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O R G A N I Z A D O R A S : C Á T I A A M A R A L M I R I A N R O D R I G U E S CUIDANDO DA SAÚDE EMOCIONAL INFANTIL NA ATUALIDADE UMA LEITURA INTERATIVA PARA PAIS E EDUCADORES FABIANA ROCHA GRAÇA GOMES GRAÇA MEDEIROS MIRIAN RODRIGUES ROSIMERY FONTANELLA ALESSANDRA CHAVES CAROLINA HUGUETT CÁTIA AMARAL DALVA ALVES DANIELA LINO 3 Introdução 4 A Ansiedade Infantil e Seus Impactos na Vida Adulta 7 A Construção da Autoestima Infantil 11 A Criatividade Infantil no Prisma da Psicologia Positiva 16 Carta aos Pais: Como Lidar com as Crianças e Consigo Mesmos em Dias de Isolamento Social 23 Como Apoiar uma Criança com TDAH em Tempos de Isolamento Social 27 Considerações Sobre a Depressão Infantil 33 Cuidados com Nossas Crianças Dentro do Espectro Autista em Tempos de Isolamento Social 37 Estratégias Para Lidar Com a Ansiedade das Crianças em Tempos de Isolamento Social 42 Evitando um Ambiente Estressor às Crianças 46 O Storytelling e as Metáforas no Universo Infantil Índice A ideia da construção deste e-book nasceu em um grupo de WhatsApp, no qual algumas psicólogas se conheceram e trocaram experiências e ideias sobre as questões que envolvem o contexto do isolamento social, que tem afetado a todos nós, inclusive às crianças. Essa troca possibilitou insights e nos trouxe ao desafio deste trabalho, cujo objetivo é contribuir com as famílias e educadores na compreensão do universo das emoções infantis e no cuidado com essas emoções, não apenas nesse período de isolamento social, mas na convivência e no trabalho cotidiano com as crianças. Nesse contexto, trazemos nesta obra considerações e orientações de profissionais da Psicologia de diversas áreas e abordagens, tais como, Cognitivo-Comportamental, Psicologia Positiva, Neurociência, Neuropsicologia, Reabilitação Cognitiva, Psicossomática, Psicologia Infantil, todas com o olhar voltado para o universo infantil. Compartilhamos aqui com vocês nossas experiências com o universo infantil, enfatizando em 10 capítulos os temas: Autoestima; Ansiedade; Autismo; Criatividade, Carta aos Pais; TDHA; Depressão; Storytelling e Estresse. Trazemos em cada tema, sugestões para as famílias e educadores, para juntos ajudarmos nossas crianças a alcançarem uma saúde emocional equilibrada e mais adequada para este momento de isolamento social, e para a vida. Acreditamos que nossas considerações nortearão as famílias e educadores frente às questões que envolvem nossos pequenos, bem como suas vivências e desafios no momento atual, repleto de emoções, contribuindo para que alcancem um desenvolvimento saudável. Aproveitem a leitura, e curtam bastante seus pequenos. As autoras Introdução 3 A Ansiedade Infantil e Seus Impactos na Vida Adulta Daniela Lino A ansiedade é um sentimento inerente ao ser humano, ou seja, é algo normal na vida das pessoas. Trata-se de um processo psíquico natural, útil, que nos alerta em uma situação de perigo, de ameaça, e nos prepara para enfrentá-la. Todo ser humano sente ansiedade, seja em menor ou maior grau. Mas, atualmente a ansiedade tem sido vista como algo desagradável, que gera desconforto físico e que, geralmente, está relacionada ao medo. Poucas pessoas conseguem manter o nível de ansiedade controlado, ou seja, uma ansiedade saudável. Muitas vezes, esse nível se torna tão elevado que a pessoa não consegue mais controlar, permanecendo assim por um longo período de tempo. Em outras palavras, a ansiedade passa de saudável para patológica e, diante da situação, o indivíduo não consegue identificar o que de fato lhe causou os sintomas e, com isso, passa a interpretar uma situação normal como catastrófica e iminente de perigo. Na maioria das vezes as crises de ansiedade na vida adulta estão relacionadas a algum evento traumático, seja na infância ou na adolescência, entretanto, o indivíduo não consegue identificar isso, inicialmente. É comum que na sessão de terapia, ao falar sobre sua história de vida, o indivíduo comece a perceber, com a ajuda do profissional, que muito dos comportamentos, emoções e sentimentos trazidos por ele naquele momento, são reflexos de uma infância conflituosa, traumática, marcada por relações superprotetoras ou supercríticas, dentre outros aspectos. Todas essas emoções e sentimentos, quando não são bem elaborados pelo indivíduo, poderão desencadear transtornos de ansiedade na vida adulta, seja ela de forma generalizada, fóbica social ou pânico. 4 Para que alguém seja diagnosticado com qualquer tipo de transtorno, é necessário que apresente os sintomas de forma recorrente e ininterrupta por um período de pelo menos 6 meses. Logo seja diagnosticado, o indivíduo poderá tomar todas as medidas plausíveis para dar início ao tratamento. O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) se caracteriza pela presença de um número excessivo de sintomas ansiosos, preocupação e apreensão, persistentes na maior parte do dia. Uma pessoa acometida por TAG sente-se a todo momento angustiada, preocupada, nervosa ou irritada. Segundo Dalgalarrondo (2008), também são frequentes nesse quadro, a insônia, dificuldade em relaxar, dificuldade em concentrar-se, cefaleia, dores musculares, dores ou queimação no estômago, taquicardia, tontura, formigamento e sudorese fria. Sobre o pânico, em seu livro “Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais”, Dalgalarrondo (2008) apresenta uma pequena diferenciação entre crise de pânico, ou ataques de pânico, e transtorno de pânico. Segundo o autor, as crises de pânico são caracterizadas por ansiedade intensa, com importante descarga do sistema nervoso autônomo. Os sintomas da crise de pânico vão desde taquicardia, suor frio, desconforto respiratório, náuseas, formigamentos, até despersonalização e desrealização, tendo um início abrupto e curta duração. No que se refere ao transtorno de pânico, o autor pontua que, se desenvolve mediante crises de pânico recorrentes, com a presença constante de medo de ter novas crises, preocupações sobre possíveis implicações da crise, como perder o controle, ter um ataque cardíaco ou enlouquecer, e sofrimento subjetivo significativo. 5 Em relação à fobia social, esse transtorno se caracteriza por um medo intenso e persistente frente a situações sociais que envolvam expor-se ao contato interpessoal, demonstração de desempenho, ou situações competitivas e de cobrança. O indivíduo que apresenta esse tipo de fobia sente intensa angústia ao ter que falar em público, seja em uma palestra, apresentação de trabalho, ou outras situações em que seja colocado em destaque ou em interação social. Por consequência, esse indivíduo acaba evitando todo e qualquer tipo de situação em que se sinta julgado, avaliado ou o centro das atenções. PSICÓLOGA CLÍNICA COM 18 ANOS DE EXPERIÊNCIA EM ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E ADULTOS. ESPECIALISTA EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL; ESPECIALISTA EM PSICOSSOMÁTICA. ATENDIMENTOS PRESENCIAIS EM VITÓRIA/ES E ON-LINE – CRP 16/937. TEL.: (27) 99205-2244 Instagram: www.instagram.com/psicologiavix1/ Site: https://psicologiavix11.wixsite.com/website DANIELA LINO RODRIGUES 6 http://www.instagram.com/psicologiavix1/ http://www.instagram.com/psicologiavix1/ https://psicologiavix11.wixsite.com/website https://psicologiavix11.wixsite.com/website A Construção da Autoestima Infantil Alessandra Chaves O sujeito vai construindo o seu autoconceito mediante as informações colhidas ao seu respeito, através do seu contexto social, pois somos seres biopsicossociais (a formação do indivíduo vem de influências biológicas, psicológicas e sociais). As crianças são reflexos das suas referências, nesse caso pais ou responsáveis. Diante disso, a criança desenvolve a percepção que tem de si mesma, seu autoconceito, que pode ser de forma positiva ou negativa. Todas essas informações se juntam às que são originárias de cada criança, dentro do que se percebe, como características, habilidades, entendimento pessoal, estrutura cognitiva, área de conhecimento acerca de si próprio,e assim tiram suas próprias conclusões. De acordo com essas conclusões, constroem suas verdades, suas crenças básicas sobre quem são e o que merecem na vida. Por vezes, podem ser conclusões equivocadas, mas é apenas uma maneira de ver as coisas. A identidade da criança se constrói nessa relação com as pessoas significantes para ela, nesse caso, as que são consideradas mais importantes para a mesma. O sentimento valorizado a cerca dessa percepção de si próprio se constitui na autoestima, que é a avaliação que a criança faz ao seu respeito: gosto de ser desse jeito ou não? Segundo Vygotsky, a criança se desenvolve na interação com o mundo externo, contato com pessoas, e com o passar do tempo, isso é internalizado. Ela acolhe toda a forma de tratamento e comportamento vindos das pessoas que são sua referência, e através das repetições destes, acaba internalizando, e com sua individualidade cria o seu conceito. Aquilo que um homem pensa de si mesmo é o que determina, ou melhor, indica o seu destino (Henry David Thoreau,apud Murphy, 1981). 