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COMUNICAÇÃO-ALTERNATIVA-3

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3 
2. CONHECENDO A COMUNICAÇÃO ALTERNATTIVA ....................................... 5 
2.1 Sobre a Comunicação Alternativa .................................................................. 5 
2.2 Definindo um Sistema de Comunicação Alternativa ...................................... 7 
2.3 Comunicação Alternativa Aplicada à Educação ............................................. 9 
3. SISTEMAS ALTERNATIVOS DE COMUNICAÇÃO .......................................... 11 
3.1 Sistema Bliss.................................................................................................... 11 
3.2 Sistema PCS ................................................................................................ 12 
3.3 Sistema PECS - Picture Exchange Communication System ........................ 13 
3.4 Sistema SPC - Símbolos Pictográficos Para a Comunicação ...................... 14 
4. ESTRATÉGIAS NOS RECURSOS PARA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA .. 16 
4.1 Adaptação do Formato dos Recursos .......................................................... 16 
4.2 Tipos de Estímulos e Estratégias Utilizados ................................................ 16 
4.3 Quantidade de Estímulos Utilizados............................................................. 17 
4.4 Participação do Usuário na Construção do Recurso .................................... 17 
4.5 Ambientes e Parceiros de Comunicação Alternativa ................................... 17 
5. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA – DESENVOLVENDO AUTONOMIA ........... 19 
5.1 Programas Geradores de Autonomia e Auxiliares na Comunicação 
Alternativa .............................................................................................................. 20 
6. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA ............................................... 23 
6.1 Classificação dos Símbolos a Serem Utilizados .......................................... 23 
6.2 Alunos que Necessitam de C.A.A. ............................................................... 24 
6.3 Avaliando o Aluno ........................................................................................ 25 
6.4 Definindo o Sistema a Ser Utilizado ............................................................. 26 
6.5 Disposição do Sistema de Comunicação ..................................................... 26 
6.6 O Que o Sistema Deve Comunicar .............................................................. 28 
6.7 Iniciando o Trabalho Com C.A.A. – Materiais Necessários .......................... 29 
6.8 Sistema de Comunicação de Baixa Tecnologia: Confeccionando o Cartão 
Pictográfico ............................................................................................................ 30 
6.9 O Passo a Passo - Iniciando o Trabalho ...................................................... 31 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 36 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Expressar sentimentos, partilhar informações, contar piadas, interagir com os 
outros, enfim comunicar... 
 Tudo isso faz parte da essência do ser humano. A comunicação é de enorme 
importância para a vida de uma pessoa, pois contribui para sua autoconfiança e 
autoestima, e sobretudo para sua qualidade de vida. A comunicação humana implica 
interações e envolve ações, palavras, sons, gestos, posturas, expressões corporais. 
A comunicação é o modo como o homem se expressa, trabalha, se diverte e ama. 
A maior parte dos conhecimentos aprendidos pela criança durante a infância 
surge das relações com outros - adultos ou crianças. Do que lhe contam e explicam, 
mas também ouvindo e vendo o que outros dizem e fazem. Por estas interações, 
aprendem a comunicar-se, conhecem os significados dos objetos, das expressões 
faciais, dos gestos, dos movimentos e da fala. Desta forma a criança adquire conceitos 
e apropria-se de conhecimentos. “A comunicação é a chave da aprendizagem” —
Downing; 1999. 
Desde a infância, o ato de expressar-se está associado as experiências de 
autonomia, auto-respeito e autoestima. Por sua vez estes aspectos se encontram 
relacionados com a possibilidade de expressar interesses, desejos, sentimentos, 
escolher o que se quer, ou não, e de comentar situações. 
Criança com dificuldades no funcionamento comunicativo está limitada em seu 
acesso à informação, restringindo assim o conhecimento do que se passa a sua volta 
e limitando sua participação nas atividades familiares, escolares e sociais. 
A dificuldade de comunicação pode reduzir as oportunidades de: 
 Expressar sentimentos, afeto e desejos; 
 Compartilhar e trocar experiências; 
 Questionar, descrever ou comentar situações de seu dia. 
Considerando estes aspectos, desenvolver as capacidades comunicativas 
destas crianças, significa dar a ela maior compreensão do que acontece a sua volta, 
possibilidade de expressar suas necessidades, anseios e sobretudo devolver-lhe a 
chave da aprendizagem em todos os seus aspectos. Retirando-lhe do isolamento e 
da frustração. 
Sendo assim, entendemos que é extrema a importância do uso de técnicas e 
estratégias para minimizar ao máximo possível as dificuldades imposta pela 
 
deficiência na comunicação. Normalmente as crianças que apresentam essas 
dificuldades, vivem isoladas em seu próprio mundo, são introspectivas, tristes e 
solitárias. É, portanto, necessário, “alargar as suas possibilidades de progredir e 
facilitar seu desenvolvimento neste domínio, usando formas alternativas de 
comunicação, de modo a poderem entender melhor o mundo que as cerca e serem 
mais facilmente compreendidas pelos outros” (Downing. 1999). Esta é uma das 
formas que o educador poder auxiliar no desenvolvimento da comunicação da criança. 
Gleason (1995) e Mac Farland & McLetchie (s/d) enumeram algumas condições 
essenciais para se estabelecer essa relação, são elas: 
 Reconhecer e responder aos seus comportamentos; 
 Levá-la a aceitar a presença do outro e a divertir-se na interação; 
 Usar as rotinas significativas para a criança de uma forma consistente com 
início, meio e final bem definidos; 
 Realizar atividades em conjunto de forma que a criança possa aprender por 
imitação; 
 Dar “pistas” sobre o que irá acontecer; 
 Encorajar a criança a aprender mais sobre seu mundo, para poder reconhecer 
que é um ser diferenciado dos outros: 
 Ajudá-la a compreender que as coisas de que falamos podem não estar 
próximas de nós; 
 Dar oportunidades de experimentar várias situações em que possa controlar o 
que acontece. 
Ao longo do processo de aprendizagem o papel do adulto na interação com a 
criança é importante no sentido de poder fornecer materiais e oportunidades de 
aprendizagem e partilhar com ela as suas experiências. Por isso o papel do educador 
deve ser o de facilitar a aprendizagem, deixando a criança aprender da forma mais 
participativa e ativa possível, brincando. Para isso o educador pode usar de 
estratégias relacionadas ao ambiente da sala de aula e a interpretação de seus 
comportamentos comunicativos. 
 
 
 
 
 
 
2. CONHECENDO A COMUNICAÇÃO ALTERNATTIVA 
 
Um dos maiores desafios para a TECOLOGIA ASSISTIVA é criar ferramentas 
e métodos que permitam que pessoas com deficiências motoras e da fala possam se 
comunicar. Isso deu origem a uma área de estudos e técnicas chamada Comunicação 
Alternativa. Sendo fundamental para que pessoas com deficiências que limitam sua 
capacidade comunicacional melhorem sua qualidade de vida. Afinal, é a partir das 
suas ferramentas e técnicas que essa habilidade é desenvolvida de maneira 
adequada. 
 
