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Psicologia Construtivista

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Psicologia Construtivista 
O Construtivismo de Piaget: Vida e obra de Jean Piaget 
Para estudar qualquer autor é necessário conhecer sua história e origem para compreendê-lo em sua perspectiva pessoal e profissional. 
Piaget foi um psicólogo que pensou a frente de seu tempo pois se colocava a frente das questões discutidas em sua época por estudar o desenvolvimento humano. 
Piaget nasceu em 1896, na Suíça, em uma família que valoriza o estudo e a educação. Por volta de 10 anos de idade se interessou por história natural, e ingressou no mundo das ciências sendo voluntario em um museu de história natural após escrever seu trabalho sobre um pardal albino. 
Nove anos depois, se formo em biologia e filosofia na Universidade De Neuchâtel. Aos 22 anos recebeu seu doutorado em biologia, em 1919 se mudou para Zurique onde trabalho na psicologia experimental, essa data é um marco em sua vida. Lá também, estudou psicanálise e psicologia, participando de conferências realizadas por Jung e trabalhou em clínicas psiquiatras com grandes doutores da época. 
Quando se mudou para França, trabalhou em laboratório com Binet, em testes psicométricos em crianças observando seu desenvolvimento intelectual. 
Nesse momento, ele observou que crianças francesas de mesma idade cometiam o mesmo erro e que não era aleatório, e concluiu que o desenvolvimento intelectual ocorre de maneira gradativa e não na aleatoriedade. 
As experiências em teste psicométricos e clínica psiquiátrica instigou seu interesse pela área do desenvolvimento humano. 
Quando retornou a Suíça, se tornou diretor do instituto Jean-Jacques Rousseau da Universidade de Genebra, nesse momento se iniciou o melhor período de sua carreira pois pode observar e registrar detalhadamente crianças, suas palavras, ações, raciocínio. Nessa etapa, ele iniciou sua base teórica no qual surgiu diversos artigos sobre o tema. 
Linguagem e o pensamento na criança (1923)
Em seu primeiro livro teórico, Piaget aborda o fato mais observável ao conhecimento: a linguagem. Seu interesse não era voltado para a formação da linguagem, mas na função da comunicação. Ele observou conversas espontâneas entre as crianças e notou que ela se distingue em duas categorias:
· Linguagem egocêntrica: sem preocupação com a compreensão do outro;
· Linguagem socializada: dirigida a comunicar e influenciar o outro;
Paralelamente a isso, começa a distinção do pensamento sincrético (indiferenciado, subjetivo) e o pensamento racional (centrado, descentrado). 
A representação do mundo da criança (1926)
Nesse trabalho realizou entrevista com crianças, para investigar como elas enxergam os fenômenos da realidade e identificar como elas diferenciam ou não, o mundo subjetivo do mundo objetivo. Nessa obra, ele identificou duas características do pensamento infantil: 
· Realismo: que é uma forma de atribuir características da realidade a fatos subjetivos, como ao acreditar que os nomes das coisas existiriam em seu interior, como uma propriedade física delas;
· Animismo: que consiste em atribuir propriedades dos viventes (seres humanos, animais e plantas) aos seres inanimados, como quando uma criança diz que o cachorro está chorando de saudades da sua mãe;
O juízo moral na criança (1932)
Nesse estudo Piaget, teve por objetivo investigar como a criança desenvolve sua consciência moral, ou seja, aprender e distinguir os comportamentos ditos como “bons e aceitáveis” e comportamentos “maus, não aceitos socialmente”. 
Nas situações de jogos, ele observou que as crianças têm o desenvolvimento moral e intelectual paralelamente, e havendo superação ao egocentrismo em favor da cooperação e a favor de uma perspectiva socializada. 
