Buscar

Seminário 5 - Segurança Jurídica e Processo: Recursos, Ação Rescisória e Coisa Julgada

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS
Nome: Carlos Renato Silva de Oliveira
Módulo: Tributo e Segurança jurídica
Seminário nº 5 – Segurança Jurídica e Processo: Recursos, Ação Rescisória e Coisa Julgada
Questões
1.	Tomando o conceito fixado por Paulo de Barros Carvalho[footnoteRef:1] acerca do princípio da segurança jurídica: [1: . In Curso de direito tributário. 15ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 149.] 
“dirigido à implantação de um valor específico, qual seja o de coordenar o fluxo das interações inter-humanas, no sentido de propagar no seio da comunidade social o sentimento de previsibilidade quanto aos efeitos jurídicos da regulação da conduta.”
Pergunta-se:
a) Que é segurança jurídica? Qual sua relevância?
R: Para José Joaquim Gomes Canotilho[footnoteRef:2], a segurança jurídica, um elemento essencial ao Estado Democrático de Direito, se caracteriza por dois conceitos: o da estabilidade e o da previsibilidade. Quanto ao primeiro, no que diz respeito às decisões dos poderes públicos, uma vez realizadas “[...] não devem poder ser arbitrariamente modificadas, sendo apenas razoável a alteração das mesmas quando ocorram pressupostos materiais particularmente relevantes”. Quanto ao segundo, refere-se à “[...] exigência de certeza e calculabilidade, por parte dos cidadãos, em relação aos efeitos jurídicos dos actos normativos”. [2: CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2000, p. 132] 
De acordo com José Afonso da Silva[footnoteRef:3], a segurança jurídica pode ser compreendida em sentido amplo e em sentido estrito. No primeiro ela refere-se ao sentido geral de garantia, proteção, estabilidade de situação ou pessoa em diversos campos. Em sentido estrito, a segurança jurídica assume o sentido de garantia de estabilidade e de certeza dos negócios jurídicos, permite que as pessoas saibam previamente que, uma vez envolvidas em certa relação jurídica, esta se mantém estável, mesmo se alterar a base legal sob a qual se instituiu. [3: SILVA, José Afonso da. Constituição e segurança jurídica, in ROCHA, Carmen Lúcia Antunes (coord.). Constituição e segurança jurídica. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2005, p. 15. .] 
A segurança jurídica, apesar de aparecer algumas vezes em nosso ordenamento jurídico, mas que não possui uma precisa e completa definição legal, é princípio constitucional. Isso pode ser evidenciado tanto pelo caput do artigo 5º da Constituição Federal – C.F., como pelo inciso XXXVI do mesmo artigo, assegurando que "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada".
Destaca-se, o inciso XXXIX do mesmo dispositivo legal: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
Trata-se de importante exemplo sobre como a segurança jurídica é abordada, em um primeiro momento, em âmbito constitucional.
Importante são as lições do professor Marcelo de Lima Castro Diniz[footnoteRef:4], cujo entendimento sobre a segurança jurídica nos faz concordar, quando diz que: [4: DINIZ, Marcelo de Lima Castro. Coisa julgada e mudança da jurisprudência: rescisão, inexistência ou permanência – Material fornecido pelo IBET. p. 930] 
“(...) A segurança jurídica é um dos direitos fundamentais previstos pelo artigo 5º, da CF. A intangibilidade do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada constitui meio para se realizar a segurança jurídica, a certeza do direito e a estabilidade das relações jurídicas.(...)”
A relevância da segurança jurídica é a de buscar pela estabilidade e a certeza pela proteção da confiança depositada pela sociedade no direito como um todo
b) Indicar limites objetivos previstos no direito positivo que resguardam o valor da segurança jurídica. Indique dispositivos da Constituição Federal de 1988 e do Código Tributário Nacional que confirmem sua resposta.
R: O princípio da segurança jurídica não se encontra previsto de forma explícita na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional, mas depreende-se do conjunto de outros princípios que operam para realizar, além dos respetivos conteúdos axiológicos, princípios de maior hierarquia, como é o sobreprincípio da segurança jurídica.
Nesse contexto, podem ser citados, como dispositivos da Constituição Federal de 1988 e do Código Tributário Nacional que pretendem resguardar o valor que subjaz no princípio da segurança jurídica, dentre outros, os seguintes:
Igualdade (art. 5º), legalidade (art. 5º, inciso II), vedação ao confisco (art. 150, IV), irretroatividade (art. 150, III, a), anterioridade (art. 150, III, b), noventena (art. 150, III, c), ampla defesa e contraditório (art. 5º, LV) e o devido processo legal (art. 5º, LIV).
c) Como poderia ser resguardada a segurança jurídica no contexto social em hipóteses como a de mudança de orientação de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como se deu no caso do direito à manutenção do crédito de ICMS na hipótese de saída de mercadorias com redução de base de cálculo (sobre essa questão ver RE 161.031/MG e 174.478/SP – Anexos I e II)?