7 A autoestima e a autoconfiança estarão muito ligadas à forma como esses responsáveis tratam essa criança, principalmente em momentos delicados que estas possam ter, como episódios de frustrações. O comportamento dos responsáveis diante da situação poderá fazer a diferença, se procuram demonstrar que o “fracasso” faz parte da vida e incentivam a não desistir de algo, mostrando pontos positivos da criança, ou se lidam com críticas destrutivas e palavras negativas. Demonstrar amor ao filho apenas quando ele atingir suas expectativas, e satisfazer os seus desejos (amor condicional), o fará se sentir incapaz e o levará a acreditar que não vale a pena se esforçar para dar o seu melhor, visto que, isso lhe parecerá não ser o suficiente para obter aprovação e consequentemente, irá colaborar para sua insegurança e baixa autoestima. Se o amor dos pais for incondicional, o filho se sentirá melhor consigo mesmo e poderá controlar sua ansiedade e seus comportamentos durante sua caminhada para a fase adulta. Importante também lidar com a criança dentro do esperado para sua idade, não criando expectativa em algo que foge da sua realidade e do seu nível cognitivo, assim poderá ajudá-la a perceber suas limitações. Os pais devem estabelecer limites razoáveis e saudáveis para os filhos. Sendo assim, a forma mais efetiva de lidar com os comportamentos inadequados é separá-los da pessoa, ou seja, sinalizar que aquele comportamento não foi adequado e não que a criança seja o problema. A paternidade bem sucedia não envolve apenas o amor incondicional, mas também a proteção, estabelecimentos de limites e responsabilidades adequados ao estágio do desenvolvimento infantil. Depende dos pais a criação de um ambiente seguro para os filhos, com isso fortalecem os alicerces de segurança e saúde para os mesmos. 8 Conforme já foi mencionado, de acordo com vários teóricos, a criança sofre influência do mundo externo, e isso pode interferir no seu autoconceito e autoestima. Um exemplo, seria a relação escolar, que costuma ser o segundo ponto de referência dos pequenos, onde os coleguinhas podem praticar brincadeiras desagradáveis e essa criança ir internalizando tudo isso. Porém, quando essa criança possui uma família que a desejou, que possui afeto e cuidado, ela adquire mais confiança e segurança nos adultos, logo, vai construindo seu autoconceito nessas relações estabelecidas, passando a se ver como alguém digno de amor, e de valor. Nesse caso, as influências externas negativas, irão encontrá-la mais autoconfiante. Diante desse momento de isolamento social, por causa da pandemia, as crianças podem estar mais ansiosas, e as que apresentam baixa autoestima podem precisar ainda mais de apoio e atenção dos responsáveis. Procurem conversar com elas sobre a situação atual, de forma simples, clara e verdadeira, de acordo com o entendimento de cada uma, conforme a idade. Evitem que elas acompanhem todos os noticiários que vocês responsáveis possam assistir, elas não precisam disso e podem ficar mais abaladas emocionalmente. Aproveitem o tempo para dedicar-se ao máximo aos seus filhos, conversando, brincando, criando algo e motivando- os a falar sobre seus sentimentos e emoções. Demonstrem para eles que todos foram afetados em seus planejamentos e que não tem problema nenhum em às vezes ficarem tristes. Utilizem esse momento para investir na valorização dos seus filhos, isso tende a colaborar de forma positiva para o desenvolvimento saudável e auxiliá-los na construção da autoestima. 9 ALESSANDRA DA CONCEIÇÃO CHAVES PSICÓLOGA CLÍNICA E ORGANIZACIONAL. ATUANDO NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS). ESPECIALISTA EM PSICOLOGIA INFANTIL E PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL. ATENDIMENTOS PRESENCIAIS EM MIGUEL PEREIRA/RJ E ON-LINE. CRP 05/48885. TEL.: (24) 98132-7981 E-mail: ale.c.chaves@hotmail.com Instagram: www.instagram.com/alessandrapsico01/ 10 A Criatividade Infantil no Prisma da Psicologia Positiva Cátia Amaral No contexto atual de isolamento social, onde famílias se encontram enclausuradas em suas casas, é oportuno falar da criatividade infantil na visão da Psicologia Positiva, tema que se faz pertinente e de grande contribuição aos pais e educadores, visto que o emprego da criatividade é um aspecto crucial e desafiador para famílias no atual cenário, no sentido de manterem seus filhos menores em casa num ambiente acolhedor e afável, de menos conflito, haja vista, nesta conjuntura eles estejam desprovidos de acesso ao mundo, sem entretenimentos motivadores como shoppings, parques, cinemas, praças, praias e até mesmo a escola (Centro de Interação). Desta forma, trago algumas considerações e sugestões às famílias quanto à importância da criatividade para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças nas suas relações pessoais, em referência ao desabrochar das habilidades profissionais futuras que desempenharão. Fator que neste momento, incide ser explorado por medidas que possibilitem a manifestação de elementos positivos para a eficácia da ativação criativa. Segundo a Psicologia Positiva (PP), a criatividade é considerada um dos componentes para o desenvolvimento das potencialidades humanas de cada indivíduo, na perspectiva das características pessoais encontradas nas 24 forças de caráter. Sendo também estudada como construto separado, segundo Seligman e Peterson, para medirmos a criatividade, precisamos levar em conta 4 questões fundamentais: idade, a criatividade através de produtos, de processos mentais ou da personalidade. Contudo, iremos focar na criatividade na fase do desenvolvimento infantil. 11 O processo da criatividade no desenvolvimento humano Alguns estudos demostram a presença de fases de estabilidade e queda temporária na criatividade ao longo do desenvolvimento. Algumas realizações criativas são comuns entre jovens, enquanto outras ocorrem com maior frequência nos indivíduos mais maduros. Para os matemáticos, por exemplo, geralmente alcançam melhor fase criativa entre os 20 e 30 anos. Os físicos entre os 30 e 40 anos. Grandes obras filosóficas realizam-se, normalmente, em um momento conturbado da vida. E nos primeiros anos da fase adulta, a criatividade torna-se intensa, marcada pela espontaneidade. Os criadores com cerca de 40 anos produzem maior volume de obras reflexivas baseadas na experiência subjetiva, sob um ponto de vista introspectivo de experiências anteriores (CANDEIAS, 2008). Períodos de declínio Os vários declínios são explicados como reação a novas tensões encontradas em cada estágio de desenvolvimento, ou ainda na transição dos níveis educacionais. Usualmente, surgem por ocasião do ingresso no Jardim de Infância, na transição do Ensino Fundamental I para o Fundamental II, entre o Fundamental II e o Ensino médio, entre infância e adolescência. As fases de queda criativa Dos 5 aos 6 anos Esta fase se dá quando a criança é inserida no ambiente escolar, tendo pela primeira vez quese adequar às regras do mundo social estruturado. Em algumas situações, essas adaptações às normas e à rotina escolar transmitem pressão dos adultos, reprimindo assim sua originalidade. 