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2018 spAs e terApiAs ALternAtiVAs Prof.ª Carolina Ferreira Leite Sicchierolli Prof.ª Milliana Henrique Devilla Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Prof.ª Carolina Ferreira Leite Sicchierolli Prof.ª Milliana Henrique Devilla Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfi ca elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. SI565s Sicchierolli, Carolina Ferreira Leite Spas e terapias alternativas. / Carolina Ferreira Leite Sicchierolli; Milliana Henrique Devilla. – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 274 p.; il. ISBN 978-85-515-0214-3 1. Saúde. – Brasil. 2.Terapias Alternativas. – Brasil. I. Devilla, Milliana Henrique. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 615.5 Impresso por: III ApresentAção Olá, prezado acadêmico! Este Livro de Estudos irá lhe mostrar as diversas técnicas e procedi- mentos utilizados nas prestações de serviços que um spa e clínicas de bem-es- tar oferecem a um público extremamente diferenciado e exigente. Vamos apresentar a você a visão do mundo oriental, o conhecimento sobre a Medicina Tradicional Chinesa e entender como podemos aplicar seus conceitos e suas abordagens para manter a saúde. Vamos, ainda, conhecer as técnicas ocidentais de massagens, suas in- dicações e contraindicações, bem como suas manobras e seus recursos com- plementares. Você irá aprender como se preparar e também como preparar o am- biente de trabalho com qualidade para um bom atendimento, personalizado e acolhedor. Aprenderá as técnicas de terapias complementares aos protocolos clássicos, como aplicação de florais, reflexologia, cromoterapia, terapias de pedras quentes e frias, e bambuterapia. Irá compreender técnicas de massagens gerais e locais, onde você per- ceberá que muitas técnicas atuais na área de spa são antigas e derivam das técnicas orientais, e passando por uma “ocidentalização” e aperfeiçoamento, como a ventosaterapia, a massagem com velas, balneoterapia, talassoterapia, algoterapia, argilaterapia e outras. E para complementar seus estudos, você irá se atualizar em técnicas clássicas de massoterapia e os conceitos, efeitos, contraindicações e execução de manobras de quick massagem, shiatsu facial e corporal e massagem ayur- védica. Bom estudo! Prof.ª Carolina Sicchierolli Prof.ª Milliana Henrique Devilla IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! UNI Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII sumário UNIDADE 1 NOÇÕES BÁSICAS SOBRE MEDICINA TRADICIONAL CHINESA À INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES, MANOBRAS E MOVIMENTOS ................................ 1 TÓPICO 1 - NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ............ 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 OS PRINCÍPIOS CRIADORES .......................................................................................................... 4 2.1 O TAO ............................................................................................................................................... 4 2.2 A RELAÇÃO YIN E YANG ........................................................................................................... 5 2.3 A ENERGIA VITAL E AS SUBSTÂNCIAS VITAIS .................................................................... 6 3 OS CINCO ELEMENTOS ................................................................................................................... 7 4 OS MERIDIANOS DE ENERGIA .................................................................................................... 10 4.1 A GRANDE CIRCULAÇÃO ENERGÉTICA .............................................................................. 17 4.2 A PEQUENA CIRCULAÇÃO ENERGÉTICA ............................................................................ 19 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 20 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 21 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 22 TÓPICO 2 - VISÃO DA MEDICINA ORIENTAL SOBRE SAÚDE ............................................. 23 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 23 2 CAUSAS DAS DOENÇAS ................................................................................................................. 24 2.1 CAUSAS INTERNAS ..................................................................................................................... 24 2.2 CAUSAS EXTERNAS ..................................................................................................................... 26 3 DIAGNÓSTICO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ................................................. 27 3.1 TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO ................................................................................................... 27 3.2 PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO ................................................................................................. 30 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 33 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 35 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 36 TÓPICO 3 - CONHECIMENTO BÁSICO E APRESENTAÇÃO DE TÉCNICAS ORIENTAIS .......................................................................................................................37 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 37 2 AROMATERAPIA ............................................................................................................................... 37 2.1 HISTÓRIA DA AROMATERAPIA ............................................................................................... 38 2.2 COMO FUNCIONA A AROMATERAPIA ................................................................................. 41 2.3 FICHAS DOS ÓLEOS ESSENCIAIS ............................................................................................. 41 2.4 APLICAÇÃO PRÁTICA DA AROMATERAPIA ....................................................................... 57 3 BANHOS TERAPÊUTICOS .............................................................................................................. 59 4 CROMOTERAPIA ............................................................................................................................... 61 5 SHIATSU ............................................................................................................................................... 63 5.1 SHIATSU E ESTÉTICA ................................................................................................................... 64 5.2 HISTÓRICO ..................................................................................................................................... 64 5.3 A TÉCNICA E SEUS PRINCÍPIOS ............................................................................................... 65 VIII 5.4 A PRÁTICA ...................................................................................................................................... 66 6 QUICK MASSAGE ............................................................................................................................... 67 7 REFLEXOLOGIA PODAL .................................................................................................................. 68 7.1 HISTÓRICO ..................................................................................................................................... 68 7.2 A TÉCNICA E SEUS PRINCÍPIOS ............................................................................................... 69 7.3 APLICAÇÃO PRÁTICA ................................................................................................................ 70 8 DO-IN ..................................................................................................................................................... 72 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 75 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 78 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 79 TÓPICO 4 - INTRODUÇÃO À MASSOTERAPIA .......................................................................... 81 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 81 2 HISTÓRIA DA MASSAGEM ........................................................................................................... 81 3 MÉTODOS E MANOBRAS DA TÉCNICA DE MASSAGEM CLÁSSICA ............................. 84 3.1 MANOBRAS CLÁSSICAS E SEUS EFEITOS .............................................................................. 84 3.2 MÉTODOS DE APLICAÇÃO ........................................................................................................ 85 4 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DA MASSAGEM CLÁSSICA .............................. 