2.1 Sobre a Comunicação Alternativa 
 
O que é comunicação? É transmitir oralmente uma mensagem? É a ação de 
um emissor enviar uma mensagem a um receptor? É possível viver semcomunicação? Essas questões são de grande importância para elucidar o conceito de 
comunicação. Conforme já comentado a comunicação é a possibilidade de uma 
pessoa expressar uma mensagem de forma diversificada e possibilita a interação 
entre as pessoas nos diferentes ambientes que estão ao seu redor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cada um de nós possui variados modos de comunicar: com o olhar, o sorriso, 
movimentos corporais, com o corpo ou partes do corpo etc. Por exemplo: acenar com 
o braço para dizer “tchau” ou para chamar um táxi na rua e balançar a cabeça para 
dizer “sim” ou “não”. Com os gestos corporais, comunicamos nossas vontades, 
interesses, concordâncias ou discordâncias, emoções, sentimentos. A comunicação 
entre pessoas é marcada e complementada por vários elementos comunicativos que 
 PROF! 
A comunicação é um marco histórico que revolucionou o mundo, desde os primatas 
até os dias atuais. A tecnologia avançou a passos largos e a comunicação teve seu 
contributo na medida em que o tempo passava, e ela estava sempre presente. A 
comunicação foi e continua a ser o elo mais importante da evolução humana, fez 
o grande diferencial entre o hoje e o ontem. Será a mola propulsora entre o hoje e 
o amanhã e será uma grande força contributiva de um futuro bem próximo 
(BRAGANÇA, 2009). 
 
permitem compreender o outro e, também, ser compreendido. (MANZINI; 
DELIBERATO, 2006, p. 3) 
O sistema de comunicação humana consiste em diversos sinais que podem ser 
gestos, sons, signos linguísticos que possuem significados singulares ou universais, 
transmitidos por via de comunicação natural e/ou alternativa. 
O livro - O Corpo Fala, de Weil e Trompaço (2001), é um clássico da literatura 
que descreve de maneira brilhante as diversas modalidades da linguagem não verbal 
do corpo humano, apresentadas como ferramentas de comunicação, de troca mútua 
entre pessoas. Os autores convidam o leitor a interagir com o texto por meio de 
recursos como desenhos e personagens. Explicam o processo de comunicação 
emissor-informação-receptor, desde a emissão da informação até a recepção e 
decodificação pelo receptor, que interpreta e dá um significado à mensagem. “O tema 
abrange a comunicação psicossomática inconsciente do próprio leitor e por isso o 
fascina, diverte, desafia e esclarece ao mesmo tempo!” (WEIL; TOMPAKOW, 2001, 
p. 4). 
 A comunicação é um recurso essencial ao homem, é um indicador da evolução 
da espécie humana. Por isso, quando nos deparamos com pessoas com deficiência 
que não conseguem se comunicar bem, nos incomodamos. Isso acontece, por 
exemplo, quando temos à frente uma pessoa com paralisia cerebral ou sequelas na 
área da fala, ou uma pessoa surda que deseja comunicar algo e não consegue. 
Nesses momentos, a comunicação alternativa é uma importante aliada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em educação especial, a expressão comunicação alternativa e/ou 
suplementar vem sendo utilizada para designar um conjunto de 
procedimentos técnicos e metodológicos direcionado a pessoas acometidas 
por alguma doença, deficiência, ou alguma outra situação momentânea que 
impede a comunicação com as demais pessoas por meio dos recursos 
usualmente utilizados, mais especificamente a fala (MANZINI; DELIBERATO, 
2006, p. 4). 
 
 
“Comunicação alternativa e aumentativa (CAA): refere-se a qualquer meio de 
comunicação que complemente ou substitua os meios usuais de fala ou escrita. A 
comunicação é aumentativa quando o indivíduo utiliza um outro meio de 
comunicação para complementar ou compensar deficiências que a fala apresenta. 
Possui alguma comunicação, mas essa não é suficiente para suas trocas sociais. 
A comunicação alternativa ocorre quando o indivíduo utiliza outro meio para se 
comunicar ao invés da fala, pelo fato de estar impossibilitado de articular ou produzir 
sons adequadamente” (SONZA, 2013, p. 255 apud FERNANDES, 2000). 
 
Inseridos na sociedade informacional, globalizada, e preocupados com 
acessibilidade comunicacional, nos interrogamos sobre as formas alternativas de 
comunicação. O que é preciso construir para ajudar uma pessoa a comunicar suas 
vontades, conversar com os demais? Nesse ponto insere-se a comunicação 
alternativa. 
 
 
 
 
 
 
2.2 Definindo um Sistema de Comunicação Alternativa 
 
A comunicação alternativa (suplementar ou ampliada, como termos sinônimos) 
enfatiza diferentes modalidades de comunicação com finalidades definidas a partir da 
necessidade do usuário, que podem ser, segundo Deliberato e Manzini (2006): 
 Propiciar uma comunicação alternativa para o usuário; 
 Criar recursos de manutenção da comunicação alternativa para o usuário. 
Os autores supracitados sugerem ainda duas dimensões às comunicações 
alternativas: 
 Comunicação apoiada; 
 Comunicação não apoiada. 
A comunicação apoiada indica que os recursos para a comunicação utilizam 
apoios de expressão linguística que estejam fora do corpo do usuário e que recebem 
ajuda de outra pessoa, assim, “são objetos reais, miniaturas de objetos, pranchas de 
comunicação com fotografias, desenhos e outros símbolos gráficos e, ainda, os 
sistemas computadorizados” (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 5). 
 
Em decorrência das dificuldades motoras, certos usuários de recursos de 
comunicação apoiada vão, também, depender de alguém para selecionar e 
indicar os estímulos necessários para que seja interpretado. É o caso dos 
alunos que necessitam de uma outra pessoa para realizar o manuseio do 
material confeccionado, apontando as figuras ou as fotos necessárias para 
estabelecer uma comunicação. A pessoa que auxilia vai indicando uma figura 
após a outra até que a escolha seja feita (sistema de varredura na linha e/ou 
na coluna). Após a seleção da figura pelo usuário, há necessidade de retomar 
novas seleções. Há alunos que conseguem selecionar os estímulos pelo 
olhar ou pelo apontar com a língua, mas não conseguem virar uma página ou 
 PROF! 
Leia o livro - O Corpo Fala: a linguagem silenciosa da comunicação não 
verbal, de Wel e Tompakow (2001). E Assista ao vídeo O que é 
comunicação? Construa uma breve resposta para a pergunta: qual a 
importância da comunicação para o homem? Disponível no youtube. 
 
 
pegar uma prancha temática. Nessas situações, também, esses alunos 
necessitam de auxílio do professor (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 5, grifo 
nosso). 
 
A comunicação não apoiada indica que os recursos de comunicação estão na 
pessoa, ou, em outras palavras, o “banco de comunicação” é dela mesma, “tais como 
os sinais manuais, expressões faciais, língua de sinais, movimentos corporais, gestos, 
piscar de olhos para indicar ‘sim’ ou ‘não’” (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 5-6). 
 
As expressões são totalmente produzidas pelos seus usuários, ou seja, ela é 
realizada por meio das ações que o próprio aluno pode produzir, sem o auxílio 
de outra pessoa ou de equipamentos. Cabe salientar que o uso da escrita, 
assim como o da língua de sinais, é um recurso importante quando o aluno 
não tem a possibilidade de falar, pois estabelece uma comunicação face a 
face. Embora sejam possibilidades comunicativas importantes, tanto a escrita 
como a língua de sinais requerem habilidades motoras e, nesse sentido, nem 
todos os alunos com deficiência física têm possibilidade de utilizá-las 
(MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 6, grifo nosso). 
 