12 Dos 9 aos 10 anos Nessa fase, a passagem do Ensino fundamental I para o II, ocorre nova queda. Esses alunos tornam-se agora mais curiosos. E o aumento da responsabilidade e o amplo número de colegas, professores e disciplinas tornam-se atributos difusos de assimilação pela forma padrão de seguir, algo que compromete o desenvolvimento da criatividade. Dos 13 anos Nesse período, a chegada da adolescência, há novamente um rompimento na escola com a finalização do Ensino Fundamental, com a sutil pressão social dos adultos ao inclinar o indivíduo a se adaptar a modelos externos, repressores, indiretamente, da autenticidade. Aliado a isso, as mudanças fisiológicas originadas da puberdade acentuam o processo. Não se pode falar em “criatividade”, no singular. Devemos falar em “criatividades”, as quais podem manifestar-se nos mais diferentes domínios, tais como verbal, corporal, motora, musical, científica, desenhos, dentre inúmeras outras possibilidades. Dessa forma, estimular a criatividade na criança, dependendo da idade, não é tarefa fácil para os adultos. Embora não seja impossível, porque, pode ser aprendida de várias maneiras e em contextos diferentes. Numa perspectiva, os estímulos sociais no contexto familiar despertam nas crianças a curiosidade, a vontade ininterrupta de brincar com coisas novas. Brinquedos são estimuladores da capacidade de criar, resolver problemas, tomar decisões, e gerenciar de forma espontânea o processo criativo, muitas vezes inconscientemente. Assim, a criatividade figura-se como atitude, e possibilita o desenvolvimento emocional da criança, em virtude de conceber diversos modos de agir no brincar, utilizando jogos do mais simples até àqueles complexos. Contanto que esses atos levem para as famílias a participação coletiva com engajamento, motivação e pensar criativo, tornando o ambiente familiar nesse atual contexto, atrativo, acolhedor e ao mesmo tempo divertido. 13 Seguem algumas sugestões de brinquedos que estimulam a criatividade infantil e permitem às crianças criar, imaginar, tais como: massinha de modelar; a utilização da lousa; brinquedos de faz de conta no geral; cabana; brinquedos de encaixe; brinquedo aramado; lego. Não existe brinquedo perfeito, o importante é dar preferência àqueles que estimulam a criança a aflorar seu lado criativo e curioso. Embora não existam regras para fazer fluir a criatividade, é possível torna-la apreendida mediante estímulo proporcionado pela ludicidade. Sendo o uso da Psicologia Positiva, através da força pessoal contida na inspiração, motivação e afetividade, instrumentos norteadores de ativação da criatividade. 14 CÁTIA CILENE SILVA AMARAL PSICÓLOGA CLÍNICA E ORGANIZACIONAL - CRP 13/6242. GRADUADA PELO UNIPÊ -JP. ESPECIALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS PELO GRUPO VERBO EDUCACIONAL/RS. EXTENSÃO EM PSICOLOGIA POSITIVA PELO NÚCLEO DE APLICAÇÃO DA PSICOLOGIA POSITIVA E EDUCAÇÃO EMOCIONAL (NAPPEM)/RS. ATUA NA ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL HÁ 9 ANOS, E ATUALMENTE NA PSICOLOGIA POSITIVA. MINISTRA AULAS DAS DISCIPLINAS DE PSICOLOGIA E GESTÃO DE PESSOAS. PALESTRANTE MOTIVACIONAL E ESCRITORA. JOÃO PESSOA/PB TEL.: (83) 99302-5881 E-mail: catiacilenepsico@gmail.com Instagram: www.instagram.com/psi.epotencialidadeshumanas/ Facebook: www.facebook.com/psi.epotencialidadeshumanas Youtube: www.psi.potencialidadeshumanas 15 http://gmail.com/ http://gmail.com/ http://www.instagram.com/psi.epotencialidadeshumanas/ http://www.instagram.com/psi.epotencialidadeshumanas/ http://www.facebook.com/psi.epotencialidadeshumanas http://www.facebook.com/psi.epotencialidadeshumanas http://www.psi.potencialidadeshumanas/ http://www.psi.potencialidadeshumanas/ Carta aos Pais: Como Lidar com as Crianças e Consigo Mesmos em Dias de Isolamento Social Carolina Huguettl Nessa época de pandemia, temos ouvido muitos relatos de pais que não sabem o que fazer com seus filhos em casa. Buscam conselhos e orientações com vizinhos, parentes, educadores e até mesmo nas redes sociais, imaginando que poderia haver uma “receita” para contornar tal situação. O interessante é que nesse período, também pude ouvir de alguns pais as seguintes frases: – Nem sabia que fulaninho sabia fazer tal coisa! – Não é que ele já está bastante espertinho! – Pela primeira vez nós assistimos a uma série juntos. – Pela primeira vez percebi que meu filho tem uma certa dificuldade com tal matéria! Entre tantas outras. Isso tem feito muitos pais refletirem sobre a qualidade da conexão com seus filhos. Convido você, nesse momento, a pensar num sinal de wi-fi. Imaginando sua conexão com cada um de seus filhos, como está esse sinal entre vocês? Fraco, nédio ou forte? Ou será que você ainda não possui a senha para se conectar aos seus filhos? 16 Estamos em uma época em que se tornou muito costumeiro as pessoas viverem correndo de um lado para outro, buscando dar conta de suas obrigações, sejam elas profissionais, acadêmicas, sociais e até mesmo “familiares”. Quando digo “familiares” falo de preparar as refeições, cuidar da casa e das roupas, pagar o aluguel, energia, internet e demais contas. Faz sentido para você? Se você respondeu sim, isso muito me preocupa! Pensa comigo: será que essas atividades não deveriam ser consideradas “domésticas”? Atividades familiares nem sequer deveriam ser chamadas de obrigações. Mas isso, vou deixar para você refletir sozinho(a) e pensar se na sua rotina anterior à pandemia, você estava dedicando tempo para se relacionar com sua família. Muitas vezes nós, pais, estamos envolvidos em tarefas, preocupações, dentre outras coisas, que nos colocam em um piloto automático, e nesses momentos, podemos descuidar do contato que estabelecemos com nossos filhos. Agimos de forma tão automatizada, que vivemos em busca de fazer algo para ter alguma coisa. Giramos em torno do FAZER x TER. E uma dimensão que foi ficando cada vez mais esquecida é o SER! O que te faz SER mãe? O que te faz SER pai? Qual lembrança cada um de seus filhos terão de você? Se eles pudessem lhe descrever, sem citar o que você faz, o que eles diriam? Convido você a fazer um exercício: feche seus olhos agora e se conecte com você mesmo quando ainda era criança. Quais as lembranças positivas mais relevantes você tem da sua infância? Se possível, descarte as lembranças que tenham a ver com coisas que você ganhou (presentes). É muito provável que você tenha se lembrado de dias simples, porém recheados de afeto. Claro que também nos lembramos dos presentes tão desejados no natal, das big festas de aniversário, daquele tênis “da hora” que você foi o primeiro a desfilar na escola, mas, certamente, não foram essas vivências que construíram QUEM você é hoje. 17 Somos marcados por sentimentos. Somos frutos de nossos relacionamentos. Nossa interação familiar é a base para um desenvolvimento emocional saudável (ou não), é a base da aprendizagem humana. E isso interfere, e muito, em quem nos tornamos. Se suas lembranças não são positivas e você teve dificuldade de fazer esse exercício, é bem provável que a forma como foi educado não desenvolveu todas as suas potencialidades e ainda trouxe muitos prejuízos emocionais: como ansiedade, depressão, baixa autoestima, insegurança e inadequação. De modo geral, a família é compreendida como o primeiro e mais importante contexto social, sendo responsável por produzir efeitos significativos no desenvolvimento intra e interpessoal de cada um de seus membros. Com isso, as figuras parentais desempenham forte influência na construção dos vínculos afetivos, autoestima e autoconceito de crianças e adolescentes. Falhas de condutas parentais em relação ao cuidado com as crianças podem causar danos, comprometendo a saúde mental infantil e desencadeando graves problemas de comportamento. Por isso, vejo a importânciade, nesse momento em que estamos vivendo, onde a preciosidade do tempo está tão abundante, como nunca antes neste século, nos atentarmos para a parentalidade. Parentalidade positiva é definida como um processo que usa competências construtivas e atitudes para ajudar, apoiar, encorajar e afirmar o desenvolvimento da criança. Ao se tornar pai/mãe ninguém recebeu um manual de como lidar com seu bebê nas mais diversas fases e situações da vida. Por isso, exercer esse papel, requer de cada um de nós uma busca ativa e persistente, que irá nos capacitar a orientar os filhos no mundo e desenvolver suas potencialidades. É necessário que os pais busquem desenvolver essas competências mais positivas, abandonando práticas coercitivas, para então promover a educação e regulação emocional da criança, promover a competência de resolução de problemas e comunicação, além das habilidades sociais. 