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A Geografia é a cidadania

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A geografia e a cidadania	
APRESENTAÇÃO
Você sabia da relação inerente entre a Geografia e a formação do cidadão para o exercício 
de sua cidadania? A Geografia tem grande importância no desenvolvimento do cidadão, visto 
que seu objeto de estudo é o espaço e suas dinâmicas.
O espaço geográfico, constituído e transformado pelas ações humanas, abarcando a política, a 
cultura e também o âmbito físico, pode ser trabalhado como lugar de vivência, aproximando-se 
do aluno e de sua realidade. 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar e identificar os aspectos da Geografia que 
são operacionais no exercício da cidadania no ambiente escolar e fora dele. Também serão 
abordados os conceitos básicos da Geografia para a formação cidadã e o entendimento das 
dinâmicas sociais e espaciais. Além disso, serão tratadas as principais relações entre a Geografia 
e a cidadania, em que os dados e reflexos das dinâmicas espaciais poderão ser utilizados para 
uma análise do conceito de cidadania e da situação dos cidadãos brasileiros.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer aspectos geográficos no exercício da cidadania.•
Aplicar conceitos básicos de Geografia na vida e no cotidiano escolar.•
Explicar a relação entre Geografia e cidadania.•
DESAFIO
A prática da cidadania no ambiente escolar e fora dele é um exercício constante e que requer 
aprendizado e ensino em vários âmbitos.
Imagine que você está dando aulas para alunos do 5o ano do Ensino Fundamental e vai falar 
sobre a cidadania e o uso dos meios de transporte. Cada aluno fala sobre o meio de transporte 
que utiliza para ir à escola e você propõe um quadro em que vai ensiná-los a exercer a cidadania 
em vários espaços, mas particularmente ao utilizar os meios de transporte, já que há mediação 
com muitas pessoas nesse trajeto e o espaço entre suas casas e a escola também requer um 
comportamento cidadão.
Como, então, o professor pode abordar as leis de trânsito, os direitos e deveres no transporte 
público e particular e o exercício da cidadania na convivência diária? Os alunos devem ser 
incentivados a pensar em seu comportamento no trajeto que realizam de suas casas até a escola.
Ao considerar as questões espaciais e os direitos e deveres do cidadão, os alunos devem ser 
capazes de refletir sobre suas atividades cotidianas e o exercício de ações cidadãs imediatas. 
Nesse contexto, as questões a serem feitas para os alunos sobre o uso dos transportes em seu dia 
a dia devem avaliar e corroborar esse raciocínio:
1) Podemos dizer que, quando utilizamos qualquer meio de transporte para ir e voltar da escola, 
como transporte público, particular ou mesmo quando vamos a pé, estamos convivendo com 
outras pessoas? Por quê?
2) Qual tipo de transporte você utiliza? 
3) Quais são as ações cidadãs que devem ser colocadas em prática para uma melhor convivência 
no trajeto para a escola em cada um desses tipos de transporte?
INFOGRÁFICO
O tema da convivência nos espaços da cidade, tanto naqueles que são públicos como nos 
privados, é importante para a abordagem do exercício da cidadania e para a noção das práticas 
cotidianas nos coletivos. 
Os cuidados e o exercício da cidadania nesses espaços, que começam desde a moradia até a rua, 
o bairro e a escola, têm como referência as várias escalas de análise do espaço geográfico.
Acompanhe, no Infográfico a seguir, uma boa abordagem desse tema.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
CONTEÚDO DO LIVRO
A educação com o objetivo de formar cidadãos conscientes tem uma correspondência 
significativa com a disciplina Geografia. Por meio da análise e do estudo das dinâmicas do 
espaço geográfico, onde ocorrem as relações sociais do dia a dia, tanto na escola quanto fora 
dela, é possível tratar do exercício e fomento de ações de cidadania.
O objeto fundamental da geografia, o espaço, demonstra as ações humanas nos períodos 
históricos e os condicionamentos para uma sociedade em que a cidadania seja, ou não, 
prioridade.