O nascimento da inteligência na criança (1936)
Nesse livro ele relata descrição de comportamento de bebês de 18 meses (a observação é principalmente de seus 3 filhos), no qual ele apresenta fundamentos importantes da dos processos biológicos e psicológicos, comprovando que o bebe possui inteligência antes mesmo do surgimento da fala, chamada de inteligência pratica. Ele afirma que é necessária a interação entre o sujeito com objetos conhecimento para o desenvolvimento da inteligência pois ela não acontece forma orgânica, mas na interação. 
A construção do real na criança (1937)
Piaget descreve a construção simultânea, pelo bebê, dos quatro pilares, ou categorias lógicas relativas à construção do “real” (da realidade): o objeto, o espaço, a causalidade e o tempo. Ao tratar dessa construção como necessária à adaptação do sujeito ao mundo, ele afirma que ela se dá de forma recíproca entre sujeito e objeto, ou seja, que o sujeito organiza (e percebe) o mundo ao mesmo tempo em que se organiza (e se percebe) a si próprio.
A formação do símbolo na criança (1945)
Nesse livro ele trata de questões de crianças de 2 à 5 anos, das afirmações a que se mais destaca nessa obra é defendendo a atividade intelectual que tem por base três temas a imitação, o jogo e a representação. Nessa atividade intelectual ocorre a busca pelo equilíbrio principalmente entre os mecanismos de assimilação e acomodação.
 Da lógica da criança à lógica do adolescente (1955)
Esse livro é dedicado ao último estágio do desenvolvimento cognitivo. 
A epistemologia genética (1970)
Nesse livro ele traz estudos no qual refuta os cientistas inatistas acerca do conhecimento humano apresentando uma síntese sobre psicogênese, ou seja, sobre estádios de formação de inteligência. 
A equilibração das estruturas cognitivas: problema central do desenvolvimento (1975)
Nessa obra ele aprofunda sobre as estruturas do conhecimento e também o caráter interacionista de sua obra. 
Seis estudos de psicologia (1964)
Nesse livro ele faz a síntese de todo seu trabalho com as principais características do desenvolvimento cognitivo. 
A psicologia da criança (1966)
O livro mais utilizado é esse tanto na área da educação e na psicologia. Nele possui uma síntese detalhada das principais ideias do autor. Além de possuir as dimensões cognitivas, ele apresenta também as dimensões afetivas sociais na caracterização do desenvolvimento.
2 A INTELIGÊNCIA EM PIAGET E EM OUTRAS PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS
Epistemologia (área da filosofia que estuda o conhecimento).
Durante sua obra, Piaget se dedicou a inteligência, buscando explicar como o sujeito chega uma inteligência adulta, lógica e abstrata. Se baseou na filosofia e sobretudo posteriormente na psicologia do desenvolvimento. 
Na filosofia temos três principais perspectivas que são inatistas, empirista e interacionismo. 
Visão inatista da inteligência 
S → O
Epistemologicamente, essa visão é diretiva. Nessa perspectiva, acredita-se que nasce com inteligência, como algo predeterminado. Origem do conhecimento endógeno (internos).
Acredita-se que a inteligência é um dom. O conhecimento vai do Sujeito (S) para o Objeto (O). 
2.3 Uma visão empirista da inteligência
S ← O
Sob essa perspectiva, acredita-se que a inteligência é resultante das experiências, por isso, valorizam os programas que vão levar o sujeito ao desenvolvimento da inteligência. O papel do meio social e ambiente em que o sujeito está inserido é fundamental. Fatores exógenos de conhecimento. O conhecimento vem de fora para dentro. 
O papel do adulto é criar contingências favoráveis ao desenvolvimento do sujeito.
2.4 Uma visão construtivista da inteligência
Na visão construtivista, a inteligência é o que possibilita ao sujeito, de modo estrutural e funcional, relacionar-se consigo mesmo e com o mundo de modo interdependente e reversível.
Ser inteligente em uma perspectiva construtivista é saber coordenar ações (físicas, motoras, afetivas, cognitivas) em direção à resolução de um problema ou situação.