18 Com base em tudo que você já refletiu até aqui, posso garantir que você já deu o primeiro passo. Ter consciência dos problemas que precisam ser enfrentados é o primeiro degrau do crescimento e desenvolvimento pessoal. Se você identificou falhas na sua conexão com seus filhos; se acredita que não está deixando uma boa lembrança para eles; se você tem dificuldade para se conectar de forma genuína naquilo que são os interesses e universo da criança; e se já consegue perceber falhas em suas práticas que irão deixar marcas emocionais, então você está convidado a investir no desenvolvimento de suas competências parentais. Deixarei aqui algumas sugestões praticas para que você comece a partir de hoje. • Conecte-se com seu filho: dedicar um tempo para estar com seu filho e partilhar ações em conjunto, é uma ótima forma de criar bases sólidas sobre o que é a relação verdadeira com o outro. Filhos aprendem experimentando e também pelo exemplo. Separe um tempo para brincar, chame para ajudar a fazer comida, leiam um livro juntos, se unam para “zerar” um jogo de videogame ou “maratonar” uma série no Netflix. • É importante ajudarmos a criança a verbalizar o que ela está sentindo, criar conexão e entrar em sintonia com ela. Assim, ela se sente compreendida e acolhida. Se a criança tiver dificuldade para verbalizar o que está sentido, diga para ela o nome da emoção que ela está transparecendo e faça com que ela saiba que é normal se sentir assim. Todos nós temos emoções. • Você pode experimentar parar o que você está fazendo, aproximar-se do seu filho o mais próximo que puder procurar ficar na altura dele, de modo que seus olhos estejam se cruzando, e aí sim, comunicar calmamente o que você espera dele. Quando olhamos no fundo dos olhos de nosso filho, é como dizer eu vejo você e podemos estabelecer uma comunicação mais profunda, e ele sentirá sua presença de maneira mais efetiva. 19 • Faça uma lista junto com seu filho sobre o que ele pode colaborar em casa: crianças têm um desejo sincero de ajudar os outros, elas gostam de se sentir úteis. Inclua seu filho nas tarefas de casa. Compartilhar tarefas, contribui para aumentar o senso de aceitação, ensina habilidades de vida e permite que ele experimente responsabilidade social. • O mau comportamento de uma criança não é nada pessoal ou desafiador, ela simplesmente não está sabendo lidar e expressar de maneira correta o que está sentindo, e por isso é importante perceber as crenças por trás do comportamento. Ao lançar um novo olhar sobre o mau comportamento do seu filho, você pode também mudar a maneira de abordá-lo, ajudando-o a entender melhor a situação, validando seus sentimentos, encorajando-o a buscar novas soluções e ensinando novas formas de pensar e agir. • Se a criança errar, ajude-a a lidar com o erro sem envergonhá-la por isso. Todos nós cometemos erros e continuaremos a cometer por toda a vida. O mais importante não é como ficou a tarefa que seu filho fez, mas sim, reconhecê-lo e agradecê-lo pelo esforço que ele desprendeu ao realizar aquela atividade e, aos poucos, com treino e supervisão, incentivá-lo a fazer cada vez melhor. Não economizamos palavras para apontar os erros, mas dificilmente paramos para reconhecer o que há de bom ou uma atitude positiva do outro. Todo mundo gosta de ser reconhecido por suas boas ações. • Estabelecer rotinas com as crianças é importante para que elas criem um senso de previsibilidade. É importante que, juntos, pensem em todas as tarefas que precisam acontecer (hora de dormir, lição de casa, fazer os deveres escolares, higiene pessoal, brincadeiras). Podem fazer um quadro de rotinas em conjunto (jamais imposto para a criança). 20 • As reuniões de família são ótimas oportunidades semanais para vínculo, escuta, combinados e ensinar habilidades de vida. É importante que esse espaço não seja utilizado como um momento de sermões ou controle parental, mas como uma oportunidade de buscar soluções em conjunto para os desafios ou problemas que surgem no dia a dia da família. Espero que essas dicas tenham sido válidas para iniciar uma transformação em sua família. Na missão de educar e formar os filhos, muitos erros ocorrerão, e você aprenderá a focar em soluções, e crescer com cada um deles. O segredo está no amor. Sempre que estiver em dúvida de como agir, conecte-se com esse sentimento e se coloque no lugar da criança, pense em como você gostaria de ser orientado a uma atitude melhor. Se precisar, não hesite em procurar um psicólogo(a), estamos à disposição para lhe auxiliar nesse caminho da educação/treino parental. 21 CAROLINA HUGUETT BATISTA GRADUADA EM PSICOLOGIA PELA UNIVERSIDADE VILA VELHA/ES (2007). ESPECIALISTA EM NEUROPSICOLOGIA E REABILITAÇÃO COGNITIVA (UVV) E EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA (INTCC). ATUA HÁ 13 ANOS COM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E NEUROPSICOLÓGICA E MINISTRA CURSOS DE CAPACITAÇÃO NESSA ÁREA. PSICÓLOGA CLÍNICA - CRP16/2101, ATUANDO DESDE 2015 NA ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL. TEL.: (27) 99964-3059 Facebook: www.facebook.com/huguett.psi Instagram: www.instagram.com/huguett.psi/ 22 http://www.facebook.com/huguett.psi http://www.facebook.com/huguett.psi http://www.instagram.com/huguett.psi/ http://www.instagram.com/huguett.psi/ Como Apoiar uma Criança com TDAH em Tempos de Isolamento Social Graça Medeiros De repente as nossas vidas foram pausadas e nos deparamos com a necessidade de aprender a desenvolver novas habilidades para convivermos confinados na quarentena. Alguns pais ou cuidadores estão enlouquecidos dentro de casa sem saber o que fazer. E quando temos ainda que apoiar um filho(a) portador de TDAH? Com certeza, será um grande desafio para os pais ou cuidadores interagir com essa criança 24h por dia, já que ele(a) precisa se adaptar às novas regras e mudanças atuais. Mas, todo ser humano tem uma altíssima adaptação ao meio em que vive, diz o teórico Jean Piaget. Abordagem diagnóstica Sabemos que o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é considerado por muitos como o transtorno neurocomportamental mais comum observado em pacientes infanto-juvenis. Os sinais podem ser observados pelos professores e pelos pais e cuidadores. O transtorno tem início na infância e quase sempre acompanha o indivíduo na idade adulta, com alguma modificação de sintomas, e prevalece nos meninos. No entanto, vários estudos suspeitam que isto ocorre, porque as meninas têm, predominantemente, o tipo apenas desatento, enquanto os meninos apresentam o tipo combinado, no qual a impulsividade e a hiperatividade são mais marcantes. Essas duas características predominantes nos meninos, podem explicar por que se verifica entre eles, maior incidência do TDAH. 23 O TDAH é um transtorno do comportamento com base neurológica, que atua mais especificamente no desenvolvimento do autocontrole, na capacidade de controlar os impulsos e de conseguir organizar-se em relação ao tempo, aos prazos e ao futuro em geral, como as demais pessoas estão aptas a fazer. Abordagem e tratamento “A TCC (Terapia Cognitiva Comportamental)tem sido adaptada a pacientes com diferentes níveis de educação e renda, bem como a uma variedade de culturas e idades, desde crianças pequenas até adultos com idade mais avançada [...] Quando as pessoas aprendem a avaliar seu pensamento de forma mais realistas e adaptativa, elas obtêm uma melhora em seu estado emocional e no comportamento. Para que haja melhora duradoura no humor e no comportamento do paciente, os terapeutas cognitivos trabalham em nível mais profundo de cognição: as crenças básicas do paciente sobre si mesmo, seu mundo e as outras pessoas. A modificação das crenças disfuncionais subjacentes produz uma mudança mais duradoura”. Dicas de atividades funcionais para as crianças • Brinquedos lúdicos; • Jogos de cartas; • Pega varetas; • Jogo de botão; • Jogo de tabuleiro; • Quebra-cabeça; • Jogo da memória; • Brinquedos com material reciclável; • Pintura com tinta guache; • Estátua; • Adivinhação, entre outras. 24 Como interagir com as crianças • Varie a rotina das brincadeiras; • Ofereça exercícios físicos para estimular a perda de energia; • Fale sempre de forma clara e objetiva, verifique se ela entendeu pedindo para repetir o que foi falado; • Motive sempre a criança a cumprir tarefas; • Mantenha uma rotina na casa, crianças com TDAH têm excessiva dificuldade de fixar tarefas; • Evite chamá-lo por apelidos e jamais permita alguém fazer bullying com essa criança; • Demonstre empatia e sempre que essa criança realizar alguma tarefa, não esqueça de elogiá-la; • Se possível, envolva todos da família em tarefas e brincadeiras para que ela se sinta amada e não se sinta excluída. Muita cautela e observação são fundamentais no trato com as crianças para que sejam descartados problemas de outra ordem, tanto pelos pais como por outros profissionais da área. Paciência, observação, firmeza e continuidade são muito importantes para que a criança se sinta aceita e segura tanto em relação aos pais quanto na sociedade; • Tanto os pais como cuidadores andam confusos com o excesso de informação e nas diferentes formas de lidar com as crianças portadoras de TDAH. Nessa fase em que estamos passando por essa pandemia, a informação é fundamental para criar um ambiente calmo para o convívio com essa criança. 