Buscar

EDUCAÇÃO, RELIGIÃO E DIVERSIDADE RELIGIOSA NO ESPAÇO_001 Karen

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. GT0138 
 
 
EDUCAÇÃO, RELIGIÃO E DIVERSIDADE RELIGIOSA NO ESPAÇO 
ESCOLAR 
 
Adriana Thomé – SEED/PR 
thadriana@seed.pr.gov.br 
Angela Dorcas de Paula – SEED/PR 
angelsociologie@gmail.com 
Carolina do Rocio Nizer – SEED/PR 
carolinanizer@gmail.com 
Cristina Elena Taborda Ribas – SEED/PR 
 cribas01@gmail.com 
 
Resumo: O presente artigo apresenta uma análise da relação entre Religião, Educação e Diversidade 
Cultural Religiosa no espaço escolar, a partir de uma releitura baseada no Plano Estadual de Educação 
do Estado do Paraná - PEE/PR (2015 a 2024). A análise conta com pressupostos teóricos de estudiosos 
do tema e Leis que tratam da obrigatoriedade da inserção da disciplina de Ensino Religioso nas escolas 
públicas do Estado do Paraná (BASTOS, 2001; BRASIL, 1988; CANCLINI, 2009; DURKHEIM, 1981; 
GEERTZ, 1989; MARX, 1991; PARANÁ, 2008 - 2015; WEBER, 2000). O foco da análise é a Proposta 
Pedagógica da referida disciplina, incluída no Currículo Escolar, por meio da qual é possível trabalhar 
com a diversidade cultural religiosa no processo de ensino e aprendizagem e auxiliar na formação 
integral dos educandos. Os espaços escolares não confessionais, dentre eles os da rede pública, 
necessitam repensar sua identidade na sociedade, que é plural, composta por diferentes estruturas, tais 
como: gênero, política, economia, religiosidade entre outras. Igualmente necessário se faz o 
desenvolvimento de um trabalho pedagógico, capaz de libertar o ser humano das cadeias sociais que 
têm como herança a dominação e o lucro, que aniquila os direitos e as possibilidades de reflexão, 
respeito e valorização daqueles, cuja cultura religiosa se distingue das demais. Por isso, o Ensino 
Religioso precisa focar no conhecimento, discutir o Sagrado nos seus múltiplos significados propiciando, 
assim, o respeito à diversidade cultural e religiosa, à superação de formas de discriminação e 
preconceito. Por meio do ensino religioso, veiculado também pelas disciplinas de Sociologia e História é 
possível abordar as religiões de matriz social e culturalmente marginalizadas, pelo uso da 
interdisciplinaridade, como forma de viabilizar as relações dialógicas entre a Religião, Educação e a 
Diversidade Religiosa no espaço escolar. 
 
Palavras-chave: Religião. Educação. Diversidade Religiosa no Espaço Escolar. 
 
Anais do V Congresso da ANPTECRE 
“Religião, Direitos Humanos e Laicidade” 
ISSN:2175-9685 
Licenciado sob uma Licença 
Creative Commons 
 
 
 
 
 
mailto:cribas01@gmail.com
 
 Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. GT0138 
 
 
Introdução 
O presente estudo objetiva analisar a relação entre a Religião, Educação e a 
Diversidade Religiosa no espaço escolar, a partir de uma releitura baseada no Plano 
Estadual de Educação do Paraná (PEE-PR), o qual tem vigência decenal (2015 a 
2024)1 e de pressupostos teóricos de alguns pensadores que discutem essa questão. 
A religião é abordada na Educação Básica do Estado do Paraná, por meio de 
diversas disciplinas, dentre elas a de Ensino Religioso, regulamentada pela lei nº 
9394/1996, artigo 33, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). 
Essa Lei dispõe: 
O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte 
integrante da formação básica do cidadão e constitui 
disciplina dos horários normais das escolas públicas de 
Ensino Fundamental, assegurado o respeito à diversidade 
cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de 
proselitismo.2 
 