Para selecionar, planejar e aplicar um sistema de comunicação, Manzini e 
Deliberato (2006) advertem que temos que estar atentos ao ambiente individual e do 
entorno do aluno e, também, aos dispositivos legais voltados à acessibilidade, 
desenho universal, CIF, entre outros. Para essa tarefa, os autores descrevem algumas 
das propriedades que devem ser atendidas pelo sistema de comunicação alternativa: 
 O sistema utilizará objetos concretos? 
 O sistema será composto por fotografias, figuras ou desenhos? 
 Terá como base um sistema de símbolos gráficos (pictográficos, ideográficosou aleatórios)? 
 O sistema será combinado? 
 Far-se-á uso da ortografia? 
 O sistema será composto por sistemas gestuais? 
Esses autores observam ainda: Para fazer esse delineamento é necessária 
uma avaliação do aluno (DELIBERATO; MANZINI, 1997), e também da participação 
do professor, da família, do fonoaudiólogo e, se possível, de uma equipe para avaliar 
as possibilidades do aluno e da situação. 
 Em linhas gerais, para avaliar o aluno e a situação na qual o sistema será 
utilizado, deveremos verificar: 
 
1. As habilidades físicas do usuário: acuidade visual e auditiva; habilidades 
perceptivas; fatores de fadiga; habilidades motoras tais como preensão manual, flexão 
e extensão de membros superiores, habilidade para virar páginas; 
2. As habilidades cognitivas: compreensão, expressão, nível de 
escolaridade, fase de alfabetização; 
3. O local onde o sistema será utilizado: casa, escola, comunidade; com 
quem o sistema será utilizado: pais, professores, amigos, comunidade em geral; 
4. Com qual objetivo o sistema será utilizado: ensino em sala de aula, 
comunicação entre amigos. 
Dessa forma, é importantíssimo fazer um levantamento das habilidades já 
existentes e do potencial do aluno, uma vez que o recurso alternativo de comunicação 
dará possibilidade ao professor de trabalhar aspectos da compreensão e expressão 
da linguagem do aluno. Tendo em mãos os dados dessa avaliação, é possível 
preparar o recurso a ser utilizado, ou seja, qual será a forma desse recurso, por 
exemplo, se ele deverá conter um vocabulário específico para a sala de aula ou para 
outra situação, se haverá um vocabulário básico com figuras acoplado com letras, ou 
mesmo com objetos (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 6-7). 
 
2.3 Comunicação Alternativa Aplicada à Educação 
 
Pensar sobre a comunicação alternativa aplicada à educação é refletir sobre os 
princípios da educação atual sustentada na ética e na cidadania, para o pleno 
desenvolvimento do ser humano; uma educação que valoriza o acesso e a 
permanência do aluno no espaço escolar. 
É a escola para todos. Santos (2007), quando reflete sobre os indicadores de 
uma escola atual, identifica como sendo aquela que foca seu trabalho com as 
diferenças em sala de aula, no contexto da diversidade cultural, em ações que 
desenvolvam o trabalho com as diferenças e os variados ritmos de aprendizagem do 
alunado. 
 Transformação das dinâmicas e das metodologias utilizadas em sala de 
aula: organização dos tempos e espaços com características individuais, em dupla, 
em pequeno grupo e em grande grupo, viabilizando a ocorrência não apenas de 
ensino, mas de aprendizagens que ocorrem nas interações professor e alunos. 
 
 Reorganização do tempo e espaço de forma flexível: o Projeto escolar 
pressupõe flexibilidade de horários (aulas geminadas, aulas curtas etc.) e ocupação 
de outros espaços que permitam ritmos e atividades diversificados. 
 Formação em serviço: a aprendizagem permanente não para e o desafio de 
uma educação de qualidade está sempre presente para que os estudos contínuos 
aconteçam sempre (SANTOS, 2007, p. 27). Esses sinais revelam o quanto a escola é 
coerente com os dispositivos legais para o desenvolvimento do indivíduo, alicerçada 
no paradigma da inclusão: autonomia, empoderamento e independência. 
Esses sinais revelam o quanto a escola é coerente com os dispositivos legais 
para o desenvolvimento do indivíduo, alicerçada no paradigma da inclusão: 
autonomia, empoderamento e independência. 
Uma boa via na efetivação do paradigma, segundo Galvão (2012), está na 
atitude paciente, respeitosa ao ritmo da criança, e persistente ao estímulo, por parte 
do professor, no enfrentamento dos obstáculos cotidianos. Um exemplo: 
 
A escola ao lidar com o aluno surdocego precisa estar ciente da importância 
da comunicação para este aluno, compreendendo, por exemplo, que não 
basta o aluno surdocego usar gestos e sons que só ele entende. É preciso 
que as suas formas de expressão estejam inseridas em um sistema 
linguístico, seja este baseado na língua oral ou gestual. Ou seja, para facilitar 
o acesso do aluno aos conteúdos escolares é importante conhecer as 
peculiaridades que envolvem a sua comunicação, acolhendo os limites e 
possibilidades das formas de comunicação usadas pelos alunos (GALVÃO, 
2012, p. 333). 
 
 Ressalta-se a importância da aplicabilidade das Ajudas Técnicas, 
especificamente da comunicação alternativa, para assegurar e viabilizar as políticas 
públicas educacionais à pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida ou idosa. 
Desse modo, a educação favorece o acesso, participação e qualidade de vida por 
parte de todas as pessoas. Devendo assim estarem integrados aos recursos da 
sociedade informacional e ao currículo escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 PROF! 
Leia o texto “Audiodescrição – recurso de acessibilidade para inclusão 
cultural das pessoas com deficiência”, da autora Lívia Maria Villela de Mello 
Motta. 
 
3. SISTEMAS ALTERNATIVOS DE COMUNICAÇÃO 
 
Os sistemas alternativos de comunicação são representados por marcadores 
como gestos, alfabeto digital, signos, fotos, figuras e desenhos. Os sistemas 
alternativos mais populares no Brasil são: 
 Blissymbols (Bliss), Picture Communication Symbols (PCS) 
 Pictogram Ideogram Communication Symbols (PIC). 
Sonza (2013, p. 255) destaca que os sistemas de comunicação aumentativa e 
alternativa se referem aos componentes (símbolos, gestos, recursos, estratégias e 
técnicas) utilizados pelos indivíduos para comunicação. Podem ser manuais ou 
gráficos, sendo que os primeiros são aqueles que não requerem ajuda externa, como: 
gestos, alfabeto digital e Libras (sem as flexões), além de outros marcadores 
gramaticais complexos que venham a ser utilizados por ouvintes. 
 
3.1 Sistema Bliss 
 
[...] os símbolos são compostos por um número pequeno de formas, os 
elementos simbólicos. Esses são combinados para representar milhares de 
significados. Os símbolos podem ser: 
 Pictográficos (desenhos que parecem com aquilo que desejam simbolizar); 
 Arbitrários (desenhos que não possuem relação pictográfica entre forma e 
aquilo que desejam simbolizar); 
 Ideográficos (desenhos que simbolizam a ideia de algo, criam uma associação 
gráfica entre símbolo e o conceito que ele representa); 
 Compostos (grupos de símbolos agrupados para representar objetos e ideias) 
(SONZA, 2013, p. 256). 
Esse sistema é conhecido como visual gráfico representado por símbolos 
pictográficos - parecem-se com o que representam, que estão acompanhados do seu 
significado e que representam pessoas, objetos, ações, conceitos, sentimentos. 
Estão dispostos num quadro com determinada ordem e significado e 
vantagens, pois pode ser utilizado em casa, na escola ou em qualquer outro local, 
visto o quadro ser fácil de transportar. É de fácil compreensão visto que em cima de 
cada símbolo existe a palavra escrita e é fundamental para a aprendizagem da leitura 
e da escrita, reforça a construção correta das frases e o reforço visual é constante. 
 
