FRUTOSE - 6 – FOSFATO e ERITROSE – 4 – FOSFATO. Neste ponto, a TRANSCETOLASE age novamente, formando frutose -6 – fosfato e gliceraldeído – 3 – fosfato a partir de eritrose – 4 – fosfato e xilulose – 5 – fosfato. Duas moléculas de gliceraldeído – 3 – fosfato formadas podem ser convertidas a uma molécula de frutose – 1,6 – bifosfato e finalmente a FBFase-1 e a fosfohexose isomerase convertem frutose – 1,6 – bifosfato a glicose – 6 – fosfato. PROCESSO MULTI CÍCLICO: -6 moléculas de glicose-6P entram na via; - 6 moléculas de CO2 são liberadas; - 6 moléculas de pentose-5P formadas; - (Estas pentoses-P se reorganizam) - 5 moléculas de glicose-6P são regeneradas. 21 5.5 METABOLISMO DO GLICOGÊNIO O excesso de glicose é convertido em formas poliméricas de armazenamento – glicogênio nos vertebrados, o qual é encontrado principalmente no fígado e no músculo esquelético (maior parte no fígado). A partícula básica do glicogênio, consiste em 55.000 resíduos de glicose com cerca de 2.000 extremidades não redutoras. O glicogênio do músculo fornece uma fonte de energia rápida para o metabolismo aeróbio e anaeróbio. O glicogênio muscular pode ser gasto em menos de uma hora durante a atividade intensa. O glicogênio hepático serve como um reservatório de glicose para os outros tecidos quando não há glicose disponível. A degradação de glicogênio é chamada de GLICOGENÓLISE e a síntese de glicogênio é chamada de GLICOGÊNESE. GLICOGENÓLISE: a glicogênio – fosforilase catalisa a reação na qual uma ligação glicosídica (α1->4) entre dois resíduos de glicose em uma extremidade não redutora do glicogênio é atacada por um fosfato inorgânico, removendo um resíduo terminal na forma de glicose – 1 – fosfato. A glicogênio – fosforilase age repetidamente sobre as extremidades não redutoras das ramificações do glicogênio até que alcance quatro resíduos antes da ramificação (α1->6), onde sua ação é interrompida. A degradação continua depois que a enzima de desramificação catalisa duas reações sucessivas que removem as ramificações. O resíduo remanescente no ponto de ramificação, em ligação (α1->6), é então liberado como glicose livre. A glicose – 1 – fosfato é convertida em glicose – 6 – fosfato pela fosfoglicomutase. A glicose – 6 – fosfato formada no músculo esquelético a partir do glicogênio pode entrar na glicólise e serve como fonte de energia para a contração muscular. No fígado, a degradação do glicogênio serve a um propósito diferente: liberação de glicose para o sangue quando o nível de glicose sanguínea diminui como acontece entre as refeições. Isso requer a presença da enzima glicose – 6 – fosfatase no fígado e no rim, mas não em outros tecidos. O músculo e o tecido adiposo não conseguem converter a glicose – 6 – fosfato em glicose, pois não tem a enzima glicose – 6 – fosfatase. Por isso, esses tecidos não fornecem glicose para o sangue. GLICOGÊNESE: os nucleotídeos de açúcar são os substratos para a polimerização de monossacarídeos em dissacarídeos, glicogênio, amido, celulose e polissacarídeos extracelulares mais complexos. A síntese de glicogênio ocorre em quase todos os tecidos dos animais, mas é mais importante no FÍGADO E NO MÚSCULO ESQUELÉTICO. O ponto de partida da síntese de glicogênio é a GLICOSE – 6 – FOSFATO. Para iniciar a síntese do glicogênio, a glicose – 6 – fosfato é convertido em glicose – 1 – fosfato. Esse produto é convertido para UDP – GLICOSE pela enzima UDP – glicose – pirosfosforilase (glicose + UTP -> UDP-glicose + PPi). A UDP-glicose é o doador imediato dos resíduos de glicose na reação catalisada pela GLICOGÊNIO – SINTASE, que promove a transferência de glicose da UDP-glicose para uma extremidade não redutora de uma molécula ramificada de glicogênio. Resíduos adicionais de glicose podem ser ligados à nova ramificação pela glicogênio – sintase. O efeito biológico da ramificação é tornar a molécula mais solúvel e aumentar o número de sítios ativos acessíveis para a glicogênio – fosforilase e à glicogênio – sintase, as quais agem somente nas extremidades redutoras. 