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A primeirA igrejA protestAnte do BrAsil Igreja reformada PotIguara [162 5 -16 92] Há várias maneiras de se avaliar o excelente livro de Jaquelini de Souza, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Dois as- pectos, porém, podem ser destacados: um de ordem temática e outro de natureza teórica. Da perspectiva temática, a autora registra a cons- trução e o perfil de uma igreja reformada indígena no período holandês do Nordeste brasileiro. Escassa bi- bliografia mostra que estudos acadêmicos sobre índios reformados são raros, daí a notável contribuição desta pesquisa para a compreensão de um fenômeno que mescla, a um só tempo, o social, o político, o cul tural e o religioso. No tocante ao Brasil holandês, o estudo beneficia-se de autores expressivos, entre os quais o Dr. Frans Leonard Schalkwijk, prefaciador do livro. A linha teórica adotada pela autora permite fazer uma releitura crítica de nossa historiografia – lusófona e católica. Sua escolha recai sobre a História das Men- talidades que, como se sabe, teve como nascedouro a Escola dos Analles, apontada por Peter Burke como o berço da “revolução francesa da historiografia”. João Baptista Borges Pereira Doutor em Antropologia e professor emérito da Universidade de São Paulo, professor titular do curso de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie Não poucas vezes a história foi escri- ta a partir dos preconceitos religiosos de seus autores. Como resultado, in- formações relevantes acabaram sendo omitidas ou minimizadas por estarem relacionadas com o objeto desse pre- conceito. Acredito que esse foi o caso no episódio da ocupação holandesa no Nordeste (1630-1654). Era preciso resgatar preciosas informações sobre a atuação dos cristãos reformados, ho- landeses e brasileiros, em nossa pátria, informações estas que ficaram perdidas com os anos. A partir da obra pioneira de Frans Leonard Schalkwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês (1986), diversos ou- tros estudos surgiram destacando a obra evangélica realizada naquele período. É o caso do livro que o leitor tem em mãos. Fruto de suas pesquisas durante o mes- trado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, Jaquelini de Souza enfoca o surgimento da primeira igreja protes- tante em solo brasileiro, como resultado da atuação missionária dos reformados holandeses. Preenche uma importante lacuna na história da igreja brasileira. Re- comendo com entusiasmo. Augustus Nicodemus Lopes Doutor em Hermenêutica e Estudos Bíblicos (Ph.D., NT) pelo Westminster Theological Seminary (EUA) Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie Jaquelini de Souza nasceu em Iguatu, Cea- rá. É graduada em História pela Universidade Regional do Cariri (URCA), Ceará, e mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), São Pau- lo. Leciona Ciências Políticas, Sociologia das Organizações, Filosofia e Ética Profissional, Antropologia Cultural, Socioantropologia da Saúde e Bases Socioantropológicas da Psicolo- gia na Faculdade Vale do Salgado (FVS), e His- tória Moderna e Contemporânea no Cursinho Pré-Vestibular Fênix. É autora de artigos para periódicos no Brasil, realiza palestras e cursos em sua área de conhecimento. J a q u e l i n i d e S o u z a Ja q u e lin i d e S o u za a Pr Im eIr a Ig r eja Pr o testa n te d o Br a sIl 2 9 788582 930052 > ISBN 978-85-8293-005-2 foto de caPa: jaquelInI de souza Ir a c y le m o s A primeirA igrejA protestAnte do BrAsil R4_Igreja reformada.indd 1 6/7/13 9:48 AM Coleção Fundamentos Cristãos, volume 2 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Reitor: Benedito Guimarães Aguiar Neto Vice ‑reitor: Marcel Mendes COORDENADORIA DE PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS Coordenadora: Helena Bonito Couto Pereira EDITORA DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Conselho Editorial Helena Bonito Couto Pereira (Presidente) José Francisco Siqueira Neto Leila Figueiredo de Miranda Luciano Silva Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos Moises Ari Zilber Valter Luís Caldana Júnior Wilson do Amaral Filho R4_Igreja reformada.indd 2 6/7/13 9:48 AM A primeirA igrejA protestAnte do BrAsil Igreja reformada PotIguara {1625-1692} J A Q U E L I N I D E S O U Z A R4_Igreja reformada.indd 3 6/7/13 9:48 AM © 2013 Jaquelini de Souza Todos os direitos reservados à Universidade Presbiteriana Mackenzie. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Coordenação editorial: Andréia Ferreira Cominetti Capa e projeto gráfico: Alberto Mateus Produção editorial: Crayon Editorial Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Rua da Consolação, 930 Edifício João Calvino, 7o andar São Paulo – SP – CEP: 01302 ‑907 Tel.: (5511) 2114 ‑8774/2114 ‑8785 editora@mackenzie.br www.editora.mackenzie.br Como adquirir os livros: Livraria Mackenzie Campus Higienópolis Rua Itambé, 135 – Prédio 19 – loja 1 São Paulo – SP – CEP 01302 ‑907 Tel.: (5511) 2766 ‑7027 livraria@mackenzie.