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1 
 Sumário 
 
Introdução ao Direito Penal ............................................................................................................................... 2 
Princípios Gerais do Direito Penal .................................................................................................................. 27 
Lei Penal .......................................................................................................................................................... 71 
Teoria Geral do Crime ................................................................................................................................... 117 
Fato Típico ................................................................................................................................................. 131 
Ilicitude ...................................................................................................................................................... 178 
Culpabilidade ............................................................................................................................................. 204 
Punibilidade ............................................................................................................................................... 222 
Espécies de Erro no Ordenamento Penal ....................................................................................................... 228 
Descriminantes Putativas ............................................................................................................................... 244 
Iter Criminis ................................................................................................................................................... 247 
Tentativa .................................................................................................................................................... 252 
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz ...................................................................................... 259 
Arrependimento posterior .......................................................................................................................... 262 
Crime Impossível ...................................................................................................................................... 266 
Concurso de Pessoas ...................................................................................................................................... 270 
Concurso de Crimes ...................................................................................................................................... 287 
Prescrição ...................................................................................................................................................... 295 
Teoria Geral da Pena ..................................................................................................................................... 316 
Medida de Segurança .................................................................................................................................... 398 
Efeitos da Condenação .................................................................................................................................. 406 
Reabilitação ................................................................................................................................................... 416 
 
 
 
 
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2 
DIREITO PENAL GERAL 
Introdução ao Direito Penal 
 
1. DIREITO PENAL: CONCEITO 
O direito penal pode ser conceituado por diversos aspectos: aspecto formal/estatístico, aspecto material 
e aspecto sociológico. Vejamos: 
 
 
A) ASPECTO FORMAL/ESTÁTICO: direito penal é o conjunto de normas que qualifica certos 
comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem aplicadas. 
B) ASPECTO MATERIAL: direito penal refere-se a comportamentos considerados altamente 
reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação 
e progresso da sociedade. 
C) ASPECTO SOCIOLÓGICO/DINÂMICO: direito penal é mais um instrumento de controle social, 
visando assegurar a necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade. 
Aprofundando o enfoque sociológico 
- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes. Para se 
manter a ordem social necessita-se de normas no Ordenamento Jurídico. 
- Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções (civis ou penais). 
Desse modo, violadas as normas de condutas deve o sujeito submeter-se as sanções, as quais servem para 
restaurar a paz social. 
 
Aspecto 
Formal
Aspecto 
Material
Aspecto 
Sociológico
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3 
 Nessa tarefa de controle social, atuam vários ramos do direito, e o direito penal só atua em 
determinadas situações, pois possui caráter subsidiário, em observância ao princípio da intervenção mínima. 
- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece reação mais severa por parte 
do Estado, valendo-se do Direito Penal. 
O direito penal só será convocado quando o bem jurídico for de maior relevância, em consonância ao 
princípio da intervenção mínima. Nessa esteira,o que diferencia a norma penal das demais normas é a 
espécie de consequência jurídica (pena privativa de liberdade) prevista para hipótese de seu descumprimento. 
ESQUEMATIZANDO 
ASPECTO FORMAL OU 
ESTÁTICO 
ASPECTO MATERIAL ASPECTO SOCIOLÓGICO 
Direito Penal é um conjunto de 
normas que qualifica certos 
comportamentos humanos como 
infrações penais (crime ou 
contravenção), define os seus 
agentes e fixa as sanções (pena 
ou medida de segurança) a 
serem-lhes aplicadas. 
Direito Penal refere-se a 
comportamentos considerados 
altamente reprováveis ou 
danosos ao organismo social, 
afetando bens jurídicos 
indispensáveis à sua própria 
conservação e progresso. 
Direito Penal é mais um 
instrumento de controle 
social de comportamentos 
desviados (ao lado dos outros 
ramos, como Constitucional, 
Civil, Administrativo, 
Comercial, Tributário, 
Processual, etc.), visando 
assegurar a necessária 
disciplina social, bem como a 
convivência harmônica dos 
membros do grupo. 
 
Candidato, você sabe a distinção entre “DIREITO PENAL, CRIMINOLOGIA E CIÊNCIA CRIMINAL”? 
 
DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA CIÊNCIA CRIMINAL 
 
Analisa se os fatos humanos 
indesejados, define quais devem 
ser rotulados como crime, ou 
contravenção penal, anunciando 
as penas. 
 
Ocupa-se do crime enquanto 
norma. 
 
Exemplo: define como crime 
lesão no ambiente doméstico e 
familiar. CP e 11.340/2006. 
 
Ciência empírica que estuda o 
crime, o criminoso, a vítima e o 
comportamento da sociedade; 
 
Ocupa-se do crime enquanto fato; 
 
Exemplo: quais os fatores 
contribuem para a violência 
doméstica e familiar. 
 
Trabalha as estratégias e meios de 
controle social da criminalidade; 
 
Ocupa-se do crime enquanto 
valor; 
 
 
Exemplo: estuda como diminuir a 
violência domestica e familiar. 
 
 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
4 
2. MISSÃO DO DIREITO PENAL 
Na atualidade, a doutrina divide a missão do Direito Penal em: missão mediata e missão imediata. 
Nessa esteira, questiona-se: qual a missão mediata do direito penal e a missão imediata? 
2.1 MISSÃO MEDIATA: como função mediata o direito penal busca o controle social e limitação ao Poder 
de Punir do Estado. Serve para controlar comportamentos humanos, e por outro lado, limitar o próprio Poder 
do Estado. 
Assim, “se de um lado o Estado controla o cidadão impondo-lhe limites, deoutro lado, é necessário 
também limitar o seu próprio poder de controle, evitando excessos (hipertrofia da punição)”. 
 
RESUMINDO 
MISSÃO MEDIATA DO DIREITO PENAL 
Controle Social Limitação do poder de punir. 
 
2.2 MISSÃO IMEDIATA: 
No tocante a missão imediata a doutrina diverge. 
1ª Corrente: a missão imediata do direito penal é proteger bens jurídicos mais importantes para a convivência 
em sociedade (Roxin – Funcionalismo Teleológico). 
É a corrente que prevalece!!! 
2ª Corrente: a missão imediata do direito penal é assegurar o Ordenamento Jurídico, a vigência da norma 
(Jakobs – Funcionalismo sistêmico). 
Dessa forma, temos que para uma corrente a missão é proteger bens jurídicos, já para outra, é assegurar 
o ordenamento jurídico, ou seja, a vigência das normas. 
 
RESUMINDO 
MISSÃO IMEDIATA DO DIREITO PENAL 
1ª Corrente 2ª Corrente 
Proteção de bens jurídicos. Assegurar a vigência das normas no Ordenamento jurídico. 
Defensor: Roxin. Defensor: Jakobs. 
 
 
 
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5 
3. DIREITO PENAL: CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
 
A) DIREITO PENAL SUBSTANTIVO x DIREITO PENAL ADJETIVO 
O direito penal substantivo, corresponde ao direito penal material, leia-se, crime/pena. Por outro lado, 
o direito penal adjetivo corresponde ao processo penal, ou seja, processo/procedimento (direito processual 
penal). Cumpre destacar que a referida classificação resta ultrapassada, posto que atualmente o direito penal 
processual penal existe como ramo autônomo. 
Assim, o que era tido como direito penal adjetivo, hoje se refere ao direito processual penal. 
Corroborando ao exposto, preleciona André Esrefam e Victor Eduardo1: 
Direito penal substantivo ou material é sinônimo de direito penal objetivo, ou seja, 
conjunto de normas (princípios e regras) que se ocupam da definição das infrações 
penais e da imposição de suas consequências (penas ou medidas de segurança). 
Direito penal adjetivo ou formal corresponde ao direito processual penal. 
 
ESQUEMATIZANDO 
DIREITO PENAL SUBSTANTIVO DIREITO PENAL ADJETIVO 
O direito penal material também denominado de 
direito penal substantivo corresponde ao direito 
penal propriamente dito, são as leis penais. 
 
O direito penal formal também é conhecido como 
direito penal adjetivo, são as leis processuais penais, 
é o processo penal. 
Direito Penal Material (crime e pena). Direito Processual Penal. Cumpre destacar que trata-
se de visão ultrapassada, pois atualmente há 
autonomia entre as matérias). 
 
