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Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) Quais são as etapas necessárias para o desenvolvimento de um novo fármaco? Explique cada uma delas. São 4 etapas envolvidas com a elucidação de um novo fármaco, sendo elas: 1. Identificação ou elucidação de um novo alvo para o fármaco; 2. Projeção de uma nova molécula com base na compreensão de mecanismos biológicos e da estrutura do receptor do fármaco; 3. Triagem da atividade biológica de grande número de produtos naturais, bancos de entidades químicas previamente descobertas ou coleções de arquivos de peptídeos, ácidos nucléicos e outras moléculas orgânicas; 4. Modificação química de uma molécula ativa conhecida. Triagem de fármacos: - Consiste em uma etapa de testes, cujo objetivo é identificar a atividade e seletividade do fármaco. No processo de triagem é que pode haver revelação de efeitos tóxicos esperados ou inesperados. A nível molecular, o novo fármaco deve ser planejado para atuar com eficiência sobre o alvo. - Esses estudos iniciais são realizados para previsão dos efeitos indesejados ou complicações toxicológicas. - Estudos em animais são necessários para determinar o efeito do fármaco sobre sistemas orgânicos e modelo de doenças. - Após a triagem, dentre todos os compostos testados, escolhe-se um composto líder que passará aos testes de segurança e, posteriormente, à comercialização. Testes de segurança e toxicidade pré- clínicos: - O objetivo desses testes consiste em estimar o risco associado à exposição do candidato ao fármaco e considerar isso no contexto das necessidades terapêuticas e da provável duração do uso do medicamento. - Além disso, é por meio de testes pré-clínicos realizados em animais, que se torna possível estimar as dosagens mínimas e máximas de risco para futuros pacientes. - Dosagens: A dosagem sem efeito (dose máxima) é a dose na qual um efeito tóxico especificado não é visto. A dose letal mínima é a menor dosagem que mata um animal experimental. E a dose letal mediana é a dosagem que mata aproximadamente 50% dos animais. OBS.: Os testes pré-clínicos geram custos dispendiosos e, estatisticamente, não demonstram efeitos colaterais raros Avaliação em seres humanos: - Um novo fármaco eficiente leva em consideração a história natural da doença (baseada em estudos populacionais ao longo do tempo). - Também considera a presença de outras doenças subjacentes e de fatores de risco associados (bem como uso de outros medicamentos e/ou drogas recreativas), que podem interagir e afetar a farmacocinética da nova substância. - Além disso, considera-se ainda que a resposta ao placebo e ao fármaco deve ser avaliada sem o viés de sujeito e observador. Farmacologia Estudo guiado Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) Todo medicamento que vai ser lançado no mercado passa por diversas etapas de pesquisa e testes até ser aprovado pelo órgão competente do país de origem do fabricante. Existem duas etapas para o desenvolvimento de novos fármacos: - Fase pré-clínica e fase clínica. PESQUISA PRÉ-CLÍNICA - Fase de estudos laboratoriais e pesquisas científicas para formular a tese acerca do novo fármaco e de sua bioatividade, e viabilizar assim a experimentação. - A pesquisa pré-clínica envolve testes in vitro (placa de Petri) e in vivo (animais). Seus objetivos estão relacionados a avaliação da: Toxicidade; Teratogenicidade; Oncogenicidade. PESQUISA CLÍNICA - Os objetivos da pesquisa clínica estão centrados na avaliação da farmacocinética (absorção, distribuição, metabolização e excreção); da farmacodinâmica; na identificação de possíveis reações diversas; e na avaliação da segurança e eficácia do produto. - A pesquisa clínica tem início após a finalização da fase pré-clínica (testes em laboratório na placa de Petri e nos animais, camundongos e cães, por exemplo). É dividida em 4 fases: - Fase I: Análise de fármacos pela primeira vez em humanos, em pessoas saudáveis, buscando avaliar segurança, toxicidade e farmacocinética (como é absorvido, metabolizado e eliminado pelo organismo); esta fase dura aproximadamente 3 anos e utiliza cerca de 20-100 voluntários. OBS.: Busca-se determinar nesta fase a melhor forma de administração do fármaco. - Fase II: Análise de pessoas doentes para avaliação da efetividade (isto é, se funciona para tratar determinada doença) do novo fármaco e também da segurança; esses pacientes são acompanhados durante um tempo e são monitorados por meio de exames de rotina; é nessa fase também que ocorre a padronização da dosagem (dose ótima e intervalo adequado entre doses); utilizam-se cerca de 100-400 indivíduos durante aproximadamente 3 anos. OBS.: A pessoa que está participando do experimento tem o direito de sair a qualquer momento. - Fase III: É a fase de análise dos grupos comparativos (grupo controle e grupo investigacional) para se ter certeza da efetividade do fármaco; busca pela aprovação da ANVISA para fabricação e comercialização do novo fármaco; a duração desta fase é de aproximadamente 4 anos; o medicamento é dado a um grupo extenso de pacientes para avaliar novamente eficácia e segurança do produto. OBS.: Registro do produto Antes de ser comercializado, o medicamento dever ser registrado de acordo com a legislação sanitária vigente. O fabricante deverá apresentar à agência reguladora (ANVISA) os resultados de todas as fases pré-clínicas e estudos clínicos junto com a descrição dos processos de produção do medicamento. Se a ANVISA estiver de acordo com os dados submetidos referentes à qualidade, eficácia e segurança do medicamento, a autorização para lançamento e comercialização é concedida, e o novo medicamento estará disponível aos pacientes. Desenvolvimento de novos fármacos Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) - Fase IV: Pesquisa pós-comercialização, chamada também de farmacovigilância; esta fase é posterior ao registro e ao lançamento do novo medicamento no mercado; os estudos são essenciais, pois proporcionam a avaliação do uso do medicamento em grandes populações. OBS.: São objetivos desta fase IV Estabelecer o valor terapêutico; avaliar o surgimento de novas reações adversas; confirmar a frequência de surgimento das reações adversas já conhecidas; avaliar as estratégias de tratamento. Joaquim, 47 anos, casado, motorista, procurou o Hospital São Lucas de Paracatu sentindo fortes dores de cabeça. Após avaliação médica, Joaquim foi diagnosticado com hipertensão arterial. O médico prescreveu vários medicamentos de referência e ressaltou que esses são os melhores disponíveis do mercado e que o paciente não deveria substituí-los por nenhum medicamento. Após a consulta, Joaquim procurou a farmácia mais próxima para comprar os medicamentos, porém não conseguiu comprá-los devido ao alto custo. O farmacêutico aconselhou seu Joaquim a substituir os medicamentos de referência por medicamentos similares ou por genéricos, uma vez que esses últimos apresentam o mesmo efeito e são 35% mais baratos. Como o médico não havia recomendado a troca, Joaquim decidiu economizar para comprar os medicamentos no próximo mês. Após 6 dias do ocorrido. Joaquim faleceu por infarto agudo do miocárdio. Interpretações: 1. A conduta do médico foi correta? Não, pois os medicamentos de referência prescritos em nomes comerciais podem ser substituídos por medicamentos genéricos e similares correspondentes. Além disso, o médico deve levar em consideração a condição socioeconômica do paciente. *OBS.: O médico tem direito de prescrever a próprio punho que não permite a intercambialidadedos medicamentos do paciente. 2. A conduta do farmacêutico foi correta? Sim, pois é permitida a troca de um medicamento referência por um genérico ou similar. A intercambialidade é legal quando ocorre de um medicamento referência para um genérico ou similar. 3. Qual a diferença entre medicamento genérico, similar e referência. Medicamento similar: É aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca. Medicamento genérico: É um medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária ou de outros QUADRO RESUMO: Caso clínico Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade. Medicamento referência: É um produto inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no país, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente. Produto Farmacêutico Intercambiável: É um equivalente terapêutico de um medicamento de referência, comprovados, essencialmente, os mesmos efeitos de eficácia e segurança. Farmacologia é a ciência que estuda como as substâncias químicas interagem com os sistemas biológicos. Diferenças entre os seguintes conceitos: - Remédio: Pode ser substância ou recurso/conduta utilizados para gerar alívio ou cura. EX.: Massagem, alimentação saudável, exercícios, viagens, compressa quente, etc. *Um medicamento é sempre um remédio, mas um remédio nem sempre é um medicamento. - Droga: É toda e qualquer substância de origem natural ou sintética, que uma vez introduzida no organismo, modifica a sua função fisiológica com ou sem intenção benéfica. Droga é um termo genérico que serve para classificar substâncias de fins terapêuticos ou recreativos. - Medicamento: É um produto farmacêutico elaborado ou tecnicamente obtido por vários setores, com finalidade profilática (preventiva), curativa ou para fins diagnósticos. *Constituição do medicamento: *Os excipientes são substâncias adicionadas ao princípio ativo para dar cor, sabor, volume e aroma, por exemplo, não tendo qualquer influência no organismo. - Princípio ativo ou fármaco: É uma substância química conhecida de estrutura definida, que uma vez introduzida no organismo apresenta ação terapêutica. EX.: Dipirona sódica, diclofenaco de sódio geram alterações no organismo que visam apenas efeitos terapêuticos. MEDICAMENTO REFERÊNCIA - É também chamado de medicamento inovador porque é um novo medicamento que chega ao mercado. É um medicamento que passou por todas as fases de estudo para ser industrializado. - É um medicamento que tem eficácia e segurança comprovadas cientificamente por estudos. - Possui direito à patente (exclusividade de comercialização) devido aos investimentos altos que são despendidos para produção de um novo medicamento. A patente dura em torno de 20 anos (ANVISA considera suficiente para que haja lucro). Princípios básicos da farmacologia Fármaco (princípio ativo) + excipientes (inativos) = MEDICAMENTO Tipos de medicamentos *EX.: TYLENOL (paracetamol) Composição: Cada mL (14 a 16 gotas) contém 200 mg de paracetamol. Excipientes: Ácido cítrico, água deionizada, aromas (caramelo, aniz/menta, morango), benzoato de sódio, bissulfito de sódio, ciclamatode sódio, corante amarelo, hidróxido de sódio, macrogol e sacarina sódica di- idratada. Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) - Possui nome comercial (marca) que costuma ser utilizada para fidelização do paciente ao laboratório. - Medicamento de alto custo. MEDICAMENTO SIMILAR - O medicamento similar surgiu antes do medicamento genérico. - Só é produzido quando se finda o prazo da patente do medicamento referência. - A fórmula do medicamento referência vai a público quando vence a patente e, por isso, o medicamento similar consiste em uma cópia do medicamento referência. - Pode diferir somente em características relativas a tamanho, forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos. - Tem baixo custo. - Possui marca e, normalmente, é parecida com a marca do medicamento referência. EX.: Voltaren (diclofenaco referência) e Neotaren (diclofenaco similar). *Os medicamentos similares são chamados de medicamentos bonificados, pois há um ganho de comissão na venda deles. *Os medicamentos similares devem obrigatoriamente realizar os testes de bioequivalência/biodisponibilidade em relação ao referência. MEDICAMENTO GENÉRICO - Criado pela lei 9787/99. - É uma cópia que só é produzida quando o prazo da patente do medicamento referência é vencido. - É de baixo custo também. - O preço do medicamento genérico é controlado pelo governo, ou seja, é necessário que o preço do genérico seja pelo menos 35% mais barato do que o referência. - Os medicamentos genéricos devem passar pelos testes de equivalência farmacêutica e de biodisponibilidade/bioequivalência. - Teste de biodisponibilidade/bioequivalência (teste em humanos): Os medicamentos genéricos devem ter o mesmo perfil físico- químico dos medicamentos referências, além disso, os genéricos são testados no organismo humano, visando avaliar o processo de absorção e excreção. As análises comparativas devem sobrepor-se, ou seja, não pode haver distinções de efetividade e segurança. É nesse teste que acontece a análise de sangue e urina de seres humanos com intuito de avaliar a velocidade e a extensão de absorção do princípio ativo por meio de uma curva de concentração/tempo do medicamento na circulação sistêmica. *Ao serem administrados na mesma dose molar e nas mesmas condições experimentais, os medicamentos referência e genérico não apresentam diferenças estatisticamente significativas em relação à biodisponibilidade. - Teste de equivalência farmacêutica (laboratorial): É a comparação dos medicamentos referência e genérico, onde amostras de ambos os medicamentossão mandadas para laboratórios (ex.: Fio Cruz), a fim de haver comparações entre as características dos dois medicamentos. As comparações se relacionam a avaliar se há o mesmo princípio ativo, a mesma quantidade (dosagem) e a mesma forma farmacêutica (comprimido, drágea, solução, suspensão). Porém, os excipientes contidos nos medicamentos genéricos podem diferir dos medicamentos referências, desde que isso não interfira no efeito terapêutico final. *Todos os medicamentos genéricos são autorizados pela ANVISA após recebimento dos laudos de teste de biodisponibilidade/bioequivalência. A ANVISA fornece um registro (de mais ou menos 5 anos), que após o seu prazo de vencimento, isso obriga o laboratório a testar novamente o medicamento genérico. *Não tem nome comercial/marca, ou seja, é comercializado apenas com o nome do princípio farmacológico ativo (DCB). Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 1° ciclo) *O medicamento genérico foi criado com objetivo de aumentar a disponibilidade de medicamentos no mercado. *O medicamento genérico já “nasce” intercambiável com o referência. *Os medicamentos genéricos devem cumprircom as mesmas especificações de qualidade (identidade, dosagem, pureza, potência, uniformidade de conteúdo, tempo de desintegração e velocidade de dissolução). - No âmbito do SUS, as prescrições pelo profissional responsável adotarão, obrigatoriamente, a denominação comum brasileira (DCB) ou, na sua falta, a denominação comum internacional (DCI). - Nos serviços privados de saúde, a prescrição ficará a critério do profissional responsável, podendo ser realizado sob nome genérico ou comercial. RDC 135/2003: O profissional que decidir pela não intercambialidade na sua prescrição, deve efetuar a próprio punho, de forma clara, legível e inequívoca, não sendo permitido outras formas de impressão. - Será considerado intercambiável o medicamento similar, cujos estudos de equivalência farmacêutica, biodisponibilidade/bioequivalência tenham sido apresentados, analisados e aprovados pela ANVISA. RDC 58/2014: A informação a respeito dessa intercambialidade constará na bula do medicamento similar: “MEDICAMENTO SIMILAR EQUIVALENTE AO REFERÊNCIA”. Prescrição de medicamentos genéricos Prescrição de medicamentos similares