No capítulo A geografia e a cidadania, da obra Metodologia do ensino de geografia, você vai 
estudar como as perspectivas da disciplina Geografia podem fazer conexão e como empregar 
seus conceitos básicos no cotidiano escolar e fora dele. Serão tratadas também as 
correlações das ferramentas da disciplina Geografia e a formação para a cidadania.
METODOLOGIA 
DO ENSINO DE 
GEOGRAFIA
Mait Bertollo
A geografia e a cidadania
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer aspectos geográficos no exercício da cidadania.
  Aplicar conceitos básicos de geografia na vida e no cotidiano escolar.
  Explicar a relação entre geografia e cidadania.
Introdução
A disciplina de geografia exerce um papel importante na formação dos 
alunos para o exercício da cidadania. O desenvolvimento do pensamento 
crítico nas relações sociais cotidianas e os saberes básicos sobre o exercício 
político dos cidadãos podem ser tratados por meio da geografia e do 
seu objeto de estudo, o espaço geográfico.
Neste capítulo, você vai conhecer os aspectos geográficos ligados ao 
tema da cidadania e ver como os conceitos básicos dessa ciência podem 
ser aplicados ao cotidiano escolar do aluno. Além disso, você vai verificar a 
correspondência entre conceitos fundamentais da geografia e da cidadania.
Os aspectos geográficos do exercício 
da cidadania
O ensino da disciplina de geografi a, tanto sob o viés da geografi a física quanto 
sob o viés da geografi a humana, requer uma refl exão sobre o vínculo inerente 
entre o espaço e as transformações que ele sofre por meio dos fenômenos 
naturais e, principalmente, das ações humanas. Ao mesmo tempo, é importante 
refl etir sobre como os professores lidam com a cidadania. Isto é, sobre como 
tratam essa questão nas suas práticas pedagógicas e em suas rotinas cotidianas 
como educadores e cidadãos.
No estudo da geografia, há espaço para discussões a respeito da cidadania 
devido ao caráter interdisciplinar dessa área. Afinal, ela integra os conhecimentos 
de várias ciências para a análise e o entendimento dos fenômenos espaciais. Nesse 
sentido, destacam-se as ações do ser humano, mais fundamentalmente por meio 
do trabalho e das técnicas, no processo de transformação e configuração espacial. 
Assim, a geografia tem um papel importante na educação: ela contribui para 
preparar cidadãos cada vez mais conscientes de sua participação na sociedade. A 
ideia é que os alunos percebam que suas ações transformam a organização social 
e espacial em várias escalas, inclusive por meio da reivindicação da efetivação 
de direitos e do cumprimento de deveres individuais e coletivos.
Destaca-se, assim, a vertente chamada geografia crítica, que sustenta a im-
portância do ensino de geografia para a formação dos cidadãos. A geografia 
deve se comprometer com essa tarefa no currículo educacional nacional. Ela deve 
proporcionar ao aluno conhecimento de mundo e mostrar a ele que a realidade está 
sempre em processo de mudanças e transformações (VESENTINI, 2014). Dessa 
maneira, a geografia proporciona o entendimento das opções e possibilidades no 
cotidiano escolar e fora dele. O aluno compreende os movimentos dos indivíduos 
e da sociedade, observando as mudanças espaciais do passado e o que está no seu 
horizonte, bem como as contingências para que cada um atue de forma cidadã.
Como você já sabe, a ciência geográfica situa o ser humano no espaço, que 
resulta das relações sociais e econômicas entre homem e natureza. Por sua vez, a 
visão crítica permite o entendimento de que o que existe foi construído por meio 
de processos históricos e espaciais. Logo, quando o aluno se percebe cidadão, 
ele também tem potencial para se conceber dentro de um coletivo e observar as 
igualdades ou desigualdades sociais. Isso leva à sua inserção participativa na so-
ciedade, com um olhar crítico sobrea realidade que o cerca. Na Figura 1, a seguir, 
você pode ver uma charge que ironiza e critica a discrepância entre os supostos 
direitos dos cidadãos brasileiros e a realidade enfrentada pela população do País.
