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1º simpósio Sudeste da ABHR 1º simpósio Internacional da ABHR Diversidades e (in)tolerâncias religiosas Anais Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº (org.). ISSN - 2318-518X São Paulo, 2013 Anais do 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio Internacional da ABHR Tema: Diversidades e (in)tolerâncias religiosas Local: FFLCH/USP, 29 a 31 de outubro de 2013 São Paulo, São Paulo, Brasil ABHR – Associação Brasileira de História das Religiões Anais na internet disponíveis em http://www.abhr.org.br/?page_id=1568 Caderno de Programação e Resumos: disponível na internet em http://www.abhr.org.br/?page_id=1593 A Comissão Editorial se responsabilizou pela revisão da formatação dos textos de acordo com as normas de edição do evento. Eventuais erros ortográficos, assim como o conteúdo dos textos e imagens, são de inteira responsabilidade dos/as autores/as. Foram publicados textos de Minicursos (MCs) e de Grupos de Trabalho (GT) nestes Anais. Maranhão Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque (org.). 2013 Anais do 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio Internacional da ABHR – Diversidades e (in)tolerâncias religiosas / Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº (org.); 3110 p. 1. 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio Internacional da ABHR. 2. Diversidades e (in)tolerâncias religiosas. I. Maranhão Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque (org.). II. Título. II. 2318-518X http://www.abhr.org.br/?page_id=1568 http://www.abhr.org.br/?page_id=1593 Associação Brasileira de História das Religiões – ABHR Presidente Wellington Teodoro da Silva, PUC/MG Secretário de divulgação Daniel Rocha, UFMG Tesoureiro Ítalo Santirocchi, UFRRJ Secretário geral Vasni de Almeida, UFT Universidade de São Paulo – USP Reitor João Grandino Rodas Vice-reitor Hélio Nogueira da Cruz Pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária Maria Arminda do Nascimento Arruda Diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH Sérgio França Adorno de Abreu Vice-diretor da FFLCH João Roberto Gomez de Faria Chefe do Departamento de Antropologia Vagner Gonçalves da Silva Chefe do Departamento de História Maurício Cardoso Organização do evento Coordenação Vagner Gonçalves da Silva , USP Organização Geral Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo, USP Comissões Comissão Organizadora • Helena Morais Manfrinato, USP • Jacqueline Moraes Teixeira, USP • Jacqueline Ziroldo Dolghie, UMESP • João Enicelio da Silva, Mackenzie • Joelma Santos da Silva, UFMA • Rosenilton Silva de Oliveira, USP • Sandra Duarte de Souza, UMESP • Talita Sene, UFSC Comissão Editorial Editor-chefe Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão F o , USP Editores/as Assistentes • Daniel Rocha, UFMG • Ítalo Santirocchi, UFRRJ • Joelma Santos da Silva, UFMA • Kate Rigo, EST • Sandra Duarte de Souza, UMESP • Talita Sene, UFSC Fazendo Arte • Andrea Gomes Santiago Tomita, Messiânica (coordenação) • Juliana Graciani, Messiânica • Ricardo Vital, USP Comissão Científica • Adone Agnolin, USP • Andréa Gomes Santiago Tomita, Messiânica • Antonio Máspoli de Araujo Gomes, Mackenzie • Airton Luis Jungblut, PUC/RS • Artur César Isaia, UFSC • Edgard Leite Ferreira Neto, UERJ • Edin Sued Abumanssur, PUC/SP • Edlaine Campos Gomes, UniRio • Eduardo Gusmão de Quadros, UEG • Eliane Moura da Silva, UNICAMP • Elizete da Silva, UEFS • Elton Nunes, Messiânica • Émerson José Sena da Silveira, UFJF • Ênio Brito, PUC/SP • Etienne Higuet, UMESP • Fernando Torres-Londoño, PUC/SP • Flávio Augusto Senra Ribeiro, PUC/MG • Frank Usarski, PUC/SP • Gedeon Freire de Alencar, ICEC • Gisele Zanotto, UPF • João Marcos Leitão Santos, UFCG • José Guilherme Cantor Magnani, USP • Paula Montero, USP • Karina Kosicki Bellotti, UFPR • Lauri Emilio Wirth, UMESP • Leonildo Silveira Campos, UMESP • Lyndon de Araújo Santos, UFMA • Marcelo Tavares Natividade, UFC • Magali do Nascimento Cunha, UMESP • Maria Luisa Tucci Carneiro, USP • Maria José Fontelas Rosado-Nunes, PUC/SP • Mundicarmo Maria Rocha Ferretti, UFMA • Sérgio Figueiredo Ferretti, UFMA • Silas Guerriero, PUC/SP • Solange Ramos de Andrade, UEM • Sônia Weidner Maluf, UFSC • Wellington Teodoro da Silva, PUC/MG • Zwinglio Motta Dias, UFJF Comissão de Seleção de Pôsteres • Lauri Emílio Wirth, UMESP • Leonildo Silveira Campos, UMESP • Lyndon de Araújo Santos, UFMA • Mundicarmo Maria Rocha Ferretti, UFMA • Sérgio Figueiredo Ferretti, UFMA • Solange Ramos de Andrade, UEM Realização Associação Brasileira de História das Religiões – ABHR Patrocínio Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES Apoio • Universidade de São Paulo – USP • Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH • Casa de Cultura Japonesa – CCJ/FFLCH/USP • Departamento de Antropologia – DA/FFLCH/USP • Departamento de Geografia – DG/FFLCH/USP • Departamento de História – DH/FFLCH/USP • Faculdade de Teologia Umbandista – FTU • Faculdade Messiânica • Programa de Pós-graduação em Ciëncias da Religiáo da Universidade Metodista – PPGCR/UMESP • PLURA, Revista de Estudos de Religião da ABHR • Fonte Editorial • Editora do Mackenzie • Editora Arché • Korin • Centro de Estudos de Religiosidades Contemporâneas e das Culturas Negras – CERNe • Grupo de Estudos em Gênero, Religião e Política – GREPO – PUC/SP • Grupo de Estudos de Gênero e Religião Mandrágora – UMESP • Núcleo de Antropologia Urbana da USP – NAU Créditos Anais Organização Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão F o , USP Revisão da formatação dos textos Daniel Rocha, UFMG Ítalo Santirocchi, UFRRJ Joelma Santos da Silva, UFMA Kate Rigo, EST Sandra Duarte de Souza, UMESP Talita Sene, UFSC Diagramação Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão F o , USP Talita Sene, UFSC Design da capa Neon Cunha Créditos gerais do evento Secretário Cleto Junior Pinto de Abreu, USP Coordenação da leitura de história de vida religiosa Marcela Boni Evangelista, NEHO/USP Mychelle Aguinel, Troupe Drao Webdesigners Carlos Gutierrez, UNICAMP Talita Sene, UFSC Designer do material do evento Neon Cunha Arte do evento Alexandra Abdala, Arché Editora Financiamentos Livro Religiões e religiosidades em (con)textos (conferências e mesas do evento) e subsídio doCaderno de Programação e Resumos impresso Fonte Editorial Bolsas Faculdade de Teologia Umbandista CDs Faculdade Messiânica Canetas Editora do Mackenzie Coquetel de lançamento de publicações, coffee breaks e águas Korin Apoio financeiro GREPO – PUC/SP Sumário Apresentação . . . . . . . . . . 31 Minicursos . . . . . . . . . . . 34 MC 3 – Direito, Estado laico e religião no Brasil: limites, conflitos e convergências . . . . . . . . . . 35 Direito, Estado laico e religião no Brasil: limites, conflitos e convergências 36 Carlos Augusto Lima Campos e David Carlos Santos Sarges MC 4 – Fundamentos da arquitetura islâmica . . . . . 47 Introdução à arquitetura islâmica . . . . . . 48 João Henrique dos Santos MC 6 – História e religiões: teoria e metodologia . . . . . 56 Teoria e metodologia em História das Religiões. . . . . 57 Elton de Oliveira NunesMC 9 – Iconografia budista . . . . . . . . 82 Budismos . . . . . . . . . . 83 Fernando Carlos Chamas MC 10 – A Fé Bahá’í: incompreendida e perseguida . . . . 98 A Fé Bahá’í: incompreendida e perseguida . . . . . 99 Cristina Angelini Melchior Grupos de Trabalho . . . . . . . . . . 108 GT 1 – Bruxaria à brasileira: a presença da Wicca no Brasil . . . 109 A construção da identidade masculina na Wicca . . . . 110 Welington Pinheiro A Wicca no Recife: uma história . . . . . . . 126 Karina Oliveira Bezerra O Coven: Múltiplas pertenças, legitimação de um discurso histórico e as tipologias clássicas em relação à moderna bruxaria . . . 142 Celso Luiz Terzetti Filho GT 2 – Catolicismo brasileiro: neocristandade e práticas religiosas associativas (1889-1964) . . . . . . . . 155 Aggiornamento x continuidade: o choque entre a modernidade e a Tradição nas representações e visões de mundo de três Padres Conciliares . . . . . . . . . . 156 Alfredo Moreira da Silva Júnior A Igreja Católica e os mecanismos de atuação no meio rural brasileiro (1955- 1964) . . . . . . . 171 Bruna Marques Cabral Congadeiros e hierarquia católica na primeira metade do século XX em Minas Gerais . . . . . . . . 187 Sueli do Carmo Oliveira Notas sobre a atuação da vice-província redentorista de aparecida na revolução constitucionalista de 1932. . . . . . 202 José Tadeu de Almeida Os fundadores do Centro Dom Vital . . . . . . 221 Guilherme Ramalho Arduini Os museus de arte sacra da Arquidiocese de Mariana: projetos eclesiásticos (1926-1964) . . . . . . . 237 Riler Barbosa Scarpati GT3 – Corpo, cultura e religião . . . . . . . 254 “Agora eu canto assim...”: impactos da afrofagia neopentecostal sobre a Música Popular Brasileira. O caso Bezerra da Silva e o CD “Caminho de Luz” . . . . . . . 255 Patrício Carneiro Araújo, Maria Célia Virgolino Pinto A renovação do sacrifício de Cristo: Ritual, práticas corporais e experiências afetivas na Santa Missa do Opus Dei . . . . 270 Asher Grochowalski Brum Pereira Corpo e religiosidade: binômio indissociável na construção da História da Enfermagem . . . . . . . . 283 Maria Helena Leviski Alves e Tania Mara da Silva Crianças e psicoativos: a ingestão e a relação corpo saúde nos rituais do Santo Daime . . . . . . . . . 