22 5.6 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO PRODUÇÃO DE ACETIL-CoA: antes de entrarem no ciclo de Krebs, os esqueletos de carbono dos açúcares e ácidos graxos são convertidos ao grupo acetil da acetil-CoA, a forma na qual a maioria dos combustíveis entram no ciclo. O foco do atual estudo é entender como o PIRUVATO, derivado da glicose e de outros açúcares pela glicólise é oxidado a acetil-CoA e CO2, pelo complexo PIRUVATO-DESIDROGENASE (PDH) – complexo multienzimático (3 enzimas) localizado nas mitocôndrias de células eucarióticas e no citosol de bactérias. A reação geral catalisada pelo complexo PDH é uma DESCARBOXILAÇÃO OXIDATIVA, processo irreversível onde o grupo carboxil é removido do piruvato na forma de uma molécula de CO2, e os dois carbonos remanescentes são convertidos ao grupo acetil formando um NADH. As enzimas que constituem o complexo PDH são: piruvato desidrogenase (E1), di-hidrolipoil-transacetilase (E2) e di-hidrolipoil-desidrogenase (E3). O acetil formado durante a reaçãode oxidação-redução é primeiramente esterificado a um dos grupos – SH do lipoil e, então, transesterificada a CoA para formar ACETIL – COA. Desse modo, a energia da oxidação impulsiona a formação de um tioéster altamente energético. Nessa reação ha a participação de 5 cofatores derivado de vitaminas que participam respectivamente TPP, lipoato, COA, FAD e NAD. REAÇÕES DO CICLO DE KREBS: para iniciar o ciclo do ácido cítrico/Krebs, a acetil-CoA doa seu grupo acetil ao composto de quatro oxaloacetato, formando o citrato. Logo em seguida, o citrato formado é transformado em isocitrato, o qual é desidrogenado com PERDA DE CO2, para produzir o α-cetoglutarato (também conhecido como oxoglutarato). O α-cetoglutarato PERDE UMA SEGUNDA MOLÉCULA DE CO2, originando o succinato. O succinato é convertido por QUATRO ETAPAS ENZIMÁTICAS ao composto oxaloacetato, sendo a célula mitocondrial pronta para reiniciar o ciclo, reagindo com uma nova molécula de acetil-CoA. Em cada rodada do ciclo entra um grupo acetil (dois carbonos) na forma de acetil-CoA, e são removidas DUAS MOLÉCULAS DE CO2; UMA MOLÉCULA DE OXALOACETATO É UTILIZADA PARA A FORMAÇÃO DE CITRATO E UMA MOLÉCULA DE OXALOACETATO É REGENERADA. Não ha remoção liquida de oxaloacetato ele é sempre regenerado para entrar no ciclo novamente, dessa forma esta sempre presente em baixas concentrações na célula. Quatro das oito reações deste processo são OXIDAÇÕES, nas quais a energia da oxidação é conservada de maneira muito eficiente na forma de coenzimas reduzidas NADH e FADH2. O conjunto inteiro das reações do ciclo de Krebs acontece na mitocôndria. Quatro das oito reações deste processo são OXIDAÇÕES, nas quais a energia da oxidação é conservada de maneira muito eficiente na forma das coenzimas reduzidas NADH e FADH2. Intermediários do ciclo com quatro e cinco carbonos servem como precursores para uma ampla variedade de produtos. Para repor os intermediários removidos com esse propósito, as células utilizam REAÇÕES ANAPLERÓTICAS (reposição). 