Figura 1. Charge de Miguel Paiva sobre os direitos do cidadão brasileiro.
Fonte: Araújo (2019, documento on-line).
A geografia e a cidadania2
O termo “cidadania” é utilizado por várias ciências e está presente em 
diversos debates sobre a sociedade. As dinâmicas sociais, os direitos e deve-
res de cada indivíduo e a consolidação da conscientização social recorrem 
à cidadania para fundamentar sua importância. Na educação, os Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCNs) reúnem algumas ferramentas para abordar o 
tema “cidadania” na realidade escolar brasileira (SILVA, 2011).
Ainda que os direitos dos cidadãos sejam legalmente reconhecidos pelo 
Estado, é imprescindível que o acesso a esses direitos seja garantido. Dessa 
forma, a geografia, por seu caráter analítico do espaço, constituído por di-
ferentes sociedades, tem um papel essencial no ensino. Ela leva o aluno a 
compreender e a questionar a realidade, propondo soluções para uma sociedade 
mais justa e equânime.
Nesse contexto, o professor de geografia deve ter compromissos éticos como 
cidadão e profissional. Ele deve possibilitar que os alunos se tornem agentes 
do próprio aprendizado, analisando o espaço de acordo com o movimento da 
sociedade. A geografia escolar tem o objetivo de pensar e discutir o papel 
dos alunos na sociedade em permanente transformação, com o desafio e o 
compromisso de aplicar propostas relativas à cidadania (VESENTINI, 2014).
O termo “cidadania” designa o processo político de compromisso entre diversos grupos 
e indivíduos, considerando os direitos e deveres de cada um (OXFORD PAPERBACK 
REFERENCE, 2013). Os direitos e deveres, por sua vez, são práticas exercidas por cada 
cidadão que vive em uma sociedade ou um coletivo. Eles se relacionam ao poder e ao 
grau de interferência de cada um no espaço em que vive, bem como à sua possibilidade 
de intervenção e transformação.
Já a expressão “cidadão” deriva do latim civitas, que significa “cidade”. Antigamente, 
os chamados cidadãos eram aqueles indivíduos que viviam nas cidades, possuindo 
direitos e deveres. Hoje, esse conceito vai além dos limites urbanos e abarca também 
outros espaços, como o rural e qualquer lugar onde habitem coletivos.
As ciências humanas e, mais especificamente, a geografia possibilitam que 
os alunos conheçam a si mesmos e também que estejam conscientes do seu 
entorno. Ao mesmo tempo, por meio dos conceitos e temas, proporcionam o 
questionamento sobre as dinâmicas sociais. A partir disso, é possível projetar o 
futuro em um contexto mais igualitário, em que a cidadania possa ser exercida 
pela sociedade como um todo.
3A geografia e a cidadania
Portanto, a geografia é uma disciplina cidadã a partir do momento em que 
posiciona o indivíduo como transformador do espaço, cuja ação resulta em 
consequências para todos. Em síntese, na formação cidadã, o aluno pode se 
entender como um sujeito no mundo.
Aplicação de conceitos básicos da geografia 
na vida e no cotidiano escolar
Para a abordagem crítica sobre a cidadania no Brasil, é importante o questio-
namento sobre a existência generalizada e equânime do seu exercício no País. 
Quando é realizada a refl exão e a análise sobre a situação dos direitos políticos 
e sociais no Brasil, considerando as desigualdades sociais, a concentração de 
renda e o modelo econômico vigente, nota-se que o progresso buscado para a 
nação modifi ca o signifi cado de cidadania (SANTOS, 1998).
Você deve ter em mente que a cidadania sempre foi, e ainda é, um apren-
dizado social contínuo, em construção. Numa perspectiva ocidental, a noção 
de que o cidadão é membro de um Estado-nação surgiu no continente europeu 
no século XVII. Mas só no século XIX ocorreram as conquistas de direitos 
coletivos relacionados aos direitos das classes trabalhadoras, que começa-
ram a se organizar principalmente em virtude da Revolução Industrial. No 
século XX, com os direitos sociais conquistados — por meio, por exemplo, 
do chamado “sistema de bem-estar social” —, a concepção de cidadão passou 
por avanços e recuos, de forma lenta e gradual. Isso ocoreu na construção do 
espaço coletivo e das relações sociais.