292 Theresa Jaynna de Sousa Feijão, Francisca Verônica Cavalcante Êxtase religioso e sua manifestação: o corpo como um instrumento divino . . . . . . . . . . 306 Cláudia Neves da Silva, Fabio Lanza Fala e gestos na glossolalia: observações em uma comunidade da renovação carismática católica . . . . . . . 317 Detian Machado de Almeida O grito da Cruz ou o grito da Cultura? . . . . . . 332 Marcos Teixeira de Souza Renascimento iniciatório revelado nos adornos e pinturas da muzenza . . . . . . . . . . 345 Ivete Miranda Previtalli Um “ballet do Espírito”: breve reflexão sobre corporeidade e pentecostalismo . . . . . . . . . 359 Valdevino de Albuquerque Júnior Vadeia dois dois,Vadeia no mar, A casa é sua dois dois, Quero ver dois dois vadear . . . . . . . . . 373 Francy Eide Nunes Leal GT4 – Dietrich Bonhoeffer: ética e teologia a serviço da vida . . . 395 Contemporaneidade e Discipulado: Interfaces entre o pensamento do humano em Zygmunt Bauman e Dietrich Bonhoeffer . . . 393 José Nilberto de Oliveira Júnior Diálogo entre a filosofia de Friedrich Nietzsche e a teologia de Dietrich Bonhoeffer . . . . . . . . 401 Manoel Ferreira da Silva Nadando contra a correnteza: A ação a favor da vida na prática pastoral de Dietrich Bonhoeffer . . . . . . . 418 Sivanildo Ribeiro Martins GT5 – “Edificando para Deus”: a arquitetura do sagrado nas suas diferentes manifestações . . . . . . . 415 A arquitetura religiosa, entre paradoxos e possibilidades . . . 416 João Henrique dos Santos A Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro: Uma via crúcis de 300 anos. . . . . . . . . . . 426 Estela Maris de Souza A presença dos anjos na Capela de Nossa Senhora das Necessidades . 442 Fernanda Maria Trentini Carneiro Arquitetura e religião: o caso da igreja da Irmandade do Santíssimo Sacramento . . . . . . . 457 Claudia Barbosa Teixeira Mística e devoção carmelita: a arquitetura religiosa dos Terceiros em Minas Gerais . . . . . . . . . 469 Nívea Maria Leite Mendonça O patrimônio religioso e sua preservação em Nova Iguaçu (RJ) . . 481 Luiza Georgia Viana Cunha, Nathalia Borghi Tourino Marins O significado da luz em templos religiosos – uma análise da influência da luz na arquitetura religiosa .. . . . . 492 Alfredo Damian Pacher Majul, Camila Szczerbacki Costa, Mariana Campos Lima Rocha Projeto moderno de globalização da Companhia de Jesus: reflexos na arquitetura religiosa da América Portuguesa . . . 503 Fernanda Santos GT6 – Escolas das religiões afro-brasileiras e diálogos . . . . 517 A dinâmica religiosa do Candomblé em Goiânia a partir da hermenêutica da ação humana . . . . . . . 518 Rodolfo Ferreira Alves Pena A diversidade das Religiões Afro-Brasileiras em Curitiba/PR: o "mito do embranquecimento" revisitado . . . . . 535 Camila B. C. Martins, Renata Issa Gomes e Ana Paula Farias A presença de valores culturais africanos iorubás nas religiões afro-brasileiras . . . . . . . . . 549 Fernanda Leandro Ribeiro Aprendendo yorubá no Ilè Aşé Omi Laare Ìyá Sagbá . . . . 565 Marta Ferreira e Stela Caputo Ciclo do Marabaixo: uma das expressões da religiosidade afrodescendente no Amapá . . . . .. . . 581 Alysson Brabo Antero Corpo e saúde: uma perspectiva comparada entre religiões afro-brasileiras e neopentecostais. . . . . . . 594 Érica Ferreira da Cunha Jorge Entre Dois Mundos: entre o pragmatismo da umbanda e o salvacionismo espírita . . . . . . . . 605 Ana Maria Valias Andrade Silveira Entre linhas e falanges: A diversidade da umbanda na Contemporaneidade . . . . . . . 620 Saulo Conde Fernandes Inclassificáveis: arcaísmos nos estudos das religiões afro-brasileiras . . 633 Antonio José Vieira da Luz O catimbó de ontem não é apenas a Jurema de hoje: (in) visibilidade da tradição em um culto das Religiões Afro-brasileiras . . 645 João Luiz Carneiro O conceito de Escolas como garantidor da diversidade sem prejuízo do fundamento: esoterismo e exoterismos nas tradições espirituais afro-brasileiras . . . . . . . 659 Thomé Sabbag Neto e Rafael Gapski Moreira Panorama histórico da formação do campo religioso e estabelecimento das religiões afro-brasileiras na sociedade . . . 673 Silvino Paixão da Silva Símbolos e sinais sagrados da Umbanda: o ponto riscado . . . 681 Osvaldo Olavo Ortiz Solera Tambor de Mina: uma abordagem a partir de seus elementos visuais . 699 Wgercilene Machado Martins Tem arruda? Tem guiné e espada? Tem magia e poder! Abordagem etnobotânica de três espécies vegetais na rito liturgia das religiões afro brasileiras . . . . .. . . 709 Wandir Vieira Leal Santos Transe, possessão e êxtase religioso nas religiões afro-brasileiras . . 723 Jociane Neves Negrão GT7 – Escolas públicas e (in)tolerância religiosa . . . . . 742 A (in)diferença e (in)tolerância em escolas públicas . . . . 743 Sueli Martins A escola e suas devoções . . . . . . . . 755 Nilton Rodrigues Junior Articulando religião, história e transformação social em escola pública Mineira . . . . . . . . . . 765 Sônia Aparecida Rodrigues Em travessia de [des]lugares: o corpo que dança o diferente incorpora-si e faz poesia . . . . . . . . . . 774 Pedro Vitor Guimarães Rodrigues Vieira Ensino Religioso: assertivas e incertezas nas escolas públicas . . . 790 Jacirema Maria Thimoteo dos Santos Ensino religioso: ciência e religião na atuação de professores . . . 800Kellys Regina Rodio Saucedo e Vilmar Malacarne Identidades religiosas na escola pública: uma análise etnográfica do cotidiano escolar . . . . . . . . 813 Bóris Maia e Patrícia Marys Interfaces entre educação escolar e saberes religiosos na Amazônia . . 828 Maria Betânia Barbosa Albuquerque O Sagrado como objeto de estudo no ensino religioso: a experiência do Paraná . . . . . . . . . . 828 José Antonio Lages Uma história de combate ao racismo no Marajó . . . . 860 Maria do Carmo Pereira Maciel e Rodrigo Oliveira dos Santos GT8 – Estados Unidos: religião e sociedade . . . . . . 877 A Jeremiad fundamentalista: política, identidade nacional e escatologia no fundamentalismo norte-americano (1970-1980). . . 878 Daniel Rocha A religiosidade e o direito norte-americano à luz das contribuições de Ronald Dworkin . . . . . . . . 894 Carlos Augusto Lima Campos Fundamentalismo X Neo-Ateísmo: eixos da guerra de culturas nos Estados Unidos .. . . . . . . . 908 Roney de Seixas Andrade e Ivan Dias da Silva O legado fundamentalista do Seminário Teológico de Westminster reformistas x reconstrucionistas . . . . . . . 924 Andréa Silveira de Souza “Religião e Progresso”: a presença da religião em Brazil and The Brazilians – portrayed in historical and descriptive sketches de Daniel P. Kidder e James C. Fletcher, 1857. . . . . . . 939 Débora Villela de Oliveira Religião, política e a ‘guerra cultural’ pelos jovens e entre os jovens nos EUA . . . . . . . . . . 951 Ariel Finguerut e Marco Aurélio Dias de Souza Teologia da Libertação na terra do dólar . . . . . 965 Jorge Claudio Ribeiro GT9 – Fundamentalismos religiosos . . . . . . 974 Fundamentalismo ou fundamentalismos? Uma análise da problemática conceitual e sociocultural que transcendeu o seu sentido e razão local . . . . . . . . 975 José Honório das Flores Filho Fundamentalismo protestante e pentecostalismo: distanciamento e proximidade . . . . . . . . . 990 Osiel Lourenço de Carvalho Fundamentalismo religioso nas testemunhas de Jeová: observação participante em uma congregação . . . . .1003 João Daniel de Lima Simeão Intolerância religiosa no espaço público: estudos de casos . . .1013 Isabella Menezes Nova tolerância intolerante: Mudanças de relações de gênero nas Assembléias de Deus . . . . . . . .1029 Otávio Barduzzi Rodrigues da Costa O uso do corão como justificativa para ações de violência urbana . .1044 Magno Paganelli Solus christus: exclusivismo cristão e tolerância religiosa . . .1059 Alceu Lourenço de Souza Junior GT10 – Gênero e religião . . . . . . . .1073 A Sociedade de Vida Apostólica Beneficência Popular: gênero e religiosidade através dos discursos de religiosas (1946-1988) .. . 1074 Clarissa Milagres Caneschi Do Axé à Aleluia: um rosto feminino do pentecostalismo . . .1082 Lizandra Santana da Silva Festejo de Nossa Senhora Mãe dos Homens – identidades, sincretismo, religião e poder na Comunidade Remanescente Quilombola de Juçatuba . . . . . . . .1096 Flávia Leite Gomes Participação de lideranças femininas na construção de políticas públicas para afrorreligiosos em Belém, Pará . . . . .1108 Daniela Cordovil Novas configurações das famílias contemporâneas: rupturas e/ou Continuidades nos discursos e práticas de metodistas e luteranos acerca do divórcio e novos casamentos . . . . . .1118 Noeme de Matos Wirth Representações de gênero permeadas por violência simbólico-religiosa no discurso midiático paraibano . . . .1134 Silvia Silveira e Fernanda Lemos Representações de gênero no Espiritismo: como se dá a distribuição de papéis ali? . . .. . . . . . .1135 Roger Bradbury GT11 – Hereges, judeus e infiéis e a intolerância religiosa no decorrer da Idade Média . . . . . . . . . 1162 A carta de Conrad Grebel (1498-1526) para Thomas Müntzer (1490-1525) . . . . . . . . . 1163 João Oliveira Ramos Neto A doutrina do pecado, fé, obras e o paradoxo do antissemitismo em Lutero . . . . . . . . . 1171 Filipe de Oliveira Guimarães A investigação das religiões e a formação políticocultural do principado Rus´ de Kiev. Diversidade religiosa e trocas culturais . .1179 Fabrício de Paula Gomes Moreira Adversus Iudaeos – a criação do antissemitismo no pensamento cristão . . . . . . . . . 