B) DIREITO PENAL OBJETIVO x DIREITO PENAL SUBJETIVO 
 
O direito penal objetivo traduz o conjunto de leis penais vigentes no ordenamento jurídico. 
O direito penal subjetivo, por sua vez, traduz o direito de punir do Estado. Refere-se a capacidade 
que o Estado tem de fazer cumprir suas normas e SUBDIVIDE-SE em positivo e negativo, vejamos: 
 
 
1 Direito penal esquematizado – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves. – Coleção esquematizado/ 
coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. 
DIREITO PENAL SUBJETIVO POSITIVO
• Capacidade de criar e executar normas penais.
DIREITO PENAL SUBJETIVO NEGATIVO
• Poder de derrogar preceitos penais ou 
restringir seu alcance, por exemplo, a atuação 
do STF no controle de constitucionalidade. 
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6 
Nessa mesma linha, preceitua André Esrefam e Victor Eduardo2: 
Entende-se por direito penal objetivo o conjunto de normas (princípios e regras) que 
se ocupam da definição das infrações penais e da imposição de suas consequências 
(penas ou medidas de segurança). 
Cuida o direito penal subjetivo do direito de punir do Estado ou ius puniendi estatal. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2014. Banca: CESPE Prova: CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo. 
No que diz respeito a noções gerais aplicadas no âmbito do direito penal, julgue o próximo item. 
O direito penal subjetivo refere-se ao conjunto de princípios e regras que se ocupam da definição das infrações 
penais e da imposição de penas ou medidas de segurança. 
o Certo 
o Errado 
Gab. ERRADO. 
A questão está errada, pois trouxe a definição de direito penal objetivo. O direito penal subjetivo traduz o 
direito de punir do Estado. 
CUIDADO! O DIREITO DE PUNIR ESTATAL NÃO É ABSOLUTO, INCONDICIONADO ou 
ILIMITADO, POSSUINDO LIMITAÇÕES. 
 
ESQUEMATIZANDO 
DIREITO PENAL OBJETIVO DIREITO PENAL SUBJETIVO 
O direito penal objetivo corresponde ao conjunto 
de normas que se ocupam da definição das infrações 
penais e da imposição de suas consequências (penas 
ou medidas de segurança). 
 
O direito penal subjetivo corresponde ao direito de 
punir do Estado ou ius puniendi estatal. 
O direito penal objetivo (conjunto de leis penais). O direito penal subjetivo (direito de punir do Estado). 
 
LIMITES DO DIREITO DE PUNIR ESTATAL: 
1. Quanto ao MODO: o direito de punir estatal deve respeitar direitos e garantias fundamentais. 
 
2 Direito penal esquematizado – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves. – Coleção esquematizado/ 
coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
7 
Como bem explica Canotilho, mesmo nos casos em que o legislador se encontre constitucionalmente 
autorizado a editar normas restritivas, permanecerá vinculado à salvaguarda do núcleo essencial dos direitos, 
liberdades e garantias do homem e do cidadão. 
 
2. Quanto ao ESPAÇO: em regra, aplica-se a lei penal aos fatos praticados no território nacional, trata-se do 
princípio da territorialidade. 
Nesse sentido, dispõe o art. 5º, C.P. - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados 
e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
3. Quanto ao TEMPO: o direito de punir não é eterno, em virtude disto é que existe a prescrição (limite 
temporal ao direito de punir ou executar a pena pelo Estado). 
O direito de punir é monopólio do ESTADO, ficando proibida a Justiça Privada, ou seja, a justiça 
realizada pelas próprias mãos, que poderá, inclusive, caracterizar o crime de exercício arbitrário das próprias 
razões. 
“Paulo César Busato bem lembra que o Estado não é absolutamente livre para fazer uso desse poder 
de castigar através de emprego da lei. Sua tarefa legislativa, e de aplicação da legislação, encontram-se 
limitadas por uma série de balizas normativas formadas por postulados, princípios e regras, tais como a 
legalidade, a necessidade, a imputação subjetiva, a culpabilidade, a humanidade, a intervenção mínima, e 
todos os demais direitos e garantias fundamentais como a dignidade da pessoa humana e a necessidade de 
castigo”. 
O direito de punir é monopólio do Estado, ficando proibida a justiça privada, sob pena de 
configurar o crime de exercício arbitrário das próprias razões. 
 O anúncio do monopólio é seguido da criação de um crime, qual seja o delito de exercício arbitrário 
das próprias razões (art. 345, CP). 
CP: Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a 
lei o permite. 
 
Há um caso que o Estado tolera a punição privada paralela à punição estatal. 
Exemplo: ESTATUTO DO ÍNDIO (art. 57 da Lei nº 6001/73). 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
8 
Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções 
penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida 
em qualquer caso a pena de morte. 
Nesse caso, o Estado tolera a punição privada, que será executada paralelamente a do Estado. 
#TPI – Tribunal Penal Internacional seria exceção ao monopólio do direito de punir do Estado? 
“Estatuto de Roma - Artigo 1º - O Tribunal - É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal 
Internacional ("o Tribunal").O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas 
responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, 
e será complementar às jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-
ão pelo presente Estatuto.” 
Referido dispositivo consagrou o PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIEDADE, segundo o qual, o 
TPI será chamado a intervir somente se e quando a Justiça repressiva interna falhar, se tornar omissa ou 
insuficiente. 
Assim, o TPI é complementar, não substituindo a jurisdição nacional, de modo que não representa 
exceção à exclusividade do Direito de Punir do Estado. 
 
C) CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA x CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA 
Candidato, o que significa criminalização primária e criminalização secundária? 
A criminalização primária diz respeito ao poder de criar a lei penal e introduzir no ordenamento 
jurídico a tipificação criminal de determinada conduta. A criminalização secundária, por sua vez, atrela-se ao 
poder estatal para aplicar a lei penal introduzida no ordenamento com a finalidade de coibir determinados 
comportamentos antissociais. Na definição de Zaffaroni, criminalização primária “é o ato e o efeito de 
sancionar uma lei penal material que incrimina ou permite a punição de certas pessoas”. A criminalização 
secundária “é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas, que acontece quando as agências policiais 
detectam uma pessoa que supõe-se tenha praticado certo ato criminalizado primariamente”.3 
RESUMINDO 
CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA 
A criminalização primária diz respeito ao poder de 
criar a lei penal e introduzir no ordenamento jurídico 
a tipificação criminal de determinada conduta. 
A criminalização secundária, por sua vez, atrela-se 
ao poder estatal para aplicar a lei penal introduzida 
no ordenamento com a finalidade de coibir 
determinados comportamentos antissociais. 
 
 
 
3 https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2017/07/04/o-que-se-entende-por-criminalizacao-primaria-e-secundaria/ Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
9 
D) DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA x DIREITO PENAL PROMOCIONAL/POLÍTICO. 
No direito penal de emergência a sociedade clama pela criminalização de uma determinada 
conduta. Assim, o Estado no intuito de gerar um sentimento de tranquilidade para os cidadãos, respondendo 
ao seu clamor, tipifica crimes, ignorando, muita vezes, as garantias do cidadão. Foi o que aconteceu com o 
advento da Lei de Crimes Hediondos. 
No direito penal promocional, por sua vez, o Estado cria leis penais para conseguir seus objetivos, 
foi o que aconteceu com a tipificação da conduta de mendicância, revogada em 2009. A ideia era que com a 
tipificação da conduta, pudesse acabar com os mendigos ao invés de melhorar políticas públicas. 
 
RESUMINDO 
DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA DIREITO PENAL PROMOCIONAL 
Atendendo as demandas de criminalização, o Estado 
cria normas de pressão ignorando as garantias do 
cidadão. 
O Estado, visando a consecução dos seus objetivos 
políticos, emprega leis penais desconsiderando o 
princípio da intervenção mínima. 
E qual é a finalidade? A finalidade é devolver o 
sentimento de tranquilidade para a sociedade. 
E qual é a finalidade? A finalidade é usar o direito 
penal para transformação social. 
Exemplo: lei dos crimes hediondos – influenciado 
pela pressão da mídia. 
Exemplo: o Estado criando contravenção penal de 
mendicância (revogada) com o intuito de acabar com 
os mendigos ao invés de melhorar as políticas 
públicas. 
 
Por fim, no Direito penal simbólico a lei nasce sem qualquer eficácia jurídica ou social. Ex.: lei 
penal proibindo que os pais deem palmadas nos seus filhos. (Lei menino Bernardo). 
Candidato, o que se entende por “Direito Penal simbólico?” 
O Direito Penal simbólico, como indica a denominação, consiste na utilização do Direito Penal como 
instrumento demagógico, por meio do qual são aprovadas leis mais severas – normalmente após fatos que 
causam comoção geral, não só em razão de sua gravidade intrínseca, mas também da massiva divulgação pela 
imprensa –, mas que, na prática, acabam sendo inócuas porque o sistema penal como um todo é incapaz de 
lidar de forma eficaz com a crescente criminalidade.4 
 
4. VELOCIDADES DO DIREITO PENAL 
A ideia de velocidades do direito penal foi idealizada por Silva Sánchez, e trabalha com o tempo que 
o Estado leva para punir o autor de uma infração penal mais ou menos severa. 
1ª. VELOCIDADE: Enfatiza infrações penais mais graves, punidas com pena privativa de 
liberdade, exigindo procedimento mais demorado, observando todas as garantias penais e processuais. 
 
