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6ºAula Dinâmica dos Movimentos Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • aplicar as equações da dinâmica para explicar e quantificar os diversos tipos de movimento aéreo no reino animal. • entender e quantificar a influência do meio no voo com propulsão dos animais. • entender e quantificar o movimento dos animais utilizando os conceitos de trabalho, energia cinética e potência mecânica. • calcular os resultados dos diversos saltos de humanos por meio da aplicação do princípio da conservação de energia mecânica. Prezados(as) alunos(as), Nesta aula, vamos conhecer e discutir como adquirimos movimento e como a física interfere neste movimento. Estudaremos os voos dos animais e sua propulsão, a relação trabalho, energia e potência, bem como a Física interfere no movimento dos seres humanos. Vamos ver quais são os objetivos e as seções de estudo que serão desenvolvidas nesta aula. Bons estudos! 40Fisiologia Humana e Biofísica Seções de estudo 1- Introdução 2- Dinâmica do movimento aéreo de animais 3- Voo com propulsão 4- Energia mecânica dos humanos ao fazer um salto 1- Introdução Prezados(as) alunos(as), vamos começar nossos estudos relembrando nossa aula anterior sobre movimento. Um corpo ou partícula está em movimento ou repouso com relação a um referencial, então, referencial é algo que possamos defi nir se um corpo está em movimento ou repouso. Também vimos nas aulas passadas a defi nição de movimento, mas não defi nimos o que causa ele. Se um corpo está em repouso em um dado referencial para ele entrar em movimento é necessária uma ação sobre este corpo, a qual denominamos força (F). As Leis de Newton relacionam a massa com a aceleração e às forças que atuam em um determinado corpo. Massa é uma propriedade intrínseca dos corpos, independente da circunstância em que estes estejam, bem como dos agentes externos ou tipo de força utilizado para medi-la. Essa grandeza escalar descreve quantitativamente a ideia intuitiva de inércia de um corpo ou quanto um corpo pode ser acelerado sob a ação de uma força externa. A massa de qualquer corpo é o resultado da comparação com uma massa padrão. No Sistema Internacional de Unidades (SI) a massa é medida em quilogramas (kg) e, no sistema CGS (cm, grama, segundo) de unidades, em gramas (g), tendo-se a equivalência 1kg = 1.000g. Para sistemas biológicos, é sufi ciente considerar que se não existe adição ou eliminação de matéria nesse sistema, a massa permanece constante. O peso P de um corpo com massa m é defi nido como a força de atração gravitacional exercida pela Terra sobre o corpo, ou seja, P = mg (veja a fi gura a seguir). Fonte: http://superbichos.blogspot.com/2013/05/velocidade-maxima-de-voo-de- alguns.html. Acesso em: 20 set. 2020. O produto da força F pelo intervalo de tempo ∆t é conhecido na física como impulso de uma força I. Ou seja: I = F . ∆t e I = pf – pi = ∆p Fonte: https://www.jw.org/pt/biblioteca/revistas/g201211/mergulhao-do-norte/. Acesso em: 20 set. 2020. 2- Dinâmica do movimento aéreo de animais A dinâmica envolvida no movimento aéreo de alguns espécimes (pássaros, morcegos, insetos etc.), quando estão se locomovendo, depende do tipo de movimento (paraquedismo, planeio ou um voo com propulsão) e, evidentemente, do meio onde se realiza o movimento. O paraquedismo e o planeio não são movimentos de voo na forma tradicionalmente conhecida. Esses movimentos resultam do deslocamento do animal no ar, quando ele segue uma trajetória descendente vertical (caso do paraquedismo) ou uma trajetória ascendente e/ou descendente retilínea (caso do planeio). Exemplos de animais que realizam esses movimentos são o sapo voador de Bornéu (paraquedismo), o galeopiteco da Malásia (paraquedismo), a lagartixa voadora (planeio) e o esquilo voador (planeio). A capacidade desses animais para voar deve-se ao patágio, uma espécie de membrana que se desenvolve em determinadas partes de seu corpo e que pode se abrir como asa, funcionando como um paraquedas quando o animal salta de um local para outro. A fi gura abaixo mostra um esquilo voador, com o patágio ligando os membros de cada um dos lados de seu corpo: Fonte: http://zoologicovirtualdokoba.blogspot.com/2016/11/esquilo-voador- japones-anao.html. Acesso em: 21 set. 2020. 