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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA http://www.uniceplus.com.br/ mailto:coordenacao@uniceplus.com.br 2 SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO ........................................................................... 03 UNIDADE 2 - TECNOLOGIA ASSISTIVA E COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR – CONCEITOS E DEFINIÇÕES ESSENCIAIS ................................................... 05 UNIDADE 3 - OS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO ........................................ 13 UNIDADE 4 - ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ............... 32 UNIDADE 5 - RECURSOS, TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS PARA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA ................................................................................................ 41 UNIDADE 6 - AVALIAÇÃO E ESCOLHA DAS ESTRATÉGIAS ..................... 47 UNIDADE 7 - ADAPTAÇÕES CURRICULARES ............................................ 49 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 64 ANEXOS .......................................................................................................... 68 3 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO Vamos iniciar este módulo com uma pequena historinha, mas verdadeira e que pode bater à porta da sala de aula de qualquer um de vocês, educadores e que necessariamente não precisa estar em uma escola especial. Primeiro dia de aula, turma de crianças de 6 anos, num misto de animação, alegria, medo e ansiedade, afinal nunca foram à escola...e na primeira tarefa deparam com uma menina, nome fictício Maria Clara, que fixa os olhos para tentar completar a simples tarefa de colar uma etiqueta no caderno. Primeiro diagnóstico ou identificação do problema: baixa visão. O que fazer? Com certeza não será enviá-la para uma instituição de cegos ou escola que atenda este tipo de clientela, mas sim, utilizar os métodos, estratégias e recursos disponíveis como a Tecnologia Assistiva! Lembrem-se sempre: A tecnologia Assistiva aumenta ou restaura a função humana, proporcionando uma vida independente e produtiva à pessoa com deficiência. A tecnologia Assistiva ou ajudas técnicas, a sala de recursos devidamente equipada, uma dose extra de paciência e carinho com certeza serão grandes aliados de ambos, você e seu aluno portador de alguma deficiência. Ao longo desta apostila veremos os tópicos abaixo relacionados, que somados, formam um arcabouço teórico-prático que pretendemos que sirvam de guia ao longo de sua missão enquanto educador: Conceitos e definições essenciais dentro da Tecnologia Assistiva e Comunicação Suplementar Alternativa (CSA); Conceito para comunicação, os distúrbios e os sistemas como o Bliss, o Braille e outros; O Atendimento Educacional Especializado (AEE); A Baixa e alta tecnologia para CSA; Os recursos, os símbolos, as estratégias para a CSA e como utilizá-los; 4 As adaptações curriculares e as condições de acesso e permanência na escola regular. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se muitas outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir para sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos. 5 UNIDADE 2 - TECNOLOGIA ASSISTIVA E COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR - CONCEITOS E DEFINIÇÕES ESSENCIAIS 2.1 Tecnologia Assistiva A Tecnologia Assistiva engloba as áreas de comunicação alternativa e ampliada (CAA), adaptações de acesso ao computador; equipamentos de auxílio para visão e audição; controle do meio ambiente, adaptação de jogos e brincadeiras; adaptações da postura sentada; mobilidade alternativa; próteses e a integração dessa tecnologia nos diferentes ambientes como a casa, a escola, a comunidade e o local de trabalho (KINQ, 1999 apud PELOSI, 2005). Muitos profissionais podem estar envolvidos no trabalho da tecnologia Assistiva como engenheiros, educadores, terapeutas ocupacionais, protéticos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, oftalmologistas, enfermeiras, assistentes sociais e especialistas em audição. Objetivo da Tecnologia Assistiva: Proporcionar à pessoa portadora de deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação da comunicação, mobilidade, controle do seu ambiente, habilidades de seu aprendizado, competição, trabalho e integração com a família, amigos e sociedade. 6 Tecnologia Assistiva é uma expressão utilizada para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e, consequentemente, promover vida independente e inclusão. Ainda, de acordo com Dias de Sá (2003), a tecnologia Assistiva deve ser compreendida como resolução de problemas funcionais, em uma perspectiva de desenvolvimento das potencialidades humanas, valorização de desejos, habilidades, expectativas positivas e da qualidade de vida, as quais incluem recursos de comunicação alternativa, de acessibilidade ao computador, de atividades de vida diárias, de orientação e mobilidade, de adequação postural, de adaptação de veículos, órteses e próteses, entre outros. O serviço de tecnologia Assistiva na escola é aquele que buscará resolver os problemas funcionais do aluno, no espaço da escola, encontrando alternativas para que ele participe e atue positivamente nas várias atividades neste contexto (BRASIL, 2006). Fazer uso da Tecnologia Assistiva na escola é buscar, com criatividade, uma alternativa para que o aluno realize o que deseja ou precisa. É encontrar uma estratégia para que ele possa fazer de outro jeito. É valorizar o seu jeito de fazer e aumentar suas capacidades de ação e interação a partir de suas habilidades. É conhecer e criar novas alternativas para a comunicação, escrita, mobilidade, leitura, brincadeiras, artes, utilização de materiais escolares e pedagógicos, exploração e produção de temas através do computador, etc. É envolver o aluno ativamente, desafiando-se a experimentar e conhecer, permitindo que construa individual e coletivamente novos conhecimentos. É retirar do aluno o papel de espectador e atribuir-lhe a função de ator (BRASIL, 2007). 2.1.1 Categorias da Tecnologia Assistiva Citamos as várias categorias de TA, agora vamos falar, mesmo que sucintamente sobre cada uma delas, porque o nosso foco é a comunicação alternativa. 7 a) Auxílios para a vida diária e vida prática - Materiais e produtos que favorecem desempenho autônomo e independente em tarefas rotineiras ou facilitam o cuidado de pessoas em situação de dependência de auxílio, nas atividades como se alimentar, cozinhar, vestir-se, tomar banho e executar necessidades pessoais. São exemplos os talheres modificados, suportes para utensílios domésticos, roupas desenhadas para facilitar o vestir e despir, abotoadores, velcro, recursos para transferência, barras de apoio, etc. b) CAA - Comunicação Aumentativa e Alternativa - Destinada a atender pessoas sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Recursos como as pranchas de comunicação, construídas com simbologia gráfica (BLISS, PCS e outros), letras ou palavras escritas, são utilizados pelo usuário da CAA para expressar suas questões, desejos, sentimentos, entendimentos. A alta tecnologia dos vocalizadores (pranchas com produção de voz) ou o computador com softwares específicos, garantem grande eficiência à função comunicativa.c) Recursos de acessibilidade ao computador - Conjunto de hardware e software especialmente idealizado para tornar o computador acessível, no sentido de que possa ser utilizado por pessoas com privações sensoriais e motoras. São exemplos de equipamentos de entrada os teclados modificados, os teclados virtuais com varredura, mouses especiais e acionadores diversos, softwares de reconhecimento de voz, ponteiras de cabeça por luz, entre outros. Como equipamentos de saída podemos citar a síntese de voz, monitores especiais, os softwares leitores de texto (OCR), impressoras braile e linha braile. d) Sistemas de controle de ambiente - Através de um controle remoto, as pessoas com limitações motoras, podem ligar, desligar e ajustar aparelhos eletroeletrônicos como a luz, o som, televisores, ventiladores, executar a abertura e fechamento de portas e janelas, receber e fazer chamadas telefônicas, acionar sistemas de segurança, entre outros, localizados em seu quarto, sala, escritório, casa e arredores. O controle remoto pode ser acionado de forma direta ou indireta e neste caso, um sistema de varredura é disparado e a seleção do aparelho, bem como a determinação de que seja ativado, se dará por acionadores (localizados em qualquer 8 parte do corpo) que podem ser de pressão, de tração, de sopro, de piscar de olhos, por comando de voz etc. e) Projetos arquitetônicos para acessibilidade - Projetos de edificação e urbanismo que garantem acesso, funcionalidade e mobilidade a todas as pessoas, independente de sua condição física e sensorial. Adaptações estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho, através de rampas, elevadores, adaptações em banheiros, mobiliário, entre outras, que retiram ou reduzem as barreiras físicas. f) Órteses e próteses - Próteses são peças artificiais que substituem partes ausentes do corpo. Órteses são colocadas junto a um segmento do corpo, garantindo-lhe um melhor posicionamento, estabilização e/ou função. São normalmente confeccionadas sob medida e servem no auxílio de mobilidade, de funções manuais (escrita, digitação, utilização de talheres, manejo de objetos para higiene pessoal), correção postural, entre outros. g) Adequação Postural - Ter uma postura