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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3 2. CONHECENDO A COMUNICAÇÃO ALTERNATTIVA ....................................... 5 2.1 Sobre a Comunicação Alternativa .................................................................. 5 2.2 Definindo um Sistema de Comunicação Alternativa ...................................... 7 2.3 Comunicação Alternativa Aplicada à Educação ............................................. 9 3. SISTEMAS ALTERNATIVOS DE COMUNICAÇÃO .......................................... 11 3.1 Sistema Bliss.................................................................................................... 11 3.2 Sistema PCS ................................................................................................ 12 3.3 Sistema PECS - Picture Exchange Communication System ........................ 13 3.4 Sistema SPC - Símbolos Pictográficos Para a Comunicação ...................... 14 4. ESTRATÉGIAS NOS RECURSOS PARA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA .. 16 4.1 Adaptação do Formato dos Recursos .......................................................... 16 4.2 Tipos de Estímulos e Estratégias Utilizados ................................................ 16 4.3 Quantidade de Estímulos Utilizados............................................................. 17 4.4 Participação do Usuário na Construção do Recurso .................................... 17 4.5 Ambientes e Parceiros de Comunicação Alternativa ................................... 17 5. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA – DESENVOLVENDO AUTONOMIA ........... 19 5.1 Programas Geradores de Autonomia e Auxiliares na Comunicação Alternativa .............................................................................................................. 20 6. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA ............................................... 23 6.1 Classificação dos Símbolos a Serem Utilizados .......................................... 23 6.2 Alunos que Necessitam de C.A.A. ............................................................... 24 6.3 Avaliando o Aluno ........................................................................................ 25 6.4 Definindo o Sistema a Ser Utilizado ............................................................. 26 6.5 Disposição do Sistema de Comunicação ..................................................... 26 6.6 O Que o Sistema Deve Comunicar .............................................................. 28 6.7 Iniciando o Trabalho Com C.A.A. – Materiais Necessários .......................... 29 6.8 Sistema de Comunicação de Baixa Tecnologia: Confeccionando o Cartão Pictográfico ............................................................................................................ 30 6.9 O Passo a Passo - Iniciando o Trabalho ...................................................... 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 36 1. INTRODUÇÃO Expressar sentimentos, partilhar informações, contar piadas, interagir com os outros, enfim comunicar... Tudo isso faz parte da essência do ser humano. A comunicação é de enorme importância para a vida de uma pessoa, pois contribui para sua autoconfiança e autoestima, e sobretudo para sua qualidade de vida. A comunicação humana implica interações e envolve ações, palavras, sons, gestos, posturas, expressões corporais. A comunicação é o modo como o homem se expressa, trabalha, se diverte e ama. A maior parte dos conhecimentos aprendidos pela criança durante a infância surge das relações com outros - adultos ou crianças. Do que lhe contam e explicam, mas também ouvindo e vendo o que outros dizem e fazem. Por estas interações, aprendem a comunicar-se, conhecem os significados dos objetos, das expressões faciais, dos gestos, dos movimentos e da fala. Desta forma a criança adquire conceitos e apropria-se de conhecimentos. “A comunicação é a chave da aprendizagem” — Downing; 1999. Desde a infância, o ato de expressar-se está associado as experiências de autonomia, auto-respeito e autoestima. Por sua vez estes aspectos se encontram relacionados com a possibilidade de expressar interesses, desejos, sentimentos, escolher o que se quer, ou não, e de comentar situações. Criança com dificuldades no funcionamento comunicativo está limitada em seu acesso à informação, restringindo assim o conhecimento do que se passa a sua volta e limitando sua participação nas atividades familiares, escolares e sociais. A dificuldade de comunicação pode reduzir as oportunidades de: Expressar sentimentos, afeto e desejos; Compartilhar e trocar experiências; Questionar, descrever ou comentar situações de seu dia. Considerando estes aspectos, desenvolver as capacidades comunicativas destas crianças, significa dar a ela maior compreensão do que acontece a sua volta, possibilidade de expressar suas necessidades, anseios e sobretudo devolver-lhe a chave da aprendizagem em todos os seus aspectos. Retirando-lhe do isolamento e da frustração. Sendo assim, entendemos que é extrema a importância do uso de técnicas e estratégias para minimizar ao máximo possível as dificuldades imposta pela deficiência na comunicação. Normalmente as crianças que apresentam essas dificuldades, vivem isoladas em seu próprio mundo, são introspectivas, tristes e solitárias. É, portanto, necessário, “alargar as suas possibilidades de progredir e facilitar seu desenvolvimento neste domínio, usando formas alternativas de comunicação, de modo a poderem entender melhor o mundo que as cerca e serem mais facilmente compreendidas pelos outros” (Downing. 1999). Esta é uma das formas que o educador poder auxiliar no desenvolvimento da comunicação da criança. Gleason (1995) e Mac Farland & McLetchie (s/d) enumeram algumas condições essenciais para se estabelecer essa relação, são elas: Reconhecer e responder aos seus comportamentos; Levá-la a aceitar a presença do outro e a divertir-se na interação; Usar as rotinas significativas para a criança de uma forma consistente com início, meio e final bem definidos; Realizar atividades em conjunto de forma que a criança possa aprender por imitação; Dar “pistas” sobre o que irá acontecer; Encorajar a criança a aprender mais sobre seu mundo, para poder reconhecer que é um ser diferenciado dos outros: Ajudá-la a compreender que as coisas de que falamos podem não estar próximas de nós; Dar oportunidades de experimentar várias situações em que possa controlar o que acontece. Ao longo do processo de aprendizagem o papel do adulto na interação com a criança é importante no sentido de poder fornecer materiais e oportunidades de aprendizagem e partilhar com ela as suas experiências. Por isso o papel do educador deve ser o de facilitar a aprendizagem, deixando a criança aprender da forma mais participativa e ativa possível, brincando. Para isso o educador pode usar de estratégias relacionadas ao ambiente da sala de aula e a interpretação de seus comportamentos comunicativos. 