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Respostas - Seminário de Casa IV

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Aluno: Gabriel Ribeiro Gonçalves Ramos
Módulo 1 – Tributo e Segurança Jurídica
Turma Quinzenal
Seminário IV – Interpretação, Validade, Vigência e Eficácia da Norma Tributária
1.	Que significa afirmar que uma norma “N” é válida? Diferençar: (i) validade, (ii) vigência; (iii) eficácia jurídica; (iv) eficácia técnica e (v) eficácia social. 
Como leciona o Prof. Paulo de Barros Carvalho, a norma jurídica é uma proposição prescritiva de valência própria, que pode ser sempre válida ou inválida, a depender do ordenamento jurídico no qual ela está	 inserida. Embora possamos discutir sua validade, não há cabimento em discutir se elas são verdadeiras ou falsas por exemplo. Assim, ao afirmar que uma norma “N” é válida, quer-se dizer que aquela norma pertence a um sistema jurídico “S”, tendo sido inserida nesse meio através de um órgão legislativo competente[footnoteRef:1]. [1: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, p. 125.] 
Assim, validade significa dizer que há um vínculo perfeitamente estabelecido entre uma norma “N” e um sistema jurídico “S”, ou seja, há uma relação de pertencimento entre uma e a outra. Importante ressaltar que a norma precisa ter sido inserida no sistema se respeitando o devido processo legislativo.
Vigência é a força que aquela norma válida terá de disciplinar, para prescrever, para alcançar o seus objetivos. A norma jurídica que está pronta para propagar efeitos e para disciplinar a sociedade será considerada vigente[footnoteRef:2]. [2: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, p. 127.] 
A eficácia jurídica, conforme definição do Prof Paulo de Barros Carvalho, é a própria incidência da norma jurídica, que se aperfeiçoa na relação de causalidade jurídica. A eficácia técnica se refere à própria condição de uma regra jurídica, que por sua própria natureza descreve um acontecimento comum ao convívio social que, quando ocorrido de fato, desencadeará uma série de efeitos jurídicos anteriormente previstos em lei. Por fim, a eficácia social é a própria efetividade da norma percebida em sociedade. Uma norma socialmente eficaz é aquela que é completa e perfeitamente seguida e cumprida pelos respectivos destinatários, atendendo às expectativas do Poder Legislativo[footnoteRef:3]. [3: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, p. 126-127.] 
2.	Descreva o percurso gerador de sentido dos textos jurídicos explicando os planos: (i) dos enunciados tomados no plano da expressão (S1); (ii) dos conteúdos de significação dos enunciados prescritivos (S2); (iii) das significações normativas (S3); (iv) das relações entre normas (S4). 
Dos enunciados tomados no plano da expressão (S1): o texto jurídico prescritivo, na visão do Prof. Paulo de Barros Carvalho, pode ser entendido como o conjunto de letras, palavras, frases e parágrafos que são produzidos pelos órgãos responsáveis por criar o direito e servem de suporte material para a mensagem e para a regra jurídica que é transmitida. Esse texto marca o primeiro contato do intérprete com a norma jurídica que foi pensada pelo legislador responsável, de forma que a sua perfeita e plena compreensão depende de uma organização bem feita dessas letras, palavras, frases e parágrafos, de modo a deixar o texto (e consequentemente a norma jurídica lá inserida) passível de ser compreendido pelos juristas que virão. Assim, o intérprete e o jurista que entrará em contato com o texto também deve deter conhecimento acerca dessas tais regras sintáticas e semânticas, de forma que ele possa compreender a mensagem ali posta[footnoteRef:4]. [4: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, p. 157-167.] 
Dos conteúdos de significação dos enunciados prescritivos (S2): esse é o momento em que o intérprete passa a ingressar o plano do conteúdo. Após entrar em contato com a base física do texto que será interpretado e compreendido na fase S1, o intérprete na fase S2 terá a missão de atribuir valores diferentes aos vários signos justapostos na base física em que se encontra a norma jurídica, compondo a sua significação, que permitirá a compreensão da norma ali transmitida. Ainda não há a construção da matéria legislada, sendo que o jurista deve se preocupar em apenas atribuir significado a todo o texto disposto na base física. Em outras palavras, deve-se preocupar com o significado dos diversos signos jurídicos que ali era encontrar, tratando de os analisar e compreender[footnoteRef:5]. [5: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, p. 161-166.] 