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Souza, Jaquelini de A primeira Igreja Protestante do Brasil : Igreja Reformada Potiguara (1625‑1692) / Jaquelini de Souza. – São Paulo : Editora Mackenzie, 2013. – (Coleção fundamentos cristãos ; v. 2) Bibliografia. ISBN: 978‑85‑8293‑005‑2 1. Cristianismo 2. Holandeses ‑ Brasil 3. Igreja ‑ História 4. Índios Potiguara ‑ Brasil 5. Protestantismo ‑ Brasil ‑ História 6. Reforma protes‑ tante I. Título. II. Série. 13‑04579 CDD‑280.40981 Índices para catálogo sistemático: 1. Brasil : Igrejas Protestantes : História : Cristianismo 280.40981 2. Brasil : Protestantismo : História : Cristianismo 280.40981 R4_Igreja reformada.indd 4 6/7/13 9:48 AM A Deus por me amar, salvar, fazer historiadora e ter posto um sonho em meu coração. Aos meus avós Antônio Oliveira da Silva e Raimunda Zilma de Souza (in memoriam), cujos olhos mais azuis do mundo verei novamente no Céu. R4_Igreja reformada.indd 5 6/7/13 9:48 AM Sumário Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 A mentalidade reformada do século XVII . . . . . . . . . . . 15 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 O protestantismo, uma nova forma de ver o mundo . . . . . . . . . 16 Brasil: paraíso para o protestantismo . . . . . . . . . . . . . . 18 O que é mentalidade, mentalidade reformada e mentalidade reformada indígena . . . . . . . . . . . . . . 23 O protestantismo no projeto colonial holandês . . . . . . . . . . 27 As relações batavo ‑potiguaras . . . . . . . . . . . . . . . 49 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Os capitães regedores: Pedro Poty, Antônio Paraupaba e Domingos Fernandes Carapeba . . . . . . . . . . . . . . . 58 Os mestres‑escolas: João Gonçalves, Álvaro Jacó, Bento da Costa e Melchior Francisco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Os principais da Ibiapaba na “Genebra dos sertões” . . . . . . . . . 73 R4_Igreja reformada.indd7 6/7/13 9:48 AM O clímax das relações batavo ‑potiguaras, o documento produzido na assembleia indígena de 1645 . . . . . . . . . . . . 77 O protestantismo indígena . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 A periodização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 A organização eclesiástica . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Os ministérios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 A teologia potiguara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 A práxis religiosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 A igreja no refúgio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 A igreja na peregrinação . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 A herança reformada . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 R4_Igreja reformada.indd 8 6/7/13 9:48 AM 9 Apresentação F r a n s L e o n a r d S c h a l k w i j k * O período da ocupação holandesa no Nordeste (1630 ‑1654) sem‑ pre levantou muitas perguntas. Quando cheguei ao Recife (1973) para lecionar História da Igreja no Seminário Presbiteriano do Norte, um dos estudantes me perguntou se sabia algo sobre Maurício de Nassau. Reconheci que, lamentavelmente, meu conhecimento era pequeno. Naquele momento tive consciência de que estava devendo algo a esses irmãos reformados nordestinos. Durante os anos seguintes, na medida do possível, pesquisei esse período interessante vibrando ao encon‑ trar documentos valiosos, inclusive sobre o aspecto das missões. Ao ler esta interessante obra de Jaquelini de Souza sobre a “Igreja Reformada Potiguara”, senti, de novo, uma grande gratidão pelo traba‑ lho missionário reformado entre os primeiros moradores do Brasil. Especialmente porque estava nascendo uma igreja indígena autócto‑ ne, isto é, uma igreja cristã reformada potiguara. Na margem do texto que lia, coloquei algumas vezes um pequeno ponto de interrogação, não por enganos na citação documentária, mas * Doutor em História pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e Mestre em Teologia pelo Calvin Theological Seminary, em Grand Rapids, no Michigan. Professor visitante do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper e ministro da Igreja Reformada da Holanda. R4_Igreja reformada.indd 9 6/7/13 9:48 AM A primeira igreja protestante do Brasil 10 pela viva imaginação preenchendo lacunas. A gente até percorre com a autora o trilho da fuga dos potiguaras pelo sertão nordestino (1654), carregando o saltério e a Bíblia, e há trechos, inclusive, na própria língua indígena. Foram quase 800 quilômetros, beirando os rios, passando até por Iguatu, a cidade natal da autora, no sul do Ceará. Um dos líderes era o “consolador” potiguar João Gonçalves que, sem dúvida, viria a ser um dos pastores na Serra da Ibiapaba. A autora demonstra ser possível que esse João seja aquele denominado “João Pregador”, preso na cadeia do Recife (1692) no tempo da genocida “Guerra dos Bárbaros”, porém não me parece muito provável. Mas