estável e confortável é fundamental para que se consiga um bom desempenho funcional. Fica difícil a realização de qualquer tarefa quando se está inseguro com relação a possíveis quedas ou sentindo desconforto. Um projeto de adequação postural diz respeito à seleção de recursos que garantam posturas alinhadas, estáveis e com boa distribuição do peso corporal. Indivíduos cadeirantes, por passarem grande parte do dia numa mesma posição, serão os grandes beneficiados da prescrição de sistemas especiais de assentos e encostos que levem em consideração suas medidas, peso e flexibilidade ou alterações músculo-esqueléticas existentes. Adequação postural diz respeito a recursos que promovam adequações em todas as posturas, deitado, sentado e de pé, portanto, as almofadas no leito ou os estabilizadores ortostáticos, entre outros, também podem fazer parte deste capítulo da TA. h) Auxílios de mobilidade - A mobilidade pode ser auxiliada por bengalas, muletas, andadores, carrinhos, cadeiras de rodas manuais ou elétricas, scooters e qualquer outro veículo, equipamento ou estratégia utilizada na melhoria da mobilidade pessoal. i) Auxílios para cegos ou para pessoas com visão subnormal - Equipamentos que visam a independência das pessoas com deficiência visual na realização de 9 tarefas como: consultar o relógio, usar calculadora, verificar a temperatura do corpo, identificar se as luzes estão acesas ou apagadas, cozinhar, identificar cores e peças do vestuário, verificar pressão arterial, identificar chamadas telefônicas, escrever, ter mobilidade independente, etc. Inclui também auxílios ópticos, lentes, lupas e telelupas; os softwares leitores de tela, leitores de texto, ampliadores de tela; os hardwares como as impressoras braile, lupas eletrônicas, linha braile (dispositivo de saída do computador com agulhas táteis) e agendas eletrônicas. j) Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo - Auxílios que inclui vários equipamentos (infravermelho, FM), aparelhos para surdez, telefones com teclado-teletipo (TTY), sistemas com alerta táctil-visual, entre outros. l) Adaptações em veículos - Acessórios e adaptações que possibilitam uma pessoa com deficiência física dirigir um automóvel, facilitadores de embarque e desembarque como elevadores para cadeiras de rodas (utilizados nos carros particulares ou de transporte coletivo), rampas para cadeiras de rodas, serviços de autoescola para pessoas com deficiência (BERSCH, 2008). 2.2 Comunicação Suplementar Alternativa A Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) vem se expandindo no Brasil, porém, ainda não se constitui em prática de amplo conhecimento. Na literatura internacional, a CSA situa-se como Augmentative and Alternative Communication (AAC), porém, não há uma versão brasileira oficial e/ou consagrada. Observa-se que a CSA se ampliou além do âmbito de clínicas e instituições especializadas, abrangendo Prefeituras Municipais de várias cidades, por meio das suas Secretarias de Educação e de Saúde, além do significativo desenvolvimento de pesquisas e trabalhos no meio acadêmico1. 1 Em consequência desse crescimento, foram realizados o I Congresso Internacional de Linguagem e Comunicação da Pessoa com Deficiência e o I Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa - Isaac Brasil (Rio de Janeiro, 2005) e o II Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa (Campinas - São Paulo, 2007). O diferencial desses encontros, similarmente ao que ocorre nos eventos internacionais da Isaac, foi a participação de usuários da CSA e de seus familiares. Cabe destacar também, a criação do Comitê de CSA no Departamento de Linguagem da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia no XIV Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia (2006, Salvador - Bahia - Brasil). 10 Como coloca Reily (2007), as instituições especializadas tiveram um papel significativo para a produção de conhecimento acerca de metodologias de trabalho com pessoas com necessidades especiais e contribuíram para a formação complementar dos profissionais. Acrescenta que, diante das atuais políticas de inclusão escolar tais instituições se deparam com importante desafio para rever e cumprir seus propósitos. Considerando-se que os trabalhos pioneiros em CSA no Brasil datam do final dos anos de 1970, já se acumula uma significativa experiência nesse campo. Contudo, o primeiro fórum nacional sobre terminologia foi realizado somente no II Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa - Isaac Brasil em 2007. Segundo Manzini (2006), em educação especial, a expressão comunicação alternativa e/ou suplementar vem sendo utilizada para designar um conjunto de procedimentos técnicos e metodológicos direcionado a pessoas acometidas por alguma doença, deficiência, ou alguma outra situação momentânea que impede a comunicação com as demais pessoas por meio dos recursos usualmente utilizados, mais especificamente a fala. Comunicação Suplementar Alternativa (CSA) significa qualquer meio de comunicação que suplemente ou substitua os meios usuais de fala ou escrita. O objetivo da CSA é tornar o indivíduo com distúrbios de comunicação o mais independente e competente possível em suas situações comunicativas, podendo ampliar suas oportunidades de interação com outras pessoas, na escola e na comunidade em geral. Sistemas de Comunicação Suplementar ou Alternativa, também chamados de Comunicação Aumentativa e Alternativa (AAC - Augmentative and Alternative Communication), possibilitam a integração de símbolos, gestos, recursos, estratégias e técnicas para auxiliar a comunicação de indivíduos que apresentam deficiência e que são impedidos que a comunicação ocorrade forma natural, como dificuldade ou incapacidade para a gesticulação, articulação, emissão de expressões, movimentos gestuais e coordenação motora fina, impedindo a comunicação oral e escrita (CAPOVILLA, 2003; SIMONI, 2003; SOUZA, 2003; CHAN, 2001). 11 Frisando o conceito... No Brasil, o Comitê de Ajudas Técnicas - CAT, instituído pela Portaria N° 142, de 16 de novembro de 2006 propõe o seguinte conceito para a tecnologia Assistiva: “Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social” (ATA VII - Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) - Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) - Secretaria Especial dos Direitos Humanos - Presidência da República). Resumindo... A Comunicação Alternativa tem como objetivos auxiliar em: Complicações médicas ou de saúde temporárias; Atraso no desenvolvimento da linguagem; Deficiência neuromotora ou condições associadas com o desenvolvimento da fala. É utilizada por indivíduos que não possuem fala e/ou escrita funcional em consequência de: Paralisia cerebral; Deficiência mental; Autismo; Traumatismo crânio-encefálico; Distrofia muscular progressiva; Lesão medular; Deficiência estrutural... 12 A CA deve ser introduzida o mais cedo possível: quando um gap2 entre a linguagem receptiva e expressiva começa a se apresentar; quando a fala e/ou escrita começa a se distanciar, em relação a fala/escrita dos colegas; quando a deficiência motora impede o aprendizado. 2 Pode ser entendido como um desvio, um erro de percurso comportamental. 13 UNIDADE 3 - OS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO Na evolução humana, a linguagem destaca-se como o mais importante processo, na medida em que constitui elemento crítico não somente para a aquisição de outros sistemas simbólicos, como a leitura, a escrita e a matemática, mas também para o desenvolvimento de habilidades de relacionamento interpessoal (WARREN; KAISER, 1988; SCHUMAKER; SHERMAN, 1978 apud CAPOVILLA, 1994). Entretanto, estima-se que uma em cada 200 pessoas não desenvolvem linguagem oral devido a déficits cognitivos, motores, neurológicos e emocionais. Para essas pessoas, sistemas de comunicação alternativa constituem importante recurso para a promoção de seu desenvolvimento, como veremos ao longo desta unidade (CAPOVILLA, 1994). 3.1 A comunicação A primeira ideia que geralmente se tem do conceito de comunicação é que nos comunicamos por palavras e pela fala. Por meio da fala manifestamos sensações, sentimentos, trocamos informações, enfim, conhecemos o outro e nos deixamos conhecer. Porém, a comunicação entre pessoas é bem mais abrangente do que podemos expressar por meio da fala, ou seja, o ser humano possui recursos verbais e não verbais que, na interação interpessoal, se misturam e se completam. Assim, ao falarmos, podemos, por exemplo, sorrir, demonstrando agrado, concordar ou discordar por um simples gesto, como balançar a cabeça, utilizar gestos para complementar o que falamos ou, simplesmente, demonstrar interesse ou desinteresse por aquilo que está sendo falado. No desenvolvimento humano, a linguagem tem um papel de essencial constituindo-se num elemento crítico para a aquisição de sistemas simbólicos, como a escrita, leitura e a matemática assim como para desenvolver habilidades de relacionamento interpessoal (PASSERINO, AVILA, BEZ; 2010). Um complemento importante na comunicação entre duas ou mais pessoas é a expressão facial que transmite várias informações e estados emocionais, tais como interesse, alegria, tristeza, raiva, medo, nojo, entre outros. 