Destina-se a crianças com déficits auditivos, visuais, mentais, autistas, atrasos de 
desenvolvimento de linguagem, entre outros. Com o objetivo de que a criança adquira 
uma maior independência, haja um desenvolvimento da linguagem, uma interação 
sócia familiar melhorada e exista uma estimulação intelectual. 
 
Figura 1: Exemplo de sistema Bliss 
 
 Fonte: (SANTOS, 2017). 
 
3.2 Sistema PCS 
 
[...] é basicamente pictográfico. Criado para indivíduos com comprometimento 
na comunicação oral e que não compreendem o sistema ideográfico. Segue a mesma 
divisão sintática e cores dos Símbolos Bliss (FERNANDES, 2000 apud SONZA, 2013, 
p. 256). 
Sistema PIC (Pictogram Ideogram Communication): os “Pictogramas” são um 
sistema que foi concebido com o objetivo de possibilitar a comunicação e assim 
estimular e desenvolveras capacidades de percepção e conceitualização de pessoas 
impossibilitadas de comunicar oralmente. Pode ser usado por crianças e jovens com 
atrasos acentuados no desenvolvimento intelectual, com dificuldades na fala e/ou 
com problemas a nível perceptivo. Este método é composto por 400 símbolos que 
englobam mais de 400 conceitos. 
Os símbolos graficamente são constituídos por figuras brancas, 
aperfeiçoadas, sobre um fundo preto, para reduzir as dificuldades de discriminação 
entre figura e fundo. Podem ser agrupadas por áreas de interesse, facilitando assim à 
criança a construção de frases 
 
 
Figura 2: Exemplo sistema PIC. 
 
Fonte: (SANTOS, 2017). 
 
3.3 Sistema PECS - Picture Exchange Communication System 
 
Forma um sistema de comunicação completo e foi originalmente desenhado 
para criar, rápida e economicamente, recursos consistentes de comunicação. Este é 
o método de comunicação mais utilizado com autistas, desde os primeiros anos de 
vida. 
Foi originalmente desenvolvido para crianças do espectro autista em idade pré-
escolar, mas atualmente é usado por crianças e adultos com perturbações do espectro 
do autismo e outros diagnósticos que apresentem dificuldades na fala e na 
comunicação. Através deste método, a criança autista consegue desenvolver a fala, 
pois tenta responder a todas as necessidades e desejos, desde os mais básicos aos 
mais complexos. Os cartões com fotos de objetos que significam coisas que a 
criança necessite, como: “beber água”, “comer”, “ir ao banheiro” ou “brincar” fazem 
com que a criança comunique tudo aquilo que precisar naquele momento. 
O PECS tem como objetivo ir ao encontro daquilo que atrai as crianças, 
como alimentos, bebidas, brinquedos, livros. Depois de se conhecerem as 
preferências da criança são feitas imagens desses objetos que, posteriormente, serão 
apresentadas e oferecidas a esta. Lentamente, é retirada a ajuda física para apanhar 
a imagem, para que a criança comece a desenvolver a iniciativa de iniciar a interação, 
pegando na imagem e entregando-a ao terapeuta. 
 
Progressivamente, o grau de dificuldade será aumentado, a ponto de o sistema 
ensinar a criança a criar enunciados simples a partir das imagens e de uma sequência 
de frases. 
 
Figura 3: Exemplo de PECS 
 Fonte: (SANTOS, 2017). 
 
3.4 Sistema SPC - Símbolos Pictográficos Para a Comunicação 
 
É constituído por desenhos a preto que representam substantivos, verbos e 
adjetivos. O fundo sobre o qual o símbolo é desenhado pode ser branco ou de outra 
cor. É normal o emprego de cores comuns aos vários gêneros (substantivos, verbos 
e adjetivos). 
O SPC é apropriado para ser utilizado, tanto por pessoas cujas necessidades 
comunicativas sejam equivalentes a um nível de linguagem simples (necessitando de 
um vocabulário limitado e de estruturar frases relativamente curtas) como por pessoas 
com níveis de linguagem mais elaborados (que necessitam de utilizar uma gama de 
vocabulário muito vasta, com possibilidades de estruturar frases de maior 
complexidade). Pode assim considerar-se como um sistema flexível que pode evoluir, 
ajustando-se às necessidades comunicativas do seu utilizador. 
 
Figura 4: Exemplo de SPC 
 
 Fonte: (SANTOS, 2017). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 APRENDA MAIS: 
Sugerimos a leitura do artigo: “Desafios para a tecnologia da informação e 
comunicação em espaço educacional inclusivo”, dos autores Amanda Meincke 
Melo, Janaína Speglich de Amorim, M. Cecília C. Baranauskas e Susie de 
Araujo Campos Alcoba. Publicado no XXV Congresso da Sociedade Brasileira 
de Computação. 
 
4. ESTRATÉGIAS NOS RECURSOS PARA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA 
 
Para identificar o recurso de comunicação alternativa mais adequado às 
necessidades do aluno com deficiência, Manzini e Deliberato (2006) descrevem o 
banco de ideias, com a finalidade de instrumentalizar o professor na seleção do 
recurso que atenda ao estilo de aprendizagem e garanta acessibilidade instrumental 
e comunicacional ao aluno. 
A seguir apresentamos o banco de ideias composto por cinco temas principais. 
 
4.1 Adaptação do Formato dos Recursos 
 
 Pastas e fichários: tipos, cores e tamanhos variados que atendam às 
características físicas e motoras do aluno. 
 Pranchas com estímulos removíveis: por exemplo, álbuns de fotografias, de 
desenhos. 
 Prancha temática: figuras com tema específico, por exemplo, materiais de 
higiene pessoal. 
 Prancha fixa na parede: o professor pode fixar figuras relacionados ao TEMA 
da aula. 
 Prancha fixa sobre a carteira: para alunos que apresentam movimentos 
involuntários. 
 Pasta frasal: como um cardápio com figuras que representam ações (com 
verbos). 
 Prancha frasal: utilizada para construir textos com aluno. 
 
4.2 Tipos de Estímulos e Estratégias Utilizados 
 
Podem ser compostos pelo próprio objeto, ou seja, mais próximos do real, 
proporcionando melhor manuseio para o aluno. 
 Objeto concreto e sua representação: por exemplo, laranja, banana. 
 Miniaturas: por exemplo, animais, brinquedos. 
 Símbolos gráficos: utilizam-se fotos ou figuras com os nomes dos objetos 
representados. 
 Figura temática: figuras com identificação dos nomes. 
 
 Fotos e figuras de atividade sequencial: usadas para comunicar relato de 
experiência. 
 Símbolos gráficos com fundo diferente: cores contrastantes facilitam a 
comunicação. 
 Misto: integram mais de um estímulo. 
 Gestos: usam-se partes do corpo. 
 Expressões faciais: os olhos podem expressar vontades, interesses. 
 
4.3 Quantidade de Estímulos Utilizados 
 
Planejados para o trabalho com aspectos de percepção visual, auditiva e 
sinestésica. 
 Estímulo único: uma figura, um desenho. 
 Dois estímulos: composição de figuras, fotos, desenhos. 
 Vários estímulos: integram mais de um estímulo, auxiliam na interação 
professor-aluno. Recursos para a comunicação alternativa. 
 