1195 Saul Kirschbaum Conflitos entre monarquia e clero no processo de aceitação do rito romano na Igreja Compostelana . . . . . . .1206 Jordano Viçose Duas baleias na rede de pesca: a terceira via hussita de Petr Chelčický . . . . . . . . . .1214 Thiago Borges de Aguiar Eusébio de Cesareia e a nova história, eclesiástica . . . .1226 Daniel Sleder O conceito de Jihad clássico à luz do Corão e dos hadith . . .1236 Michele Rosado de Lima Castro O paradigma de Iudas-Iudei: Judas Iscariotes como uma representação do judeu no Juízo Final e a Missa de São Gregório (MASP 428P) . . . . . . . . .1249 Doglas Morais Lubarino O Venerável Beda e o combate ao paganismo na Grã-Bretanha do século VIII . . . . . . . . .1262 Itajara Rodrigues Joaquim Sobre a controvérsia entre Martim Lutero e os judeus na reforma do século XVI . . . . . . . .1270 Marcos Jair Ebeling GT12 – História cultural das religiões . . . . . .1285 A África lusófona no período de descolonização: Missões e alteridades na Revista O Campo é o Mundo . . . . .1286 Harley Abrantes Moreira A emperie Católica como parte de uma filosofia ultramontana: as missões capuchinhas no nordeste mineiro (1873-1889) . . .1295 Tatiana Gonçalves de Oliveira A Lavagem de Santana: disputas e expressões de fé . . . .1309 Rennan Pinto de Oliveira A produção conflituosa e controversa do aspecto religioso do Espiritismo nos tempos de Allan Kardec (1857-1869) .. . . .1324 Alexandre Ramos de Azevedo As representações do bispado brasileiro nos debates sobre a lei da Separação do Estado das Igrejas em Portugal (1910 – 1911) .. . .1339 Carlos André Silva de Moura Cândidas Palavras: literatura e missões protestantes no romance “Candida” de Mary Hoge Wardlaw . . . . . .1354 Sergio Willian de Castro Oliveira Filho Comer o tatu antes ou depois da comunhão? As manifestações religiosas dos brasileiros e o conhecimento das normas católicas (segunda metade do séc. XIX) . . . . . . . . . .1371 José Leandro Peters Congreganismo e anticongreganismo: A situação eclesiástica em Portugal entre 1820 e 1834 . . . .. . . .1382 Gustavo de Souza Oliveira Disseminação de idéias no milieu esotérico: notas sobre a influência de Gurdjieff no Movimento Gnóstico de Samael Aun Weor . .1397 Marcelo Leandro de Campos Entre a modernidade e a barbárie: o discurso redentorista acerca do progresso em Goiás (1894-1930) . . . . . .1412 Robson Rodrigues Gomes Filho O anticatolicismo norte-americano como bandeira protestante na luta pelo Estado Laico no Brasil (1930 – 1945) . . . .1424 Paulo Julião da Silva O Cristianismo na África agostiniana em Peter Brown . . .1435 Adailson Nascimento Souza O rosto ambíguo do monoteísmo: libertação e violência na instituição do monoteísmo no Antigo Testamento . . . .1444 Luiz José Dietrich Protestantismo e culturas populares tradicionais: arranjos, r earranjos e interações . . . . . . . .1458 Lauana Ananias Flor Reflexos da União Prussiana na formação de luteranismos no Rio Grande do Sul: das comunidades livres até a fundação de sínodos confessionais evangélico-luteranos . . . . .1474 Renato Rodrigues Farofa GT13 – História e historiografia do protestantismo no Brasil . . .1488 A ignorância de um pensar: a história da ausência do pensamento protestante sobre a questão social no Brasil . . . . .1489 José Edson do Carmo Lima e Wagner Pinheiro da Silva “A saga” de Eurico Nelson em Belém do Pará: relatos de outra história. . . . . . . . .1499 Ezilene Nogueira Ribeiro Educação protestante em perspectiva na imprensa batista . . .1514 Anna Lúcia Collyer Adamovicz Émile-G. Léonard e seu lugar na historiografia protestante brasileira 1528 Marcone Bezerra Carvalho História e historiografia da imprensa presbiteriana no segundo reinado . . . . . . . . . 1548 Pedro Henrique Cavalcante de Medeiros O protestantismo e a historiografia no Brasil: crise conceitual . 1563 João Marcos Leitão Santos Pensamento político do metodismo em Belém do Pará: registros históricos do jornal O Apologista Christão Brazileiro na transição republicana do Brasil (1890-1891) . . . . 1578 Tony Welliton da Silva Vilhena GT14 – Igrejas inclusivas LGBTT e a luta contra a intolerância religiosa . . . . . . . . . . 1592 A diferença se tornando unidade: análise dos temas da semana nos grupos de discussão na Igreja Missionária Inclusiva em Maceió . 1594 Oiara da Silva Aureliano A pomba-gira sou eu: aspectos da identidade transexual com a religiosidade afro . . . . . . . . 1603 Tássio Acosta Rodrigues Comunidade Cristã Inclusiva: movimento LGBTTIS ou pentecostal? . . . . . . . . 1612 Regiane Ap. de Lima Evangélicos e as relações de gênero na implantação de uma Igreja Inclusiva em Campinas . . . . .. . . 1624 Livan Chiroma Igreja da Comunidade Metropolitana de São Paulo: o perfil de uma igreja inclusiva e militante. . . . . . 1639 Aramis Luis Silva Espaços religiosos de inclusão e diversidade sexual: um estudo sobre uma igreja inclusiva paulistana e os elementos sagrados e profanos em torno da noção de sexualidade . . . . 1653 Marina Santi Lopes Garcia e Ana Keila Mosca Pinezi Igrejas Inclusivas: novo movimento religioso ou mais uma igreja cristã emergente? . . . . . . 1686 Cosme Alexandre Ribeiro Moreira GT15 – (In)tolerância, gênero e religião . . . . . 1686 Comunidades de terreiro: relatos da intolerância . . . 1687 Lucas de Deus da Silva Da ortodoxia ao clericalismo: Igreja, Estado e as tentativas de influência eclesiástica no poder público . .. . . 1702 Guilherme Borges Ferreira Costa Discurso, poder e mulheres na cibercultura: uma análise das consequências sócio-políticas do conceito de corporeidade difundido no ciberespaço por adeptas das novas espiritualidades femininas e formação de capital simbólico e social . . . 1717 Sabrina Alves “Eu amo homossexuais como eu amo bandidos”: o pensamento religioso de Silas Malafaia. . . . . . . 1730 Andrew Feitosa do Nascimento “Intolerância religiosa no Brasil: características, estratégias de enfrentamento e tendências no Serviço Social. . . . . 1742 Graziela Ferreira Quintão GT16 – Marketing, espetáculo e ciberespaço: entre diversidades e (in)tolerâncias religiosas . . . . . . . 1756 A internet e seus perigos: individualismo e poder entre as Testemunhas de Jeová . . . . . . . 1757 Suzana Ramos Coutinho A mão de Deus está aqui e na televisão: análise etnográfica dos cultos da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), na Sede Regional, em São Luís – MA . . . . . . 1772 Jaciara Fonseca dos Santos A propagação da fé através do e-mail numa visão da Mística e do Sagrado . . . . . . . . 1788 Valter Luís de Avellar Anjos, demônios sociais e canções de amor . . . . 1802 Claudefranklin Monteiro Santos Catolicismo renovado nas mídias sociais: o discurso mercadológico de um popstar da fé. . . . . . 1817 Adriana do Amaral Freire e Karla Regina Macena Pereira Patriota Bronsztein E quando Deus vira Google? O adolescente e sua percepção sobre Deus no Facebook .. . . . . 1832 Kate Fabiani Rigo Lápides, flores e velas virtuais: os rituais post-mortem nos cemitérios on-line (1990-2013) . . . . . . 1843 Julia Massucheti Tomasi Mborai: o canto sagrado guarani . . . . . . 1858 João José de Félix Pereira Narrativas digitais nas diversas redes educativas que atravessam as aprendizagens em terreiros de Candomblé no Brasil . 1867 Máira Conceição Alves Pereira O marketing eletrônico como instrumento de manipulação da fé . 1887 José Wagner Ribeiro O que dizem os evangélicos sobre o incêndio na boate Kiss: lazer e (in) tolerância cultural . . . . . . 1899 Waldney de Souza Rodrigues Costa O Testemunho Religioso no ciberespaço: uma forma (cri)ativa de interpelar o outro . . . . . . . 1912 Ronivaldo Moreira de Souza Religião e ciberespaço: cultura do imaterial e estética classicista no portal dos Arautos do Evangelho . . . . . 1926 Flávia Gabriela da Costa Rosa Amaral GT17 – “No templo, no quartel e no porão”: os protestantes e a ditadura militar brasileira . . .. . . . . 1937 “Nadando contra a corrente”: a atuação da juventude protestante através da juventude batista baiana (1960-1970) . . 1948 Luciane Silva de Almeida “No Brasil vivemos numa democracia”: os batistas e os direitos humanos nos anos derradeiros da ditadura militar no Brasil (1978-1988) . . . . . . . . .1959 Adriano Henriques Machado O cristão frente às autoridades civis: a mentalidade dos protestantes pernambucanos no Golpe Militar de 1964 . . 1974 Zilma Adélia Soares Lopes Presbiterianos e apoio ao governo militar: reação e intolerância Internas . . . . . . . . . 1983 Silas Luiz de Souza GT18 – O Oriente e suas diversidades religiosas . . . . 1998 A Mesquita da Luz: uma abordagem do islã sunita no Rio de Janeiro . Janoí Joaquim Mamedes . . . . . . . 1999 A prática do dzochen e a tradição vajrayana no budismo tibetano . 2014 Igohr Brennand e Maria Lucia Abaurre Gnerre Diversidade étnica e dificuldades de integração no Catolicismo contemporâneo japonês . . . . . . . 2030 Antonio Genivaldo C. de Oliveira Divulgação do taoísmo no Brasil: apontamentos a partir da tradução do daodejing por Wu Jyh Cherng . . . . 2049 Matheus Oliva da Costa GT19 – Pentecostalismos brasileiros: novas perspectivas . . . 2060 A confissão positiva: o movimento de cura no Brasil e suas fundamentações teológicas . . . . . . 2061 Emmanuel Roberto Leal de Athayde A estrutura ritualística do culto adventista realizado na comunidade quilombola Dezidério Felippe de Oliveira em Dourados/MS . . . . . . . . 2076 Gabrielly Kashiwaguti Saruwatari A Igreja Presbiteriana Renovada e a sua inserção no campo religioso Brasileiro . . . . . . . . . 