R: No RE 161.031/97, foi decidido pelo STF, em primeiro momento, que mesmo nos casos de redução na base de cálculo do ICMS, o princípio da não-cumulatividade poderia ser violado, de maneira que não caberia falar em creditamento quando houvesse a redução da base de cálculo. Neste caso, ficou decidido que não se tratava de isenção parcial – como bem ponderou o Min. Marco Aurélio em seu ilustre voto, mas tão somente de caso de incidência reduzida.
ICMS - PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE - MERCADORIA USADA - BASE DE INCIDÊNCIA MENOR - PROIBIÇÃO DE CRÉDITO - INCONSTITUCIONALIDADE. Conflita com o princípio da não-cumulatividade norma vedadora da compensação do valor recolhido na operação anterior. O fato de ter-se a diminuição valorativa da base de incidência não autoriza, sob o ângulo constitucional, tal proibição. Os preceitos das alíneas a e b do inciso IIdo § 2º do artigo 155 da Constituição Federal somente têm pertinência em caso de isenção ou não-incidência, no que voltadas à totalidade do tributo, institutos inconfundíveis com o benefício fiscal em questão. (RE 161031, Relator (a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 24/03/1997, DJ 06-06-1997 PP-24881 EMENT VOL-01872-05 PP-00994)
Muitos anos após o julgamento deste recurso (RE 161.031/97), sobreveio outra decisão do STF, que teve a oportunidade de analisar o tema no RE 174.478/05 e, nesse segundo momento, o STF passou a entender a redução da base de cálculo do ICMS como hipótese de isenção fiscal parcial, de sorte a ser possível o aproveitamento do crédito pelo contribuinte.
EMENTA: TRIBUTO. Imposto sobre Circulação de Mercadorias. ICMS. Créditos relativos à entrada de insumos usados em industrialização de produtos cujas saídas foram realizadas com redução da base de cálculo. Caso de isenção fiscal parcial. Previsão de estorno proporcional. Art. 41, inc. IV, da Lei estadual nº 6.374/89, e art. 32, inc. II, do Convênio ICMS nº 66/88. Constitucionalidade reconhecida. Segurança denegada. Improvimento ao recurso. Aplicação do art. 155, § 2º, inc. II, letra b, da CF. Alegação de mudança da orientação da Corte sobre os institutos da redução da base de cálculo e da isenção parcial. Distinção irrelevante segundo a nova postura jurisprudencial. Acórdão carente de vício lógico. Embargos de declaração rejeitados. O Supremo Tribunal Federal entrou a aproximar as figuras da redução da base de cálculo do ICMS e da isenção parcial, a ponto de as equiparar, na interpretação do art. 155, § 2º, II, b, da Constituição da República. (RE 174478 ED, Relator (a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 14/04/2008, DJe-097 DIVULG 29-05-2008 PUBLIC 30-05-2008 EMENT VOL-02321-02 PP-00243)
Assim, em prol da segurança jurídica, o STF reconheceu que sua decisão não feriria este subprincípio, demonstrando sua posição justa sobre o tema, que aplicou.
Há de se compreender que a manutenção da segurança jurídica passa pela manutenção de um direito quea época de quando foi exercida, era tido como válido.
Dessa forma, entendo que não se pode imputar ao jurisdicionado a consequente alteração no entendimento acerca de uma conduta quando, ao momento da sua prática, era tido como dentro da legalidade.
d) As prescrições do CPC/15 voltadas à estabilização da jurisprudência vêm ao encontro da realização da segurança jurídica (vide arts. 9º, 10, 926, 535, §§ 5º, 6º, 7º e 8º 927 ambos do CPC/15)?
R: O Novo Código de Processo Civil – CPC, no artigo 926, caput, e seu § 1º demonstra a pretensão dar celeridade e isonomia à atividade jurisdiciona, ao dispor que é dever dos tribunais uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente, editando enunciados de súmulas correspondentes as suas decisões dominantes.
Entretanto, dispõe o § 2º, que ao editar estes enunciados os tribunais deverão ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação.
No artigo 927 do CPC traz a previsão expressa da vinculação dos precedentes, dispondo que deverão ser obrigatoriamente observados pelos juízes e tribunais. Assim, o novo CPC assegura ainda mais a segurança.