2. CONHECENDO A COMUNICAÇÃO ALTERNATTIVA Um dos maiores desafios para a TECOLOGIA ASSISTIVA é criar ferramentas e métodos que permitam que pessoas com deficiências motoras e da fala possam se comunicar. Isso deu origem a uma área de estudos e técnicas chamada Comunicação Alternativa. Sendo fundamental para que pessoas com deficiências que limitam sua capacidade comunicacional melhorem sua qualidade de vida. Afinal, é a partir das suas ferramentas e técnicas que essa habilidade é desenvolvida de maneira adequada. 2.1 Sobre a Comunicação Alternativa O que é comunicação? É transmitir oralmente uma mensagem? É a ação de um emissor enviar uma mensagem a um receptor? É possível viver semcomunicação? Essas questões são de grande importância para elucidar o conceito de comunicação. Conforme já comentado a comunicação é a possibilidade de uma pessoa expressar uma mensagem de forma diversificada e possibilita a interação entre as pessoas nos diferentes ambientes que estão ao seu redor. Cada um de nós possui variados modos de comunicar: com o olhar, o sorriso, movimentos corporais, com o corpo ou partes do corpo etc. Por exemplo: acenar com o braço para dizer “tchau” ou para chamar um táxi na rua e balançar a cabeça para dizer “sim” ou “não”. Com os gestos corporais, comunicamos nossas vontades, interesses, concordâncias ou discordâncias, emoções, sentimentos. A comunicação entre pessoas é marcada e complementada por vários elementos comunicativos que PROF! A comunicação é um marco histórico que revolucionou o mundo, desde os primatas até os dias atuais. A tecnologia avançou a passos largos e a comunicação teve seu contributo na medida em que o tempo passava, e ela estava sempre presente. A comunicação foi e continua a ser o elo mais importante da evolução humana, fez o grande diferencial entre o hoje e o ontem. Será a mola propulsora entre o hoje e o amanhã e será uma grande força contributiva de um futuro bem próximo (BRAGANÇA, 2009). permitem compreender o outro e, também, ser compreendido. (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 3) O sistema de comunicação humana consiste em diversos sinais que podem ser gestos, sons, signos linguísticos que possuem significados singulares ou universais, transmitidos por via de comunicação natural e/ou alternativa. O livro - O Corpo Fala, de Weil e Trompaço (2001), é um clássico da literatura que descreve de maneira brilhante as diversas modalidades da linguagem não verbal do corpo humano, apresentadas como ferramentas de comunicação, de troca mútua entre pessoas. Os autores convidam o leitor a interagir com o texto por meio de recursos como desenhos e personagens. Explicam o processo de comunicação emissor-informação-receptor, desde a emissão da informação até a recepção e decodificação pelo receptor, que interpreta e dá um significado à mensagem. “O tema abrange a comunicação psicossomática inconsciente do próprio leitor e por isso o fascina, diverte, desafia e esclarece ao mesmo tempo!” (WEIL; TOMPAKOW, 2001, p. 4). A comunicação é um recurso essencial ao homem, é um indicador da evolução da espécie humana. Por isso, quando nos deparamos com pessoas com deficiência que não conseguem se comunicar bem, nos incomodamos. Isso acontece, por exemplo, quando temos à frente uma pessoa com paralisia cerebral ou sequelas na área da fala, ou uma pessoa surda que deseja comunicar algo e não consegue. Nesses momentos, a comunicação alternativa é uma importante aliada. Em educação especial, a expressão comunicação alternativa e/ou suplementar vem sendo utilizada para designar um conjunto de procedimentos técnicos e metodológicos direcionado a pessoas acometidas por alguma doença, deficiência, ou alguma outra situação momentânea que impede a comunicação com as demais pessoas por meio dos recursos usualmente utilizados, mais especificamente a fala (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 4). “Comunicação alternativa e aumentativa (CAA): refere-se a qualquer meio de comunicação que complemente ou substitua os meios usuais de fala ou escrita. A comunicação é aumentativa quando o indivíduo utiliza um outro meio de comunicação para complementar ou compensar deficiências que a fala apresenta. Possui alguma comunicação, mas essa não é suficiente para suas trocas sociais. A comunicação alternativa ocorre quando o indivíduo utiliza outro meio para se comunicar ao invés da fala, pelo fato de estar impossibilitado de articular ou produzir sons adequadamente” (SONZA, 2013, p. 255 apud FERNANDES, 2000). Inseridos na sociedade informacional, globalizada, e preocupados com acessibilidade comunicacional, nos interrogamos sobre as formas alternativas de comunicação. O que é preciso construir para ajudar uma pessoa a comunicar suas vontades, conversar com os demais? Nesse ponto insere-se a comunicação alternativa. 2.2 Definindo um Sistema de Comunicação Alternativa A comunicação alternativa (suplementar ou ampliada, como termos sinônimos) enfatiza diferentes modalidades de comunicação com finalidades definidas a partir da necessidade do usuário, que podem ser, segundo Deliberato e Manzini (2006): Propiciar uma comunicação alternativa para o usuário; Criar recursos de manutenção da comunicação alternativa para o usuário. Os autores supracitados sugerem ainda duas dimensões às comunicações alternativas: Comunicação apoiada; Comunicação não apoiada. A comunicação apoiada indica que os recursos para a comunicação utilizam apoios de expressão linguística que estejam fora do corpo do usuário e que recebem ajuda de outra pessoa, assim, “são objetos reais, miniaturas de objetos, pranchas de comunicação com fotografias, desenhos e outros símbolos gráficos e, ainda, os sistemas computadorizados” (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 5). Em decorrência das dificuldades motoras, certos usuários de recursos de comunicação apoiada vão, também, depender de alguém para selecionar e indicar os estímulos necessários para que seja interpretado. É o caso dos alunos que necessitam de uma outra pessoa para realizar o manuseio do material confeccionado, apontando as figuras ou as fotos necessárias para estabelecer uma comunicação. A pessoa que auxilia vai indicando uma figura após a outra até que a escolha seja feita (sistema de varredura na linha e/ou na coluna). Após a seleção da figura pelo usuário, há necessidade de retomar novas seleções. Há alunos que conseguem selecionar os estímulos pelo olhar ou pelo apontar com a língua, mas não conseguem virar uma página ou PROF! Leia o livro - O Corpo Fala: a linguagem silenciosa da comunicação não verbal, de Wel e Tompakow (2001). E Assista ao vídeo O que é comunicação? Construa uma breve resposta para a pergunta: qual a importância da comunicação para o homem? Disponível no youtube. pegar uma prancha temática. Nessas situações, também, esses alunos necessitam de auxílio do professor (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 5, grifo nosso). A comunicação não apoiada indica que os recursos de comunicação estão na pessoa, ou, em outras palavras, o “banco de comunicação” é dela mesma, “tais como os sinais manuais, expressões faciais, língua de sinais, movimentos