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EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO CIÊNCIA POLÍTICA DAVINA SILVA SUMÁRIO CAPÍTULO 1: CIÊNCIA POLÍTICA: Conceitos fundamentais. 1 CAPÍTULO 2: O ESTADO: conceitos fundamentais. 5 CAPÍTULO 3: O ESTADO: Contratualismo. 8 CAPÍTULO 4: O ESTADO: Constitucionalismo. 12 CAPÍTULO 5: ELEMENTOS DO ESTADO: O povo, o cidadão e a nação. 15 CAPÍTULO 6: ELEMENTOS DO ESTADO: O território. 18 CAPÍTULO 7: ELEMENTOS DO ESTADO: O governo e a soberania. 21 CAPÍTULO 1: CIÊNCIA POLÍTICA: Conceitos fundamentais. 1. Apresente a noção clássica de política, proveniente da cultura grega. O surgimento da política na Grécia, marca o fim do senso comum ou doxa (em grego: δόξα) uma palavra que significa crença comum ou opinião popular sem coerência, marcado pela subjetividade e se inicia o questionamento do conhecimento e a necessidade de encontrar a verdade através da razão. Desse modo, a política passa a ter ligação com a virtude, ética e moral, pois de acordo com as ideias políticas os seres humanos são naturalmente sociais e políticos. Segundo Aristóteles, a política era uma continuação da ética, assim, o ser humano é um animal político, pois precisa 1 estar entre semelhantes para sobreviver. Logo, a ética e a política possuem uma relação, já que ambas procuram o bem social. 2. Relacione poder e política, diferenciando-os. De acordo com Paulo Bonavides, poder é um elemento essencial para o estado, pois é o que mantém a população de determinado território unida e, quanto maior o consentimento desta, mais estável será a ordem estatal, unindo a força ao poder e o poder à autoridade. Outrossim, outro conceito relevante de poder é a do filósofo político Norberto Bobbio, que define o poder como a capacidade ou a possibilidade de agir e produzir efeitos. Por conseguinte, é importante destacar que a definição de política é uma forma de organizar e administrar o estado. Portanto, a política está diretamente ligada ao poder, pois de acordo com alguns contratualistas como Rousseau e Hobbes, no contrato social ocorre uma relação de domínio entre os indivíduos que impõem suas vontades para alcançar seus anseios. De fato, como Bobbio relata, "O poder político pertence à categoria do poder do homem sobre outro homem, não à do poder do homem sobre a natureza”. 3. Apresente o conceito de “sociedade civil” na visão de Thomas Hobbes, bem como na visão de Locke e Rousseau. Os filósofos contratualistas Hobbes, Locke e Rousseau criaram teorias acerca do surgimento da sociedade civil, onde os indivíduos renunciam à liberdade natural e, assim, estabelecem um contrato social para garantir a ordem governamental, marcando a transição do estado de natureza humana para o estado civil. De acordo com Thomas Hobbes (1588 - 1679), após o contrato social o poder era totalmente do soberano, pois uma única vontade iria garantir a paz e, dessa forma, organizar a sociedade civil com um estado absolutista. Para o filósofo inglês, o estado deve ser forte mantendo os indivíduos em ordem e harmonia, tendo como principais objetivos representar os cidadãos e assegurar a ordem e o estado como única fonte de lei. Segundo John Locke (1632 - 1704),“Aqueles que se reúnem num só corpo e adotam uma lei comum estabelecida e uma magistratura à qual apelar, investida da autoridade de decidir as controvérsias que nascem entre eles, se encontram uns com os outros em ‘sociedades civis’; mas os que não têm semelhante apelo comum [...] estão sempre no ‘estado da natureza’”. Logo, a sociedade civil deveria ser um estado de paz para os indivíduos, cessando o estado de guerra, onde o poder seria concedido ao legislativo. 2 Conforme Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778), a sociedade civil ao mesmo tempo que promete a liberdade civil à natural, também possui a possibilidade de corromper o homem originário concedendo à propriedade os males sociais. Outrossim, para o contratualista suíço a renúncia do indivíduo à sua própria vontade faz nascer a vontade da maioria, surgindo um estado democrático. 4. Apresente os conceitos de poder e violência na visão de Norberto Bobbio. Em seguida, correlacione-os. Segundo Norberto Bobbio, a definição de poder é a capacidade de agir e, assim, produzir efeitos, já a definição de violência, seria a intervenção física de um indivíduo ou grupo contra outro indivíduo ou grupo por finalidade destruir, ofender e coagir. Dessa maneira, acerca da visão de Bobbio sobre poder e violência, é evidente que muitos utilizam a violência para impor poder sobre alguns indivíduos ou grupos. De fato, a exemplo disso, há domínios políticos que exercem violência como forma de poder, pois como Bobbio relata, o poder que exerce violência pois quando a ameaça não alcançou o objetivo esperado a violência intervém como forma de punição e corrobora com a falência do poder. Outrossim, não somente o filósofo Norberto Bobbio afirma isso, mas também o sociólogo Charles Wright Mills diz que "toda política é uma luta pelo poder, a forma básica do poder é a violência”. 5. Explique a visão de poder em Max Weber e seus conceitos de Poder Tradicional, Poder Carismático e Poder Legal. De acordo com o alemão Max Weber (1864 - 1920), “poder significa toda probabilidade de impor a vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade” (1991, p. 33). O sociólogo apresenta três formas de manifestação da legitimidade: tradicional, carismática e legal, também conhecida como racional. O Poder tradicional, Weber afirma que é o poder da tradição ao longo do tempo com costumes e culturas, em que as pessoas não se perguntam o porquê, somente seguem essa tradição, criando manifestações de legitimidade a noção de privilégio. Para o sociólogo, o tipo mais puro é o da autoridade patriarcal, onde o governante é o senhor, sendo a fonte de poder a tradição que impõe vínculos aos próprios conteúdos das ordens comunicadas aos súditos. Paulo Bonavide confirma, dizendo que a autoridade tradicional se apoia na crença de que os ordenamentos existentes e os poderes de mando e direção comportam a virtude da santidade. O Poder carismático, quem comanda é verdadeiramente o líder (o profeta, o herói guerreiro, o grande demagogo) e aqueles que prestam obediência são os discípulos, assim uma 3 confiança é depositada em outro indivíduo com qualidades prodigiosas ou por outras qualidades exemplares que fazem dele o chefe. De acordo com Weber, é uma das potências mais revolucionárias, pois modificou sentimentos de povos e civilizações inteiras nas suas formas mais puras o caráter autoritário. No entanto, como o poder carismático não reconhece as manifestações da legitimidade, amplia a legitimidade até o alcance da missão do chefe. O Poder legal ou racional, a autoridade que se impõe em razão da “legalidade”, em razão da crença ou da validez de um estatuto legal e de uma “competência” positiva, ou seja, a fonte do poder é a lei em que a autoridade é fundada na obediência e reconhece obrigações conforme ordenamentos jurídicos. Logo, Weber afirma que o tipo mais puro é o da autoridade burocrática, em que o poder legal, referente à legitimidade, cria uma noção de competência. 