25 MARIA DA GRAÇA MORAES OLIVEIRA DE MEDEIROS GRADUADA EM PSICOLOGIA PELA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - RJ. PSICÓLOGA CLÍNICA - CRP 05/61618.. ATUA NA ABORDAGEM COGNTIVO-COMPORTAMENTAL. PALESTRANTE DIRECIONADA A MULHERES, CASAIS, PAIS E FILHOS TEL.: (21) 99799-3180 E-mail: gracamedeirospsicologa@gmail.com Instagram: www.instagram.com/gracamedeirospsicologa/ Facebook: www.facebook.com/gracamedeirospsicologa A autoestima é um pilar de desenvolvimento para o autoconhecimento, autoconfiança e empoderamento. A família e os profissionais da saúde podem exercer um papel essencial nesse sentido, porém, o psicólogo pode dar um suporte de extrema relevância nesse processo, além disso, é importante não cobrar resultados, mas sim, desempenho. 26 http://gmail.com/ http://gmail.com/ http://www.nstagram.com/gracamedeirospsicologa/ http://www.nstagram.com/gracamedeirospsicologa/ http://www.facebook.com/gracamedeirospsicologa http://www.facebook.com/gracamedeirospsicologa Considerações Sobre a Depressão Infantil Mirian Rodrigues A depressão é um transtorno mental bastante frequente na atualidade, sendo considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a principal causa de incapacidade no mundo, segundo dados levantados em 2018. Em 2019, um estudo coloca o Brasil no topo do ranking da América Latina, com um índice de 5,8% da população afetada por esse transtorno. Apesar dos dados alarmantes, esse assunto ainda é tratado com preconceito e estigma. Existe ainda muito julgamento e, por parte de quem é diagnosticado com os sintomas, constrangimento e vergonha. Precisamos quebrar esses paradigmas. A depressão é uma doença, e precisa ser tratada. Esse transtorno pode causar na pessoa afetada grande sofrimento, comprometimento na vida profissional e acadêmica, na dinâmica familiar e relações interpessoais, na socialização e, na pior das hipóteses, pode culminar em suicídio. Durante muito tempo, acreditou-se que a depressão era um transtorno restrito a adultos. Os estudos sobre a depressão infantil tiveram início na psiquiatria na década de 1960, e somente na década de 1970 o tema se tornou alvo de pesquisas mais detalhadas. Atualmente, estudos comprovam que a depressão na infância se torna cada vez mais precoce e frequente. Essa realidade desperta preocupação, uma vez que esse transtorno compromete o desenvolvimento infantil, trazendo prejuízos nas funções sociais, emocionais e cognitivas da criança. . 27 A depressão é uma doença que engloba vários fatores, como biológico, social, comportamental, entre outros. Os estudiosos do tema apontam três categorias para a depressão: hereditária ou endógena, reativa e secundária. A hereditariedade diz da carga genética carregada pelo indivíduo, ou seja, filhos, netos e bisnetos de pessoas que apresentam determinadas doenças, entre elas a depressão, têm maior probabilidade de desenvolver essas doenças. A depressão hereditária ou endógena, está relacionada à deficiência de neurotransmissores: serotonina, dopamina e noradrenalina, responsáveis pelo humor e sensação de bem-estar. Para além da hereditariedade, estudos comprovam que a convivência com pais depressivos pode aumentar as chances da depressão infantil, isso dependerá da dinâmica familiar e dos vínculos afetivos que essa família constituirá com a criança. Quando a alteração do humor é desencadeada por fatores externos, é chamada de depressão reativa. Nesse sentido, os sintomas poderão surgir mediante perdas e frustrações como, perde de um ente querido, separação de pais, abandono, mudanças, etc. A depressão secundária, mais comum em adultos, está relacionada a um adoecimento físico. Ocorre, sobretudo, quando o adoecimento traz incapacidade ou limitações ao indivíduo. Estudos apontam que questões relacionadas à vida moderna contribuem significativamente para o adoecimento psíquico de crianças e adolescentes. Vivemos a era da velocidade, da informação, da tecnologia e seus muitos recursos, que, por si só, não podem ser considerados maléficos, mas a forma como nos relacionamos com esses fatores, é que os tornam prejudiciais ou não. 28 Estamos inseridos em um mundo cada vez mais competitivo, no qual as exigências e cobranças são cada vez mais acirradas. As crianças são expostas a uma infinidade de atividades e afazeres, cada vez mais cedo, e exige-se que tenham ótimo desempenho e cheguem o mais próximo da "perfeição". Aliado a isso, as necessidades e ritmo da vida moderna torna o contato entre pais e filhos cada vez mais escasso. Associados, todos esses fatores da vida moderna roubam a infância das nossas crianças, é o que dizem os estudos. E o tempo ocioso é gasto, normalmente, em frente às telas: TV, celular, tablet, computador, videogames. Falta tempo para brincar, para criar, se aventurar, fantasiar, dormir, e até para se frustrar e aprender a lidar com as frustrações. Estudiosos salientam que o excesso de cobranças, a rejeição familiar, e a sobrecarga de responsabilidades estão entre as principais causas de depressão infantil. Em menor proporção, o bullying também tem contribuído para o adoecimento das crianças. O diagnóstico da depressão infantil não é tarefa fácil. Os sintomas normalmente se diferem dos sintomas do adulto, e variam de acordo com o estágio de desenvolvimento da criança. Outro dificultador, é que, diferente do adulto, a criança não tem consciência do que está acontecendo consigo, e não consegue falar dos seus sintomas nem expressar seus sentimentos. Assim, frequentemente, o problema só é percebido quando alguém próximo, normalmente um dos pais, cuidador ou professor, percebe alguma atitude ou comportamento diferente. Os sintomas depressivos em bebês e crianças de até2 anos de idade se apresentam através de reações emocionais expressas na face e nos comportamentos. Pode-se observar inquietação, choro fácil e desmotivado, alterações no sono, retraimento, recusa à alimentação, face inexpressiva e até mesmo um estado de muita quietude, olhar perdido. 29 Os sintomas ou queixas apresentadas pela criança com idade entre 2 e 7 anos normalmente estão relacionados a fatores físicos, como dor de cabeça, dores abdominais, o que geralmente caracteriza somatização, isto é, a criança não consegue se expressar, dizer do que se passa com suas emoções, então, isso se manifesta no corpo. Pode apresentar também baixo ganho de peso, alteração no apetite e sono, regressão no desenvolvimento psicomotor e enurese. Pode- se observar também agressividade, irritabilidade, choro, medo, hiperatividade e tristeza. Na idade escolar, compreendida entre os 7 e 12 anos, os sinais mais frequentes estão ligados à socialização. A criança apresenta perda de interesse pelas brincadeiras e atividades que costumava gostar, recusa passeios e ir à escola. Pode apresentar também alterações de humor, na alimentação, na concentração, sono, e queixar-se de cansaço. Esses fatores podem implicar em queda no rendimento escolar e, havendo fracasso na escola, poderá afetar a autoestima da criança e provocar o isolamento social. Casos mais graves podem apresentar delírios, alucinações e ideias de suicídio, o que acontece com mais frequência a partir dos 10 anos. O diagnóstico da depressão se dá através da escuta clínica, observando-se com critério a história de vida da criança, em todo seu contexto, que deverá detalhada pelos pais durante a consulta. Esse diagnóstico pode se iniciar com o pediatra e, sendo necessário, encaminhado ao psiquiatra infantil. O diagnóstico da depressão infantil é baseado no Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA). É importante que o tratamento da depressão infantil seja multidisciplinar – acompanhamento com pediatra, psiquiatra e psicólogo. A psicoterapia configura-se o tratamento mais indicado. Havendo necessidade, o tratamento medicamentoso será prescrito pelo psiquiatra infantil. 