corporais, gestos, piscar de olhos para indicar ‘sim’ ou ‘não’” (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 5-6). As expressões são totalmente produzidas pelos seus usuários, ou seja, ela é realizada por meio das ações que o próprio aluno pode produzir, sem o auxílio de outra pessoa ou de equipamentos. Cabe salientar que o uso da escrita, assim como o da língua de sinais, é um recurso importante quando o aluno não tem a possibilidade de falar, pois estabelece uma comunicação face a face. Embora sejam possibilidades comunicativas importantes, tanto a escrita como a língua de sinais requerem habilidades motoras e, nesse sentido, nem todos os alunos com deficiência física têm possibilidade de utilizá-las (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 6, grifo nosso). Para selecionar, planejar e aplicar um sistema de comunicação, Manzini e Deliberato (2006) advertem que temos que estar atentos ao ambiente individual e do entorno do aluno e, também, aos dispositivos legais voltados à acessibilidade, desenho universal, CIF, entre outros. Para essa tarefa, os autores descrevem algumas das propriedades que devem ser atendidas pelo sistema de comunicação alternativa: O sistema utilizará objetos concretos? O sistema será composto por fotografias, figuras ou desenhos? Terá como base um sistema de símbolos gráficos (pictográficos, ideográficosou aleatórios)? O sistema será combinado? Far-se-á uso da ortografia? O sistema será composto por sistemas gestuais? Esses autores observam ainda: Para fazer esse delineamento é necessária uma avaliação do aluno (DELIBERATO; MANZINI, 1997), e também da participação do professor, da família, do fonoaudiólogo e, se possível, de uma equipe para avaliar as possibilidades do aluno e da situação. Em linhas gerais, para avaliar o aluno e a situação na qual o sistema será utilizado, deveremos verificar: 1. As habilidades físicas do usuário: acuidade visual e auditiva; habilidades perceptivas; fatores de fadiga; habilidades motoras tais como preensão manual, flexão e extensão de membros superiores, habilidade para virar páginas; 2. As habilidades cognitivas: compreensão, expressão, nível de escolaridade, fase de alfabetização; 3. O local onde o sistema será utilizado: casa, escola, comunidade; com quem o sistema será utilizado: pais, professores, amigos, comunidade em geral; 4. Com qual objetivo o sistema será utilizado: ensino em sala de aula, comunicação entre amigos. Dessa forma, é importantíssimo fazer um levantamento das habilidades já existentes e do potencial do aluno, uma vez que o recurso alternativo de comunicação dará possibilidade ao professor de trabalhar aspectos da compreensão e expressão da linguagem do aluno. Tendo em mãos os dados dessa avaliação, é possível preparar o recurso a ser utilizado, ou seja, qual será a forma desse recurso, por exemplo, se ele deverá conter um vocabulário específico para a sala de aula ou para outra situação, se haverá um vocabulário básico com figuras acoplado com letras, ou mesmo com objetos (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 6-7). 2.3 Comunicação Alternativa Aplicada à Educação Pensar sobre a comunicação alternativa aplicada à educação é refletir sobre os princípios da educação atual sustentada na ética e na cidadania, para o pleno desenvolvimento do ser humano; uma educação que valoriza o acesso e a permanência do aluno no espaço escolar. É a escola para todos. Santos (2007), quando reflete sobre os indicadores de uma escola atual, identifica como sendo aquela que foca seu trabalho com as diferenças em sala de aula, no contexto da diversidade cultural, em ações que desenvolvam o trabalho com as diferenças e os variados ritmos de aprendizagem do alunado. Transformação das dinâmicas e das metodologias utilizadas em sala de aula: organização dos tempos e espaços com características individuais, em dupla, em pequeno grupo e em grande grupo, viabilizando a ocorrência não apenas de ensino, mas de aprendizagens que ocorrem nas interações professor e alunos. Reorganização do tempo e espaço de forma flexível: o Projeto escolar pressupõe flexibilidade de horários (aulas geminadas, aulas curtas etc.) e ocupação de outros espaços que permitam ritmos e atividades diversificados. Formação em serviço: a aprendizagem permanente não para e o desafio de uma educação de qualidade está sempre presente para que os estudos contínuos aconteçam sempre (SANTOS, 2007, p. 27). Esses sinais revelam o quanto a escola é coerente com os dispositivos legais para o desenvolvimento do indivíduo, alicerçada no paradigma da inclusão: autonomia, empoderamento e independência. Esses sinais revelam o quanto a escola é coerente com os dispositivos legais para o desenvolvimento do indivíduo, alicerçada no paradigma da inclusão: autonomia, empoderamento e independência. Uma boa via na efetivação do paradigma, segundo Galvão (2012), está na atitude paciente, respeitosa ao ritmo da criança, e persistente ao estímulo, por parte do professor, no enfrentamento dos obstáculos cotidianos. Um exemplo: A escola ao lidar com o aluno surdocego precisa estar ciente da importância da comunicação para este aluno, compreendendo, por exemplo, que não basta o aluno surdocego usar gestos e sons que só ele entende. É preciso que as suas formas de expressão estejam inseridas em um sistema linguístico, seja este baseado na língua oral ou gestual. Ou seja, para facilitar o acesso do aluno aos conteúdos escolares é importante conhecer as peculiaridades que envolvem a sua comunicação, acolhendo os limites e possibilidades das formas de comunicação usadas pelos alunos (GALVÃO, 2012, p. 333). Ressalta-se a importância da aplicabilidade das Ajudas Técnicas, especificamente da comunicação alternativa, para assegurar e viabilizar as políticas públicas educacionais à pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida ou idosa. Desse modo, a educação favorece o acesso, participação e qualidade de vida por parte de todas as pessoas. Devendo assim estarem integrados aos recursos da sociedade informacional e ao currículo escolar. PROF! Leia o texto “Audiodescrição – recurso de acessibilidade para inclusão cultural das pessoas com deficiência”, da autora Lívia Maria Villela de Mello Motta. 3. SISTEMAS ALTERNATIVOS DE COMUNICAÇÃO Os sistemas alternativos de comunicação são representados por marcadores como gestos, alfabeto digital, signos, fotos, figuras e desenhos. Os sistemas alternativos mais populares no Brasil são: Blissymbols (Bliss), Picture Communication Symbols (PCS) Pictogram Ideogram Communication Symbols (PIC). Sonza (2013, p. 255) destaca que os sistemas de comunicação aumentativa e alternativa se referem aos componentes (símbolos, gestos, recursos, estratégias e técnicas) utilizados pelos indivíduos para comunicação. Podem ser manuais ou gráficos, sendo que os primeiros são aqueles que não requerem ajuda externa, como: gestos, alfabeto digital e Libras (sem as flexões), além de outros marcadores gramaticais complexos que venham a ser utilizados por ouvintes. 