A cidadania envolve, então, as relações entre o espaço, o indivíduo e 
a sociedade, elementos associados também com as ações do Estado, com 
a economia, a política e as culturas. No Brasil, a cidadania é regulada e 
confundida com o exercício e os direitos do consumidor (SANTOS, 1998). 
As dinâmicas espaciais e a formação social do País, que resultaram em 
desigualdades sociais e no não cumprimento de direitos básicos, trans-
formaram os direitos em privilégios, cuja existência é ligada às questões 
econômicas.
A análise dos dados sociais brasileiros a partir de conceitos básicos de 
geografia — taxas de analfabetismo, mortalidade infantil no território, qua-
lidade e acesso à saúde pública, sistema de tratamento de esgoto nas cidades, 
entre outras — indica as condições espaciais em que vivem os indivíduos e o 
A geografia e a cidadania4
coletivo. Tal análise caracteriza, nos diferentes momentos históricos, a “não 
cidadania” de grande parte dos brasileiros, o que é tema da Figura 2, a seguir 
(SANTOS, 1998).
Figura 2. Quadrinho de Angeli sobre as desigualdades sociais no Brasil.
Fonte: Folha (2015, documento on-line).
No cotidiano escolar, o estudo do espaço geográfico deve abarcar as pro-
blemáticas sociais. Também deve tratar das condições que tornam a cidadania 
um conceito que exige uma análise mais profunda e que merece reflexões e 
discussões entre os alunos, isto é, entre os cidadãos em formação.
O ensino da geografia para construir a cidadania coletivamente tem grande 
potencial para pensá-la no cotidiano escolar do aluno e também fora da sala 
de aula. Para isso, é necessário abordar os direitos e deveres de cada cidadão 
no coletivo e na sociedade, considerando também que, segundo a Constituição 
Federal de 1988, todos os cidadãos são iguais perante a lei.
5A geografia e a cidadania
Segundo o art. 5º da Constituição Federal de 1988, “Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade [...]” (BRASIL, 1988, documento on-line). Para conhecer melhor esse 
artigo da Constituição, acesse o link a seguir.
https://goo.gl/hMkw7v
O estudo da geografia e das dinâmicas espaciais oportuniza ao aluno 
entender o seu mundo, com as pluralidades que o compõem. Além disso, tal 
estudo leva o aluno a compreender as diferenças e a respeitar outras formas 
de viver, de ser e de atuar no espaço. Isso pode ser desenvolvido desde os 
primeiros anos do cotidiano escolar, pois essa é uma fase em que o aluno 
tem uma curiosidade intensa sobre o espaço, de modo que sua percepção 
é aguçada.
A geografia tem, portanto, a capacidade de levar o indivíduo a refletir sobre 
o espaço, o que o capacita para a tomada de decisões de forma crítica, tanto 
no momento das eleições quanto em situações particulares ou do coletivo em 
que vive. O exercício da cidadania pode partir do lugar onde há convivência 
coletiva, como a cidade. A maior parte da população brasileira vive em cidades 
e, assim, comportamentos, hábitos, ações e a organização do espaço urbano 
requerem uma vivência cidadã.
Nesse contexto, a cidade, suas estruturas e tipos de convivência tornam-se 
temas importantes a serem trabalhados na escola para um projeto de formação 
do cidadão. As práticas de vivência na cidade, como o uso de transportes pú-
blicos, a convivência na rua, o uso dos equipamentos urbanos e as experiências 
cotidianas coletivas também são formadoras de cidadania.
O cidadão exercita a sua cidadania por meio de várias instâncias. A 
escola, por ser o lugarde trabalho com o conhecimento e de atribuição 
de significados, é um espaço de encontros e conflitos entre as diferentes 
concepções individuais e coletivas. Assim, as práticas de vivência na cidade 
podem ser utilizadas para a compreensão do saber científico e também do 
saber cotidiano.