86 5 COMPONENTES DA MASSAGEM CLÁSSICA .......................................................................... 87 6 EFEITOS FISIOLÓGICOS DA MASSAGEM CLÁSSICA .......................................................... 88 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 90 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 91 TÓPICO 5 - PROFISSIONAL DE ESTÉTICA ................................................................................... 93 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 93 2 RECONHECIMENTO E REGULAMENTAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ESTÉTICA ....... 93 3 ÉTICA E POSTURA PROFISSIONAL ............................................................................................ 95 3.1 POSTURA PROFISSIONAL .......................................................................................................... 96 3.2 O SIGILO PROFISSIONAL ............................................................................................................ 97 4 CONDIÇÕES E AMBIENTE DE TRABALHO .............................................................................. 98 4.1 O PREPARO DO PROFISSIONAL ............................................................................................... 98 4.2 AMBIENTE DE TRABALHO ........................................................................................................ 99 4.3 A ESCOLHA DO PRODUTO ........................................................................................................ 100 4.4 DRAPEJAMENTO .......................................................................................................................... 101 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 102 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 104 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 105 UNIDADE 2 - TIPOS DE MASSAGEM E TÉCNICAS ................................................................... 107 TÓPICO 1 - AMBIENTE PARA A MASSAGEM .............................................................................. 109 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 109 2 O LUGAR IDEAL ................................................................................................................................. 109 3 A BIOSSEGURANÇA ......................................................................................................................... 111 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 112 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 114 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 115 TÓPICO 2 - MASSAGEM GERAL E LOCAL ................................................................................... 117 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 117 2 O QUE É MASSAGEM? ..................................................................................................................... 117 3 A DIFERENÇA ENTRE MASSAGEM GERAL E LOCAL ...........................................................118 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 122 IX AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 123 TÓPICO 3 - TÉCNICAS DE MASSAGEM OCIDENTAL .............................................................. 125 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 125 2 A ARTE DO TOQUE ........................................................................................................................... 126 3 MASSAGEM RELAXANTE ............................................................................................................... 127 3.1 O RELAXAMENTO ........................................................................................................................ 127 3.2 AS INDICAÇÕES ............................................................................................................................ 128 3.3 A PRÁTICA ...................................................................................................................................... 128 4 MASSAGEM TERAPÊUTICA .......................................................................................................... 130 5 MASSAGEM DESPORTIVA ............................................................................................................. 131 5.1 OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 131 5.2 INDICAÇÕES E BENEFÍCIOS ...................................................................................................... 132 5.3 SEQUÊNCIA PRÁTICA ................................................................................................................. 133 6 MASSAGEM ESTÉTICA ................................................................................................................... 134 6.1 EFEITOS FISIOLÓGICOS .............................................................................................................. 134 6.1.1 Efeito reflexo .......................................................................................................................... 134 6.1.2 Efeito mecânico ...................................................................................................................... 134 6.1.3 Efeito muscular ...................................................................................................................... 135 6.1.4 Efeito vascular ........................................................................................................................ 135 6.1.5 Efeito nervoso ........................................................................................................................ 136 6.2 COMPONENTES DA MASSAGEM MODELADORA ............................................................. 136 6.3 ORIENTAÇÕES PARA TRABALHAR COM MASSAGEM MODELADORA ...................... 136 6.4 INDICAÇÕES .................................................................................................................................. 137 6.5 SEQUÊNCIA DE MASSAGEM MODELADORA ...................................................................... 138 6.5.1 Facial ........................................................................................................................................ 138 6.5.2 Corporal ................................................................................................................................... 138 7 MASSAGEM NA GRAVIDEZ .......................................................................................................... 140 8 DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL (DLM) ............................................................................... 141 8.1 FUNÇÕES DO SISTEMA LINFÁTICO ........................................................................................ 142 8.1.1 Retorno de proteínas à circulação ....................................................................................... 142 8.1.2 Drenagem de líquido em excesso no espaço intersticial .................................................. 142 8.1.3 Filtração da linfa pelos gânglios linfáticos ......................................................................... 143 8.2 RELAÇÃO ENTRE O SISTEMA LINFÁTICO E O SISTEMA SANGUÍNEO ........................ 143 8.3 EFEITOS DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL ................................................................ 143 8.3.1 Influência direta da drenagem linfática .............................................................................. 144 8.3.2 Influência indireta da drenagem linfática .......................................................................... 144 8.4 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES .................................................................................. 145 8.5 A PRÁTICA DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL .......................................................... 145 8.6 TIPOS DE EDEMA .......................................................................................................................... 147 8.7 SEQUÊNCIA DE DRENAGEM LINFÁTICA CORPORAL ...................................................... 149 8.7.1 Abdômen ................................................................................................................................. 149 8.7.2 Membros inferiores ................................................................................................................ 150 8.7.3 Glúteos ..................................................................................................................................... 152 8.7.4 Mama ....................................................................................................................................... 153 8.7.5 Membros Superiores .............................................................................................................. 