2092 José Rômulo de Magalhães Filho A religião, a racionalidade protestante e a sociedade de Fausto . 2108 Carlos Antonio Carneiro Barbosa A teologia da prosperidade e Igreja Universal do Reino de Deus . 2119 Fernanda Vendramini Gallo Estevam Ângelo de Souza: Pastor, escritor e liderança carismática no Maranhão (1957-1996) . . . . . 2129 Elba Fernanda Marques Mota Pentecostalismos e questão social: novas formas de enfrentamento? . 2145 Edson Elias de Morais e Luiz Ernesto Guimarães Neopentecostalismo e as mudanças na concepção escatológica das Assembleias de Deus . . . . . . . .2158 Ismael de Vasconcelos Ferreira O diálogo inter-religioso nas Assembleias de Deus: desafios e Possibilidades . . . . . . . . .2167 Adriano Sousa Lima Os protestantes da Amazônia: uma análise da onda evangélica na cidade de Juína no noroeste do estado do Mato Grosso . . .2180 Renato da Silva, Marina Silveira Lopes Terceira Face do Pentecostalismo no Brasil . . . . .2192 Samuel Pereira Valério Um diálogo católico-pentecostal sobre “tornar-se cristão” . . .2209 Luiz Ernesto Guimarães GT20 – Religião e ciência: tensão, diálogo e experimentações . . .2220 A ciência espiritual da bhakti-yoga: epistemologia e revelação . .2262 Rafael Grigório Reis Barbosa A contracultura e a emergência da ideia de saúde como integração corpo e mente . . . . . . . . .2236 Maria Regina Cariello Moraes A religiosidadecomo fator estruturante do novo espírito do capitalismo . . . . . . . . . 2251 Maroni João da Silva Crenças e experiências religiosas dos "sem religião" nas Comunidades virtuais . . . . . . . 2262 Rafael Lopez Villasenor Espiritismo e Medicina: interfaces entre ciência, saúde e espiritualidade . . . . . . . . 2276 Gustavo Ruiz Chiesa Plantas utilizadas nas religiões afro-brasileiras: ciência e crença . .2290 José Luis Rojas Vuscovich Religião e ciência entre Kardecistas e Messiânicos . . . 2303 Leila Marrach Basto de Albuquerque Teatro da ciência, espetáculo do sobrenatural: as sonâmbulas e os magnetizadores nos palcos do século XIX . . .2319 Michelle Veronese Teísmo, ateísmo e cenários de evolução no multiverso . . .2328 Osame Kinouchi Transe mediúnico: estado alterado de consciência ou distúrbio mental? . .2344 Diogo F. Tenório Umberto Eco, Carlo Maria Martini, Jacques Derrida: saber e fé no Deserto do Deserto . . . . . . . . 2356 Alexandre de Oliveira Fernandes GT21 – Religião e hierofania: história, espaços e símbolos . . 2367 A oração como cultura: Observando o papel da hierofania entre os membros da comunidade de vida da Comunidade Católica Shalom . 2368 José Germano Neto Barroco: arte e educação no universo colonial luso-brasileiro . . 2377 Andrea Gomes Bedin Epistemologia da controvérsia e seu diálogo com o inefável da Hierofania . . . . . . . . . 2392 José Altran Espaço das representações da morte: arte tumular como expressão da cultura . . . . . . . . . .2406 Thiago Nicolau de Araújo Espaço sagrado: a construção da memória de migrantes Ouro Preto do Oeste-RO . . . . . . . 2421 Amanda Rayery de Aguiar Soares e Eduardo Servo Ernesto Hierofania e (in)tolerância – o espaço religioso na história das Cidades . . . . . . . . . 2435 Sérgio Gonçalves de Amorim Hieropólis: fragmentos do pensamento católico nos dizeres sobre o urbano em Caxias-Maranhão em meados do século XX . . 2443 Mirian Ribeiro Reis Nos muros, os secretos: iconografia nos muros dos terreiros de Candomblé, Mina e Umbanda em Santarém/PA . . . 2457 Carla Ramos O tempo e o espaço sagrados na Umbanda . . . . 2471 Claudio Pereira Noronha Todo ano tem: levantamento do mastro na cultura campesina maranhense . . . . . . . . . 2484 Keliane da Silva Viana e Ronilson de Oliveira Sousa GT22 – Religião e política . . . . . . . 2499 “A Bancada Religiosa e o Kit Gay”: elementos de um fazer político cristão . Yuri Galvão Sabino . . . . . . . . 2500 A disputa pela coroa de rei do candomblé em Alagoas no período de 1970 a 1990 . . . . . . . 1300 Alícia Poliana Ferreira A ignorância de um pensar: a história da ausência do pensamento protestante sobre a questão social no Brasil . . . . .1489 José Edson do Carmo Lima e Wagner Pinheiro da Silva A Igreja Católica e a questão da hegemonia . . . . 2532 Elza S. Cardoso Soffiatti A política religiosa “evangélica”: o comportamento das lideranças protestantes e seu engajamento no processo político eleitoral nas eleições de 2010 . . . . . . . . 2542 Rogério da Costa “Ai de quem tiver a audácia de falar de injustiça”: espionagem militar na Igreja Católica no Maranhão . . . . . .2557 Camila da Silva Portela Doutrina social da igreja católica como fundamentos históricos do serviço social no Brasil . . . . . . . 2572 Jefferson Pinto Batista Ensinai o respeito à ordem e à autoridade! O papel da Igreja Católica na consolidação do Império Brasileiro . . . 2580 Ítalo Domingos Santirocchi Intelectuais católicos em diálogo com o fascismo no Brasil do início dos anos 1930 . . . . . . . 2597 Alexandre José Gonçalves Costa Interações entre Estado e religião na regulação da ayahuasca no Brasil . . . . . . . . 2607 Janaína Alexandra Capistrano da Costa Louvar e protestar: eventos políticos e culturais do “povo de santo” . 2622 Jaqueline Vilas Boas Talga O ideal católico progressista na ditadura militar (1964-1985) nas cartas de dom Fragoso de Crateús CE . . . . . 2638 Anderson Pereira Brito, José Wilson Neves Jr Poder e Religião: possibilidades de análise historiográfica das constituições eclesiásticas do império português (século XVI) . 2658 Durval Saturnino Cardoso de Paula Religião, política e memória nos escritos de D. Luciano Mendes de Almeida . . . . . . . . . 2666 Virgínia Buarque GT23 – Religião e violência . . . . . . . 2678 A superação da violência angolana nos ritos culturais de morte . 2679 Francisco José Barbosa A violência de Lars von Trier em Anticristo . . . . 2693 Flávia Santos Arielo “Em Busca da Palavra”. Exemplo e ressignificação nas dinâmicas de uma igreja do pentecostalismo tradicional em um contexto de favela . . . . . . . . 2706 Evandro Cruz Silva Intolerância religiosa e religiões afro-brasileiras . . . 2721 Celia Morgado Vaz O universo religioso do povo indígena como forma de superação da violência sofrida ao longo da história . . . .2734 Luiz Alberto Sousa Alves “Se o irmão falou, meu irmão, é melhor não duvidar” Políticas estatais e politicas criminais referentes a homicídios na cidade de Luzia (2001-2011) . . . . . 2747 José Douglas dos Santos Silva Sobre armas e orações: religião e crime a partir de uma pesquisa etnográfica . . . . . . . . . 2759 Evelyn Louyse Godoy Postigo Yorubás e Malês: conflito e aliança no Brasil escravocrata . . .2774 Lidice Meyer Pinto Ribeiro GT24 – Religiosidade, identidade e intolerância: (novas) re-configurações da religião . . . . . . 2797 A folclorização das religiões afro-brasileiras em Alagoas (1970-1980) 2798 Gabriela Torres Dias A religiosidade e o direito entre o ateísmo e a (a)confessionalidade: ressignificando os parâmetros de laicidade estatal . . . . . . . . 2807 David Carlos Santos Sarges, Marina Lima Campos Distintos e invisíveis: perspectivas sobre a Umbanda no espaço público de Teresina . . . . . . 2018 Ariany Maria Farias de Souza Entrei numa batalha: a legitimação das religiões da ayahuasca . .2811 Luciane Ferreira de Melo Evangélicos divergentes: uma nova sexualidade cristã . . . 2846 Evanway Sellberg Soares Identidade, política e ritual: algumas notas sobre a configuração do campo afro-religioso em Santarém-PA . . . . . 2864 Telma de Sousa Bemerguy Intolerância religiosa na percepção dos adeptos das religiões afro-brasileiras . . . . . . . . 2876 Lana Lage da Gama Lima, Leonardo Vieira Silva Louvores a Jah/Jesus: reggae e espaços de fronteira religiosa . . 2892 Thiago de Menezes Machado O campo religioso brasileiro e o fenômeno dos sem religião . 2903 José Álvaro Campos Vieira Religião e modernidade: uma análise da presença religiosa no meio estudantil da Universidade Estadual de Londrina (2011-2012) . 2921 Pedro Vinicius N. M. F. Rossi Religiões tradicionais africanas e filosofia bantu entre os Nyungwe e Dema de Moçambique . . . . . 2914 Antonio Alone Maia, Maria Luisa Lopes Chicote Uma análise da religiosidade dos sem religião no Brasil: uma nova forma de crer? . . . . . . . . 2950 Ronaldo Robson Luis e José Roberto de Souza Uso religioso da Ayahuasca como patrimônio nacional: repercussõe s e análises . . Maíra de Oliveira Dias . . . . . . . 2966 GT25 – Representações, (re)leituras e relações entre religiões e (in)tolerâncias religiosas no cinema . . . . . 2980 Martinho Lutero no Brasil na década de 1950: entrada permitida ou não? . . . . . . . 2981 Geovano Moreira Chaves Os sete pecados capitais e a dicotomia entre a moral católica medieval e a moral católica pós-moderna no filme Seven de David Fincher . . . . . . . . 2992 Albert Drummond Representações da fé em Dexter: entre a ação doentia e a doação ao totalmente outro . . . . . . 3088 LucilaJenille Moraes Vilar S(C)em sertões: Canudos e Conselheiro nas telas do cinema . . 3025 Amauri Araujo Antunes e Anahy Sobenes Transcendência, transitoriedade e transgressão: o indivíduo entre tradição e modernidade na cinematografia brasileira . . 3042 Joe Marçal Gonçalves dos Santos GT26 – Saúde, religião e cultura: um diálogo a partir das Práticas terapêuticas culturais e religiosas . . . . . 3057 A cultura como paciente e como promotora da saúde pelas danças dos povos e contemporâneas em círculo: a vivência do sagrado em grupo nas grandes cidades brasileiras . . . 