A geografia e a cidadania6
A relação entre a geografia e a cidadania
Por meio da análise e do estudo do espaço geográfi co, o aluno pode notar as 
relações entre a cidadania e as condições para que ela seja exercida, bem como 
a transformação e a confi guração do espaço. Tudo isso pode ser trabalhado, 
por exemplo, a partir dos processos de urbanização.
Historicamente, o processo de constituição e crescimento das cidades 
brasileiras proporcionou a concentração de renda e foi extremamente ex-
cludente. Com a industrialização, aconteceu o mesmo. O desenvolvimento 
desses âmbitos da sociedade, nesses moldes, com pouca ou nenhuma política 
de distribuição de renda e de exercício da cidadania para todos, resultou num 
crescimento econômico que gera problemas crescentes de deterioração do 
potencial cidadão.
Assim, a cidadania e o seu exercício estão associados ao ganho de bens 
materiais, enaltecendo valores ligados ao consumo como ideal de inserção no 
projeto nacional (SANTOS, 1998). O espaço e a sua construção também são 
influenciados pela mídia, como a televisão e as redes sociais, em que a noção 
de cidadão substitui ou se iguala à noção de consumidor.
Os dados sociais que explicitam as dinâmicas espaciais demonstram que 
a desigualdade e a violência, por exemplo, intensificam o individualismo e a 
insatisfação individual e coletiva. No contexto econômico atual, há a ilusão de 
que tais insatisfações podem ser resolvidas com a aquisição de bens materiais. 
Logo, uma discussão importante a ser colocada nas aulas de geografia é esta: 
o consumidor de bens materiais não deve ser confundido com o cidadão. Isto 
é, os direitos básicos não podem estar condicionados à capacidade ou não de 
consumir e ao poder aquisitivo de cada indivíduo.
As liberdades e os direitos básicos (educação, transporte, habitação, acesso 
à água tratada, rede de tratamento de esgoto, comunicação, saúde, entre outros) 
devem ser acessíveis a todos, já que são garantidos pela Constituição Federal 
de 1988. Deixar à margem aqueles que não possuem poder aquisitivo para 
usufruir desses direitos provoca problemas sociais graves e irreversíveis para 
toda a sociedade.
Outro ponto importante a ser tratado pela geografia é a ideia de que o cidadão 
é aquele que vota. Afinal, as dimensões da cidadania ultrapassam o momento 
do voto, que é encarado como mais uma obrigação. Nesse sentido, você deve 
considerar a falta de informações e a descrença no sistema político, o que ocorre 
em um contexto de injustiças e desigualdades historicamente sem resolução.
7A geografia e a cidadania
A configuração espacial acaba por perpetuar as desigualdades, pois as 
infraestruturas e construções no espaço atendem com prioridade aos interesses 
de corporações, deixando de lado as demandas da população do entorno. O 
Estado, por sua vez, acaba por não investir adequadamente os impostos pagos 
pelos cidadãos. Observe a Figura 3, a seguir. O gráfico mostra o aumento da 
taxa de mortalidade infantil, o que indica que a atenção à saúde é precária e 
que há aumento da pobreza.
Figura 3. Aumento da taxa de mortalidade infantil depois de 15 anos de queda.
Fonte: Fundação ABRINQ (2018, documento on-line).
Como você viu, a construção da cidadania tem de enfrentar obstáculos, 
como o consumo exacerbado e o individualismo. Contudo, as discussões, 
análises e propostas de formação de cidadãos desenvolvidas por meio do 
estudo da geografia possibilitam a mudança desse modelo. O pensamento 
crítico sobre os comportamentos relativos aos objetos de consumo e aos valores 
individualistas pode conduzir os alunos a um reaprendizado da cidadania e 
à sua valorização como parte do coletivo e como agentes transformadores da 
realidade (SANTOS, 1998). Na Figura 4, a seguir, você pode ver uma tirinha 
protagonizada pela personagem Mafalda, conhecida por seu pensamento 
crítico e sua consciência política.