4.4 Participação do Usuário na Construção do Recurso 
 
Para selecionar os objetos, fotos ou figuras dependendo do usuário. 
 Seleção dos estímulos. 
 Confecção do recurso. 
 Organização do recurso. 
 
4.5 Ambientes e Parceiros de Comunicação Alternativa 
 
 Facilitam a interação e a participação entre todos na escola. 
 Parceiros de comunicação alternativa. 
 Participação da família. 
Finalmente, conforme Manzini e Deliberato: A aparência do recurso em si pode 
ser muito simples, porém, o seu processo de implementação necessita ser pensado, 
elaborado e testado em situação prática. 
[...] um recurso só adquire funcionalidade para comunicar mensagens quando 
conseguimos identificar as potencialidades de nossos alunos e adequamos o meio 
 
para que essas potencialidades possam ser expressas. Feito isso, estaremos dando 
voz a nossos alunos, que é uma das primeiras formas para a construção de uma 
sociedade inclusiva (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 42). 
Os autores destacam o quão fundamental é a comunicação alternativa e como 
o seu planejamento e uso devem ser cuidadosos. Inicialmente deve-se conhecer o 
ambiente pessoal e o do entorno do aluno para que se preserve a natureza do recurso 
como um mediador no processo de acessibilidade que promove a qualidade de vida. 
O aluno é um parceiro importante na escolha do recurso para a sua aprendizagem, 
para a conquista da vida independente, para a autonomia e para o exercício da 
cidadania. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA – DESENVOLVENDO AUTONOMIA 
 
A comunicação alternativa desenvolvendo autonomia atende as prerrogativas 
da ONU – Organização das Nações Unidas e da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos (1948) – quando descrevem as três dimensões dos direitos humanos: 
1. As liberdades individuais ou direito civil; 
2. Os direitossociais; 
3. Os direitos coletivos da humanidade conjugam os direitos e as 
liberdades individuais e os deveres para com a comunidade em que se vive. 
A comunicação alternativa disponibiliza ao usuário uma comunicação eficiente 
e eficaz, que explora as diversas possibilidades da linguagem, respeita as diferenças 
individuais e a diversidade humana. 
Ao interagir com as práticas pedagógicas, identifica-se o estilo de 
aprendizagem do aluno e assim elimina-se qualquer barreira que impede o aprender 
e o sucesso escolar do aluno, ou seja, respeita-se o conhecimento prévio do aluno e 
trabalha-se com a zona de desenvolvimento proximal. 
 
A zona de desenvolvimento proximal refere-se, assim, ao caminho que o 
indivíduo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de 
amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no 
seu desenvolvimento real. A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um 
domínio psicológico em constante transformação: aquilo que uma criança é 
capaz de fazer com ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha 
amanhã (OLIVEIRA,1993). 
 
A educação nos dias atuais tem por meta a autonomia do aprendiz, o uso da 
criatividade no enfrentamento e na resolução dos problemas cotidianos. O professor 
é quem apresenta os desafios ao aprendiz e colabora na pesquisa de recursos e de 
instrumentos de resolução da problemática em sala de aula. Assim, ele oferece as 
condições no ambiente de aprendizagem. 
As tecnologias assistivas e a comunicação alternativa são aliadas essenciais 
quando o professor tem um aluno com deficiência na sala de aula. Possibilitam a 
construção de recursos de acessibilidade nas suas diferentes dimensões: 
metodológica, instrumental, comunicacional, atitudinal e arquitetônica. 
Nas últimas décadas tem se consolidado a concepção que considera o 
processo de aprendizagem resultado da ação do aprendiz. Por isso a função do 
professor é criar condições para que o aluno possa exercer sua função de aprender 
 
participando de situações que favoreçam isso. Nesse sentido, com relação aos alunos 
com deficiência, torna-se indispensável a criação de condições de aprendizagem pelo 
professor por meio da construção de recursos de acessibilidade. 
 
5.1 Programas Geradores de Autonomia e Auxiliares na Comunicação Alternativa 
 
I. Sistema Plaphoons – software de comunicação para pessoas com limitações 
graves. Finalidade: construir mensagens para que a pessoa possa comunicar suas 
vontades e interesses. Usado para leitura e escrita. O programa permite criar 
pranchas e pode ser utilizado como editor de pranchas, prancha de comunicação, 
comunicador. 
II. Sistema Notevox – da USP laboratório de psicologia. Sistema concebido para 
servir paralisados cerebrais alfabetizados e portadores de esclerose lateral 
amiotrófica. Tem três versões: Notevox-teclado, Notevox-mouse e Notevox-chave. 
III. Sistema Boardmaker – processo computadorizado no qual as pranchas de 
comunicação são montadas e impressas conforme a necessidade do usuário. O 
sistema é composto por 3 500 símbolos do tipo PCS e possui suporte para a língua 
de sinais. É uma ferramenta de autoria que permite construir os recursos de 
comunicação e aprendizado dos quais o aluno necessitará em cada fase de seu 
desenvolvimento educacional. Os exemplos e modelos que o Boardmaker possui 
servem apenas para mostrar aos professores o potencial de criação deste software. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LEITURA COMPLEMENTAR 
Utilização de um sistema de comunicação alternativa e ampliada em alunos com 
autismo no contexto de ensino regular 
(TOGASHI; WALTER, 2011) 
[...] Para von Tetzchner e Martinsen, (1996), a Comunicação Alternativa 
e Ampliada também chamada de comunicação não oral ou comunicação 
suplementar refere-se a um ou mais recursos gráficos visuais e/ou gestuais que 
complementam ou substituem a linguagem oral comprometida ou ausente. A 
comunicação alternativa engloba aspectos muito mais importantes do que 
simplesmente o uso de recursos eletrônicos ou pranchas contendo figuras ou 
pictogramas, ela necessita de interlocutores atentos e interessados em se 
comunicar com a pessoa que não comunica por meio da fala. 
O prejuízo linguístico no autismo e nos Transtornos Globais de 
Desenvolvimento (TGD) envolve dificuldades na comunicação não verbal, nos 
processos simbólicos, na produção da fala, nos aspectos pragmáticos da 
linguagem (PRIZANT et al., 2000), nas habilidades que precedem a linguagem, 
na compreensão da fala, no uso de gestos simbólicos e das mímicas 
(PERISSINOTO, 2003; TOMAZELO, 2003; VON TETZCHNER et al., 2004). 
Pessoas com autismo apresentam sinais e sintomas bastante peculiares, 
tornando a relação ainda mais delicada, uma vez que são caracterizados por 
apresentarem alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e 
modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e de atividades 
restrito, estereotipado e repetitivo (WALTER, TOGASHI E LIMA, 2011). 
Zilbovicius, Meresse e Boddaert (2006) definem o autismo infantil como um 
grave transtorno do desenvolvimento, onde a aquisição de algumas das 
habilidades importantes para a vida humana é seriamente comprometida. Ainda 
para estes autores, o distúrbio prejudica a interação social, deficiências na 
comunicação verbal e não verbal, limitação das atividades e interesses, além de 
padrões de estereotipias no comportamento. Estes e outros fatores tornam 
delicado o processo de inclusão escolar para o grupo com o diagnóstico de TGD. 
O atendimento escolar a esta clientela ainda necessita de muitos ajustes e 
melhorias para que suas necessidades possam ser atendidas satisfatoriamente. 
As características de pessoas com autismo podem assustar o professor que terá 
de lidar diretamente com o aluno, principalmente se este apresentar grande 
comprometimento na linguagem, dificultando o seu convívio na escola, em casa 
e no desenvolvimento social (WALTER, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Deste modo, alunos com autismo que apresentam dificuldades na 
comunicação oral e que estão incluídos em escolas de ensino regular, 
tornam esta relação de ensino- -aprendizagem muito delicada, podendo 
prejudicar ou impedir parte ou todo o processo de ensino-aprendizagem 
desses sujeitos. 
 Portanto, o processo de inclusão de alunos com autismo no 
contexto regular tende a ser ainda mais delicado, uma vez que o 
comprometimento na comunicação, interação social e a presença de 
padrão restrito e repetitivo de comportamento podem acarretar prejuízos 
no sucesso deste aluno na sala de aula regular caso não haja um 
direcionamento eficaz, uma vez que o fato de o autismo ser tão complexo 
pode ser um fator que dificulte a entrada de pessoas com esse 
diagnóstico em escolas (GOMES; MENDES, 2010). 
 