1) FORMAÇÃO DE CITRATO A PARTIR DO GRUPO ACETIL E DO OXALOACETATO: a primeira reação do ciclo de Krebs é a condensação de acetil-CoA com o oxaloacetato para a formação de CITRATO, pela enzima CITRATO-SINTASE. Oxaloacetato, o primeiro substrato a se ligar na enzima, induz uma grande alteração conformacional no domínio flexível da citrato-sintase, criando um sítio ativo para o segundo substrato, acetil-CoA. Há a formação de um intermediário de reação, o CITROIL-CoA, causando outra mudança conformacional no sítio ativo da enzima e consequentemente a hidrólise do tioéster, liberando CoA-SH (livre) e citrato. A CoA-SH liberada é reciclada para uma nova reação de descarboxilação oxidativa do piruvato, no complexo PDH. 23 2)FORMAÇÃO DE ISOCITRATO VIA CIS-ACONITATO: a enzima ACONITASE catalisa a transformação REVERSÍVEL do citrato em ISOCITRATO, pela formação do intermediário de reação cis-aconitato, o qual não se dissocia no sítio ativo. A aconitase pode promover a adição reversível de H2O à ligação dupla do intermediário de reação ligado à enzima de duas maneiras: uma levando a citrato ou levando a isocitrato. Em suma, o grupo –OH do citrato é reposicionado no isocitrato, a fim de preparo para a próxima etapa de descarboxilação. 3)OXIDAÇÃO DO ISOCITRATO EMα-CETOGLUTARATO: na próxima reação, ocorre a descarboxilação oxidativa do isocitrato, levando aα-cetoglutarato pela enzima ISOCITRATO-DESIDROGENASE. O Mn+2 presente no sítio ativo interage com o grupo carbonila do oxalosuccinato intermediário que é formado transitoriamente, mas só deixa o sítio ativo quando a descarboxilação o converte à α-cetoglutarato. Exige a presença de NAD+ (matriz mitocondrial) ou NADP+ (matriz mitocondrial e citosol) para conservar a energia liberada. A principal função da enzima dependente de NADP+ possivelmente é a formação de NADPH, essencial para as reações redutoras anabólicas. Em suma: o isocitrato é oxidado pela transferência de hidreto ao NAD+ ou NADP+, formando oxalosuccinato (intermediário); a descarboxilação do intermediário é facilitada pela remoção dos elétrons pela carbonila adjacente e pelo Mn+2 coordenado; por fim, ocorre o rearranjo da forma enólica, gerando α-cetoglutarato. 4)OXIDAÇÃO DAα-CETOGLUTARATO A SUCCINIL-CoA E CO2: a etapa seguinte é a descarboxilação oxidativa, na qual o α-cetoglutarato é convertido a SUCCINIL-CoA pelo complexo α-CETOGLUTARATO-DESIDROGENASE; NAD+ é o aceptor de elétrons e CoA é o transportador do grupo succinil. A reação é praticamente igual à reação da PDH, porém o fato dos componentes E1 dos dois complexos serem estruturalmente similares, suas sequências de aminoácidos, apresentando naturalmente especificidades distintas (evolução divergente). 5)CONVERSÃO DE SUCCINIL-CoA EM SUCCINATO: nessa etapa do ciclo de Krebs, a energia liberada da hidrólise da ligação tioéster da succinil-CoA é utilizada para impulsionar a síntese de uma ligação fosfoanidrido no GTP ou ATP, com energia livre negativa. A enzima que catalisa essa reação REVERSÍVEL é chamada de SUCCINIL-CoA-SINTETASE. Essa reação que poupa energia envolve uma etapa intermediária, na qual a própria molécula da enzima é fosforilada em um resíduo de His no sítio ativo. Esse grupo fosfato, que tem alto potencial de transferência de grupo, é transferido ao ADP (ou GDP) para a formação de ATP (ou GTP). A formação de ATP (ou GTP) à custa da energia liberada pela descarboxilação oxidativa doα-cetoglutarato é uma fosforilação ao nível de substrato. O GTP formado pode pela succinil-CoA-sintetase pode doar grupo fosfato ao terminal da ADP, para formar ATP, em uma reação reversível catalisada pela enzima NUCLEOSÍDEO-DIFOSFATO-CINASE. 6)OXIDAÇÃO DO SUCCINATO EM FUMARATO: o succinato formado a partir de succinil-CoA é oxidado a FUMARATO pela FLAVOENZIMA SUCCINATO-DESIDROGENASE. Em eucariotos, tal enzima está firmemente conectada na membrana mitocondrial interna; em bactérias está ligada à membrana plasmática. Malonato, análogo do succinato, é um forte inibidor competitivo da succinato-desidrogenase, e sua adição à mitocôndria bloqueia a atividade do ciclo de Krebs. Há a presença de FAD, um aceptor de elétrons, e três grupos distintos de ferro-enxofre. 7)HIDRATAÇÃO DO FUMARATO EM L-MALATO: a reação é catalisada pela enzima FUMARASE, com a formação de um intermediário de reação. 