De acordo com Becker (1993), epistemologicamente essa relação pode ser assim representada:
S←→O
Piaget filia-se à terceira perspectiva – interacionismo –, que questiona as duas anteriores. Nesse caso, a inteligência é produto das sucessivas e infinitas construções do sujeito sobre o ambiente, isto é, nem se trata de uma maturação ou desenvolvimento puros nem deuma aprendizagem dominante, mas de uma relação interdependente entre ambos – desenvolvimento e aprendizagem.
Outra forma de se qualificar essa relação entre sujeito e objeto é por meio do conceito de “interdependência”, que se define por três aspectos: a indissociabilidade (sujeito e objeto inseparáveis no processo do conhecimento), irredutibilidade (ambos não se confundem, não se substituem, sendo distintos entre si) e complementaridade (necessitam-se mutuamente, só se constituem em função do outro). 
3 OS MODELOS PEDAGÓGICOS E EPISTEMOLÓGICOS
Os modelos pedagógicos se centram em três principais correntes filosóficas: 
Inatismo: pedagogia não diretiva ou pedagogia centrada no aluno: o aluno é o centro de todo o processo pedagógico (P←A).
Empirismo: pedagogia diretiva ou pedagogia centrada no professor: o professor é o centro de todo o processo pedagógico (P→A).
Construtivismo: pedagogia relacional ou pedagogia centrada na relação: não existe uma relação polarizada; tanto o aluno quanto o professor têm importância durante o processo pedagógico, estabelecem uma relação de troca (P↔A).
3.2 Pedagogia diretiva, pedagogia não diretiva e pedagogia relacional
De acordo como Becker, a relação de ensino aprendizagem pode ser representada de três formas diferentes: pedagogia diretiva, pedagogia não diretiva e pedagogia relacional.
Na pedagogia diretiva, o ensino tradicional, no qual o professor é o centro do processo educativo, o detentor do saber. E o aluno é um receptáculo vazio que vai receber a informação através da informação. O papel do aluno é passivo qual recebe a informação, no qual acredita o mito da transmissão. 
Na pedagogia não diretiva (centrada no aluno-inatista), o aluno é o centro do processo educativo e o professor é apenas um facilitador do processo de aprendizagem.
Nessa ele acredita que o aluno traz consigo um conhecimento e que ele aprende sozinho e seu papel é intervir o mínimo possível no processo de aprendizagem. 
Na pedagogia relacional, não há predomínio do professor ou do aluno no processo educativo, a relação ocorre a partir da construção do conhecimento pelo aluno em função das situações problemas apresentados pelo professor. 
Para Becker essa é a síntese da epistemologia construtivista. Nessa perspectiva o conhecimento e resultante da interação entre sujeito e objeto (professor e aluno) que de maneira dialética e por meio de trocas mútuas irão possibilitar a construção do conhecimento.
Nessa visão interacionista, tanto o sujeito como os objetos que são conhecidos por ele se transformam e se influenciam mutuamente (S ↔ O) e vivem uma relação de interdependência. Esta se define por três aspectos: a indissociabilidade (sujeito e objeto inseparáveis no processo do conhecimento), irredutibilidade (ambos não se confundem, não se substituem, sendo distintos entre si) e complementaridade (necessitam-se mutuamente, só se constituem em função do outro). Assim, Piaget combate tanto uma visão inatista (S → O) como uma visão empirista (S ← O) sobre o conhecimento.
4 PRINCIPAIS CONCEITOS DA TEORIA PIAGETIANA
4.1 O processo de equilibração majorante
Nesse tópico será aprofundado alguns conceitos principais de Piaget. Os conceitos abordados serão: epistemologia genética; esquema; assimilação; acomodação; adaptação; conflito cognitivo; equilibração majorante; abstração reflexiva; abstração reflexionante.
· Epistemologia genética: estuda o desenvolvimento do pensamento da criança até a formação do pensamento adulto (lógico-científico). A perspectiva genética enfatiza a visão processual, atento as origens e a evolução da genética humana. Teoria do pensamento epistêmico (sujeito que conhece) na interação com a realidade (meio). Apresenta um ponto de vista filosófico sobre a gênese do conhecimento. 