6. Explique, de forma objetiva, em que consistem as seguintes teorias do poder: substancialista, subjetivista, relacional e estruturalista. Substancialista – Instrumento (Thomas Hobbes): o poder é como qualquer substância material que o homem possui e usa para atingir um determinado objetivo. Subjetivista – Pessoa (John Locke): o poder não é a coisa que serve para alcançar certo objetivo, mas a capacidade do sujeito em obter certos efeitos. Relacional - Relação (Norberto Bobbio): é a relação entre dois sujeitos de modo que o primeiro obtém do segundo um comportamento que, em caso contrário, não ocorreria. Estruturalista – Estrutura (Foucault): critica a visão que concentra a reflexão sobre o poder na figura do Estado e de seus representantes: é preciso cortar a cabeça do rei, diz Foucault. 7. Diga o que entende porideologia. Pesquise no Dicionário de Política de Norberto Bobbio. No dicionário de política, Norberto Bobbio divide o termo "Ideologia'' em dois significados: “fraco” e “forte”. O significado fraco, designa o genus diverso e definido, dos sistemas de crenças políticas: um conjunto de ideias e valores referentes à ordem pública com o principal objetivo de orientar as ações políticas. Terry Eagleton afirma isso dizendo “Ideologia tem mais a ver com a questão de quem está falando o quê, com quem e com qual finalidade”. O conceito forte de ideologia é trazido por Marx, que entende como falsa consciência das relações de domínio entre as classes e se diferencia do primeiro porque mantém, no próprio centro, diversamente modificada, corrigida ou alterada pelos vários autores, a noção da falsidade: a Ideologia é uma crença falsa. 4 Portanto, concordo com a visão fraca, pois acredito que seja um sistema de ideias e suas consequências, ou seja, um conjunto de idéias filosóficas, políticas, movimentos, sociais e individuais. CAPÍTULO 2: O ESTADO: conceitos fundamentais. 1. Apresente o conceito jurídico de Estado em: Kant, Del Vecchio e Kelsen. O filósofo Immanuel Kant (1724 - 1804), trata do conceito jurídico de estado vagamente, para o filósofo estado é apenas o ângulo jurídico e o reconhece como “a reunião de uma multidão de homens vivendo sob as leis do Direito”. Giorgio Del Vecchio (1878 - 1970), reflete a visão de Kant como inexata, no entanto também não foi muito além na sua definição de estado “o sujeito da ordem jurídica na qual se realiza a comunidade de vida de um povo” ou “a expressão potestativa da Sociedade”, posto que ressalta, como ele afirma, a distinção entre Sociedade e Estado, não aborda nenhum julgamento axiológico de moral ou de justiça e nem a legitimação. O filósofo Hans Kelsen (1881 - 1973), define o estado como ordem jurídica centralizada limitada no seu domínio especial e temporal de vigilância, soberana ou imediata do direito internacional. 2. Apresente o conceito sociológico de Estado em: Oppenheimer. Jehring, Marx, Engels, Weber. O sociólogo Franz Oppenheimer (1864-1943), reflete o conceito sociológico de estado como uma "instituição social, que um grupo vitorioso impôs a um grupo vencido, com o único fim de organizar o domínio do primeiro sobre o segundo e resguardar-se contra rebeliões intestinas e agressões estrangeiras" o pensador considera errôneas todas as definições até então conhecidas de Estado. O conceito de Estado que elabora está influenciado pelos pensamentos marxistas, outrossim, o estado constitucional moderno não se desvinculou na teoria de Oppenheimer de sua índole de organização da violência e do jugo econômico a que uma classe se submete a outra. De acordo com Jehring, o estado é simplesmente a organização social do poder de coerção ou a organização da coação social ou a sociedade como titular de um poder coercitivo regulado e disciplinado, sendo o Direito à disciplina da coação. Já na concepção de Karl Marx (1818 - 5 1920), o estado é o poder organizado de uma classe para opressão de outra. Conforme Friedrich Engels (1820 - 1895), o conceito sociológico de estado é basicamente uma organização da respectiva classe exploradora para manutenção de suas condições externas de produção, a saber, para opressão das classes exploradas. Segundo o jurista Max Weber (1869 - 1920), só um instrumento consciente para definir sociologicamente o Estado moderno, bem como toda associação política: a força e não o seu conteúdo. Todas as formações políticas são formações de força, prossegue o sociólogo, de tal maneira que se existissem somente agregações sociais sem meios coercitivos, já não haveria lugar para o conceito do Estado "Todo Estado se fundamenta na força", disse Trotsky em Brest Litovsk, e Max Weber, citando-o de forma literal, lhe dar inteira razão, embora ache que "a violência não é o instrumento normal e único do Estado", mas aquele que lhe é "específico". 3. Faça a relação entre as ideias de sociedade e Estado. Entre muitos conceitos sobre sociedade e estado, o cientista político Paulo Bonavides (1925 - 2020), apresenta sociedade como um círculo mais amplo e estado um círculo mais restrito, nesse caso, a sociedade vem primeiro e posteriormente o estado. Segundo o filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778), o conjunto de grupos fragmentados, onde há conflitos de interesses só poderiam reconhecer a vontade de todos (volonté de tous) e o estado valéria como a algo que se exprime em vontade geral (volonté genirale) captada diretamente da relação indivíduo-estado. 4. Discorra acerca das funções de Estado segundo a doutrina de Montesquieu de tripartição de poderes. De acordo com o filósofo Montesquieu (1689 - 1755), em todo estado há três poderes: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário e em cada um desses poderes possuem suas respectivas funções: Poder legislativo: criam as leis e também aperfeiçoam as antigas Poder executivo: ocupa-se o príncipe ou magistrado da paz e da guerra, enviando embaixadores e diplomatas e, assim, estabelece a segurança e previne invasões. Poder judiciário: oferece ao príncipe ou magistrado a faculdade de prevenir os crimes ou julgar os dissídios dos cidadãos. 