isso não diminui o fato de que, como a autora mostrou, existiu uma jovem igreja reformada potiguara no Nor‑ deste brasileiro durante o século XVII. Como parte do corpo de Cristo, ela era a primeira igreja evangélica indígena no mundo novo, uma déca‑ da antes da algonquiana no Nordeste americano. Na medida em que lia a obra, senti de novo muita gratidão, mas, ao mesmo tempo, uma profunda tristeza por saber que naquela época não havia lugar para uma igreja evangélica, nem para os próprios “brasilia‑ nos” na sua própria pátria de dimensões continentais... Graças a Deus, hoje é diferente, e, conforme o Censo de 2010, um quarto da população indígena brasileira pertence a uma igreja evangélica levando a mensa‑ gem aos outros da sua tribo. Podem se juntar ao príncipe João Maurício de Nassau, o nobre “irmão” reformado, entoando seu “Hino de gratidão, contrição e oração”: Consciência, à confissão Teu sangue remidor, Dos erros multidão; (Que preço, que valor) Sou grande pecador. Sim, resgatou o réu. Levanta, adoração: Então, por onde eu for, Ganhei pleno perdão Tu és meu Fiador Por Seu maior amor! Até chegar ao céu! Apeldoorn, Holanda, 31 de outubro de 2012 A.D. (dia da Reforma Protestante e da carta confessante do potiguar Pedro Poty) R4_Igreja reformada.indd 10 6/7/13 9:48 AM A primeirA igrejA protestAnte do BrAsil Igreja reformada PotIguara [162 5 -16 92] Há várias maneiras de se avaliar o excelente livro de Jaquelini de Souza, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Dois as- pectos, porém, podem ser destacados: um de ordem temática e outro de natureza teórica. Da perspectiva temática, a autora registra a cons- trução e o perfil de uma igreja reformada indígena no período holandês do Nordeste brasileiro. Escassa bi- bliografia mostra que estudos acadêmicos sobre índios reformados são raros, daí a notável contribuição desta pesquisa para a compreensão de um fenômeno que mescla, a um só tempo, o social, o político, o cul tural e o religioso. No tocante ao Brasil holandês, o estudo beneficia-se de autores expressivos, entre os quais o Dr. Frans Leonard Schalkwijk, prefaciador do livro. A linha teórica adotada pela autora permite fazer uma releitura crítica de nossa historiografia – lusófona e católica. Sua escolha recai sobre a História das Men- talidades que, como se sabe, teve como nascedouro a Escola dos Analles, apontada por Peter Burke como o berço da “revolução francesa da historiografia”. João Baptista Borges Pereira Doutor em Antropologia e professor emérito da Universidade de São Paulo, professor titular do curso de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie Não poucas vezes a história foi escri- ta a partir dos preconceitos religiosos de seus autores. Como resultado, in- formações relevantes acabaram sendo omitidas ou minimizadas por estarem relacionadas com o objeto desse pre- conceito. Acredito que esse foi o caso no episódio da ocupação holandesa no Nordeste (1630-1654). Era preciso resgatar preciosas informações sobre a atuação dos cristãos reformados, ho- landeses e brasileiros, em nossa pátria, informações estas que ficaram perdidas com os anos. A partir da obra pioneira de Frans Leonard Schalkwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês (1986), diversos ou- tros estudos surgiram destacando a obra evangélica realizada naquele período. É o caso do livro que o leitor tem em mãos. Fruto de suas pesquisas durante o mes- trado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, Jaquelini de Souza enfoca o surgimento da primeira igreja protes- tante em solo brasileiro, como resultado da atuação missionária dos reformados holandeses. Preenche uma importante lacuna na história da igreja brasileira. Re- comendo com entusiasmo. Augustus Nicodemus Lopes Doutor em Hermenêutica e Estudos Bíblicos (Ph.D., NT) pelo Westminster Theological Seminary (EUA) Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie Jaquelini de Souza nasceu em Iguatu, Cea- rá. É graduada em História pela Universidade Regional do Cariri (URCA), Ceará, e mestre em Ciências da Religiãopela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), São Pau- lo. Leciona Ciências Políticas, Sociologia das Organizações, Filosofia e Ética Profissional, Antropologia Cultural, Socioantropologia da Saúde e Bases Socioantropológicas da Psicolo- gia na Faculdade Vale do Salgado (FVS), e His- tória Moderna e Contemporânea no Cursinho Pré-Vestibular Fênix. É autora de artigos para periódicos no Brasil, realiza palestras e cursos em sua área de conhecimento. J a q u e l i n i d e S o u z a Ja q u e lin i d e S o u za a Pr Im eIr a Ig r eja Pr o testa n te d o Br a sIl 2 9 788582 930052 > ISBN 978-85-8293-005-2 foto de caPa: jaquelInI de souza Ir a c y le m o s A primeira igreja protestante do Brasil_1a Capa.pdf A primeira igreja protestante do Brasil_Miolo para Amostra.pdf A primeira igreja protestante do Brasil_4a Capa.pdf
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