Das significações normativas (S3): após dar início a compreensão do texto jurídico na etapa S2, na etapa S3 o indivíduo passa a promover a contextualização dos conteúdos por ele obtidos no curso do processo gerativo, no intuito de produzir unidades completas de sentido para as mensagens deônticas. O Prof. Paulo de Barros Carvalho, em seu Curso, traz um exemplo que auxilia no entendimento dessa etapa. Imagina que uma norma jurídica determina que “A alíquota do Imposto é de 3%”. Para compreender essa norma, o intérprete deve de antemão conhecer o significado dos vocábulos “alíquota” e “imposto”, de forma que sem esse conhecimento prévio, o que está disposto ali não será suficiente para que ele possa compreender alguma coisa. Após essa interpretação, o sujeito possui ainda outros pontos a serem investigados, como quem é o sujeito ativo, quem é o sujeito passivo e qual a base de cálculo daquele tributo, por exemplo. Assim, ele perseguirá na compreensão do texto, dando significação ao ali disposto[footnoteRef:6]. [6: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, p. 166-169.] 
Das relações entre normas (S4): no sistema S4 se dá o arranjo final no sistema de normas, no qual é feito um trabalho de composição hierárquica das normas. Algumas normas, chamadas pelo Prof. Paulo de Barros Carvalho de regras de estruturas, serão ali dispostas e possuirão a função de auxiliar na criação de infinitas outras normas. Será formado um subconjunto de regras, denominado pelo Professor como “Gramática Jurídica”, que terão a função de estabelecer como outras regras serão criadas, modificadas ou extintas dentro de um sistema jurídico específico[footnoteRef:7]. [7: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, p. 169-172. ] 
3.	Há um sentido correto para os textos jurídicos? Faça uma crítica aos métodos hermenêuticos tradicionais. É possível falar em interpretação teleológica e literal no direito tributário? E em interpretação econômica? Justifique. (Vide anexos I e II).
Não há um sentido correto para a leitura e interpretação dos textos jurídicos. Ao entrar em contato com um texto jurídico, o intérprete irá encontrar um conjunto de diversos enunciados, em sua maioria prescritivos, mas que não possuem valor por si só, cabendo ao intérprete fornecer o valor e o sentido do que está ali disposto. Cumpre-nos ressaltar que, embora os enunciados não tenham valor significativo por si só, o legislador quer sim transmitir algum significado específico ao construir aquele texto jurídico, cabendo ao intérprete do direito buscar melhor compreender o que está ali disposto. O intérprete irá então interpretar aquele texto, independentemente da ordem construindo aos poucos o seu sentido e o seu significado, sempre em busca da ideia que o legislador quis implementar.
A hermenêutica jurídica se dedica a estudar a teoria da interpretação do Direito, tendo por objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para se determinar e encontrar o sentido e o alcance das mais diversas expressões do Direito. A hermenêutica jurídica tradicional se limitava a estudar as regras de subsunção de uma atividade interpretativa focada somente na plenitude do ordenamento jurídico. Dito de outro modo, a hermenêutica tradicional baseava as significações unicamente no suporte físico, como se pudéssemos extrair significadosdo texto por si só; entretanto, as significações devem ser criadas a partir da interação do intérprete com o texto, sendo esta influenciada pela vivência e experiências prévias do próprio intérprete.
A interpretação chamada de teleológica é um método de interpretação de textos jurídicos que utiliza a finalidade da norma como critério durante a sua interpretação, de modo que, se usamos esse método, devemos levar em consideração o que o legislador buscou alcançar econômica e socialmente quando elaborou aquela norma. O problema desse tipo de mecanismo é que ele confere uma maior discricionariedade para o jurista tributário conferir um ou outro significado a uma norma jurídica qualquer, sustentando seu argumento em um suposto valor que o legislador quis alcançar. Esse tipo de liberdade gera uma clara insegurança jurídica para os operadores do direito, posto que abre a possibilidade da mesma norma se interpretada de diversas formas, de modo que a interpretação teleológica deve ser abandonada.