4 https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2017/10/16/o-que-se-entende-por-direito-penal-simbolico/ Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
10 
LOGO: Infração mais grave, com penas severas + procedimento mais demorado + observância de 
todas as garantias. 
2ª. VELOCIDADE: Flexibiliza direitos e garantias fundamentais, possibilitando punição mais 
célere, mas, em contrapartida, prevê penas alternativas. 
LOGO: crimes menos graves, com penas alternativas + procedimento célere + flexibilizando 
garantias. 
3ª. VELOCIDADE: Mescla a 1ª velocidade e a 2ª velocidade. 
Defende a punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1º velocidade), e mesmo assim 
permite, para determinados crimes, a flexibilização de direitos e garantias constitucionais (2º velocidade). 
LOGO: Crimes graves, com penas severas à processo flexibilizando garantias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESQUEMATIZANDO 
1ª VELOCIDADE 2ª VELOCIDADE 3ª VELOCIDADE 
Ampla garantia de direitos + 
possibilidade de aplicação de penas 
privativas de liberdade. 
Flexibilização de garantia de 
direitos + possibilidade de 
aplicação de penas alternativas. 
Redução de garantias + penas 
privativas de liberdade. Ex.: 
Direito Penal do Inimigo. Denota-
se que misturam-se características 
da primeira e segunda velocidade. 
Pena privativa de liberdade Penas alternativas Pena privativa de liberdade 
Processo garantista Procedimento flexibilizado Procedimento flexibilizado. 
 
 DIREITO PENAL DE 4º VELOCIDADE 
Candidato, o que se entende por “direito penal de quarta velocidade”? 
Excelência, hoje temos doutrina anunciando a 4ª (quarta) velocidade do Direito Penal, ligada ao 
Direito Penal Internacional, mirando suas normas proibitivas contra aqueles que exercem (ou exerceram) 
chefia de Estados e, nessa condição, violam (ou violaram) de forma grave tratados internacionais de tutela de 
direitos humanos. Para tanto, foi criado, pelo Estatuto de Roma, o Tribunal Penal Internacional. Trata-se da 
1ª 
Velocidade
2ª 
Velocidade
3ª 
Velocidade
4ª 
Velocidade ?
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
11 
primeira instituição global permanente de justiça penal internacional, com competência para processar e julgar 
crimes que violam as obrigações essenciais para a manutenção da paz e da segurança da sociedade 
internacional em seu conjunto.5 
Em síntese: trata-se da atuação do Tribunal Penal Internacional (TPI), que tem competência para 
apurar crimes de lesa-humanidade (genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e de agressão). 
 
ESQUEMATIZANDO 
VELOCIDADES DO DIREITO PENAL 
VELOCIDADES CONCEITO CARACTERÍSTICAS 
 
1ª Velocidade 
(Jesús-Maria Silva 
Sánchez) 
Ocorre quando o Estado responde ao crime de forma mais lenta, com 
possibilidade de prisão ao final. É uma velocidade clássica em que 
todos os direitos e garantias do processo penal e do direito penal 
são respeitadas, o procedimento adotado é o ordinário, com prazos 
longos e ampla possibilidade de defesa. A resposta do Estado é mais 
lenta, pois existe a possibilidade de prisão. Ex.: CPP. 
- Procedimento mais 
demorado; 
- Absoluto respeito aos 
direitos e garantias 
fundamentais (procedimento 
garantista); 
- Penas privativas de 
liberdade (emregra); 
Ex.: CPP. 
 
2ª Velocidade 
(Jesús-Maria Silva 
Sánchez) 
Ocorre quando o Estado responde de forma mais rápida que na 
primeira velocidade, mas, em compensação, não existe possibilidade 
de prisão, mas sim penas alternativas. Direitos e garantias 
fundamentais são relativizados, flexibilizados. A resposta penal é 
mais rápida, porque as garantias processuais foram diminuídas; e o 
prazos processuais, encurtados. Menos garantias, mas sem resultar em 
prisão. Ex.: Lei nº 9.099/95. 
- Procedimento mais célere; 
- Flexibilização de direitos e 
garantias fundamentais 
(procedimento 
flexibilizado); 
- Penas alternativas (em 
regra); 
- Ex.: Lei nº 9.099/95. 
3ª Velocidade 
(Jesús-Maria Silva 
Sánchez) 
Ocorre quando o Estado responde de forma muito mais rápida que na 
segunda velocidade e, mesmo assim, há possibilidade de prisão ao 
final. Existe uma mescla da velocidades anteriores, pois a pena da 
prisão da primeira e a relativização de garantias da segunda. Aqui 
reside o Direito Penal do Inimigo. Ex.: Lei nº 12.850/13. 
- Procedimento célere; 
- Flexibilização de direitos e 
garantias fundamentais 
(procedimento 
flexibilizado); 
- Penas privativas de 
liberdade por excelência; 
- Direito Penal do Inimigo; 
- Ex.: Lei nº 12.850/13. 
 
 
4ª Velocidade 
Neopunitivismo 
(Daniel Pastor) 
Estar ligada ao Direito Penal Internacional, mirando suas normas 
proibitivas contra aqueles que exercem (ou exerceram) chefia de 
Estados e, nessa condição, violam (ou violaram) de forma grave 
tratados internacionais de tutela de direitos humanos. Para tanto, 
foi criado, pelo Estatuto de Roma, o Tribunal Penal Internacional, 
primeira instituição global permanente de justiça penal internacional, 
com competência para processar e julgar crimes que violam as 
obrigações essenciais para a manutenção da paz e da segurança da 
sociedade internacional em seu conjunto. Nessa velocidade, há uma 
nítida diminuição das garantias individuais penais e processuais 
desses réus. 
- Flexibilização de direitos e 
garantias fundamentais; 
- Aplicada a Chefes de 
Estados; 
Sinônimo: Neopunitivismo. 
 Fonte: Tabela extraída da Legislação Bizurada @deltacaveira10 
 
5 https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2017/06/03/o-que-e-direito-penal-de-4a-velocidade/ Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
12 
5. FONTES DO DIREITO PENAL 
Fonte é o lugar de onde vem e como se exterioriza o Direito Penal. 
A) FONTE MATERIAL é a fonte de produção da norma, órgão encarregado de criar o direito penal. 
Nos termos do artigo 22 da Constituição Federal, o órgão encarregado de criar direito penal é a 
UNIÃO. Só a União pode criar Direito Penal. 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, 
processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. 
IMPORTANTE! Inobstante a competência para legislar sobre direito penal seja da União, conforme 
proclama o art. 22, I, da CF, a Lei complementar pode autorizar o Estado a legislar sobre matéria específica 
de direito penal. Vejamos: 
Art. 22, parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre 
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
 
Candidato, qual é a fonte material do direito penal? Excelência, via de regra a fonte material do direito penal 
é a União. As exceções, por sua vez, estão igualmente previstas na Constituição, conforme o parágrafo único 
do art. 22 da CF, os Estados podem legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas por meio de 
Lei Complementar. 
àFonte material: União (Art. 22, da CF) – regra. 
àFonte material: Estados, por meio de lei complementar (Art. 22, parágra único, da CF) – exceção. 
 
E quais são os requisitos para essa regulamentação? Conforme o art. 22, parágrafo único da Constituição 
Federal: 
a) Deve se tratar de matéria especifica daquele Estado; 
b) É necessário ainda autorização da União por meio de Lei Complementar. 
 
B) FONTE FORMAL é o instrumento de exteriorização do direito penal. O modo como as regras são 
reveladas. Trata-se de uma fonte de conhecimento/cognição. 
As fontes formais podem ser imediata ou mediata. 
 
 FONTES DO DIREITO PENAL 
 
Fontes Materiais ou 
de Produção 
Se refere ao órgão encarregado da criação do Direito Penal. 
Regra União (art. 22, I, CF/88) 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
13 
Exceção Estados Membros, em questões especificas, autorizados por LC (art. 22, p. 
único, CF/88) 
 
 
 
 
Fontes Formais, de 
Conhecimento ou de 
Cognição 
É o instrumento de exteriorização do Direito Penal, ou seja, do modo como as regras são 
reveladas. Pode ser imediata ou mediata. 
Doutrina 
Clássica 
Imediata Lei. 
Mediata Costumes; e 
Princípios Gerais. 
 
 
Doutrina 
Moderna 
 
 
Imediata 
Lei (única fonte 
incriminadora); CF; 
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos; 
Jurisprudência; 
Princípios; e 
Complementos das Normas Penais em Branco. 
Mediata Doutrina. 
Obs.: O Costume é uma Fonte Informal. 
Fonte: Tabela extraída da Legislação Bizurada @deltacaveira10 
 
àLEI 
A lei constitui-se em fonte formal imediata, sendo o único instrumento normativo capaz de criar 
infrações penais (crimes e contravenções) e cominar penas. 
àÚnica fonte incriminadora. 
As demais fontes não poderão criar crimes e nem cominar penas, observância ao princípio da reserva 
legal. 
 
à CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
De acordo com a teoria moderna, a Constituição Federal também é fonte formal imediata, todavia, a 
Constituição Federal não cria crimes, e nem comina penas. 
Candidato, se a CF é superior à lei, porque ela não pode criar infrações penais ou cominar sanções? (Tema 
cobrado na Fase Oral do Concurso MPSP). 
Resposta: Em razão de seu processo moroso e rígido de alteração. 
Nessa esteira, embora a Constituição não possa criar crime e cominar pena, ela determina postulados 
de incriminalização, denominados de mandados de criminalização. 
“Muito embora não possa criar infrações penais ou cominar sanções, a C.F nos revela 
o Direito Penal estabelecendo patamares mínimos (mandado constitucional de 
criminalização) abaixo dos quais a intervenção penal não se pode reduzir)”. 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
14 
Exemplo 1: Art. 5º, XLII, CF – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, 
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. 
Refere-se aos patamares mínimos, que o legislador deve observar no momento que for tipificar a 
conduta. 
Exemplo 2: Art. 5º. XLIV - Constitui-se crime inafiançável e imprescritível (patamares mínimos) a 
ação de grupos armados, civis ou militares, contra ordem constitucional e o Estado Democrático. 
 