14 Além das expressões faciais, temos os gestos que são poderosa fonte de comunicação. Podemos indicar objetos e pessoas com um simples apontar, podemos utilizar gestos sociais com significados, simplesmente acenando, como “tchau” ou “oi”. Vemos, então, que a comunicação entre pessoas é marcada e complementada por vários elementos comunicativos que permitem compreender o outro e, também, ser compreendido (MANZINI, 2006). A comunicação impacta na... E proporciona... Independência Iniciativa Produtividade Autoestima Integração Aprendizado Melhora da autoestima; Maior independência para realização das atividades; Aumento do poder de decisão; Aumento do número de interlocutores; Melhor qualidade de vida para o sujeito e para seus pares. 3.2 Distúrbios da comunicação Na comunicação não verbal, encontramos ausência de intercâmbios corporais expressivos, assim como falta de intercâmbios coloquiais na comunicação verbal, com falas não ajustadas no contexto (algumas vezes repetitivas e apresentando ecolalia (HOBSON, 1993 apud PASSERINO, AVILA, BEZ; 2010). As dificuldades apresentadas na fala podem ter sua origem em dificuldades de dar significado às percepções. Os sujeitos com autismo parecem perceber tudo num sentido literal. Pesquisas mostram que as imagens podem ser utilizadas para comunicação com autistas e que a linguagem escrita é melhor que a falada para os autistas. Como os disléxicos, os autistas podem ter um defeito no hemisfério esquerdo (JORDAN; POWEL, 1995 apud PASSERINO, AVILA, BEZ; 2010). 15 Sigman e Capps (2000 apud PASSERINO, AVILA, BEZ; 2010) alertam para o fato de que embora alguns desenvolvam a linguagem, utilizando as palavras e as estruturas gramaticais corretamente, sua fala mostra um déficit na compreensão e expressão de intenções e crenças. As crianças com autismo não fazem o mesmo tipo de sinais comunicativos pré-verbais que outras crianças, mesmo aquelas com deficiência mental. Os sinais produzidos pelas crianças com autismo são idiossincráticos e somente são compreendidos pelos seus pais e pessoas que convivem de perto com a criança. Embora a fala seja a forma de expressão mais utilizada pelo ser humano quando pretende comunicar, no caso da Paralisia Cerebral, os indivíduos estão impossibilitados de exercerem um controle correto sobre o seu aparelho fonador e impedidos de se exprimirem oralmente (SANTOS; SANCHES, 2005). Estes indivíduos possuem capacidades e necessidades comunicativas idênticas as dos indivíduos falantes, se as lesões que afetam os mecanismos da fala não os afetarem do ponto de vista cognitivo e emocional. Nestes casos a fala não será a sua forma privilegiada de comunicar, sendo necessário implementar o mais cedo possível um sistema aumentativo e alternativo de comunicação. A decisão de quando implementar a comunicação aumentativa nem sempre foi alvo de concordância entre os teóricos como, por exemplo, Chapman e Miller (1980 apud BASIL, 1995) que referem que a aquisição quer da linguagem oral, quer de qualquer sistema aumentativo de comunicação, requer o desenvolvimento de certas habilidades, que alguns autores situam no estádio V do desenvolvimento sensório motor. Neste estádio, a criança tem a capacidade de estabelecer relação entre fins e meios, permitindo-nos perceber que há intencionalidade nas ações e na comunicação. Ferreira, Ponte e Azevedo (1999), ressaltam que esta posição foi muito contestada e que atualmente é possível a introdução de estratégias de comunicação aumentativa precocemente, visto existirem vários níveis que vão desde as estratégias básicas para provocar o desejo de comunicar, até à implementação e ao uso de um sistema aumentativo e alternativo com uma linguagem simbólica muito 16 elaborada e com recurso a tecnologias, sendo possível expressar capacidades comunicativas. A criança que vive num ambiente sócio-afetivo estimulante, vê emergir mais facilmente modos de comunicação,aprendendo precocemente que existem diferentes formas de comunicar, susceptíveis de produzir efeitos diferentes sobre o ambiente, até adquirir a linguagem simbólica por forma a aceder a outros níveis de desenvolvimento. Hollis e Carrier (1978 apud PONTE; AZEVEDO, 1999) consideram a comunicação um fenômeno pré-linguístico que antecede o desenvolvimento da linguagem, assim qualquer intervenção que vise implementar uma linguagem deve começar pelo treino de competências comunicativas. Na criança com Paralisia Cerebral apenas pode estar afetada a fala, não estando afetada a compreensão e os conceitos linguísticos, mas pode acontecer que exista uma deficiência na área da linguagem devido à disfunção cerebral ou atraso cognitivo. A implementação de um sistema aumentativo e alternativo de comunicação implica sempre que sejam avaliadas as competências comunicativas da criança e as suas capacidades simbólicas. 3.3 Os sistemas de comunicação alternativa A literatura sobre comunicação alternativa tem apontado para uma série de sistemas de símbolos que permitem a comunicação de pessoas que não produzem linguagem oral. Os mais conhecidos são: o Sistema de Símbolos Bliss (Bliss, 1965; Hehner, 1980 apud NUNES et al, 1998), o Pictogram Ideogram Communication System - PIC (Maharaj, 1980 apud NUNES et al, 1998) e o Picture Communication Symbols - PCS (Johnson, 1981, 1985 apud NUNES et al, 1998). Estes sistemas têm sido tradicionalmente utilizados por portadores de deficiência sob a forma de pranchas de madeira, contendo de 50 a 300 símbolos, acopladas às cadeiras de rodas. Mais recentemente, esses sistemas ganharam versões computadorizadas (CAPOVILLA et al, 1994; MACEDo et al, 1994) e outros sistemas originais foram construídos – como o ImagoAnaVox (CAPOVILLA, et al 17 1996). O ImagoAnaVox emprega também recursos avançados de multimídia. Neste sistema são conciliadas a comunicação icônica vocálica obtida pelos 5000 filmes, fotos e respectivos vocábulos e palavras escritas com a comunicação silábico- vocálica obtida pelas 1800 sílabas e respectivos vocábulos. Esses sistemas computadorizados apresentam determinadas características que os tornam mais adaptados às necessidades específicas dos usuários, facilitando o processo de comunicação destes com seu ambiente social. Enquanto a prancha tradicional, em função de suas dimensões, pode acomodar um número limitado de símbolos, o sistema de telas desdobráveis do programa permite o acesso a um universo de símbolos cinco a seis vezes maior que a prancha. No programa, são apresentados inicialmente ícones ou figuras representando classes semânticas, os quais uma vez acionados se multiplicam em telas exibidas sequencialmente. A apresentação completa e sonora de cada sentença elaborada pelo portador de deficiência é outra vantagem dos sistemas computadorizados. Além disso, adaptações especiais, como tela sensível ao toque, ou ao sopro, detector de ruídos, mouse alavancado à parte do corpo que possui movimento voluntário e varredura automática dos itens em velocidade ajustável, permitem seu uso por virtualmente todo portador de paralisia cerebral qualquer que seja o grau de seu comprometimento motor (CAPOVILLA et al, 1994). Uma das questões críticas que surgem no processo de escolha do sistema de comunicação mais adequado para cada sujeito envolve o grau de iconicidade dos símbolos usados nos sistemas. Iconicidade refere-se ao grau de semelhança entre a aparência física de um signo e a aparência do objeto, ação, característica, etc. que ele representa (Harrell, Bowers & Bacal, 1973; Olansky & Bonvillian, 1984 apud NUNES et al, 1998). Em um estudo experimental destinado a avaliar o grau de translucência dos símbolos dos quatro sistemas acima referidos, Macedo et al (1994) revelaram que para PIC, PCS e ImagoVox, a ordem decrescente de pontuação foi: substantivo, verbo e adjetivo; e para Bliss: verbo, substantivo e adjetivo. Na média geral, os sistemas mais translúcidos foram, em ordem decrescente, ImagoVox, PCS, PIC e 18 Bliss; as categorias mais translúcidas foram, em ordem decrescente: substantivos, verbos e adjetivos e advérbios (NUNES et al, 1998). Discorreremos um pouco sobre outros sistemas de comunicação, mas de antemão sugerimos aprofundamento no conteúdo, o que pode se dar pelas referências bibliográficas disponíveis ao final da apostila. 3.3.1 Sistema BLISS Charles Bliss nasceu perto da fronteira Russa com a Áustria e sentiu, muitas vezes, os problemas criados por línguas diferentes, o que o fez sentir-se motivado para criar uma língua universal que pudesse vencer algumas das barreiras culturais e incompreensões sobre as nações. A essa língua ou sistema alternativo de comunicação, que tem por base a utilização de símbolos, dá-se o nome de Sistema Bliss. A ideia deste sistema foi finalmente concebida durante a 2ª guerra mundial quando, estando refugiado na China, teve a noção de que os Chineses, embora pudessem ter dificuldades em compreender os diversos dialetos, não tinham dificuldades quando liam, porque a sua escrita era baseada num conceito padronizado de símbolos relacionados. Foi então que Charles Bliss sentiu que a criação de um sistema gráfico baseado mais no significado do que nos sons era a resposta. Em 1949, depois de vários anos de pesquisa, foi publicada a 1ª edição do seu livro “Semantografia”. Em 1971, alguns Psicólogos e Terapeutas da Fala canadenses, ao procurarem uma linguagem que ajudasse as crianças com paralisia cerebral e sem fala, afásicos e débeis mentais, começaram a aplicar o sistema de Charles Bliss como Sistema de Comunicação Aumentativa no Ontário Chppled Children's Cenfer, em Toronto – Canadá. Este sistema é constituído por um determinado número de formas básicas que combinadas entre si originaram cerca de 2500 símbolos Bliss. A natureza pictográfica e ideográfica dos muitos símbolos torna-os fáceis de apreender e fixar. 