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Psicologia da Saúde

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1. Considerando como as visões da saúde mudaram ao longo do tempo, qual seria
uma boa descrição da saúde para um indivíduo hoje? Como o gênero, a cultura e a
prática da saúde influenciam sua descrição?
Tendo em mente a perspectiva biopsicossocial, atualmente ter saúde vai além da simples
ausência de doenças, considerada uma definição incompleta e reducionista. Ter saúde
envolve o bem-estar físico, social, emocional e todos os aspectos que perpassam o ser
humano. Dessa forma, uma pessoa que não apresenta doenças físicas pode não ser
considerada saudável se a mesma não tiver estabilidade emocional. Voltando-se para as
questões de gênero e atrelando a mesma ao social, a diferenciação do que é considerado
doença para cada grupo tem uma bagagem histórica de divergências. Perpassado
prioritariamente pelo machismo na sociedade patriarcal, teve-se a ideia que homens não
devem vivenciar doenças psicológicas, pois devem sempre ser fortes e prover para suas
famílias, descrito de forma simplista no ditado popular que “homem não chora”.
2. Como a saúde geral da população em sua escola se beneficia quando diferentes
contextos, sistemas, modelos e teorias sobre a saúde são considerados?
Quando levamos em conta a interseccionalidade de cada indivíduo, podemos observar de
maneira mais ampla como os diversos contextos que cada pessoa se insere afeta na vida
cotidiana e geral de cada um. Ao considerar, por exemplo, o desgaste emocional superior de
uma mulher negra em comparação a uma branca, notamos que, apesar de ambas serem
mulheres, suas vivências diferem em diversos pontos, e consequentemente, a forma de lidar
com cada uma também deve ser diferente. Isso ajuda a ambas terem noção do seu lugar na
sociedade e de como essa vivência afeta cada uma individualmente.
3. Seu amigo Tran está pensando em seguir carreira em psicologia da saúde. Que
conselhos gerais você daria e como sugeriria que escolhesse uma carreira específica
no campo?
De maneira geral, iria sugerir que Tran se dedicasse e investisse em pós-graduações,
mestrados e doutorados na área da saúde, principalmente se o mesmo tiver interesse em
uma carreira acadêmica. Durante a graduação em psicologia, aconselharia que ele focasse
em cadeiras como anatomia, psicopatologia, psicologia social, comunitária e saúde pública,
todas cadeiras que tem uma relação direta com a carreira de psicólogo da saúde.
4. Descreva uma situação ou um evento em seu campus que tenha causado estresse
nos estudantes. Quais são as influências biológicas, psicológicas e socioculturais
nessa situação que ajudaram a criar o estresse?
Pode-se citar como exemplo de evento estressante o retorno presencial às aulas ainda com
uma variante do vírus sars-covid-19 assolando a população do mundo. Em pessoas do
grupo de risco ou que convivem com as mesmas, certamente essa situação resulta em um
nível de preocupação e estresse mais elevado do que nos demais indivíduos. Além disso,
pessoas que sofrem com doenças psicológicas, como Transtorno Obsessivo Compulsivo,
podem ver-se em situações de extremo estresse devido aos cuidados necessários para não
contrair o vírus, que podem causar um aumento nos rituais realizados. Ademais, ao olhar
para o contexto sociocultural, devemos ter em mente que a realidade de cada ser é
diferente, muitos expõem-se a um risco maior em um trajeto utilizando o transporte público,
chegando a passar horas no mesmo dependendo da localização onde o mesmo mora, além
do desgaste físico que tal migração acarreta. Todos esses e diversos outros fatores são
determinantes para o nível de estresse causado em cada indivíduo.
5. Descreva uma situação hipotética para explicar cada um dos modelos do estresse e
da doença: síndrome de adaptação geral, o modelo transacional, o modelo da diátese
ao estresse e a teoria de zelar e agrupar. Em cada situação, quais são algumas das
influências biológicas, psicológicas e sociais ou culturais?