154 8.7.6 Costas ....................................................................................................................................... 156 8.8 SEQUÊNCIA DE DRENAGEM LINFÁTICA FACIAL ............................................................. 157 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 161 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 162 X TÓPICO 4 - TÉCNICAS DE MASSAGEM FACIAL ........................................................................ 163 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 163 2 LIFTING MANUAL COSMÉTICO ................................................................................................. 163 3 MANOBRAS DO LIFTING MANUAL COSMÉTICO ................................................................ 164 4 MASSAGEM RELAXANTE FACIAL ............................................................................................... 167 5 MANOBRAS DE MASSAGEM RELAXANTE .............................................................................. 167 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 170 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................171 TÓPICO 5 - TÉCNICAS DE MASSAGEM CORPORAL ................................................................ 173 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 173 2 MANOBRAS CLÁSSICAS E SEUS EFEITOS ............................................................................... 173 2.1 MANOBRA DE EFFLEURAGE ..................................................................................................... 173 2.2 MANOBRA DE DESLIZAMENTO PROFUNDO ...................................................................... 174 2.3 MANOBRA PETRISSAGE OU AMASSAMENTO .................................................................... 175 2.4 PERCUSSÃO OU TAPOTAGEM .................................................................................................. 175 2.5 MANOBRA DE VIBRAÇÃO ......................................................................................................... 176 3 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES ..................................................................................... 176 3.1 INDICAÇÕES .................................................................................................................................. 176 3.2 CONTRAINDICAÇÕES ................................................................................................................ 177 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 178 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 179 TÓPICO 6 - TÉCNICAS DE MASSAGEM CAPILAR ..................................................................... 181 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 181 2 CONHECENDO O COURO CABELUDO ...................................................................................... 181 3 TÉCNICAS DE MASSAGEM ............................................................................................................ 182 3.1 TÉCNICA DE MASSAGEM CAPILAR CLÁSSICA ................................................................. 182 3.2 TÉCNICA DE MASSAGEM CAPILAR PONTUAL OU PRESSOPUNTURA ....................... 183 4 CONTRAINDICAÇÕES .................................................................................................................... 184 RESUMO DO TÓPICO 6 ....................................................................................................................... 185 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 186 UNIDADE 3 - DOS TRATAMENTOS OFERECIDOS POR UM SPA, CONCEITOS, APLICAÇÃO E TERAPIAS ATUAIS NA ÁREA ................................................... 187 TÓPICO 1 - CONCEITO E APLICAÇÃO DE CROMOTERAPIA. TERAPIAS DAS PEDRAS QUENTES E FRIAS. BAMBUTERAPIA ...................................................................... 189 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 189 2 CONCEITO E APLICAÇÃO DE CROMOTERAPIA .................................................................... 189 3 COMO FUNCIONA A CROMOTERAPIA ..................................................................................... 191 4 COMO SE APLICA A CROMOTERAPIA ...................................................................................... 193 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 195 5 CONCEITO E APLICAÇÃO DE PEDRAS QUENTES E FRIAS ................................................ 202 6 TÉCNICA DE APLICAÇÃO .............................................................................................................. 203 7 CONCEITO E APLICAÇÃO DE BAMBUTERAPIA ..................................................................... 205 8 APLICACÃO DA TÉCNICA .............................................................................................................. 206 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 208 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 209 XI TÓPICO 2 - CONCEITO, EFEITO, CONTRAINDICAÇÕES E TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE QUICK MASSAGEM. SHIATSU FACIAL E CORPORAL. MASSAGENS AYURVÉDICAS ................................................................................................................ 211 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 211 2 CONCEITO DE QUICK MASSAGEM ............................................................................................ 211 3 EFEITOS DA QUICK MASSAGEM ................................................................................................. 212 4 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DA QUICK MASSAGEM ........................................................... 212 5 SEQUÊNCIA DE MANOBRAS BÁSICAS PARA A SESSA~O DE QUICK MASSAGEM ........................................................................................................................................ 212 6 CONCEITO DE SHIATSU FACIAL E CORPORAL ..................................................................... 213 7 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO ............................................................................................................ 214 8 EFEITOS E CONTRAINDICAÇÕES DAS TÉCNICAS DE SHIATSU ..................................... 217 8.1 EFEITOS ........................................................................................................................................... 217 8.2 CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS .......................................................................................... 217 8.3 CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS ........................................................................................ 217 9 CONCEITO DE MASSAGEM AYURVÉDICA .............................................................................. 217 10 EFEITOS DA MASSAGEM AYURVÉDICA ................................................................................. 218 11 TÉCNICA DE APLICAÇÃO DA MASSAGEM AYURVÉDICA .............................................. 218 12 CONTRAINDICAÇÕES DA MASSAGEM AYURVÉDICA ..................................................... 220 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 221 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 222 TÓPICO 3 - TERAPIAS COM FLORAIS ........................................................................................... 223 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 223 2 CONCEITO ............................................................................................................................................ 223 3 APLICAÇÃO .......................................................................................................................................... 224 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 226 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................................228 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 229 TÓPICO 4 - REFLEXOLOGIA: ESTUDO DOS ESTÍMULOS NOS PÉS QUE PRODUZEM UMA RESPOSTA REFLEXA NUM DETERMINADO ÓRGÃO DO CORPO HUMANO .......................................................................................................................... 231 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 231 2 REFLEXOLOGIA E O MECANISMO DE AÇÃO .......................................................................... 231 3 LOCALIZAÇÃO DAS ZONAS REFLEXAS ................................................................................... 231 4 APLICAÇÃO DA TÉCNICA .............................................................................................................. 233 5 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES ..................................................................................... 234 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 236 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 237 TÓPICO 5 - TERAPIAS ATUAIS NA ÁREA ..................................................................................... 