 
6. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA 
 
O termo Comunicação Alternativa e Ampliada (C.A.A.), de acordo Glennem 
(1997), é definido por outras formas de comunicação além da modalidade oral, como 
o uso de gestos, língua de sinais, expressões faciais, o uso de pranchas de alfabeto, 
símbolos pictográficos, uso de sistemas sofisticados de computador com voz 
sintetizada, dentre outros. 
Dessa forma, a comunicação é considerada alternativa quando o indivíduo não 
apresenta outra forma de comunicação e, considerada ampliada quando o indivíduo 
possui alguma forma de comunicação, mas essa não é suficiente para manter elos 
comunicativos e estabelecer trocas sociais. Vários são os sistemas de CAA 
disponíveis no mercado. 
Os profissionais da educação e saúde podem optar por 
 Recursos de baixa tecnologia; 
 Recursos de alta tecnologia. 
Os Recursos de Baixa Tecnologia referem-se a recursos mais acessíveis que 
possibilitama comunicação quando inexiste a linguagem oral, podendo ser 
representados através de gestos manuais, expressões faciais, código Morse e signos 
gráficos como a escrita, desenhos, gravuras, fotografias. Podem ser também 
utilizados o Sistema de Símbolos Bliss, Pictogram Ideogram Communication System 
– PIC, Picture Communication Symbols – PCS. Os símbolos utilizados nesses 
sistemas podem ser trabalhados em pranchas, painéis, carteiras ou outra forma 
acessível a quem utilize. 
Os Recursos de Alta Tecnologia oferecem sistemas de comunicação mais 
sofisticados, com utilização do computador. São eles: Bliss-Comp, PIC-Comp, PCS-
Comp ImagoAnaVox, comunique, dentre outros. 
 
6.1 Classificação dos Símbolos a Serem Utilizados 
 
Os símbolos são as formas de representação de objetos, pessoas, ações, 
relações e conceitos. São utilizados para expor o pensamento. Podem ser acústicos, 
gráficos, gestuais, expressões faciais, movimentos corporais, táteis. 
A classificação dos símbolos pode também ser diferenciada entre comunicação 
assistida ou não assistida (LLOYD, QUIST e WINDSOR, 1990, apud NUNES 2002). 
 
Para a comunicação não assistida, não são necessários símbolos na 
reprodução do pensamento, apenas o corpo do indivíduo. Já na comunicação 
assistida, o indivíduo necessita de materiais como objetos, palavras escritas, 
fotografias e outros para se comunicar. 
A comunicação assistida é ainda entendida como estática e permanente. Na 
comunicação estática e permanente podem ser usados objetos, código Morse, figuras 
diversas, símbolos Bliss, PIC, alfabeto escrito, Braille, podendo ser explorados de 
forma dinâmica, seja por meio de mímica, voz digitalizada, língua de sinais ou 
computador. 
Cada cultura percebe o significado dos símbolos através de sua iconicidade, 
podendo ser estabelecidos como translúcidos, transparentes ou opacos. Os símbolos 
translúcidos estão relacionados a referentes específicos ou ideográficos (conceito), 
sendo colocados em forma de símbolos pictográficos. 
Os transparentes, por sua vez, são colocados em forma de miniaturas de 
objetos, fotografias, pictográficos, de maneira que mantenham semelhança física ao 
objeto que se referem. Já os símbolos opacos necessitam de ensino, pois não são 
claros, ou seja, não é legível, podendo ser representados por convenções sociais, 
referindo-se a objetos ou a conceitos (NUNES, 2002). 
 
6.2 Alunos que Necessitam de C.A.A. 
 
A C.A.A. pode ser utilizada junto à população de paralisados cerebrais, pessoas 
com deficiência mental e autistas. Contudo, a Comunicação Alternativa aqui 
apresentada pretende atender a todos as deficiências, já que o material visual além 
de subsidiar as questões linguísticas, pode também contribuir para a aquisição de 
conhecimentos de forma geral, pois o educando com necessidades especiais 
trabalhado adequadamente pode compreender o mundo que o cerceia. Assim, a 
população que necessita de formas alternativas de comunicação, de acordo com 
Nunes (2002) pode integrar um dos seguintes grupos: 
 
i.Linguagem expressiva; 
ii.Linguagem de apoio; 
iii.Linguagem alternativa. 
 
O primeiro grupo refere-se aos indivíduos que compreendem a linguagem 
oral, tendo dificuldades na fala por apresentarem problemas fono-articulatórios, 
devendo recorrer a outras formas de comunicação. 
Já no segundo grupo estão os indivíduos com atraso no desenvolvimento da 
fala, que apresentam dificuldades, como paralisados cerebrais, portadores de 
Síndrome de Down e outros, que pode utilizar-se de recursos alternativos de 
comunicação temporariamente, apenas para alcançarem-na. 
O grupo da linguagem alternativa engloba indivíduos com grande defasagem 
na comunicação, como autistas, pessoas com deficiência mental severa, surdos. 
Nesses casos se faz necessária a comunicação alternativa para subsidiar essa 
dificuldade. 
 
6.3 Avaliando o Aluno 
 
É notório que crianças, adolescentes e adultos com necessidades de CAA 
apresentam níveis de competência linguística diversificados. É necessário conhecer 
o aluno antes de introduzir um sistema de CAA, o qual deve ser elaborado com base 
numa avaliação para o aluno estabelecer elos comunicativos. 
Assim, o professor junto à equipe pedagógica, quando houver, deverá avaliar 
o aluno e a situação na qual o sistema será utilizado para determinar o que será mais 
útil e funcional, verificando aspectos tais como: 
 Competências linguísticas: Verificar a capacidade de comunicação em 
diferentes contextos com diferentes pessoas; 
 Formas de expressão: Verificar como o aluno se expressa e se compreende o 
que os outros expressam. Ex. O aluno entende tudo o que você fala? Ele puxa pela 
mão e leva até o objeto/lugar de interesse, emite sons, usa determinados lugares para 
expressar alguma necessidade? 
Lembre-se: é difícil obter uma ideia clara do nível de compreensão. Há muitos 
exemplos em que se atribui um elevado nível de compreensão a crianças/jovens, na 
realidade, quando são avaliados, demonstram não compreender as palavras, mas sim 
os gestos que as acompanham ou outros dados específicos da situação. 
Formas não verbal auxiliam na compreensão da linguagem oral 
 Habilidades: 
 
o Físicas: Avaliar a acuidade auditiva e visual, habilidades motoras (preensão 
manual, flexão e extensão dos membros superiores), habilidades 
perceptivas, dentre outras; 
o Emocionais: Com quem o sistema será utilizado? pais, professores, 
amigos; 
o Cognitivas – local onde o sistema será utilizado, verificar nível de 
escolaridade, compreensão, por parte dos alunos dos acontecimentos 
cotidianos; 
 Competências de autonomia pessoal; 
 Nível geral de conhecimento; 
 Problemas de comportamento. 
 