6 5. Caracterize o Estado liberal, o Estado social, o Estado social democrático de direito e o Estado neoliberal. Estado liberal: é o estado garantidor dos chamados direitos de primeira geração, que são de caráter individual e negativo, uma vez que exigem a abstenção do Estado, direitos esses que são considerados fundamentais e estão relacionados à liberdade, aos direitos civis e políticos. O estado liberal foi uma reação ao estado absolutista, este caracterizado por uma relação autoritária entre o governo e o povo. Baseado em teorias iluministas, surge a ideologia liberal, defendendo a limitação do poder de interferência do estado na vida e nas escolhas dos cidadãos. Principais características: legalidade, antropocentrismo, capitalismo e revolução industrial. Estado Social: nasce das ideologias socialistas que pregavam, onde a igualdade formal aplicada e o descompromisso do Estado com o aspecto social, agravado pela eclosão da Revolução Industrial, fazia com que a classe do proletariado fosse explorada, principalmente através da liberdade contratual. Dessa forma, o Estado Social surge como principal objetivo de aliviar as tensões da pobreza, da exploração do trabalho e das ideologias. Principais características: leis protetivas, igualdade material, serviços públicos, constituição federal dirigente. Estado Social e Democrático de Direito: é visto como um conceito similar que apresenta o poder Estatal como mantenedor das garantias e direitos fundamentais de cada cidadão, almejando o ápice de sua implementação quando assegurado também o princípio da dignidade da pessoa humana, outrossim é a soma e o entrelaçamento de constitucionalismo, república, participação popular direta, separação de Poderes, legalidade, direitos (individuais,políticos e sociais), desenvolvimento e justiça social. Apresentado no Art 1° A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: A soberania; A cidadania; A dignidade da pessoa humana; Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; O pluralismo político. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Neoliberalismo: é uma doutrina socioeconômica que retoma os antigos ideais do liberalismo clássico ao preconizar a mínima intervenção do Estado na economia, através de sua retirada do mercado, que, em tese, autorregular-se-ia e regulariza também a ordem econômica, ou seja, é um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia. As características do Neoliberalismo são: Privatizaçãode 7 empresas estatais. Livre circulação de capitais internacionais. Abertura econômica para a entrada de empresas multinacionais. 6. Enumere as funções do Estado Brasileiro segundo os artigos 2., 3. e 4. da Constituição Federal de 1988. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. CAPÍTULO 3: O ESTADO: Contratualismo. 1. Acerca da origem da sociedade: discorra acerca da teoria naturalista de Aristóteles. O filósofo Aristóteles foi o maior precursor da teoria da sociedade natural, de que “o homem é por natureza um animal social, e que é por natureza e não por mero acidente”. Segundo Aristóteles, “o homem é naturalmente um animal político” e só era possível aos dois extremos do ser-humano a escolha pela vida reclusa e sem contato com outros homens: pela vileza, pela barbárie e ignorância total diante dos fatos da vida ou, no outro extremo,pela pureza do ser, pelo desapego em um estado de quase santidade e divindade do ser-humano. Para Aristóteles, “os agrupamentos irracionais ocorrem tão somente pelo instinto, pois, entre os animais, somente o homem possui a razão, tendo noções de bem e mal, justo e injusto”. Assim, o filósofo teve grande influência, com suas ideias naturalistas 8 2. Acerca da origem da sociedade: discorra acerca da teoria contratualista em seus traços gerais. Em seguida, apresente pontos específicos/marcantes das teorias de Hobbes, Locke e de Rousseau, enfatizando a diferença entre elas. A teoria contratualista, é basicamente a ideia que a origem da sociedade se estabelece a partir de um contrato social, onde o indivíduo passa do estado de natureza em que não possui ordem ou regras, para a sociedade civil a partir de um contrato social. Ao concordar com esse contrato o indivíduo cede parte de sua liberdade ao soberano para garantir a vida e a existência social. Um ponto em comum a respeito da política na teoria de Hobbes, Locke e Rousseau é que a origem do estado está no contrato social, partindo do princípio que o estado foi constituído a partir de um contrato, também entendido como um acordo consenso firmado entre os indivíduos. Entretanto, existem algumas divergências entre eles: De acordo com Hobbes, o estado de natureza é a fonte de uma guerra generalizada, onde não há lei nem poder, e os homens agem conforme a sua própria razão. O filósofo relata que o homem natural não é um selvagem e sua natureza não muda e principalmente o poder precisa estar na mão de poucos. Logo, afirma que a origem da sociedade está em um contrato e quando o soberano não garante a ordem na sociedade ele precisa ser retirado do poder. O filósofo contratualista traz um amplo conceito de Estado. Quando se toma consciência de que o Estado de guerra é insustentável, os homens entram em comum acordo, firmando o pacto que elege o leviatã como um soberano. A partir desse momento, os homens abrem mão de seus direitos e “doam” seus poderes ao seu guia, que determina o fim da guerra. O contrato social funda a sociedade e o Estado ao mesmo tempo. A igualdade dos homens, ou seja, a ausência de uma figura soberana, leva à guerra de todos contra todos. A soberania só é produzida pelos homens a fim de encerrar o terror do passado, tendo seu poder de modo absoluto e seus métodos inquestionáveis. Uma vez que o homem se sentir ameaçado de morte pelo soberano, o pacto é quebrado para o indivíduo, tornando-o livre para desobedecer, fugir e até matar o leviatã, ainda que todo o resto da sociedade ainda tenha seu pacto intacto. Hobbes é considerado o autor maldito pela burguesia, pois concebe que a propriedade privada é direito do soberano, uma vez que as posses que antes eram dos indivíduos foram passadas a ele. John Locke, filósofo inglês, afirma que o estado de natureza é uma situação real, onde o indivíduo vem antes da sociedade e vive num estágio, pré-social e pré-político com harmonia, liberdade e igualdade. No estado de natureza, segundo a concepção de Locke, a propriedade já existe sendo um direito natural do indivíduo que não pode ser violado pelo estado e através do 9 trabalho ele transforma a matéria bruta e assim demarca sua propriedade, o trabalho assim é o fundamento originário do espaço privado. Desse modo, o contrato social na concepção de Locke tem como principal objetivo a proteção da propriedade e da comunidade e é acima de tudo um pacto de consentimento que os homens concordam livremente em formar