#Mandados de criminalização ou mandados constitucionais de criminalização: 
O Texto Maior contém diversos preceitos em que obriga, expressa ou implicitame nte , à criminaliz ação de 
ce rtas condutas. Essas determinações constitucionais são conhecidas como mandados de criminalização ou 
penalização. Esses comandos, sistematicamente interpretados, revelam uma importante faceta do princípio da 
proporcionalidade, por meio da proibição de proteção deficiente. Significa que, nestas situações, impõe-se ao 
legislador ordinário (obrigação positiva) a utilização do Direito Penal para regular o comportamento e, dessa 
forma, proteger satisfatoriamente o valor constitucional. Sua inércia será inconstitucional e poderá ser sanada 
pelo emprego da ação direta de inconstitucionalidade por omissão.6 
 Nesse sentido, o STF: 
(...) A Constituição de 1988 contém significativo elenco de normas que, em princípio, 
não outorgam direitos, mas que, antes, determinam a criminalização de condutas 
(CF, art. 5°, XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7°, X; art. 227, § 4°). Em todas essas é 
possível identificar um mandado de criminalização expresso, tendo em vista os bens 
e valores envolvidos. Os direitos fundamentais não podemser considerados apenas 
proibições de intervenção, expressando também um postulado de proteção" (STF: HC 
102.087 /MG, rei. Min. Celso de Mello, rei. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, 2ª 
Turma, j. 28.02.2012). 
Candidato, existem mandados constitucionais de criminalização implícitos? 
(Tema cobrado no Concurso MP/GO). 
De acordo com a doutrina majoritária existem mandados de criminalização implícitos, com a finalidade 
de evitar proteção deficiente do Estado. Exemplo: o legislador não poderia retirar o crime de homicídio do 
ordenamento jurídico, porque a CF de 88 garante o direito a vida. Assim, o direito à vida configura como 
 
6 Direito penal esquematizado – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves. – Coleção esquematizado/ 
coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
15 
mandado constitucional de criminalização implícito, razão pela qual não se pode abolir o delito de 
homicídio. 
Com base nesse mandado implícito, ou seja, direito à vida, questiona-se a legalização do aborto, já que 
o direito à vida abrange o direito a vida intrauterina e extrauterina. 
 Corroborando ao exposto, André Esrefam e Victor Eduardo7: 
Mandados implícitos de criminalização ou penalização são aqueles ligados primordialmente aos valores 
de sobrelevada magnitude no plexo de valores consagrados na Constituição Federal, tais como a vida, 
a honra, a saúde etc. Tome-se como exemplo o direito à vida, cuja tutela penal se dá, principalmente, 
por meio dos arts. 121 a 127 do CP (crimes dolosos contra a vida). Se o legislador, ad absurdum, 
revogasse o art. 121 do CP, descriminalizando o homicídio, incorreria em inegável 
inconstitucionalidade, por desrespeitar mandado implícito de criminalização e, via de consequência, 
ofender o princípio da proporcionalidade, em sua perspectiva de proibição de proteção deficiente. 
 
àTRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS 
Os tratados internacionais de direitos humanos constitui-se em fonte formal imediata e podem ingressar 
no nosso ordenamento jurídico com dois status. 
(!) Status de norma constitucional, se aprovados com quórum de emenda (3/5, 2 casas, 2 turnos), ou 
(!) status infraconstitucional mas supralegal quando aprovados com quórum comum. 
 
 Respeitável corrente doutrinária se posiciona no sentido de que os tratados, versando sobre 
direitos humanos (e somente eles), uma vez subscritos pelo Brasil, se incorporam automaticamente e possuem 
(sempre) caráter constitucional, a teor do disposto nos §§1º e §§2º, do art. 5º, da CF (Flávia Piovesan). 
Questiona-se: Os tratados internacionais de direitos humanos podem criar tipos penais para o ordenamento 
interno? 
 
7 Direito penal esquematizado – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves. – Coleção esquematizado/ 
coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
16 
CUIDADO: Importante esclarecer que os tratados e convenções não são instrumentos hábeis à criação de 
crimes ou cominação de penas para o direito interno (apenas para o direito internacional). Assim, antes do 
advento das Leis nº 12.694/12 e 12.850/13 (que definiram, sucessivamente, organização criminosa), o STF 
manifestou-se pela inadmissibilidade da utilização do conceito de organização criminosa dado pela 
Convenção de Palermo, trancando a ação penal que deu origem à impetração, em face da atipicidade da 
conduta (HC nº 96007). Servem porém como mandados de criminalização e para assegurar garantias. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2014 Banca: CESPE Prova: CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo. 
Com referência a fundamentos e noções gerais aplicadas ao direito penal, julgue o próximo item. 
Em matéria penal, os tratados e as convenções internacionais, após serem referendados pelo Congresso 
Nacional, constituem fontes imediatas do direito penal e têm eficácia erga omnes. 
o Certo 
o Errado 
Gab. CERTO. 
 
àJURISPRUDÊNCIA 
Trata-se de fonte formal imediata. 
Jurisprudência revela direito penal, podendo inclusive ter caráter vinculante (súmulas). 
Exemplo: Art. 71 C.P. - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou 
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo (jurisprudência propõe 30 dias), lugar, maneira 
de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-
se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, 
de um sexto a dois terços. 
Nesse caso, a condição de tempo está sendo definida pela jurisprudência. 
 
àPRINCÍPIOS 
Os princípios são fontes formais mediatas do direito que não podem criar crimes ou cominar penas, 
mas auxiliam na interpretação e na aplicação do Direito Penal. São valores fundamentais que inspiram a 
criação e a manutenção do ordenamento jurídico. Os princípios sempre antecedem as leis, que são formadas 
e criadas com base nos princípios. Porém, nem todos os princípios já foram consagrados em leis, ou seja, nem 
todos se encontram positivados. 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
17 
Não raras vezes os Tribunais absolvem ou reduzem penas com fundamento em princípio, é o caso do 
princípio da insignificância (afasta a tipicidade material). 
àATOS ADMINISTRATIVOS 
Os atos administrativos muitas vezes funcionam como complemento das chamadas “normas penais 
em branco”, como, por exemplo, a Portaria da Anvisa que elenca quais são as substâncias que são consideras 
drogas. A portaria em comento é utilizada para complementação das normas penais em branco presentes na 
Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), sendo assim, fonte formal mediata do direito penal. 
Desse modo, temos que os atos administrativos tratam-se de fonte formal imediata quando 
complementam norma penal em branco, é o caso da Portaria nº 344/98 que define drogas, elemento essencial 
para caracterização dos crimes tipificados ao teor da Lei nº 11.343/2006. 
 
Fonte Formal Mediata (Doutrina Moderna): 
àApenas a doutrina. 
Para doutrina moderna os costumes são fontes informais do direito penal. 
 
 
6. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
 
Interpretar é explicar, esclarecer; dar o significado de vocábulo, atitude ou gesto; reproduzir por outras 
palavras um pensamento exteriorizado; mostrar o sentido verdadeiro de uma expressão; extrair, de frase, 
sentença ou norma, tudo o que na mesma se contém. 
 
 
No âmbito do direito, é a atividade mental que busca identificar o conteúdo da lei, isto é, o seu alcance 
e significado. A interpretação deve sempre buscar a mens legis (a vontade da lei) que não se confunde com a 
mens legislatoris (vontade do legislador). 
Assim, o ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito que, empregando determinado modo, 
chega a um resultado. 
Nesse sentido, a interpretação pode ser classificada (1) quanto ao sujeito; (2) quanto ao modo; e (3) 
quanto ao resultado. 
 
 
 INTERPRETAÇÃO QUANTO AO SUJEITO (ORIGEM) 
 
 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
18 
 
 
A) INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA (OU LEGISLATIVA): é aquela fornecida pela própria lei. 
A interpretação autêntica é também denominada de legislativa, é aquela realizada pelo próprio 
legislador, quando ele edita uma norma com a finalidade de esclarecer o significado de outra norma. Exemplo: 
conceito de funcionário público para fins penais (art. 327 do Código Penal). 
Ex. art. 327 expõe o conceito de funcionário público. 
Art. 327, C.P. - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente 
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, 
e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execuçãode 
atividade típica da Administração Pública. 
 
Outro exemplo que poderíamos apontar é o art. 13, caput – trouxe o conceito de causa no Direito Penal. 
Vejamos: 
CP, Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu 
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Verifica-se que a própria lei já nos propõe a sua interpretação a respeito de quem é considerado 
funcionário público para fins penais, bem como, o que se considera causa. 
A interpretação autêntica (ou legislativa), fornecida pela própria lei, subdivide-se em: 
a. contextual àeditada conjuntamente com a norma penal que conceitua. O conceito de funcionário 
público foi editado conjunto com os crimes que tipifica as condutas deste. 
b. posterior à lei distinta e posterior conceitua o objeto da interpretação. Comum nas normas penais 
em branco, que ainda serão complementadas posteriormente. 
 