2.	Qual o conteúdo e alcance do termo “precedente” utilizado pelo CPC/15? Jurisprudência e precedente são termos sinônimos dentro do sistema jurídico brasileiro? Os precedentes são normas jurídicas? Se sim, de que tipo? O verbo “observar”, veiculado pelo art. 927 do CPC/15, significa que os julgadores estão vinculados aos precedentes judiciais? Esta obrigação pode ser reputada instrumento hábil para garantia da segurança jurídica? (Vide arts. 926, 927, 988, IV do CPC/15). 
R: Segundo o jurista americano Michael J. Gerhardt[footnoteRef:5], o “precedente” possui dez funções, que o permite diferençar uma decisão judicial, são elas: [5: GERHARDT, Michael J. The power of precedent. Published in 2008 in Oxford ;New York by Oxford University Press. p. 1-46] 
“(...) argumentar; solucionar lides; vincular casos semelhantes; estabelecer agendas ou prioridades; facilitar o diálogo; definir a estrutura legislativa ou constitucional; ser marco histórico; educar; simbolizar; definir identidade nacional e implementar valores constitucionais (...)”
No nosso ordenamento talvez não seja tão abrangente e, o CPC/2015 deixa certo que a eficácia do precedente e das demais decisões não é idêntica, restando evidenciado tal assertiva através do art. 927 ao determinar que os juízes e tribunais observarão algumas espécies de decisões.
Mariana Capela Lombardi Moreto[footnoteRef:6], entende que o “precedente” é sinônimo de decisão judicial e atribui uma maior eficácia à jurisprudência pelo critério quantitativo, já que o “precedente” seria caracterizado por uma série de decisões em um mesmo sentido. Segundo esta jurista: [6: MORETO, Mariana Capela Lombardi. O precedente judicial no sistema processual brasileiro. Tese de Doutorado. São Paulo: USP, 2012, p. 19] 
“(...) Toda decisão judicial proferida por autoridade judiciária constitui precedente judicial. (...) O sentido do termo “jurisprudência” é um pouco diferente, na medida em que pressupõe um mínimo de constância e de uniformização, que se forma a partir da existência de algumas decisões reiteradas num mesmo sentido.”
Concordamos com este entendimento em partes, uma vez que entendemos que “precedentes” são decisões anteriores que servem como ponto de partida ou modelo para as decisões subsequentes sobre casos semelhantes. Mas entendemos que não há diferença entre precedente e jurisprudência.
Em relação a questão se o precedente é norma jurídica, devemos nos reportar às fontes do direito, que concluiu-se em debates de seminário, que a jurisprudência não seria norma jurídica, visto que não vincula toda sociedade, com exceção das Súmulas Vinculantes.
Assim, se consideramos como sendo o “precedente” uma jurisprudência, então, ele não é norma jurídica.
Quanto ao termo “observarão” disposto no artigo 927 do CPC/2015, quer dizer que os juízes devem observar as decisões proferidas pelos órgãos superiores, sobre o caso semelhante, para que não haja decisão contraditória.
Contudo, não quer dizer que os juízes estão amarrados a tais decisões e, que dependendo do caso em análise, podem, sim, transformarem-se em instrumento hábil para a segurança jurídica, pois, como dito, podem seguir uma mesma linha de entendimento sobre determinada matéria, tornando homogêneo as decisões de caos semelhantes.
3.	Uma lei tributária municipal é considerada inconstitucional por uma associação que possui representação em âmbito estadual. Quais seriam os caminhos para a discussão da questão com efeitos erga omnes sem que seja necessária a discussão individual por cada contribuinte? Analise as opções seguintes motivando as razões do cabimento ou não e, no último caso, o foro de ajuizamento:
a) Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI: 
R: Não é possível, pois a associação não faz parte dos rols descritos no art. 103, da CRFB/88. Além disso, não é possível adentrar com ADI contra lei municipal.
b) Mandado de Segurança Coletivo:
R: Seria possível se a associação tiver em pleno funcionamento a pelo menos um ano, de acordo com o art. 5, LXX, b, CF c/c art. 21 da Lei 12.016/09. No entanto, a aplicabilidade dos efeitos erga omnes, neste caso, alcançarão apenas os interesses daquele grupo de pessoas que autorizaram a associação representá-los, conforme art. 22 da Lei 12.016/09.
c) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental:
R: Não é possível, pois a associação não faz parte dos rols descritos no art. 103, da CRFB/88;
d) Ação popular:
R: Segundo art. 5º, LXXIII, da CRFB/88 e lei 4.741/65 somente os CIDADÂOS tem legitimidade para propor ação popular.