3.1 Sistema Bliss [...] os símbolos são compostos por um número pequeno de formas, os elementos simbólicos. Esses são combinados para representar milhares de significados. Os símbolos podem ser: Pictográficos (desenhos que parecem com aquilo que desejam simbolizar); Arbitrários (desenhos que não possuem relação pictográfica entre forma e aquilo que desejam simbolizar); Ideográficos (desenhos que simbolizam a ideia de algo, criam uma associação gráfica entre símbolo e o conceito que ele representa); Compostos (grupos de símbolos agrupados para representar objetos e ideias) (SONZA, 2013, p. 256). Esse sistema é conhecido como visual gráfico representado por símbolos pictográficos - parecem-se com o que representam, que estão acompanhados do seu significado e que representam pessoas, objetos, ações, conceitos, sentimentos. Estão dispostos num quadro com determinada ordem e significado e vantagens, pois pode ser utilizado em casa, na escola ou em qualquer outro local, visto o quadro ser fácil de transportar. É de fácil compreensão visto que em cima de cada símbolo existe a palavra escrita e é fundamental para a aprendizagem da leitura e da escrita, reforça a construção correta das frases e o reforço visual é constante. Destina-se a crianças com déficits auditivos, visuais, mentais, autistas, atrasos de desenvolvimento de linguagem, entre outros. Com o objetivo de que a criança adquira uma maior independência, haja um desenvolvimento da linguagem, uma interação sócia familiar melhorada e exista uma estimulação intelectual. Figura 1: Exemplo de sistema Bliss Fonte: (SANTOS, 2017). 3.2 Sistema PCS [...] é basicamente pictográfico. Criado para indivíduos com comprometimento na comunicação oral e que não compreendem o sistema ideográfico. Segue a mesma divisão sintática e cores dos Símbolos Bliss (FERNANDES, 2000 apud SONZA, 2013, p. 256). Sistema PIC (Pictogram Ideogram Communication): os “Pictogramas” são um sistema que foi concebido com o objetivo de possibilitar a comunicação e assim estimular e desenvolveras capacidades de percepção e conceitualização de pessoas impossibilitadas de comunicar oralmente. Pode ser usado por crianças e jovens com atrasos acentuados no desenvolvimento intelectual, com dificuldades na fala e/ou com problemas a nível perceptivo. Este método é composto por 400 símbolos que englobam mais de 400 conceitos. Os símbolos graficamente são constituídos por figuras brancas, aperfeiçoadas, sobre um fundo preto, para reduzir as dificuldades de discriminação entre figura e fundo. Podem ser agrupadas por áreas de interesse, facilitando assim à criança a construção de frases Figura 2: Exemplo sistema PIC. Fonte: (SANTOS, 2017). 3.3 Sistema PECS - Picture Exchange Communication System Forma um sistema de comunicação completo e foi originalmente desenhado para criar, rápida e economicamente, recursos consistentes de comunicação. Este é o método de comunicação mais utilizado com autistas, desde os primeiros anos de vida. Foi originalmente desenvolvido para crianças do espectro autista em idade pré- escolar, mas atualmente é usado por crianças e adultos com perturbações do espectro do autismo e outros diagnósticos que apresentem dificuldades na fala e na comunicação. Através deste método, a criança autista consegue desenvolver a fala, pois tenta responder a todas as necessidades e desejos, desde os mais básicos aos mais complexos. Os cartões com fotos de objetos que significam coisas que a criança necessite, como: “beber água”, “comer”, “ir ao banheiro” ou “brincar” fazem com que a criança comunique tudo aquilo que precisar naquele momento. O PECS tem como objetivo ir ao encontro daquilo que atrai as crianças, como alimentos, bebidas, brinquedos, livros. Depois de se conhecerem as preferências da criança são feitas imagens desses objetos que, posteriormente, serão apresentadas e oferecidas a esta. Lentamente, é retirada a ajuda física para apanhar a imagem, para que a criança comece a desenvolver a iniciativa de iniciar a interação, pegando na imagem e entregando-a ao terapeuta. Progressivamente, o grau de dificuldade será aumentado, a ponto de o sistema ensinar a criança a criar enunciados simples a partir das imagens e de uma sequência de frases. Figura 3: Exemplo de PECS Fonte: (SANTOS, 2017). 3.4 Sistema SPC - Símbolos Pictográficos Para a Comunicação É constituído por desenhos a preto que representam substantivos, verbos e adjetivos. O fundo sobre o qual o símbolo é desenhado pode ser branco ou de outra cor. É normal o emprego de cores comuns aos vários gêneros (substantivos, verbos e adjetivos). O SPC é apropriado para ser utilizado, tanto por pessoas cujas necessidades comunicativas sejam equivalentes a um nível de linguagem simples (necessitando de um vocabulário limitado e de estruturar frases relativamente curtas) como por pessoas com níveis de linguagem mais elaborados (que necessitam de utilizar uma gama de vocabulário muito vasta, com possibilidades de estruturar frases de maior complexidade). Pode assim considerar-se como um sistema flexível que pode evoluir, ajustando-se às necessidades comunicativas do seu utilizador. Figura 4: Exemplo de SPC Fonte: (SANTOS, 2017). APRENDA MAIS: Sugerimos a leitura do artigo: “Desafios para a tecnologia da informação e comunicação em espaço educacional inclusivo”, dos autores Amanda Meincke Melo, Janaína Speglich de Amorim, M. Cecília C. Baranauskas e Susie de Araujo Campos Alcoba. Publicado no XXV Congresso da Sociedade Brasileira de Computação. 4. ESTRATÉGIAS NOS RECURSOS PARA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA Para identificar o recurso de comunicação alternativa mais adequado às necessidades do aluno com deficiência, Manzini e Deliberato (2006) descrevem o banco de ideias, com a finalidade de instrumentalizar o professor na seleção do recurso que atenda ao estilo de aprendizagem e garanta acessibilidade instrumental e comunicacional ao aluno. A seguir apresentamos o banco de ideias composto por cinco temas principais. 4.1 Adaptação do Formato dos Recursos Pastas e fichários: tipos, cores e tamanhos variados que atendam às características físicas e motoras do aluno. Pranchas com estímulos removíveis: por exemplo, álbuns de fotografias, de desenhos. Prancha temática: figuras com tema específico, por exemplo, materiais de higiene pessoal. Prancha fixa na parede: o professor pode fixar figuras relacionados ao TEMA da aula. Prancha fixa sobre a carteira: para alunos que apresentam movimentos involuntários. Pasta frasal: como um cardápio com figuras que representam ações (com verbos). Prancha frasal: utilizada para construir textos com aluno. 4.2 Tipos de Estímulos e Estratégias Utilizados Podem ser compostos pelo próprio objeto, ou seja, mais próximos do real, proporcionando melhor manuseio para o aluno. Objeto concreto e sua representação: por exemplo, laranja, banana. Miniaturas: por exemplo, animais, brinquedos. Símbolos gráficos: utilizam-se fotos ou figuras com os nomes dos objetos representados. Figura temática: figuras com identificação dos nomes. Fotos e figuras de atividade sequencial: usadas para comunicar relato de experiência. Símbolos gráficos com fundo diferente: cores contrastantes facilitam a comunicação. Misto: integram mais de um estímulo. Gestos: usam-se partes do corpo. Expressões faciais: os olhos podem expressar vontades, interesses. 