A geografia e a cidadania8
Figura 4. Tirinha de Quino sobre o consumismo e a falta de noção sobre cidadania.
Fonte: Clube da Mafalda (2011, documento on-line).
Em síntese, o professor deve contribuir com a conscientização dos alunos, 
levando-os a analisar criticamente as contradições sociais atuais e a invia-
bilidade de sua permanência. A formação da cidadania no meio escolar por 
meio da geografia demanda o trabalho com conceitos, realizando a ligação, 
por exemplo, entre a cidadania e a cidade, explicitando o conceito de cidadão 
e também o de cidade. Os aspectos ligados à formação da cidadania requerem 
uma contextualização. Só assim é possível tornar a cidadania concreta na vida 
do aluno, levando-o a participar da sociedade. Desse modo, é importante que 
não haja distância entre a defesa da cidadania e a possibilidade concreta de 
seu exercício.
Uma ideia concisa e explicativa é a de que a cidadania é o exercício do 
direito a ter direitos. A noção de universalidade, isto é, de direitos universais, 
é significativa na defesa de uma organização social democrática, que garanta 
igualdade de acesso aos direitos a todos. Você deve notar que a igualdade é 
construída histórica e socialmente. Os valores, as normas e os direitos devem 
ser comuns a todos, independentemente de sua inserção no espaço, de sua 
situação econômica e de seu poder aquisitivo.
Assim, a principal ideia a ser exposta aos alunos é a de que o cidadão é 
aquele que exerce o seu direito a ter direitos de forma ativa, defendendo também 
os direitos de todos. Isso significa, inclusive, que é importante a discussão 
sobre a criação de novos direitos e a ampliação de outros. Isto é, no exercício 
da cidadania, é possível transformar os direitos formais e teóricos em direitos 
reais e concretizados.
Como você viu, a geografia se relaciona à cidadania especialmente devido 
aos seus conteúdos fundamentais. Portanto, essa disciplina é ideal para que os 
9A geografia e a cidadania
direitos sejam debatidos e pensados de forma universal, não como privilégios. 
A ideia é levar os alunos ao exercício da cidadania por meio de ações diante da 
realidade excludente do consumismo, da imobilidade política e da educação 
desagregadora (SANTOS, 1998).
ARAÚJO, A. L. D. Redação argumentativa. 2019. Disponível em: https://ead.stf.jus.br/
cursos/redacaoargumentativa/aula4/#00-1-intro. Acesso em: 18 mar. 2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 18 mar. 2019.
CLUBE DA MAFALDA. [Tirinhas Mafalda]. 2011. Disponível em: https://clubedamafalda.
files.wordpress.com/2011/05/intro-midiatvpublicidade.jpg?w=1508&h=438. Acesso 
em: 18 mar. 2019.
FOLHA. Angeli: 40 anos da Folha. 2015. Disponível em: http://arte.folha.uol.com.br/
especiais/2015/09/20/angeli-40/phone/index.html. Acesso em: 18 mar. 2019.
FUNDAÇÃO ABRINQ. Taxa de mortalidade na infância (para 1.000 nascidos vivos). 2018. 
Disponível em: https://observatoriocrianca.org.br/cenario-infancia/temas/sobrevi-
vencia-infantil-infancia/619-taxa-de-mortalidade-na-infancia-para-1-000-nascidos-
-vivos?filters=1,233. Acesso em: 18 mar. 2019.
OXFORD PAPERBACK REFERENCE. Dictionary of geography. Oxford: Oxford University 
Press, 2013.
SANTOS, M. O espaç o do cidadã o. Sã o Paulo: Nobel, 1998. 
SILVA, A. M. M. Práticas de cidadania na escola e na sala de aula. In: LISITA, V. M. S. S; 
SOUZA, L. F. E. C. (org.). Políticas educacionais, práticas escolares e alternativas de inclusão 
escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2011.