30 O processo psicoterápico é muito importante para o tratamento, e o seu sucesso dependerá muito do engajamento da família. Para que esse processo seja bem-sucedido, é preciso que se desenvolva uma relação de confiança e transparência entre o profissional, a família e a criança. As três partes necessitam estar engajadas, a falta de compromisso de qualquer das partes, compromete o tratamento. É de extrema importância que a criança, em qualquer idade, sinta- se segura, amada, desejada, e esteja inserida em um ambiente harmônico e afetuoso, onde se sinta apoiada. Esses aspectos são importantes para o desenvolvimento infantil, bem como para o tratamento e a prevenção do adoecimento. É necessário que os pais e cuidadores estejam atentos aos sinais do transtorno, uma vez que, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, menor prejuízo a criança terá e mais rapidamente voltará à sua rotina normal. Nesse momento de pandemia e isolamento social, é importante manter o olhar atento às crianças. A alteração na rotina, a vivência do medo, da insegurança, e do próprio distanciamento social torna- se um cenário propício à desregulação das emoções, tornando-as suscetíveis ao estresse, ansiedade e às alterações do humor, afetando sua saúde emocional. Frente a esse cenário, é preciso investir ainda mais na conexão entre pais e filhos, e familiares, ainda que o contato seja virtual. É um momento em que a criança necessita, ainda mais, sentir-se acolhida, protegida, segura e, sobretudo, amada. Procure criar uma rotina saudável, e invista na conexão com seus filhos! Se observar sinais de depressão infantil, neste ou em qualquer momento, procure ajuda profissional! 31 MIRIAN RODRIGUES DA SILVA GRADUADA EM PSICOLOGIA PELA FACULDADE DE SAÚDE IBITURUNA – MONTES CLAROS/MG (2016). PSICÓLOGA CLÍNICA E PALESTRANTE – CRP 04/46275. ABORDAGEM HUMANISTA-EXISTENCIAL. ATUANDO NO AMBULATÓRIO MUNICIPAL DE SAÚDE MENTAL E NO INSTITUTO PRÓ-VIDA EM RIO PARDO DE MINAS/MG. ATENDIMENTOS PRESENCIAIS E ON-LINE. TELS.: (38) 99985-2090 – (38) 99928-3598 (INSTITUTO PRÓ-VIDA). E-mail: mirianrodrigues.psi@gmail.com Instagram: www.instagram.com/mirianrodrigues.psi/ 32 http://gmail.com/ http://gmail.com/ http://www.instagram.com/mirianrodrigues.psi/ http://www.instagram.com/mirianrodrigues.psi/ Cuidados com Nossas Crianças Dentro do Espectro Autista Em Tempos de Isolamento Social Fabiana Rocha Você sabe o que é o autismo? Autismo ou transtorno do espectro autista (TEA), é um termo geral utilizado para descrever um grupo de transtornos que estão associados a alterações no desenvolvimento do cérebro. Não existe uma causa. Os prejuízos podem variar em menor ou maior grau. Cada pessoa autista é diferente e não possuem todas as características listadas a seguir. Sendo assim, não existe uma receita de bolo que sirva para qualquer paciente, dessa forma, o planejamento terapêutico é realizado de acordo com as necessidades de cada um. As intervenções, ocorrendo o mais cedo possível, minimizam as dificuldades e potencializam as habilidades já existentes. Lembrando que sempre será necessário a avaliação multiprofissional, apresento as principais características do autismo: • O apego à rotina - originada da rigidez do pensamento, essa característica esta relacionada à falta de imaginação e criatividade, resistência a mudanças. • Não compartilham da mesma atenção e foco, ou seja, não olham nos olhos, dificultando assim a reciprocidade e a interação. • Dificuldade de planejar e executar tarefas - portadores de autismo apresentam déficit de organização, atenção e processamento que impedem a compreensão de regras. . 33 • Dificuldades em compreender intenções pensamentos ou comportamentos de outras pessoas ou de se colocar no lugar delas, não conseguem ter diálogos. No atual cenário de pandemia global, o isolamento se torna um meio de união entre famílias, principalmente pais e filhos. Sendo proveitosa tal ocasião para momentos de estimulações “POSITIVAS”. Cultivando laços com seus filhos, usufruindo desse tempo instruindo habilidades necessárias para sua funcionalidade, socialização e autonomia. Estratégias e habilidades junto ao novo contexto Aqui estão algumas dicas e orientações que se encontram dentro das estratégias do método científico ANÁLISE COMPORTAMENTAL APLICADA - ABA (APPLIED BEHAVIOR ANALYSIS). ABA é uma abordagem da Psicologia Comportamental para a compreensão do comportamento e vem sendo amplamente utilizada no atendimento, em programas e intervenções com comprovação cientifica de sua eficácia, que irão facilitar esse momento. Com estímulos corretos, a ABA utiliza também de reforçadores sociais para que um comportamento esperado volte a ocorrer, como um elogio, um abraço, um beijo, entre outros. Principalmente de maneira lúdica, divertida toda criança com TEA aprende, contudo, não existe uma idade cronológica exata de aprendizado. • Orientamos que não trabalhe em cima de erros, pois cada pessoa tem seu ritmo de aprender. • Embora a mudança provoque ansiedade, utilize de apoios visuais, diminua os estímulos quando necessário, com um tempo extra para que ela se reorganize, são atitudes que contribuíram para que a criança aos poucos aprenda a reagir de maneira mais adequada. 34 • Mesmo que pareçam passos pequenos, o importante é a interação, o tempo de concentração e principalmente o reforço dos laços afetivos durante a brincadeira. • Prefira roupas confortáveis, que facilitem o movimento, disponíveis para serem sujas com tintas, que possam ser manchadas com comidas, etc. • Observe questões como horários de banho, banheiro, almoço e jantar, pois a criança tende a perder a paciência e não se dispor a brincar. · • Faça anotações sobre: tempo envolvidoe o que mais tem feito sucesso em questão de interesse da criança e vá acompanhando, assim, a evolução do seu filho. • Não se esqueça de que é preciso duas coisas: criatividade (pois eles podem se entediar facilmente) e paciência, pois não é uma prova, mas um momento produtivo em forma de brincadeira . • Persistir nos estímulos diários, pois é um trabalho de formiguinha que leva tempo, porém, com grandes êxitos, pois a frequência torna-se um hábito. Profissionais de diferentes equipes compõem a equipe de tratamento do paciente com TEA: psicólogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais, médicos e fonoaudiólogos. Todos são igualmente importantes, contudo, em determinados momentos de vida do autista, um profissional pode ser mais necessário que outro. Assim sendo, devemos ser centrados na criança ao invés de em sua deficiência, apoiando-a da melhor forma para o futuro. Sempre objetivando uma inter-relação entre terapeutas, a família e a escola. 35 FABIANA ROCHA PSICÓLOGA CLÍNICA INFANTIL, ATUANDO NA ABORDAGEM COGNITIVO- COMPORTAMENTAL. PÓS-GRADUANDA EM AUTISMO. ATENDIMENTOS PRESENCIAIS EM RIO DE JANEIRO/RJ E ATENDIMENTOS ON-LINE - CRP 05/59654. TEL. (21) 98847-1925 E-mail: fabi.rocha.psi@gmail.com Instagram: www.instagram.com/psifabianarocha/ 36 http://gmail.com/ http://www.instagram.com/psifabianarocha/ http://www.instagram.com/psifabianarocha/ Estratégias para Lidar com a Ansiedade das Crianças Em Tempos de Isolamento Social Dalva Alves Este artigo é um convite para uma pausa, com o objetivo de repensar algumas práticas com as crianças nesse tempo de isolamento social. Quando entramos no isolamento social, os primeiros sentimentos foram de susto, medo, tristeza, impotência, negação, enfim, a pandemia trouxe uma mistura de sentimentos, e foi preciso tempo para ir organizando os pensamentos e as emoções. Na atual situação, com mais de quarenta dias em isolamento social, e ainda vamos continuar, não se sabe por quanto tempo, a ansiedade tem trazido muita dificuldade para o bem-estar das crianças e dos pais. Uma pessoa que apresenta sinais de ansiedade está sempre apreensiva em relação a algo que vai acontecer. Esse estado pode ser normal ou patológico, levando em consideração a intensidade, duração e frequência em que ocorrem os sintomas. A ansiedade é um dos temas da saúde mental mais comentado desde que o isolamento social começou. O convívio familiar tem outro perfil desde então. Muitos pais que trabalhavam fora, agora estão em home office; as crianças que realizavam diversas atividades extraescolares passaram a ficar somente em casa. O cenário exigiu, e ainda exige, muitas mudanças. Com isso, a ansiedade, que já fazia parte do dia a dia de muitos, hoje aumentou. As queixas são frequentes em relação ao que fazer com as crianças. Como mantê-las calmas e concentradas com tanta energia? E as atividades da escola? Como sobreviver a esse caos que a COVID-19 trouxe? Aí eu te pergunto: O estresse está ganhando o pódio de sua vida? 37 Foi pensando nessas queixas que resolvi trazer algumas estratégias para ajudar os pais a se reorganizarem com menos cobrança em relação aos filhos e criando uma rotina que venha amenizar esse sentimento de ansiedade das crianças. As estratégias pensadas para o alívio da ansiedade das crianças no contexto familiar são atividades que trazem alegria, descontração, alívio para os sintomas de ansiedade, proporcionam um desenvolvimento cognitivo, afetivo e propiciam momentos de aprendizagem em família. Os adultos também se beneficiam de atividades realizadas com as crianças, desde que estejam presentes no momento, quero dizer, estejam por inteiro. 