Já a interpretação econômica em Direito Tributário é um método no qual a autoridade tributária que detém o poder de cobrar e fiscalizar o pagamento de um tributo, exige esse pagamento e promove o lançamento tributário daquele débito com base na atividade econômica que o contribuinte pratica. A natureza econômica da tributação é importante para o jurista e intérprete da lei tributária, visto que ajuda a entender melhor os motivos (ou pelo menos parte deles) que ensejaram a instituição daquela norma jurídica. Entretanto, a interpretação das normas jurídicas nunca deve ser limitada à expressão econômica dos fatos e a mera capacidade contributiva. 
4.	A Lei “A” foi promulgada no dia 01/06/12 e publicada no dia 30 de junho desse mesmo mês e ano. A Lei “B” foi promulgada no dia 10/06/12, tendo sido publicada no dia 20 desse mesmo mês e ano. Na hipótese de antinomia entre os dois diplomas normativos, qual deles deve prevalecer? Justificar.
A antinomia é a existência de duas normas conflitantes entre si, que são válidas ao mesmo tempo no mesmo ordenamento jurídico. Existem alguns critérios gerais utilizados para se solucionar uma antinomia no ordenamento jurídico. o mais forte deles é o critério hierárquico, que determina que uma norma de força superior deve prevalecer em relação à inferior. O segundo critério é o da especialidade, que determina que a norma especial deve prevalecer em relação àquela norma mais geral. Por fim, há ainda o critério cronológico, que define que uma norma posterior deve prevalecer em relação a uma norma anterior.
No caso em questão, não nos foi dado informações suficientes para resolvermos o problema da antinomia pelos dois primeiros critérios, visto que não sabemos a hierarquia dessas leis e nem a sua especialidade, de forma que pode-se presumir terem a mesma hierarquia e a mesma generalidade. Assim, por força do critério cronológico, deve prevalecer no ordenamento jurídico em questão a norma “A”, visto que essa entrou em vigor dez dias após a norma “B”, de modo que é uma norma posterior (independentemente da data da sua promulgação).
5.	Compete ao legislativo a positivação de interpretações? Existe lei puramente interpretativa? Tem aplicabilidade o art. 106, I, do CTN ao dispor que a lei tributária interpretativa se aplica ao fato pretérito? Como confrontar este dispositivo do CTN com o princípio da irretroatividade? (Vide anexos III e IV).
Não. O papel do legislativo nunca é o de dar uma interpretação ao texto jurídico. O que o legislativo faz é positivar textos jurídicos, ou mesmo modificar ou extinguir textos jurídicos já positivados. A função do Poder Legislativo, dita de outro modo, é positivar normas de caráter prescritivo que terão o objetivo de regular a conduta de todos aqueles que se submetem àquele ordenamento jurídico. O papel de interpretação dos textos jurídicos deve ser exercido pelo Poder Judiciário quando do estudo e da aplicação da própria norma em si. Se o legislativo positiva uma interpretação, ela deixa de ser uma mera interpretação e passa a ser uma verdadeira norma jurídica positivada.
Não existe lei puramente interpretativa. A interpretação se desenrola e se desenvolve a medida em que cada indivíduo entra em contato com o texto jurídico. Como cada indivíduo possui histórias diferentes e vivências diferentes, a interpretação que ele constrói poderá (e muitas vezes é) diferente da interpretação desenvolvida pelo seu semelhante. Nem sempre há uma única interpretação correta, o que impossibilita a existência de uma lei puramente interpretativa. Em seu Curso, o Prof. Paulo de Barros Carvalho leciona que[footnoteRef:8]: [8: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, p. 164-164.] 
Sobre o sentido dos enunciados, é preciso dizer que ele é construído, produzido, elaborado, a contar das marcas gráficas percebidas pelo agente do conhecimento. Desde que se mostre como manchas de tinta sobre o papel, no caso do direito escrito, insisto, assumindo a natureza de um ente físico, materialmente tangível, não se poderia imaginar, em sã consciência, que essa base empírica contivesse, dentro dela, como uma joia, o conteúdo significativo, algo abstrato, de estrutura eminentemente ideal. (...) É o ser humano que, em contacto com as manifestações expressas do direito positivo, vai produzindo as respectivas significações. 