a sociedade civil para consolidar e preservar ainda mais os direitos que tinham no estado de natureza. Assim, quando o governo não cumpre seu objetivo primordial e atenta contra a propriedade, ele se torna um governo tirano e sua única saída é entrar em estado de guerra contra os governantes rebeldes Segundo o filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778), o homem em seu estado natural é bom, porém precisa lutar pela sobrevivência. Por conta dessa luta, o homem acaba estabelecendo técnicas e novos conhecimentos e gradativamente vai se aproximando de outros homens, o que acarreta no surgimento da família e da linguagem. Quando várias famílias se juntam, forma -se uma comunidade, e é preciso que haja regras de convivência internas (dentro da família) e externas (válidas para toda a comunidade). O homem, porém, tem perfectibilidade, precisa sempre progredir, ser melhor que o outro, e isso causa a guerra de todos contra todos. A guerra desencadeia a necessidade de novos conhecimentos, o que faz surgir a metalurgia e a agricultura, que acarretam também no surgimento da divisão do trabalho e a concepção de propriedade, que é, de acordo com Rousseau, a origem de todos os males da sociedade. Rousseau pensa em um Estado que melhore a vida dos homens e diz que é preciso de um novo pacto social, no qual haja condições de igualdade. A vontade geral deve prevalecer sobre a individual, e é preciso que o povo cobre de seus governantes as melhorias para a comunidade. Assim, o voto é crucial, e, junto dele, a representação política. Quando comparamos Hobbes com Rousseau é possível notar que ambos são contratualistas e preveem um estado de natureza. Porém enquanto Hobbies trata este estado como o da barbárie e o da tensão, em que todos estão contra todos, Rousseau afirma que esse estado era de bondade e paz, sendo o homem naturalmente bom. Porém a bondade, do estado de natureza de Rousseau, é perturbada pela propriedade privada o que provoca a mudança nesse estado o transformando em estado de guerra de todos contra todos. Assim podemos pensar que o estado de natureza de Rousseau seria o estado prévio ao estado de natureza de Hobbes, pois ele se transforma, com a propriedade privada, no estado natural deste. Em relação à criação do Estado, ambos mencionam um contrato social; Hobbes, assim como Rousseau, trata desse acordo social como meio de saída do estado de barbárie e entrada na ordem. Porém, o projeto de estado é diferente. Hobbes afirma sernecessário criar um soberano com poder absoluto e inquestionável, cujo único objetivo é assegurar a ordem. Já Rousseau diz ser necessária a 10 condição de igualdade e que a vontade coletiva deve prevalecer. Para isso, a representação política por meio do voto se mostra essencial. Já quando comparamos Hobbes com Locke, percebemos que tanto um quanto o outro segue linha do jus naturalismo (jus naturale) que afirma que a liberdade serve para preservação a própria vida, seja o(s) governante(s) seja(m) dos governados. Contudo, para Hobbes o homem é um ser coberto de suspense e de barbárie natural que o tornam seres imprevisíveis e violentos; assim “O Homem é o Lobo do Homem”. Para acabar com essa tensão natural entre os homens, é criado a figura de um soberano( O Leviatã) que busca por meio de contrato social que une a sociedade criando uma assimetria para todos os homens. Para Locke o homem, já possui direitos naturais tais como; a vida, a liberdade e os BENS e, se vincula por meio de um contrato social para a garantia dos seus direitos naturais sendo estes direitos intransponíveis, seja pelos olhos do estado, seja pelos olhos dos outros governados. ”Minha liberdade é ilimitada até entrar em choque com a liberdade do outro”. 3. Explique em que consiste o contratualismo em “sentido amplo” e em “sentido estrito”. Em sentido amplo o contratualismo compreende todas aquelas teorias políticas que originam a sociedade e o fundamento do poder político (chamado, quando em quando, potestas, imperium, Governo, soberania, Estado) acordo que assinalaria o fim do estado natural e o início do estado social e político. Dessa forma, em um sentido mais restrito, por tal termo se entende uma escola que floresceu na Europa entre os começos do século XVII e os fins do XVIII e teve seus máximos expoentes em Althusius (1557-1638), Hobbes (1588-1679), Spinoza (1632-1677), Pufendorf (1632-1694). John Locke (1632-1704), Rousseau (1712-1778). Kant (1724-1804). Por escola entendemos aqui não uma comum orientação política, mas o comum uso de uma mesma sintaxe ou de uma mesma estrutura conceitual para racionalizar a força e alicerçar o poder no consenso. 4. Explique em que consiste o “pacto de associação” e o “pacto de submissão” que estão na base do contratualismo. Pacto de associação e Pacto de submissão, são dois tipos de contrato, entretanto com algumas diferenças que foram estudadas pelos juristas Johannes Althusius (1563 - 1638) e Samuel Pufendorf (1632 - 1694), sendo eles: o "pacto de associação" que cria o direito privado onde o indivíduo passa do estado de natureza ao estado social e o "pacto de submissão" que instaura o monopólio da força e o poder político e ao qual se promete obedecer com o direito público. 11 Em ambos a posição é diversa, no Pacto de associação os contraentes encontram-se em posição paritária, cada um deles comprometendo-se perante os demais e sendo livre, por conseguinte, de aceitar ou não. No pacto de submissão se cria uma relação de subordinação e o indivíduo permanece, se um dos contraentes é o povo entendido como universitas ou como persona ficta, dado que, vige a lei da maioria. Por outros termos: no primeiro pacto, temos o princípio fraterno da igualdade e cada um se obriga para com os demais; no segundo, o princípio paterno da dominação e a relação dá-se entre governantes e governados. CAPÍTULO 4: O ESTADO: Constitucionalismo. 1. Conceitue “constitucionalismo”, explicando se consiste em um movimento cultural, um movimento político ou uma doutrina em Ciência Política. O termo “Constitucionalismo” é a denominação atribuída pelo movimento político-jurídico-social que causou a evolução do conceito de Constituição, de seu conteúdo e do detentor do poder nos Estados. De acordo com Noberto Bobbio, atualmente a definição de constituição é ampla, porém a de constitucional é restrita, para nesses significados se baseamos no significado que hoje possui o termo constitucionalismo no pensamento e na ciência política, englobando seu valor que antes estava implícito nas palavras Constituição e constitucional (um complexo de concepções políticas e de valores morais). 