Conforme a redação apresentada, a lei nacional, que abrange toda a federação, 
visa à superação do aspecto confessional e proseletista rompendo o preconceito social 
e viabilizando ao aluno a construção do respeito à diversidade cultural e religiosa. 
Posteriormente, em 2002, o Conselho Estadual de Educação (CEE) do Estado 
do Paraná aprovou a Deliberação 03/2002, que regulamentou o Ensino Religioso em 
 
1 O Plano Nacional de Educação foi instituído pela Emenda Constitucional nº 59/2009 e da Lei 
nº 13.005 de 25 de junho de 2014. A partir deste, o Estado do Paraná construiu o Plano 
Estadual de Educação (PEE), um plano decenal de educação que reúne e orienta objetivos 
comuns para discentes, docentes, escolas e famílias por meio do envolvimento de sujeitos que 
atuam nos segmentos educacionais e setores da sociedade envolvidos com a educação. O 
PEE-PR foi aprovado por meio da lei 18.492 de 24 de junho de 2015. 
2 Brasil. LDB nacional [recurso eletrônico]: Lei de Diretrizes e Bases Da Educação Nacional: Lei 
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação 
nacional. – 11. Ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2015. – (Série 
legislação; n. 159). 
 
 Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. GT0138 
 
todas as escolas públicas do Sistema de Ensino desse Estado. A partir disso, a 
Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/PR) elaborou uma Instrução 
Conjunta nº. 001/2002, que estabeleceu as normas para o Ensino Religioso. Em 2006, 
o CEE-PR aprovou uma nova Deliberação nº. 01/2006, a qual institui novas normas 
para ministrar as aulas de Ensino Religioso no espaço escolar. Dentre os avanços 
destaca-se: 
 
[...] a consideração da diversidade religiosa no Estado frente 
à superação das tradicionais aulas de religião; a necessidade 
do diálogo e do estudo na escola sobre as diferentes leituras 
do sagrado na sociedade; o ensino da disciplina em cuja 
base se reconhece a expressão das diferentes 
manifestações culturais e religiosas (PARANÁ, 2008). 
 
Os avanços delineados a partir desta Deliberação são notáveis, como o repensar 
do objeto da disciplina; a produção do documento orientador, conhecido pelos 
professores como Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso3; o compromisso com a 
formação docente, a produção de materiais pedagógicos na perspectiva do trabalho 
com as quatro matrizes religiosas: africana, indígena, ocidental e oriental; a 
consideração da diversidade religiosa no Estado e a abordagem a partir das diferentes 
leituras do Sagrado na sociedade. 
Por fim, no estado do Paraná, em 2015, com a elaboração e aprovação do Plano 
Estadual de Educação - PEE, o direito à diversidade religiosa no espaço escolar fica 
assegurado por meio da Lei nº 18.492, art. 2, incisos III, IV, V, VI e X, a qual trata: 
 
3 É reconhecido pelos profissionais da educação como um documento oficial que em sua 
construção contou com a participação de diferentes profissionais da educação, ou seja, 
Escolas, Núcleos Regionais de Educação do Estado, Secretaria de Estado da Educação, 
Instituições Superiores e demais entidades. Esse documento representa as vozes de todos os 
professores das escolas públicas estaduais, por projetar estratégias que contribuem no 
planejamento do professor buscando garantir a apropriação do conhecimento ao definir em seu 
texto o objeto de estudo, conteúdos, bem como encaminhamento metodológicos. 
 