Sim, o referido dispositivo tem aplicabilidade. O art. 106, I, CTN, determina que “a lei aplica-se a ato ou fato pretérito em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados”. Isso quer dizer que, na hipótese de uma lei expressamente interpretativa, ela será aplicada a fatos anteriores à sua vigência no intuito de se beneficiar o contribuinte. 
O princípio da irretroatividade define como regra geral que as normas tributárias são feitas para se reger o futuro, de modo que, via de regra, seus efeitos não são aplicáveis a fatos ocorridos antes do início da vigência dessa norma. Para que uma norma seja considerada legítima, é necessário que o contribuinte conheça de forma prévia a obrigação tributária ali esculpida e os seus efeitos, de modo que ele não seja pego de surpresa com a exigência de uma obrigação que até então não poderia ser exigida. Entretanto, esse princípio funciona como uma regra protetiva, de forma a defender o contribuinte da exigência de um tributo por um fato que, quando ocorrera de fato, não ensejava o nascimento de uma obrigação tributária correlata. Em alguns casos, a norma tributária poderá retroagir caso ela venha a beneficiar o contribuinte em algum contexto específico. Chama-se tal fenômeno de retroatividade benigna. No caso em tela, o art. 106 do CTN traz hipóteses nas quais a retroatividade benigna pode – e deve – ser aplicada, de forma que não há conflitos entre a irretroatividade e o art. 106, I, CTN, tratando-se de espécie de exceção perfeitamente positivada.
6.	Dada a seguinte lei fictícia, responder às questões que seguem:
(...)
a) Em 01/06/2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em ação direta (com efeito erga omnes), pela inconstitucionalidade desta lei federal. Identificar nas datas abaixo fixadas, segundo os critérios indicados, a situação jurídica da regra que instituiu o tributo, justificando cada uma das situações:
	Critérios\ datas
	11/10/2016
	01/11/2016
	01/02/2017
	01/04/2017
	01/07/2019
	É válida
	Não
	Sim
	Sim
	Sim
	Não
	É vigente
	Não
	Não
	Sim
	Sim
	Não
	Incide
	Não
	Não
	Sim
	Sim
	Não
	Apresenta eficácia jurídica
	Não
	Não
	Sim
	Sim
	Não
Validade: como já determinamos, uma norma é válida quando ela pertence a um sistema jurídico, tendo sido ali inserida através de um processo legislativo perfeitamente respeitado. No caso em tela, a norma foi inserida em 01/11/2016, o que significa dizer que ela só entrou no ordenamento jurídico a partir daquele dia, eliminando a validade dos dias anteriores. Além disso, em 01/07/2019 essa norma já havia sido revogada pelo STF, deixando de fazer parte doordenamento jurídico.
Vigência: uma norma vigente é uma norma que já está pronta para irradiar os seus efeitos na sociedade. Em 11/10/2016 a norma ainda não havia sido publicada, de forma que ainda não era vigente. Em 01/11/2016 a norma ainda não era vigente, em atenção o princípio da anterioridade. Em 01/07/2019 a norma não era mais vigente, posto que declarada inconstitucional pelo STF.
Incidência: uma norma irá incidir quando ela for válida e estiver vigente. No caso em tela, ela incidiu nas datas de 01/02/2017 e 01/04/2017 apenas, visto que só cumulou os dois critérios nessas datas.
Eficácia Jurídica: é a própria incidência da norma jurídica, que se aperfeiçoa na relação de causalidade jurídica. Nas datas de 11/10/2016 e 01/11/2016 a norma ainda não se encontrava vigente, de forma que não poderia ter eficácia jurídica. Em 01/07/2019 ela já havia sido revogada, de forma que também não teria mais eficácia jurídica.
7.	Uma lei inconstitucional (produzida materialmente em desacordo com a Constituição Federal – porém ainda não submetida ao controle de constitucionalidade) é válida? O vício de inconstitucionalidade pode ser sanado por emenda constitucional posterior? (Vide anexo V).