239 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 239 2 TERAPIA ESTÉTICA NATURAL OU ESTÉTICA NATURAL ................................................... 239 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 240 3 TÉCNICA DE VENTOSATERAPIA DESLIZANTE ..................................................................... 242 4 OLIVATERAPIA OU TERAPIA DAS OLIVEIRAS ...................................................................... 243 5 TERAPIA DE MASSAGEM COM VELAS (CANDLE MASSAGE) .......................................... 243 6 TERAPIA DE MASSAGEM TIBETANA ......................................................................................... 244 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 247 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 248 XII TÓPICO 6 - TRATAMENTOS OFERECIDOS POR UM SPA: ALGOTERAPIA, ARGILOTERAPIA, BALNEOTERAPIA, MASSOTERAPIA ................................... 249 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 249 2 ALGOTERAPIA ................................................................................................................................... 249 3 ARGILOTERAPIA ............................................................................................................................... 252 4 BALNEOTERAPIA .............................................................................................................................. 255 5 MASSOTERAPIA ................................................................................................................................ 258 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 260 RESUMO DO TÓPICO 6 ....................................................................................................................... 266 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 267 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 269 1 UNIDADE 1 NOÇÕES BÁSICAS SOBRE MEDICINA TRADICIONAL CHINESA, INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES, MANOBRAS E MOVIMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • apresentar a Medicina Tradicional Chinesa (MTC); • conhecer os conceitos da MTC; • identificar os meridianos de energia; • apresentar as técnicas orientais; • conhecer massoterapia; • apresentar a massagem clássica e suas manobras. Esta unidade está dividida em cinco tópicos e, no final de cada um deles, você encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado. TÓPICO 1 – NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA TÓPICO 2 – VISÃO DA MEDICINA ORIENTAL SOBRE SAÚDE TÓPICO 3 – CONHECIMENTO BÁSICO E APRESENTAÇÃO DE TÉCNICAS ORIENTAIS TÓPICO 4 – INTRODUÇÃO À MASSOTERAPIA TÓPICO 5 – O PROFISSONAL DE ESTÉTICA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 1 INTRODUÇÃO A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é tão antiga quanto a humanidade. A história da massagem faz parte da história da medicina e as raízes de ambas, encontradas há milênios, se confundem. É resultado do acúmulo de uma rica experiência milenar. Todo o conhecimento na MTC foi transmitido por meio oral até a dinastia Chou (1.122 a 256 a.C.), quando do aparecimento do Huang Di Nei Jing Su Wen. Não se sabe quem foi seu autor, mas supõe-se que tenha sido escrito por muitos médicos, porém a autoria foi atribuída ao legendário imperador Huang Di. Esse livro contém toda base filosófica, ciência do diagnóstico e tratamento por meio de agulhas e moxa (SILVA, 1997). É uma medicina tão completa e complexa que dificilmente encontraremos uma terapêutica que não esteja englobada em um de seus múltiplos aspectos. Acupuntura, moxa, massagem, do-in, shiatsu, fitoterapia, tai chi chuan, exercícios respiratórios, regras de higiene, meditação e dietas são expressões da “Arte de Curar” que os chineses conhecem desde a Pré-história. A base única, comum a todas, é o Equilíbrio Energético, que previne doenças e promove saúde. O principal objetivo do tratamento da MTC é a prevenção, a cura das doenças e a manutenção da saúde. A sua principal finalidade é elaborar uma história clínica, para conhecer os sintomas e sinais clínicos e assim definir as causas do problema, elaborar estratégias de tratamento e contribuir não só para minimizar sintomas, mas também para eliminar as causas. NOTA IMPORTANT E UNIDADE 1 | N. B. SOBRE M. TRADICIONAL CHINESA, INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS I. E ., MANOBRAS E MOVIMENTOS 4 2 OS PRINCÍPIOS CRIADORES 2.1 O TAO O universo é visto pelos chineses como uma infinita rede de fluxos de energia, onde todas as áreas dessa rede são interdependentes, inter-relacionadas. No homem, tudo que acontece depende desta interdependência entre o meio ambiente e ele próprio, e dele em relação aos outros indivíduos (CHIA, 2008). O TAO é o princípio básico de todo universo. É o Poder Criador, é o Absoluto, a soma de todas as coisas, é o fundamento do ser e do não ser. Conforme escreveu Chuang Tsé: “O Tao possui realidade e clareza, mas nenhuma ação ou forma. Pode ser transmitido, mas não recebido. Pode ser atingido, mas não visto. Existe por si e através de si. Existia antes do céu e da terra, na verdade, por toda a eternidade. Ele é a razão da divindade dos deuses e da criação do mundo. Está acima do zênite, mas não lhe é inferior. Embora mais velho do que o mais idoso, não é velho” (apud SILVA, 1997). O homem, como elemento ativo dentro do universo, interage com ele influenciando na sua formação, transformação e destruição, e sendo influenciado pelas três possibilidades. Do TAO nasce a energia criadora de tudo queexiste. Esta energia essencial e única se manifesta em duas formas energéticas que constitui tudo o que existe: o YIN e o YANG. Todas as terapias e todos os aspectos terapêuticos da MTC partem do princípio de que tudo o que existe no universo é constituído por estas duas formas de energia. O símbolo que representa a alternância de YIN e YANG é chamado TAO. FIGURA 1 – SÍMBOLO DO TAO E DA RELAÇÃO YIN-YANG FONTE: Disponível em: <significados.com.br>. Acesso em: 8 fev. 2015. NOTA TÓPICO 1 | NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 5 2.2 A RELAÇÃO YIN E YANG A relação das energias Yin e Yang considera o mundo como um todo e que esse todo é o resultado da unidade contraditória dos dois princípios. Chama-se Yin e Yang a reunião das duas partes opostas em todos os fenômenos e objetos em relação ao meio natural. A partir de uma energia única, temos uma diferenciação em duas energias: Yin e Yang são opostos e complementares. Uma só existe em relação a outra, não há manifestação isolada, nada é somente Yin ou somente Yang. Um contém o outro, um se transforma no outro, num jogo incessante de transformação. Não pode haver Yin sem Yang, nem Yang sem Yin. Neste confronto deve haver uma vitória e uma derrota, porém a superioridade de um sobre o outro vai acarretar em doença. Em um corpo saudável, os dois aspectos não coexistem de modo pacífico, mas se afrontam e se repelem mutuamente. Esta oposição cria um equilíbrio dinâmico e origina o desenvolvimento e a transformação dos objetos. A vitória de um aspecto sobre o outro é normal. A superioridade de um sobre o outro, não. Todos os fenômenos do universo encerram os dois aspectos opostos do Yin e do Yang, como o dia e a noite. A energia Yin é a que vem da Terra, num movimento ascendente, de abertura. A energia Yang é a que vem do Céu, num movimento descendente, de fechamento. O homem é um transformador de energia. Ele recebe as energias do Céu (Yang) e da Terra (Yin) e as transforma. A teoria do Yin e Yang classifica fenômenos e manifestações segundo vários critérios, entre eles: Caracteres físicos – tudo que é animado, em movimento, exterior, ascendente, quente, luminoso, funcional e que corresponde à ação é Yang. Tudo que está em repouso, tranquilo, interior, descendente, frio, sombrio, material e que corresponde a uma substância (matéria) é Yin. Natureza da manifestação – o céu está no alto, assim é Yang; a terra por baixo, então é Yin. A água é de natureza fria, escorre, é Yin. O fogo é de natureza quente, suas chamas se elevam, é Yang. Transformações – a princípio, o Yang transforma-se em Qi, e o Yin torna-se forma, matéria. UNIDADE 1 | N. B. SOBRE M. TRADICIONAL CHINESA, INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS I. E ., MANOBRAS E MOVIMENTOS 6 Acesse <escoladafamilia.fde.sp.gov.br/lienchi/yineyang.doc> e leia um pouco mais sobre a relação Yin e Yang! 2.3 A ENERGIA VITAL E AS SUBSTÂNCIAS VITAIS Há milênios foi desenvolvido no Oriente um sistema filosófico, cultural, religioso e científico, relacionando uma energia com todas as coisas e, especialmente, com os seres vivos. Essa energia é conhecida como Ki no Japão, Qi na China, Prana na Índia e, atualmente, bioenergia no Ocidente. Os orientalistas que se referem aos escritos