4.3 Quantidade de Estímulos Utilizados Planejados para o trabalho com aspectos de percepção visual, auditiva e sinestésica. Estímulo único: uma figura, um desenho. Dois estímulos: composição de figuras, fotos, desenhos. Vários estímulos: integram mais de um estímulo, auxiliam na interação professor-aluno. Recursos para a comunicação alternativa. 4.4 Participação do Usuário na Construção do Recurso Para selecionar os objetos, fotos ou figuras dependendo do usuário. Seleção dos estímulos. Confecção do recurso. Organização do recurso. 4.5 Ambientes e Parceiros de Comunicação Alternativa Facilitam a interação e a participação entre todos na escola. Parceiros de comunicação alternativa. Participação da família. Finalmente, conforme Manzini e Deliberato: A aparência do recurso em si pode ser muito simples, porém, o seu processo de implementação necessita ser pensado, elaborado e testado em situação prática. [...] um recurso só adquire funcionalidade para comunicar mensagens quando conseguimos identificar as potencialidades de nossos alunos e adequamos o meio para que essas potencialidades possam ser expressas. Feito isso, estaremos dando voz a nossos alunos, que é uma das primeiras formas para a construção de uma sociedade inclusiva (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 42). Os autores destacam o quão fundamental é a comunicação alternativa e como o seu planejamento e uso devem ser cuidadosos. Inicialmente deve-se conhecer o ambiente pessoal e o do entorno do aluno para que se preserve a natureza do recurso como um mediador no processo de acessibilidade que promove a qualidade de vida. O aluno é um parceiro importante na escolha do recurso para a sua aprendizagem, para a conquista da vida independente, para a autonomia e para o exercício da cidadania. 5. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA – DESENVOLVENDO AUTONOMIA A comunicação alternativa desenvolvendo autonomia atende as prerrogativas da ONU – Organização das Nações Unidas e da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) – quando descrevem as três dimensões dos direitos humanos: 1. As liberdades individuais ou direito civil; 2. Os direitossociais; 3. Os direitos coletivos da humanidade conjugam os direitos e as liberdades individuais e os deveres para com a comunidade em que se vive. A comunicação alternativa disponibiliza ao usuário uma comunicação eficiente e eficaz, que explora as diversas possibilidades da linguagem, respeita as diferenças individuais e a diversidade humana. Ao interagir com as práticas pedagógicas, identifica-se o estilo de aprendizagem do aluno e assim elimina-se qualquer barreira que impede o aprender e o sucesso escolar do aluno, ou seja, respeita-se o conhecimento prévio do aluno e trabalha-se com a zona de desenvolvimento proximal. A zona de desenvolvimento proximal refere-se, assim, ao caminho que o indivíduo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu desenvolvimento real. A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um domínio psicológico em constante transformação: aquilo que uma criança é capaz de fazer com ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã (OLIVEIRA,1993). A educação nos dias atuais tem por meta a autonomia do aprendiz, o uso da criatividade no enfrentamento e na resolução dos problemas cotidianos. O professor é quem apresenta os desafios ao aprendiz e colabora na pesquisa de recursos e de instrumentos de resolução da problemática em sala de aula. Assim, ele oferece as condições no ambiente de aprendizagem. As tecnologias assistivas e a comunicação alternativa são aliadas essenciais quando o professor tem um aluno com deficiência na sala de aula. Possibilitam a construção de recursos de acessibilidade nas suas diferentes dimensões: metodológica, instrumental, comunicacional, atitudinal e arquitetônica. Nas últimas décadas tem se consolidado a concepção que considera o processo de aprendizagem resultado da ação do aprendiz. Por isso a função do professor é criar condições para que o aluno possa exercer sua função de aprender participando de situações que favoreçam isso. Nesse sentido, com relação aos alunos com deficiência, torna-se indispensável a criação de condições de aprendizagem pelo professor por meio da construção de recursos de acessibilidade. 5.1 Programas Geradores de Autonomia e Auxiliares na Comunicação Alternativa I. Sistema Plaphoons – software de comunicação para pessoas com limitações graves. Finalidade: construir mensagens para que a pessoa possa comunicar suas vontades e interesses. Usado para leitura e escrita. O programa permite criar pranchas e pode ser utilizado como editor de pranchas, prancha de comunicação, comunicador. II. Sistema Notevox – da USP laboratório de psicologia. Sistema concebido para servir paralisados cerebrais alfabetizados e portadores de esclerose lateral amiotrófica. Tem três versões: Notevox-teclado, Notevox-mouse e Notevox-chave. III. Sistema Boardmaker – processo computadorizado no qual as pranchas de comunicação são montadas e impressas conforme a necessidade do usuário. O sistema é composto por 3 500 símbolos do tipo PCS e possui suporte para a língua de sinais. É uma ferramenta de autoria que permite construir os recursos de comunicação e aprendizado dos quais o aluno necessitará em cada fase de seu desenvolvimento educacional. Os exemplos e modelos que o Boardmaker possui servem apenas para mostrar aos professores o potencial de criação deste software. LEITURA COMPLEMENTAR Utilização de um sistema de comunicação alternativa e ampliada em alunos com autismo no contexto de ensino regular (TOGASHI; WALTER, 2011) [...] Para von Tetzchner e Martinsen, (1996), a Comunicação Alternativa e Ampliada também chamada de comunicação não oral ou comunicação suplementar refere-se a um ou mais recursos gráficos visuais e/ou gestuais que complementam ou substituem a linguagem oral comprometida ou ausente. A comunicação alternativa engloba aspectos muito mais importantes do que simplesmente o uso de recursos eletrônicos ou pranchas contendo figuras ou pictogramas, ela necessita de interlocutores atentos e interessados em se comunicar com a pessoa que não comunica por meio da fala. O prejuízo linguístico no autismo e nos Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGD) envolve dificuldades na comunicação não verbal, nos processos simbólicos, na produção da fala, nos aspectos pragmáticos da linguagem (PRIZANT et al., 2000), nas habilidades que precedem a linguagem, na compreensão da fala, no uso de gestos simbólicos e das mímicas (PERISSINOTO, 2003; TOMAZELO, 2003; VON TETZCHNER et al., 2004). Pessoas com autismo apresentam sinais e sintomas bastante peculiares, tornando a relação ainda mais delicada, uma vez que são caracterizados por apresentarem alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e de atividades restrito, estereotipado e repetitivo (WALTER, TOGASHI E LIMA, 2011). Zilbovicius, Meresse e