Síndrome de adaptação geral: quando surpreendido por um assalto, o corpo do indivíduo
inicia uma resposta fisiológica à situação estressante, entrando no modo de alarme, que é
semelhante à reação de luta ou fuga. Caso a situação se prolongue e avance para, por
exemplo, um sequestro, o corpo do homem irá entrar no estágio de resistência, onde a
excitação fisiológica irá permanecer alta, mas reduzida em comparação ao estágio anterior.
Se a situação desenrolar-se para um caso de cativeiro, o corpo do indivíduo irá entrar em
exaustão, onde as reservas de energia são esgotadas. Pode-se citar como influência
biológica a surpresa do acontecimento, além da carga psicológica causada pela situação
citada, que acarreta um forte estresse, e dependendo da cultura, pode-se ver um forte medo
do resultado da empreitada iniciada com o assalto; uma pessoa católica pode não ter medo
do final, por ter suporte em suas crenças pessoais.
Modelo transacional: imaginando um par de alunos surpreendidos por um teste surpresa, o
modelo transacional explica como pode ocorrer a reação de cada um dos indivíduos. O
primeiro aluno, que tem o hábito de ler com antecedência os textos utilizados pelo professor,
além de receber um acompanhamento psicológico profissional, não vê o teste surpresa
como uma ameaça, e sente-se preparado para realizar o mesmo. O segundo aluno, que
também costuma ler os textos com antecedência, mas não conta com uma rede de amparo
emocional e apoio psicológico como o anterior, vê na prova uma ameaça a si mesmo, por
não confiar em seu potencial de lidar com o evento estressante de forma eficiente.
Novamente, a influência biológica apresentada é uma surpresa, uma situação inusitada, que
desencadeia respostas fisiológicas no organismo. Essa mesma surpresa causa uma
influência psicológica e social, que vai ter uma resposta de acordo com a rede de cada
indivíduo.
Modelo da diátese ao estresse: esse modelo mostra que distúrbios psicológicos se dão a
partir da interação entre os genes e o ambiente, no caso da perda de um familiar próximo,
uma pessoa entra em luto, sofre a perda de seu ente querido e se esforça para seguir a
vida, enquanto outra pessoa que tem uma predisposição genética para o vício vê-se
enfrentando a mesma situação, entretanto, sua resposta é extrema, que pode acabar por
desencadear um quadro de alcoolismo. Como outras influências além da biológica, pode-se
citar a falta de uma rede de apoio e uma criação onde o abuso de álcool é visto como algo
comum.
Teoria de zelar e agrupar: no período antes da invasão européia nas terras brasileiras,
poderíamos identificar claramente o acontecimento da teoria de zelar em uma invasão
territorial por tribos rivais. Nessa situação, biologicamente os homens tendem a ter a
resposta imediata de luta ou fuga, preparando-se para enfrentar os inimigos ou escapar.
Apesar de, primeiramente, essa ser a reação ocorrida também nas mulheres, existe a
tendência de reagir a esses mesmo estressor de uma forma a acalmar e proteger os filhos e
suas iguais do perigo, formando assim uma rede de proteção para as crianças e unindo-se
com as outras mulheres para assegurar a segurança do grupo. Biologicamente, pode-se
citar a influência do estrogênio e da oxitocina, que favorecem essa reação. Pensando no
psicológico, as mulheres e as fêmeas de outras espécies têm a característica evolutiva de
serem mais calmas e maternais, de forma a influenciar suas atitudes em momentos de
estresse. Culturalmente, sempre foi incumbido à mulher o dever para com a prole, o que não
muda, até mesmo se intensifica, em situações de estresse.
6. Reconsidere a situação ou o evento que você identificou em resposta à primeira
questão. O que aprendeu em sua leitura sobre as fontes psicossociais de estresse
que poderia ajudar a entender melhor essa situação e orientar aqueles que sentem
estresse?