 Sim, essa lei será válida. Como já exposto, validade significa dizer que há um vínculo perfeitamente estabelecido entre uma norma “N” e um sistema jurídico “S”, ou seja, há uma relação de pertencimento entre uma e a outra. Importante ressaltar que a norma precisa ter sido inserida no sistema se respeitando o devido processo legislativo. Nesse sentido, mesmo que a norma tenha sido produzida em desacordo com o constitucionalmente disposto, ela será válida enquanto não for revogada (ou seja, enquanto pertencer àquele ordenamento jurídico).
Não, o vício de inconstitucionalidade não pode ser sanado por emenda constitucional posterior. Esse fenômeno, chamado de constitucionalidade superveniente, descreve a situação na qual uma norma, notadamente inconstitucional, passa a ser compatível com o ordenamento jurídico em função de uma alteração no parâmetro constitucional. O Supremo Tribunal Federal já consolidou o entendimento de que esse figura não é compatível com o ordenamento jurídico brasileiro, tendo em vista que uma lei inconstitucional é um ato nulo. Desse modo, o vício estaria presente na origem da lei, de forma que ele é insanável. O vício de inconstitucionalidade deve ser arguido através de uma Ação de Inconstitucionalidade.
8.	Leia atentamente abaixo a sucessão de fatos no tempo:
	FATO 1 – A lei n. 9.528/97, alterando o art. 25 da Lei n. 8.212/91, estabeleceu que:
	“Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea “a” do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada a Seguridade Social, é de:
	I - 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção;  
	II - 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para o financiamento das prestações por acidente do trabalho.”
	FATO 2 – Emenda Constitucional 20/1998 alterou a redação do art. 195, inciso I, da Constituição Federal.
	REDAÇÃO NOVA:
	Art. 195 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:  
	I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
	a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
	b) a receita ou o faturamento;
	c) o lucro;
	REDAÇÃO ANTERIOR:
	Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:  
	I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro; 
	II - dos trabalhadores;
	FATO 3 – O STF, em controle difuso, declarou inconstitucional o art. 25, incisos I e II, da Lei n. 8.212/91, com as alterações promovidas pela lei n. 9.528/97: 
	(RE 363852, Relator(a):  Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 03/02/2010, DJe-071 DIVULGAÇÃO 22-04-2010 PUBLICAÇÃO 23-04-2010): “RECURSO EXTRAORDINÁRIO - PRESSUPOSTO ESPECÍFICO - VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO - ANÁLISE - CONCLUSÃO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL - COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS - PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS - SUB-ROGAÇÃO - LEI Nº 8.212/91 - ARTIGO 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL - PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 - UNICIDADE DE INCIDÊNCIA - EXCEÇÕES - COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL - PRECEDENTE - INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR. Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária sub-rogada do adquirente, presente a venda de bovinos por produtores rurais, pessoas naturais, prevista nos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e nº 9.528/97. Aplicação de leis no tempo - considerações.”
	FATO 4 – A lei 10.256/2001, alterou o caput do artigo 25 da Lei n. 8.212/91:
	“Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de:”
	FATO 5 - O STF reconheceu a constitucionalidade da contribuição do empregador rural pessoa física ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL):
	(RE 718874, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-219 DIVULG 26-09-2017 PUBLIC 27-09-2017 REPUBLICAÇÃO: DJe-225 DIVULG 02-10-2017 PUBLIC 03-10-2017) Ementa: TRIBUTÁRIO. EC 20/98. NOVA REDAÇÃO AO ARTIGO 195, I DA CF. POSSIBILIDADE DE EDIÇÃO DE LEI ORDINÁRIA PARA INSTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO DE EMPREGADORES RURAIS PESSOAS FÍSICAS INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 10.256/2001. 1.A declaração incidental de inconstitucionalidade no julgamento do RE 596.177 aplica-se, por força do regime de repercussão geral, a todos os casos idênticos para aquela determinada situação, não retirando do ordenamento jurídico, entretanto, o texto legal do artigo 25, que, manteve vigência e eficácia para as demais hipóteses. 2. A Lei 10.256, de 9 de julho de 2001 alterou o artigo 25 da Lei 8.212/91, reintroduziu o empregador rural como sujeito passivo da contribuição, com a alíquota de 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; espécie da base de cálculo receita, autorizada pelo novo texto da EC 20/98. 3. Recurso extraordinário provido, com afirmação de tese segundo a qual é constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/01, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção.