cosmológicos e filosóficos traduzem Qi como sopro, o sopro inicial que originou Yin-Yang, mas os acupuntores preferem utilizar a palavra "energia". Qi dá origem ao céu e à terra: os sopros ligeiros, mais Yang, sobem e formam o céu, enquanto os sopros pesados, mais Yin, descem e formam a terra. Entre o céu e a terra se encontra o homem, com energia própria e submetido às leis do céu e da terra (SILVA, 1997). Qi não é um conceito místico ou filosófico. Em Qi não se acredita, se sente. É preciso treino e sensibilização. A energia básica da vida é chamada de Qi (Ki). A energia vital ou Qi flui pelo corpo humano de forma regular. Esse fluxo regular de energia forma “canais” denominados meridianos, que promovem a circulação energética no corpo. Estudaremos os meridianos energéticos mais adiante. No corpo humano, o Qi é a força vital, a substância essencial da vida. Apesar de ser uma energia única, podemos classificar a energia Qi de três formas: a energia ancestral, de nascimento, que após o nascimento ainda precisa ser completada pelo Qi da nutrição; a energia da alimentação, ou Yang Qi, é a energia DICAS NOTA ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 1 | NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 7 essencial, proveniente do ar e dos alimentos; e a energia defensiva, ou Wei Qi, é responsável pela proteção e defesa do organismo, ou seja, pela imunidade. Quando o Wei Qi falha na proteção do corpo, tem-se o estado mórbido caracterizado por transpiração espontânea e aversão ao vento. Ocorre pela deficiência de Qi superficial e resulta em uma redução da defesa do corpo às doenças. O sangue é uma das substâncias vitais do corpo, chamado XUE. É um tipo de substância resultante da transformação da essência dos alimentos, produzida pela atividade funcional de Qi, que circula pelos vasos sanguíneos e nutre os tecidos do corpo. Onde o Qi se move, o sangue também se move. Quando comparamos, o sangue é Yin e Qi é Yang. Outra substância vital, básica e fundamental da constituição corpórea é chamada de JING. É uma substância refinada, composta da energia vital Qi, do sangue, dos líquidos orgânicos, além das substâncias nutritivas alimentares. Esta substância vital é armazenada no rim e é dividida em: pré-celestial (herdada dos pais) e pós-celestial (adquirida após o nascimento). Por fim, os alimentos e as bebidas que ingerimos, depois de absorvidos, são transformados em fluidos corporais. Estes fluidos são chamados de JIN YE. Esta substância vital representa todos os líquidos normais do organismo, incluindo o suor, a lágrima, a saliva, o muco e a urina. 3 OS CINCO ELEMENTOS A teoria dos cinco elementos considera que o universo é formado pelo movimento e pela transformação de cinco princípios básicos. Os cinco elementos não são apenas constituintes básicos da Natureza, e sim, cinco processos básicos, as qualidades, as fases de um ciclo ou a capacidade de modificação de um fenômeno. São representados por: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. NOTA NOTA UNIDADE 1 | N. B. SOBRE M. TRADICIONAL CHINESA, INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS I. E ., MANOBRAS E MOVIMENTOS 8 A teoria dos cinco elementos não foi aplicada à Medicina Chinesa através de todo seu desenvolvimento histórico, mas sua popularidade cresceu e diminuiu através dos séculos. A partir da Dinastia Han, a influência da teoria dos cinco elementos começou a diminuir, e foi só a partir da Dinastia Song (960-279 a. C.) que a teoria dos cinco elementos recuperou sua popularidade e foi sistematicamente aplicada no diagnóstico, na sintomatologia e no tratamento da Medicina Tradicional Chinesa (MACIOCIA, 1996). Existem relações constantes entre os cinco elementos. Eles se originam e são condicionados uns pelos outros. Seus movimentos e suas alterações realizam um ciclo ao longo do qual eles se sucedem continuamente, daí sua segunda denominação: os cinco movimentos. A interação entre os cinco elementos forma um ciclo criativo, no qual um elemento gera o outro, mas também restritivo (destrutivo), onde um elemento controla o outro. Os elementos geradores são chamados de mãe e os que são gerados são chamados de filho. Os elementos geram-se mutuamente na seguinte ordem: a madeira gera o fogo; o fogo gera a terra (sua combustão produz cinzas); a terra gera o metal (este nasce na terra); o metal gera água (quando se liquefaz); a água gera a madeira (porque a nutre); e a madeira gera o fogo (ao se queimar), fechando o ciclo. Esse constante movimento de geração levaria o universo a um desequilíbrio. Para frear esse processo, temos a lei da dominância agindosimultaneamente: a madeira domina a terra (as raízes das árvores a penetram); a terra domina a água (absorvendo-a); a água domina o fogo (apagando-o); o fogo domina o metal (fundindo-o); e o metal domina a madeira (a lâmina do machado abate a árvore). NOTA IMPORTANT E TÓPICO 1 | NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 9 FIGURA 2 – CICLOS DOS CINCO ELEMENTOS FONTE: Disponível em: <medicinachinesapt.com>. Acesso em: 8 fev. 2015. Os cinco elementos representam cinco qualidades diferentes dos fenômenos naturais, cinco movimentos e cinco fases no ciclo das estações do ano. Representam ainda a relação entre diversos fenômenos internos e externos ao organismo, relacionados aos sentidos, órgãos, tecidos, emoções, cores, odores, sabores, sons, animais, climas, entre várias outras coisas. TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DOS CINCO ELEMENTOS ÁGUA BEXIGA RINS MADEIRA VESÍCULA BILIAR FÍGADO FOGO INTESTINO DELGADO CORAÇÃO TERRA ESTÔMAGO BAÇO-PÂNCREAS METAL INTESTINO GROSSO PULMÃO GERAÇÃO INIBIÇÃO CONTRAINIBIÇÃO UNIDADE 1 | N. B. SOBRE M. TRADICIONAL CHINESA, INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS I. E ., MANOBRAS E MOVIMENTOS 10 FONTE: Disponível em: <graodeareia.com.br>. Acesso em: 8 fev. 2015. 4 OS MERIDIANOS DE ENERGIA A energia vital (Qi) flui pelo corpo humano de forma regular. Esse fluxo regular de energia forma “canais” denominados meridianos, que são a base da medicina oriental. Através dos meridianos podemos conseguir um equilíbrio energético do corpo/organismo. O livre fluxo de energia pelo nosso corpo é essencial para a saúde e o bem-estar físico e psicológico. Existem várias maneiras de atuarmos sobre a energia circulante nos meridianos, e cada maneira caracteriza uma terapia diferente (Ex.: acupuntura, shiatsu, do-in). Os meridianos são representados por uma grande “linha” de energia, que sobe e desce percorrendo o corpo humano da cabeça aos pés. Essa linha é dividida em 12 pedaços. Cada pedaço é um meridiano, portanto, existem 12 pares de meridianos de energia no corpo humano. Cada meridiano está relacionado a determinadas funções orgânicas e a certas características psicológicas e emocionais. Na sua maioria, os meridianos têm o nome do órgão que ocupa lugar de destaque dentro das funções a ele ligadas. O meridiano não é o órgão! Alguma dor ou reação ao longo de um meridiano não implica, necessariamente, um problema no órgão que o denomina. IMPORTANT E TÓPICO 1 | NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 11 Ao longo dos meridianos encontramos pontos que condensam energia. Esses pontos são chamados de tsubos, cuja tradução é “buraco, abertura”. São pontos que nos permitem atuar sobre a energia dos meridianos de uma forma intensa. Os meridianos e seus pontos foram descobertos através da experiência prática. A localização dos meridianos e dos pontos é determinada pela natureza, o homem só os descobriu; primeiro, de forma empírica, agora com confirmação científica (PRADIPTO, 1986). Há dois tipos de sistemas internos: Yin (chamado Zang) e Yang (chamado Fu). O nome chinês para os sistemas internos é simplesmente Zangfu. A teoria Yin-Yang, quando aplicada ao corpo humano, faz uma diferenciação entre órgãos (Zang) e vísceras (Fu). Segundo George Soulié de Mourant, as vísceras (Fu), cujo ideograma chinês denota a ideia de "talher", são assim denominadas porque transformam em energia e sangue os materiais que recebem do exterior. O fato de estarem em relação com o exterior e fabricarem energia as caracterizam como sendo Yang. Já os órgãos (Zang), cujo ideograma representa "tesouro", presidem a purificação e circulação do sangue; apresentam características Yin, por controlar a vida interna e o sangue (SILVA, 1997). Os órgãos (Zang) são representados pelo pulmão, coração, fígado, baço- pâncreas, rim e circulação-sexualidade (este não é um órgão real, mas sim uma função que controla as energias Yin, além das funções circulatórias e gênito- urinárias). As vísceras (Fu) são: estômago, intestino delgado, intestino grosso, vesícula biliar, bexiga e triplo aquecedor. Os doze meridianos principais são agrupados em pares e são simétricos, pois se situam nos lados direito e esquerdo do corpo. Os meridianos que compõem cada par são chamados MERIDIANOS ACOPLADOS e formam entre si a RELAÇÃO ZANG – FU. Ambos, Zang