24 8)OXIDAÇÃO DO MALATO EM OXALOACETATO: na última reação do ciclo de Krebs é catalisada pela enzima L-MALATO-DESIDROGENASE, a qual é ligada ao NAD, oxidando L-malato em oxaloacetato. O equilíbrio dessa reação é muito deslocado para a esquerda sob as condições termodinâmicas padrão, porém nas células intactas, o oxaloacetato é altamente consumido pela reação exergônica da citrato-sintase, resultando em uma baixa concentração de oxaloacetato. Sendo assim, a reação é deslocada para a direita. 5.6.1 REGULAÇÃO DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO o fluxo de átomos de carbono queentram no ciclo de Krebs a partir do piruvato, e também durante o curso do ciclo, está sob constante regulação em dois níveis: a conversão de piruvato à acetil-CoA, o material de partida do ciclo (PDH), e a entrada da acetil-CoA no ciclo. O complexo da PDH é fortemente inibido por ATP e por acetil-CoA e NADH, os produtos da reação catalisada pelo complexo. Portanto, a PDH é ativada alostericamente quando há a acumulação de AMP, CoA, NAD, onde tem muito pouco acetato fluindo para dentro do ciclo. Porém é inativada alostericamente quando há acúmulo de combustível disponível, na forma de ácidos graxos e acetil-CoA e quando as razões celulares [ATP]/[ADP] e [NADH]/[NAD] estão elevadas. A enzima é ativada novamente quando a demanda de energia está alta e a célula necessita de um maior fluxo de acetil-CoA para o ciclo de Krebs. O complexo da PDH é inibido pela fosforilação reversível de um resíduo de Ser específico em uma das duas subunidades de E1. O complexo PDH possui duas enzimas de regulação: a PIRUVATO-DESIDROGENASE-CINASE fosforila, inativando E1, enquanto uma FOSFOPROTEÍNA-FOSFATASE remove o grupo fosfato por hidrólise, ativando E1. A cinase é ativada pelo acúmulo de ATP. 5.7 FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA A fosforilação oxidativa é o apogeu do metabolismo produtor de energia em organismo aeróbicos, onde a energia de oxidação governa a síntese de ATP, nesse último estágio da respiração celular. O entendimento atual de síntese de ATP em mitocôndrias e cloroplastos tem como base a teoria quimiosmótica, a qual diz que as diferenças transmembrana na concentração de prótons servem como reservatório para a energia extraída das reações biológicas de oxidação. As mitocôndrias possuem duas membranas: a MEMBRANA MITOCONDRIAL EXTERNA, a qual é prontamente permeável a moléculas pequenas e a íons, que se movem livremente por 25 canais transmembrana; a MEMBRANA INTERNA, a qual é impermeável à maioria das moléculas pequenas e íons, incluindo H+, sendo que AS ÚNICAS ESPÉCIES QUE CRUZAM A MEMBRANA O FAZEM POR MEIO DE TRANSPORTADORES ESPECÍFICOS. A membrana interna aloja os componentes da cadeia respiratória e a ATP-SINTASE. A matriz mitocondrial, limitada pela membrana mitocondrial interna, contém o PDH e as enzimas do ciclo de Krebs. 5.7.1 CADEIA RESPIRATÓRIA A fosforilação oxidativa começa com a entrada de elétrons na cadeia de carregadores de elétrons, chamada de CADEIA RESPIRATÓRIA. A maioria desses elétrons surge da ação das desidrogenases, que coletam elétrons das vias catabólicas e os canalizam para aceptores universais de elétrons – NAD/NADP ou FMN/FAD. Desidrogenases ligadas ao NAD+ removem dois átomos de hidrogênio de seus substratos. Um deles é transferido como íon hidreto (H-) ao NAD+; o outro é liberado como H+ no meio. O NADH carrega elétrons das reações catabólicas até seu ponto de entrada na cadeia respiratória, o complexo NADH-desidrogenase. Nenhum desses nucleotídeos pode atravessar a membrana mitocondrial interna, mas os elétrons que eles carregam podem ser lançados através dela indiretamente. As FLAVOPROTEÍNAS contém um nucleotídeo de flavina, FMN ou FAD, muito