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01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 1/57 Educação de jovens e adultos e a diversidade Prof. Ricardo Luiz da Silva Fernandes false Descrição O debate sobre a educação popular, as políticas públicas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) voltadas à diversidade e à inclusão e a participação dos movimentos sociais. Propósito Ao estudar a educação popular e pensar sobre os sujeitos da EJA em nosso país, podemos fortalecer as estruturas coletivas que buscam a superação dos limites evidenciados no ensino regular. Objetivos Módulo 1 EJA e a educação popular Analisar o impacto da ausência da EJA na BNCC. Módulo 2 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 2/57 Diversidade Reconhecer a diversidade como princípio norteador da EJA. Módulo 3 Inclusão e tecnologia Relacionar a inclusão dos estudantes dessa modalidade com as práticas avaliativas e novas tecnologias na EJA. Qual é a relação entre a EJA e a educação popular? Você já pensou sobre isso? Caso ainda não tenha pensado, vamos conversar sobre as participações dos movimentos coletivos pela educação em nosso país e o papel popular da Educação de Jovens e Adultos. Não podemos ignorar os limites existentes na educação regular e nos sujeitos que precisam ser incluídos numa outra modalidade de ensino. Refletiremos juntos sobre a ausência da EJA na BNCC, sobre o papel da diversidade nessa modalidade de ensino, os aspectos inclusivos das avaliações externas e os impactos das novas tecnologias. Introdução 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 3/57 1 - EJA e a educação popular Ao �m do módulo, você será capaz de analisar o impacto da ausência da EJA na BNCC. Educação para o povo Vamos começar conhecendo o conceito de educação popular. Ele vai aparecer algumas vezes aqui e é bom ouvir os professores Rodrigo Rainha e Nathália Serenado. A pergunta provocada na introdução precisa circular na sua cabeça durante toda a nossa conversa. Quem sabe assim possamos em conjunto construir uma resposta possível. Qual é a relação entre a EJA e a educação popular? O desafio que faço a vocês é que construam comigo uma trajetória reflexiva e que nos seus movimentos de 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 4/57 tentativa de responder à pergunta central, o lugar da EJA na BNCC, você pense sobre os seguintes pontos: Os sujeitos que são público-alvo dessa modalidade de ensino O contexto sociopolítico da educação fundamental no Brasil O silenciamento histórico de milhares de sujeitos dos processos educativos É importante para o nosso processo de reflexão saber que cada um tem suas experiências pessoais. Portanto, abrimos aqui um momento para um relato, a fim de que possa aproximar as suas histórias de tantas outras. As minhas lembranças sobre educar jovens e adultos começaram muito cedo, na infância, convivendo cotidianamente com minha avó analfabeta, que sabendo o lugar da educação e o vazio que ela pode gerar nos sujeitos, decidiu formar três filhas professoras e duas enfermeiras. Lembro de todas as conversas que tivemos e muitas delas eram sobre a ansiedade de vivenciar os seus netos sendo alfabetizados e concluindo seus estudos, e ela sabendo apenas assinar seu primeiro nome. Foram muitas as situações de constrangimento que presenciei ao lado dela, e numa oportunidade muito especial, uma de suas filhas ingressou como professora do Programa Alfabetização Solidária. Vovó venceu o constrangimento e foi muito além da escrita de seu primeiro nome. Eu, ainda criança, frequentava as classes do programa, atuava como uma espécie de professor assistente e vivenciava as descobertas de leitura e de escrita por minha avó e suas amigas. (Experiência do autor) 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 5/57 O ensino de adultos passa, além de suas técnicas, pelo entendimento de uma arqueologia profunda do seu significado social. Vamos fazer uma aliteração, de arqueologia. Vamos cavar profundamente as raízes da exclusão e seus impactos, uma nova forma de fazer arqueologia, no sujeito e nos artefatos dolorosos e perdidos. O fato de não poder ler por precisar trabalhar, depois os problemas sociais da vida adulta e, agora, na reconstrução desse universo da leitura. Uma arqueologia que será constituída no coletivo, no encontro com seus pares. Um universo de leitura e escrita que se dará pelo encontro com os interesses dos outros e na identificação de seus próprios. Assim, seu universo arqueológico de leitura será pautado pela experiência e na possibilidade de superar o papel decodificador da leitura. Vamos retomar aqui alguns conceitos, partindo de sua reflexão sobre a EJA e do relato que trago sobre as narrativas de vovó nesta modalidade de ensino: A EJA é uma ação coletiva de reparação social, de caráter biográfico e arqueológico dessa modalidade de ensino e com uma importância de valorizar os coletivos sem silenciar as subjetividades. Ao trazer esta experiência, pretendo enfatizar o quanto a alfabetização e a Educação de Jovens e Adultos faz parte de nossa vida. Sabemos que o percentual de pessoas analfabetas em nosso país ainda é elevado, mais de 6%, de acordo com o IBGE. Apesar dessa taxa ter caído levemente, o Brasil ainda possui 11 milhões de analfabetos. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 6/57 IBGE De alguma forma, alguns desses sujeitos de 15 anos ou mais permeiam as nossas relações pessoais ou profissionais e são cotidianamente alijados dos processos de ensino na idade certa. Re�exão Convido vocês a, neste momento, pensar no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em nosso país. Em que momentos de sua vida você ouviu falar de pessoas que foram acolhidas por essa modalidade de ensino? Que memórias ou questionamentos você possui a respeito? Faça breves anotações em um bloco de notas e tente identificar suas primeiras reflexões. O silêncio da EJA na Base Nacional Comum Curricular Como podemos pensar que a BNCC em sua constituição ignora mais uma vez 11 milhões de brasileiros? BNCC A Base Nacional Curricular Comum, compreendida como um conjunto de conhecimentos e habilidades essenciais que cada estudante brasileiro deve aprender nas diferentes etapas da Educação Básica, está prevista na Constituição Federal de 1988, na LDB de 1996 e na meta 7 do PNE de 2014, quando esta indica a obrigatoriedade do fomento à “qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem”. Um documento que pretende orientar e conduzir as ações educacionais em todo o Brasil reforça o mesmo abandono e repete os processos de negação desses sujeitos? Na tentativa de respondermos o porquê do silenciamento da EJA, convido vocês a analisar cada uma das competências gerais da BNCC e refletir comigo sobre os processos de negação do público-alvo da EJA. Uma oportunidade de empurrar milhares de estudantes para a modalidade escondendo-os como poeira para debaixo dos tapetes e maquiar os resultados da educação regular. Mas, antes de tirarmos conclusões, vamos olhar para as competências gerais da BNCC para refletir sobre o (não) lugar da EJA: Competência 1: Conhecimento 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 7/57 Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedadejusta, democrática e inclusiva. Quais são os conhecimentos historicamente construídos por esses sujeitos que são público-alvo da EJA? Os movimentos de ingressar no ensino fundamental e sair por questões múltiplas, que, muitas vezes, dizem sobre os impactos sociais, e ou, o não direito de ingressar por falta de oferta ou pela atração oferecida pelo mercado de trabalho, podem trazer uma série de contribuições para os processos históricos da educação. Ao ignorar esses sujeitos e seus processos, a BNCC não atenta para os limites de suas atuações e não se posiciona sobre os sujeitos deixados para trás na busca constante por uma qualidade da educação. Não podemos pensar na construção de uma sociedade justa sem fornecer um subsídio para a permanência de todos os alunos no ensino regular e oferecer uma diretriz pautada no debate coletivo daqueles que, em casos extremos, precisem ser alvo da EJA. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. Vamos retomar, na análise desse ponto, “a necessidade de uma senhora e de suas amigas de escreverem seus nomes.” Ao querer participar de movimentos, que para muitos são simples, assinar seu próprio nome, estamos falando de uma tentativa de demarcar as suas identidades. Deixando sua marca nos documentos regulares das relações sociais e de não ser mais um sujeito que não compreende os canais de comunicação escritos. Neste exemplo, a curiosidade intelectual é: por que milhões de brasileiros são cotidianamente negados a esse direito, porque a EJA, enquanto espaço de (re)inserção desses alunos, não pode ser pensada sob esse viés científico e reflexivo? Nesse movimento de inserir os excluídos pelo ensino fundamental num processo de análise crítica, a Base teria que contextualizar os movimentos históricos de exclusão social, racial, política, ambiental, de gênero e muitas outras. O (não) lugar é uma tomada de posição nesse cenário, uma que ignora os fluxos constantes de exclusão e que delega aos outros seus possíveis “fracassos”, e não as políticas Competência 1: Conhecimento Competência 2: Pensamento científico, crítico e criativo 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 8/57 públicas. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. Vamos a um momento de perguntas: Quem são os sujeitos da EJA? Seríamos levianos em definir e delimitar, ignoraríamos suas histórias de vida e construiríamos um padrão etnocêntrico pautado no olhar limitado sobre os outros. Mas esse movimento de não caber num padrão está dentro das competências da BNCC? Ao propor uma valorização da diversidade cultural, estamos pensando nos movimentos de contracultura? Uma cultura formada por corpos silenciados e negligenciados de diversas maneiras pelo poder público? Os corpos da EJA produzem cultura e artes, mas essa arte está inserida no olhar linear e limitado da Base? Podemos, juntos, dizer que não, ela não está disposta a romper com um olhar padronizado das experiências culturais vivenciadas nos espaços escolares. Existe um debate: a EJA estaria chegando a seu fim. Cada vez mais pessoas passariam pelo ensino regular e os números dessa modalidade pouco a pouco passariam a ser desnecessários. Realmente, a educação formal nesse sentido tem diminuído, mas por que tantos projetos de educação popular ganham força? Será que as políticas públicas estão em divórcio com os anseios populares mais surdos, menos vistos? Vamos investigar. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. Podemos falar agora na polifonia da EJA: muitas dessas vozes são cotidianamente silenciadas. Seja num ingresso tímido no ensino fundamental e no silenciamento gerado pela exclusão, em diversas situações já ouvi a expressão: “Estamos apenas esperando esse aluno completar quinze anos para não ser mais nosso problema”! Falas que foram direcionadas a alunos com dificuldade de relacionamentos na comunidade escolar, público-alvo da educação especial, ou que apresentavam Competência 3: Repertório cultural Competência 4: Linguagem 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 9/57 questões sociais. A escola, assim como a Base, não está disposta a construir uma comunicação direta com esses sujeitos. Existe um senso comum de que o ensino na idade certa não é o lugar desses alunos e que na EJA eles poderão ser acolhidos, como se a espera pela exclusão fosse um movimento natural e legítimo. Como ouvi em algumas situações: “Aqui ele não cabe, precisa ir para o noturno ver como a vida é, ou no período da tarde estudar com os jovens que pensam como ele, aí ele vai aprender”. A BNCC deveria proteger todos os que são direcionados dessa maneira para o programa EJA e orientar para o respeito ao espaço-tempo de aprendizagem, a continuidade da vida escolar e a ampliação dos lugares de aprendizagem (precisamos compreender que a escola não é o único agente da sociedade que educa, a comunidade e as experiências dos alunos precisam estar evidenciadas nos currículos). Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Talvez o próximo nos permita retomar o distante. Vamos retornar à primeira experiência relatada com a EJA, uma das lições que foram aprendidas: a de valorizar o papel e a escrita. Os relatos sobre a relação com a EJA apontam para o destaque da importância de deixar sua marca. Isso nos dá tantas ideias... Dá para voltar ao Egito. Lá alguém morria quando não era mais lembrado, quando suas marcas não estavam mais nas paredes dos templos – lugar de sacerdotes e faraós, lá era o lugar da eternidade e, aos mais pobres, o sonho de como servos servirem à eternidade ou estarem fadados ao eterno esquecimento. Um faraó mal quisto tinha seu nome apagado como forma de punição. Juntar essas experiências nos faz entender que, nesse movimento de retorno à educação, ou, para muitos, o ingresso inicial, mais que tudo, a oportunidade de viver o mundo letrado parece ser importante. Ela valorizava a escrita física como uma tecnologia e em toda a rede de conhecimentos que manipulamos ao escrever uma simples palavra. Na busca por uma qualidade mensurável, estatística, a BNCC recorre mais uma vez ao olhar para um futuro que ignora o passado e não observa o presente. A reflexão precisa ser feita, sim, mas não apenas para uma parcela da população que segue o fluxo etário, mas todos que foram/são alijados da oportunidade de seguir esse fluxo e continuar seus processos educativos. Qual o currículo que deve ser pensado para a EJA e de que maneira um currículo pensado com a Competência 5: Cultura digital 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 10/57 orientação da BNCC não suprimiria os afetos, as autorias e o protagonismo? Minha avó valoriza a escrita e esse movimento pode ser deslegitimado em prol de um projetopautado na tecnologia e na redução do que é considerado ultrapassado? As escolhas, as metodologias, os interesses devem ser coletivos e centrados nos interesses dos alunos. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Lidar com educação popular é viver a crise do mundo do trabalho. Trabalho para núcleos populares, para pessoas historicamente sem possibilidade, é reparação histórica. Vou apresentar o caso de um de meus alunos, que estava numa turma de ensino regular e que não conseguia concluir seus estudos devido às dificuldades de aprendizagem e a diversas questões sociais. Daniel é você, é alguém que você conhece, Daniel está por aí todos os dias. • Veja também o vídeo com o exemplo do Daniel, logo após a apresentação das competências Daniel estava ansioso para conseguir um emprego e acreditava que essa seria sua passagem para o mundo adulto, na sua cabeça o trabalho era uma maneira de fugir do ciclo da pobreza. Numa de nossas conversas, ele disse: “Professor, já estou aprendendo a ler e a escrever, tá sendo mais fácil este ano, mas acho que isso tudo não é para mim!”. Aquele seria seu último ano, ele demostrava diversas insatisfações por estar crescendo e a todo momento perceber o fluxo das turmas, os colegas passavam e ele continuava na mesma série. Por mais que eu conversasse com ele sobre o direito de ele estar naquele lugar e que nós enquanto professores deveríamos oferecer um ensino adaptado à sua realidade, ele demonstrava constrangimento e uma sensação de não pertencer àquele espaço. O trabalho, estudar no turno da noite e poder virar um adulto, era, naquele momento, sua ambição e, de certa forma, o sistema educacional fortalecia esse sentimento. Ele não compreendia o mercado de trabalho e não o fazia porque lhe fora negada uma relação própria com esse mundo, e era atraído a ocupar um lugar que não seria centrado na reflexão. O que fazer com Daniel? Em um ensino regular, alguns professores conversaram sobre a relação desigual do mercado de trabalho, sobre a escola ser, sim, seu espaço legítimo. Competência 6: Trabalho e Projeto de vida Competência 7: Argumentação 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 11/57 Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. Existe um interesse em que todos, repito, todos os alunos do ensino fundamental saibam e consigam formular argumentação? Ao olhar para a Base em como o ensino mecanizado e instrucional forma uma massa que não consegue realizar a leitura de informações básicas em seu cotidiano ‒ o que favorece diretamente a construção de uma comunicação social que não dá espaço para a inferência de informações e que já aponta respostas para as questões sociais. As notícias, as propagandas e o modo de ser são elaborados e interpretados pelos produtores de conteúdo. Ao precisar, por diversos motivos, escolher entre estudar e atuar como mão de obra no mercado de trabalho, podemos dizer que esse sujeito manteve o seu direito de autocuidado? Ou, ao ocupar postos de trabalho, com baixa remuneração, em empreendimentos que não respeitam as questões socioambientais por falta de alternativa e não poder estabelecer uma comunicação com suas lideranças sobre os impactos sobre sua vida e de sua comunidade? A Base, ao ignorar a EJA, toma partido nas relações sociais e deixa evidente que seu papel não é oferecer a qualidade de vida para os milhões de estudantes de nosso país, mas engessar o lugar dos alijados socialmente e fornecer um coletivo de trabalhadores. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. Esta é uma das competências que mais chamou a minha atenção, sobretudo, pensando nos impactos da saúde física e emocional dos alunos que não conseguiram seguir o fluxo regular de escolarização. Numa de minhas conversas com uma educadora da EJA, ela demostrava a sensação de segurança que muitos alunos construíam em sua sala de aula, o senso de coletividade era intenso e as relações interpessoais eram construídas de maneira respeitosa. Mas por que esses sujeitos só encontraram suas seguranças numa sala de aula da EJA? Nesse (entre) lugar, uma sala de aula onde não existe a pressão pela qualidade protagonizada pela Competência 7: Argumentação Competência 8: Autoconhecimento autocuidado 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 12/57 BNCC, a pressão por concluir os estudos na idade certa, muitos sujeitos perceberam que suas identidades não seriam silenciadas. Ao entender o tempo não como um fator limitador e perceber que suas questões sociais e emocionais não seriam negligenciadas em detrimento de um fluxo, existiu a possibilidade do encontro e da construção de outros mecanismos de aprendizagem, muitas vezes pautados no afeto. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. A lógica dos anos de escolaridade da BNCC prevê a construção das aprendizagens de uma forma espiralada, em que, a cada ano, existirão conhecimentos determinantes para os seguintes, com a construção de uma rede de dependência que não possibilita espaços de retomada. Todo esse processo, esse fluxo, está conectado diretamente a uma angústia coletiva por um resultado, que deverá gerar um trabalhador apto a ocupar seu posto no mercado de trabalho. Como podemos pensar numa construção de aprendizagem empática se em cada ano de escolaridade o aluno deverá cumprir com um roteiro, um script que deverá estar alinhado às ambições socioempresariais? Ao estabelecer um sujeito ideal, que deverá estar pronto ao final do ensino médio, como poderemos construir um diálogo e uma negociação sobre o modelo esperado pela Base? Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. O último ponto trata de cooperação, responsabilidade e tomada de decisões. Mas voltamos para os nossos sujeitos da EJA. A sua ausência na Base corresponde a essa competência e, ao ignorá-los, estão incoerentes com suas competências gerais. A palavra ansiedade reforça o sentido geral da BNCC. Uma ansiedade por resultados, por construir modelos e por não observar aqueles que estão Competência 9: Empatia e cooperação Competência 10: Responsabilidade e cidadania 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 13/57 apagados em seus processos de aprender e ensinar. Exemplo da competência 6: Trabalho e projeto de vida A vida do meu aluno Daniel Quantos alunos iguais ao Daniel existem por aí? Com quantos você esbarrou? Isso se repete cotidianamente com muitos jovens e adultos que percebem no trabalho uma alternativa aospercalços vividos durante sua vida escolar. Percebemos uma visão equivocada de que o trabalho oferece aos alunos uma sensação de emancipação e de garantia de direitos. Mas será que todos os alunos da EJA conquistarão seus objetivos nesse mercado? Na análise das competências gerais, conseguimos refletir sobre a negação da EJA na BNCC, o que demarca um equívoco conceitual. Toda a sua redação deveria ser pautada na centralidade da educação popular, no reconhecimento dos limites de oferta e das políticas públicas do ensino fundamental e na (re)inserção dos sujeitos ausentes dos bancos escolares. Ao mirar no resultado e na qualidade, a Base não faz uma reavaliação de seus hiatos e não se propõe a uma leitura crítica dos processos históricos de segregação da educação brasileira. Acredito que a BNCC perdeu a oportunidade de convidar os movimentos sociais e a sociedade civil para pensar nos impactos das exclusões sociais e observar a EJA como um espaço de legitimação de novas oportunidade educacionais. Não conseguiremos entender a educação básica do País sem ler as trajetórias daqueles que foram convidados a procurar um outro lugar para sua formação e alfabetização. O pássaro Sankofa e a educação de jovens e adultos Olhar para o passado, viver o presente e planejar o futuro, esta é a lição! O passado da educação brasileira começa na inserção de um idioma que deveria superar todos os outros, os já falados pelos povos originários e os trazidos pelos povos da diáspora africana. Os mais otimistas dirão que a língua portuguesa é como um bom feijão, que mistura ingredientes 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 14/57 improváveis para formar um sabor inenarrável. Mas podemos negar o papel catequizante na educação colonial e na exclusão vivenciada pelos milhares de escravizados? Esse é o nosso passado, que também contou com a ação dos quilombolas, abolicionistas e os milhares de militantes da educação popular. Não temos um passado calado, salve Paulo Freire! Mas, no presente, ainda temos milhares de pessoas que não foram alfabetizadas, adultos que foram empurrados para atuar como mão de obra barata e os desejos do patrão aceitar. Hoje, na BNCC, não estamos descritos, mas os fóruns de EJA, os professores, os movimentos sociais e as universidades estão atentas para uma inserção ou não, será que o nosso futuro cabe numa espiral? Eu acredito que não, pois a forma de aprender e ensinar da EJA é em roda, na troca e na quebra do linear. Vamos manter o pássaro Sankofa em nossa visão? Em suas atuações, pense no impacto do passado, não como limitador. O futuro como um projeto coletivo transformador! E, no presente, como resultado de sua leitura do tempo e de tudo que você a cada segundo conquistou. Mão na Massa Questão 1 No início de nossa conversa, você foi convidado a refletir sobre a ausência da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na BNCC. Escolha, dentre as opções abaixo, uma que represente a necessidade de refletir sobre essa exclusão: A Reforçar que a BNCC não precisa se preocupar com a EJA. Pensar nos processos de exclusão de milhares de brasileiros do ensino regular na idade 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 15/57 B e sa os p ocessos de e c usão de a es de b as e os do e s o egu a a dade certa. C Entender que não é papel da BNCC construir uma base que oriente e formule políticas para a EJA. D Superar os debates do movimento social e reforçar que a EJA realmente não cabe na BNCC. E Propor uma reflexão coletiva que oriente a atuação dos profissionais de educação para negarem a EJA na BNCC. Parabéns! A alternativa B está correta. A reflexão proposta é um convite para problematizar a ausência dessa modalidade de ensino e seu silenciamento na Base Nacional Comum Curricular, além de destacar o alijamento da EJA. Questão 2 Ao ingressar numa turma de EJA, os estudantes podem revisitar suas memórias e encontrar novas relações de afeto com o mundo da leitura. Nessa nova experiência com a escola, podemos dizer que: A Não poderão reconstruir sua arqueologia da leitura, seus movimentos foram parados no ensino regular. B A leitura será prejudicada e nunca mais será possível construir um movimento de arqueologia. C Todos precisam aprender a codificar os códigos de leitura sem preocupação com a construção de uma arqueologia. D Será uma nova oportunidade de rever suas memórias do passado e construir uma arqueologia da leitura de maneira positiva e crítica. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 16/57 E Esse movimento será limitado e pautado pela negação de uma vida escolarizada. Parabéns! A alternativa D está correta. Na EJA, os estudantes poderão fazer uma leitura crítica de suas primeiras tentativas de ingressar no universo da leitura e restabelecer uma arqueologia da leitura que seja pautada nas novas experiências que serão construídas nessa modalidade de ensino. Questão 3 Numa sala da EJA, foi escrita pela professora a palavra “coletivo”. Nesse momento, as histórias de vida começaram a se encontrar. Numa turma que começava com alunos de 15 anos e com trajetórias distintas, eles entenderam que aquele lugar, aquela sala, era um espaço de todos. Quando a BNCC silencia esse aspecto da EJA, podemos dizer que: A Ignora os aspectos reparadores da EJA, em compreender o papel da educação pelos pares e na coletividade. B Reforça que esse não é o papel da EJA, pois ignora o processo de formar para o trabalho. C Supera a atuação da EJA, destacando o ensino regular. D Fortalece a BNCC em seu papel centralizador de um ensino de prioridades. E Inclui milhares de estudantes que estão na idade certa, afinal esses que estão na EJA já tiveram suas oportunidades. Parabéns! A alternativa A está correta. A EJA possui um aspecto reparador da experiência educacional e a BNCC ignora o papel do coletivo ao não incluir essa modalidade em seu texto. Questão 4 Carlos estava cansado de ser reprovado, as aulas não eram mais de seu interesse e os colegas não 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 17/57 aceitavam sua participação em atividades coletivas. As professoras já contavam os dias para que ele completasse quinze anos e diziam que aquele não era mais o seu lugar. Carlos ainda queria continuar naquela escola, mas sentia que aquele não era o seu lugar. Ao não incluir a EJA, podemos dizer que a BNCC contribui para o processo de exclusão de Carlos do ensino regular? A Sim, esse é o papel que a BNCC deve cumprir. B Não, o aluno do exemplo deve ser encaminhado para EJA, pois não consegue mais estudar no ensino regular. C Sim, mas é necessário fazer um filtro entre os que podem ou não terminar a educação na idade certa. D Não, a culpa está nas escolas e na vulnerabilidade social desses alunos. E Sim, ao colocar a educação regular num lugar de privilégio negando uma proposta de reparação social. Parabéns! A alternativa E está correta. A BNCC não propõe uma reflexão crítica sobre o público-alvo da EJA e dos movimentos cotidianos de exclusão de milhares de estudantes do ensino regular. Questão 5 As falas representadas no esquema abaixo foram coletadas em diferentes conselhos de classe do ensino regular. Qual a relação entre essas falas e a ausência da EJA na BNCC? 