e Fu, significam “sistema”, mas Zang indica “estocar” e Fu indica “sede de governo”. Isso indica que os sistemas Yin estão encarregados de estocar as substâncias vitais e os sistemas Yang estão encarregados da transformação dos alimentos e líquidos para produzir o Ki e o Xue (sangue) (MACIOCIA, 1996). Por isso, cada par de meridianos representa uma função inseparável, embora orgânica, e mecanicamente esteja representado por aparelhos diferentes. Nesta função total, há um órgão Yin e outro Yang que polarizam a função em dois NOTA UNIDADE 1 | N. B. SOBRE M. TRADICIONAL CHINESA, INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS I. E ., MANOBRAS E MOVIMENTOS 12 sentidos opostos, porém complementares. Na prática, quando um meridiano se encontra desequilibrado, frequentemente seu acoplado o acompanha. Zang (Yin) Fu (Yang) Tec. do corpo Outros tec. Elementos Coração Intestino delgado Vasos sanguíneos Língua Fogo Pulmão Intestino grosso Pele Nariz Metal Baço Estômago Músculos Boca Terra Fígado Vesícula biliar Tendões Olhos Madeira Rim Bexiga Ossos Ouvidos Água Circulação-sexo Triplo-aquecedor Sistema circulatório Líquidos corporais Fogo QUADRO 1 - MERIDIANOS ACOPLADOS FONTE: A autora Cada meridiano desempenha uma função no nosso organismo. A seguir relacionamos a função de cada um deles. Meridiano de Pulmão (P) É o sistema intermediário entre o organismo e o meio ambiente, pois está encarregado de inalar o ar, governar a respiração e influenciar a pele. Controla os vasos sanguíneos e possui papel vital no movimento dos fluidos corpóreos. Controla a pele e os pelos corporais. Trajeto: inicia-se a uma distância abaixo da fossa subclavicular, desce ao longo da face anterolateral do braço, face radial e palmar do antebraço, passa sob a artéria radial e termina no ângulo ungueal externo do polegar. Meridiano de Intestino Grosso (IG) Recebe alimentos e líquidos do Intestino Delgado. Realiza absorção de líquidos, auxilia na função dos pulmões (a água é adicionada ao oxigênio, tornando-o líquido para ser absorvido pelo sangue), elimina resíduos sólidos (do corpo) e psicológicos (da mente – negatividade, insatisfação etc.) e elimina a estagnação da energia Qi. Trajeto: inicia-se no leito ungueal externo do dedo indicador; sobe pelo dorso radial da mão, entre os músculos extensores longo e curto do polegar; sobe até o dorso lateral do cotovelo; continua no braço pela borda lateral do músculo bíceps braquial e tríceps braquial até o ombro; segue para a região supraescapular; volta para a fossa supraclavicular; sobe pela borda lateral do músculo esternocleidomastoideo até a mandíbula; cruza o plano sagital mediano acima do lábio superior até o seu último ponto, que fica no cruzamento da linha inferior do nariz e da linha nasolabial. Meridiano de Estômago (E) É o mais importante dos sistemas Yang, é a origem de todo Qi e Xue (sangue) produzidos após o nascimento. Controla o amadurecimento e a decomposição dos TÓPICO 1 | NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 13 alimentos, o transporte das essências dos alimentos e dos mecanismos do apetite. É a origem dos fluidos corporais e está relacionado com o funcionamento do esôfago, estômago e duodeno, e ainda com os ovários, lactação e ciclo menstrual. Trajeto: origina-se lateralmente na asa do nariz, penetra pelo arco dentário superior e sai pela pálpebra inferiordo olho, onde se localiza o primeiro ponto desse meridiano. Desce pelo ângulo da boca até a mandíbula. Um ramo sobe, passando pelo ângulo mandibular, arco zigomático na frente do ouvido, testa (osso frontal), até a implantação de cabelo. O ramo principal desce pelo lado anterolateral do pescoço ao longo do lado medial do músculo esternocleidomastoideo até a fossa supraclavicular, onde se divide em dois ramos: um superficial e outro profundo. O ramo profundo desce ao longo do esôfago, passa pelo diafragma até a região do estômago, e tem um ramo que o liga com o órgão baço-pâncreas. O ramo superficial desce pela linha do mamilo, atravessa a lateral do músculo reto abdominal até a região inguinal, na lateral do osso púbico, desce pela borda medial da artéria femoral, seguindo pela região anterolateral da coxa, desce pela borda lateral do músculo reto femoral, passa lateralmente à patela, atingindo a face anterolateral tibial, até o dorso do pé, entre os tendões do músculo extensor longo do hálux e extensor longo dos dedos, passa entre o segundo e terceiro metatarso, chegando ao segundo artelho no ângulo ungueal externo. Meridiano de Baço-pâncreas (BP) Principal função é auxiliar a digestão do estômago por meio de transporte e transformação das essências alimentares, absorvendo a nutrição dos alimentos. Faz a fermentação e digestão de alimentos (responsável por secreções digestivas, como saliva, suco pancreático etc.). Controla o sangue (Xue) e os músculos, e está relacionado à fadiga e ansiedade psicológica. Trajeto: começa no ângulo ungueal interno do hálux, sobe ao longo do lado medial dele, primeiro metatarso, até o maléolo interno; continua pela borda póstero-medial da tíbia, passa pela face medial do joelho e sobe pelo lado medial da coxa até a região da virilha, de onde percorre a região anterolateral do abdômen e pela face lateral do tórax até o nível da axila. Meridiano de Coração (C) É considerado o mais importante de todos os sistemas internos, sendo algumas vezes descrito como “soberano”. Governa o sangue (Xue), os vasos sanguíneos e abriga a mente. Desenvolve a absorção de informações (nutrição psíquica-espiritual), controla espírito e emoção, vivacidade e afetividade (expressão verbal), controla energia psíquica (consciência, inteligência) e, a partir daí, todo o corpo-mente (é o supremo controlador). Trajeto: o ramo principal sai do coração e sobe pelo pulmão até o centro da fossa axilar, onde se situa o primeiro ponto do meridiano. Desce na face medial do braço, epicôndilo medial do cotovelo e pelo lado medial do músculo flexor ulnar do carpo. Passa pelo pulso entre o quarto e quinto metacarpo da mão e chega em seu último ponto, situado no ângulo ungueal externo do quinto dedo. UNIDADE 1 | N. B. SOBRE M. TRADICIONAL CHINESA, INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS I. E ., MANOBRAS E MOVIMENTOS 14 Meridiano de Intestino Delgado (ID) Recebe os alimentos e líquidos após a digestão feita pelo estômago e baço, que são transformados, posteriormente, por meio da separação das partes puras e impuras. Está relacionado à lucidez mental e ao julgamento. Trajeto: inicia-se no ângulo ungueal interno do quinto dedo, sobe pela face ulnar da mão, punho e antebraço; passa pelo lado medial do olécrano, subindo pelo lado ulnar do músculo tríceps braquial até a borda posterolateral do ombro; passa ao longo da escápula e cruza até a fossa supraclavicular, sobe o lado posterolateral do músculo esternocleidomastoideo, vai até o ângulo lateral do olho e termina na frente do ouvido, na depressão que se forma atrás da articulação temporomandibular quando a boca está aberta. Meridiano de Bexiga (B) Armazenagem e secreção da urina (complementando e auxiliando na função dos rins). Relacionado ao sistema nervoso autônomo (em especial ao sistema simpático, e assim todas as funções orgânicas). Ligado aos órgãos genitais e urinários. Trajeto: inicia-se no ângulo medial dos olhos, sobe pela região frontal, parietal e occipital do seguimento cefálico; da nuca ao nível da implantação dos cabelos se divide em dois ramos: um desce ao longo dos músculos paravertebrais até a região sacroilíaca, musculatura glútea, por trás da coxa até a fossa poplítea; o outro desce pelo lado medial da escápula, até os glúteos, passa por trás da região trocanteriana e desce pelo músculo bíceps femoral até a fossa poplítea, onde se une ao primeiro ramo. Desce a região posterior da perna pelo músculo gastrocnêmio, passa entre o tendão de aquiles e o maleolo externo, até a borda lateral do pé, terminando no ângulo ungueal externo do quinto dedo. Meridiano de Rim (R) Armazena a essência, que é parcialmente derivada dos pais, estabelecida na concepção, por isso é frequentemente referida como a “raiz da vida”. Produz medula, abastece o cérebro e controla os ossos. Governa a água, filtra o sangue, purificando-o e produzindo a urina (mantendo o equilíbrio e a proporção correta de líquidos no organismo). Está ligado à produção de hormônios sexuais e da adrenalina (instinto de sobrevivência e evolução). Trajeto: nasce na planta do pé. Seu primeiro ponto fica posterior à articulação metatarso falangeana entre o segundo e terceiro metatarso; ascende pelo lado ínfero-medial da cabeça do primeiro metatarso; seguindo pelo lado medial do osso cuboide, região posteroinferior do maléolo medial e ao longo da borda medial do músculo gastrocnêmio, na região posteromedial do joelho e medialmente à coxa, ao longo dos músculos adutores e grácil, entra pela pélvis aparecendo novamente no abdômen, correndo ao longo da