19 Isto faz com que este sistema seja considerado adequado a indivíduos que, embora não estejam bem preparados na ortografia tradicional, têm potencial para aprender e desenvolver um vasto vocabulário, através de operações combinatórias das formas básicas. O Sistema Bliss pode ser utilizado como principal Sistema de Comunicação para muitas pessoas não falantes. Os símbolos podem representar pessoas, objetos, ações, sentimentos, ideias e relações espaço-temporais. O Bliss é um dos sistemas de comunicação aumentativa e alternativa que se usa com algumas pessoas sem linguagem oral, desde que estas revelem capacidades cognitivas e visuais para conseguir compreendê-los. Abaixo temos exemplos dos diversos tipos de símbolos. O sistema Bliss possui algumas divisões: podem ser compostos sobrepostos, compostos sequenciados, pictográficos, ideográficos, etc. Sistemas compostos sobrepostos: os símbolos são colocados por cima de outros, em que o conjunto é que corresponde ao significado. Vestuário = tecido + proteção garagem = casa + carro 20 Sistema composto sequenciado: elementos simbólicos colocados uns ao lado dos outros, em que o significado do conjunto corresponde ao conjunto de significados dos elementos. Quanto ao tipo de símbolo podem se dividir em pictográficos (semelhantes ao objeto) e ideográficos (abstratos, sugerem conceitos); mistos (símbolos de dupla classificação, tanto ideográfico quanto pictográfico), arbitrários (símbolos criados por Bliss, internacionalmente convencionados). Pictográficos Ideográficos 21 Mistos Arbitrários Segundo Nunes (2010), são determinantes do significado do símbolo: 1. Configuração 2. Tamanho 3. Localização 22 4. A distância 5. O tamanho do ângulo 6. A orientação ou direção 7. O indicador 23 8. Os números 9. A referência posicional. São potenciais utilizadores do Sistema BLISS: Indivíduos com deficiências motoras; Indivíduoscom atrasos de desenvolvimento médio ou severo; Indivíduos com deficiência múltipla; Indivíduos surdos; Indivíduos com afasias de adultos; Indivíduos que embora não estejam bem preparados na ortografia tradicional, têm potencial para aprender e desenvolver o vocabulário. Vantagens e desvantagens do uso do BLISS: Vantagens Desvantagens Reforça as capacidades de leitura, uma vez que utiliza símbolos tal como a ortografia tradicional; A natureza pictográfica e ideográfica dos símbolos são fáceis de apreender e fixar. Limita os utilizadores, na medida em que exige um perfil de capacidades (boa capacidade de discriminação visual, capacidades cognitivas, boa ou moderada compreensão auditiva e boas capacidades visuais); Boa capacidade de discriminação visual para conseguir distinguir pequenas diferenças em características como o tamanho, a configuração e a orientação dos símbolos; Capacidades cognitivas ao último nível pré-operatório ou ao nível das primeiras operações concretas; Para pessoas com afasia é necessária boa ou moderada compreensão auditiva e boas capacidades visuais. 24 3.3.2 O sistema pictográfico Um dos sistemas gráficos mais usados na comunicação com e por pessoas que não usam a fala para comunicar é o “Sistema Pictográfico para a Comunicação” (SPC) criado por Mayer-Johnson. Além de utilizados em tabelas de comunicação e digitalizadores de fala, pode ser utilizado para adaptar canções, histórias, etc. 3.3.3 O sistema SCALA e PECS para autistas O SCALA é um software de comunicação alternativa que visa, dentre outros públicos, os autistas. Visa desenvolver a oralidade e letramento de pessoas com autismo a partir da construção de pranchas de comunicação e histórias em quadrinho. As pranchas dispõem de recursos de áudio e animação de seus símbolos, além do acompanhamento de legendas junto a cada símbolo gráfico. As histórias contam ainda com recursos de edição de personagens para que o autista possa se identificar com mais facilidade em suas histórias, bem como trabalhar as expressões faciais que denotam estados de humor, dificilmente identificáveis por pessoas com autismo. Os sistemas podem não somente garantir um modo de comunicação efetivo, como também favorecer o desenvolvimento e uso da linguagem, sendo amplamente utilizados com pacientes que não adquiriram a fala ou a perderam devido algum acidente neurológico. “The Picture Exchange Communication System” (PECS) é um dos diversos sistemas de CSA. Desenvolvido em 1985 por Lory Frost e Andy Bondy nos Estados Unidos, o programa é destinado às crianças portadoras de transtorno autístico ou quaisquer outros transtornos relacionadas à comunicação e interação social - aquelas crianças que apresentam fala não funcional, ou seja, sabem falar, mas não utilizam a fala como forma de comunicação. 25 O programa PECS (sistema de comunicação pela troca de figuras) segue um protocolo de treinamento baseado nos princípios da linha “Análise do Comportamento Aplicada” – também conhecida com “Terapia ABA”, em referência ao termo em inglês Applied Behaviour Annalysis. Seguindo uma metodologia padronizada e relacionada com o típico desenvolvimento da linguagem, o programa utiliza as seguintes estratégias: distinção de comportamentos, reforço, correção do erro e generalização. O primeiro objetivo é ensinar a criança “como” se comunicar e depois apresentar “regras” para tanto. Crianças utilizando PECS aprendem inicialmente a comunicar com apenas uma figura, mas depois aprendem a combiná- las, formando estruturas gramaticais, relações semânticas e funções comunicativas (RIBEIRO, 2010). 3.3.4 Sistema aumentativo e alternativo O Sistema Aumentativo e Alternativo (SPC) foi concebido em 1981 por uma terapeuta da fala, Roxana Mayer Jonhson, que ao verificar que havia indivíduos com dificuldades com o sistema Bliss, sentiu a necessidade de criar um sistema que pelas suas característica pudesse ser facilmente aprendido por estes indivíduos. Os símbolos do SPC são iconográficos, desenhados a preto sobre fundo branco, na parte superior do símbolo está escrito o seu significado para que seja facilmente e perceptível por pessoas que não conheçam o sistema. Os símbolos foram desenhados com o objetivo de: serem facilmente apreendidos; serem apropriados para todos os níveis etários; serem facilmente diferenciados uns dos outros; simbolizarem as palavras e atos mais comuns usados na comunicação diária; serem agrupados em seis categorias gramaticais; possíveis de reproduzir em fotocopiadora. O sistema é composto por 3200 símbolos agrupados em seis categorias gramaticais. A divisão em categorias relaciona-se com o fato de ser adequado à 26 construção de frases simples. As categorias são: pessoas, verbos, adjetivos, substantivos, diversos e sociais, sendo recomendado o sistema de cores da chave de Fitzgerald. Esta chave foi usada em 1926 por uma professora de surdos, com o objetivo de ensinar os princípios linguísticos e a estrutura da frase a crianças surdas. Deste modo, as crianças aprendiam a analisar as relações funcionais dos elementos de uma frase e a compreender como a ordenação das palavras na frase afeta o significado desta. À categoria pessoas corresponde a cor amarelo, à categoria verbos a cor verde, à categoria substantivos a cor laranja, à categoria adjetivos a cor azul, à categoria diversos a cor branca, à categoria sociais a cor rosa. Pensa-se que o uso desta chave para além da consistência no seu uso, facilitará a combinação com outros sistemas. O SPC pode ser utilizado tanto por pessoas cujas necessidades comunicativas estejam limitadas à necessidade de um vocabulário limitado e a uma estruturação frásica simples, como a indivíduos que necessitam de utilizar um vocabulário mais vasto e tem possibilidades de estruturar frases com maior grau de complexidade. No caso de crianças que usam estes sistemas, as atividades devem ser adaptadas e organizadas de modo a facilitarem a participação ativa das crianças nas atividades, promovendo o processo de aprendizagem e de socialização (SANTOS; SANCHEZ, 2005). 3.3.5 Braille O surgimento do sistema Braille abriu novas portas para a comunicação, educação e cultura de pessoas portadoras de deficiência visual. Foi inventado na França por Louis Braille, jovem cego, reconhecendo-se o ano de 1825 como o marco dessa importante conquista para a educação e integração dos deficientes visuais na sociedade. No sistema de escrita e, principalmente, de leitura Braille, através de um método lógico de pontos em relevo, distribuídos em duas colunas de três pontos para cada símbolo ou letra, uma pessoa cega pode, através do tato das pontas de 27 seus dedos, ler o que, com um aparelho especial denominado reglete e uma pulsão, “desenhou” anteriormente. As Imprensas Braille produzem os seus livros utilizando máquinas estereótipas, semelhantes às máquinas especiais de datilografia, sendo, porém, elétricas. Essas máquinas permitem escrita do Braille em matrizes de metal. Essa escrita é feita dos dois lados da matriz, permitindo a impressão do Braille nas duas faces do papel. Esse é o Braille interpontado: os pontos são dispostos de tal forma que impressos de um lado não coincidam com os pontos da outra face, permitindo uma leitura corrente, um aproveitamento melhor do papel, reduzindo o volume dos livros transcritos no sistema Braille. Nos últimos tempos, tanto a informática como o Braille, entraram na vida das pessoas cegas como um excelente e justo meio de integração social, abrindo um horizonte infinito de informação, educação, cultura, mercado de trabalho e comunicação. Com os editores de texto, ledores de tela e sintetizadores de voz conjugados, os portadores de deficiência visual podem trocar e-mails com pessoas de qualquer parte do mundo, ler com total independência qualquer jornalinternacional ou