e) Ação Civil Pública:
R: Quando um governante, uma empresa, uma pessoa física, seja particular ou funcionário público, viola o patrimônio do povo, o meio-ambiente, o patrimônio histórico ou qualquer um dos direitos difusos ou coletivos, podem ser empregadas uma Ação Civil Pública, que pode ser proposta pela associação, conforme Lei 7.347/85.
f) Ação de rito comum:
R: Não cabe, pois, trata-se de um rito aplicável a todas as causas para as quais a lei processual não haja instituído um rito próprio ou específico, onde, no caso em tela tem-se a possibilidade do mandado de segurança coletivo e da Ação Civil Pública;
4.	Pode o Supremo Tribunal Federal, ao julgar Recurso Extraordinário que trate de matéria tributária modular os efeitos de decisão proferida em sede de controle difuso de constitucionalidade de forma a lhe dar efeitos ex nunc, proibindo com efeitos erga omnes a repetição do indébito tributário dos valores recolhidos até a data do julgamento? Quais os limites previstos em nosso ordenamento para a modulação de efeitos em controle de constitucionalidade em matéria tributária? Pode haver modulação de efeitos por meio da edição de Súmula Vinculante? (Vide o RE 556.664-1, na parte afeta à modulação de efeitos – ementa e parte final da discussão em Plenário – e a Súmula Vinculante n. 8)
R: De acordo com a decisão proferida, entendo que a modulação de efeitos possui direta correlação com a segurança jurídica e uma futura insegurança, caso os efeitos desta decisão não fossem modulados. Sendo assim, é possível observar que os ministros opinaram pela modulação de efeitos ex nunc, considerando a vasta quantidade de ações repetitórias ajuizadas em que se discutia a matéria debatida.
No julgamento em tela, ficou estabelecida a decisão ex nunc apenas em relação às eventuais repetições de indébito ajuizadas após a presente data do julgamento.
Insto a discordar em parte do posicionamento do STF, vez que a modulação de efeitos ex nunc privilegia diretamente o enriquecimento ilícito do Estado.
5.	A empresa Xpto propôs ação de repetição de indébito tributário em face da União, obtendo decisão, transitada em julgado junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, reconhecendo a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo pago e condenando a União na restituição. Iniciada a fase de cumprimento de sentença contraa União sobreveio decisão de mérito do STF, em Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), julgando a mesma lei constitucional (isto significa que a referida Adin foi julgada improcedente e que o controle de constitucionalidade exercido foi o concentrado). Pergunta-se:
a) É necessário o ajuizamento de ação rescisória pela União objetivando a desconstituição da coisa julgada para não ter que cumprir a sentença que a condenou à restituição do tributo? Se afirmativa sua resposta, indicar o fundamento legal contido no CPC/15 que respalde sua conclusão. Se negativa sua resposta, justifique-a indicando a solução processual que a União deve adotar, bem como o dispositivo do CPC/15 que respalde sua conclusão. (vide Anexo III)
R: Neste presente caso, entendo que é necessário o ajuizamento de ação rescisória, com base no artigo 966, IV CPC. A decisão exposta no anexo III afirma que a decisão do STF não produz automática reforma ao declarar a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de preceito normativo, sendo necessário a interposição de ação rescisória própria, observado respectivo prazo decadencial.
b) Tendo havido modificação posterior da jurisprudência do STF, em sentido oposto ao da coisa julgada e por meio de controle difuso de constitucionalidade, em recurso extraordinário em que houve o reconhecimento da repercussão geral da matéria, a conclusão a que você chegou na resposta “a” mudaria? Justifique.
R: Havendo modificações posteriores da jurisprudência do STF, entendo que, baseado no texto de Paulo de Barros Carvalho, que o conteúdo da resposta “a” não muda, tendo em vista que o direito adquire a possibilidade de estabelecer expectativas de comportamento e de torná-las efetivas ao longo do tempo, impedindo-se, com isso, que o próprio ordenamento jurídico assuma feição caótica.
6.	Um contribuinte recolheu determinado tributo a partir de uma base de cálculo prevista em lei. A instrução normativa regulamentadora (IN n. 01/02) esclareceu que, na base de cálculo, não deveria ser considerado o valor do transporte pago a terceiro (frete). Um ano depois, a IN n. 03/03 esclareceu que o frete pago a terceiro integraria a base de cálculo do tributo em questão. Nesse contexto, o contribuinte consultou você questionando a necessidade de complementação do recolhimento durante a vigência da IN n. 01/02. O que você responderia? Analise os arts. 100, 103 e 146 do CTN na resposta.