RESUMINDO 
Quanto ao 
Sujeito
Interpretação 
Autêntica
Interpretação 
Doutrinária
Interpretação 
Jurisprudencial
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
19 
CONTEXTUAL POSTERIOR 
Quando editada no corpo da própria lei da norma 
interpretada. 
Quando criada depois da norma a ser 
interpretada. 
Exemplo: Crime de peculato – foi criado no 
mesmo contexto a norma que consagra o 
conceito de funcionário público para fins penais. 
 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia. 
Prescreve o art. 327 do CP: “considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.” 
Tal norma traduz exemplo de interpretação 
A. científica. 
B. autêntica. 
C. extensiva. 
D. doutrinária. 
E. analógica. 
 Gab. B. 
 
 
B) INTERPRETAÇÃO DOUTRINÁRIA (OU CIENTIFICA): é a interpretação feita pelos estudiosos. 
Doutrinária, ou científica, é a interpretação exercida pelos doutrinadores, escritores e articulistas, 
enfim, comentadores do texto legal. Não tem força obrigatória e vinculante, em hipótese alguma. 
Questiona-se: Exposição de motivos do Código Penal é qual espécie de interpretação? 
Trata-se de interpretação doutrinária, feita pelos Doutos que trabalharam no projeto. 
Assim, a Exposição dos Motivos do Código Penal deve ser encarado como interpretação doutrinária, e não 
autêntica, por não fazer parte da estrutura da Lei. 
 
C) INTERPRETAÇÃO JURISPRUDENCIAL: é o significado dado as leis pelos Tribunais, pode ter caráter 
vinculante. 
 
Candidato, a EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS do Código Penal é materialização de QUAL 
ESPÉCIE DE INTERPRETAÇÃO? 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
20 
 
Excelência, trata-se de interpretação doutrinária, feita pelos Doutos que 
trabalharam no projeto. Assim, a Exposição dos Motivos do Código Penal deve ser 
encarado como interpretação doutrinária, e não autêntica, por não fazer parte da 
estrutura da Lei. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário . 
Em relação à aplicação, à interpretação e à integração da lei penal, julgue o item seguinte. 
No Código Penal, a exposição de motivos é exemplo de interpretação autêntica, pois é realizada no próprio 
texto legal. 
o Certo 
o Errado 
Gab. ERRADO. 
Analogia não é meio de interpretação da lei, mas sim, meio de integração da norma legal! 
"ANALOGIA é uma forma de autointegração da norma, consistente em aplicar a uma hipótese não prevista 
em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante". 
 
 INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MODO/MEIOS OU MÉTODOS: 
 
 
 
a) INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL/LITERAL/SINTÁTICA: o interprete considera o sentido literal das palavras. 
b) INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA: o interprete perquire a intenção objetivada na lei. Art. 319-A do CP. 
Quanto ao 
Modo
Interpretação 
Gramatical
Interpretação 
Teleológica
Interpretação 
Histórica
Interpretação 
Sistemática
Interpretação 
Progressiva 
ou Evolutiva
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
21 
c) INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA: o interprete indaga a origem da lei. 
d) INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA: interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com os princípios 
gerais do Direito. 
e) INTERPRETAÇÃO PROGRESSIVA OU EVOLUTIVA: é a que busca amoldar a lei à realidade atual. Evita a 
constante reforma legislativa e se destina a acompanhar as mudanças da sociedade. É o caso do conceito 
de ato obsceno, diferente atualmente do que era há algumas décadas. 
 
 INTERPRETAÇÃO QUANTO AO RESULTADO: 
 
a) INTERPRETAÇÃO DECLARATIVA OU DECLARATÓRIA: corresponde exatamente aquilo que o 
legislador quis dizer. É aquela que resulta da perfeita sintonia entre o texto da lei e a sua vontade. Nada resta 
a ser retirado ou acrescentado. 
b) INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA: é a interpretação que reduz o alcance das palavras da lei para 
compreender a vontade do texto. Consiste na diminuição do alcance da lei, concluindo-se pela sua vontade. 
c) INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA: amplia-se o alcance das palavras para que corresponda a vontade do 
texto. 
 A interpretação extensiva possui alto índice de cobrança nos concursos. 
Questiona-se: Admite-se interpretação extensiva contra o réu? 
1º Corrente: (Nucci e Luiz Regis Prado): entende que é indiferente se a interpretação extensiva beneficia ou 
prejudica o réu (a tarefa do interprete é evitar injustiças). 
A Constituição não proíbe, sequer implicitamente a interpretação extensiva contra o réu. 
2º Corrente: Defendida por Luiz Flávio Gomes, entende que “socorrendo-se do princípio do in dubio pro reo, 
não se admite a interpretação extensiva contra o réu, de modo que na dúvida, o juiz deve interpretar em seu 
benefício”. 
Posição que deve ser adotada para concurso de Defensoria Pública). 
Quanto ao 
Resultado
Interpretação 
Declaratória
Interpretação 
Restritiva
Interpretação 
extensiva
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
22 
Emprestou o princípio para aplicar no campo da interpretação e chega a conclusão de que se o juiz está na 
dúvida na interpretação, que o faça da forma mais benéfica. 
Referida corrente ganhou importante aliado: Estatuto de Roma. Art. 22.2. (Em caso de ambiguidade, 
a norma será interpretada em favor da pessoa objeto do inquérito, acusada ou condenada). 
3º Corrente: Defendida por Zaffaroni, entende que em regra não cabe interpretação extensiva contra o réu, 
SALVO quando interpretação diversa resultar num escândalo por sua notória irracionalidade. 
Exemplo: Art. 157, §2º, I, CP – roubo majorado pelo emprego de arma. O que significa arma? 
1º C – entende que arma deve ser tomada no sentido restrito, abrangendo somente instrumentos fabricados 
com finalidade bélica (arma no sentido próprio). 
2º C – arma abrange qualquer instrumento capaz de servir ao ataque (arma no sentido impróprio). 
CUIDADO! Não podemos confundir interpretação extensiva com interpretação analógica. 
ESQUEMATIZANDO 
INTERPRETAÇÃO PENAL – CLASSIFICAÇÃO 
 
 
Quanto à 
Origem 
 
Autêntica ou Legislativa 
É aquela fornecida pela própria lei; Ex. art. 327, CP; Pode 
ser: 
- contextual: é destinada a dirimir incerteza ou obscuridade existente 
na própria lei; 
- posterior: é destinada a esclarecer lei anterior. 
Doutrinária ou Científica É aquela feita pelos estudiosos; Ex.: Exposição de motivos; 
Jurisprudencial ou Judicial É aquela feita pelos tribunais. 
 
 
 
 
Quanto ao 
Modo 
Gramatical, Literal ou Sintática É aquela que considera o sentido literal das palavras, correspondente a sua etimologia; 
Teleológica ou Finalista É aquela que perquire a vontade, a intenção objetivada na lei; 
Histórica É aquela interpretação que indaga a origem da lei, 
identificando os fundamentos da sua criação; 
Sistemática É aquela que interpreta a lei em conjunto com a legislação 
que integrao sistema do qual faz parte; 
Progressiva ou Evolutiva 
É aquele que representa a busca do significado legal de acordo com 
o progresso da ciência; 
Lógica É aquela que se baseia na razão, utilização de métodos 
dedutivos, indutivos e da dialética. 
 
 
Quanto ao 
Resultado 
Declarativa ou Declaratória É aquela em que a letra da lei correspende exatamente àquilo que 
o legislador quis dizer; 
Restritiva 
É aquela que reduz o alcance das palavras da lei para que 
corresponda à vontade do texto; 
Extensiva É aquela que amplia-se o alcance das palavras da lei para que 
corresponda à vontade do texto. 
Fonte: Tabela extraída da Legislação Bizurada @deltacaveira10 
 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
23 
 INTERPRETAÇÃO ANALOGICA (INTRALEGEM) 
O Código, atento ao Princípio da Legalidade, detalha todas as situações que quer regular e, 
posteriormente, permite que aquilo que a elas seja semelhante, passe também a ser abrangido no dispositivo. 
Exemplos dados pelo legislador, seguidos de fórmula genérica de encerramento. 
Na interpretação extensiva, amplio o alcance da palavra. Já na interpretação analógica, o legislador 
confere exemplos + encerramento genérico, ficando ao juiz a possibilidade de encontrar outros casos 
semelhantes aos exemplos. 
Exemplo 1: Art. 121, § 2º, I, III e IV C.P. 
I - mediante paga ou promessa de recompensa (Exemplos de torpeza), ou por outro motivo torpe; 
(Como o legislador não tem como prever todas as formas de torpeza, ele expõe dois exemplos e termina com 
encerramento genérico, ao expor “ou por outro motivo torpe”). 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido; 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
No encerramento genérico está se permitindo ao juiz encontrar outras hipóteses semelhantes. 
 A INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA não se confunde com ANALOGIA: 
 
 
Ø INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA OU INTRA LEGEM 
Ocorre sempre que a norma penal é construída com uma fórmula casuística seguida de uma fórmula 
genérica. A utilização da fórmula genérica ocorre porque (fundamento) é impossível ao legislador de antemão 
prever todas as situações do caso concreto. 
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA/INTRA 
LEGEM 
• Ocorre sempre que a norma penal é 
construída com uma fórmula 
casuística seguida de uma fórmula 
genérica. 
ANALOGIA 
• Ocorre ao aplicar a um caso não 
previsto em lei uma norma que regula 
um caso semelhante.
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
24 
Nessa linha, vejamos os exemplos: 
Art. 28. II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos 
análogos. 
In casu, o legislador não poderia prever todas as substâncias causadoras de alteração 
psíquica. Assim, optou por utilizar a expressão abrangente e genérica “ou outra 
substância de efeitos análogos”. 
Art. 121, Homicídio qualificado: 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe. 
São motivos torpes: Paga; promessa de recompensa à são considerados motivos 
torpes. Todavia, não são os únicos. 
 