· Esquema: unidade estrutural básica de pensamento ou ação que, enquanto estrutura, pode mudar e adaptar-se. 
Os esquemas são unidades estruturais móveis que se modificam e adaptam, enriquecendo com isso tanto o repertório comportamental como a vida mental do indivíduo (RAPPAPORT, 1981). 
· Assimilação: modo pelo qual o sujeito incorpora elementos de novos objetos às estruturas que ele já possui. A capacidade do sujeito de solucionar uma determinada situação, utilizando uma estrutura mental já formada. 
· Acomodação: processo de mudanças das estruturas antigas. Tentativa do sujeito de solucionar uma determinada situação, modificando as estruturas antigas e construindo novas maneiras de agir para dominar uma situação nova em que os conhecimentos antigos são insuficientes para compreendê-las. 
· Adaptação: processo de equilíbrio do sujeito em seu meio. A adaptação está diretamente ligada a assimilação e acomodação. Uma pessoa está em estado de equilíbrio em relação ao meio quando possui os esquemas necessários para enfrentar uma determinada situação, o que lhe permite certa adaptação (que, como veremos a seguir, será sempre transitória).
· Conflito cognitivo: na busca vital por conhecimento, o sujeito tem necessidade de trocas constantes de informações com o meio, o qual lhe propõe inevitavelmente novidades. O que o faz pensar o que é isso, como que funciona, pode me explicar o que é isso? 
· Equilibração majorante: Esse processo de busca de equilíbrio, mas nunca atingindo uma forma final e completa, é chamado por Piaget de processo de equilibração majorante. Nesse processo o sujeito construiu mais conhecimento que ele possuía antes. Equilíbrio em maior estado. 
· Abstração empírica: todo conhecimento é extraído das ações ou reflexões do sujeito (como a criança) sobre o mundo, sendo transformado por ele de algum modo.
· Abstração reflexionante: enquanto o conhecimento físico é abstraído dos próprios objetos (abstração empírica), o conhecimento lógico-matemático, ao contrário, é abstraído da coordenação das ações que o sujeito exerce sobre os objetos (abstração reflexionante).
5 OS ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO SEGUNDO PIAGET
Em suas pesquisas em laboratório com Alfred Binet, observando crianças francesas, concluiu que o pensamento lógico se desenvolve gradativamente. Assim, observando seus próprios filhos e outras crianças, percebeu que o modo de pensar infantil é qualitativamente diferente dos adultos. 
Então passou a adotar uma visão psicogenética da inteligência, diferente de seus colegas que adotavam uma visão psicométrica. 
Sua principal preocupação era compreender o modo como o pensamento da criança se desenvolve durante a infância e adolescência. 
Nesse processo de observação e entrevista, chegou aos estádios do desenvolvimento cognitivo, observando crianças de diferentes idades. 
Estádio: é quando o processo de equilibração toma forma nos períodos sequenciais. em que existe, sempre, uma fase de preparação e outra de acabamento, e em que as estruturas formadas num período integram-se em outras superiores, do período seguinte. Ao final do processo, temos fases do desenvolvimento integradas umas nas outras, e os esquemas construídos em cada uma delas são utilizados pelo sujeito de maneira interdependente. Por isso seu caráter é de integração ou de inclusão.
Estágio: pressupõe a falta de algo para completar uma determinada formação; são experiências, observações, atividades práticas, que completam uma formação, por isso seu caráter é de superação de um estágio mais simples em direção a um estágio melhor ou superior. 
A teoria piagetiana possui quatro estádio de desenvolvimento: 
· estádio sensório-motor (0 a 2 anos); 
· estádio pré-operatório (2 a 6 anos); 
· estádio operatório concreto (7 a 11 anos); 
· estádio operatório formal (12 a 15 anos).