VESENTINI, J. W. Realidade e perspectiva do ensino de geografia no Brasil. In: VESENTINI, 
J. W. (org.). O ensino de geografia no século XXI. 6. ed. Campinas: Papirus, 2014.
Leituras recomendadas
FERNANDES, F. A formação políticado professor. In: FERNANDES, F. Universidade escola 
e formação de professores. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.
SAVIANI, N. Saber escolar, currículo e didática: problemas da unidade conteúdo/método 
no processo pedagógico. 6. ed. Campinas: Autores Associados, 2012.
A geografia e a cidadania10
DICA DO PROFESSOR
Você sabia que as responsabilidades dos administradores dos municípios, dos estados e do país 
são muitas? Por isso, é muito importante que os eleitores escolham com cuidado em quem votar. 
O trabalho dos governantes também deve ser sempre fiscalizado pela população. Além diss, é 
importante que as pessoas exercitem a cidadania participando diretamente da criação de 
políticas públicas.
No vídeo da Dica do Professor, você verá quem governa o país e o papel dos cidadãos; qual 
a função dos poderes Legislativo e Judiciário, e quem são as pessoas responsáveis por colocar 
em prática as leis existentes e garantir as necessidades da população dos municípios, dos estados 
e do país. 
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
EXERCÍCIOS
1) O exercício da cidadania e a formação de cidadãos são uma tarefa importante no 
contexto escolar e também para o dia a dia do aluno. Esse tema é fundamental e pode 
ser tratado por várias disciplinas, entre elas a Geografia, que possui particularidades 
significativas para essa tarefa, que podem ser resumidas por:
A) seus conteúdos, os conteúdos éticos, por meio de ideologias político-partidárias.
B) sua sistematização de valores sem associação com a cultura.
C) seu sentido coletivo e político das ações humanas individuais, que nem sempre agem sobre 
o espaço.
D) seu estudo dos valores e costumes partilhados pela maioria da sociedade.
E) sua interdisciplinaridade para o entendimento dos fenômenos espaciais pelas ações do ser 
humano.
 
2) O termo cidadania é muito conhecido e amplamente utilizado com várias finalidades. 
Esse termo agrega conteúdos básicos e que podem ser discutidos por muitas 
disciplinas, entre elas a Geografia. Desse ponto de vista, a cidadania pode ser 
sintetizada como:
A) a defesa dos direitos dos consumidores junto aos vários tipos de empresas, considerando 
aspectos sociais. 
B) a dinâmica política de pacto entre diversos grupos e indivíduos, atendendo os direitos e 
deveres de cada um. 
C) a substituição de direitos jurídicos para todos os indivíduos na resolução dos conflitos 
cotidianos. 
D) o fortalecimento da administração pública e dos cidadãos para serem melhores 
consumidores. 
E) os direitos e deveres dos administradores públicos para que possam valer as leis das 
constituições de cada país. 
3) O processo de construção de cidadania em cada país tem suas peculiaridades e está 
relacionado a sua história e organização espacial. Os agentes envolvidos, a cultura, a 
política e a economia de cada país tornam o exercício da cidadania específico. Em 
relação ao Brasil, a cidadania:
A) é plena, pois os cidadãos passam a pensar e agir de acordo com valores coletivos em todas 
as porções territoriais. 
B) está assegurada pelo exercício político, priorizando os interesses e a ação privada dos 
cidadãos. 
C) existe pela aceitação de valores universais implícitos vinculados a outras sociedades que 
influenciam o Brasil. 
D) pode ser questionada, pois somente age nos conflitos sociais e produz igualdade entre os 
cidadãos 
E) pode ser questionada se existe ou não, dadas as desigualdades sociais e o não acesso aos 
direitos básicos. 
4) A Geografia tem como objeto de estudo o espaço geográfico. Por meio dele, é possível 
discutir e analisar diversos âmbitos da sociedade, como a construção da cidadania. 
Dessa forma, quais são as ferramentas que podem ser usadas para a análise das 
contradições e da situação dos cidadãos no Brasil?