brasileiro, livros digitalizados, listas de discussão e jogos de entretenimento. Hoje em dia, apesar de todas as dificuldades que os deficientes ainda enfrentam, a tecnologia torna um indivíduo cego muito mais habilitado a tarefas antes impossíveis. O Sistema é constituído por 63 sinais, obtidos pela combinação metódica de seis pontos, como dito inicialmente que, na sua forma fundamental, se agrupam em duas filas verticais e justapostas de três pontos cada. Estes sinais não excedem o campo táctil e podem ser identificados com rapidez, pois, pela sua forma, adaptam- se exatamente à polpa do dedo. Na leitura, qualquer letra ou sinal braille é apreendido em todas as suas partes ao mesmo tempo, sem que o dedo tenha que ziguezaguear para cima e para baixo. Nos leitores experimentados, o único movimento que se observa é da esquerda para a direita, ao longo das linhas. Não somente a mão direita corre com agilidade sobre as linhas, mas também a mão esquerda toma parte ativa na interpretação dos sinais. Em alguns leitores a mão esquerda avança até mais ou 28 menos metade da linha, proporcionando assim um notável aumento de velocidade na leitura. Abaixo temos representado os símbolos do Sistema Braille: 29 3.3.6 Libras – Língua Brasileira de Sinais As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas. Ao contrário do que muitos imaginam, as Línguas de Sinais não são simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias. Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua porque elas também são compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas são denominados sinais nas línguas de sinais. O que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial. Assim, uma pessoa que entra em contato com uma Língua de Sinais irá aprender uma outra língua, como o Francês, Inglês etc. Curiosidades e informações técnicas: A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) tem sua origem na Língua de Sinais Francesa; As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria língua de sinais, que sofre as influências da cultura nacional. Como qualquer outra língua, ela também possui expressões que diferem de região para região (os regionalismos), o que a legitima ainda mais como língua; Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros que formarão os sinais: - Configuração das mãos – são formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros ou esquerda para os canhotos), ou pelas duas mãos. 30 - Os sinais DESCULPAR, EVITAR e IDADE, por exemplo, possuem a mesma configuração de mão (com a letra y). A diferença é que cada uma é produzida em um ponto diferente no corpo. - Ponto de articulação – é o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou seja, local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro. - Movimento – os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais PENSAR e EM-PÉ não têm movimento; já os sinais EVITAR e TRABALHAR possuem movimento. - Expressão facial e/ou corporal – as expressões faciais/corporais são de fundamental importância para o entendimento real do sinal, sendo que a entonação em Língua de Sinais é feita pela expressão facial. - Orientação/Direção – os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade. Convenções da LIBRAS: - A grafia – os sinais em LIBRAS, para simplificação, serão representados na Língua Portuguesa em letra maiúscula. Ex.: CASA, INSTRUTOR. - A datilologia (alfabeto manual) – usada para expressar nomes de pessoas, lugares e outras palavras que não possuem sinal, estará representada pelas palavras separadas por hífen. Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-S-E. - Os verbos – serão apresentados no infinitivo. Todas as concordâncias e conjugações são feitas no espaço. Ex.: EU QUERER CURSO. - As frases – obedecerão à estrutura da LIBRAS, e não à do Português. Ex.: VOCÊ GOSTAR CURSO? (Você gosta do curso?) - Os pronomes pessoais – serão representados pelo sistema de apontação. Apontar em LIBRAS é culturalmente e gramaticalmente aceito. 31 É importante saber que para conversar em LIBRAS, não basta apenas conhecer os sinais de forma solta, sendo necessário conhecer a sua estrutura gramatical, combinando-se em frases (www.libras.org.br). São elementos importantes na educação do aluno surdo: falar de forma clara, espontânea e em tom normal para o aluno surdo, pois desta forma o estudante não perderia o campo visual de fala do orador; atentar para alternativas diferenciadas no estabelecimento da comunicação, tais como: valorizar a expressão facial e corporal, articular corretamente as palavras, usar vocabulário compreensível (para a maioria dos alunos surdos que têm dificuldades na língua portuguesa) bem como materiais e recursos visuais variados (mapas, gráficos, tabelas, legenda, etc.); exigir intérprete de LIBRAS, se assim se fizer necessário e solicitado, etc; escrever de maneira visível, legível e de fácil localização no quadro-negro ou fixar em murais recados e avisos sobre trabalhos, provas, aulas práticas, laboratoriais, mudanças de horários de atividades programadas; deixar à disposição material para fotocopiar ou indicar referências bibliográficas completas (livro, autor e editora); cuidar quanto à verificação e preferência de legendas nas programações com vídeo; disponibilizar materiais e equipamentos específicos como: prótese auditiva, treinadores de fala, softwares específicos, etc; observar se o espaço físico apresenta dificuldades como: muita luminosidade com reflexão solar ou pouca luminosidade, excesso de barulho externo e/ou interno ao ambiente, salas e/ou auditórios muito amplos, interferindo com a inflexão do próprio som da fala do professor, distância entre o púlpito do professor e os alunos, etc. (DIAS DE SÁ, 2003). 32 UNIDADE 4 - ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO Se partirmos do entendimento que a escola comum tem como compromisso difundir o saber universal, fará parte desse compromisso, lidar com o que há de particular na construção desse conhecimento para alcançar o seu objetivo. Mas ainda assim, conforme entendimento de Batista e Mantoan (2006), a escola terá limitações naturais para tratar com o que há de subjetivo nessa construção com alunos com deficiência, principalmente com a deficiência mental. Esse fato aponta e demonstra a necessidade de existir um espaço para esse fim, que não seja eminentemente clínico e que resguarde uma característica tipicamente educacional, ou seja, um atendimento educacional especializado. Para esse fim, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) aos portadores de deficiência está previsto na Constituição de 1988, mais especificamente no art. 208, determinando que esse atendimento ocorra, preferencialmente, na rede regular de ensino. É importante esclarecer que: a) esse atendimento refere-se ao que é necessariamente diferente da educação em escolas comuns e que é necessário para melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência, complementando a educação escolar e devendo estar disponível em todos os níveis de ensino; b) é um direito de todos os alunos com deficiência que necessitarem dessa complementação e precisa ser aceito por seus pais ou responsáveis e/ou pelo próprio aluno; c) o “preferencialmente” na rede regular de ensino significa que esse atendimento deveacontecer prioritariamente nas unidades escolares, sejam elas comuns ou especiais, devidamente autorizadas e regidas pela nossa lei educacional. A Constituição admite ainda que o atendimento educacional especializado pode ser oferecido fora da rede regular de ensino, já que é um complemento e não um substitutivo do ensino ministrado na escola comum para todos os alunos; 33 d) o atendimento educacional especializado deve ser oferecido em horários distintos das aulas das escolas comuns, com outros objetivos, metas e procedimentos educacionais. e) as ações do atendimento educacional são definidas conforme o tipo de deficiência que se propõe a atender. Como exemplo, para os alunos com deficiência auditiva o ensino da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, de Português, como segunda língua, ou para os alunos cegos, o ensino do código “Braille”, de mobilidade e locomoção, ou o uso de recursos de informática, e outros; f) os professores que atuam no atendimento educacional especializado, além da formação básica em Pedagogia, devem ter uma formação específica para atuar com a deficiência a que se propõe a atender. Assim como o AEE, os professores não substituem as funções do professor responsável pela sala de aula das escolas comuns que têm alunos com deficiência incluídos (BRASIL, 2006). Segundo Batista e Mantoan (2006), é preciso conhecer profundamente a deficiência mental para não se confundir os problemas de ensino e de aprendizagem causados pela deficiência com o que é barreira para o aproveitamento escolar de todo e qualquer aluno. Nesse contexto, o AEE decorre de uma nova visão da Educação Especial, sustentada legalmente e é uma das condições para o sucesso da inclusão escolar dos alunos com deficiência. Esse atendimento existe para que os alunos possam aprender o que é diferente do currículo do ensino comum e que é necessário para que possam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência. As barreiras da deficiência mental diferem muito das barreiras encontradas nas demais deficiências. Trata-se de barreiras referentes à maneira de lidar com o saber em geral, o que reflete preponderantemente na construção do conhecimento escolar. Por esse motivo, a educação especializada, realizada nos moldes do treinamento e da adaptação, reforça a condição de deficiente desse aluno. Essas formas de intervenção mantêm o aluno em um nível de compreensão que é muito primitivo e que a pessoa com deficiência mental tem dificuldade de ultrapassar – nas chamadas regulações automáticas, de Piaget. 