 
 Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. GT0138 
 
III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da 
cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; 
IV - melhoria da qualidade da educação; 
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais 
e éticos em que se fundamenta a sociedade; 
VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; 
X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à 
sustentabilidade socioambiental. 
 Neste artigo, destacam-se os incisos III, V e X. O primeiro assegura a superação 
de todas as formas de discriminação; o segundo, a ênfase nos valores morais e éticos 
e, o terceiro, o direito à promoção dos princípios de respeito aos Direitos Humanos. 
Percebe-se que todos estão baseados no direito e no respeito à diversidade cultural 
religiosa.Diante do exposto, na sequência aborda-se a relação entre a Religião, 
Educação e Diversidade Religiosa no espaço escolar das instituições públicas 
estaduais do Paraná. 
 
Religião 
No Brasil, atualmente, tem se desenvolvido com mais intensidade a cultura do 
diálogo entre as mais diversas religiões. A ocorrência desse fato se deve possivelmente 
à promulgação da Constituição Nacional de 1988, a qual assegura por meio do art.5º, 
cap. I, inciso VI o direito de se ter liberdade de credo e de culto. Esse direito 
representou uma árdua conquista, que se deu com muita luta, pois havia o domínio da 
visão eurocêntrica católica no período colonial brasileiro, que legitimava a inferiorização 
e até proibia a prática de outras religiões que se encontravam no país - por meio dos 
povos indígenas e negros. O início das conquistas legais se deu com a Constituição do 
 
 Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. GT0138 
 
Império, de 1824, que previa somente a liberdade de crença, negando a expressão 
pública ao culto religioso. Segundo Bastos (2001, p. 199), nesse período “só se 
reconhecia como livre o culto católico. Outras religiões deveriam contentar-se a celebrar 
um culto doméstico, vedada qualquer forma exterior de templo”. 
Nessa construção histórica acerca da liberdade religiosa4, o Brasil foi 
influenciado desde o seu descobrimento pela cultura europeia. As conquistas foram 
conseguidas a partir da Constituição elaborada na Proclamação da República em 1891, 
que garantia a liberdade de crença e também de culto. Nesse sentido, Nestor Canclini 
(2009), diz que era comum as pessoas legitimarem hábitos e valores que fossem 
trazidos do continente europeu como ‘cultura refinada’. 
Na perspectiva sociológica a religião é entendida de diferentes formas, as quais 
são relevantes para o diálogo sociocultural. Para Émile Durkheim (1981), a religião tem 
o papel de fortalecer os laços de coesão social e colaborar para a solidariedade dos 
membros do grupo. Podendo, desta forma, ser compreendida como um processo 
pedagógico que constrói valores na vida do ser humano. Na percepção de Karl Marx 
(1991, p. 106) a religião é o “ópio do povo”, porém esta afirmativa se dá a partir do 
momento que a religião tolhe o poder de reflexão do indivíduo. Max Weber (2000), por 
meio de seus estudos comparativos que a religião ocidental pode contribuir para o 
desenvolvimento capitalista, uma vez que o trabalho e o enriquecimento são entendidos 
como uma forma de favorecimento da divindade. 
 Em contrapartida a religião oriental não compartilha com o pensamento de que 
enriquecer materialmente é beneficio do divino aos seus contempladores. Para Geertz 
(1989) a religião é “um sistema de símbolos que atua para estabelecer poderosas, 
penetrantes e duradouras disposições e motivações através de formulação de 
 
4 Sobre direito à liberdade de religião existem três tipos de liberdades que estão relacionadas entre si: a liberdade 
de culto, liberdade de crença e a liberdade de organização religiosa. Sendo que a primeira “consiste na liberdade de 
orar e de praticar os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou em público”; já a liberdade de 
organização religiosa faz relação “à possibilidade de estabelecimento e organização de igrejas em suas relações 
com o Estado.” Quanto à liberdade de crença refere-se a “liberdade de escolha da religião, a liberdade de aderir a 
qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de mudar de religião, mas também compreende a liberdade de 
não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o 
agnosticismo.” (SILVA, 1989, p. 223). 
 
 Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. GT0138 
 
conceitos de uma ordem de existência geral”. Enfim, a religião tem o papel de reorientar 
e estimular o ser humano por meio de um sistema simbólico e essas interpretações que 
a religião aborda, necessitam ser trabalhadas por meio de um diálogo crítico e 
contextualizado. Este processo de reorientação, por sua vez, propõe o respeito à 
diversidade cultural e religiosa, por meio da disciplina de Ensino Religioso, o qual é 
embasado no diálogo com outras disciplinas na educação formal. 
Educação e Ensino Religioso 
O Ensino Religioso assim como as demais disciplinas, perpassa a educação 
formal a qual contribui para a transformação do ser humano, propiciando, por meio do 
conhecimento, autoconfiança, necessária para reforçar a vontade de buscar mais 
informações, de inserir-se em meios desconhecidos da sociedade, participando 
enfaticamente na transformação desta. 
É importante ressaltar que a educação começa desde o nascimento do ser 
humano, pois no contato com seus cuidadores, já se inicia a aprendizagem. Mais 
adiante, começa a se relacionar com os demais familiares, e suas experiências vão 
gradativamente se ampliando, até chegar o momento de ir à escola, local no qual 
deverá aprender com seus professores e também a partir da convivência com seus 
colegas. 
A educação formal está em constante mudança em suas propostas 
pedagógicas, reformas de ensino, adaptando-se e aperfeiçoando suas grades 
curriculares para que correspondam às necessidades do contexto social no qual o 
estudante está inserido. 
Ao encontro das ideias anteriormente citadas, o educador Rubem Alves (1994, p. 
55) chama atenção ao modo de ensino que contempla exclusivamente o contexto social 
vigente, defendendo um processo pedagógico equilibrado, que dialogue com os 
diferentes tempos, a fim de que os estudantes possam pensar ousar e inovar com 
ideias e sonhos, tornando-se protagonistas de suas vidas ao invés de coadjuvantes de 
uma sociedade orquestrada para legitimar o poder econômico e social da minoria. 
 
 Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. GT0138 
 
Nesse sentido, a disciplina de Ensino Religioso nas instituições públicas 
estaduais de ensino do Paraná, vem colaborar para a formação dos sujeitos na 
prerrogativa de sua proposta pedagógica, trabalhando com a diversidade cultural e 
religiosa em seu processo de ensino e aprendizagem. 
Nesse contexto sociopolítico e cultural o Ensino Religioso, deve: 
 
[...] oferecer subsídios para que os estudantes entendam 
como os grupos sociais se constituem culturalmente e como 
se relacionam com o Sagrado. Essa abordagem possibilita 
estabelecer relações entre as culturas e os espaços por ela 
produzidos, em suas marcas de religiosidade. (PARANÁ, 
2008). 
 
 A partir dessa abordagem, no estado do Paraná, a disciplina de Ensino 
Religioso apresenta em seus conteúdos as quatro ‘Matrizes Religiosas’5 tendo por 
objetivo propiciar no espaço escolar “a compreensão, a comparação e análise das 
diferentes manifestações do Sagrado nas religiões, com vistas à interpretação dos seus 
múltiplos significados” (PARANÁ, 2008). Assim, esta disciplina, por meio de seus 
fundamentos teóricos e metodológicos contribuirá para a formação integral e humana 
dos estudantes, bem como para o desenvolvimento da cidadania. Nessa perspectiva, o 
professor deve ser aquele que instiga no aluno qualidades como ação, reflexão, crítica, 
curiosidade, questionamento, incerteza, inquietação e a capacidade de dialogar com o 
diferente, buscando superar as desigualdades étnico-religiosas e garantir o direito 
constitucional de liberdade de crença, de expressão e, por consequência, o direito à 
liberdade individual e política, garantindo a diversidade religiosa no espaço escolar. 
 