1) Organização familiar Que tal realizar junto com as crianças a organização do tempo utilizando a pizza do tempo familiar? Essa é uma tarefa simples que com papel, lápis e canetinhas, cada um identifica quanto tempo investe em cada atividade do dia a ser realizada. Isso ajuda os pais e as crianças a visualizarem como a rotina está organizada. Divida a pizza como você divide o tempo de sua vida hoje. A divisão do desenho da pizza vai depender das suas atividades e das atividades das crianças. Aqui também é um momento em que pode ser estipulado o tempo para o uso da internet. Esse deve ser um momento livre, onde cada um faz o seu desenho, o mais natural possível. O importante aqui é o tempo registrado para cada atividade. Depois de pronto, coloque o desenho em um lugar que seja visível para a criança. A visualização da proposta realizada ajuda a manter o foco. 38 2) Momento de escuta Com tantas notícias e atividades em casa para realizar, é compreensível que para alguns esteja difícil de organizar e encontrar um tempo para se escutar e escutar o outro. Mas calma! É possível sim, desde que algumas coisas sejam colocadas como prioridade. Ouvir as queixas das crianças ajuda a auxiliá-las nos momentos de angustia, como também a perceber o nível de ansiedade que elas estão apresentando. Mudanças de comportamento e de humor é um fator que se destaca nesse tempo de isolamento social. Ressalte para a criança o que tem acontecido de bom, o que têm realizado juntos, ensine-a a admirar os pequenos acontecimentos. 3) Culinária As crianças também gostam de cozinhar. Aqui é um convite para que seja realizada uma receita que a criança goste. Pode ser um bolo, rosquinhas, sorvete, enfim, a receita deve ter um sentido para a criança, pois isso vai exigir um engajamento de sua parte, ajudar a aliviar as tensões, sem contar que é também um registro para a memória afetiva. Depois que passar esse tempo de isolamento social, ficarão na memória as lembranças doces e gostosas realizadas em família. 4) Jogos Os jogos de tabuleiro são excelentes para esse momento, para a família aproveitar o tempo juntos. Os jogos ajudam a trabalhar as regras, a estimular o raciocínio cognitivo, atenção e memória. Através do jogo, os pais podem perceber os sentimentos, pensamentos e emoções da criança, podendo assim ajudá-la. Por exemplo: se a criança se mostra agressiva ou chora por perder no jogo, é um momento em que será necessário conversar com a criança sobre isso. 39 Nesse caso, os pais precisam de paciência e perseverança, pois nem sempre a criança vai expressar o que realmente está sentindo através de palavras. O desenvolvimento emocional das crianças depende muito do equilíbrio emocional dos pais. Aqui não se fortalece perda e ganho em um jogo, mas sim a relação que se desenvolve através da brincadeira de jogar. 5) Relaxamento Um convite para relaxar. Deite no chão junto com a criança e peça a ela que pense em um momento em que ela se sente tranquila e relaxada. Pergunte como ela se sente, o que imagina, como fica seu corpo quando está tranquila. Depois faz o exercício de inspirar e expirar, devagar, para que ela sinta o ar entrando e saindo. Pode colocar um ursinho de pelúcia no seu abdômen para que fique mais descontraído e ela perceba o movimento da respiração. 6) Histórias Eu amo histórias! Não poderia deixá-las de fora nesse momento. A história pode ser lida ou inventada, o importante é fazer desse momento um encontro com as emoções, e se possível, conversar, ouvir o que a criança tem a dizer, ou simplesmente não falar nada. Às vezes a criança adormece ouvindo a história. É importante que a história esteja de acordo com a idade, para que se torne interessante. 40 7) Filmes Os filmes para esse momento de tensão em isolamento social são uma opção para assistir com toda a família, tornando o momento mais prazeroso. Optar por filmes que a criança tenha interesse e seja de acordo com a faixa etária. Faça do momento, uma diversão. Todas as estratégias podem ser adaptadas de acordo com a família, local, tempo, enfim, cada um acrescenta sua criatividade e disponibilidade. O mais importante é encontrar tempo para criar laços e momentos de tranquilidade. Tudo o que fizermos agora, será um passo dado para continuar depois. Não sabemos o que nos espera,estamos todos aprendendo, mas podemos encontrar maneiras para melhorar o hoje. PSICÓLOGA - CRP 05/50731. ESPECIALISTA EM NEUROPSICOLOGIA; MESTRA EM PSICOLOGIA. ATENDIMENTOS PARA CRIANÇAS, ADOLESCENTES E ADULTOS. TEL.: (22) 98810-6442 E-mail: alsan.dalva@gmail.com Instagram: www.instagran.com/Dalva.psi DALVA ALVES DOS SANTOS 41 http://gmail.com/ http://www.instagran.com/Dalva.psi Evitando um Ambiente Estressor às Crianças Rosimery Fontanella Inseridos no contexto da pandemia de COVID-19, anunciada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 11/03/2020, as famílias estão diante de um estresse prolongado, tendo as resoluções de problemas e manejo de conflitos prejudicados. Todo esse cenário se desenrola de forma mais acentuada e árdua com os cuidados requeridos às crianças. Tensão, pressão ou insistência, são significados da palavra estresse, logo, estar estressado quer dizer "estar sob pressão" ou “estar sob a ação de estímulo insistente”. Denominamos estressor, qualquer estímulo capaz de provocar o aparecimento de um conjunto de respostas orgânicas, mentais, psicológicas e/ou comportamentais relacionadas com mudanças fisiológicas padrões estereotipadas, que sobrecarregam a glândula suprarrenal e o sistema nervoso autônomo simpático. Tais respostas têm como objetivo adaptar o indivíduo à nova situação, gerada pelo estímulo estressor, e o conjunto delas, quando assume um tempo considerável, é chamado de estresse. Assim, entendemos que o estado de estresse está diretamente relacionado com a resposta de adaptação. O estresse é essencialmente um grau de desgaste no corpo e na mente, que pode atingir níveis degenerativos. Impressões de estar nervoso, agitado, neurastênico ou debilitado podem ser percepções de aspectos subjetivos de estresse. Imersos numa situação jamais experimentada por nós, as incertezas são inúmeras, tais como: sobre o futuro, desconhecimento de tratamentos eficazes, dinâmicas nos campos político, econômico e social. Dessa forma, necessitamos oferecer às nossas crianças: 42 - Um ambiente mais acolhedor e solidário, assim, se sentirão mais seguras e aliviadas conseguindo expressar e comunicar seus sentimentos perturbadores; - Uma escuta ativa é de extrema importância, observando e entendendo as variadas formas que a criança utiliza na comunicação: maior apego, ansiedade, afastamento, agitação, irritação, pesadelos, enurese, mau humor frequente, etc. - Maiores quantidades de atenção e amor dos adultos, pois em tempos difíceis, elas demandam muito mais. Dessa forma, aumentamos o incentivo ao ambiente sensível e atencioso em torno dos pequenos; - Controle das nossas próprias emoções, mantendo a nossa calma, escutando-as e falando de forma tranquila e gentil. Não podemos esquecer que pais/responsáveis são espelhos! - Sendo apropriado e seguro, abraços são indicados ao escutar que é amada e que nos orgulhamos dela, a criança eleva assim sua autoestima; - Oportunidades em relaxamentos. As nossas emoções influenciam o modo como pensamos e também provocam reações em nosso corpo. Quando sentimos medo, ficamos mais encolhidos e até mesmo com dor. A respiração é fundamental nesse processo, inspirar pelo nariz e assoprar como se assobiasse, produzindo o som da letra (s). Na imaginação, como se cheirássemos uma flor e assoprássemos uma vela (devagar, para não apagá-la); - Contato por telefone ou chamadas de vídeo, caso a criança precise ser separada de seu responsável; 43 - O uso da tecnologia, sempre na presença de um adulto e de forma dosada, para que nossos pequenos mantenham a sua rede de amizades. Partilha de atividades para que sejam coloridas e mostradas entre os amigos, além de contar histórias online, são excelentes formas de interação. Caso a criança já saiba ler, ela mesma pode contar as histórias aos amigos. - A manutenção da sua rotina com tarefas que intercalem aprendizados, brincadeiras