5.1 Estádio sensório-motor (0 a 2 anos)
O bebê nasce com ações reflexivas (sucção, preensão), totalmente passivo e aos poucos vai ser tornando um ser ativo em seu ambiente construindo esquemas que funcionam isoladamente e de maneira circular e repetitiva (pegar, rolar, bater, sugar).
Durante esse período, ele irá desenvolver comportamentos voluntários e conscientes, tornando-se um sujeito ativo. Os esquemas passam a ser mais complexos, Piaget afirmaque esses comportamentos são inteligentes e que no período sensório-motor que ocorre o nascimento da inteligência da criança. 
O período sensório-motor é marcado pela assimilação que ocorre de três formas: 
· assimilação funcional – repetição do esquema;
· assimilação generalizada – utilização do esquema em diferentes situações;
· assimilação recognitiva – reconhecimento dos esquemas.
Segundo Piaget, o estádio sensório-motor é composto por seis subestádios.
1º Subestádio (do nascimento até o 1º mês)
Nos primeiros dias de vida o bebê possui reflexos inatos, ao exercitar esses reflexos, ele se prepara para incorporar (assimilação) novos estímulos aos esquemas reflexos e modificados (acomodação) como resultado de seu uso repetitivo (circular) e interação com o meio. Isso se torna essencial para o desenvolvimento de estruturas cognitivas dos estádios seguintes. 
2º Subestádio (1 a 4 meses)
Nessa fase há a mudança de comportamentos reflexos para comportamento repetitivos que deram certo, ou seja, os resultados obtidos ao acaso são mantidos por repetição. Piaget chamou isso de reação circular primária. 
Mesmo havendo uma coordenação nos movimentos do bebê não há uma intencionalidade (ato de iniciar um comportamento dirigido do começo ao fim).
3º Subestádio (4 a 8 meses)
Reação circular secundária ou assimilação reprodutiva a criança repete resultados interessantes obtidos ao acaso com intenção, para obter um objeto ou fazer durar os espetáculos interessantes.
Essa é uma fase de transição entre os atos pré-inteligentes (ao acaso) para os atos inteligentes (intenção). Há coordenação entre visão – apreensão (agarra o que vê, sacode chocalhos, puxa cordões).
Em relação ao conceito de objeto, a criança não tem a noção de objeto permanente, existe a busca do objeto, mas restrita à trajetória ou à ação e não ao objeto (o que vejo existe, o que não vejo não existe).
4º Subestádio (8 a 12 meses)
Ocorre a formação da inteligência sensório-motora, surgem comportamentos que constituem verdadeiros atos de inteligência, ou seja, aplicação de meios já conhecidos para resolver situações novas. A criança já é capaz de variar, coordenar, generalizar diferentes ações ou os meios para atingir um fim.
Nesse sentido, a criança constrói a noção de objeto permanente, busca o objeto que é tirado de seu campo visual, presenciando o momento em que é escondido. No entanto, se escondido uma segunda vez em outro local (sob sua vista), irá procurar no primeiro lugar novamente – repetição do que deu certo.
5º Subestádio (12 a 18 meses)
O bebê apresenta reação circular terciária, ou seja, repete uma ação para conhecer e explorar as propriedades do objeto e começam, assim, a experimentar novos comportamentos para ver o que acontece. 
Assim sendo, há o aparecimento de formas mais elevadas de atividade comportamental antes do aparecimento da representação. A criança cria (inventa) novas formas de ação para atingir um fim (acomodação), por isso apresenta maior capacidade para diversificar e controlar suas ações.
A criança, nesse momento, apresenta três condutas inteligentes: suporte, barbante e bastão.
6º Subestádio (18 a 24 meses)
Esse período transitório do estádio sensório-motor para o pré-operacional, no qual ocorre a passagem para a ação de representação (imaginar acontecimentos), liberando a criança da experiencia imediata e ela passa a representar mentalmente objetos e ações por meio de símbolos. Com isso ela passa a deixar as tentativas por ensaio e erros para antecipar conhecimentos.