41 • Primeira aplicação: movimento de paraquedismo A fi gura a seguir mostra um sapo voador com movimento de paraquedas. A membrana que atua como paraquedas está desenvolvida entre seus membros superior e inferior. Nesse caso, a área efetiva A+ será a projeção da área superfi cial do sapo em um plano perpendicular à direção z do movimento. Fonte: DURAN, José Enrique Rodas. Biofísica: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. • Segunda aplicação: movimento de planeio O movimento de planeio de um animal com massa m seguirá uma trajetória linear que forma um ângulo θ com a direção horizontal. Esse ângulo denomina-se ângulo de planeio. Fonte: https://docplayer.com.br/48211750-Movimento-dos-animais.html. Acesso em: 21 set. 2020. 3- Voo com propulsão Neste tipo de movimento, os animais realizam um trabalho. O voo do animal depende da forma de seu corpo inteiro, da forma de suas asas e da direção de batimento. Em geral, a maioria das aves é voadora, e o tamanho de suas asas é importante na efi ciência de seu movimento no ar. Os animais que voam podem fazê-lo de duas maneiras: batendo as asas ou planando. A fi gura a seguir é uma representação aproximada da forma da asa de uma ave, da mesma maneira que as assas de um avião. Fonte: https://docplayer.com.br/48211750-Movimento-dos-animais.html. Acesso em: 21 set. 2020. Como mostra a fi gura abaixo, para ser mais veloz, a ave vira as bordas frontais na direção do vento, cortando o ar. Para diminuir a velocidade, ela volta a superfície da asa contra o vento, fazendo com que as asas resistam ao ar. A ave em voo, ao agitar suas asas, obtém um impulso maior provocado pelas batidas de cima para baixo. Fonte: https://www.egnews.com.br/manchete/olhos-de-aguia-contando-tudo-da- politica-do-df/. Acesso em: 21 set. 2020. Uma representação bastante aproximada das principais forças que agem sobre uma ave em voo aparece na fi gura abaixo: Fonte: DURAN, José Enrique Rodas. Biofísica: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. A fi gura abaixo mostra: a força R age nos extremos laterais das asas; a força S, orientada para baixo, age no extremo inferior das asas; a força T, orientada para trás, age na parte superior das asas; a força de empuxo E, orientada para a frente, age no extremo inferior das asas. Fonte: DURAN, José Enrique Rodas. Biofísica: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. 42Fisiologia Humana e Biofísica Para ganhar altitude sem utilizar sua energia interna, a maioria dos animais voadores aproveita as correntes de ar. A fi gura a seguir mostra uma águia aproveitando esse tipo de corrente. E outro tipo de corrente muito utilizado pelos animais voadores são as termas. Fonte: https://www2.ibb.unesp.br/Museu_Escola/Ensino_Fundamental/Animais_ JD_Botanico/aves/aves_biologia_geral_voo.htm. Acesso em: 21 set. 2020. 