6.4 Definindo o Sistema a Ser Utilizado 
 
 O professor deverá optar por um sistema de CAA considerando as condições 
de uso pelo aluno conforme avaliação realizada. Após avaliação o professor decidirá 
qual será o melhor recurso a ser utilizado: 
 Sistema de baixa tecnologia composto por fotografias, figuras, desenho; 
 Sistema composto por objetos concretos em miniaturas; 
 Sistema composto por sistemas gestuais; 
 Sistema de alta tecnologia (pictográficos, ideográficos ou aleatórios – sistemas 
PIC, computadorizado, Bliss, entre outros); 
 Sistemas combinados; 
 Far-se-á uso da ortografia? 
Tanto a avaliação quanto a escolha do recurso a ser utilizado, é de suma 
importância, pois evidenciará as habilidades já existentes no aluno bem como seu 
potencial de uso. 
 
6.5 Disposição do Sistema de Comunicação 
 
O artefato onde o professor dispõe o sistema de comunicação é denominado 
Prancha de Comunicação. As Pranchas de Comunicação podem ser construídas com 
materiais simples, ou seja, cadernos, álbuns, quadro de pregas, flanelógrafo, painel 
de alumínio para fixar cartões com imãs, pastas, coletes, aventais, livros, fichários tipo 
 
pasta-arquivo, cavalete de pintura, cartões fixos em chaveiros, dentre outros. 
(JOHNSON, 1998). Nelas é possível expor figuras, números, símbolos, letras, 
palavras. As pranchas devem ser personalizadas de acordo com as possibilidades de 
ação do aluno, ou seja, sua condição motora (ALENCAR, 2002). 
 
Figura 5: Exemplos de pranchas de comunicação 
 (a) 
 (b) 
 (c) 
 
 (d) 
 Fonte: (SANTOS, 2017). 
 
Os cartões que compõem o sistema de comunicação devem ficar em local de 
fácil acesso ao aluno, por exemplo, na carteira, em caixas de sapato, na mesa do 
professor, dentre outros. 
 
6.6 O Que o Sistema Deve Comunicar 
 
Após a avaliação, o professor deverá identificar as necessidades básicas e 
reais dos alunos quanto a suas necessidades comunicativas mais imediatas para num 
momento posterior ampliá-lo. Recomenda-se que o professor elabore uma lista para 
registrar as necessidades comunicativas de seu aluno. 
Após a identificação das necessidades básicas o professor deveráselecionar 
imagens, juntamente com o aluno, quando for possível, para compor o sistema. As 
imagens (fotos; recortes de revistas, encartes, jornais, desenhos) selecionadas devem 
retratar o objeto, ou seja, o aluno tem que reconhecer nela (imagem) o que de fato 
quer expressar e/ou comunicar. 
 Lista de algumas necessidades: 
o Alimentação: 
Arroz - Feijão - Polenta - Carne moída - Frango - Lingüiça - Salsicha - Sopa- 
Salada - Cenoura - Berinjela - Chuchu - Repolho - Abobrinha - Couve - Salada 
de batatas. 
 
 
 
 
o Frutas: 
Laranja - Banana - Maça - Mamão - Manga - Uva - Ameixa - Abacate - Abacaxi - 
Pêra – Morango. 
o Lanche 
Suco  Refrigerante  Pão  Leite  Chá  Iogurte  Bolacha  Bolo  Chips  
Canjica 
o Sala de aula 
Nomes  Agenda  Cantar  Ouvir música  Aula de expressão corporal  Recorte 
e colagem  Desenhar  Estudar  Aula de educação física  Aula de informática  
Aula de artes  Ir ao banheiro  Beber água 
o Higiene Pessoal 
Escovar os dentes  Tomar banho  Colocar sapatos  Tirar sapatos  Chinelos 
Camiseta  Blusa  Calça  Short  Tênis  Sandália  Meia  Cueca  Calcinha 
Sutiã  Pentear cabelos  Shampoo  Condiciona dor  Desodorante  Toalha 
de banho  Batom  Esmalte  Absorvente  Sabonete  Bolsa. 
Cabe ao professor como dito anteriormente, identificar que imagens são 
prioritárias ao seu aluno e ir acrescentando à lista sugerida acima, sempre que 
necessário. 
 
6.7 Iniciando o Trabalho Com C.A.A. – Materiais Necessários 
 
Neste texto, abordaremos os recursos compreendidos como “baixa tecnologia”, 
ou seja, confecção de cartões pictográficos utilizando imagens fotográficas para 
ilustração e imagens de cliparts. 
Materiais necessários para elaboração do sistema: 
 Tesoura, cola, cola quente; 
 Imagens (Figuras de programas computadorizados, fotografias, gravuras de 
revistas, jornais, encartes, desenhos, desenhos estilizados, símbolos diversos, 
palavras, etc.); 
 Papel cartão e/ou cartolina; 
 Contact ou fita adesiva de PVC transparente; 
 Velcro/alfinete ou imã; 
 
 Fraselógrafo (Painel forrado c/ feltro, emborrachado (EVA) ou revestido de 
papel pardo disposto em pregas); 
 Caixa de sapatos (pra guardar os cartões); 
 Máquina fotográfica digital (armazenar imagens em CDs); 
 
6.8 Sistema de Comunicação de Baixa Tecnologia: Confeccionando o Cartão 
Pictográfico 
 
Confeccionar um cartão, de 10cmx8cm (sugestão) ou de acordo com as 
necessidades motoras apresentadas pelo aluno. Após a confecção do cartão, o 
professor deverá colar ao centro a imagem selecionada referente a uma das 
necessidades comunicativas do aluno. 
 
Figura 6: Exemplo de cartão pictográfico - Beber água 
 
 Fonte: (SANTOS, 2017). 
 
 Definindo a cor de fundo do cartão pictográfico: 
A cor de fundo do cartão deverá ser definida pelo professor, de preferência por 
categorias, como no exemplo que se segue: 
a) Cartão vermelho - substantivos; 
b) Cartão verde – verbos; 
c) Cartão azul – adjetivos; 
d) Cartão branco – artigos; 
e) Cartão amarelo – estórias; e assim sucessivamente. 
No início do trabalho o professor irá utilizar apenas um cartão (substantivos) 
para ensinar o aluno a expressar sua necessidade imediata. As outras categorias são 
utilizadas no momento em que o professor começa a trabalhar a elaboração de 
 
sentenças, ou seja, o aluno irá gradativamente ser ensinado a elaborar frases mais 
complexas com o sistema de comunicação. Contudo, isso só é possível quando ele já 
domina o uso do sistema para se expressar. 
 