34 É necessário que se estimule o aluno com deficiência mental a progredir nos níveis de compreensão, criando novos meios para se adequarem às novas situações, ou melhor, desafiando-o a realizar regulações ativas. Assim sendo, o aluno com deficiência mental precisa adquirir, através do atendimento educacional especializado, condições de passar de um tipo de ação automática e mecânica diante de uma situação de aprendizado/experiência para um outro tipo, que lhe possibilite selecionar e optar por meios mais convenientes de atuar intelectualmente. O atendimento educacional para tais alunos deve, portanto, privilegiar o desenvolvimento e a superação daquilo que lhe é limitado, exatamente como acontece com as demais deficiências, como exemplo: para o cego, a possibilidade de ler pelo Braille, para o surdo a forma mais conveniente de se comunicar e para a pessoa com deficiência física, o modo mais adequado de se orientar e se locomover. Para a pessoa com deficiência mental, a acessibilidade não depende de suportes externos ao sujeito, mas tem a ver com a saída de uma posição passiva e automatizada diante da aprendizagem para o acesso e apropriação ativa do próprio saber. De fato, continuam Batista e Mantoan (2006), a pessoa com deficiência mental encontra inúmeras barreiras nas interações que realiza com o meio para assimilar, desde os componentes físicos do objeto de conhecimento, como por exemplo, o reconhecimento e a identificação da cor, forma, textura, tamanho e outras características que ele precisa retirar diretamente desse objeto. Isso ocorre porque são pessoas que apresentam prejuízos no funcionamento, na estruturação e na re-elaboração do conhecimento. Exatamente por isso, não adianta propor atividades que insistem na repetição pura e simples de noções de cor, forma, etc., para que a partir desse suposto aprendizado o aluno consiga dominar essas noções e as demais propriedades físicas dos objetos, e ainda possa transpô-las para um outro contexto. A criança sem deficiência mental consegue espontaneamente retirar informações do objeto e construir conceitos, progressivamente. Já a criança com deficiência mental precisa de outra atenção, ou seja, de exercitar sua atividade cognitiva, de modo que consiga o mesmo, ou uma aproximação do mesmo. 35 Esse exercício implica em trabalhar a abstração por meio da projeção das ações práticas em pensamento. A passagem das ações práticas e a coordenação dessas ações em pensamento são partes de um processo cognitivo que é natural para aqueles que não têm deficiência mental. E para aqueles que têm uma deficiência mental, essa passagem deve ser estimulada e provocada, de modo que o conhecimento possa se tornar consciente e interiorizado. O esquema abaixo ilustra esse processo de construção mental do conhecimento, desenvolvido pela teoria piagetiana. Fonte: Brasil (2007, p. 19) O AEE para as pessoas com deficiência mental está centrado na dimensão subjetiva do processo de conhecimento, complementando o conhecimento acadêmico e o ensino coletivo que caracterizam a escola comum. O conhecimento acadêmico exige o domínio de um determinado conteúdo curricular; o atendimento educacional, por sua vez, refere-se à forma pela qual o aluno trata todo e qualquer conteúdo que lhe é apresentado e como consegue significá-lo, ou seja, compreendê- lo. É importante esclarecer que o AEE não é ensino particular, nem reforço escolar. Ele pode ser realizado em grupos, porém deve atentar para as formas específicas de cada aluno se relacionar com o saber. Isso também não implica em 36 atender a esses alunos, formando grupos homogêneos com o mesmo tipo de problema (patologias) e/ou desenvolvimento. Pelo contrário, os grupos devem se constituir obrigatoriamente por alunos da mesma faixa etária e em vários níveis do processo de conhecimento. Alunos com Síndrome de Down, por exemplo, poderão compartilhar esse atendimento com seus colegas autistas, com outras síndromes, sequelas de paralisia cerebral e ainda outros com ou sem uma causa orgânica esclarecida de sua deficiência e com diferentes possibilidades de acesso ao conhecimento (BRASIL, 2007). O atendimento educacional especializado para o aluno com deficiência mental deve permitir que esse aluno saia de uma posição de “não saber”, ou de “recusa de saber” para se apropriar de um saber que lhe é próprio, ou melhor, que ele tem consciência de que o construiu. A inibição, definida na teoria freudiana, ou a “posição débil” enunciada por Lacan provocam atitudes particulares diante do saber, influenciando a pessoa na aquisição do conhecimento acadêmico. É importante ressaltar que o saber da Psicanálise é o “saber inconsciente”, relativo à verdade do sujeito. Em outras palavras, trata-se de um processo inconsciente e o que o sujeito recusa saber sobre a própria incompletude, tanto dele, quanto do outro. O aluno com deficiência mental, nessa posição de recusa e de negação do saber, fica passivo e dependente do outro (do seu professor, por exemplo), ao qual outorga o poder de todo o saber. Se o professor assume o lugar daquele que sabe tudo e oferece todas as respostas para seus alunos, o que é muito comum nas escolas e, principalmente na prática da Educação Especial, ele reforça essa posição débil e de inibição, não permitindo que esse aluno se mobilizepara adquirir/construir qualquer tipo de conhecimento (BRASIL, 2007). Quando o atendimento educacional permite que o aluno traga a sua vivência e que se posicione de forma autônoma e criativa diante do conhecimento, o professor sai do lugar de todo o saber. Dessa maneira, o aluno pode se questionar e modificar sua atitude de recusa do saber e sua posição de “não saber”. Ele, então, pode se mobilizar e buscar o saber. Na verdade, é tomando consciência de que não sabe, que o aluno pode se mobilizar e buscar o saber. A liberdade de criação e de 37 posicionamento autônomo do aluno diante do saber permite que sua verdade seja colocada, o que é fundamental para os alunos com deficiência mental. Ele deixa de ser o “repeteco”, o eco do outro e se torna um ser pensante e desejante de saber. Mas o atendimento educacional não deve funcionar como uma análise interpretativa, própria das sessões psicanalíticas, e nem como uma intervenção psicopedagógica, tradicionalmente praticada. Esse atendimento deve permitir ao aluno elaborar suas questões, suas ideias, de forma ativa e não corroborar para sua alienação diante de todo e qualquer saber (BRASIL, 2007). 4.1 AEE para alunos com baixa visão O trabalho com alunos com baixa visão baseia-se no princípio de estimular a utilização plena do potencial de visão e dos sentidos remanescentes, bem como na superação de dificuldades e conflitos emocionais. Algumas sugestões para pais, professores e outras pessoas que convivem com a criança de baixa visão na idade escolar: Ensine a criança e o jovem sobre sua deficiência e sobre o que eles podem ver ou não podem ver bem (muitas crianças não têm consciência disso). Os alunos com baixa visão deverão trabalhar olhando para os objetos e para as pessoas (algumas crianças apresentam comportamento de cegos, olham para o vazio. Peça para que “olhe” o objeto ou pessoa em questão). Ajude-o a desenvolver comportamentos e habilidades para participar de brincadeiras e recreações junto com os colegas, facilitando o processo de socialização e inclusão. Oriente o uso de contraste claro e escuro entre os objetos e seu fundo. Estimule o aluno a olhar para aspectos como cor, forma e encoraje-o a tocar nos objetos enquanto olha. Lembre-se que o uso prolongado da baixa visão pode causar fadiga. Seja realista nas expectativas do desempenho visual do estudante, encorajando-o sempre ao progresso. Encoraje a coordenação de movimentos com a visão, principalmente das mãos. 38 Oriente o estudante a procurar recursos como o computador, pois ele se cansará menos e aumentará sua independência. Pense nos estudantes com baixa visão como pessoas que veem. Use as palavras “olhe” e “veja” livremente. Esteja ciente da diferença entre nunca ter tido boa visão e tê-la perdido após algum tempo. Compreenda que o sentido da visão funciona melhor em conjunto com os outros sentidos. Aprenda a ignorar os comentários negativos sobre as pessoas com baixa visão.· Dê-lhe tempo para olhar os livros e revistas, chamando a atenção para os objetos familiares. Peça-lhes para descrever o que vê. Torne o “olhar” e “ver” uma situação agradável, sem pressionar. 4.2 Recursos não ópticos para baixa visão Os recursos não ópticos para baixa visão são aqueles que melhoram a função visual sem o auxílio de lentes ou promovem a melhoria das condições ambientais ou posturais para a realização das tarefas (podem ser efetuados pelo professor). (JOSÉ; TEMPORINI, 1999). Os meios para que se consiga esta melhora são: Trazer o objeto mais próximo do olho, o que aumenta o tamanho da imagem percebida (ou seja, deixe a criança aproximar o objeto do rosto ou aproximar- se para observar algo, como por exemplo, a lousa ou a TV); Aumentar o tamanho do objeto para que ele seja percebido. 