2. Quais os antecedentes históricos do constitucionalismo e quais os primeiros documentos podem ser tidos como embriões para as primeiras constituições? Muitos séculos antes surgiam as primeiras práticas de constitucionalismo, como o jurista Karl Loewenstein (1891 - 1973) que, reconheceu demonstrações de constitucionalismo em tempos antigos, como na organização do povo Hebreu, pautado na conduta dos profetas anciãos, que tinham como prerrogativa a fiscalização dos atos do poder público. Como também é perceptível as práticas de constitucionalismo na Grécia antiga, ação chamada de Graphe Paranomon, que servia para fiscalização dos atos normativos, traduzindo-se na visão de alguns professores como o antecedente mais remoto do Controle de Constitucionalidade entre muitas outras. O surgimento de diversos documentos podem ter sido como verdadeiros “embriões” das primeiras constituições. Como por exemplo A carta magna, de 1215, o Habeas Corpus Act, de 12 1679, o Bill of Rights, de 1689, e o Act of Settlement, de 1701 e principalmente “Rule of Law”, o chamado “governo das leis” em substituição ao “governo dos homens” 3. Quais as cinco fases do constitucionalismo, desde os primeiros documentos, mencionados na questão anterior, até a fase contemporânea de luta pela efetivação dos direitos sociais presentes nas constituições contemporâneas? As cinco fases do constitucionalismo são: Constitucionalismo antigo: onde algumas experiências são extremamentes importantes, quais sejam a do Estado hebreu com estados teocráticos, época em que os dogmas da bíblia sagrada eram vistos como limitações ao poder do estado e ao governo, como também a experiência grega, uma forma avançada de governo onde tínhamos uma democracia constitucional. Constitucionalismo clássico: no século XVIII, onde surgiram as primeiras constituições escritas. Destacando a experiência americana que pregava a supremacia constitucional e a garantia jurisdicional e a experiência francesa garantindo o direito e a separação de poderes. Constitucionalismo moderno: após a primeira guerra mundial, surge o constitucionalismo social e por consequência o estado social em detrimento do estado liberal. Destacaram-se as constituições da democracia marxista ou socialista, da democracia racionalizada de Kelsen, as constituições de alguns países europeus. Constitucionalismo contemporâneo: pautado basicamente no ideal de dignidade da pessoa humana, em decorrência das atrocidades ocorridas na segunda guerra mundial, tem como características marcantes o reconhecimento definitivo da normatividade da constituição, a centralidade da constituição, maior abertura da interpretação e aplicação das normas constitucionais, reconhecimento da normatividade dos princípios, fortalecimento do poder judiciário. Constitucionalismo do futuro: a busca de um equilíbrio entre as características marcantes do constitucionalismo moderno e os excessos do constitucionalismo contemporâneo, contemplado em sete idéias fundamentais: verdade, solidariedade, consenso, universalidade, participação, continuidade e integração. 4. O que é uma Constituição e qual é o seu conteúdo mínimo? Ao responder, relacione constitucionalismo e contratualismo. A constituição é um conjunto de normas para garantir a ordem na sociedade, direito e deveres da população e a estrutura do estado. No entanto, ela não expressa completamente o seu conceito, pois existem diversos sentidos de entender a constituição: sociológico, jurídico e 13 político. Como Ferdinand Lassalle, que entende a constituição de forma sociológica uma lei fundamental, que deve ter os fatores reais e efetivos de poder que regem e administram o país. Com sentido político, a constituição é entendida como decisão fundamental fazendo a distinção entre constituição e leis constitucionais. Já nosentido jurídico, é considerada um norma pura, sem qualquer fundamentação sociológica ou política. O Contratualismo constitui-se na teoria dos contratualistas Hobbes e Locke, em que o indivíduo sai do estado de natureza, onde não possuía uma organização ideal e posteriormente determinaram regras de convívio e de subordinação política, transferindo sua liberdade para garantir a paz na sociedade formando entre eles um contrato social. O constitucionalismo que se iniciou na Revolução Francesa buscava incluir um documento que assegura a ordem e o poder, com a finalidade principal de se distanciar de governos absolutistas. Portanto, ambas possuem semelhanças, pois buscam preservar a paz, vida, ordem e os direitos na sociedade por meio de contratos e leis. 5. Qual a classificação das constituições? É possível concluir que a Constituição possui sete classificações: Material, que possui somente matérias constitucionais ou formal além de possuir matérias constitucionais possui também outros assuntos, mas apesar de ser formal, todo seu conteúdo é norma constitucional; Escrita, é um documento ou não escrita também chamada de constituição costumeira; Dogmática, resultado de um trabalho legislativo específico, a origem do seu nome se deve por refletir os dogmas de um momento da história; Promulgada, é uma constituição democrática. Por isso, a Constituição de 1988 também é conhecida como Constituição Cidadã; Analítica, uma constituição extensa, prolixa, assim como a brasileira; Dirigente além de fixar direitos e garantias, fixa metas estatais, fixa uma direção para o Estado; Rígida, possui um procedimento de alteração mais rigoroso. 6. Quantas constituições o Brasil já teve. O Brasil já teve seis constituições antes da última promulgada em 1988 que, atualmente está em vigor, conhecida como “constituição cidadã”. Dessa maneira, das sete constituições, quatro foram promulgadas e duas impostas (uma por D. Pedro I e outra por Getúlio Vargas) e uma aprovada pelo Congresso por exigência do regime militar. 7. Do ponto de vista político, o que marca a substituição de uma constituição por outra? 14 A substituição de uma constituição por outra é explicada pela “regra de calibração” até então vigente, ou seja, o padrão-legalidade conforme a antiga constituição, foi alterada para o padrão-efetividade resultante do caráter imperativo da nova constituição. Mas pode ainda ocorrer que a mudança constitucional seja tão traumática a ponto de mudar as próprias regras de calibração do sistema. CAPÍTULO 5: ELEMENTOS DO ESTADO: O povo, o cidadão e a nação. 1. Quais são os três elementos do Estado, na doutrina tradicional? De acordo com a doutrina tradicional, o estado possui três elementos: Território, espaço geográfico onde o estado afirma seu poder e direitos de soberania; Povo, formado por indivíduos-cidadãos, considerado como uma dimensão humana do estado; Governo, componente coercitivo do estado, que possui autoridade maior exercendo o poder político do estado. 