 
5 Considerar as quatro matrizes culturais e religiosas como estratégias pedagógicas no trabalho com os conteúdos 
da disciplina de Ensino Religioso nas Escolas Estaduais do Estado do Paraná que visam contemplar e garantir o 
estudo da diversidade cultural e religiosa, tendo em vista que os conteúdos serão organizados a partir das matrizes 
que influenciaram a constituiçãodo povo brasileiro: africana, indígena, ocidental e oriental. 
 
 Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. GT0138 
 
Respeito e Diversidade Religiosa no Espaço Escolar 
Historicamente é possível identificar diferentes grupos e sociedades, nos quais 
se manifestam formas peculiares de ser, viver, agir, pensar, crer e se relacionar, que 
são características da diversidade cultural de um povo. Assim, dentre as diversas 
formas de manifestações culturais podemos identificar as expressões, as crenças, os 
movimentos e as tradições religiosas que influenciam e são influenciadas pelas 
diferentes culturas. 
Portanto, não se pode dissociar a religiosidade da cultura, pois o aspecto 
religioso é um elemento presente em todas as tradições culturais apresentando-se 
como uma tentativa de resposta aos questionamentos e desafios postos ao ser 
humano. 
Partindo então desse pressuposto, entende-se que a manifestação religiosa deve 
ser considerada como um direito dos povos, pois em contextos socioculturais 
diferentes, cada ser humano se constitui como ser único e singular e, ao mesmo tempo, 
diverso. 
 Segundo a Declaração Universal de Direitos Humanos, da qual somos 
signatários, a liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais da humanidade. 
Também podemos citar o artigo 5º, inciso VI da Carta Magna o qual afirma que: “é 
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício 
dos cultos religiosos e garantia, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas 
liturgias” (BRASIL, 1988, Art. 5, VI). 
 Portanto, uma democracia, ao defender os princípios de liberdade, de 
consciência e de crença, possibilita aos indivíduos a autonomia do pensamento, bem 
como a interdependência de todos, assegurando assim, o respeito à diversidade 
cultural e religiosa e o pleno exercício da cidadania. 
 Na sociedade contemporânea, ainda existem muitas controvérsias quando se 
trata da questão da diversidade religiosa, principalmente no posicionamento e no 
imaginário das pessoas. O respeito à diversidade pressupõe ultrapassar a uma simples 
 
 Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. GT0138 
 
condição de aceitação ou mesmo de tolerância ao outro. Por isso, faz-se necessário 
destacar a diferença entre a tolerância e respeito. 
A formação religiosa numa determinada confissão não é função da escola nas 
sociedades plurais e democráticas. Nestas sociedades, a diversidade religiosa 
necessita estar presente no espaço escolar. Diante dessa necessidade, os ambientes 
escolares não confessionais, dentre eles os espaços escolares da rede pública, 
necessitam repensar suas identidades na sociedade, que é composta por diferentes 
estruturas, tais como: gênero, política, economia, religiosidade entre outras. 
Por essa razão, é necessário desenvolver um processo pedagógico que liberte 
o ser humano das cadeias sociais que tem como primeiro objetivo, a dominação e o 
lucro, aniquilando o seu direito e poder de reflexão, de respeito e de valorização 
àqueles que têm credo, cor e raça diferente da sua, como afirmou Nelson Mandela: 
“ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda 
por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a 
odiar, podem ser ensinadas a amar.”
 
Assim, a escola, como instituição social, responsável pela formação dos sujeitos, 
tem como um dos papéis fundamentais a transmissão da cultura e do conhecimento, 
sendo imprescindível em sua abordagem questões acerca da diversidade cultural 
religiosa. Dessa maneira, teremos um modelo de escola plural e democrática que 
aborde em seu processo pedagógico elementos relacionados à diversidade cultural, 
bem como as questões da religiosidade e sua ligação com o Sagrado, por meio do 
convívio intercultural. 
Nesse contexto, a disciplina de Ensino Religioso, bem como as disciplinas da 
área das Ciências Humanas, que fazem parte do currículo básico das escolas públicas 
estaduais do Paraná, tem a função de propiciar ao educando a possibilidade de refletir 
sobre diversos aspectos da existência, entre eles o Sagrado. Indagar sobre o sentido 
da vida, entender o comprometimento com a sociedade e com o outro, oferecendo 
assim subsídios para que os estudantes compreendam como os grupos sociais se 
constituem culturalmente. 
 
 Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. GT0138 
 
Conclusão 
A luz desse entendimento compreende-se que a formação religiosa do sujeito 
não é papel da escola pública, a qual deve ser plural, laica e democrática, podendo 
esta função social de formação religiosa, ser da família e suas respectivas 
comunidades. No espaço escolar, a diversidade religiosa deve ser respeitada com 
equidade de valor. 
O Ensino Religioso necessita ser tratado com foco no conhecimento, 
contextualizado e historicizado para discutir nos ambientes escolares as diversas 
tradições religiosas, contemplando assim as quatro matrizes religiosas: africana, 
indígena, ocidental e oriental. Para tanto, a interdisciplinaridade é uma das formas de 
viabilizar uma relação dialógica entre a Religião, a Educação e a Diversidade Cultural 
Religiosa no Espaço Escolar. 
Faz-se necessário que o espaço escolar tematize as questões sobre 
diversidade cultural religiosa sem referir-se necessariamente a uma religião em 
concreto. Por isso, para se ter um modelo de escola plural e democrático é de suma 
importância que a instituição aborde em seu processo pedagógico as questões da 
religiosidade e sua ligação com o transcendente, por meio do convívio intercultural. 
Tal convívio é possível por meio de processos educativos que valorizem a 
diversidade cultural, concomitante com as identidades na sociedade, por meio da 
compreensão dos outros, propiciando uma forma singular e coerente de expressão, de 
desenvolvimento da autonomia humana para se ter a liberdade de optar ou não por 
uma religião. 
REFERENCIAS 
ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 3ª. Ed. São Paulo: ARS Poética Editora Ltda, 
1994, p. 55. 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22 ed. São Paulo: Saraiva 
2001. 
 
 Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. GT0138 
 
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Art. 5, VI. 
BRASIL. Lei n.º 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação 
e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2001. Seção 1, 
p. 1. 
CANCLINI, G. Néstor. Diferentes, Desiguais e Desconectados. 3ª ed. Rio de Janeiro: 
Editora UFRJ, 2009. 
DURKHEIM, Émile. Religião e conhecimento. In: Sociologia, 2ª ed. São Paulo: Ática, 
1981. 
FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e Ousadia: O Cotidiano do professor. Rio de Janeiro: 
Paz e Terra, 1986. 
GEERTZ, C. A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989. 
LEITER, Brian. Why tolerate religion? Manuscrito não publicado, fornecido pelo autor 
durante o Workshop Direito e Filosofia, coordenado por Brian Leiter na University of 
Chicago l a w School, no período compreendido entre setembro de 2008 e maio de 
2009. 
MARX, Karl. Introdução à crítica da filosofia do direito de Hegel. In: Questão Judaica. 
2ª. Ed. São Paulo: Moraes, 1991, pg.106. 
ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: http://www.onu-
brasil.org.br/documentos_direitoshumanos. php. Acesso em 29 dez. 2010. 
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, SUED. Diretrizes Curriculares 
Orientadoras da Educação Básica para a Rede Estadual do Ensino Religioso. 
Curitiba, 2008. 
PARANÁ. Lei n.º 18.492, de 24 de junho de 2015. Aprova o Plano Estadual de 
Educação. Diário Oficial do Paraná, Poder Executivo, Curitiba, PR, 25 jun. 2015. nº. 
9479. 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 5 ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 1989. 
WEBER, Max. A Ética protestante e o espirito do capitalismo. 15ª ed. São Paulo: 
Biblioteca Pioneira de Ciências Sociais,2000.

Continue navegando