39 4.3 Características, formas e materiais para baixa visão Características Formas Materiais impressos - Desenhos sem muitos detalhes (muitos detalhes confundem); - Uso de maiúsculas; - Usar o tipo (letra) Arial; - Tamanho de letra em torno de 20 a 24 (ou seja, ampliada); - Usar entrelinhas e espaços; - Cor do papel e tinta (contraste). - Fotocopiadora; - Computador; - Ampliação à mão: é a mais utilizada e deve seguir requisitos como tamanho, espaços regulares, contraste, clareza e uniformidade dos caracteres. - Lápis 6B e/ou caneta hidrográfica preta; - Cadernos com pautas ampliadas ou reforçadas; - Suporte para livros; - Guia para leitura; - Luminária com braços ajustáveis. Para alguns alunos, é necessário um espaço maior entre as linhas; como não encontramos este tipo de caderno no mercado pode-se utilizar caderno de desenho ou encadernar um maço de sulfite, colocando capas (frente/verso) e em seguida traçar as linhas mais espaçadas, folha por folha (com lápis 6B) de acordo com a necessidade do aluno. Caso o aluno apresente além da baixa visão, uma dificuldade motora, pode- se utilizar de letras móveis e letras recortadas em papel para que o aluno cole-as no caderno, formando palavras, ao invés de escrever. Para evitar o cansaço de estar constantemente com o rosto sobre o caderno, pode-se utilizar um suporte para leitura encontrado em casas que trabalham com artigos para deficientes visuais. Pode ainda ser confeccionado ou ser utilizados livros, como suporte, embaixo do caderno para que este possa ficar mais elevado. O professor pode ainda confeccionar esta grade para facilitar a escrita do aluno com baixa visão. Pode ser utilizada uma lâmina de radiografia, do tamanho da folha do caderno e com a mesma medida das linhas ou ainda em papel cartão com cores que contrastem com o fundo branco da folha do caderno. Para a leitura pode ser confeccionado no mesmo modelo, uma guia para leitura utilizando-se somente 40 uma linha vazada e à medida que o aluno vai lendo a guia vai sendo deslocada para a linha de baixo, o que evita que ele se perca durante a leitura. O professor também pode se utilizar dos encartes que contém figuras grandes para trabalhar com o aluno com baixa visão para reconhecimento dos produtos e palavras conhecidas bem como com rótulos de embalagens que são utilizados em seu dia-a-dia. A medida que ele vai aprendendo a ver começará a identificar figuras cada vez menores. O aluno pode recortar o produto que identificou visualmente e nomeá-lo. Posteriormente pode colocar as figuras em ordem alfabética criando um livrinho (http://dvsepedagogia.blogspot.com/2010/06/atendimento-ao-aluno-com-baixa- visao_30.html). 41 UNIDADE 5 - RECURSOS, TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS PARA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA Os símbolos são as representações visuais, auditivas ou táteis de um conceito. Na CAA utiliza-se de vários símbolos como os objetos, a fala, os gestos, a linguagem de sinais, as fotografias, os desenhos e a escrita. Há vários tipos de símbolos que são usados para representar mensagens. Eles podem ser divididos em: Símbolos que não necessitam de recursos externos - o indivíduo utiliza apenas o seu corpo para se comunicar. São exemplos desse sistema os gestos, os sinais manuais, as vocalizações, e as expressões faciais. Símbolos que necessitam de recursos externos - requerem instrumentos ou equipamentos além do corpo do usuário para produzir uma mensagem. Esses sistemas podem ser muito simples, ou de baixa tecnologia ou tecnologicamente complexos ou de alta tecnologia. 42 5.1 Tipos de símbolos Objetos reais - Os objetos reais podem ser idênticos ao que estão representando ou similares, onde há variações quanto ao tamanho, cor ou outra característica. Miniaturas - Os objetos em miniatura precisam ser selecionados com cuidado para que possam ser utilizados como recursos de comunicação. Devem ser consideradas as possibilidades visuais e intelectuais dos indivíduos na sua utilização. Objetos parciais- Em situações onde os objetos a serem representados são muitograndes a utilização de parte do objeto pode ser muito apropriada. Fotografias - Fotos coloridas ou preto e branco podem ser utilizadas para representar objetos, pessoas, ações, lugares ou atividades. Nas escolas, muitas vezes, são utilizados recortes de revistas ou embalagens de produtos. Símbolos gráficos- Há uma série de símbolos gráficos que foram desenvolvidos para facilitar a comunicação de pessoas com necessidades educativas especiais. Alguns deles são: Picture Communication Symbols (PCS) Símbolos para alfabetização da Widgit (Rebus Symbols) Picsyms Pictogram Ideogram Communication Symbols (PIC) Blissyymbolics COMPIC Self Talk Pick 'N Stick Brady-Dobson Alternative Communication (B-DAC) Talking Pictures I, II e III Oakland Schools Picture Dictionary Pictogramas ARASAAC Letras 43 5.2 Baixa e alta tecnologia Os recursos são os objetos ou equipamentos utilizados para transmitir as mensagens e podem ser de baixa ou de alta tecnologia. Dentre os recursos de baixa tecnologia temos: Pranchas de comunicação - as pranchas de comunicação podem ser construídas utilizando-se objetos ou símbolos, letras, sílabas, palavras, frases ou números. Elas são personalizadas e devem considerar as possibilidades cognitivas, visuais e motoras de seu usuário. Essas pranchas podem estar soltas ou agrupadas em álbuns ou cadernos. O indivíduo vai olhar, apontar ou ter a informação apontada pelo parceiro de comunicação dependendo de sua condição motora. Eye-gaze - pranchas de apontar com os olhos que podem ser dispostas sobre a mesa ou apoiada em um suporte de acrílico ou plástico colocado na vertical. O indivíduo também pode apontar com o auxílio de uma lanterna com foco convergente, fixada ao lado de sua cabeça, iluminando a resposta desejada. Avental - é um avental confeccionado em tecido que facilita a fixação de símbolos ou letras com velcro, que é utilizado pelo parceiro. No seu avental o parceiro de comunicação prende as letras ou as palavras e a criança responde através do olhar. 44 Comunicador em forma de relógio - o comunicador é um recurso que possibilita o indivíduo dar sua resposta com autonomia, mesmo quando ele apresenta uma dificuldade motora severa. Seu princípio é semelhante ao do relógio, só que é a pessoa que comanda o movimento do ponteiro apertando um acionador. São recursos de alta tecnologia: Comunicadores com voz gravada - são comunicadores onde as mensagens podem ser gravadas pelo parceiro de comunicação. Comunicadores com voz sintetizada - no comunicador com voz sintetizada o texto é transformado eletronicamente em voz. Computadores - com o avanço da tecnologia têm surgido novos sistemas de CAA para as pessoas com necessidades especiais como o Classroom, o OverlayMaker, o Comunicar com Símbolos, o Boardmaker, o Invento, entre outros. 5.3 Técnicas As técnicas de seleção referem-se à forma pela qual o usuário escolhe os símbolos no seu sistema de comunicação. É importante determinar a técnica de seleção mais eficiente para cada indivíduo. Deve ser determinado o posicionamento ideal da prancha e do usuário, a precisão do acesso, a taxa de fadiga e a velocidade. O terapeuta ocupacional é o profissional que realiza essa avaliação. São técnicas de seleção: Seleção direta - é o método mais rápido e pode ser feito através do apontar do dedo ou outra parte do corpo, com uma ponteira de cabeça ou com uma luz fixada à cabeça. Técnica de varredura - exige que o indivíduo tenha uma resposta voluntária consistente como piscar os olhos, balançar a cabeça, sorrir ou emitir um som para que possa sinalizar sua resposta. Nos recursos de baixa tecnologia o 45 usuário vai necessitar de um facilitador para apontar os símbolos. Os métodos de varredura podem ser linear, circular, de linhas e colunas ou blocos. Técnica da codificação - permite a ampliação de significados a partir de um número limitado de símbolos e o aumento da velocidade. É uma técnica bastante eficiente para usuários com dificuldades motoras graves, mas exige um maior grau de abstração. 5.4 Estratégias As estratégias referem-se ao modo como os recursos da comunicação alternativa são utilizados. Exemplo: Adaptação de livros de histórias como recurso de imersão nos símbolos Outra estratégia seria o uso de letras maiúsculas ampliadas, sendo que os livros são transcritos ou modificados a partir da reescrita simplificada da história impressa com letra maiúscula, tamanho 28 ou superior, fonte Arial e negrito. Quando necessário, os livros podem ser adaptados com a escrita Braille. Ainda temos a associação de brinquedos ao conteúdo do livro como os bichinhos da história e a construção de pranchas de comunicação relacionadas com a história. 46 Os símbolos pictográficos como Picture Communications Simbols (PCS) são elaborados como o auxílio do software Boardmaker e podem ser impressos isoladamente em cartões ou organizados em pranchas de comunicação. O objetivo principal dos símbolos é o desenvolvimento de uma comunicação alternativa que possibilite ao usuário acompanhar a história através dos símbolos, responder ou fazer perguntas e recontar a sequência de acontecimentos (PELOSI, 2011). 47 UNIDADE 6 - AVALIAÇÃO E ESCOLHA DAS ESTRATÉGIAS A avaliação consiste em: Identificar as necessidades do indivíduo de se comunicar; Obter informação geral; Entrevistar a família; Envolver toda a equipe; Observar o indivíduo; Entrevistar o indivíduo; Avaliar a linguagem; Combinar as habilidades com as características do sistema; Implementar o sistema; Avaliar os resultados. São recursos de avaliação: Entrevistas; Avaliações padronizadas; Avaliações formais específicas; Questionário para melhor analisar a rotina em casa e/ou na escola; Lembre-se que a avaliação deve ocorrer preferencialmente no meio natural do aluno existindo expectativa do indivíduo atuar, bem como deve ser dada importância ao que ele pode ou não fazer. Na entrevista, os questionamentos abaixo seriam importantes: Como o cliente se comunica? O que o cliente se comunica? Quando é que o cliente se comunica? 