2. Acerca do elemento “povo”: apresente os conceitos políticos na visão de Bonavides e Dallari. De acordo com Bonavides, o povo é o quadro humano sufragante, que se politizou tendo a capacidade de decisão, ou seja, o corpo eleitoral. O conceito de povo traduz uma formação histórica recente, sendo estranho ao direito público das realezas absolutas, que conheciam súditos e dinastias, mas não conheciam povos e nações. Segundo Dallari, sem uma população se torna impossível ter um estado, é para o povo que o estado se forma. A noção jurídica de povo é uma conquista bastante recente, na Grécia a expressão cidadão indicava apenas o membro ativo da sociedade política, isto é, aquele que podia participar das decisões políticas. Já existe aí um vislumbre de noção jurídica, pois quando se fala no povo de Atenas só se incluem nessa expressão os indivíduos que têm certos direitos. 3. Acerca do elemento “povo”: apresente o conceito jurídico e o sociológico. O conceito jurídico de povo, exprime o conjunto de pessoas vinculadas de forma institucional e estável a um determinado ordenamento jurídico, ou, segundo Ranelletti, “o conjunto de indivíduos que pertencem ao Estado, isto é, o conjunto de cidadãos”.’ Diz Ospitali que o povo é “o conjunto de pessoas que pertencem ao Estado pela relação de cidadania”, ou no dizer de 15 Virga, “o conjunto de indivíduos vinculados pela cidadania a um determinado ordenamento jurídico”.’ Por conseguinte, o conceito sociológico de povo é tido como um conceito naturalista ou étnico, decorre porém com muito mais frequência de dados culturais, que uma consideração unilateralmente jurídica não poderia exprimir. Desse ponto de vista - o sociológico - há equivalência do conceito de povo com o de nação. O povo é compreendido como toda a continuidade do elemento humano, projetado historicamente no decurso de várias gerações e dotado de valores e aspirações comuns. 4. Acerca do elemento “povo”: faça a diferença entre povo e população. Em seguida, diga que se tal diferença é válida apenas para o sentido político de povo, apenas para o sentido jurídico de povo, apenas para o sentido sociológico de povo ou, ao contrário, é válida nas três hipóteses. Todas as pessoas presentes em um território determinado no mesmo momento, incluindo estrangeiros e apátridas, fazem parte da população, independente de qualquer laço jurídico de sujeição ao poder estatal. Não se confunde com a noção de povo, que é fundamental o vínculo do indivíduo ao estado através da nacionalidade ou cidadania. A população é conceito puramente demográfico e estatístico. Naturalmente, o significado político da população vai depender do correto significado econômico da mesma população no Estado. 5. Acerca do elemento “povo”: diga o que caracteriza, para a modernidade, um cidadão. Ao responder, situe historicamente seu surgimento na modernidade. Em seguida, diferencie, do ponto de vista político, o escravo, o servo e o súdito, vinculando-os a determinado período histórico. Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. A modernidade do conceito é porém afirmada por alguns autores, que vão buscar-lhe a nascente nas ideias da Revolução francesa. Foi desconhecido na Idade Média, cuja teoria do Estado partia do território, da organização feudal, onde o poder se assentava em relações de propriedade. A nova teoria do Estado que começa com a implantação da sociedade liberal-burguesa, na segunda metade do século XVIII, parte do povo. No absolutismo o povo fora objeto, com a democracia ele se transforma em sujeito. Teve início esse princípio com o Estado liberal, constitucional e representativo. A história que vai do sufrágio restrito ao 16 sufrágio universal é a própria história da implantação do princípio democrático e da formação política do conceito de povo. Embora restrito, o sufrágio inaugura a participação dos governados, sua presença oficial no poder mediante o sistema representativo, elegendo representantes que intervirão na elaboração das leis e que exprimiram pela primeira vez na sociedade moderna uma vontade política nova e distinta da vontade dos reis absolutos. O conceito de povo traduz por conseguinte uma formação histórica recente, sendo estranho ao direito público das realezas absolutas, que conheciam súditos e dinastias, mas não conheciam povos e nações. Esse conceito político de povo prende-se evidentemente a uma concepção ideológica; a das burguesias ocidentais que implantaram o sistema representativo e impuseram a participação dos governados, desencadeando o processo que converteria estes de objeto em sujeito da ordem política. 6. Acerca do elemento “povo”: quem era o “Terceiro Estado” na França antes da Revolução Francesa, segundo o Abade de Sieyès? O padre Emmanuel Joseph Sieyès (1748 - 1836), também conhecido como “abade”, demonstraem sua obra uma grande importância e utilidade do terceiro estado e afirma que o mesmo suportava todos os trabalhos particulares desde a atividade econômica exercida na indústria, agricultura, comércio, profissões científicas e até nos serviços domésticos, outrossim, exercia a quase todas as funções públicas, excluídos apenas os lugares lucrativos ocupados por membros da nobreza, que segundo Sieyes, eram privilegiados sem méritos, assim, advoga pela construção de uma meritocracia baseada em uma mínima igualdade de oportunidade entre todos. Portanto, Sieyes afirma que “o Terceiro Estado abrange, pois, tudo o que pertence à nação. E tudo o que não é Terceiro Estado não pode ser olhado como pertencente à nação. Quem é o Terceiro Estado? Tudo”. Assim, referente a Revolução Francesa a miséria não foi causa dos sucessos revolucionários segundo o entendimento de certa corrente de sociólogos e pensadores. Em verdade, o “terceiro estado”, ou seja, a burguesia, não postulava outra coisa senão o poder político, pois como classe próspera e economicamente dominante se lhe deparava a contradição exasperada de ver a máquina do Estado nas mãos do rei e das ordens aristocráticas e privilegiadas. 7. O que se entende por pátria? Na minha concepção, Pátria e Estado possuem as mesmas características, consequentemente sendo semelhantes. Ambos indicam a terra natal ou adotiva de um indivíduo, que se sente 17 ligado por vínculos afetivos, culturais, valores e história, outrossim, é um território delimitado com poder soberano para governar a sociedade. 