3058 Tânia Pessoa de Lima A cultura e as práticas terapêuticas alternativas na busca pela cura . . . . . . . . . 3074 Adrielle Macêdo Fernandes da Silva A cura espiritual Kardecista um fenômeno cultural na pós-modernidade . . . . . . . . 3092 Cristiane Martins Gomes A pajelança maranhense: elementos para a compreensão de uma religião ilega . . . . . . . . 3102 Thiago Lima dos Santos Cura na umbanda: caminhos complementares entre saúde e religião . . . . . . . . . 3115 Maria do Amparo Lopes Ribeiro Práticas terapêuticas populares na Amazônia: curandeirismo e plantas poderosas . . . . . . . 3130 Dayana Dar’c da Silva e Silva GT27 – Universos simbólicos de religiosidades no Japão . . . 3145 “A procura do sagrado”: a metáfora nas expressões linguística dos textos do fundador da Igreja Messiânica Mundial . . . 3146 Emilson Soares dos Anjos A sucessão do carisma nas Novas Religiões Japonesas: uma perspectiva de gênero . . . .. . . . 3157 Ediléia Mota Diniz Interação de múltiplas tendências religiosas: a religião messiânica no Japão e no Brasil . . . . . . . 3174 Andréa Gomes Santiago Tomita O ato purificador do Johrei e as diferentes concepções de Cura e Doença . . . . . . . 3190 Renato Müller Pinto 31 Apresentação Sejam bem vindas/os ao 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio Internacional da ABHR – Diversidades e (In)Tolerâncias Religiosas. Este evento é uma promoção da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR), e realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). A ABHR tem realizado simpósios nacionais anualmente desde sua fundação em 1999 em Assis, São Paulo. Em todos os simpósios há participação significativa de estudiosos/as das religiões e religiosidades, provenientes de áreas como História, Antropologia, Sociologia, Ciências da Religião, Teologia, Psicologia, Letras e outras. A produção científica destes eventos é demonstrada em Anais com comunicações em GTs e em coletâneas com conferências e palestras em Mesas. A produção acadêmica da ABHR se estende ao seu periódico, a PLURA – Revista de Estudos de Religião, disponível gratuitamente no endereço www.abhr.org.br/plura/ojs/index.php/plura/index. Durante o 12º Simpósio Nacional, em Juiz de Fora (2011), percebeu-se a importância de se (re)estruturar a associação a partir da criação de seções e eventos regionais que considerassem as especificidades locais nos campos religioso e acadêmico. Em maio de 2012 foi realizado o 13º Simpósio Nacional, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e em assembleia, foi decidida a realização do 1º Simpósio Regional Sudeste na Universidade de São Paulo (USP), em 2013. O tema escolhido foi Diversidades e (In)Tolerâncias Religiosas, dada a urgência em se aprofundar os estudos sobre as diferentes (im)possibilidades e obstáculos à livre manifestação religiosa de sujeitos e coletivos na sociedade do tempo presente. Posteriormente, percebeu-se a possibilidade de ampliação do evento através do diálogo com pesquisadores/as de outros países, estimulando o evento a se tornar concomitantemente regional sudeste e internacional. O 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio Internacional da ABHR pretende apresentar e aprofundar temas associados à (in)tolerância, discriminação e/ou violência a diversas pessoas, como os/as fiéis de religiões afro, afro-brasileiras, orientais e de novos movimentos religiosos (NMR), a crentes e a descrentes. As reflexões também incidirão sobre http://www.abhr.org.br/plura/ojs/index.php/plura/index 32 a discriminação em razão de marcadores sociais como identidades de gênero e orientações sexuais, imbricações da religião com a política, deslocamento físico e identitário de fiéis e instituições e teoria e metodologia dos estudos sobre religiões e religiosidades. A direção da ABHR e a organização do evento, da qual participa o CERNe (Centro de Estudos de Religiosidades Contemporâneas e das Culturas Negras do DA-USP) gostariam de reforçar nossas boas-vindas e desejar que o compartilhamento de experiências durante o evento vise, antes de tudo, um mundo mais acolhedor a todos/as. Vamos fazer um bom evento juntas/os. Wellington Teodoro da Silva Presidente da ABHR Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão F o Organizador Geral do Evento Vagner Gonçalves da Silva Coordenador do evento 33 34 Minicursos 35 MC3 – Direito, Estado laico e religião noBrasil: limites, conflitos e convergências Coordenadores Carlos Augusto Lima Campos Mestrando em Ciências da Religião pela UEPA. Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro Universitário de Ribeirão Preto/SP. David Carlos Santos Sarges Mestrando em Ciências da Religião pela UEPA. Especialista em Ciências da Religião pela Universidade Cândido Mendes/RJ. Resumo A afirmação de que o Brasil é um Estado laico geralmente é produzida como mero argumento retórico divorciado da compreensão do modelo de laicidade encampado. E o sentido de tal declaração nem sempre fica claro para o interlocutor, já que há uma enorme distância entre afirmar que o Brasil é um Estado laico e compreender os contornos dessa laicidade. O presente minicurso se propõe a analisar a questão relativa à liberdade de consciência e de credo, bem como as emblemáticas relativas à influência da religiosidade judaico-cristã nos institutos do direito pátrio, perpassando a seara de temas atuais vinculados às expressões políticas da religiosidade brasileira, enquanto marcos no Estado e na esfera pública, com destaque para o Direito de Família, a Liberdade de Expressão e Manifestação do Pensamento Religioso, bem como as perspectivas de Laicidade e Confessionalidade Estatal, por meio de exposição teórica e apresentação de estudos de casos, que subsidiarão os debates promovidos. 36 Direito, Estado laico e religião no Brasil: limites, conflitos e convergências Carlos Augusto Lima Campos 1 , David Carlos Santos Sarges 2 Introdução A afirmação de que o Brasil é um Estado laico geralmente é produzida como mero argumento retórico divorciado da compreensão do modelo de laicidade encampado. E o sentido de tal declaração nem sempre fica claro para o interlocutor, já que há uma enorme distância entre afirmar que o Brasil é um Estado laico e compreender os contornos dessa laicidade. Imperiosa, destarte, a iniciativa de se analisar a questão relativa à liberdade de consciência e de credo, bem como as emblemáticas relativas à influência da religiosidade judaico-cristã nos institutos do direito pátrio, perpassando a seara de temas atuais vinculados às expressões políticas da religiosidade brasileira, enquanto marcos no Estado e na esfera pública, com destaque para o desenvolvimento histórico da religião, enquanto objeto epistemológico do conhecimento científico, assim como a construção das perspectivas de laicidade estatal, que envolvem discussões acerca da liberdade de expressão e manifestação do pensamento religioso, bem como de temáticas relativas aosDireitos Transindividuais, e aspectos pontuais de laicidade e confessionalidade estatais. O ponto de partida sempre converge para o fato de que mesmo diante do fortalecimento dos movimentos religiosos, e da concepção de que estes, há muito, não estão adstritos aos templos e aos espaços litúrgicos, a ideia de se atribuir um caráter científico à religião, enquanto objeto de investigação, ainda gera um certo desconforto e, não raro, protestos. O surpreendente é que muitas das vozes que se opõem à compreensão dos sentidos e argumentos do fenômeno religioso pertencem a um universo – a Academia – que, ao contrário do que se verifica, deveria incentivar a proliferação de estudos aprofundados acerca desta que é mais que uma simples tendência, constituindo-se em verdadeira realidade: a interrelação existente entre a religião, a democracia e o espaço público. 1 Mestrando em Ciências da Religião pela UEPA, especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro Universitário de Ribeirão Preto (UNISEB), bacharel em Direito pela UFPA. Contato: prof.carloscampos@gmail.com. 2 Especialista em Ciências da Religião pela Universidade Cândido Mendes (UCAM), graduação em Licenciatura Plena em Ciências da Religião pela UEPA. Contato: davidsarges.sarges@gmail.com. mailto:prof.carloscampos@gmail.com mailto:davidsarges.sarges@gmail.com 37 O discurso comum aponta para o fato de que o Estado é laico e que, portanto, a religião deveria se recolher à penumbra de igrejas, lares e congregações, isto é, ao âmbito da vida privada, como é possível verificar em alguns países europeus, notadamente na França. Todavia, além de vazio, tal discurso despreza de maneira pouco sábia o caráter histórico- cultural que permeou o desenvolvimento do pensamento científico no Brasil e no mundo. É neste contexto que nossas linhas se desenvolvem a partir dos limites “impostos” aos homens pelo conhecimento científico da era moderna, serão problematizados, frente à incompatibilidade com a concepção hodierna de laicidade, que se pretende confrontar. Da Caverna de Platão ao Emílio de Rousseau: Uma abordagem epistemológica da religião a partir da concepção kantiana de aufklärung Preambularmente, urge ressaltar a afirmação de Ivan Ap. Manoel (2008, p. 18), segundo a qual religião e religiosidade são produções humanas situadas na esfera da cultura, ou da superestrutura (...); são históricas, portanto, mas que por vezes são interpretadas como a- históricas e, além disso, se propõem elas mesmas, estabelecerem um conceito e uma filosofia da história. (p.18). Tal postulado, embora aparentemente despretensioso, se presta a introduzir (e não raro “desfechar”) uma espécie de hipótese metodológica onde não é lícito sustentar a ideia de que uma expressão religiosa, manifestada por meio de escritos tidos como sagrados, se mantém intacta no interregno temporal de sua perspectivação. E aqui, essencial a contribuição do autor ao aludir que a multiplicidade teleológica do termo história não pode ser restringida a excertos etimológicos, razão pela qual tal empreendimento, sequer, será cogitado. Neste diapasão, não é difícil contemplar interlocutores aborrecidos, ou mesmo indignados com implicações semelhantes às acima ventiladas, e tal se manifesta – basicamente – pelo fato de que a ideia de “sagrado” está, ainda que inconscientemente, atrelada à de “pureza”. E, no contexto em comento, pureza denota unicidade, inércia e linearidade factual. A título ilustrativo, a simples suposição (portanto, hipotética) de que um texto revestido de sacralidade possa ter sido modificado (ou pior: manipulado!) poderia transformar castelos de pedra em casebres de areia! 