Ø ANALOGIA 
Não é forma de interpretação, mas sim uma forma de integração. A Analogia pressupõe lacuna, parte 
do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual é preciso 
socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar. A analogia não serve para interpretar o direito 
penal, sendo uma forma de integração do direito penal. Na analogia existe uma lacuna. A lacuna, por oportuno, 
será preenchida através da aplicação de norma assemelhada. No direito penal só se admite a analogia in bonam 
partem. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil. 
No direito penal, a analogia 
A. é uma forma de autointegração da norma penal para suprir as lacunas porventura existentes. 
B. é uma fonte formal imediata do direito penal. 
C. utiliza, na modalidade jurídica, preceitos legais existentes para solucionar hipóteses não previstas em lei. 
D. corresponde a uma interpretação extensiva da norma penal. 
E. é uma fonte formal mediata, tal como o costume e os princípios gerais do direito. 
Gab. A. 
Ø PRESSUPOSTOS DA ANALOGIA NO DIREITO PENAL 
a) certeza de que sua aplicação será favorável ao réu; (analogia in bonam partem). 
b) existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (omissão involuntária do legislador); 
Exemplo 1: Art. 181, I C.P. – (o legislador não lembrou da união estável – possível analogia “in bonam 
partem”). 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
25 
Exemplo2: Art. 155 § 2º C.P. – Furto Privilegiado (não é aplicável ao roubo, uma vez que a intenção 
do legislador é não privilegiar esse tipo de crime). Não privilegiar o roubo não é lacuna involuntária, mas sim 
silêncio eloquente, logo, não cabe aplicação da analogia por ausência do pressuposto da “omissão involuntária 
do legislador”. 
ESQUEMATIZANDO 
INTERPRETAÇÃO 
EXTENSIVA 
INTERPRETAÇÃO 
ANALÓGICA 
ANALOGIA 
Forma de interpretação. Forma de interpretação. Forma de integração. 
Existe norma para o caso 
concreto. 
Existe norma para o caso 
concreto. 
NÃO existe norma para o caso 
concreto. 
Amplia-se o alcance da palavra. Exemplos seguidos de 
encerramento genérico. 
Cria-se nova norma a partir de 
outra (só quando favorável). 
 
 
7. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
 A doutrina consagra uma série de classificações dos crimes, algumas delas faremos o estudo pontual 
do tema, por exemplo, classificação quanto ao sujeito ativo/passivo em crime comum ou crime crime próprio, 
outras passaremos a análise agora. 
Nesse sentido, preceituam André Esrefam e Victor Eduardo8: 
Com referência à PLURALIDADE DE SUJEITOS ATIVOS como requisito típico, os delitos se 
classificam em: crimes unissubjetivos, monossubjetivos ou de concurso eventual: trata-se daqueles 
que podem ser cometidos por uma só pessoa ou por várias, em concurso de agentes (CP, art. 29); e 
crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário: casos em que o tipo penal exige a pluralidade de 
sujeitos ativos como requisito típico, isto é, a conduta descrita no verbo nuclear deve, obrigatoriamente, 
ser praticada por duas ou mais pessoas. 
No que tange à exigência típica de alguma QUALIDADE ESPECIAL DO SUJEITO ATIVO, a 
doutrina classifica os crimes em crimes comuns e crimes próprios.Os crimes comuns são aqueles em 
que não se exige nenhuma qualidade especial do sujeito ativo, de modo que qualquer pessoa física, que 
completou 18 anos, pode figurar como seu autor ou partícipe. O s crimes próprios, de sua parte, são 
aqueles em que a lei requer alguma qualidade ou condição especial do sujeito ativo, motivo por que 
somente determinadas pessoas podem cometê-los. É o caso do autoaborto ou aborto consentido (CP, 
art. 124), o qual só pode ser praticado pela gestante. Cite-se, ainda, o peculato (CP, art. 312), em que 
só o funcionário público (CP, art. 327) pode figurar como autor. 
Quanto à POSSIBILIDADE DE COAUTORIA, sob esta ótica, há crimes de mão própria ou atuação 
pessoal, em oposição aos crimes próprios. Ambos exigem uma qualidade ou condição especial do 
sujeito ativo, mas somente os crimes próprios admitem coautoria. Os crimes de mão própria ou atuação 
 
8 Direito penal esquematizado – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves. – Coleção esquematizado/ 
coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
26 
pessoal, com relação ao concurso de pessoas,somente admitem a participação, sendo-lhes impossível a 
coautoria. É o caso do crime de falso testemunho ou falsa perícia (CP, art. 342). 
Com RELAÇÃO AO SUJEITO PASSIVO, os crimes podem servagos ou não. Serão considerados 
crimes vagos aqueles cujo sujeito passivo (material ou eventual) for um ente sem personalidade jurídica. 
É o que ocorre, por exemplo, nos crimes contra a família (Título VII da Parte Especial do Código Penal). 
Com relação ao sujeito passivo, os crimes podem ser, ainda, de única ou dupla subjetividade 
passiva. Os crimes de única subjetividade passiva são aqueles que só possuem um sujeito passivo 
material; e os de dupla subjetividade passiva são os que contêm dois sujeitos passivos materiais, como 
ocorre com o crime de violação de correspondência (CP, art. 151), no qual são vítimas o destinatário e 
o remetente da missiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
27 
DIREITO PENAL GERAL 
Princípios Gerais do Direito Penal 
 
1. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
Os princípios podem ser compreendidos como valores fundamentais que inspiram a criação e a 
aplicação do direito penal. 
Os princípios orientam tanto o legislador quanto o operador do direito penal na sua aplicação prática, 
para limitar o poder punitivo estatal, conferindo contornos de razoabilidade a atuação do Estado. Existem 
princípios que estão positivados no ordenamento jurídico, por exemplo, princípio da reserva legal, princípio 
da individualização da pena. Por outro lado, existem outros princípios que não foram previstos expressamente, 
mas que foram extraídos da totalidade do sistema, por exemplo, princípio da insignificância. 
 
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A MISSÃO DO DIREITO PENAL 
 
 PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS 
O Direito Penal em um Estado de direito democrático deve visar, exclusivamente, à proteção de bens 
jurídicos de especial relevância para a sociedade, sob pena de se deslegitimar. Assim, não pode incriminar 
pensamentos ou intenções, questões morais, éticas, ideológicas, religiosas ou finalidades polticas. Para a 
teoria contitucional do Direito Penal, aliás, a referida eleição de bens jurídicos deve refletir os valores 
constitucionais, a exemplo do homicídio, que tutela o direito fundamental à vida. 
Dessa forma, o princípio da proteção aos bens jurídicos defende que o direito penal deve servir apenas 
para proteger bens jurídicos relevantes, bens jurídicos indispensáveis ao convívio em sociedade. 
Mas o que é bem jurídico? 
Bem jurídico é um ente material ou imaterial, haurido do contexto social, de titularidade individual ou 
metaindividual, reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento do homem em sociedade. 
QUESTIONA-SE: o que é espiritualização do direito penal? (Tema cobrado no Concurso MP/MG). 
Percebe-se uma expansão da tutela penal para proteger bens jurídicos de caráter meta individual, difuso, 
coletivo, ensejando a denominada espiritualização/desmaterialização/dinamização do direito penal. 
Ex. Direito penal tutelando o meio ambiente. 
 
Candidato, o que se entende por CRIMES DE PLÁSTICO? 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
28 
Excelência, trata-se de comportamentos cuja criminalização torna-se necessária em decorrência de 
determinado momento histórico vivenciado na sociedade. No passado, por exemplo, não se pensava em 
criminalizar condutas que envolvessem a internet, essa necessidade surge com o avanço da sociedade, para 
tipificar os denominados crimes cibernéticos. 
Existem condutas que sempre foram reprimidas em qualquer sociedade com um mínimo de organização, como 
o homicídio, o roubo, o estupro, etc. São chamados crimes naturais, previstos no passado, sendo punidos hoje, 
e certamente, serão objetos de censura no futuro (…). Contrapõem-se a esse modelo os crimes de plástico, 
que são condutas que apresentam um particular interesse em determinada época ou estágio da 
sociedade organizada, de acordo com as necessidades políticas do momento, tal como ocorre atualmente nos 
crimes contra relações de consumo, os crimes contra o meio ambiente e os delitos de informática, etc. (Crimes 
Eleitorais. São Paulo. Ed Saraiva). 
 
 PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA 
O direito penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima. Tem as seguintes características: 
subsidiariedade e fragmentariedade. 
Nessa esteira, o art. 7º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 estatui que a lei 
só deve prever penas estritamente necessárias. Com esse espírito, este princípio se direciona tanto para o 
legislador, na tarefa de elaborar leis, quanto para o intérprete, recomendando comedimento/moderação na sua 
aplicação, de modo a construir um direito penal mínimo. 
O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua intervenção 
fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter subsidiário), observando somente os 
casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter fragmentário). 
A subsidiariedade é corolário da intervenção mínima. Somente após se constatar que outros meios 
de solução social dos conflitos não são aptos a dirimi-los, é que serão utilizados modelos coercitivos de que 
dispõe o Direito Penal. 
 O princípio da insignificância é desdobramento lógico de qual característica da intervenção 
mínima (subsidiariedade ou fragmentariedade) ? FRAGMENTARIEDADE. 
 
#VAMOSAPROFUNDAR #JÁCAIU 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
29 
Sobre o princípio da intervenção mínima, explicam André Esrefam e Victor 
Eduardo9: 
No que tange a sua origem, a intervenção mínima surgiu no cenário jurídico com a 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, como modo de garantir 
que a intervenção estatal no plano individual se dê apenas quando estritamente 
necessário. 
De acordo com este princípio, o Direito Penal deve ser a última fronteira no controle 
social, uma vez que seus métodos são os que atingem de maneira mais intensa a 
liberdade individual. O Estado, portanto, sempre que dispuser de meios menos lesivos 
para assegurar o convívio e a paz social, deve deles se utilizar, evitando o emprego da 
pena criminal. 
O Direito Penal deve ser a ultima ratio e jamais a prima ratio. 
A subsidiariedade é o reflexo imediato da intervenção mínima. O Direito Penal não 
deve atuar senão quando diante de um comportamento que produz grave lesão ou 
perigo a um bem jurídico fundamental para a paz e o convívio em sociedade. 
A fragmentariedade é uma característica de que é dotado o Direito Penal, justamente 
por conta do princípio da intervenção mínima. Significa que cabe ao Direito Penal 
atribuir relevância somente a pequenos fragmentos de ilicitude. Existem, assim, 
inúmeros comportamentos cujo caráter ilícito é conferido pelo ordenamento jurídico, 
mas somente uma pequena parcela interessa ao Direito Penal, notadamente a que 
corresponde aos atos mais graves, atentatórios dos bens mais relevantes para a vida 
em comum. 
 
Fonte: Direito penal esquematizado – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves. – 
Coleção esquematizado/ coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de 
Polícia. 
O sistema penal é composto por órgãos de naturezas jurídicas distintas com funções, dentre outras, de caráter 
investigativo, repressivo, jurisdicional e prisional. É sabido que os números de letalidade no exercício de tais 
funções, tanto de civis quanto de agentes do sistema penal têm aumentado nos últimos anos. Por conta dessa 
informação, será preciso promover uma política pública em âmbito penal que reverbere na diminuição de tal 
letalidade. (BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro. 11. ed. Rio de Janeiro: Revan, 
2007) 
Identifique a alternativa correta que contenha os princípios que fundamentam o Direito Penal, e que mostrem 
que sua observância se torna importantepara o embasamento da referida política pública. 
A. Mínima letalidade/ letalidade controlada/ tutela civil e tutela penal/ livre iniciativa. 
B. Mínimo proporcional/ reserva do possível/ humanidade/ lesividade. 
 
9 Direito penal esquematizado – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios Gonçalves. – Coleção esquematizado/ 
coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
30 
C. Legalidade / proporcionalidade / penalidade / legítima defesa. 
D. Intervenção mínima/ legalidade / lesividade / adequação social. 
E. Devido processo legal/ contraditório e ampla defesa/ proximidade de jurisdição / proporcionalidade. 
Gab. D. 
 
 PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE: conforme leciona Rogério Sanches “o Direito 
Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua intervenção fica condicionada ao 
fracasso das demais esferas de controle (caráter subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão 
ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter fragmentário)”. A subsidiariedade é corolário da 
intervenção mínima. Somente após se constatar que outros meios de solução social dos conflitos não são 
coercitivos de que dispõe o Direito Penal. 
 
- Candidato, o que se entende por Fragmentariedade às avessas? Excelência, ocorre quando a conduta perde 
seu caráter penal. Em outras palavras, o crime deixa de existir, pois a incriminação se torna desnecessária. Os 
demais ramos do Direito já resolvem o problema, foi o que aconteceu, por exemplo, com o delito de adultério 
em 2005. Assim, temos que na fragmentariedade às avessas a criminalidade já existe, porém, o legislador 
percebe que aquele crime não é mais necessário, não existe mais razão de existir. Materializa-se com a abolitio 
criminis. 
*Abolitio criminis: é a nova lei que torna atípico um fato até então considerado criminoso. O crime deixa de 
existir em razão de uma nova lei. Nos moldes do art. 107 do CP, trata-se de hipótese de extinção da 
punibilidade. 
 PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: o direito penal funciona como um executor de 
reserva. Significa que o direito penal é a ultima ratio. 
 
#VAMOSAPROFUNDAR 
O princípio da intervenção mínima tem sido invocado no debate sobre o alcance 
das disposições relativas à lavagem de dinheiro, especialmente após a alteração 
da Lei nº 9.613/98. 
Sabe-se quem em sua redação original, o art. 1º da referida Lei trazia um rol de crime, 
em geral graves, que poderiam ser considerados antecedentes à lavagem. Uma vez em 
vigor a Lei nº 12.683/12, aboliu-se o rol antecedente, razão por que qualquer infração 
penal da qual resultem bens, direitos ou valores passíveis de ocultação ou de 
dissimulação pode caracterizar conduta pressuposta. É nesta circunstância que a 
Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
31 
intervenção mínima ganha destaque, pois há apontamentos no sentido de que deve 
ser observada a carga de gravidade da infração penal anterior para que 
eventualmente se legitime a atuação do branqueamento de recursos dela advindos. 
 
 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 O princípio da insignificância é também denominado pela doutrina de criminalidade da bagatela. 
Inicialmente, cumpre destacarmos que o referido princípio não encontra previsão na legislação, mas 
pacificamente admitido pela Jurisprudência do STF e do STJ. 
O princípio da insignificância traduz a ideia de que não há crime quando a conduta praticada pelo 
agente é insignificante, não é capaz de ofender ou colocar em perigo o bem jurídico tutelado pela norma penal. 
Nesse sentido, preleciona Fábio Roque10: 
O direito penal deve se ocupar de condutas que não afrontem, de forma significativa, os bens jurídicos. 
Com base nessa formulação, Roxin levou a efeito a ideia de insignificância como modalidade de 
exclusão da tipicidade penal. A ideia central desse princípio é a de que uma conduta pode se 
enquadrar,formalmente, na descrição do tipo penal, mas se a lesão ao bem jurídico for irrelevante, não 
haverá o fato típico. 
 
O princípio da insignificância ou bagatela foi desenvolvido por Claus Roxin, como meio de aperfeiçoar 
a tese de Hans Welzel, segundo a qual lesões insignificantes deveriam ser excluídas da seara do Direito Penal. 
O princípio da insignificância funciona como causa supralegal (não prevista em lei) de exclusão da 
tipicidade. Torna o fato atípico por ausência de tipicidade material. Trata-se de causa SUPRALEGAL de 
exclusão da tipicidade (ausência de tipicidade material). 
Tipicidade penal = tipicidade formal + tipicidade material (lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico 
penal tutelado). 
Candidato, o que é tipicidade penal? 
Excelência, trata-se da tipicidade formal somada à tipicidade material. 
A tipicidade, ao lado da conduta, constitui elemento necessário ao fato típico de 
qualquer infração penal. Deve ser analisada em dois planos: formal e material. 
Entende-se por tipicidade a relação de subsunção entre um fato concreto e um tipo 
penal (tipicidade formal) e a lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado 
 
10 ARAÚJO, Fábio Roque. Direito penal didático – parte geral. Juspodivm, 2020, pág. 100. Licenciado para: IVLA - CPF: 094.565.174-03
 
 
 
32 
(tipicidade material). Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadramento. É o 
adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, conforme ele se enquadre ou não na lei 
penal. Além da tipicidade formal, temos a tipicidade material, esta última consiste na 
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. 
Na aplicação do princípio da insignificância, o fato tem tipicidade formal, entretanto 
falta a tipicidade material. 
 
Ø REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: 
Temos a exigência de requisitos objetivos e requisitos subjetivos. 
São de duas naturezas os requisitos exigidos para a incidência do princípio da insignificância, de ordem 
objetiva e de ordem subjetiva. 
 
Ø REQUISITOS OBJETIVOS (RELACIONADOS AO FATO PRATICADO PELO AGENTE): 
a) mínima ofensividade da conduta; 
b) ausência de periculosidade social da ação; 
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
d) inexpressividade da lesão jurídica. 
 