6.9 O Passo a Passo - Iniciando o Trabalho 
 
Após o levantamento das necessidades comunicativas apresentadas pelo 
aluno, o professor deverá trabalhar o reconhecimento das imagens selecionadas. 
 Reconhecimento – O professor mostra ao aluno dois cartões e solicita uma 
imagem específica. O aluno deverá sinalizar qual é essa imagem por meio de 
apontamentos com as mãos, com o olhar, com os pés, ou outro recurso de 
acessibilidade. Recomenda-se num primeiro momento o uso de dois cartões para que 
o aluno dê a resposta, garantindo assim um percentual de 50% de acerto. Cumpre 
ressaltar que uma boa parcela dos alunos com alguma deficiência apresenta um 
histórico de fracasso e de baixa estima, o que justifica esse cuidado inicial com a 
quantidade de cartões dispostos. Esse reconhecimento de imagens deve ser 
gradativo e à medida que o aluno se apropria do conceito expresso no cartão 
pictográfico, o professor poderá dispor um número maior. Esse processo de 
reconhecimento deve ser feito sempre que se introduz uma nova imagem. 
 Funcionalidade - Para que o sistema seja eficaz o aluno tem que perceber que 
ele de fato funciona. Assim sendo, quando o aluno, por exemplo, desejar ir ao 
banheiro, só poderá ir se sinalizar na prancha de comunicação seu desejo. 
 Estratégias - O professor deverá englobar um conjunto de estratégias 
estruturadas de comunicação visando permitir que os elos comunicativos aconteçam 
a partir dos símbolos presentes no sistema de comunicação alternativa. Uma das 
estratégias eficaz de ensino do sistema de CAA é o ensino naturalístico o qual 
preconiza que: 
1. O ensino deve ocorrer no contexto das interações verbais normais da 
criança/jovem; 
2. As habilidades de linguagem e comunicação sejam ensinadas nas 
atividades rotineiras do ambiente natural da criança/jovem; 
3. As tentativas de ensino estejam dispersas ao longo das interações da 
criança/jovem com seu ambiente; 
 
4. O interesse e a intenção imediata da criança/jovem devem ser o fio 
condutor de todo o ensino; Devem ser utilizados reforçadores funcionais pela própria 
criança/jovem; 
5. O ensino da forma e do conteúdo da linguagem deve ocorrer no contexto 
e uso normal desta. (NUNES, 1992 apud ALENCAR, 2002). 
 Comunicação simples – um pictograma - Nessa primeira etapa do 
trabalho o professor deverá introduzir um número reduzido de cartões pictográficos 
que compõem o sistema de comunicação. O primeiro passo é o reconhecimento da 
imagem impressa (símbolo) no cartão pictográfico. Exemplo: O professor apresenta 
dois cartões. 
 
Figura 7: Duas figuras para que o aluno aponte uma 
 
 Fonte: (SANTOS, 2017). 
 
Em seguida o professor solicita ao aluno que aponte o cartão referente ao suco 
(o tipo de ação solicitada dependerá das condições motoras da criança podendo ser 
apontar para dar a resposta, piscar, pegar o cartão, dentre outras). Durante essa fase 
de ensino o professor deverá introduzir os cartões pictográficos, como nas demais 
fases, gradativamente. Após a fase de reconhecimento das imagens o professor 
deverá criar condições para que a criança faça uso do sistema para se comunicar. 
Assim, as pranchas de comunicação, bem como o sistema, deverão estar dispostas 
de forma que o aluno possa ter acesso a ele sempre que desejar comunicar algo. 
Exemplo: Se o aluno deseja ir ao banheiro, o mesmo deverá sinalizar (avisar o 
professor) por meio do sistema (cartões pictográficos) sua necessidade. Para tanto, 
deverá apontar/pegar o cartão e colocá-lo no quadro de alumínio/fraselógrafo/quadro 
 
de pregas. Cumpre frisar que o feedback positivo dado pelo professor é de 
fundamental importância. Só após essa ação o professor permite que o aluno se retire 
para satisfazer sua necessidade, garantindo assim que o sistema de comunicação 
seja funcional. 
 Escrevendo frases simples - Findada essa etapa, o aluno já terá domínio 
sobre o sistema. O professor poderá então solicitar para que o aluno escreva e leia 
frases no quadro de comunicação. O aluno deverá ir até o sistema, onde terá um 
número significativo de cartões pictográficos e localizar o solicitado. Em seguida 
deverá fixá-lo no quadro. 
O aluno irá selecionar o pictograma e fixá-lo no painel. Em seguida, a 
professora deverá solicitarao mesmo que leia o que escreveu, respeitando e 
elogiando seus esforços de verbalização. 
Esse procedimento irá contribuir posteriormente na elaboração de frases mais 
complexas que serão exemplificadas mais adiante. 
Nessa etapa o professor deverá introduzir uma segunda categoria, aqui 
denominado sujeitoação, para que o aluno perceba a construção de sentenças e 
comece a ampliar suas funções comunicativas. 
O que outrora era expresso com apenas um cartão passará a ser feito com 
dois. Exemplo: Quando o aluno quer expressar seu desejo de beber água, ele o faz 
por meio do cartão “água”. Percebe-se que na maioria das solicitações nós pedimos 
para que algo seja realizado ou satisfeito. Assim sendo, o professor deverá dispor de 
uma imagem que simbolize o desejo “quero” o qual será subentendido como “eu 
quero” nessa etapa da intervenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8: Modelos de cartão 
 
 Fonte: (SANTOS, 2017). 
 
O professor deverá deixar o cartão “eu quero” fixo no quadro e solicitar ao aluno 
que escreva uma frase, como por exemplo, “eu quero comer bolo”. 
Num segundo momento o professor irá dispor esse cartão pictográfico, sujeito-
ação, junto ao sistema e reiniciar as atividades de elaboração de frase. O aluno 
começará a perceber que para formar a frase solicitada ele necessitará de dois 
cartões, no nosso exemplo um cartão de cor verde e outro vermelho. Nessa etapa, 
além da função comunicativa, o professor poderá intervir nos aspectos referentes à 
noção espacial e lateralidade apresentada pelo aluno. 
A forma como o aluno dispõe os cartões para formar a frase não significa que 
o mesmo não entendeu o solicitado ou deu uma resposta inadequada. Muitas vezes 
a lacuna refere-se a noções de lateralidade, a forma como uma escrita convencional, 
por exemplo, se configura, ou seja, da direita para esquerda. A estratégia de solicitar 
a leitura da atividade realizada por ele, iniciada na fase anterior “escrevendo frases 
simples” torna-se primordial, pois possibilita identificar se há erros de interpretação ou 
de noção de lateralidade. 
 Para além da comunicação – a alfabetização: O estímulo visual, como 
evidenciado até aqui, auxilia não só a comunicação como também possibilita a 
aquisição de novos conhecimentos. Apresentamos a seguir algumas sugestões para 
uso do sistema de comunicação alternativa nas atividades pedagógicas referentes ao 
início da fase de alfabetização. O professor tem a liberdade de tratar esse aspecto de 
acordo com os seus pressupostos teóricos, as sugestões configuram-se apenas como 
 
recursos para o ensino da leitura e escrita. Dessa forma, poderá iniciar seu trabalho 
por palavras, por letras, por sílabas, dentre outras possibilidades. 
Cumpre frisar que no que tange as questões de alfabetização o professor 
poderá realizar atividades tais como: 
 Pareamentos: 
a) Pictograma x pictograma; 
b) Pictograma x palavra 
c) Pictograma x sílabas 
d) Palavra x palavra; 
 Suporte para exploração de textos; 
 Instrumento para interpretação de texto; 
 Oferecer ao aluno um material para encaixar as sílabas; 
 Retirar estímulo visual escrito e solicitar que escreva a palavra 
correspondente ao pictograma apresentado. 
Outra sugestão é deixar espaço no cartão pictográfico para que o aluno possa 
inserir a escrita da imagem. Nesse espaço deverá ter “velcro” ou “imã” para que as 
sílabas possam ser fixadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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