38 A referida alegoria apenas reforça a aparente angústia, presente na circunspecção ordinária, segundo a qual ciência e religião não podem dialogar. Entrementes, outra vez se faz imperioso o “socorrer-se” de Ivan Ap. Manoel, de onde é possível reiterar que a religião é fruto das vicissitudes da cognição humana, o que possibilitaria a sua inserção enquanto objeto epistemológico do conhecimento. Em se tratando de uma investigação acerca do caráter científico da religião, à luz da doutrina kantiana, é natural que alguns conceitos deste filósofo prussiano predominem no desenvolvimento teórico da pesquisa. Dessa maneira, a inclusão inicial de três algoritmos constitui conditio sine qua non para uma compreensão otimizada do estudo. São eles: (I) a menoridade, (II) o aufklärung e (III) o conhecimento. A concepção de menoridade, em Immanuel Kant, está relacionada à ideia de incapacidade, isto é, o ser humano não apresenta autonomia cognitiva, de maneira que fica impossibilitado de fazer uso do seu próprio entendimento. Para o autor, a permanência do homem na menoridade se deve ao fato de ele não “ousar pensar”. A covardia e a preguiça são apontadas como as causas que levam os homens a permanecerem na menoridade. Um outro motivo seria o comodismo, já que aparentemente é bastante confortável que terceiros tomem decisões que, paulatinamente, façam com que o indivíduo se torne cada vez menos atuante, já que passa a abrir mão de sua identidade intelectual. O segundo conceito, aufklärung, diz respeito à saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. Em tradução livre, o referido termo significa iluminação ou mesmo esclarecimento, que seria a característica do ser humano que, ousando se libertar dos grilhões da menoridade, busca a própria autonomia frente àqueles que o dominam/manipulam intelectualmente. É importante enfatizar que o ato de se insurgir contra o comodismo é a principal característica do que Kant (1983, p. 122) denominou “emancipação das trevas”. Por meio das perspectivas de menoridade e aufklärung, chegar-se-á a um ponto de suma importância no desenvolvimento da presente investigação, qual seja, a temática relativa ao conhecimento, sob a égide do papel constitutivo do mundo pelo sujeito transcendental, isto é, o sujeito que possui as condições de possibilidade da experiência. Aqui, simbolicamente equivaleria afirmar que o conhecimento é possível porque o homem apresenta faculdades que o torna possível. Com isso, seria viável o desenvolvimento de métodos científicos aplicados à religião, de maneira que se possibilitaria aferi-la à luz da razão e dos seus limites, ao invés de 39 investigar como deve ser o mundo para que se possa conhecê-lo, como a filosofia vinha fazendo até então. Talvez possa causar algum estranhamento o “valer-se” de Kant para corroborar com a possibilidade metodológica que admite a religião como objeto de investigação científica, já que contraria o discurso comum, segundo o qual o autor teria aberto o caminho do filosofar da Idade Moderna, o que representaria um fenômeno de “destruição e degeneração”, que forçosamente desaguaria no niilismo ou no ateísmo. Certamente que as reações, em princípio, não são simpáticas. Entretanto, será mesmo que a “ideia” de que a Filosofia Moderna sofreu a “perda de Deus” (como Nietzsche proclamou) deve ser entendida tanto para perspectivas pós- metafísicas quanto para o pensamento “pós-cristão”? Evidentemente que tal questionamento apresenta um caráter retórico, uma vez que a preocupação que aqui se apresenta como central diz respeito ao caráter epistemológico da religião a partir da concepção kantiana de aufklärung. Todavia, sou afeiçoado ao ponto de vista sustentado por Essen & Striet (2010, p.10), segundo o qual: A modificação crítica da tradição metafísica trazida por Kant abre a possibilidade de que seja transposto o abismo entre teologia e filosofia, aberto desde o começo da Idade Moderna, quando a teologia se debruça positivamente sobre o pensamento de sujeito e liberdade engendrado por Kant. Por oportuno, insta mencionar que a caverna de Platão e o Emílio de Rousseau,na presente investigação, são categorias alegóricas das trevas e das luzes, em nítida referência à crise e ao despertar da teologia, e da religião enquanto objeto epistemologicamente considerado. Daí ser imperioso associar as trevas ao medo, ao conformismo e à condição de indigência a que a religião fora relegada diante da então moderna compreensão de ciência. Ao seu tempo, as luzes se referem à concepção de razão que Rousseau sustentava frente aos demais pensamentos iluministas, onde o indivíduo passa a ser valorizado e, logo, ressignificado, perante à concepção predominante de razão social. Objetiva-se, com tal analogia, enfatizar a perspectiva de que o homem, enquanto sujeito cognoscente e ontológico, também é partícipe, e pode transformar e ser transformado pela heterogeneidade da religião e, por conseguinte, da cultura. 40 A laicidade estatal no direito constitucional brasileiro Como inferimos preambularmente, o Brasil é um Estado laico, e tal assertiva – obstinadamente reverberada por religiosos quando vislumbram numa ação governamental uma interferência indevida em questões religiosas, e de igual maneira pelas autoridades estatais, quando ambicionam impor uma política pública que contrarie interesses religiosos – é difundida, majoritariamente, de maneira abstrata, como se a simples afirmação de que um país é laico possibilitasse o delineamento de tal acepção. Uma análise mais cautelosa de um determinado ordenamento jurídico permite visualizar que a laicidade adotada pelos diferentes Estados comporta matizes. Tal constatação deriva, obviamente, da tese de que o arquétipo de laicidade adotado por cada país deve ser coligido enquanto gradação do seu ordenamento jurídico constitucional. Isto equivale a compreender que são os preceitos constitucionais que vigoram em cada Estado que determinam os contornos da laicidade por ele adotada. Uma primeira distinção a ser estabelecida é a de que Estado laico não se confunde com Estado anti-religioso. A experiência histórica tem demonstrado que tanto o Estado confessional quanto o ateísta atentam contra os ideais democráticos, porque não permitem ao ser humano o pleno desenvolvimento de suas potencialidades. O Estado confessional, quando entroniza determinada ideologia religiosa e reprime a exteriorização de outras crenças (ou descrenças), asfixia a realização das mais elementares aspirações do espírito humano. Do mesmo modo, o Estado ateísta, que substitui o conteúdo ideológico religioso por um conteúdo supostamente anti-religioso não raramente marcado por características fortemente religiosas (por exemplo, culto ao Estado ou ao líder político). Ambos representam modelos que se servem do ser humano como mero instrumento para a realização de uma ideologia política ou religiosa e não como um fim em si mesmo. Neste sentido, um e outro são exemplos de desrespeito à dignidade humana. Algo muito preocupante atualmente é a tendência que se observa em alguns setores da imprensa para se opor ao direito de líderes religiosos expressarem suas opiniões a respeito de questões éticas relacionadas com alguma política pública. A Política governamental, com certeza, não deve ser orientada para atender os valores éticos defendidos por este ou aquele grupo religioso, mas não se pode negar o direito que os religiosos – como os lideres de outros segmentos da sociedade – têm de se manifestar sobre qualquer política pública, exercendo de modo pleno a cidadania. Por exemplo, é plenamente legítima a atitude dos bispos católicos de se insurgirem contra a distribuição de preservativos. Ao fazê-lo, estão tão somente expressando o ponto de vista religioso sobre o assunto. Posso não concordar com tal posicionamento, mas de modo algum me é lícito negar-lhes o direito a que o manifestem. Qualquer pessoa pode considerá-lo retrógrado e expor os motivos para que as políticas de 41 saúde pública não o acolham. Porém, o argumento que muitas vezes tem sido utilizado – o de que eles deveriam ficar calados porque o Brasil é um país laico – nada mais é do que uma falácia autoritária. Democracia é convivência dos contrários. A tentativa de influenciar a política governamental é prerrogativa de qualquer grupo social, consectário inevitável da cidadania, não consistindo, em si, afronta