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 18/57 A Na leitura da competência geral da BNCC, notamos uma contradição entre o que ela propõe e o que é vivenciado nas unidades escolares; na busca por um modelo de qualidade, milhares de alunos são empurrados para a EJA. B É normal que estudantes sejam direcionados para a EJA, esse movimentoé necessário para a qualidade da educação. C A BNCC não propõe essa separação, seu texto reforça a diversidade dos alunos e não é preciso citar a EJA com uma parte específica sobre essa modalidade. D Não existe relação, os problemas sociais existem há muito tempo em nosso país e o ensino regular não deve ser um lugar para todos os sujeitos. É preciso manter o Ensino Fundamental apenas para os melhores. E Não existe relação, os profissionais estão apenas separando os alunos e direcionando aqueles que não possuem perfil para a EJA. Parabéns! A alternativa A está correta. Ao estruturar o ensino regular e pensar numa concepção de educação espiralada, a BNCC não faz uma leitura crítica dos alunos que não serão atendidos por essa proposta. Além disso, não se propõe a romper com as estruturas clássicas de exclusão presentes nas escolas. Questão 6 A BNCC propõe a construção de um currículo que integre os alunos ao mercado de trabalho. Podemos dizer que esse desejo serve para? Atender somente às demandas do mercado de trabalho pelos melhores profissionais 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 19/57 Teoria na prática Ao longo deste módulo compartilhamos experiências acerca da educação popular. Faço agora um convite a vocês, a partirem de suas anotações ou a utilizar o exemplo que trouxe para nosso diálogo e pensar no impacto do silenciamento dessas histórias de vida na BNCC. Ao ignorar a EJA e, principalmente, ao não fazer uma leitura crítica dos diferentes processos históricos de evasão escolar e da necessidade de retomar os estudos, a BNCC contribui para o apagamento dessas histórias? Não responda ainda. A minha proposta é que você escolha o nome de uma pessoa que terminou ou que A Atender somente às demandas do mercado de trabalho pelos melhores profissionais, excluindo os não capacitados. B Criar uma pré-seleção e deixar claro quem não consegue atuar nos postos de trabalho. C Fortalecer os processos de exclusão do público-alvo da EJA e nos movimentos de expulsão de mais alunos do ensino regular. D Ensinar nas escolas como é ser um trabalhador ideal. E Eliminar os que não conseguirão cursar o ensino regular de uma única vez. Parabéns! A alternativa C está correta. Ao integrar a formação escolar regular, a construção de um tipo ideal de aluno ao final do ensino médio, a BNCC exclui os alunos que sofreram com os movimentos de abandono escolar, ignora os diversos motivos e delega a eles um lugar de fracasso, o que gera cotidianamente, em contradição direta com as suas competências gerais, a expulsão de milhares de alunos para a EJA. _black 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 20/57 ainda cursa seus estudos na EJA e faça um acróstico, contando um pouco de sua trajetória. Você também pode utilizar o nome de um estudante que ainda não conseguiu retornar para a escola ou utilizar o nome de minha avó, Alzira. Para cada uma das letras do nome, escreva uma palavra ou uma frase e crie um texto que traga a legitimidade das histórias de vida dessas pessoas para a educação de nosso País. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A diretora de uma escola da EJA, preocupada com a mudança etária dos novos alunos, decidiu fazer uma reunião com os professores para dialogar sobre o ingresso massivo de alunos mais jovens nas turmas. Podemos dizer que esse exemplo possui uma relação com a ausência da EJA na BNCC? A Sim, a visão linear exclui milhares de alunos ao impor um espaço-tempo de aprendizagem centrado no resultado. B Sim, essa é uma orientação da BNCC e está nas competências gerais. C Não, a base não estimula esse movimento e inclui todos os alunos e modalidades de ensino em seu texto, inclusive a EJA. D Não, essa realidade é particular dessa escola e sabemos que o número de evasão escolar e de analfabetismo é quase nulo em nosso país. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 21/57 E Sim, ao não incluir a EJA na BNCC, as políticas públicas esperam intencionalmente separar os bons alunos dos que possuem rendimento baixo. Parabéns! A alternativa A está correta. A proposta de BNCC de produzir um aluno apto ao mercado de trabalho insere na educação regular uma pressão por um desenvolvimento pedagógico linear. Questão 2 A Educação de Jovens e Adultos é uma iniciativa popular e coletiva. As práticas e os currículos são pautados nas narrativas e nas histórias de vida dos discentes. Qual o impacto direto da ausência desse currículo coletivo na BNCC? A Precisamos entender que o currículo precisa ser etnocêntrico, pautar a cultura da maioria. A modalidade EJA atende poucas pessoas e não pode determinar o crivo para todo o ensino regular. B Não existe impacto, as escolas precisam se concentrar em resultado, nas metas e nas avaliações externas. C O impacto direto é na efetivação de currículos lineares no ensino regular que vão continuar excluindo milhares de alunos. Olhar para a EJA seria uma possibilidade de pensar a educação como um espaço de construção coletiva e popular. D Precisamos de um currículo do Brasil, algo que nivele a educação, que gere mais emprego e mão de obra. A educação popular não responde a essa demanda. E O currículo coletivo é um currículo único, que nos forneçam condições de ir bem nas provas e formar bons alunos, não percebo impacto nenhum! Parabéns! A alternativa C está correta. Olhar para os sujeitos que foram excluídos da educação regular seria uma oportunidade de rever 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 22/57 2 - Diversidade Ao �m do módulo, você será capaz de reconhecer a diversidade como princípio norteador da EJA. Diversidade na EJA: valorizando os diferentes saberes Ser educador popular Assista agora a uma conversa entre os professores Rodrigo Rainha e Nathália Serenado sobre suas experiências como educadores populares. as diretrizes das políticas públicas em educação. No movimento de ignorar as historicidades desses sujeitos, o ensino continua fomentando as evasões e criando entrelugares na educação. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 23/57 Vamos entrar no clima! O que é ser um educador popular? Não podemos começar nossa fala sem propor mais uma vez uma reflexão: De que maneira o tempo e o espaço de aprendizagem dos alunos da EJA são construídos? Ao propor essa reflexão, você pode pensar na relação entre o tempo e o espaço em que se aprende com a diversidade, será que existe? Pare um pouco para refletir sobre isso, pode ser construído um mapa mental em que esses conceitos constroem um encontro. Pretendemos dialogar neste módulo sobre a necessidade de (re)criação dos espaços educativos e a (re)afirmação das identidades desses sujeitos em diferentes tempos de aprender/ensinar, entendendo que essa modalidade de ensino surge como uma nova oportunidade de ensino formal. Ao pensarmos em conjunto sobre a construção de um espaço de aprendizagem, um outro, focado na inclusão educacional, é importante que esse espaço de aprendizagem não siga os modelos da escola de ensino fundamental, a estrutura regular que falhou por uma vez ou mais com esses alunos. Os agentes da EJA, os diversos profissionais da educação, precisam pensar no lugar da diversidade. No campo das relações sociais, ordem e desordem se alternam na caracterização dos jovens. Esse movimento pendular entre o jovem como promessa e o jovem como problema radica-se na caracterização de uma socialização demarcada pela tensão entre o peso do passado e das velhas gerações sobre as novas gerações. Embora possam reconhecer esse legadoe até considerá-lo necessário à sua integração ao mundo social, os jovens não o valorizam a ponto de condicionarem o presente a uma recompensa que virá 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 24/57 após longos anos de socialização. (DAYRREL; NOGUEIRA; MIRANDA, 2011) A diversidade começa na demarcação etária, mas o que seria essa definição de jovens e adultos, o que determina a entrada numa fase e a saída de outra? A juventude sofre uma pressão dualista de ser um sucesso e atuar como responsável pelas mudanças da sociedade, e de ser um prejuízo e um sinal de nosso fracasso enquanto sociedade. Esses dois lugares são intensificados se você, por algum motivo, for egresso do Ensino Fundamental. A expressão abandono escolar assombra as vidas desses jovens e insere em suas vidas uma marca de fracasso, “os que não conseguiram”. Mas, ao definir um rótulo para esses jovens, estamos ignorando os múltiplos contextos sociais, de aprendizagem, de gênero e raciais que permeiam os seus cotidianos. A culpa pelo abandono é demarcada em primeira pessoa, mas a compreensão de que a escola não conseguiu lidar com as diferenças culturais é ignorada. Aqui a palavra diversidade precisa ser intensificada. Ela