8. O Brasil é uma nação? O significado de Nação é basicamente “um grupo de indivíduos ou habitantes que compartilham uma mesma origem étnica, idioma e costumes relativamente homogêneos, ou seja, semelhantes entre os seus. Apesar de o Brasil ser um país miscigenado, com grande diversidade na cultura, costumes e religião, considero que o Brasil é uma nação reconhecida internacionalmente. No entanto, muitos consideram o Brasil como um estado localizado em um país, onde cada estado tem suas culturas e tradições formando pequenas nações. Logo, afirmam que todas essas pequenas nações formam a nação brasileira. CAPÍTULO 6: ELEMENTOS DO ESTADO: O território. 1. Acerca do elemento “território”: apresente o conceito na visão do Professor Paulo Bonavides. Alguns autores têm limitado todavia a dizer que o território é simplesmente o espaço dentro do qual o Estado exercita seu poder de império (soberania). Tem-se verificado todavia dúvidas quando se trata de indagar se o território é ou não elemento constitutivo do estado. A tese oposta, a saber, o território “faz parte” do Estado, é elemento constitutivo e essencial, e sem ele o Estado inexistiria. O território estaria para o Estado assim como o corpo para a pessoa humana. Conforme Paulo Bonavides, há quatro teorias para explicar a natureza jurídica do território: • território-patrimônio: o território seria propriedade (dominium) do Estado. É uma concepção medieval, pois nessa época os senhores e os reis eram considerados proprietários de seus domínios. Essa concepção foi superada, pois conflita com a noção de propriedade privada. • território-objeto: o Estado exerceria um direito real de caráter público, chamado domínio eminente, sobre o território. Esse direito poderia ser combinado com o domínio útil exercido pelo cidadão. Essa teoria também foi descartada porque não se admitem dois direitos de propriedade sobre a mesma coisa. 18 • território-espaço: Segundo Jellinek, o poder que o Estado exerce sobre o território é um poder exercido sobre pessoas, ou seja, de imperium. Esse poder difere do exercido sobre coisas, que é o dominium. Assim, o poder do Estado sobre o território seria decorrência de seu poder sobre as pessoas que nele vivem. Essa teoria tem dificuldade para explicar o poder exercido sobre áreas desabitadas do Estado. • território-competência: Segundo Hans Kelsen, o território é o âmbito espacial de validade da ordem jurídica estatal, ou seja, o espaço físico no qual vigora o poder soberano de um Estado, com exclusão dos outros. É a teoria mais aceita atualmente. 2. Acerca do elemento “território” responda, justificando objetiva e brevemente: a) existe estado sem território? Sim, um exemplo entre muitos são os Curdos, considerada a maior nação sem território específico. Desse modo, estão distribuídas em diversos territórios como na Armênia, Azerbaijão, Iraque, Síria e Turquia. b) é possível mais de uma soberania sobre o mesmo território? Não, a soberania é una, ou seja, é sempre um poder superior, não podem existir duas soberanias dentro de um mesmo Estado. Desse modo, vale ressaltar as características da soberania, sendo elas: Una, indivisível, imprescindível, originária, inalienável, exclusiva, incontrastável, incondicionada, coativa e independente. A soberania é permanente e só desaparece quando forçada por algo superior. c) a quem pertence o território da Antártida? Não pertence a ninguém, o território é administrado por um acordo internacional desde 1961, o Tratado da Antártida, que foi assinado em 1º de dezembro de 1959 originalmente pelos sete países com reivindicações soberanas mais cinco outros: Bélgica, EUA, Japão, África do Sul e Rússia. O pacto congelou as reivindicações territoriais existentes e estabeleceu que a Antártida se tornasse uma reserva científica internacional. d) Qual é a situação do Estado do Vaticano? O estado do Vaticano foi criado em 1929 sendo o menor Estado soberano do mundo, quando o papa Pio XI e o ditador Benito Mussolini assinaram o Tratado de Latrão que previa o Vaticano como um estado independente e o recebimento de uma indenização 19 pela perda do seu território durante a unificação alemã e em contrapartida, a Igreja Católica teve que abrir mão das terras conquistadas na Idade Média e também teve que reconhecer Roma como a capital da Itália. Em 1947, o Tratado de Latrão passou a fazer parte da Constituição e o Papa teve que jurar neutralidade sobre termos políticos. 3. Acerca do elemento “território”, distinga e informe a extensão: a) mar territorial; Apresentado na constituição LEI Nº 8.617 CAPÍTULO I Do Mar Territorial Art. 1º O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas marítima de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil. b) zona contígua; LEI Nº 8.617 CAPÍTULO II Da Zona Contígua Art. 4º A zona contígua brasileira compreende uma faixa que se estende das doze às vinte e quatro milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. c) zona econômica exclusiva; LEI Nº 8.617 CAPÍTULO III Da Zona Econômica Exclusiva Art. 6º A zona econômica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. d) plataforma continental. LEI Nº 8.617 CAPÍTULO IV Da Plataforma Continental Art. 11. A plataforma continental do Brasil compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância. CAPÍTULO 7: ELEMENTOS DO ESTADO: O governo e a soberania. 1. Acerca do elemento “governo”: apresente o conceito jurídico e o conceito político de soberania. 20 O conceito político de soberania é apresentado como o poder incontrastável de querer coercitivamente e de fixar as competências, assim onde houver Estado haverá soberania. O conceito jurídico de soberania é refletido como o poder de decidir em última instânciasobre a atributividade das normas, vale dizer, sobre a eficácia do direito. Outrossim, a soberania se apresenta menos controvertida, visto que é da essência do ordenamento estatal uma superioridade e supremacia, logo parece então o Estado como portador de um a vontade suprema e soberana - a suprema potestas - que deflui de seu papel privilegiado de ordenamento político monopolizador da coação incondicionada na sociedade. 