A fonte psicossocial do estresse causado pelo retorno às aulas presenciais ainda durante a
pandemia atualmente pode ser caracterizada como um problema cotidiano, já que tal retorno
iniciou há cerca de um semestre atrás. Tal tipo de estresse pode agravar os sintomas de
ansiedadee com os estressores já presente na vida dos indivíduos. Como forma de lidar
com esse novo fator problemático, pode-se sugerir a adesão à psicoterapia, assim como a
prática de exercícios físicos e utilização de métodos de controle de estresse mais pontuais,
como técnicas de respiração.
7. Imagine que seu colega de quarto – um homem de uma família de classe média e de
minoria – descobre que rodou em disciplinas na faculdade, o que o colocará em risco
acadêmico. Se ele pedisse conselhos sobre como enfrentar o estresse que está
sentindo, que estratégias você sugeriria, e por quê? Você teria algum dado cautelar
para compartilhar com ele tendo por base o que já leu sobre o estresse em relação ao
gênero, status socioeconômico e etnicidade?
Inicialmente, iria sugerir a prática de exercícios físicos, que é considerado por diversos
especialistas a melhor forma de abrandar as consequências do estresse; além da
psicoterapia, que poderia esclarecer os motivos pelos quais tal reprovação ocorreu, como
uma sobrecarga de atividades ou estresse cotidiano interferindo em seu desempenho
acadêmico. Pessoas que encontram-se em situações de vulnerabilidade lidam com diversos
outros fatores estressantes que a população privilegiada não tem que se preocupar. Por
exemplo, homens não precisam se preocupar em sofrer feminicídio, pessoas ricas não se
preocupam diariamente com o que vão comer e pessoas brancas não sofrem racismo.
8. Como você se descreveria em termos de hardiness, estilo explanatório e outros
fatores discutidos neste capítulo? Com base no que leu, liste algumas maneiras pelas
quais você poderia melhorar sua resposta ao estresse e possivelmente o modo como
enfrenta situações estressantes
Em termos de hardiness, considero-me uma pessoa detentora de tal tipo de personalidade;
não vejo as demandas da minha vida como ameaças, mas como oportunidades de pôr à
prova meus conhecimentos sobre o mundo e sobre mim mesma, além de ter um forte
comprometimento com minha família, amigos e com o meu trabalho, que amo. Sobre estilo
explanatório, encontro-me no processo de continuar a atribuir os resultados a causas
positivas, pois já fui muito pessimista durante anos da minha vida. Na perspectiva do
controle pessoal, desde pequena fui ensinada que meus atos têm consequências, e que
devo assumir as mesmas de forma a aprender com elas; tal criação me ajuda até os dias
atuais, ensinando-me que sou dona de mim, de minhas próprias ações, e
consequentemente de como os resultados das mesmas irão apresentar-se. Sobre o apoio
social, atualmente tenho uma rede segura e de confiança, com amigos presentes, um bom
namorado e uma família terapeutizada que busca me apoiar nas minhas decisões. Observo
espaço para melhorias no quesito de continuar trabalhando meu estilo explanatório e
desapegar do pessimismo, além de considerar que um animal de estimação ajudaria a
reduzir o estresse cotidiano.
9. Com base em sua descrição de si mesmo em resposta à questão anterior, quais das
técnicas de manejo do estresse descritas neste capítulo o ajudariam mais a melhorar
sua resposta ao estresse? Que técnicas você já usou para lidar com o estresse, e
como você experimentou seus efeitos positivos?
Retomar os exercícios físicos iriam melhorar muito a minha resposta ao estresse, que é uma
técnica que já usei por anos, mas desde o começo da pandemia acabei por deixar de lado
ou fazer de maneira menos regrada que de costume. Enquanto realizada tal atividade,
observava menos sintomas de ansiedade e de TOC no meu cotidiano, além de melhora no
humor, no sono e menos crises de pânico. Outra técnica que vejo que pode me trazer
benefícios são as terapias de relaxamento, em especial a meditação mindfulness, a qual
pratiquei por cerca de um ano. Durante a sua prática, notava meus pensamentos mais
calmos e menos espirais de pensamentos e pensamentos intrusivos causados pelo TOC.

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