precisa ir além da definição do dicionário e ser compreendida como um princípio da EJA. Desafio vocês a lutarem por ela também no ensino regular. Precisamos ter uma visão estrutural e ler os sujeitos como uma canção da nossa cultura popular: que varia em cada região e possui diversos ritmos, múltiplos estilos, vozes e instrumentos. Não podemos ignorar que, mesmo com todos esses fatores semelhantes, numa mesma rua, um cancioneiro pode ser modificado por aquele que o apresenta. Nosso desafio enquanto profissionais da educação é entender e respeitar esses ritmos diferentes e não tentar enquadrar num modelo ou num código cultural. Não se pode chegar numa casa de jongo, numa roda de samba ou numa quadrilha e esperar que todos sejam iguais, alguns ritos podem dialogar e ser mantidos, mas é preciso valorizar e reforçar as autorias. Voltando ao nosso tema, sabemos que já (co)existe uma série de perfis que são estabelecidos nas salas de professores por todo o País e convidamos, ao longo de nossa conversa, para a ruptura com esse ciclo de fortalecimento de estigmas. Não podemos excluir mais, se a BNCC não abre um espaço para pensar nos limites do ensino fundamental, 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 25/57 nós, enquanto pensadores da educação, devemos assumir esse protagonismo. A primeira diversidade negada é a identidade e a não associação de sua ação a tipos ideais. As histórias de vida, por mais parecidas, precisam ser entendidas em seu espaço de construção e na percepção de que cada sujeito é único e possuidor de historicidade. Exemplo Não podemos associar todos os alunos oriundos da favela como violentos. Precisamos entender a violência como uma ação sistêmica do Estado e fugir da ideia de criminalização que atinge crianças e jovens. Por mais que essa imagem esteja impressa nas capas de jornais, seja lugar comum nas conversas, nós devemos romper com as verdades viciosas e trazer novos olhares para as comunidades e seus moradores. Assim, não construiremos um modelo, um corpo típico para os alunos que vivem nas favelas, mas estamos entendendo esse espaço e todos os outros de nosso país como não determinantes das identidades, das possibilidades de aprendizagem e relações. Dessa forma, muitos alunos não serão excluídos da oportunidade de estudar junto de seus colegas de suas idades de maneira regular. Corpo típico é um silenciamento das identidades, um enquadramento social que serve para delimitar as representações sociais do outro. Precisamos olhar para o público-alvo da EJA como possuidor de histórias particulares, com trilhas próprias e ler de maneira atenta a forma como uma representação limitada interferiu e interfere em sua qualidade de vida. Enquanto não conseguimos estabelecer esse senso coletivo entre os educadores do País, faz-se necessária uma compreensão de que a EJA é um ponto de encontro das identidades suprimidas, atendendo aos alunos que não são aceitos, percebidos, valorizados e potencializados no ensino fundamental, e que nas turmas de EJA podem encontrar de maneira efetiva os movimentos educativos formais. Uma experiência em sala de aula Numa observação de uma sala de aula de EJA, numa favela brasileira, percebi que a barreira entre os jovens e os adultos não existe, essa codificação que serviria inicialmente para separar os alunos é ignorada e todos eram percebidos em suas identidades. O que pude notar foi uma experiência de aprendizagem coletiva. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 26/57 Um dos alunos, o que era o mais comunicativo da sala, veio e começou a falar um pouco sobre as trajetórias de cada um de seus colegas e do que eles conseguiam ou não fazer nas atividades educativas: “Aquele menino arrumava muito problema na outra escola, ele chegou aqui e não conseguiu se criar, a gente já disse que não tem muito tempo e que a professora não precisa passar por desaforo...”. Ele seguiu falando de todos os alunos da sala e como se fosse um defensor de seus colegas, suas palavras, em minhas interpretações, diziam: professor, nós já sofremos muito, sabemos nossos limites e só queremos aprender. O direito de falar e de dizer que aquele era um lugar diferente foi importante e serviu como uma demarcação de quem eram os protagonistas naquelas salas, e ficou bem claro, que eram os alunos e as alunas. Tive a impressão de que era um aviso coletivo, um sistema de defesa criado para afastar as opressões às identidades diversas vivenciadas pelo grupo. Essa experiência e a oportunidade de ouvir de um aluno a definição de sua sala de aula foi única, e o desafio que faço a vocês é de escutar em primeiro lugar. Para compreender a diversidade dos alunos da EJA, é preciso valorizar narrativas, garantindo, assim, a emancipação efetiva. Pare e escute, se ninguém vier e falar, deixe o silêncio rolar sem medo e ansiedade. Não corra o risco de deixar sua voz sufocar as identidades que subjazem naquele território. Re�exão “A EJA, por exemplo, embora institucionalizada como uma modalidade da Educação Básica Nacional, ainda hoje vive a dificuldade da garantia do direito constitucional de acesso à formação escolar e de se estabelecer como educação ao longo da vida, como espaço e tempo para o desenvolvimento do jovem, do adulto e do idoso na perspectiva da emancipação e da transformação social.” (PEDAGOGIA AO PÉ DA LETRA, 2013) Sabemos que, mesmo com as mobilizações coletivas, a EJA enquanto modalidade de ensino não recebe os investimentos necessários para a sua manutenção. Mas podemos, enquanto educadores, atuar como agentes de uma transformação social. A diversidade é apresentada cotidianamente perante os nossos olhos, mantenham a sua visão acurada e sensível para entender as múltiplas fotografias diferentes que serão realizadas em nossas observações. Não estou esvaziando a importância dos investimentos em formação, recursos técnicos pedagógicos ou financeiros. Estou demarcando o aspecto de mobilização e de que, no encontro com a diversidade, os alunos podem ser parceiros de uma luta constante pela modalidade. Mas podemos escolher aqui, definir uma cor, um gênero e um grupo etário para a 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 27/57 EJA em nosso país? Acredito que esse não é o nosso papel, tendo em vista que a construção de ideias preconcebidas pode fundamentar a construção de mais preconceitos. Mas não podemos negar os impactos históricos que excluem os povos origináriosindígenas e os brasileiros filhos da diáspora africana. A educação pública nacional e democrática é, ainda hoje, um desafio, tanto para negros quanto para brancos; porém, a população negra vem sendo, historicamente, alijada deste processo, daí a necessidade da denúncia e da declaração dos direitos no campo educacional. (CARVALHO, 2009) Aqui, trazemos um dado geral, sobre a educação nacional, que a maioria da população excluída possui uma cor. Mas isso não deve ser um fator alienante, e sim um movimento constante de observar criticamente os impactos sofridos por essa população. Pergunte sempre o porquê e mantenha seu senso de estudioso aberto para ir além das leituras dos dados e entender os contextos e as histórias que estarão presentes em seus campos de atuação. Qual é o risco de criar uma cara e uma cor para a EJA? O principal seria negar a historicidade e a diversidade dos sujeitos da EJA. Não podemos comprar o discurso de que existem modelos de alunos que serão público-alvo da EJA, mas devemos entender os seus lugares e valorizar a pluralidade social, cultural, étnica e política. Perceberam que gosto de fazer analogias para a compreensão dos conceitos? Vamos a mais um Imagine que cada turma da EJA, cada escola, em cada município ou estado, é uma estrela presente numa constelação. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 28/57 Tal qual os astrônomos se dedicam a observar, estudar, compreender os movimentos das estrelas, os profissionais da educação devem ter a mesma iniciativa, ao ingressar numa turma, devemos ter a sensação de descobrir uma nova estrela e ingressar em seu mundo como um explorador em toda sua curiosidade. Você pode pensar, citar uma estrela não é muito ousado? Acredito que não, devido à grandiosidade das histórias de vida e da necessidade de investigar a complexidade. Cada aluno precisa ser valorizado em sua subjetividade e no reconhecimento de seus valores. Assim, fugimos do estereótipo padrão dos alunos da EJA: de que eles são alunos-problema. Essa visão reduzida não demonstra o quanto o ensino público não está pronto para lidar com todos os sujeitos e coloca na conta de cada um dos estudantes excluídos o seu “fracasso” no ensino regular. “Os jovens e adultos também são vistos sob o estereótipo de aluno-problema que, ao não se ajustar ao ensino regular, é, consequentemente, encaminhado a EJA. Assim, essa modalidade de ensino passa a receber todos aqueles que não conseguiram fazer seu percurso na escola regular, os quais acabam por se tornar vítimas do caráter pouco público do sistema escolar.” (CARVALHO, 2009) Não fazemos uma leitura crítica sobre os currículos, sobre a formação de professores e das políticas públicas. Não existe uma reflexão sobre o caráter acolhedor da EJA, sobre os não inseridos no ensino regular e nas possibilidades de aprendizagens que poderíamos conquistar ao olhar para esses processos de inclusão. O desa�o que faço a vocês é olhar para a inclusão e analisar criticamente os movimentos de exclusão. Olhar no sentido de aprender, entender e construir uma forma de acolhimento coletivo e criticar o engessamento curricular que segrega cotidianamente no ensino regular. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 29/57 O olhar para o aluno como problema é ainda mais direcionado aos jovens, não que todos os outros estejam livres de observações preconceituosas. Falas desse tipo podem ser comuns: “Não deu certo”, “Sobrou para a gente”, “Muito bobinho para estar aqui”. Mas vocês concordam com essas observações? Devemos atentar para a história de vida desse aluno e ir além de sua questão etária, quem é aquele aluno que está presente na sala de aula da EJA e quais são as motivações para a retomada de seus estudos. O que se constata é que boa parte dos professores de EJA tendem a ver o jovem aluno a partir de um conjunto de modelos e estereótipos socialmente construídos e, com esse olhar, correm o risco de analisá-lo de forma negativa, o que os impede de conhecer o jovem real que ali frequenta. (DAYRELL, 2003, p. 54) O desafio para a diversidade na EJA é estabelecer uma relação dialógica e perceber os tempos-espaços de aprendizagens de maneira individual e fugir de um olhar preconceituoso que está centrado num modo de fazer semelhante ao ensino regular. Pensar nos alunos da EJA é pensar naquele sujeito que rompeu uma série de preconceitos e se dispôs a mais uma vez ingressar num banco escolar. Precisamos compreender que eles já conhecem os mecanismos cruéis de exclusão que norteiam as práticas educativas e que nós, enquanto educadores, deveremos acolher, entender e respeitar suas histórias de vida. Tenho por hábito visitar e, quando não é possível, faço atendimentos remotos em diversas escolas de nosso país. Meu papel nesses espaços é trazer um pouco de minha vivência enquanto sujeito ativo do movimento social pelos direitos dos negros e da educação pública. Seria incoerente com tudo o que conversamos até aqui dizer que entro nesses espaços para corrigir ou formular regras para os trabalhos dos colegas. Meu papel é atuar como um ouvinte e, quando convidado, promover uma espécie de reflexão coletiva. Essa contextualização é importante para nossa conversa. Numa dessas situações de visita, antes de começar uma roda de conversa com um grupo grande de alunos 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 30/57 da EJA, uma professora fez uma pergunta desafiadora: Como podemos fazer valer essa diversidade que você tanto fala em nossas salas de aula? Eu não respondi, apenas sorri e continuei a visita, entrando em cada uma das salas, conversando com os colegas e com todos os alunos, ouvindo as histórias e, a todo momento, essa professora me seguia, perseguia, como se cobrasse pela resposta. Estive numa sala por mais tempo, uma que produzia um mural sobre Carolina Maria de Jesus, conversei com eles sobre minha relação afetiva com a escritora, o fato de ela se parecer muito com minha mãe e participei da construção do mural. Fui para o auditório e não consegui conversar com os alunos, eles tomaram o centro das falas e conduziram com maestria o tema, era fácil falar de diversidade. A professora que fez a pergunta parecia estar com curiosidade e até um pouco impaciente com minha “falta de controle” na roda de conversa. Carolina Maria de Jesus (1914-1977) autografando seu livro Quarto de Despejo em 1960. Depois, quando a atividade terminou e já estávamos arrumando o auditório e eu conversava com alguns estudantes, a colega curiosa retornou. Eu não respondi à sua pergunta, fiz outra no lugar: professora, você conseguiu identificar em minha passagem os aspectos da diversidade como prática pedagógica? Ela respondeu imediatamente que não, então eu narrei toda a minha rotina e como em cada um dos momentos a diversidade esteve presente. Algo que não compartilhei com vocês era o fato de muitos alunos acreditarem que eu seria um colega novo de classe e que isso era como um sinal de acolhimento, eles sorriam e diziam apenas, “seja bem-vindo”. Acredito que até hoje a professora não entendeu os percursos práticos da diversidade. E você, será que já consegue entender isso na sua prática e relacionar de alguma forma com suas atuações? 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 31/57 Mão na massa Questão 1 O que significa dizer que na Educação de Jovens e Adultos é necessário respeitar o tempo e o espaço de aprendizagem? A Significa que a primeira diversidade que existe é na relação de cada um dos alunos com a escolarização formal. B Significa dizer que o universo do aluno não pode conduzir as ações pedagógicas. C Significa que a realidade de um aluno ou depoucos precisa ser ignorada. D Significa que o tempo de aprendizagem é igual para todos os alunos. E Significa que a EJA precisa ignorar seu espaço de atuação e funcionar da mesma forma que as escolares regulares. Parabéns! A alternativa A está correta. Cada um dos alunos da EJA em seu particular e na construção de uma identidade coletiva possui uma relação específica com o tempo e o espaço de aprendizagem. Questão 2 Em nossa conversa, abordamos o risco de sermos conduzidos por verdades viciosas ao compreender as identidades dos alunos. Podemos dizer que essas verdades prejudicam os alunos? A Não, o padrão dos alunos da EJA é estável. B Sim, para evitar a construção de novos olhares. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 32/57 C Sim, afastam a construção de novos olhares sobre os alunos. D Não, pois não definem as representações sobre os outros. E Não, pois toda turma é igual. Parabéns! A alternativa C está correta. Ao cedermos para as verdades viciosas sobre o outro, rumamos para a concepção preconceituosa e limitadora das representações sociais. Questão 3 Uma professora da EJA recebeu vários relatórios dos alunos que vieram de uma escola regular. Ela levou em consideração todos os apontamentos dos colegas e não deu oportunidade para os alunos contarem as suas histórias. Os relatórios foram aceitos como verdade absoluta e fator determinante da identidade de cada um dos novos alunos. Sobre essa situação, é correto dizer que: A A verdade da escola regular é absoluta e final. B Que esse movimento fortaleceu o reconhecimento das identidades dos alunos. C Que devemos silenciar as histórias dos alunos da EJA. D Só o que vale é a voz do professor. E Os alunos não tiveram seu direito de falar respeitado. Parabéns! A alternativa E está correta. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 33/57 Os professores podem até respeitar os relatórios pregressos, mas precisam entender os limites e os fatores que excluem milhares de alunos dos ensinos regulares. Ouvir os alunos e entender sua relação com a escolaridade pode ser uma oportunidade de entender a diversidade e uma (re)inserção efetiva dos sujeitos. Questão 4 Como podemos entender o processo de (re)afirmação das identidades dos alunos que são público-alvo da EJA? A Entendendo que todos são parecidos. B Na negação das diversidades e na procura de um padrão. C Como um movimento coletivo de aceitação das diversidades. D Na avaliação constante e separação das identidades. E Na valorização do padrão típico dos alunos da EJA. Parabéns! A alternativa C está correta. Ao (re)afirmar suas identidades, os alunos possuem mais uma oportunidade de se estabelecer na educação formal. Questão 5 Ao dizer que o crescimento do público-alvo mais jovem da EJA é um mecanismo de silenciamento das diversidades, afirmamos que: A Existe um perfil escolhido, um vício do olhar que serão os alunos que serão alijados do ensino regular. B Todos são semelhantes e que os mais jovens são mais difíceis de lidar. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 34/57 C Todos os alunos do perfil típico da EJA devem ser convidados a sair das escolas regulares. D Naturalmente esses alunos seriam direcionados para a EJA. E Existe uma nova demarcação etária da EJA. Parabéns! A alternativa A está correta. Podemos dizer que esse processo é uma falha na inclusão das diversidades no cotidiano do ensino regular. Questão 6 Qual é a relação entre a EJA e os movimentos de evasão/fracasso escolar do ensino regular? A Não existe relação, os alunos que foram reprovados precisam procurar outra modalidade de ensino. B Todos são semelhantes e os mais jovens são mais difíceis de lidar. C Não existe uma falha do ensino regular, mas identidades que não se adaptam. D Ao ignorar as diversidades, o ensino regular centra o fracasso nas histórias de vida dos alunos. E As histórias de vida dos mais jovens são mais complicadas. Parabéns! A alternativa D está correta. Podemos dizer que esse processo é uma falha na inclusão das diversidades no cotidiano do 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 35/57 Comentando as questões Vamos agora assistir ao professor Rodrigo Rainha comentando as questões do Mão na massa. Teoria na prática Observe o esquema abaixo e, para cada ponto (Protagonismos, Diversidade e Novos olhares), descreva uma sugestão para colocá-lo em prática. Caso tenha algum exemplo de uma experiência vivida ou observada, vale também! Re�etindo: onde nós estamos ensino regular. _black 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 36/57 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Dentre os conceitos abaixo, selecione as opções que representem os princípios centrais da Educação de Jovens e Adultos: A Os corpos típicos, modelos de alunos comuns reproduzidos pelo País. B A padronização social, realidades comuns dos territórios mais vulneráveis. C A diversidade, que começa no espaço-tempo e atinge a compreensão das subjetividades. D Na exclusão social, importante para a definição desse público. E Na cultura centralizada, um modelo de ser e viver típico de nosso País. Parabéns! A alternativa C está correta. A diversidade é um dos princípios fundamentais da EJA. Questão 2 Como a compreensão da diversidade e a integração das subjetividades podem contribuir na inclusão educacional de milhares de alunos na modalidade EJA? A Na inclusão do resultado e da política de culpar os alunos por suas evasões. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 37/57 3 - Inclusão e tecnologia Ao �m do módulo, você será capaz de relacionar a inclusão dos estudantes dessa modalidade B Na negação das histórias de vida dos alunos. C Na afirmação dos valores da BNCC para o mercado de trabalho. D Na exclusão dos alunos problemas. E Ao superar os processos de exclusão do ensino regular. Parabéns! A alternativa E está correta. Entender a diversidade é perceber que as identidades dos alunos da EJA foram excluídas da educação regular e que esse é o momento de dialogar com suas histórias para promover uma inclusão educativa efetiva. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 38/57 p às práticas avaliativas e novas tecnologias na EJA. Os desa�os de inclusão digital e de avaliação na EJA Qual é o papel do mundo digital na educação popular? Vamos ver agora relatos de experiência na área. Pare por um minuto sua leitura e faça uma reflexão: Os sujeitos da EJA sofreram diversos movimentos de exclusão no sistema educativo regular e, por meio dessa modalidade de ensino, constroem novas estratégias de existir na educação. Ao falarmos de novas tecnologias e de avaliação, precisamos ter muito cuidado e atenção! Cuidado para não fortalecer as estruturas excludentes e atenção para não transformar o resultado de um trabalho de educação popular em dados mensuráveis. As demandas por medir resultados e de inserir a EJA no mundo da sociedade de informação precisam ser realizadas por meio de análises críticas e pelo olhar que pautou toda a nossa conversa: atento e apurado das realidades sociais e das subjetividades. Não podemos olhar para a EJA num pensamento simplista, precisamos pensar que os impactos da sociedade de informação são diferentes em cada um desses sujeitos. Numa visão reduzida sobre eles, podemos concluir que todos são analfabetos digitais. Mas isso representa uma associaçãodireta entre o 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 39/57 analfabetismo e a exclusão educacional que eles já viveram com o ingresso na rede de tecnologias. No novo paradigma gerado pela sociedade da informação, a universalização dos serviços de informação e comunicação é condição fundamental, ainda que não exclusiva, para a inserção dos indivíduos como cidadãos, para se construir uma sociedade da informação para todos. É urgente trabalhar no sentido da busca de soluções efetivas para que as pessoas dos diferentes segmentos sociais e regiões tenham amplo acesso à Internet, evitando, assim, que se crie uma classe de “info-excluídos”. (TAKAHASHI, 2000) Dizer que todo aluno da EJA está excluído do mundo das tecnologias é fugir da observação do cotidiano e comprar um discurso pronto que define o outro. Um exemplo que reforça a necessidade desse cuidado: Uma turma de alfabetização da EJA criou, em meio às atividades pedagógicas de sala de aula, um grupo num aplicativo de conversa, só para eles. Muitos dos alunos estavam no processo de consolidação da escrita e, mesmo assim, todos conversavam de maneira ativa por mensagens. Fizemos, então, uma roda de conversa. Perguntei como eles escreviam e todos disseram que era mais fácil, por ter o corretor ortográfico, e que havia uma função de transformar o áudio em texto. Compartilharam comigo as suas ferramentas e disseram que utilizam essas estratégias para se comunicarem também com seus familiares e com os 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 40/57 colegas de trabalho. Ao não observar e julgar que o grupo seria apenas para troca de imagens ou de mensagens de voz, nós teríamos a oportunidade de vivenciar esse diálogo? Claro que não e eu perderia a oportunidade de perceber o quanto as tecnologias fazem parte do cotidiano dos alunos. As tecnologias precisam ser aliadas do processo cotidiano de educação de jovens e adultos, mas como podemos fazer isso sem planificar o olhar sobre nossos alunos? Construindo uma trilha pedagógica Vamos pensar juntos numa trilha de construção pedagógica, um caminho em que a diversidade seja respeitada e que os recursos tecnológicos sejam apenas ferramentas que serão importantes para a participação efetiva de todos os sujeitos nas relações sociais. Quais seriam os passos dessa trilha? Primeiro passo Abandonar o preconceito geracional, nem sempre o jovem é familiarizado com a tecnologia ou o adulto não conhece os novos recursos. Segundo passo Construir uma relação associada entre a alfabetização que emancipa a EJA e a utilização das ferramentas tecnológicas. Terceiro passo Identificar os mecanismos sociais de exclusão e potencializar o acesso daqueles que são historicamente alijados dos processos de pensar e produzir conteúdo tecnológico. O primeiro movimento da nossa trilha é desmistificar certas ideias acerca das gerações. Será que todo jovem é inserido de maneira efetiva nos recursos tecnológicos e todo adulto, com a idade mais avançada, é excluído? Muitos de nós associaríamos as tecnologias aos alunos mais jovens e planejaríamos estratégias para incluir os mais adultos. Precisamos entender as relações que cada escola, turma e aluno possui com as novas tecnologias e entender que cada sujeito possui sua produção sócio-histórica de interagir com o mundo. O segundo passo se desenvolve a partir do seguinte compromisso: As novas tecnologias precisam promover a democracia e a cidadania. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 41/57 g p p O letramento e a alfabetização de jovens e adultos é um processo ativo que insere esses sujeitos no mundo de maneira efetiva. Mas nosso objetivo com a alfabetização é fazer uma utilização sociopolítica, entendemos que ela não pode ser um mero movimento de decodificação, e sim de reflexão crítica constante de seu cotidiano. Não podemos pensar as relações com as novas tecnologias de maneira diferente, num outro lugar. Devemos demarcar em nossa caminhada com os educandos um lugar de responsabilidade coletiva sobre o acesso e o compartilhamento de informação. Trata-se, sobretudo, de permitir que as pessoas atuem como provedores ativos dos conteúdos que circulam na rede. Nesse sentido, é imprescindível promover a alfabetização digital, que proporcione a aquisição de habilidades básicas para o uso de computadores e da Internet, mas também que capacite as pessoas para a utilização dessas mídias em favor dos interesses e necessidades individuais e comunitários, com responsabilidade e senso de cidadania. (TAKAHASHI, 2000) Podemos dizer que existe uma rede de vulnerabilidades? Com esse questionamento, chegamos ao terceiro passo da nossa trilha. Mas vocês estarão pensando agora: conversamos sobre a necessidade de fugir da polarização e da busca por atores que seriam demarcados com maiores vulnerabilidades. Seria esse movimento incoerente com toda nossa conversa? No olhar atento para os movimentos coletivos de exclusão, podemos atuar como agentes educadores atentos, se existe um senso comum de excluir as mulheres das tomadas de decisão, por exemplo, e uma participação majoritária masculina, podemos ignorar esse movimento em nosso processo educativo? Não, precisamos em agir em conjunto, num movimento de sociedades educativas, conversar sobre esses 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 42/57 processos de exclusão direcionados e potencializar a participação desses e de outros sujeitos historicamente alijados. “A inclusão das mulheres no mundo das tecnologias de informação e comunicação não significa apenas propor acesso às redes eletrônicas, nem apenas capacitá-las para o seu uso produtivo. Essas são, sem dúvida, questões de enorme importância, que devem ser pronta e seriamente abordadas. Mas o aspecto central é garantir às mulheres a participação nos processos decisórios, relacionados à produção e regulação do setor de tecnologias de informação e comunicação, que é, tradicionalmente, dominado pelo gênero masculino.” (TAKAHASHI, 2000) Por fim, faço a vocês um convite, um desafio que proponho aqui como um quarto passo: Que tal continuar essa rota ampliando suas pesquisas, dialogando com seus colegas e promovendo uma rede de troca de informações sobre a utilização ativa das novas tecnologias pelos alunos como ferramenta educativa em sua sala de aula ou escola? Ao percorrer e construir mais este passo da trilha vamos construir ações pedagógicas que fogem das constantes generalizações. A introdução dessas novas tecnologias na escola sofre muita discussão por parte dos educadores, alguns insistem em manter as formas tradicionais de ensino, já outros estão aderindo. É certo que é na escola que aprendemos a ter conhecimento sobre as diversas áreas, assim, com essa necessidade da inclusão digital, a escola deve possibilitar ao educando o conhecimento e o acesso a essas novas áreas também a fim de permitir que os alunos assumam a função de sujeitos críticos, criativos, construtores e atualizados com o tempo em que vivem. (OLIVEIRA, 1999) Avaliação pode ser sinônimo de inclusão? 