à laicidade estatal. (CAMPOS, 2010, p. 81-82). Outro aspecto que deve ser visualizado, em cátedra, é o de que o Estado laico não é aquele absolutamente refratário a influências religiosas. Os protótipos de Estados laicos que adotaram políticas públicas que diretamente (ou não) desaguaram em movimentos capitaneados por líderes religiosos são inúmeros, e não raro a motivação religiosa constitui fator determinante para as lutas principiadas por determinados segmentos sociais, com o fito de viabilizar a adoção de políticas governamentais que melhorassem a vida da sociedade, coletivamente sopesada. Em particular, reputamos o emblemático Martin Luther King Junior, onde ninguém, em sã consciência, poderia desconsiderar que muitas das políticas governamentais americanas foram fortemente influenciadas pelo Movimento dos Direitos Civis, liderado pelo pastor batista, a despeito das latentes motivações religiosas. Então, se as políticas estatais não são diametralmente desprovidas de influência religiosa, e se o Estado laico não é sinônimo de anti-religioso (ou ateísta), qual a melhor hermenêutica para interpretá-lo, se é que tal questionamento pode ser encarado como “lícito”? Na verdade, laico nada mais é do que o caráter de neutralidade religiosa do Estado. O Estado laico é aquele que não privilegia nenhuma religião em particular e cuja política não é determinada por critérios religiosos. Significa dizer, ainda, que os Estados e as comunidades religiosas não sofrem interferências recíprocas no que diz respeito ao atendimento de suas finalidades institucionais. Vale lembrar, todavia, que interferência não se confunde com influência. Uma ilustração pode aclarar a distinção. Nada mais natural que dois jovens recém-casados tragam para o seu casamento a carga cultural recebida de seus pais. O modo pelo qual foram criados certamente contribui para sua visão de mundo e, de alguma maneira, influencia a vida do casal. Eventualmente, marido e mulher podem ouvir alguma sugestão dos seus pais sobre algum assunto em particular (a aquisição de um imóvel, por exemplo) e o jovem casal pode seguir ou não o conselho recebido. Isso pode ser rotulado como influência. Todavia, se a sogra da jovem esposa liga para a residência do casal e determina à cozinheira qual o cardápio diário a ser seguido, mesmo que motivada por preocupações com a saúde do seu filho, estamos diante de uma interferência e não mais de uma mera influência. Do mesmo modo, as políticas públicas não podem ser ditadas pelo pensamento religioso ou idealizadas para satisfazer este ou aquele grupo religioso, porque o que se busca numa comunidade política é a satisfação dos interesses de todo o grupo social, composto por cidadãos de todas as matizes ideológicas (religiosas ou não). Nada impede, 42 entretanto, que grupos de pressão (religiosos ou não) postulem pela adoção de políticas públicas neste ou naquele sentido, conquanto o critério para a decisão estatal jamais deva ser determinado pelo pensamento religioso (TOURRANE, 1996, p. 14). Nesse diapasão, e excetuados os sistemas jurídicos que adotam oficialmente um arcabouço ideológico anti-religioso (ou até ateísta) – e que não constituem propriamente modelos de Estado laico, mas alegorias de totalitarismo político), há dois modelos básicos de laicidade estatal. O primeiro é o que promove uma separação tendente a confinar a religião ao foro íntimo das pessoas, procurando afastá-la do espaço público. Este é, aparentemente, o modelo que vem paulatinamente sendo adotado nos países mais secularizados. O caso paradigmáticoé o da França, onde a religião tem sido gradualmente expulsa do espaço público, a ponto de o Parlamento francês ter aprovado uma lei (a 2004-228, de 15 de março de 2004) coibindo a utilização de símbolos e indumentárias que representem uma manifestação ostensiva de uma identidade religiosa, por parte de estudantes de instituições públicas de ensino. O segundo modelo de Estado laico é o que, vislumbrando no fenômeno religioso um importante elemento de integração social, não almeja afastá-lo por completo da esfera política. Antes, chega a incentivar expressões de religiosidade no espaço público, chancelando-as de diversos modos, como, por exemplo, favorecendo o estabelecimento de capelanias em corporações militares. Entre um modelo e outro, evidentemente, há diversos entretons, tendo em vista as especificidades de cada ordenamento jurídico nacional, bem como a tradição de cada povo. As dimensões da muralha que separa a comunidade política das organizações religiosas variam, assim, de Estado para Estado. Certamente há circunstâncias históricas específicas que explicam os porquês da preponderância, em um determinado sistema jurídico, de uma concepção mais próxima deste ou daquele padrão, circunstâncias estas que estão ligadas ao desenrolar do processo de secularização vivenciado por cada sociedade. Importante salientar que a secularização – compreendida como o processo pelo qual a sociedade se afastou do controle da Igreja, de forma que a ciência, a educação, a arte e a política ficaram livres da conformidade com as hierarquias eclesiásticas, bem como do dogma teológico – enquanto fenômeno que alcança todo o mundo ocidental, manifesta-se de distintas maneiras nos diversos Estados, por razões igualmente diversas, dentre as quais se inclui até mesmo a concepção teológica sustentada pela expressão religiosa tida como majoritária, sendo válido ressaltar, exemplificativamente, que o processo de secularização em países de 43 tradição calvinista não se dá na mesma celeridade que em países de tradição católica. Do mesmo modo, quando a analogia se perfaz, alegoricamente, entre países tradicionalmente muçulmanos e países tradicionalmente budistas. Outro aspecto singular, dentro de nossas considerações, diz respeito à motivação cardinal da separação entre as organizações religiosas e o Estado, uma vez que as opiniões variam quanto ao que a doutrina constitucional da separação entre Igreja e Estado tem como intenção primeira. A intenção é proteger as Igrejas da interferência governamental ou proteger a política de grupos de pressão religiosos? Não parece desarrazoado que, embora o princípio da separação seja capaz de atender a ambos os interesses, dependendo das particularidades históricas de cada país que o adotou, tenha havido historicamente a precedência de uma intenção sobre a outra. Nos Estados Unidos, por exemplo, vê-se claramente que a intenção primeira dos constitucionalistas foi a de proteger as igrejas da interferência governamental, sobretudo para garantir proteção ao pluralismo religioso que marcou a história norte-americana desde os seus primórdios. Já na França, a intenção primeira – claramente perceptível na Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789 – foi a de proteger o Estado da interferência religiosa. Sem pretender superestimar tal dado, é plausível que os modelos de Estado laico que se desenvolvem em ambos os países tenham guardado alguma relação com a intenção inicial que determinou a adoção por cada ordenamento constitucional do princípio da separação entre Estado e confissões religiosas. A par disso, há também outro aspecto a ser considerado: em muitos países os movimentos sociais e políticos que levaram ao estabelecimento do princípio de separação entre a Igreja e o Estado, também agasalhavam representantes das confissões religiosas minoritárias, ora perseguidas, ora apenas toleradas pelo poder público. As confissões religiosas, a cujos integrantes não era conferida a plenitude dos direitos – não podiam, por exemplo, ser funcionários públicos – também se mobilizaram na luta pelo estabelecimento de um Estado laico, vendo aí a solução para que lhes fosse assegurada a cidadania plena. Se isso é verdade, não se pode dizer que necessariamente o processo de secularização levou à adoção do princípio da separação entre o Estado e as organizações religiosas. Muitas vezes, a adoção do princípio da separação resultou muito mais do interesse dos próprios grupos religiosos, receosos de que a organização política privilegiasse um determinado grupo em detrimento dos outros ou, pelo menos, de que esta adotasse uma postura invasiva em relação ao domínio religioso. Por isso, na evolução histórica de alguns países o princípio da separação pode não ter representado um efeito imediato do processo de secularização e, ao invés disso, ter até contribuído para a aceleração deste processo (SMITH, 2001, p. 101). 44 O que cumpre salientar, entrementes, é que o princípio da separação é uma via de mão dupla: serve tanto para apartar a interferência estatal na esfera religiosa quanto para refutar a interferência religiosa na esfera estatal. Considerações finais A perspectiva sociológica tem sido um paradigma na caracterização da paisagem religiosa contemporânea, diante de perspectivas que privilegiam a ideia de diferenciação funcional como algo peculiar ao mundo moderno. Neste diapasão, procuramos “lançar sementes” no sentido de que a religião não pode (e nem deve) regular o sistema político de uma nação, enquanto ente autônomo e que detêm seu modus operandi particular. Entrementes, diante de tal sistema, mister reconhecer que a religião possui a capacidade de influenciar o aparelho estatal, sobretudo se tomarmos como exemplo performances pautada no protesto coletivo contra a fragmentação da sociedade diferenciada, onde seria possível admitir a cooperação entre a religião e o próprio sistema político dito diferenciado. Nosso intuito é fomentar possibilidades, de maneira que os algoritmos teóricos, na relação política-direito-religião, possam ser problematizados a partir dos sentidos que esta relação pode produzir, conquanto os movimentos religiosos possuem o condão de imprimir, no âmbito político, seus anseios por apreço e relevo, configurando um cenário em que a retórica religiosa encontra visibilidade à medida que consegue repercutir pontos inteligíveis da vida pública, produzindo modalidades de ação marcadas por atos morais, éticos, jurídicos e ideológicos, durante procedimentos de sedimentação e ressignificação da própria identidade, o que fortalece a existência de uma espécie de iconicidade estatal. Esperamos, com sinceridade, que nossas linhas gerais possam incentivar todos aqueles que se debruçam na produção relativa ao delineamento dos contornos desse diálogo instaurado entre a religião e a esfera política, independentemente da matriz religiosa tomada como objeto epistemológico do saber. 