Boddaert (2006) definem o autismo infantil como um grave transtorno do desenvolvimento, onde a aquisição de algumas das habilidades importantes para a vida humana é seriamente comprometida. Ainda para estes autores, o distúrbio prejudica a interação social, deficiências na comunicação verbal e não verbal, limitação das atividades e interesses, além de padrões de estereotipias no comportamento. Estes e outros fatores tornam delicado o processo de inclusão escolar para o grupo com o diagnóstico de TGD. O atendimento escolar a esta clientela ainda necessita de muitos ajustes e melhorias para que suas necessidades possam ser atendidas satisfatoriamente. As características de pessoas com autismo podem assustar o professor que terá de lidar diretamente com o aluno, principalmente se este apresentar grande comprometimento na linguagem, dificultando o seu convívio na escola, em casa e no desenvolvimento social (WALTER, 2011). Deste modo, alunos com autismo que apresentam dificuldades na comunicação oral e que estão incluídos em escolas de ensino regular, tornam esta relação de ensino- -aprendizagem muito delicada, podendo prejudicar ou impedir parte ou todo o processo de ensino-aprendizagem desses sujeitos. Portanto, o processo de inclusão de alunos com autismo no contexto regular tende a ser ainda mais delicado, uma vez que o comprometimento na comunicação, interação social e a presença de padrão restrito e repetitivo de comportamento podem acarretar prejuízos no sucesso deste aluno na sala de aula regular caso não haja um direcionamento eficaz, uma vez que o fato de o autismo ser tão complexo pode ser um fator que dificulte a entrada de pessoas com esse diagnóstico em escolas (GOMES; MENDES, 2010). 6. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA O termo Comunicação Alternativa e Ampliada (C.A.A.), de acordo Glennem (1997), é definido por outras formas de comunicação além da modalidade oral, como o uso de gestos, língua de sinais, expressões faciais, o uso de pranchas de alfabeto, símbolos pictográficos, uso de sistemas sofisticados de computador com voz sintetizada, dentre outros. Dessa forma, a comunicação é considerada alternativa quando o indivíduo não apresenta outra forma de comunicação e, considerada ampliada quando o indivíduo possui alguma forma de comunicação, mas essa não é suficiente para manter elos comunicativos e estabelecer trocas sociais. Vários são os sistemas de CAA disponíveis no mercado. Os profissionais da educação e saúde podem optar por Recursos de baixa tecnologia; Recursos de alta tecnologia. Os Recursos de Baixa Tecnologia referem-se a recursos mais acessíveis que possibilitama comunicação quando inexiste a linguagem oral, podendo ser representados através de gestos manuais, expressões faciais, código Morse e signos gráficos como a escrita, desenhos, gravuras, fotografias. Podem ser também utilizados o Sistema de Símbolos Bliss, Pictogram Ideogram Communication System – PIC, Picture Communication Symbols – PCS. Os símbolos utilizados nesses sistemas podem ser trabalhados em pranchas, painéis, carteiras ou outra forma acessível a quem utilize. Os Recursos de Alta Tecnologia oferecem sistemas de comunicação mais sofisticados, com utilização do computador. São eles: Bliss-Comp, PIC-Comp, PCS- Comp ImagoAnaVox, comunique, dentre outros. 6.1 Classificação dos Símbolos a Serem Utilizados Os símbolos são as formas de representação de objetos, pessoas, ações, relações e conceitos. São utilizados para expor o pensamento. Podem ser acústicos, gráficos, gestuais, expressões faciais, movimentos corporais, táteis. A classificação dos símbolos pode também ser diferenciada entre comunicação assistida ou não assistida (LLOYD, QUIST e WINDSOR, 1990, apud NUNES 2002). Para a comunicação não assistida, não são necessários símbolos na reprodução do pensamento, apenas o corpo do indivíduo. Já na comunicação assistida, o indivíduo necessita de materiais como objetos, palavras escritas, fotografias e outros para se comunicar. A comunicação assistida é ainda entendida como estática e permanente. Na comunicação estática e permanente podem ser usados objetos, código Morse, figuras diversas, símbolos Bliss, PIC, alfabeto escrito, Braille, podendo ser explorados de forma dinâmica, seja por meio de mímica, voz digitalizada, língua de sinais ou computador. Cada cultura percebe o significado dos símbolos através de sua iconicidade, podendo ser estabelecidos como translúcidos, transparentes ou opacos. Os símbolos translúcidos estão relacionados a referentes específicos ou ideográficos (conceito), sendo colocados em forma de símbolos pictográficos. Os transparentes, por sua vez, são colocados em forma de miniaturas de objetos, fotografias, pictográficos, de maneira que mantenham semelhança física ao objeto que se referem. Já os símbolos opacos necessitam de ensino, pois não são claros, ou seja, não é legível, podendo ser representados por convenções sociais, referindo-se a objetos ou a conceitos (NUNES, 2002). 6.2 Alunos que Necessitam de C.A.A. A C.A.A. pode ser utilizada junto à população de paralisados cerebrais, pessoas com deficiência mental e autistas. Contudo, a Comunicação Alternativa aqui apresentada pretende atender a todos as deficiências, já que o material visual além de subsidiar as questões linguísticas, pode também contribuir para a aquisição de conhecimentos de forma geral, pois o educando com necessidades especiais trabalhado adequadamente pode compreender o mundo que o cerceia. Assim, a população que necessita de formas alternativas de comunicação, de acordo com Nunes (2002) pode integrar um dos seguintes grupos: i.Linguagem expressiva; ii.Linguagem de apoio; iii.Linguagem alternativa. O primeiro grupo refere-se aos indivíduos que compreendem a linguagem oral, tendo dificuldades na fala por apresentarem problemas fono-articulatórios, devendo recorrer a outras formas de comunicação. Já no segundo grupo estão os indivíduos com atraso no desenvolvimento da fala, que apresentam dificuldades, como paralisados cerebrais, portadores de Síndrome de Down e outros, que pode utilizar-se de recursos alternativos de comunicação temporariamente, apenas para alcançarem-na. O grupo da linguagem alternativa engloba indivíduos com grande defasagem na comunicação, como autistas, pessoas com deficiência mental severa, surdos. Nesses casos se faz necessária a comunicação alternativa para subsidiar essa dificuldade. 