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LAI & LGPD Casos práticos: Recursos em 3ª Instância (CGU) Março/2022 Números recentes: Desde que a LGPD entrou em vigor (setembro/2020), recebemos 83 recursos em que os órgãos fundamentaram a negativa de acesso à informação na LGPD: 2020 - 5 (783 julgados) 0,6% 2021 - 68 (1582 julgados) 4,3% 2022 - 10 (239 julgados) 4,1% Fonte: Controle de Recursos CGRAI, até 15/3/2022. Outros 226 recursos faziam menção à LGPD ou fundamentaram negativa na LAI + LGPD Como foi a decisão da CGU nesses casos (83) TIPO DE DECISÃO QUANTIDADE Não conhecimento 8 Provimento 24 Provimento parcial 24 Desprovimento 23 Perda do objeto 2 Perda do objeto parcial 2 Provimento: alguns temas Registro de determinados visitantes no órgão, em período delimitado e específico Argumentos do órgão Em função da LGPD, não poderia atender à solicitação, pois o tratamento dos dados pessoais coletados (nome e data de entrada) de visitantes cumpre finalidade específica de segurança de autoridade pública. Argumentos CGU: Precedentes: registros de portarias de prédios públicos têm natureza pública e podem ser objeto de acesso por meio LAI. Interesse público: o cotejamento dos registros de entrada/saída com a publicação das agendas de autoridades previne conflito de interesses. O direito de privacidade não se confunde com a proteção de dados pessoais. LAI e LGPD são complementares e devem ser aplicadas considerando o princípio da finalidade e o da necessidade. Trata-se de registros produzidos e acumulados pelo órgão, que não estão classificados. Nomes de militares transferidos para reserva remunerada em determinado período Argumentos do órgão: a divulgação dos nomes completos não seria possível, por se tratar de informações pessoais sensíveis, com fundamento no art. 31 da Lei 12.257/2011 e no art. 5º, inciso II da Lei 13.709/2018. Argumentos da CGU precedentes indicam que nomes completos de agentes públicos, ou mesmo de pessoas privadas que travam relações com a Administração Pública, em geral, devem ser disponibilizados ao público. não é toda e qualquer informação pessoal que deve ser restringida, mas apenas aquelas que, potencialmente, colocam em risco os direitos de personalidade, tais como definidos no artigo 5º, X da Constituição Federal, embora a LGDP estenda a tutela tanto para dados pessoais, quanto para dados pessoais sensíveis. O nome é tido como um atributo biográfico e nem sempre receberá tratamento de dado pessoal sensível, devendo-se avaliar o caso concreto. no caso concreto, não cabe alegar proteção da imagem ou honra, pois os atos foram publicados no DOU. Desprovimento: alguns temas Dados cadastrais proprietários imóveis rurais Argumentos do órgão O cadastro possui dados de natureza pública e dados de acesso restrito que não podem ser divulgados ao público, as informações públicas estão disponíveis na Internet; É necessário garantir aos titulares a delimitação dos propósitos de tratamento dos dados; a possibilidade de que a associação do nome com outros dados, a exemplo de georreferenciamento da sede da propriedade do imóvel, pode causar transtornos relacionados à vida privada, honra e imagem do proprietário. Decide pelo desprovimento do recurso com fundamento no art.13 do Decreto 7.724/12, combinado com possível aplicação da LGPD no que se refere à divulgação de dados pessoais. Argumentos CGU Os nomes dos proprietários rurais enquadram-se como informação pessoal, assim como o CPF, o endereço e o e-mail, conforme disposto no art. 31 da Lei nº 12.527/2012 - LAI, devendo ter acesso e tratamento restrito, a fim de que sua exposição não ofereça riscos à imagem e honra dos envolvidos, bem como à sua segurança e de seu patrimônio, em decorrência de suposições sobre prática de ato lícito, sem o devido processo legal no qual lhes seja proporcionada a ampla defesa e o contraditório, nas esferas competentes. Microdados de exame nacional aplicado em determinado ano Argumentos do órgão a concessão dos microdados, no formato em que existem hoje, poderia violar disposições da LGPD, em especial os dispositivos que protegem de divulgação informações pessoais sensíveis. os microdados são em princípio anonimizados, o que excluiria a incidência da proteção de sigilo estabelecida pela LGPD (art 12), mas a incidência ou não do enquadramento dos microdados no conceito de "dados anonimizados" não é de simples aferição, necessitando maiores estudos e delimitações por parte do órgão, estudos esses que estão em andamento, para desenvolvimento de novo modelo de divulgação. Argumentos CGU: não se deve confundir "microdados" com "dados brutos" ou dados primários, aos quais a LAI garante acesso (art. 4º, IX). Microdados são a menor fração possível de um dado e geralmente se relacionam à realização de pesquisas, avaliações e controles (...) são produzidos ou criados pela entidade interessada, em conformidade com a sua capacidade de produzi-los. a solução que privilegie tanto a transparência quanto a proteção de dados pessoais sensíveis está em andamento. neste momento, a concessão dos microdados poderia ocasionar a reversão da anonimização, o que implicaria a incidência do art. 12 da LGPD, que, lido à luz do art. 31 da Lei 12.527/11, impede o acesso às informações solicitadas, pois as informações que servem de base para a construção de microdados são informações pessoais sensíveis, que poderiam revelar nomes, status socioeconômico e desempenho dos participantes, violando a intimidade e imagem dos concorrentes, podendo causar constrangimentos.
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