4- Energia mecânica dos humanos ao fazer um salto Queremos relacionar trabalho e energia para uma maior facilidade nas abordagens aos problemas surgidos. Faremos isso, partindo-se da 2ª Lei de Newton aplicada a um corpo de massa (m) e aceleração (a). O móvel desloca-se em MRUV, em que vale a equação de Torricelli e após isolarmos a aceleração, como vimos nas aulas passadas e escreveremos F da seguinte maneira: vf 2 = vi 2 - 2 a (x – x0) e F = m.a Temos: F = m (vf 2 – vi 2) / 2 (x – x0) Para d = x - xi, a distância percorrida entre as posições inicial e fi nal. Sabendo-se que o trabalho é igual a força (F) vezes a distância (d), obtém-se a equação: W = ½ m (vf 2 – vi 2) W = ½ m vf 2 – ½ mvi 2 O termo ½ m v2 é conhecido comoEnergia Cinética – K. Sendo Kf a energia cinética fi nal do móvel e Ki a energia cinética inicial do móvel. Então, podemos escrever: W = ∆K Temos, portanto, a relação entre trabalho e energia, ou o teorema Trabalho-Energia. Energia não tem uma defi nição científi ca efi caz, então podemos dizer que energia é a capacidade de um corpo realizar trabalho. Em todo e qualquer sistema físico conhecido a grandeza energia é sempre conservada, ocorrendo a mudança na forma como a energia se apresenta impondo ao corpo um estado diferente do anterior, não necessariamente visível. • Um corpo encontrando-se a uma altura h é liberado e adquire velocidade (energia potencial gravitacional é transformada em energia cinética); • Uma partícula em velocidade choca-se com uma mola comprimindo-a (energia cinética é transformada em energia potencial da mola); • Um corpo escorrega sobre uma superfície perdendo velocidade (energia cinética é transformada em calor pela ação do atrito); • Um corpo que está sobre uma mola comprimida, após a liberação, adquire uma velocidade vertical (energia potencial da mola é transformada em energia cinética e energia potencial gravitacional). Chamamos a energia conservada no sistema em estudo de energia mecânica E, cujo valor é dado pela soma algébrica das energias cinética K e potencial U para uma equação geral da forma: E = K + U Considere a energia mecânica em dois pontos distintos com valores Ei e Ef, para uma diferença E = K + U = 0, E é uma constante, por haver conservação de energia de modo que a soma das variações das energias cinética e potencial também é nula. ∆K = - ∆U Pelo Teorema do Trabalho-Energia vimos que a variação da energia cinética é igual ao trabalho. W = - ∆U Considerando-se as posições inicial yi e fi nal yf do deslocamento de um corpo, calcula-se o trabalho executado pela força gravitacional como sendo: W = m g (yi – yf) Para a variação de energia potencial teríamos: ∆U = m g (yi – yf) Podemos, então, defi nir a energia potencial gravitacional U como sendo o produto do peso mg vezes a altura y em relação a origem, por exemplo, fazendo-se yi = 0. U = m g y Como havíamos defi nido anteriormente. Unidade de Energia no SI também é o J – Joule Como isso tudo se aplica na velocidade de corrida de animais e no salto do ser humano? O trabalho realizado pelo conjunto de músculos da pata do animal será: Fm·d, onde Fm é a força exercida por esse conjunto de músculos e d, a distância média que os músculos se contraem. A fi gura abaixo mostra um felino perseguindo uma presa; durante a corrida, ele dobra a coluna vertebral, colocando as patas traseiras na frente das dianteiras, o que possibilita que ele mantenha sua velocidade. 43 Fonte: http://globoesporte.globo.com/atletismo/corrida-de-rua/noticia/2011/08/ grupo-unido-organizado-e-veloz-conheca-historia-dos-ghepards.html. Acesso em: 21 set. 2020. Na corrida, quando suas patas fi cam juntas, ele dobra a coluna para cima e, em seguida, seu dorso se curva para baixo, enquanto as patas posteriores projetam o corpo para a frente. A resistência do ar interfere no salto de um animal e a altura alcançada depende muito do tamanho deste. Entretanto, é comum encontrar grandes diferenças entre os saltos de animais que têm tamanhos muito próximos. Fonte: DURAN, José Enrique Rodas. Biofísica: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. Uma relação empírica que permite caracterizar um salto é: Comparado com os animais corredores, o humano não é um corredor efi ciente. A velocidade máxima em uma corrida é da ordem de 10,4 m/s. No caso dos humanos, os saltos executados por eles são normalmente feitos de duas maneiras: • um simples