45 Referências CAMPOS, Carlos. Ensaios acerca da influência judaico-cristã nos institutos do direito de família. 2ª edição. Belém: EDUFPA, 2010. ESSEN, Georg; STRIET, Magnus. Kant e a Teologia. Tradução de Werner Fuchs. 1ª edição. São Paulo: Edições Loyola, 2010. KANT, Immanuel. Fundamentación de la metafísica de las costumbres. Tradução de M. García Morente. 8ª Edição. Madrid: Espasa-Calpe, 1983. MANOEL, Ivan Ap. História, Religião e Religiosidade. Dossiê Identidades Religiosas e História. Revista Brasileira de História das Religiões, v. 1, nº 1 – Curitiba, p. 18-33, 2008. SMITH, Huston. Por que a religião é importante? O destino do espírito humano num tempo de descrença. Tradução de Cleusa M. Wosgrau e Euclides L. Calloni. 1ª edição. São Paulo: Cultrix, 2001. TOURAINE, Alain. O que é democracia? 2ª edição. Petrópolis: Vozes, 1996. 4647 MC4 – Fundamentos da arquitetura islâmica Coordenador João Henrique dos Santos Professor no departamento de História e Teoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UFRJ. Coordenador do GP “Todos os tempos, todos os templos” (UFRJ). Resumo Este Minicurso visa propiciar um panorama sobre a Arquitetura Islâmica, desde o seu alvorecer, na primeira metade do século VII, até a contemporaneidade. Neste sentido, serão abordados os fundamentos teológicos que têm influenciado a Arquitetura Islâmica e sua evolução histórica, considerando-se os seus marcos referenciais que sirvam como balizadores do recorte temporal em questão. 48 Introdução à Arquitetura Islâmica João Henrique dos Santos 1 'Todas as vezes que um grupo de pessoas se reunir em uma das casas de Deus, para recitar o Livro de Deus e estudá-lo, a serenidade e a tranquilidade Divinas os cobrem, a Misericórdia de Deus os envolve e os Anjos os cercam, e Deus os menciona junto aos que estão perto dele Hadith relatado por Muslim Introdução A concepção da espacialidade e da sua sacralização no mundo islâmico remonta aos tempos do Profeta Muhammad 2 , em seus anos de pregação pública do Alcorão (610-632 3 ). O primeiro espaço sagrado assim pensado foi o da casa do Profeta, em Medina, onde se juntavam seus seguidores e familiares para ouvir a recitação (al-Kuran, em árabe) dos versos do Livro Revelado. A própria Hégira (“fuga” em árabe) do Profeta em 622 de sua cidade natal, Meca, para Medina, então o oásis de Yathrib, doravante denominada Medinat al-Nabi, “Cidade do Profeta”, implica uma reorientação e redefinição dos espaços sagrados. O contato com os “povos do Livro”, cristãos e judeus, desenvolvido por Muhammad o fez conhecer a veneração dedicada por judeus e cristãos à cidade de Jerusalém que, em árabe, passou a ser denominada al-Quds, “A Sagrada”. Desta forma, parece claro que o Profeta sabia que o estabelecimento de uma cidade como referencial de sacralidade podia servir aos propósitos de identificação quando uma nova religião era estabelecida. Assim, é em sua casa, em Medina, que ele manda orientar um caramanchão ao norte na direção de Jerusalém, enquanto que outro, ao sul, orientava-se em direção a Meca, onde se encontrava a Kaaba, o santuário com o aerólito, cuja construção se credita, segundo a tradição, ao Patriarca Abraão, de quem os árabes descendem. Estabelecia-se, desta forma, 1 Doutor. Professor Adjunto da FAU/UFRJ. Coordenador do GP “Todos os tempos, todos os templos”. Contato: santosjh@uol.com.br. 2 Na tradição islâmica, não se traduz o nome do Profeta, que deve ser grafado Mohammed ou Muhammad. Desta forma, preferi o uso tradicional ao uso comum “Maomé”. 3 As datas aqui mencionadas tomam por base o calendário cristão. O calendário islâmico inicia-se com a Hégira, no ano 622 da era cristã. 49 uma axialidade entre três cidades – Jerusalém e Meca, com Medina ao centro – que subsiste até hoje no mundo islâmico. A própria planta trapezoidal da casa do Profeta inspiraria em parte a construção das primeiras mesquitas, que divergiam das basílicas cristãs por estas apresentarem um eixo longitudinal maior do que o horizontal, enquanto que nas mesquitas inverte-se a relação. As sucessivas ampliações sofridas por essa primeira mesquita mantiveram sua planta trapezoidal. A sucessão de Muhammad pelos Califas (“sucessores” em árabe) e a vertiginosa expansão do Islã (em 710 os muçulmanos já haviam chegado à Península Ibérica, tendo conquistado todo o Norte da África, assim como tinham se expandido ao norte, até Pérsia) deu nova dinâmica à religião e, por consequência, à sua arquitetura. A fundação da dinastia Omíada em 660, a cujo clã pertencia Othman, significou, por um lado, a expansão do Islã e, por outro, a consolidação da separação entre xiitas e sunitas. O estabelecimento da capital em Damasco, na Síria, e o bloqueio do acesso a Meca e Medina, imposto em razão da rebelião na Arábia liderada pelo autoproclamado califa Ibn al-Zubair, fez com que Jerusalém fosse valorizada pela corte omíada. Lá, o califa Abd al-Malik decidiu pela construção de um santuário, circundando a Rocha sobre a qual o Profeta teria ascendido ao céu e contemplado Deus, como narrado na surata XVII do Alcorão 4 . O deslocamento do eixo do poder civil para Damasco fez com que se travasse contato com os estilos arquitetônicos paleocristão e bizantino. Este, dominante na região, é rapidamente assumido pelos omíadas. Desta forma, sob as ordens de Abd al-Malik, é construído o Santuário da Cúpula do Rochedo, lugar que se encontrava sobre as ruínas do Segundo Templo de Salomão e que, visava a atrair multidões de peregrinos, dada a inacessibilidade de Meca e Medina. Este Santuário tem sua planta octogonal, característica da arquitetura bizantina 5 , com dois deambulatórios, a fim de que os peregrinos contornem a Rocha a partir da qual teria ocorrido a ascensão do Profeta. Seus 85 m de diâmetro fazem dela uma construção magnífica. Uma vez que os árabes não tinham o que se poderia chamar de uma tradição arquitetônica, sobretudo que pudesse eclipsar a santidade da Kaaba ou o esplendor das basílicas bizantinas, como 4 Este episódio é conhecido como a “viagem noturna de Muhammad”, sendo assumido que foi um sonho, e não um fato real. 5 O oitavo dia é o primeiro dia da criação sem a ação criadora de Deus; portanto os templos bizantinos tinham e têm planta octogonal. 50 desejava Abd al-Malik, este recorreu a arquitetos cristãos que viviam em Jerusalém e que construíssem esse memorial. Não uma mesquita, mas um memorial, projetado especialmente para a deambulação e a adoração dos peregrinos. Se este saiu com planta bizantina, a mesquita vizinha a ele, na mesma esplanada, a Mesquita de al-Aqsa, foi construída com planta cruciforme, típica do paleocristão. Neste caso, para o reconhecimento de elementos arquitetônicos da mesquita, faz-se necessário retomar a questão da casa do Profeta, em Medina. Mesquita (masjid em árabe) significa “lugar onde os homens se prostram diante de Deus”). O espaço sagrado no Islã é organizado segundo as necessidades cultuais, determinadas pelos pilares sobre os quais a religião se alicerça: a profissão de fé (shahada 6 ), a oração (salat), a esmola (zakat e sadaqqa 7 ), o jejum ( Saum) e a peregrinação (hajj). Desta forma, o espaço para a religião deveria servir igualmente para o encontro social, do qual derivariam algumas das obrigações religiosas. A casa do Profeta, o primeiro haram (“casa de oração”) derivaria possivelmente do templo de Huqqa, na Arábia do Sul, do século II a.C., e da segunda sinagoga de Douros-Europos, às margens do Eufrates, a qual o Profeta deve ter conhecido quando viajava como comerciante. A conquista de Meca, em 630, levou-o a orientar sua casa em direção a essa cidade também, estabelecendo o primeiro mihrab, o nicho orientado àquela cidade, cuja forma parece remontar ao armário com os Rolos da Torá, da sinagoga de Douro-Europos, este orientado a Jerusalém. Isso estabeleceu a primeira qibla (“orientação”) do Islã, fazendo com que muçulmanos se refiram a si como Ahl al-Qibla (“Povo da Orientação”), diferenciando-se daqueles aos quais passaram a designar como Ahl al-Kitab (“Povo do Livro”), a saber judeus e cristãos. Como já dito, seu muro ao norte era orientado para Jerusalém e o muro ao sul em direção a Meca. A expansão que foi feita já durante a dinastia Omíada, em 705, quadruplicando sua área, manteve-lhe a planta trapezoidal, acrescentando um salão hipostilo circundando a mesquita original. 6 A shahada consiste na recitação da frase “Somente Alá é Deus e Muhammad é seu
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