48 Com quem o cliente se comunica? Quais são as habilidades visuais, auditivas e perceptivas do cliente? Quais são as habilidades motoras? Qual é a atitude frente a comunicação? O cliente conhece algum sistema(s) de comunicação alternativa? O que ele precisa comunicar? O que ele não consegue? Quando? Aonde? Qual é o sistema ideal de comunicação? Quando a avaliação acontecer através de atividades estruturadas e/ou não estruturadas deve-se observar como o cliente se relaciona e se comunica com o avaliador; as funções motoras (global e fina); as funções sensorial e perceptiva e as funções cognitivas e de aprendizagem que se traduzem nos seguintes questionamentos a responder: Como aprende melhor? Reconhece fotografias, desenhos, formas abstratas (círculo, quadrado)? Reconhece letras, capacidade de discriminar palavras simples? Como são a sua atenção, a compreensão de causa e efeito, habilidade de expressar preferência, habilidade de fazer escolha, compreensão da permanência de objeto, possuir representação simbólica? Avaliando o indivíduo, suas necessidades de comunicar, suas expectativas, podemos determinar os objetivos e estabelecer um Plano de Ação. Quanto aos objetivos, estes podem ser específico – concreto – claro; possível de medir qualitativa ou quantitativamente; orientado pela ação a ser tomado para se conseguir alcançar o desejado; deve ser realista, ou seja, alcançável; deve ter um tempo para começar e terminar; deve estar de comum acordo com o cliente e todos envolvidos; e, claro, deve estar dentro do contexto. Quanto ao Plano de Ação, este precisa estar de comum acordo com todos; deixar clara a tarefa de cada membro da equipe em detalhes e incluir o prazo de conclusão. As barreiras devemser identificadas em parceria com todos envolvidos para que possam ser ultrapassadas e não simplesmente jogadas para o lado. 49 UNIDADE 7 - ADAPTAÇÕES CURRICULARES Segundo os Parâmetro Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), as adaptações curriculares constituem as possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adaptação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos. Nessas circunstâncias, as adaptações curriculares implicam a planificação pedagógica e a ações docentes fundamentadas em critérios que definem: o que o aluno deve aprender; como e quando aprender; que formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem; como e quando avaliar o aluno. Para que alunos com necessidades educacionais especiais possam participar integralmente em um ambiente rico de oportunidades educacionais com resultados favoráveis, alguns aspectos precisam ser considerados, destacando-se entre eles: a) a preparação e a dedicação da equipe educacional e dos professores; b) o apoio adequado e recursos especializados, quando forem necessários; c) as adaptações curriculares e de acesso ao currículo. Algumas características curriculares facilitam o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos, dentre elas atingir o mesmo grau de abstração ou de conhecimento, num tempo determinado; ser desenvolvidas pelos demais colegas, embora não o façam com a mesma intensidade, em necessariamente de igual modo ou com a mesma ação e grau de abstração. As adaptações curriculares apoiam-se nesses pressupostos para atender às necessidades educacionais especiais dos alunos, objetivando estabelecer uma 50 relação harmônica entre essas necessidades e a programação curricular. Estão focalizadas, portanto, na interação entre as necessidades do educando e as respostas educacionais a serem propiciadas (BRASIL, 1998). Devem ser destinadas aos que necessitam de serviços e/ou situações especiais de educação, realizando-se, preferencialmente, em ambiente menos restritivo e pelo menor período de tempo, de modo a favorecer a promoção do aluno a formas cada vez mais comuns de ensino. As necessidades especiais revelam que tipos de ajuda, diferentes das usuais, são requeridas, de modo a cumprir as finalidades da educação. As respostas a essas necessidades devem estar previstas e respaldadas no projeto pedagógico da escola, não por meio de um currículo novo, mas, da adaptação progressiva do regular, buscando garantir que os alunos com necessidades especiais participem de uma programação tão normal quanto possível, mas considere as especificidades que as suas necessidades possam requerer. O currículo, nessa visão, é um instrumento útil, uma ferramenta que pode ser alterada para beneficiar o desenvolvimento pessoal e social dos alunos, resultando em alterações que podem ser de maior ou menor expressividade. A maior parte das adaptações curriculares realizadas na escola são consideradas menos significativas, porque constituem modificações menores no currículo regular e são facilmente realizadas pelo professor no planejamento normal das atividades docentes e constituem pequenos ajustes dentro do contexto normal de sala de aula. O Quadro abaixo especifica alguns aspectos desses tipos de adaptação. São importantes como medidas preventivas levando o aluno a aprender os conteúdos curriculares de maneira mais ajustada às suas condições individuais, para prosseguir na sua carreira acadêmica, evitando-se seu afastamento da escola regular. 51 Fonte: Manjón, op. cit., 1995, p. 89 As adaptações organizativas têm um caráter facilitador do processo de ensino-aprendizagem e dizem respeito: ao tipo de agrupamento de alunos para a realização das atividades de ensino- aprendizagem; à organização didática da aula – propõe conteúdos e objetivos de interesse do aluno ou diversificados, para atender às suas necessidades especiais, bem como disposição física de mobiliários, de materiais didáticos e de espaço disponíveis para trabalhos diversos; 52 à organização dos períodos definidos para o desenvolvimento das atividades previstas – propõe previsão de tempo diversificada para desenvolver os diferentes elementos do currículo na sala de aula. As adaptações relativas aos objetivos e conteúdos dizem respeito: à priorização de áreas ou unidades de conteúdos que garantam funcionalidade e que sejam essenciais e instrumentais para as aprendizagens posteriores. Ex: habilidades de leitura e escrita, cálculos etc.; à priorização de objetivos que enfatizam capacidades e habilidades básicas de atenção, participação e adaptabilidade do aluno. Ex: desenvolvimento de habilidades sociais, de trabalho em equipe, de persistência na tarefa, etc.; à sequenciação pormenorizada de conteúdos que requeiram processos gradativos de menor à maior complexidade das tarefas, atendendo à sequência de passos, à ordenação da aprendizagem, etc.; ao reforço da aprendizagem e à retomada de determinados conteúdos para garantir o seu domínio e a sua consolidação; à eliminação de conteúdos menos relevantes, secundários para dar enfoque mais intensivo e prolongado a conteúdos considerados básicos e essenciais no currículo. As adaptações avaliativas dizem respeito: à seleção das técnicas e instrumentos utilizados para avaliar o aluno. Propõem modificações sensíveis na forma de apresentação das técnicas e dos instrumentos de avaliação, a sua linguagem, de um modo diferente dos demais alunos de modo que atenda às peculiaridades dos que apresentam necessidades especiais. As adaptações nos procedimentos didáticos e nas atividades de ensino-aprendizagem referem-se ao como ensinar os componentes curriculares. Dizem respeito: à alteração nos métodos definidos para o ensino dos conteúdos curriculares; à seleção de um método mais acessível para o aluno; 53 à introdução de atividades complementares que requeiram habilidades diferentes ou a fixação e consolidação de conhecimentos já ministrados – utilizadas para reforçar ou apoiar o aluno, oferecer oportunidades de prática suplementar ou aprofundamento. São facilitadas pelos trabalhos diversificados, que se realizam no mesmo segmento temporal; à introdução de atividades prévias que preparam o aluno para novas aprendizagens; à introdução de atividades alternativas além das planejadas para a turma, enquanto os demais colegas realizam outras atividades. É indicada nas atividades mais complexas que exigem uma sequenciação de tarefas; à alteração do nível de abstração de uma atividade oferecendo recursos de apoio, sejam visuais, auditivos, gráficos, materiais manipulativos, etc.; à alteração do nível de complexidade das atividades por meio de recursos do tipo: eliminar partes de seus componentes (simplificar um problema matemático, excluindo a necessidade de alguns cálculos, é um exemplo); ou explicitar os passos que devem ser seguidos para orientar a solução da tarefa, ou seja, oferecer apoio, especificando passo a passo a sua realização; à alteração na seleção de materiais e adaptação de materiais – uso de máquina braille para o aluno cego, calculadoras científicas para alunos com altas habilidades/superdotados, etc. As adaptações na temporalidade dizem respeito: à alteração no tempo previsto para a realização das atividades ou conteúdos; ao período para alcançar determinados objetivos. Muitas vezes, há necessidade de adotar adaptações significativas do currículo para atender às necessidades especiais dos alunos, quando estas forem mais acentuadas e não se solucionarem com medidas curriculares menos significativas. De um modo
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