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 43/57 Avaliação pode ser sinônimo de inclusão? Outro ponto de atenção são as políticas públicas de implementação, monitoramento e avaliação da EJA. Entendo que a avaliação e seus exames de certificação são figuras centrais da promoção de uma ação efetiva, popular e exclusiva. Poucas pessoas entendem e explicam a integração entre implementação, avaliação e monitoramento. É necessário perceber que são ações integradas intencionalmente para fortalecer os mecanismos de padronizaçãoeducacional. Mas podemos dizer isso baseado em que fatores? A avaliação externa, aquela que é realizada em esferas macroestruturais, busca diagnosticar os impactos de uma política pública e tenta de forma direta centralizar as políticas educativas. Quando ouvimos uma notícia sobre o percentual de alunos alfabetizados, número de alunos que não possuem fluência leitora e outros resultados das avaliações, esse assunto começa a fazer parte do cotidiano da sociedade. Exemplo Minha avó sempre conta que foi aluna do MOBRAL e que isso trazia uma série de preconceitos para a vida dela, e que lá ela não conseguiu aprender nada, apenas a escrever o primeiro nome. Cresci ouvindo seus relatos sobre essa política pública e de como ela não atendia aos interesses dela enquanto pessoa adulta que sonhava com sua alfabetização. O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) foi uma iniciativa da ditatura civil-militar que queria retirar os aspectos ideológicos e de mobilização social das práticas de alfabetização em nosso país. Com a apresentação de dados que não correspondiam à realidade, essa política surgiu como uma resposta às ações educativas populares e ao método Paulo Freire de alfabetização. MOBRAL (FGV, 2020) Nessa situação, ocorreu uma manipulação dos dados e diferentes grupos sociais denunciaram a produção de dados que não eram coerentes com a realidade social. Uma avaliação externa e sua produção de dados serve para definir socialmente o impacto de uma política pública. As avaliações externas precisam ser entendidas como um movimento parecido com o de um fotógrafo. Ele começa sua atuação preparando seus instrumentos, escolhendo as melhores locações, a iluminação e o cenário. Não deixa de fazer uma direção dos modelos e sabe que a cada clique será registrado e documentado um momento único da vida daquelas pessoas. 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 44/57 A analogia com a fotografia é muito interessante: na avaliação externa, é necessário escolher o que será avaliado, quais as competências que serão aferidas, que dados sociais serão levantados, orientações claras aos aplicadores e todo um conjunto de situações que darão segurança e igualdade de direitos durante a avaliação. O resultado da prova retrata um momento, um instante da vida educacional daquele aluno, e não toda sua trajetória e história. Uma nota não pode definir o impacto direto de uma política pública, mas a leitura de fatores sociais e políticos que estão imersos nas comunidades, nas unidades escolares, nos bairros, nas cidades... até em nosso país. A prova é uma fotografia e o resultado deve ser lido como um pequeno recorte da vida educacional de nossos alunos. Algo que precisamos demarcar aqui é a luta por uma educação popular para o público- alvo da EJA. Os movimentos sociais, a sociedade, as universidades e os coletivos de professores são agentes atentos das políticas públicas e lutam por uma educação popular. Exame Nacional para Certi�cação Em 2002, foi implementado o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), com o objetivo de fornecer a certificação para o Ensino Fundamental e construir um marco- referencial para a avaliação da EJA. O ENCCEJA faz parte de um conjunto de avaliações externas que foram criadas para mensurar a educação nacional. Nos debates sobre esse movimento, é importante pensarmos sobre a responsabilização e culpabilização docente. Os resultados, quando tentam esvaziar os limites das políticas públicas, concentram-se na culpabilização docente e na associação direta dos alunos ao fracasso escolar. Nos fóruns da EJA, é fortemente debatida a viabilidade desse exame e sobre o impacto negativo dele com relação ao aspecto coletivo e popular dessa modalidade. Veja o que diz a portaria: ENCCEJA “I‒ Construir uma referência nacional de autoavaliação para jovens e adultos por meio de avaliação de 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 45/57 competências e habilidades, adquiridas no processo escolar ou nos processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais; II – Estruturar uma avaliação direcionada a jovens e adultos, que sirva às Secretarias de Educação para que procedam à aferição de competências e habilidades dos participantes, de conclusão no nível de Ensino Fundamental, nos termos do artigo 38, §§ 1º e 2º da Lei 9.394/96 (LDB); 1 III – Oferecer uma avaliação para fins de classificação da correção do fluxo escolar, IV – Construir, consolidar e divulgar banco de dados com informações técnico-pedagógicas, metodológicas, operacionais, socioeconômicas e culturais que possa ser utilizado para a melhoria da qualidade na oferta da Educação de Jovens e Adultos e dos procedimentos relativos ao Exame; V‒ Construir um indicador qualitativo que possa ser incorporado à avaliação de políticas públicas da Relembrando Precisamos relembrar sempre que é o público da EJA e de como em diversas etapas da sua vida ele foi excluído da educação regular. Tendo isso em mente, é necessário retornar à analogia do fotógrafo e ter um olhar crítico e instantâneo sobre esses exames externos. Mas podemos fixar nossas leituras críticas sobre alguns pontos: Maiores informações sobre os resultados do ENCCEJA A problematização dos pressupostos ideológicos Os impactos regionais de sua aplicação Os Fóruns de Educação de Jovens e Adultos também trazem a crítica da validade pedagógica desse exame, como uma avaliação externa nessa perspectiva pode impactar diretamente no cotidiano das salas de aula. Vou propor mais uma reflexão a vocês: Qual relação que pode existir entre um exame de certi�cação e o direito de acesso e permanência na educação regular? 01/04/2022 21:13 Educação de jovens e adultos e a diversidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02976/index.html# 46/57 p ç g Pensem nas implicações de uma certificação direta e na forma como a certificação pode ser atrativa para o abandono dos bancos escolares. Nos debates dos Fóruns EJA, a certificação seria uma maneira de fortalecer a exclusão de milhares de alunos do direito de cursar a educação regular e na redução do espaço-tempo de aprendizagem dos alunos. “A migração de adolescentes do ensino regular para a EJA é vista, tal qual a aposta nos exames de certificação, como “aligeiramento” da formação escolar. No lugar de garantir o direito dos adolescentes de frequentar e permanecer no ensino regular, esta lógica contribuiria para a visão equivocada da EJA como meio de “acelerar” a escolarização e corrigir a defasagem idade/série dos adolescentes, definindo a certificação como principal finalidade da educação.” (JUNIOR; GISI; SERRAO, 2013) O que pretendemos, enquanto educadores, é fortalecer o papel coletivo da educação e dos debates coletivos sobre cidadania e direitos sociais. O ENCCEJA pode potencializar os movimentos de precarização existentes na EJA e na contínua exclusão social dos alunos. Para parte dos pesquisadores, educadores e gestores ligados à EJA, os exames reforçariam a precarização já existente na modalidade, desconsiderando uma dimensão fundamental/central do ensino que é o processo de socialização e construção coletiva da cidadania, que só poderia ser garantida no ensino presencial. O fortalecimento do exame de certificação foi interpretado como diminuição da responsabilidade do sistema público, e não como estratégia de garantir o direito educacional. (JUNIOR; GISI; SERRAO, 2013) Um diálogo distante do �m Um exercício que convido vocês a fazerem, sim, mais um exercício, é entender a diversidade e a função de cada um dos processos avaliativos. São dois tipos de avaliação: Avaliação formativa Esta avaliação é um movimento coletivo em
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