R: Considerando o princípio da retroatividade benéfica, caso a IN 03/03 beneficiasse o contribuinte, então, os efeitos desta Instrução Normativa retroagiriam para atingir os atos administrativos praticados anterior a vigência legal deste dispositivo.
Contudo, o caso em tela diz respeito a integração do frete pago a terceiro na base de cálculo do tributo. Desta forma, considerando o que prevê o artigo 146 do CTN, diríamos ao contribuinte que ele não deverá pagar por complementação alguma, visto que a obrigação deve ser cumprida a partir da vigência da nova IN 03/03.
7.	Analisando o ordenamento jurídico como um todo, isto é, as normas de direito material (constitucional e tributário) e processual civil, texto constitucional e infralegal, indique mecanismos cuja função no sistema é dar efetividade à segurança jurídica, justificando sua resposta com motivos e indicação do dispositivo normativo. 
Para auxiliá-lo(a), segue um exemplo: formação da coisa julgada num processo, mecanismo processual que impede a rediscussão da mesma questão em outro processo – art. 5º, XXXVI da Constituição Federal/1988, art. 502 do CPC/2015.
R: Como já mencionado na questão 1 -b), dos princípios constitucionais e tributários, são algumas das inúmeras normas que possuem maior relevância social, não desmerecendo as demais previstas em todo o ordenamento.
Nessa perspectiva, a importância do instituto da segurança jurídica em um estado democrático de direito e sua presença obrigatória no ordenamento jurídico é essencial para o desenvolvimento de uma sociedade organizada.
Assim, é inadmissível permitir a extração das consequências do instituto da segurança jurídica em um estado democrático de direito, pois devido a sua aplicação nas mais diversas dimensões, sobre os mais variados anglos, identificamos as garantias de direitos fundamentais para as relações entre indivíduos, como também nas relações destes para com o estado.
Com isso comungo do entendimento de Paulo de Barros Carvalho[footnoteRef:7] que o coloca como um sobreprincipio dentro da concepção de um estado democrático de direito, que, mesmo de forma implícita, tem o condão de um norteador para o ordenamento se efetivar através de outros princípios. Podemos ainda refletir que a aplicação da segurança jurídica, impõe a garantia dada pelo Estado em favor do cidadão, de que as normas de direitos, entre outras atividades estatais, propiciem um sentimento de confiança e estabilidade como garantia em um estado democrático de direito. [7: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário.] 
Ainda como traz Araújo[footnoteRef:8] o instituto da segurança jurídica deve ser evidenciado sob dois aspectos, no primeiro como princípio constitucional, colocado entre os direitos e garantias fundamentais, já em um segundo como se vê é uma cláusula pétrea. [8: ARAÚJO, Francisco Régis Frota. Delimitação Histórica do Princípio da Segurança nas Constituições Brasileiras e suas Dimensões. p 1.] 
No ordenamento jurídico, as consequências de sua aplicação são imprescindíveis nas relações entre os indivíduos de uma sociedade organizada como o próprio estado, portanto a segurança jurídica tem função fundamental, pois vem propiciar uma estabilidade nessas relações, como também propicia a garantia de direitos fundamentais entre as pessoas, e principalmente, entre pessoas e o próprio Estado.
Assim como traz Almeida[footnoteRef:9], as relações entre os cidadãos e o Estado necessitam de estabilidade, principalmente nas regulamentações, onde possam ver concretizadas as suas legitimas expectativas, como na proteção constitucional, no caso do direito adquirido, da coisa julgada, do ato jurídico perfeito. [9: ALMEIDA, João da Silva. O Princípio da Segurança Jurídica. p 2.] 
Dessa forma, podemos dizer que a segurança jurídica, é vital para própria existência do estado democrático de direito, sendo vital para a sua própria preservação, portanto o princípio da segurança jurídica se destina à função de assegurar a todos os cidadãos que as leis serão cumpridas, inclusive pelo próprio Estado.
Nesse sentido, o ilustre Professor e Ministro do STJ José Augusto Delgado, em palestra proferida no XXI Congresso Brasileiro de Direito Constitucional, argumentou que: “A concepção pregada por todos os cientistas políticos dirige-se para a afirmação de que o homem necessita de um grau de segurança para poder conduzir, planificar e desenvolver os seus atos da vida civil, familiar e profissional. Ao Estado cabe a responsabilidade de assegurar esse estado de sentimento através da conformação dos seus atos administrativos, legislativos e judiciais com os ditames da segurança jurídica”.
Deste modo o instituto da segurança jurídica em um estado democrático de direito, atua na preservação das garantias fundamentais, tendo como instrumento primordial, a fim de promover suas consequências, os princípios existentes no documento fundamental de constituição do estado democrático.
2

Continue navegando