e relaxamento. Criação de atividades junto com a criança, é fundamental para mostrá-la o engajamento do adulto; - O brincar é uma das atividades que dá sentido à vida da criança. Através do brinquedo ela se expressa, usa a sua imaginação, é estimulada a encontrar saída para resolução de problemas e ainda exercita o ganhar e perder como etapas importantes da vida. O contato com as músicas tem grande peso terapêutico;- Conhecimento da doença e da importância do distanciamento social. Ela precisa saber o que acontece, de forma clara e principalmente cuidadosa, e como precisa fazer para se proteger da COVID-19. Atividades como: desenhar, pintar, recortar e colar a imagem do vírus, pedir para ela demonstrar como aprendeu a lavar as mãos, são exemplos que podem ser utilizados; - Preservação quanto aos boatos e noticiários, principalmente poupando-as das imagens “pesadas”; - Momento lúdico na limpeza e desinfecção da casa e brinquedos; 44 - Regularidade no horário do sono, tanto ao dormir como ao acordar. O sono tem papel fundamental no sistema imunológico e na regulação emocional. Alterações do sono podem predispor distúrbios do sono, com consequências para a saúde mental (tanto precipitando como perpetuando a ansiedade, a depressão e o estresse) e para a saúde fisiológica. Para uma higiene do sono, se mostra primordial evitar psicoestimulantes (cafeína, chocolate e chás), procurar consumir refeições leves/de fácil digestão, diminuir as luzes, evitar uso de eletrônicos para desacelerar (2 horas antes do sono), além de dormir no escuro total. ROSIMERY DO AMARAL SOARES FONTANELLA PSICÓLOGA CLÍNICA, ATUANDO NA ABORDAGEM TCC. PEDAGOGA. PÓS-GRADUANDA EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLÍNICA. ATENDIMENTOS PRESENCIAIS EM NITERÓI/RJ E ON-LINE VIA ZOOM OU SKYPE - CRP 05/59642. TEL.: (21) 96999-3003 E-mail: rosi.fontanella@hotmail.com Instagram: www.instagram.com/psicologa.rosimery/ 45 http://hotmail.com/ http://www.instagram.com/psicologa.rosimery/ O Storytelling e as Metáforas no Universo Infantil Graça Gomes Há dois meses, nós brasileiros fomos surpreendidos por uma pandemia mundial, que já mostrava seus desdobramentos e suas consequências desde o seu início nos países do oriente, se alastrando para o ocidente e tomando conta do mundo inteiro. De uma hora para outra, fomos arremessados para uma nova realidade, e tivemos a nossa rotina drasticamente alterada. Tivemos que improvisar uma nova forma de viver: sem convívio social, sem poder dar um abraço, sem poder seguir a nossa já conhecida rotina. Não bastasse isso, tivemos que aprender a conviver com os medos, ansiedades e incertezas trazidos por essa situação. E também com conflitos familiares gerados pelo convívio permanente entre pessoas com visões e percepções de mundo diferentes, e diferentes formas de manifestação dessas percepções. Nesse contexto estão as crianças, que, diferente dos adultos e dependendo da idade, não sabem explicar cognitivamente o que está acontecendo, mas sentem. Entram em contato com a intensidade de suas emoções de medo, angústia, insegurança, raiva, etc. e recebem ainda o reflexo desse desequilíbrio emocional nos adultos que estão convivendo com elas. Por outro lado, o que poderá fazer todo mundo junto na mesma casa, pais e filhos, para que esse tempo não traga só emoções desagradáveis e aborrecimentos, mas seja um momento de grande aprendizado para as crianças, promovendo a integração familiar? 46 A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) oferece algumas ferramentas de grande utilidade para que pais e cuidadores, quando bem orientados, possam ensinar as crianças a manejar suas emoções, e também expressar sua criatividade. Essa abordagem da psicologia se baseia em dois princípios centrais: • As nossas cognições (pensamentos e imagens mentais) têm uma influência controladora sobre as nossas emoções e nossos comportamentos; • O modo como agimos pode afetar profundamente nossos pensamentos e nossas emoções. Uma das ferramentas utilizadas com crianças que as ajudam a ter percepções mais positivas dos acontecimentose melhor equilíbrio de suas emoções, gerando assim comportamentos mais assertivos, é o storytelling com o uso de metáforas. Assunto de que trata este capítulo. O que é storytelling? Este termo da língua inglesa significa, em tradução literal, “contação de histórias”, ou “a arte de contar histórias”, como ficou conhecido ente nós. O termo storytelling é relativamente novo, porém contar histórias é uma arte milenar, visto que esse feito sempre foi uma característica do ser humano, antes mesmo do aparecimento da escrita. Essa ferramenta (ou técnica) utiliza palavras ou recursos audiovisuais para contar uma história, que pode ser de improviso ou elaborada, dependendo do objetivo. É usada atualmente em vários segmentos com os mais variados objetivos. 47 O que são metáforas? A metáfora é uma figura de linguagem que, entre outras coisas, nos ajuda a compreender e expressar emoções, sentimentos e percepções através de uma linguagem figurada. Por exemplo: quando dizemos que estamos “carregando o mundo nas costas”, estamos utilizando uma metáfora para dizer que estamos nos sentindo sobrecarregados. As metáforas também são utilizadas na criação de estórias em que haja personagens e situações que se assemelhem a algo que estamos vivenciando, contadas sob pontos de vista mais construtivos, nos permitindo através da identificação, alterar nossa percepção sobre a nossa própria situação. Na psicologia infantil, o storytelling é utilizado com fins terapêuticos em várias abordagens, desde as de base analítica, até as de base existencial-humanistas e as cognitivas. Na TCC, abordagem de referência deste capítulo, é utilizado como recurso para auxiliar a criança a lidar de forma adaptativa com as suas emoções, através de sua identificação com os personagens das histórias narradas. As histórias se utilizam de metáforas, que as levam a fazer analogias com o seu próprio mundo interior e seu universo psíquico- emocional. Isso ajuda a criança a validar e compreender os seus sentimentos e emoções, modificando assim seus pensamentos e comportamento, por obter uma mudança de percepção da situação. Como sugere o modelo cognitivo da TCC, pensamentos, emoções e comportamento se influenciam mutuamente. E, quanto mais adaptativos, melhor será a percepção da criança sobre as questões que está vivenciando, e melhores serão as estratégias que ela utilizará para lidar com aquela questão. 48 É também possível utilizarmos as metáforas para explicar, de modo figurativo, algo abstrato, trazendo-o de forma mais perceptiva para o mundo concreto. Assim, é possível explicarmos para as crianças várias coisas, desde seus sentimentos e emoções, até o que é o coronavírus e uma pandemia, utilizando elementos de seu mundo emocional e/ou cognitivo. O storytelling também pode ser utilizado com o fim único de desenvolver a criatividade e a imaginação. Muitos profissionais, tanto da área da Educação como de Humanas e da Saúde, já desenvolveram excelentes trabalhos que servem de inspiração, como os livros “Carlota não quer falar” e “A amendoeira triste” da escritora e especialista em Contos e Fábulas Terapêuticas Claudine Bernardes, os quais recomendo. Isto posto, encerramos este capítulo com o convite especial aos pais e cuidadores: peguem papéis, canetinhas, cartolina e lápis de cor e reúnam-se com suas crianças para construírem suas histórias com seus lindos personagens. Crianças gostam e se identificam tanto com figuras humanas quanto com animais e plantas. Conversem com as crianças e as acolham por meio de histórias. Criem referências positivas, de otimismo e esperança. E também permitam que elas contem suas próprias histórias, acolhendo seus sentimentos e emoções. 49 MARIA DA GRAÇA HARRAYS GOMES PSICÓLOGA CLÍNICA E ESCOLAR. ATUANDO NAS ABORDAGENS TCC E TERAPIA DE ESQUEMAS. PROMOVE PALESTRAS, RODAS DE CONVERSA E WORKSHOPS ATRAVÉS DO PROJETO SENTIDOS PSICOLOGIA. PÓS-GRADUADA EM NEUROCIÊNCIA DA APRENDIZAGEM; ESPECIALISTA EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PELO CETCC/SP E MASTER PRACTITIONER EM PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA. ATENDIMENTOS PRESENCIAIS E ON-LINE - CRP 6/148736 TEL.: (11) 98777-8937 E-mail: graca.harrys.gomes@gmail.com Instagram: www.instagram.com/recriandosentidos Site: www.sentidospsicologia.com.br 50 http://gmail.com/ http://www.instagram.com/recriandosentidos http://www.sentidospsicologia.com.br/
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