salto vertical, ou seja, um salto a partir de uma posição de repouso; • ou um salto que exige uma corrida prévia, como no caso do salto com vara ou do salto de altura, muito comuns em competições esportivas. Toda vez que um animal está voando, seus músculos realizam um trabalho por unidade de tempo, ou seja, eles desenvolvem uma potência mecânica. Isso é consequência do consumo de sua energia química disponível. O consumo dessa potência durante o voo em função da velocidade do animal pode se dar de três maneiras: • Potência induzida (Pi); • Potência parasita (Pp); • Potência de contorno (Pc). Quando o salto vertical é realizado, a variação da energia potencial gravitacional é dada por m·g(hsv + d), onde hsv é a altura que se eleva o centro de massa (CM) e d é, aproximadamente, a distância entre os centros de massa do corpo inteiro e dos joelhos na posição ortostática. Para realizar um salto em altura, um atleta deve antes adquirir energia cinética. Para isso, ele corre antes de realizar o salto. A equação abaixo permite estimar o valor mínimo da velocidade do atleta ao iniciar o salto. Fonte: HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos da física: Mecânica. Chegamos, assim, ao fi nal de nossa aula. Espera-se que agora tenha fi cado mais claro o entendimento de vocês sobre Dinâmica dos Movimentos. Vamos recordar alguns pontos importantes que foram discutidos? Retomando a aula O trabalho, a energia cinética, a energia potencial e a potência são importantes grandezas físicas. O Teorema Trabalho-Energia Cinética é uma importante relação derivada das leis de Newton aplicadas a uma partícula. A soma das energias cinéticas e potencial de um sistema é chamada de energia mecânica total e pode ser expressa matematicamente da seguinte maneira: Emec = K + U Se nenhuma força externa realiza trabalho em um sistema e se as forças internas que realizam trabalho são todas conservativas, a energia mecânica total do sistema permanece constante, ou seja: Emec = K + U = constante Kf + Uf = Ki + Ui A energia total do universo é constante. A energia pode ser convertida de uma forma para outra ou transmitida de 44Fisiologia Humana e Biofísica uma região para outra, mas a energia não pode ser criada nem destruída. Vimos que todas as leis da Física, bem como, a própria natureza interfere nos voos dos animais, em suas corridas e suas formações facilitam seus movimentos. BAUER, Wolfgang. Física para Universitários: relatividade, oscilações, ondas e calor. v. 2. Porto Alegre: AMGH, 2013. DURAN, José Enrique Rodas. Biofísica: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos da física: Mecânica 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. Vol. 1. MÁXIMO, Antônio; ALVARENGA, Beatriz. Curso de Física. São Paulo: Scipione, 2000. TIPLER, Paul Allan; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica; tradução Fernando Ribeiro da Silva, Gisele Maria Ribeiro Vieira. v. 1. Rio de Janeiro: LTC, 2006. Vale a pena ler Vale a pena Ensino de Física On-Line. Disponível em: http:// efisica.if.usp.br/. Acesso em: 01/05/2017. Notas de Aulas de Física. Disponível em: http://www. fisica.ufpb.br/~romero/port/notas_de_aula.htm. Acesso em: 01/05/2017. Vetores de Forças. Disponível em: http://www.eletrica. ufpr.br/ufpr2/professor/49/TE224/Aula%202%20 Vetores.pdf. Acesso em: 16/05/2017. Física Universitária – Mecânica. Disponível em: https://www.youtube.com/playlist?list=PL1Dg4Oxxk_ RL2fV9pwNUHtZTul6S6iRLq Acesso em: 26/07/2007. Biofísica e Física Médica. Disponível em: https:// portal.ifi.unicamp.br/pesquisa/temas-de-pesquisa/ biofisica-e-fisica-medica. Acesso em: 01/07/2020. Movimento dos Animais. Disponível em: https:// midia.atp.usp.br/plc/plc0002/impressos/plc0002_12.pdf. Acesso em: 01/07/2020. Vale a pena acessar Minhas anotações
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