Marcada pelo surgimento da linguagem que é a ação explicita da representação mental. A
Capacidade de representação: utilização de um significante com um significado, capacidade unicamente humana, diferindo o homem de outros animais.
5.2 Estádio pré-operatório (2 a 6 anos)
Nesse período a criança desenvolve outras capacidades cognitivas além do sensório motor expresso por meio de ações para representações mais conceituais. 
A partir dos 2 anos a criança tem uma função de pensamento chamada de função simbólica ou semiótica, que possibilita a representação de um objeto ausente por meio de um significado. 
Função simbólica ou função semiótica, na terminologia de Piaget, é a capacidade de utilizar representações mentais (palavras, números e imagens) às quais a criança atribuiu significado.
Há vários tipos de representações nesse período dentre elas vamos ver: imitação diferida, jogo simbólico, desenho, imagem mental, linguagem ou evocação verbal. 
5.2.1 Imitação diferida
É a capacidade de lembrar um comportamento imitado na ausência do modelo, pode ser imitação de objetos e eventos depois da ocorrência, longe do evento ou objeto. 
5.2.2 Jogo simbólico
O jogo simbólico é um jogo de faz de conta que a criança atribui significado as coisas num contexto mágico e imaginário. 
O jogo simbólico é também chamado de brincadeira de faz de conta, jogo de ficção, jogo da fantasia, jogo dramático, jogo da imaginação. 
5.2.3 Desenho ou imagem gráfica
Os primeiros desenhos não são imitação do mundo real, mas um jogo que a criança se diverte em rabiscar as paredes. Por volta dos dois anos, surge a necessidade de representar o real através de seus desenhos por meios mais realísticos através de suas garatujas. 
5.2.4 Imagem mental
São representações internas (símbolos) de objetos ou experiências perceptivas passadas, por meio de imagens mentais (imitação interiorizada).
Piaget apresenta duas grandes categorias de imagens mentais:
· Imagens reprodutivas: que se limitam a evocar espetáculos já conhecidos e percebidos anteriormente, portanto, estática;
· Imagens antecipadoras: que são cinéticas e imaginam movimentos ou transformações, assim como seus resultados, mas sem haver assistido anteriormente a sua realização.
No estádio pré-operatório, as imagens mentais das crianças são quase exclusivamente reprodutivas (estáticas), como em fotografias e desenhos pois ela apresenta dificuldade em reproduzir movimentos e transformações. 
5.2.5 Linguagem falada
Por volta dos dois anos, a criança passa a representar por palavras faladas objetos. 
Essa forma de representação simbólica permite o desenvolvimento cognitivo na criança porque possibilita: 
· o intercâmbio com as pessoas e, portanto, a socialização; 
· a internalização da palavra e o aparecimento do pensamento; 
· a internalização da ação que, de perceptiva e motora, passa a ser representativa (conceitual).
Piaget observou que na fase pré-operatória dois tipos de fala da criança: a fala egocêntrica e fala socializada. Na fala egocêntrica não se tem a intencionalidade de comunicação, mas de expressar sobre elas para elas como o outro. Essas conversas, Piaget chamou de monólogos coletivos, crianças estão juntas conversando e brincando, mas não há um diálogo efetivo entre elas. 
Por volta dos 7 anos, a linguagem se torna socializada, ou seja, as conversas entre as crianças se tornam comunicativas, envolvem a troca de ideias, o falar aos outros com a intenção clara de ser ouvido.
Mesmo o estádio pré-operatório ser marcado pelo surgimento da representação, a criança ainda possui dificuldades de possui um pensamento lógico e tem uma capacidade particular de organizar seus pensamentos com características independentes, como será descrito a seguir: 
Pensamento egocêntrico: a criança parte de seu próprio eu para julgar a realidade e os outros, sem se preocupar com a verdade dos fatos, utiliza seu ponto de vista, sua lógica, não assume o papel ou o ponto de vista do outro, acredita que todos pensam como ela.