A) Fontes políticas administrativas que mostram a quantidade e a qualidade do consumo no 
território, ligado ao índice de aprovação do consumidor.
B) Os dados sociais, como taxa de analfabetismo, mortalidade infantil e outros sobre 
dinâmicas espaciais da ausência ou não do exercício de cidadania. 
C) Parâmetros que asseguraram o exercício político e interesses das empresas privadas e do 
Estado e de como resultam no espaço. 
D) Índices de aceitação de valores universais ligados aos preceitos da mídia e dos partidos 
políticos que visam à melhora da condição cidadã. 
E) Dados sobre conflitos sociais no âmbito da globalização, a partir do entendimento do que 
é, na prática, a ética, e a política internacional cidadã. 
5) Existem muitos debates, atualmente, sobre a maneira como o cidadão é reconhecido e 
respeitado em relação aos direitos que pode exercer. Na sociedade brasileira há uma 
ambiguidade deliberada entre a noção de cidadão e a noção de consumidor. Nesse 
sentido, essa ambiguidade existe porque:
A) o condicionamento dos direitos básicos é ligado ao consumo: quem não pode consumir 
não usufrui dos direitos e fica à margem da sociedade. 
B) os consumidores também têm direitos e as empresas lutam para que todos possam 
consumir e, assim, serem aceitos pela sociedade. 
C) o direito do consumidor tem como objetivo as práticas de valorização identitária, e os 
direitos básicos são garantidos por todas as pessoas que não podem consumir.
 
D) a Constituição Federal prevê leis que equiparam os direitos dos cidadãos e dos 
consumidores, em que todos podem usufruir de seus direitos.
 
E) o condicionamento dos direitos básicos não está ligado ao consumo, pois no Brasil todos 
os cidadãos exercem seus direitos básicos de maneira uniforme.
 
NA PRÁTICA
A convivência cidadã requer a noção dos direitos e deveres de cada indivíduo e a consciência de 
que todos pertencem a um coletivo. Nesse contexto, as pessoas podem conviver de forma cidadã 
em diversas comunidades. Um exemplo é a Comunidade Quilombola de Macapazinho, no 
estado do Pará.
Em Macapazinho, as pessoas se unem para realizar trabalhos ou serviços que beneficiam todos 
os moradores. Esse tipo de união é chamado de mutirão e as pessoas que o realizam não 
recebem pagamento. Os mutirões podem ser organizados para a realização de diferentes 
atividades, como colheitas, construção de casas, plantio, etc.
A convivência e o sentido de coletivo, respeitando os direitos e os deveres de cada indivíduo, 
permitem momentos de convivência e de exercício de cidadania, em que toda a comunidade tem 
vantagens, como o sistema de mutirão, tornando o ambiente mais equânime e justo.
Acompanhe, na prática, essa mobilização comunitária, que é uma ajuda mútua entre as famílias 
e moradores dessa comunidade para a realização dessa atividade. Uma família demoraria, no 
mínimo, quinze dias para realizar essa atividade, porém, quando reunida em mutirão, leva 
apenas um dia.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Geografia e a formação da cidadania
Esta pesquisa trata da Geografia escolar, cujo papel na formação do cidadão deve ser capaz de 
construir competências que permitam a análise do real, a partir da exposição das causas e 
efeitos, a intensidade, a heterogeneidade espacial e o entendimento do contexto dos fenômenos 
que configuram cada sociedade para o exercício da cidadania.
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Educação geográfica para a formação cidadã
A educação geográfica para a formação cidadã, aqui abordada na proposição de educação e 
cidadania no estudo da geografia, objetiva fazer a reflexão a respeito dos subsídios ao ensino da 
geografia escolar na educação básica brasileira para a construção da cidadania.
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A cidadania, o direito à cidade e a Geografia escolar – elementos de geografia para o 
estudo do espaço urbano
Este artigo trata da cidade e suas influências na escola e do ensino de Geografia. A preocupação 
da autora é analisar as possibilidades do exercício do direitodo cidadão na cidade 
contemporânea por meio da formação de uma cidadania consciente e ativa no espaço urbano.
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