	FATO 6 – Resolução do Senado n. 15/2017:
	“Art. 1º É suspensa, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a execução do inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e a execução do art. 1º da Lei nº 8.540, de 22 de dezembro de 1992, que deu nova redação ao art. 12, inciso V, ao art. 25, incisos I e II, e ao art. 30, inciso IV, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, todos com a redação atualizada até a Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997, declarados inconstitucionais por decisão definitiva proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário nº 363.852.”
	Considerando as ocorrências acima, responda fundamentadamente:
a) Em dezembro de 1999, é possível afirmar que o art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/91 (redação dada pela lei n. 9.528/97) é válido, vigente e possui eficáciatécnica?
Como já definido anteriormente, validade significa dizer que há um vínculo perfeitamente estabelecido entre uma norma “N” e um sistema jurídico “S”, ou seja, há uma relação de pertencimento entre uma e a outra. Importante ressaltar que a norma precisa ter sido inserida no sistema se respeitando o devido processo legislativo.
Vigência é a força que aquela norma válida terá de disciplinar, para prescrever, para alcançar o seus objetivos. A norma jurídica que está pronta para propagar efeitos e para disciplinar a sociedade será considerada vigente. 
A eficácia técnica se refere à própria condição de uma regra jurídica, que por sua própria natureza descreve um acontecimento comum ao convívio social que, quando ocorrido de fato, desencadeará uma série de efeitos jurídicos anteriormente previstos em lei. 
Nesse sentido, pode-se afirmar que a norma será válida, posto que pertence ao ordenamento jurídico. Ela também é vigente, posto que possui plena força para propagar seus efeitos. Entretanto, ela não possui eficácia técnica, visto que se trata de uma norma inconstitucional, como reconheceu o Supremo Tribunal Federal alguns anos depois, ao julgar o RE 363.852.
b) A decisão na RE 363.852 é capaz de alcançar a validade, vigência ou a eficácia do art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/91 (redação dada pela lei n. 9.528/97)?
Sim. Como no presente julgado o STF exerceu controle de constitucionalidade difuso, a partir de sua decisão aquela norma presente nos incisos I e II do art. 25 da Lei 8212/91 passou a ser inconstitucional. Exatamente por isso ela perdeu a sua validade, sua vigência e a sua eficácia.
c) Quais os efeitos da Resolução do Senado n. 15/2017 no que se refere à Vigência, validade e eficácia do art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/91 (redação dada pela lei n. 9.528/97)?
O art. 52, X, CF, determina que é papel do Senado Federal suspender a execução de uma lei que foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Em meu entendimento, essa função do Senado se resume a dar mera publicidade à decisão do STF, posto que é função do STF exercer o controle constitucional difuso. Ao passo em que o STF declara uma norma inconstitucional, ela já perde sua vigência, validade e eficácia, cabendo ao Senado a mera publicização desse fato (e o faz através da Resolução do Senado). A respeito do tema, o Min. Gilmar Mendes entende que[footnoteRef:9]: [9: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Reclamação 4.335-5/Acre. Rel. Min. Gilmar Mendes. Brasília, 2006.] 
“[...] se o Supremo Tribunal Federal, em sede de controle incidental, chegar à conclusão, de modo definitivo, de que a lei é inconstitucional, essa decisão terá efeitos gerais, fazendo-se a comunicação ao Senado Federal para que este publique [...]. Tal como assente, não é (mais) a decisão do Senado que confere eficácia geral ao julgamento do Supremo. A própria decisão da Corte contém essa força normativa. Parece evidente ser essa a orientação implícita nas diversas decisões judiciais e legislativas acima referidas.” (BRASIL, 2006, p. 55).
	d) A decisão no RE 718.874 alcança a validade, vigência ou eficácia do art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/91 (redação dada pela lei n. 9.528/97)?
Sim. A decisão no RE 718.874 declarou a redação do art. 25, Lei 8.212/91, dada pela Lei 10.256/01, como constitucional. Desse modo, a lei em questão continua sendo válida, vigente e tendo eficácia, posto que o STF reconheceu a sua constitucionalidade.

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