6.3 Avaliando o Aluno É notório que crianças, adolescentes e adultos com necessidades de CAA apresentam níveis de competência linguística diversificados. É necessário conhecer o aluno antes de introduzir um sistema de CAA, o qual deve ser elaborado com base numa avaliação para o aluno estabelecer elos comunicativos. Assim, o professor junto à equipe pedagógica, quando houver, deverá avaliar o aluno e a situação na qual o sistema será utilizado para determinar o que será mais útil e funcional, verificando aspectos tais como: Competências linguísticas: Verificar a capacidade de comunicação em diferentes contextos com diferentes pessoas; Formas de expressão: Verificar como o aluno se expressa e se compreende o que os outros expressam. Ex. O aluno entende tudo o que você fala? Ele puxa pela mão e leva até o objeto/lugar de interesse, emite sons, usa determinados lugares para expressar alguma necessidade? Lembre-se: é difícil obter uma ideia clara do nível de compreensão. Há muitos exemplos em que se atribui um elevado nível de compreensão a crianças/jovens, na realidade, quando são avaliados, demonstram não compreender as palavras, mas sim os gestos que as acompanham ou outros dados específicos da situação. Formas não verbal auxiliam na compreensão da linguagem oral Habilidades: o Físicas: Avaliar a acuidade auditiva e visual, habilidades motoras (preensão manual, flexão e extensão dos membros superiores), habilidades perceptivas, dentre outras; o Emocionais: Com quem o sistema será utilizado? pais, professores, amigos; o Cognitivas – local onde o sistema será utilizado, verificar nível de escolaridade, compreensão, por parte dos alunos dos acontecimentos cotidianos; Competências de autonomia pessoal; Nível geral de conhecimento; Problemas de comportamento. 6.4 Definindo o Sistema a Ser Utilizado O professor deverá optar por um sistema de CAA considerando as condições de uso pelo aluno conforme avaliação realizada. Após avaliação o professor decidirá qual será o melhor recurso a ser utilizado: Sistema de baixa tecnologia composto por fotografias, figuras, desenho; Sistema composto por objetos concretos em miniaturas; Sistema composto por sistemas gestuais; Sistema de alta tecnologia (pictográficos, ideográficos ou aleatórios – sistemas PIC, computadorizado, Bliss, entre outros); Sistemas combinados; Far-se-á uso da ortografia? Tanto a avaliação quanto a escolha do recurso a ser utilizado, é de suma importância, pois evidenciará as habilidades já existentes no aluno bem como seu potencial de uso. 6.5 Disposição do Sistema de Comunicação O artefato onde o professor dispõe o sistema de comunicação é denominado Prancha de Comunicação. As Pranchas de Comunicação podem ser construídas com materiais simples, ou seja, cadernos, álbuns, quadro de pregas, flanelógrafo, painel de alumínio para fixar cartões com imãs, pastas, coletes, aventais, livros, fichários tipo pasta-arquivo, cavalete de pintura, cartões fixos em chaveiros, dentre outros. (JOHNSON, 1998). Nelas é possível expor figuras, números, símbolos, letras, palavras. As pranchas devem ser personalizadas de acordo com as possibilidades de ação do aluno, ou seja, sua condição motora (ALENCAR, 2002). Figura 5: Exemplos de pranchas de comunicação (a) (b) (c) (d) Fonte: (SANTOS, 2017). Os cartões que compõem o sistema de comunicação devem ficar em local de fácil acesso ao aluno, por exemplo, na carteira, em caixas de sapato, na mesa do professor, dentre outros. 6.6 O Que o Sistema Deve Comunicar Após a avaliação, o professor deverá identificar as necessidades básicas e reais dos alunos quanto a suas necessidades comunicativas mais imediatas para num momento posterior ampliá-lo. Recomenda-se que o professor elabore uma lista para registrar as necessidades comunicativas de seu aluno. Após a identificação das necessidades básicas o professor deveráselecionar imagens, juntamente com o aluno, quando for possível, para compor o sistema. As imagens (fotos; recortes de revistas, encartes, jornais, desenhos) selecionadas devem retratar o objeto, ou seja, o aluno tem que reconhecer nela (imagem) o que de fato quer expressar e/ou comunicar. Lista de algumas necessidades: o Alimentação: Arroz - Feijão - Polenta - Carne moída - Frango - Lingüiça - Salsicha - Sopa- Salada - Cenoura - Berinjela - Chuchu - Repolho - Abobrinha - Couve - Salada de batatas. o Frutas: Laranja - Banana - Maça - Mamão - Manga - Uva - Ameixa - Abacate - Abacaxi - Pêra – Morango. o Lanche Suco Refrigerante Pão Leite Chá Iogurte Bolacha Bolo Chips Canjica o Sala de aula Nomes Agenda Cantar Ouvir música Aula de expressão corporal Recorte e colagem Desenhar Estudar Aula de educação física Aula de informática Aula de artes Ir ao banheiro Beber água o Higiene Pessoal Escovar os dentes Tomar banho Colocar sapatos Tirar sapatos Chinelos Camiseta Blusa Calça Short Tênis Sandália Meia Cueca Calcinha Sutiã Pentear cabelos Shampoo Condiciona dor Desodorante Toalha de banho Batom Esmalte Absorvente Sabonete Bolsa. Cabe ao professor como dito anteriormente, identificar que imagens são prioritárias ao seu aluno e ir acrescentando à lista sugerida acima, sempre que necessário. 6.7 Iniciando o Trabalho Com C.A.A. – Materiais Necessários Neste texto, abordaremos os recursos compreendidos como “baixa tecnologia”, ou seja, confecção de cartões pictográficos utilizando imagens fotográficas para ilustração e imagens de cliparts. Materiais necessários para elaboração do sistema: Tesoura, cola, cola quente; Imagens (Figuras de programas computadorizados, fotografias, gravuras de revistas, jornais, encartes, desenhos, desenhos estilizados, símbolos diversos, palavras, etc.); Papel cartão e/ou cartolina; Contact ou fita adesiva de PVC transparente; Velcro/alfinete ou imã; Fraselógrafo (Painel forrado c/ feltro, emborrachado (EVA) ou revestido de papel pardo disposto em pregas); Caixa de sapatos (pra guardar os cartões); Máquina fotográfica digital (armazenar imagens em CDs); 6.8 Sistema de Comunicação de Baixa Tecnologia: Confeccionando o Cartão Pictográfico Confeccionar um cartão, de 10cmx8cm (sugestão) ou de acordo com as necessidades motoras apresentadas pelo aluno. Após a confecção do cartão, o professor deverá colar ao centro a imagem selecionada referente a uma das necessidades comunicativas do aluno. Figura 6: Exemplo de cartão pictográfico - Beber água Fonte: (SANTOS, 2017). Definindo a cor de fundo do cartão pictográfico: A cor de fundo do cartão deverá ser definida pelo professor, de preferência por categorias, como no exemplo que se segue: a) Cartão vermelho - substantivos; b) Cartão verde – verbos; c) Cartão azul – adjetivos; d) Cartão branco – artigos; e) Cartão amarelo – estórias; e assim sucessivamente. No início do trabalho o professor irá utilizar apenas um cartão (substantivos) para ensinar o aluno a expressar sua necessidade imediata. As outras categorias são utilizadas no momento em que o professor começa a trabalhar a elaboração de sentenças, ou seja, o aluno irá gradativamente ser ensinado a elaborar frases mais complexas com o sistema de comunicação. Contudo, isso só é possível quando ele já domina o uso do sistema para se expressar. 