2. Acerca do elemento “governo”: apresente o conceito de soberania na visão de Jean Bodin, Rousseau, Hans Kelsen e Georg Jellinek. De acordo com Jean Bodin (1530 - 1596), considerado o grande teórico da soberania, pois inegavelmente sempre estava atento à realidade histórica de sua pátria. Então, o jurista apresenta um pensamento que em sua opinião é essencial ao conceito de Estado: o de soberania. Ao definir a República na acepção de Estado, Bodin afirma que a soberania é seu elemento inseparável. A soberania se converte em um conceito polêmico, uma vez que partindo da afirmação de Bodin, segundo a qual não há Estado sem soberania, os publicistas deixam de tratá-la como categoria histórica e passam a reputá-la categoria absoluta. Jean Bodin ("Les Six Livres de la République" – 1576): “é o poder absoluto e perpétuo de uma República. [...] Sendo um poder absoluto, a soberania não é limitada nem em poder, nem pelo cargo, nem por tempo certo. Nenhuma lei humana, nem as do próprio príncipe, nem as de seus predecessores, podem limitar o poder soberano”. Jean Bodin associa a soberania ao poder de elaborar as leis, pois estas seriam a representação da força em uma sociedade política. Entretanto, Norberto Bobbio explica que, para Bodin, o rei, mesmo sendo um representante da soberania, ele sim, está submetido à lei natural, à lei de Deus e às leis fundamentais do reino. O filósofo Georg Jellinek (1851 - 1911), considera o aspecto histórico-relativista da soberania, a posição mais seguida na doutrina contemporânea do direito público e que o coloca a igual distância de Bodin e Duguit, ao conceituar a soberania como “capacidade do Estado a uma autovinculação e autodeterminação jurídica exclusiva”. Corrigiu Jellinek o abuso contido na concepção de Bodin e removeu o principal obstáculo da velha doutrina francesa, que fazia da soberania um poder absoluto, ilimitado, incontrastável. Logo, para ele, não é um poder, mas a qualidade do poder, apresentados como nota essencial do poder do Estado. 21 O jurista Hans Kelsen (1881 - 1973), acredita que a soberania como qualidade do poder, é um elemento relativo não essencial e uma expressão da unidade de uma ordem, ou categoria histórica, arredando-se portanto das posições rígidas dos que costumam tomá-la em termos absolutos, não deve por outro lado significar se professe a mesma opinião de Duguit e Kelsen que, com maior ou menor intensidade, buscam eliminar por inteiro da teoria do Estado o conceito de soberania. De acordo com Jean Jacques Rousseau (1712 - 1778), o pacto social dá ao corpo político um poder absoluto sobre todos os seus membros, e este poder é aquele que, dirigido pela vontade geral, leva o nome de soberania. O poder soberano, completamente absoluto, sagrado e inviolável, não ultrapassa nem pode transgredir os limites das convenções gerais. Ele é inalienável, porque proveniente da vontade geral, e indivisível, porque a vontade só é geral se houver a participação do todo. Portanto, para o filósofo a soberania está na “vontade geral”, sendo ela a vontade do povo, conduzida para a utilidade pública e o bem comum. 3. Acerca do elemento “governo”: discorra, brevemente, sobre a divergência doutrinária acerca da controvérsia sobre se a soberania é sinônimo de poder ou é a qualidade do poder. A primeira obra a desenvolver o conceito de soberania foi “Les Six Livres de La Repúblique”, do filósofo Jean Bodin que definiu soberania como o “poder absoluto e perpétuo de uma República. Em termos políticos, a soberania é o Poder incontrastável de querer coercitivamente e de fixar competências.”. Em outra perspectiva, especificamente em termos jurídicos, a soberania é o poder de decidir principalmente sobre a eficácia das normas jurídicas, isto é, sobre a eficácia do direito positivo. Dando ênfase ao aspecto adjetivo da soberania, isto é, reconhecendo que a soberania não é um poder, mas uma qualidade de poder. Segundo Kildare Gonçalves Carvalho “É a soberania, pois, uma qualidade, a mais elevada, do poder estatal, e não o próprio poder do Estado, significando, no plano interno, supremacia e superioridade do Estado sobre as demais organizações e, no plano externo, independência do Estado em relação aos demais Estados.”. 4. Acerca do elemento “governo”: discorra objetiva e brevemente sobre as seguintes características da soberania: una, indivisível, imprescritível, originária, inalienável, exclusiva, incontrastável, incondicionada, coativa, independente. Una: é sempre um poder superior. Não podem existir duas soberanias dentro de um mesmo Estado, por exemplo; Indivisível: aplica-se a todos os fatos ocorridos no Estado; 22 Inalienável: quem a detém desaparece ao ficar sem ela, seja o povo, nação ou o Estado; Imprescritível: não tem prazo de duração. 5. Acerca do elemento “governo”: explique em que consiste a fundamentação democrática da soberania. A doutrina mais democrática existente é a doutrina da soberania popular, que não forma a república no governo. Desse modo, é válido relembrar O Contrato Social trazido pelo filósofo contratualista Hobbes, desenvolvido para seguir a vontade popular sendo o princípio democratico. Segundo o filósofo, a soberania popular seria a soma das distintas frações de soberania que pertence a cada indivíduo que é detentor dessa parte da soberania e participa ativamente na escolha dos governantes. ● 6. Acerca do elemento “governo”: explique, de forma objetiva e sucinta, porque, na ordem interna ou doméstica, a soberania pode ser representada por um vetor de força vertical. A soberania, que exprime o mais alto poder do Estado, a qualidade de poder supremo (supremapotestas), apresenta duas faces distintas: a interna e a externa. A soberania interna significa o imperium que o Estado tem sobre o território e a população, bem como a superioridade do poder político frente aos demais poderes sociais, que lhe ficam sujeitos, de forma mediata ou imediata. A Ordem Interna ou Doméstica apresenta soberania, como o poder maior que existe e que vai prevalecer no ponto interno, se criarem uma lei ninguém pode se opor os cidadãos têm que seguir. O governo é o terceiro elemento, é a administração e o estado é superior a isso, pois permanece lei de cima pra baixo. 7. Acerca do elemento “governo”: explique, de forma objetiva e sucinta, porque, na ordem externa ou internacional, a soberania pode ser representada por um vetor de força horizontal. A Ordem Externa ou Internacional apresenta o estado entre si, a vontade do estado não encontra nenhum maior que ela, mas encontra outras soberanias iguais a ele, no plano internacional só terá acordos pois as soberania de todos são iguais. Logo, a soberania externa é a manifestação independente do poder do Estado perante outros Estados. 8. Apresente o conceito de Nação segundo Mancini. Ao fazer, apresente os elementos componentes deste conceito segundo o autor. 23 Pasquale Stanislao Mancini (1817-1888), afirma que “Nação” é a “[...] sociedade natural de homens com unidade de território, de origem, de costumes e de língua, configurados numa vida em comum e numa consciência social” . Esta mesma consciência social seria o sentimento que a “Nação” “[...] adquire de si mesma e que a torna capaz de se constituir internamente e de se manifestar externamente”. Deste modo, enquanto sociedade que apresenta uma identidade com elementos naturais e históricos comuns, assim como uma consciência social própria, a “Nação”, segundo o jurista italiano, seria naturalmente a grande protagonista de direito internacional.24
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