Centração: o pensamento egocêntrico da criança é centralizado, rígido, inflexível, pois ela não consegue levar em consideração várias relações ao mesmo tempo.
Pensamento transdutivo: a criança apresenta um raciocínio primitivo, ou seja, para pensar parte da experiência, do particular (concreto) para outro particular (concreto).
Justaposição: a criança pré-operacional assimila, mas não discrimina e generaliza, apenas coloca as informações lado a lado. 
Sincretismo: há uma tentativa da criança em fazer deduções, mas, em função deo pensamento ser egocêntrico, centrado, transdutivo e justaposto, ela realiza generalizações sem uma lógica aparente, ou seja, explica um evento com outro que não tem relação lógica com a questão, faz generalizações indevidas.
Pensamento animista: atribuir vida a seres inanimados (boneca, personagens de histórias). 
Pensamento artificialista e finalista: a criança atribui uma origem humana a todas as coisas.
Pensamento intuitivo: a partir dos 4 anos, a criança apresenta um pensamento intuitivo, embora seja bastante rápido, é ainda pré-lógico, porque se fundamenta basicamente na percepção. 
Conservação: capacidade de perceber que, apesar das variações de forma ou arranjo espacial, uma quantidade ou valor não varia se dele não se retira ou adiciona algo. Essa noção é construída por volta dos 6/7 anos.
Irreversibilidade: é impossível para a criança, em termos cognitivos, percorrer uma trajetória e depois retornar ao ponto de partida, porque não possui um pensamento móvel, capaz de perceber e corrigir seus erros por meio de descentrações sucessivas e rápidas. 
Relacionamento social: as atividades em grupo se caracterizam por um brinquedo paralelo. As crianças brincam juntas, mas não de forma efetiva não ocorre uma interação direta entre elas, isso ocorre pelo egocentrismo dessa fase. 
5.3 Estádio operatório concreto (7 a 11 anos)
Nessa fase a criança passa a ter um pensamento lógico, ou seja, tem a capacidade cognitiva de coordenar diferentes pontos de vistas de maneira lógica, mais elaborada. Mesmo tendo essa capacidade é necessário que tenha manuseio de objetos concretos pois lidar com ideias puramente abstratas será apenas no próximo estádio. 
Apenas por questões didáticas, será dividido o progresso da criança em três domínios (lembrando que todos eles são interligados:
· nas condutas e na socialização; 
· no pensamento, com as operações racionais; 
· afetividade, vontade e sentimentos morais.
Importante ressaltar que nesse período a criança abando o egocentrismo intelectual e social e é capaz de fazer novas coordenações pois se fundamentará nos alicerces da lógica. 
5.3.1 Condutas e socialização
Ocorre o aumento da centração individual, o que favorece o aumento da colaboração efetiva. 
Na linguagem ocorre o declínio da linguagem egocêntrica até o desaparecimento total e a manifestação progressiva da linguagem socializada. A criança passa e ter pontos de vista diferentes desassociando com o seu para poder coordená-los. 
A convivência com seus pares impulsionará a necessidade lógica entre ideias e justificativas.
A criança também se torna capaz de fazer reflexões. 
Nesse período surge a moralidade e questões acerca dos jogos de regras. 
5.3.2 Pensamento operatório
A partir dos 7 anos a criança desapaga do pensamento antropomórfico e do pensamento egocêntrico, conseguindo separar que as coisas não se assemelham a elas, deixando o pensamento indutivo de causa-efeito e passando a considerar as situações em uma totalidade que levam a uma causa. 
5.3.3 As operações racionais
Uma operação trata-se de uma ação interiorizada e reversível. Para Piaget a base do conhecimento é a ação.
“Uma operação é então, psicologicamente, uma ação qualquer (reunir indivíduos ou unidades numéricas, deslocar etc.), cuja origem é sempre motora, perceptiva ou intuitiva” (PIAGET, 2003, p. 48).”

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