6.9 O Passo a Passo - Iniciando o Trabalho Após o levantamento das necessidades comunicativas apresentadas pelo aluno, o professor deverá trabalhar o reconhecimento das imagens selecionadas. Reconhecimento – O professor mostra ao aluno dois cartões e solicita uma imagem específica. O aluno deverá sinalizar qual é essa imagem por meio de apontamentos com as mãos, com o olhar, com os pés, ou outro recurso de acessibilidade. Recomenda-se num primeiro momento o uso de dois cartões para que o aluno dê a resposta, garantindo assim um percentual de 50% de acerto. Cumpre ressaltar que uma boa parcela dos alunos com alguma deficiência apresenta um histórico de fracasso e de baixa estima, o que justifica esse cuidado inicial com a quantidade de cartões dispostos. Esse reconhecimento de imagens deve ser gradativo e à medida que o aluno se apropria do conceito expresso no cartão pictográfico, o professor poderá dispor um número maior. Esse processo de reconhecimento deve ser feito sempre que se introduz uma nova imagem. Funcionalidade - Para que o sistema seja eficaz o aluno tem que perceber que ele de fato funciona. Assim sendo, quando o aluno, por exemplo, desejar ir ao banheiro, só poderá ir se sinalizar na prancha de comunicação seu desejo. Estratégias - O professor deverá englobar um conjunto de estratégias estruturadas de comunicação visando permitir que os elos comunicativos aconteçam a partir dos símbolos presentes no sistema de comunicação alternativa. Uma das estratégias eficaz de ensino do sistema de CAA é o ensino naturalístico o qual preconiza que: 1. O ensino deve ocorrer no contexto das interações verbais normais da criança/jovem; 2. As habilidades de linguagem e comunicação sejam ensinadas nas atividades rotineiras do ambiente natural da criança/jovem; 3. As tentativas de ensino estejam dispersas ao longo das interações da criança/jovem com seu ambiente; 4. O interesse e a intenção imediata da criança/jovem devem ser o fio condutor de todo o ensino; Devem ser utilizados reforçadores funcionais pela própria criança/jovem; 5. O ensino da forma e do conteúdo da linguagem deve ocorrer no contexto e uso normal desta. (NUNES, 1992 apud ALENCAR, 2002). Comunicação simples – um pictograma - Nessa primeira etapa do trabalho o professor deverá introduzir um número reduzido de cartões pictográficos que compõem o sistema de comunicação. O primeiro passo é o reconhecimento da imagem impressa (símbolo) no cartão pictográfico. Exemplo: O professor apresenta dois cartões. Figura 7: Duas figuras para que o aluno aponte uma Fonte: (SANTOS, 2017). Em seguida o professor solicita ao aluno que aponte o cartão referente ao suco (o tipo de ação solicitada dependerá das condições motoras da criança podendo ser apontar para dar a resposta, piscar, pegar o cartão, dentre outras). Durante essa fase de ensino o professor deverá introduzir os cartões pictográficos, como nas demais fases, gradativamente. Após a fase de reconhecimento das imagens o professor deverá criar condições para que a criança faça uso do sistema para se comunicar. Assim, as pranchas de comunicação, bem como o sistema, deverão estar dispostas de forma que o aluno possa ter acesso a ele sempre que desejar comunicar algo. Exemplo: Se o aluno deseja ir ao banheiro, o mesmo deverá sinalizar (avisar o professor) por meio do sistema (cartões pictográficos) sua necessidade. Para tanto, deverá apontar/pegar o cartão e colocá-lo no quadro de alumínio/fraselógrafo/quadro de pregas. Cumpre frisar que o feedback positivo dado pelo professor é de fundamental importância. Só após essa ação o professor permite que o aluno se retire para satisfazer sua necessidade, garantindo assim que o sistema de comunicação seja funcional. Escrevendo frases simples - Findada essa etapa, o aluno já terá domínio sobre o sistema. O professor poderá então solicitar para que o aluno escreva e leia frases no quadro de comunicação. O aluno deverá ir até o sistema, onde terá um número significativo de cartões pictográficos e localizar o solicitado. Em seguida deverá fixá-lo no quadro. O aluno irá selecionar o pictograma e fixá-lo no painel. Em seguida, a professora deverá solicitarao mesmo que leia o que escreveu, respeitando e elogiando seus esforços de verbalização. Esse procedimento irá contribuir posteriormente na elaboração de frases mais complexas que serão exemplificadas mais adiante. Nessa etapa o professor deverá introduzir uma segunda categoria, aqui denominado sujeitoação, para que o aluno perceba a construção de sentenças e comece a ampliar suas funções comunicativas. O que outrora era expresso com apenas um cartão passará a ser feito com dois. Exemplo: Quando o aluno quer expressar seu desejo de beber água, ele o faz por meio do cartão “água”. Percebe-se que na maioria das solicitações nós pedimos para que algo seja realizado ou satisfeito. Assim sendo, o professor deverá dispor de uma imagem que simbolize o desejo “quero” o qual será subentendido como “eu quero” nessa etapa da intervenção. Figura 8: Modelos de cartão Fonte: (SANTOS, 2017). O professor deverá deixar o cartão “eu quero” fixo no quadro e solicitar ao aluno que escreva uma frase, como por exemplo, “eu quero comer bolo”. Num segundo momento o professor irá dispor esse cartão pictográfico, sujeito- ação, junto ao sistema e reiniciar as atividades de elaboração de frase. O aluno começará a perceber que para formar a frase solicitada ele necessitará de dois cartões, no nosso exemplo um cartão de cor verde e outro vermelho. Nessa etapa, além da função comunicativa, o professor poderá intervir nos aspectos referentes à noção espacial e lateralidade apresentada pelo aluno. A forma como o aluno dispõe os cartões para formar a frase não significa que o mesmo não entendeu o solicitado ou deu uma resposta inadequada. Muitas vezes a lacuna refere-se a noções de lateralidade, a forma como uma escrita convencional, por exemplo, se configura, ou seja, da direita para esquerda. A estratégia de solicitar a leitura da atividade realizada por ele, iniciada na fase anterior “escrevendo frases simples” torna-se primordial, pois possibilita identificar se há erros de interpretação ou de noção de lateralidade. Para além da comunicação – a alfabetização: O estímulo visual, como evidenciado até aqui, auxilia não só a comunicação como também possibilita a aquisição de novos conhecimentos. Apresentamos a seguir algumas sugestões para uso do sistema de comunicação alternativa nas atividades pedagógicas referentes ao início da fase de alfabetização. O professor tem a liberdade de tratar esse aspecto de acordo com os seus pressupostos teóricos, as sugestões configuram-se apenas como recursos para o ensino da leitura e escrita. Dessa forma, poderá iniciar seu trabalho por palavras, por letras, por sílabas, dentre outras possibilidades. Cumpre frisar que no que tange as questões de alfabetização o professor poderá realizar atividades tais como: Pareamentos: a) Pictograma x pictograma; b) Pictograma x palavra c) Pictograma x sílabas d) Palavra x palavra; Suporte para exploração de textos; Instrumento para interpretação de texto; Oferecer ao aluno um material para encaixar as sílabas; Retirar estímulo visual escrito e solicitar que escreva a palavra correspondente ao pictograma apresentado. Outra sugestão é deixar espaço no cartão pictográfico para que o aluno possa inserir a escrita da imagem. Nesse espaço deverá ter “velcro” ou “imã” para que as sílabas possam ser fixadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALENCAR, G. A. R. O direito de comunicar, por que não? Comunicação Alternativa e ampliada a pessoas com necessidades educacionais especiais no contexto de sala de aula. 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