fortemente ligado, às vezes de forma covalente. O nucleotídeo de flavina oxidado pode aceitar um elétron (produzindo a forma semiquinona) ou dois elétrons (produzindo FADH2 ou FMNH2). Além de NAD e das flavoproteínas, outros três tipos de moléculas carreadoras de elétrons funcionam na cadeia respiratória: uma quinona hidrofóbica (ubiquinona) e dois tipos diferentes de proteínas que contém ferro (citocromos e proteínas ferro-enxofre). Na reação global catalisada pela cadeia respiratória mitocondrial, os elétrons se movem do NADH, succinato ou outro doador primário de elétrons, por flavoproteínas, ubiquinona, proteínas ferro-enxofre e citocromos e, finalmente, ao O2. - Complexo I: NADH à ubiquinona: o complexo I, também conhecido como NADH-desidrogenase, é uma enzima grande, composta por FMN e seis centros de ferro-enxofre. O complexo I catalisa dois processos simultâneos e obrigatoriamente acoplados: a transferência exergônica para a ubiquinona de um íon hidreto do NADH e de um próton da matriz; e a transferência endergônica de quatro prótons da matriz para o espaço intermembrana. O complexo I é denominado um bombeador de prótons. Amital (fármaco do tipo barbiturato), rotenona (inseticida) e piericidina A (antibiótico) inibem a fluxo de elétrons dos centros ferro-enxofre do complexo I para a ubiquinona, bloqueando o processo global de fosforilação oxidativa. Os centros ferro-enxofre não recebem prótons, pois são transportadores de ELÉTRONS. O complexo I catalisa a transferência de um íon hidreto de NADH a FMN, de onde dois elétrons passam por uma série de centros de ferro-enxofre para o centro Fe-S N-2 no braço da matriz do complexo. A transferência de elétrons de N-2 para a coenzima Q (ubiquinona) forma QH2, que se difunde na bicamada lipídica. Esta transferência governa a expulsão de 4H+ para o espaço intermembrana por par de elétrons. - Complexo II: succinato a ubiquinona: também conhecido como SUCCINATO-DESIDROGENASE, enzima que participa do ciclo do ácido cítrico/Krebs, contém cinco grupos prostéticos de dois tipos e quatro subunidades proteicas distintas. As subunidades C e D são proteínas integrais da membrana, as quais contêm três centros ferro-enxofre, FAD ligado e um sítio de ligação para o substrato, o succinato. Os elétrons são transferidos do succinato ao FAD, aos centros de ferro-enxofre e depois para a coenzima Q (ubiquinona), formando QH2. 26 - Complexo III: ubiquinona para citocromo c: o complexo III acopla a transferência de elétrons da coenzima Q reduzida (QH2) para o CITOCROMO C, com o transporte vetorial de prótons da matriz para o espaço intermembrana. O centro funcional de cada monômero é constituído por três subunidades: citocromo b com seus dois hemes (bH e bL); a proteína ferro-enxofre de Rieske com seus dois centros de ferro-enxofre; e o citocromo c1 com seu heme. A imagem abaixo mostra como o citocromo c1 e proteína ferro-enxofre de Rieske projetam-se da superfície P e podem interagir com o citocromo c (que não faz parte do complexo funcional) no espaço intermembrana. O complexo tem dois sítios de ligação distintos para a ubiquinona, QN e QP, que correspondem aos sítios de inibição por dois fármacos que bloqueiam a fosforilação oxidativa. A estrutura dimérica é essencial para o funcionamento do complexo III. A interface entre os monômeros formam duas “cavernas”, cada uma contendo um sítio QP de um monômero e um sítio QN do outro. O citocromo c é uma proteína solúvel do espaço intermembrana. Depois que seu único heme aceita um elétron do complexo III, o citocromo c move-se para o complexo IV para doar o elétron para um centro de cobre binuclear. - Complexo IV: citocromo c para o O2: na etapa final da cadeia respiratória, o complexo IV, também chamada de citocromo-oxidase, carrega
Compartilhar