face medial do músculo reto abdominal, até o tórax, na depressão entre a clavícula e a primeira costela, lateralmente ao manúbrio do esterno. Meridiano Circulação-Sexo (CS – ou Pericárdio) Está intimamente relacionado ao coração. Suas funções se assemelham, TÓPICO 1 | NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 15 governam o sangue e abrigam a mente. Controla os líquidos do corpo (sistema sanguíneo – circulação principal), suplementa e protege a função do meridiano do coração relacionada ao sistema circulatório. Por intermédio da circulação sanguínea, controla a alimentação e proteção das células do corpo. Trajeto: inicia- se no tórax, no quarto espaço intercostal, a uma polegada para o lado do mamilo, e três polegadas abaixo da linha axilar; desce ao longo da borda medial do músculo bíceps braquial, entre o meridiano principal do pulmão e o meridiano do coração, até a face medial do cotovelo; continua entre os tendões dos músculos palmar longo e flexor radial do carpo; na mão, ele passa entre o terceiro e quarto metacarpo e termina no terceiro dedo, no ângulo ungueal externo. Meridiano Triplo Aquecedor (TA) Controle de líquidos corporais (sistema linfático e sanguíneo – circulação periférica). Controla a temperatura do corpo e suplementa a ação do meridiano de Intestino Delgado e, através da circulação de nutrientes/energia, relaciona-se com órgãos e controla funções orgânicas. Há discussões sobre a natureza do triplo aquecedor, se de fato é um sistema ou uma função. Possui três diferentes aspectos, sendo dividido em superior (do diafragma para cima), médio (entre o diafragma e o umbigo) e inferior (abaixo do umbigo). Aquecedor superior está relacionado aos órgãos do tórax (função cardiorrespiratória) e consiste na distribuição dos fluidos corporais para o organismo por meio do pulmão. Aquecedor médio está relacionado aos órgãos das áreas do plexo solar, consiste na digestão e transporte dos alimentos, líquidos e nutrientes para todas as partes do organismo. Aquecedor inferior está relacionado aos órgãos da região do baixo-ventre, consiste na separação das essências dos alimentos em partes puras e impuras, com a excreção destas (função gênito-urinária).A tripla divisão do triplo aquecedor é um resumo das funções de todos os sistemas Yang. Trajeto: esse meridiano começa no ângulo ungueal interno do quarto dedo da mão, sobe pela face dorsal da mão, entre o quarto e quinto metacarpo; passa pelo punho bem no seu centro e do antebraço (entre os ossos rádio e ulna); passa pelo olécrano, corta o tríceps posteriormente até a região posterior do ombro; sobe IMPORTANT E UNIDADE 1 | N. B. SOBRE M. TRADICIONAL CHINESA, INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS I. E ., MANOBRAS E MOVIMENTOS 16 pela região supraescapular e nuca; contorna, posteriormente, a região auricular e termina lateralmente no supercílio, onde se liga ao meridiano da vesícula biliar. Meridiano de Vesícula Biliar (VB) É o único que não lida com alimentos, líquidos e produtos excretáveis, mas sim, armazena e excreta a bile, um produto refinado. Equilibra a energia total do corpo, agindo através do controle de secreções e hormônios (bile, insulina, hormônios secretados pelo duodeno) e da distribuição de nutrientes ao organismo. Está relacionado ao processo de decisões sobre situações práticas. Trajeto: tem início a 0,5 polegadas da borda lateral do ângulo externo do olho; passa na frente do ouvido pela lateral da extremidade cefálica, e desce pela lateral do músculo trapézio até a região supraescapular; segue para frente do ombro, lateralmente no tórax até o glúteo na região trocanteriana, onde se liga com o músculo da bexiga; desce pela borda lateral da coxa, perna e face anterolateral do tornozelo até a face dorsal do pé, onde passa entre o quarto e quinto metatarso até o ângulo ungueal externo do quarto dedo. Há outro ramo que se separa no lado dorsal do pé, passa entre o primeiro e segundo metatarso até o ângulo ungueal lateral do hálux, onde se liga ao meridiano do fígado. Meridiano de Fígado (F) O fígado apresenta muitas funções importantes, entre as quais a de armazenar o sangue (Xue) e assegurar o movimento suave do Qi através de todo o organismo. É o responsável pela nossa capacidade de recuperar o Qi e contribuir para a resistência do organismo contra fatores patogênicos externos. É comparado a um “general do exército”, porque é responsável pelo planejamento total das funções do organismo, realizado por meio da garantia do fluxo suave e da direção correta de Qi. Controla os tendões, manifesta-se nas unhas e controla a produção da bile. Trajeto: tem início no ângulo ungueal interno do hálux; sobe passando entre o primeiro e segundo metatarso; passa a uma polegada à frente do maléolo interno, na borda medial do tendão do músculo tibial anterior. Cruza a linha baço- pâncreas e sobe pela face anteromedial da perna; segue pelo lado medial do joelho e coxa para a região genital externa e suprapúbica; sobe pela lateral do abdômen e termina no espaço entre a sexta e sétima costela, na linha mamilar. Os meridianos de energia são representados também na Teoria dos Cinco Elementos. Assim: fígado e vesícula biliar pertencem ao elemento Madeira; coração, intestino delgado, pericárdio e triplo aquecedor pertencem ao elemento Fogo; baço-pâncreas e estômago pertencem ao elemento Terra; pulmão e intestino grosso pertencem ao elemento Metal; rim e bexiga pertencem ao elemento Água. TÓPICO 1 | NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 17 FIGURA 3 – LINHAS DOS MERIDIANOS DE ENERGIA FONTE: Pradipto (1986) 4.1 A GRANDE CIRCULAÇÃO ENERGÉTICA Os 12 pares de meridianos formam a Grande Circulação Energética. Percorrem o tronco e as extremidades do corpo. Como vimos, são seis pares de meridianos Yin, e seis pares de meridianos Yang. A grande circulação de energia, após sua elaboração pelas três sedes (Triplo aquecedor), se inicia ao nível do meridiano de pulmão e percorre o seguinte trajeto: dos pulmões a energia passa para o intestino grosso, e deste seguindo para estômago, baço-pâncreas, coração, intestino delgado, bexiga, rim, circulação-sexo, triplo aquecedor, vesícula biliar e, finalmente, para o fígado. Percorre este trajeto em 24 horas, demorando duas horas em cada meridiano. Os horários de maior atividade são: UNIDADE 1 | N. B. SOBRE M. TRADICIONAL CHINESA, INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS I. E ., MANOBRAS E MOVIMENTOS 18 Pulmões – das 3h às 5h. Intestino grosso – das 5h às 7h. Estômago – das 7h às 9h. Baço-pâncreas – das 9h às 11h. Coração – das 11h às 13h. Intestino delgado – das 13h às 15h. Bexiga – das 15h às 17h. Rim – das 17h às 19h. Circulação-sexo – das 19h às 21h. Triplo aquecedor – das 21h às 23h. Vesícula biliar – das 23h à 1h. Fígado – da 1h às 3h. FIGURA 4 – QUADRO DAS FUNÇÕES DOS MERIDIANOS FONTE: Pradipto (1986) TÓPICO 1 | NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 19 4.2 A PEQUENA CIRCULAÇÃO ENERGÉTICA Paralelamente à grande circulação, ocorre uma segunda circulação. Para entendermos a pequena circulação, vamos conhecer o que chamamos de Meridianos Extraordinários. Esses meridianos são assim chamados porque não têm comunicações especiais com as vísceras. Além disso, não há correspondência nem reunião entre eles, é nisso que são diferentes dos meridianos regulares, são ímpares e assimétricos. São denominados de Vaso da Concepção e Vaso do Governo, e estão localizados na linha média do corpo, anterior e posteriormente. A principal função dos meridianos extraordinários é reforçar os meridianos regulares, a fim de regularizar o Qi e o sangue (Xue). Por isso, a Pequena Circulação Energética tem uma função reguladora sobre a Grande Circulação. Se existe um excesso de energia nos meridianos principais, esse excesso se escoa, ativando os meridianos extras, buscando o equilíbrio energético. Estes funcionam, também, como um reservatório, suprindo a grande circulação em caso de carência energética. Esta inicia-se às 3 horas ao nível do pulmão e continua nos dois meridianos ímpares, onde também circula durante 24 horas. Trajetos: Vaso do Governo – nasce entre a ponta do cóccix e o ânus, segue pela linha central das costas, nuca, cabeça e face, terminando na gengiva da arcada superior. Comanda os meridianos Yang. É relacionado às funções do sistema nervoso central. Vaso da Concepção – nasce entre o ânus e o órgão sexual, sobe em linha reta pela frente do tronco, terminando entre o queixo e o lábio inferior. Comanda os meridianos Yin. Age sobre as funções gênito-urinárias, a função digestiva e a função respiratória. UNIDADE 1 | N. B. SOBRE M. TRADICIONAL CHINESA, INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS I. E ., MANOBRAS E MOVIMENTOS 20 DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO A mais antiga referência do Yin-Yang é provavelmente aquela contida no Book of Changes (Livro das Mutações), datado por volta de 700 a.C. Nesse livro, Yin