Ø REQUISITOS SUBJETIVOS (RELACIONADAS AO AGENTE E A VÍTIMA): 
Os requisitos, tanto de ordem objetiva e quanto de natureza subjetiva devem ser avaliados no caso 
concreto. 
a) condições pessoais do agente: 
a.1) Reincidente: prevalece no STF o entendimento de que não se aplica o princípio da insignificância para o 
reincidente. HC 123.108, STF. Informativo 793 STF. 
Por outro lado, no STJ tem entendimento de ser possível a aplicação do princípio da insignificância no caso 
de reincidência. 
ü Faz parte do grupo dos princípios relacionados com a missão do direito penal. 
ü Está umbilicalmente relacionado com o principio da intervenção mínima. É desdobramento lógico da 
fragmentariedade. 
ü É um princípio limitador do direito penal. 
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33 
ü É causa de atipicidade material do comportamento. 
ü EM RESUMO: o princípio da insignificância pode ser entendido como um instrumento de 
interpretação restritiva do direito penal. Sendo formalmente típica a conduta e relevante a lesão, aplica-
se a norma penal, ao passo que, havendo somente a subsunção legal, desacompanhada de tipicidade 
material, deve ela ser afastada, pois que estará o fato atingido pela atipicidade. 
 
Ø REQUISITOS: PROL 
1 - Ausência de periculosidade social da ação. 
2- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. 
3- Mínima ofensividade da conduta do agente. 
4- Inexpressividade da lesão jurídica causada. 
 
 PRINCIPAIS DECISÕES NA JURISPRUDENCIA SOBRE O TEMA EM 2021. Vejamos: 
Em regra, não se admite o princípio da insignificância nos crimes contra a fé 
pública, salvo quando há circunstâncias excepcionais verificadas 
 
A jurisprudência do STF e do STJ é no sentido da inaplicabilidade do princípioda 
insignificância na hipótese de crimes praticados contra a fé pública (ex: uso de atestado 
médico falso; introdução de moedas falsas), em função do bem jurídico tutelado pela 
norma, que, no caso, a fé pública representa caráter supraindividual. 
STF. 1ª Turma. HC 187269, Rel. Min Roberto Barroso, decisão monocrática em 
18/06/2020. 
STJ. 6ª Turma. AgRg-AREsp 1.963.955, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
08/02/2022 
 
Excepcionalmente, admite-se o princípio da insignificância nos crimes contra a fé 
pública (uso de atestado falso) em casos que o dolo do réu revela, de plano, "a mínima 
ofensividade da conduta do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o 
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da 
lesão jurídica provocada", a demonstrar a atipicidade material da conduta e afastar a 
incidência do direito penal, sendo suficientes as sanções previstas na Lei trabalhista. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1816993/B1, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado 
em 16/11/2021 
 
Posse ou porte de munição (desacompanhada) de arma de fogo e atipicidade da 
conduta 
A Quinta Turma e a Sexta Turma, em algumas oportunidades, tem entendido que o 
simples fato de os cartuchos apreendidos estarem desacompanhados da respectiva 
arma de fogo não implica, por si só, a atipicidade da conduta, de maneira que as 
peculiaridades do caso concreto devem ser analisadas a fim de se aferir: a) a mínima 
ofensividade da conduta do agente; b) a ausência de periculosidade social da ação; c) 
o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e d) a inexpressividade da 
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lesão jurídica provocada. Na hipótese dos autos, embora com o embargado tenha sido 
apreendida apenas uma munição de uso restrito, desacompanhada de arma de fogo, ele 
foi também condenado pela prática dos crimes descritos nos arts. 33, caput, e 35, da 
Lei n. 11.343/06 (tráfico de drogas e associação para o tráfico), o que afasta o 
reconhecimento da atipicidade da conduta, por não estarem demonstradas a mínima 
ofensividade da ação e a ausência de periculosidade social exigidas para tal finalidade. 
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.856.980, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
22/09/2021. 
 
Porte de droga para consumo pessoal 
Se a pessoa for encontrada com alguns poucos gramas de droga para consumo 
próprio, é possível aplicar o princípio da insignificância? 
 
STJ: não é possível aplicar o princípio da insignificância 
A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de 
posse de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é de perigo 
presumido ou abstrato e a pequena quantidade de droga faz parte da própria essência 
do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da insignificância 
STJ. 6ª Turma. AgRg-RHC 147.158, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
25/5/2021. 
 
STF: Há um precedente da 1ª Turma, aplicando o princípio 
STF. 1ª Turma. HC 110475 , Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/02/2012. 
Recentemente, houve empate na votação (2x2) e houve a consequente concessão do 
Habeas Corpus: 
STF. 2ª Turma. HC 202883 AgR, Relator(a) p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes, 
ulgado em 15/09/2021. 
 
 
DEVEMOS TER CONHECIMENTO ACERCA DOS ENTENDIMENTOS A SEGUIR DELINEADOS: 
 
1 - STF e STJ: para aplicação do princípio da insignificância, consideram a capacidade 
econômica da vítima (STF - RHC 96813; STJ Resp. 1.224.795). A condição da vítima é empregada a fim de 
aferir a insignificância no caso em concreto. “A verificação da lesividade mínima da conduta apta a torná-la 
atípica, deve levar em consideração a importância do objeto material subtraído, a condição econômica do 
sujeito passivo, assim como as circunstâncias e o resultado do crime, a fim de se determinar, subjetivamente, 
se houve ou não relevante lesão ao bem jurídico tutelado.” (REsp 1224795, Quinta Turma, DJe 20/03/2012). 
 
2- Prevalece no STF e STJ ser incabível o princípio da insignificância para o reincidente, portador de 
maus antecedentes, ou o criminoso habitual (STF-HC 115707, Segunda Turma, DJe 12/08/2013; STJ-
AgRg no AREsp 334272, Quinta Turma, DJe 02/09/2013). A reiteração criminosa inviabiliza a aplicação do 
princípio da insignificância nos crimes de descaminho, ressalvada a possibilidade de, no caso concreto, as 
instâncias ordinárias verificarem que a medida é socialmente recomendável. Assim, pode-se afirmar que: Em 
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35 
regra, não se aplica o princípio da insignificância para o agente que praticou descaminho se ficar demonstrada 
a sua reiteração criminosa (criminoso habitual). Exceção: o julgador poderá aplicar o referido princípio se, 
analisando as peculiaridades do caso concreto, entender que a medida é socialmente recomendável. STJ. 3ª 
Seção. EREsp 1.217.514-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 9/12/2015 (Info 575). 
 
3- Tem-se admitido o princípio nos crimes contra o patrimônio, praticados sem violência 
ou grave ameaça à pessoa. O delito de furto é o exemplo clássico. CUIDADO: Quando qualificado, 
porém, a regra é não admitir, considerando ausente o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento 
do agente. A qualificadora por si só não é hábil a fundamentar a negativa da aplicação do princípio da 
insignificância. 
 
4 - Percebemos a tendência de parcela da doutrina em não admitir a aplicação do princípio da 
insignificância quando o bem tutelado é difuso ou coletivo. Os Tribunais superiores, ora adotam essa tese, 
ora ignoram. Ex.1: O STF e STJ negam o princípio nos crimes de estelionato previdenciário, moeda falsa, 
posse de drogas para uso próprio, tráfico de drogas e tráfico de armas, considerando o bem jurídico tutelado, 
que no caso é difuso/coletivo. 
 
5 - Ex.2: O STF, no entanto, admite o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração 
Pública praticados por FUNCIONÁRIO PÚBLICO. STJ não admite. 
 
6 - STF e STJ admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública 
praticados por PARTICULARES (ex: descaminho). 
 
ESQUEMATIZANDO 
CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
praticados por 
FUNCIONÁRIO 
PÚBLICO 
STF 
Admite 
STJ 
Não admite 
praticados por 
PARTICULARES 
STF e o STJ admitem o princípio da insignificância nos crimes praticado 
contra Administração Publica por particulares. 
Ex.: Descaminho. 
 
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36 
#MOMENTODIZERODIREITO #MARCINHOEXPLICA 
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. 
 
O princípio da insignificância pode ser aplicado aos crimes contra a Administração Pública? 
Para o STJ, não. Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a Administração Pública, ainda 
que o valor da lesão possa ser considerado ínfimo. 
Segundo o STJ, os crimes contra a Administração Pública têm como objetivo resguardar não apenas o aspecto 
patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa. Logo, mesmo que o valor do prejuízo seja 
insignificante, deverá haver a sanção penal considerando que houve uma afronta à moralidade administrativa, 
que é insuscetível de valoração econômica. 
Exceção 
Existe uma exceção. A jurisprudência é pacífica em admitir a aplicação do princípio da insignificância ao 
crime de descaminho (art. 334 do CP), que, topograficamente, está inserido no Título XI do Código Penal, 
que trata sobre os crimes contra a Administração Pública. 
De acordo com o STJ, “a insignificância nos crimes de descaminho tem colorido próprio, diante das 
disposições trazidas na Lei n. 10.522/2002”, o que não ocorre com outros delitos, como o peculato etc. (AgRg 
no REsp 1346879/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/11/2013). 
O STF concorda com a Súmula 599 do STJ? 
NÃO. No STF, há julgados admitindo a aplicação do princípio mesmo em outras hipóteses além do 
descaminho,

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