e Yang são representados por linhas contínuas e quebradas. A combinação dessas linhas em pares forma quatro pares de diagramas, representando o Yin máximo, o Yang máximo e dois estágios intermediários. A adição de outra linha a estes quatro diagramas forma combinações variadas, oito trigramas. Finalmente, as várias combinações das trigramas dão origem a 64 hexagramas. Acredita-se que estes simbolizem todo fenômeno possível do universo e, portanto, mostram como todo fenômeno depende de dois polos do Yin e Yang. A escola filosófica que desenvolveu a Teoria do Yin e Yang ao seu mais alto nível é chamada de Escola Yin-Yang. Muitas escolas de pensamento originaram-se durante o período da guerra entre os estados (476-221 a.C.), e a escola Yin-Yang foi uma delas. Dedicava-se ao estudo do Yin-Yang e dos Cinco Elementos, e seu principal expoente foi Zou Yan (350-270 a.C.). Esta escola é também chamada, algumas vezes, de Escola Naturalista, uma vez que interpreta a natureza de modo positivo, além de utilizar leis naturais a fim de obter vantagens para o homem, não por meio da submissão e controle da natureza(como acontece na ciência ocidental moderna), mas agindo em harmonia com suas leis. Esta escola representa uma tendência, a qual podemos, atualmente, chamar de ciência naturalista, e as teorias do Yin-Yang e dos Cinco Elementos servem para interpretar o fenômeno natural, incluindo o organismo humano, tanto na saúde como nas patologias. As teorias do Yin-Yang e dos Cinco Elementos, sistematicamente elaboradas pela Escola Naturalista, tornaram-se uma herança comum às escolas de pensamentos subsequentes, particularmente as escolas neoconfucionistas das Dinastias Song, Ming e Qing. Estas escolas combinaram a maior parte dos elementos das escolas anteriores de pensamento para formar uma filosofia coerente sobre Natureza, Ética, Ordem social e Astrologia. FONTE: MACIOCIA, G. Os fundamentos da medicina chinesa – um texto abrangente para acupunturistas e fitoterapeutas. São Paulo: Editora Roca Ltda, 1996. LEITURA COMPLEMENTAR 21 Neste tópico, você viu que: • A Medicina Tradicional Chinesa se baseia em conceitos taoístas e energéticos, os quais enfocam o indivíduo como um todo e como parte integrante do universo. Para ela, o indivíduo é constituído por um conjunto de energias, provenientes do céu e da terra, que fluem por todo do corpo, e que devem estar em constante equilíbrio; quando isso não ocorre, temos então a manifestação de patologias. • Todos os fenômenos da natureza são constituídos pelo movimento e pela transformação dos dois aspectos opostos do Yin e do Yang, como dia e noite, tempo claro e sombrio, calor e frio, atividade e repouso. • A teoria do Yin e Yang classifica fenômenos e manifestações, o que inclui a teoria dos Cinco Elementos ou Cinco Movimentos, processos básicos e naturais representados por: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. Existe uma constante relação entre os cinco elementos, sendo que um gera o outro e, também, domina ou controla o outro. Representam a relação entre diversos fenômenos internos e externos ao organismo, relacionados aos sentidos, órgãos, tecidos, emoções, cores, odores, sabores, sons, animais, climas, entre várias outras coisas. • A energia vital na Medicina Tradicional Chinesa é denominada Qi, e flui livremente pelo organismo humano formando verdadeiros canais energéticos chamados Meridianos. • Os meridianos formam entre si uma inter-relação segundo suas funções, e são representados por órgãos (Zang) e vísceras (Fu). Cada par de meridianos possui representação da energia Yin e Yang, o que polariza a função em dois sentidos opostos, porém complementares. O fluxo energético dos principais meridianos pares e acoplados representa a Grande Circulação energética do organismo. O excesso de energia da Grande Circulação é escoado para dois meridianos assimétricos e ímpares que auxiliam o equilíbrio energético, funcionando também como reserva enérgica em caso de carência, representando assim a pequena (ou acessória) circulação energética no organismo. RESUMO DO TÓPICO 1 22 Faça uma relação dos cinco elementos e dos meridianos de energia, citando pelo menos três de suas características. AUTOATIVIDADE 23 TÓPICO 2 VISÃO DA MEDICINA ORIENTAL SOBRE SAÚDE UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O homem é visto pelos terapeutas orientais como um todo indissociável, sendo a doença o resultado da interação dos seus componentes físicos, psíquicos e fisiológicos, na sua relação com o meio envolvente. A Medicina Oriental considera a mente e o corpo como únicos, o que a torna uma terapia holística, ou seja, trata o homem como um todo e não somente um sintoma ou uma área específica do corpo. A Organização Mundial de Saúde define saúde como um completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença. <portal.anvisa.gov.br/acesso> Acesso em: 8 fev. 2015. Essa visão coincide com a Ótica Oriental, que busca, com o equilíbrio do fluxo de energia vital no organismo, a prevenção de doenças e a manutenção da saúde, sendo também aplicada com sucesso terapeutico na recuperação de doenças. O ser humano vive na natureza e tem a natureza como condição vital para sua vida. Ele é influenciado diretamente ou indiretamente pelos movimentos e mudanças na natureza, para quem ele é obrigado a dar respostas fisiológicas e patológicas correspondentes. NOTA NOTA 24 UNIDADE 1 | N. B. SOBRE M. TRADICIONAL CHINESA, INTRODUÇÃO À MASSAGEM, BEM COMO SUAS I. E ., MANOBRAS E MOVIMENTOS 2 CAUSAS DAS DOENÇAS Para a Medicina Tradicional Chinesa, o equilíbrio é a chave para a boa saúde: equilíbrio entre repouso e exercícios, dieta, atividades sexuais e equilíbrio climático. Qualquer desarmonia contínua pode se tornar uma causa patológica. O surgimento da doença e de seus sintomas indica desequilíbrio na nossa energia. Tal desequilíbrio pode ter causas internas, externas e outras. As causas internas estão relacionadas com os impactos emocionais; as causas externas estão relacionadas, basicamente, aos impactos climáticos sobre nosso organismo; e as outras causas estão relacionadas à qualidade da nossa alimentação e do sono, à prática de atividade física, ao ritmo de trabalho, aos traumas, às epidemias, às intoxicações e aos tratamentos inadequados. Ao identificarmos as causas dos desequilíbrios e agirmos sobre elas, podemos restabelecer um melhor estado de saúde. 2.1 CAUSAS INTERNAS As emoções estão associadas aos órgãos Yin. Em geral, emoções fortes alteram o fluxo de energia vital, bloqueando-o. O ponto central disto é o conceito de Qi como energia-matéria que dá origem a fenômenos físicos ou mentais e emocionais ao mesmo tempo. Assim, na medicina chinesa, o corpo, a mente e as emoções estão integrados como um todo sem início ou fim, no qual os sistemas internos são a maior esfera de influência. É importante observar o papel das emoções sob a perspectiva da Medicina Chinesa. Primeiro, as emoções são parte natural da existência humana e nenhum ser está livre de tristeza, fúria ou preocupação. As emoções se tornam patológicas quando intensas e, principalmente, quando prolongadas, especialmente se não são expressadas ou reconhecidas. Segundo, a Medicina Chinesa não ignora as emoções como causa patológica, nem as enfatiza demais (excluindo outras possíveis causas). Considera o corpo e a mente como um todo e as emoções podem causar um desequilíbrio, como também serem causadas por ele. Casos severos e contínuos de alterações emocionais não devem ser tratados apenas na visão oriental, nenhum recurso (nem mesmo a acupuntura) seria suficiente sem um acompanhamento de um suporte psicoterápico. IMPORTANT E TÓPICO 2 | VISÃO DA MEDICINA ORIENTAL SOBRE SAÚDE 25 Normalmente, são consideradas sete emoções na Medicina Chinesa: RAIVA/FÚRIA – emoção que ascende a energia Qi e afeta o meridiano de Fígado. Esta emoção provoca um forte fluxo ascendente de energia (olhos e faces vermelhos, cabeça quente), ativando o mecanismo de ataque (gritar, bater, morder). Quando represada, pode ter uma descarga emocional através do choro, ou através de movimentos vigorosos que canalizem a raiva, como correr. Um sintoma muito comum da fúria é a cefaleia, mas muitos sinais e sintomas podem se manifestar na região da cabeça e do pescoço, tensões crônicas acumuladas em braços, ombros, pescoço e maxilares, falta de determinação, irritação e problemas digestivos. ALEGRIA/INSTABILIDADE EMOCIONAL – emoção que faz o Qi fluir lentamente, afetando o meridiano de Coração. A emotividade exagerada mostra um fluxo de Qi desordenado. Quando rimos demais e sem razão, ou choramos com muita facilidade, estamos num quadro de oscilação emocional, mostrando inquietação e ansiedade. Provavelmente é quando procuramos no mundo externo o contentamento e o equilíbrio que são próprios do mundo interno. Tanto a fragilidade emocional quanto a superexcitação ou a histeria
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