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Trilha 8

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BIOÉTICA E 
BIOSSEGURANÇA 
APLICADA
Amanda Stapenhorst
 Direitos do cliente/paciente
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Explicar os diferentes signi� cados semânticos e legais do paciente/
cliente.
  Reconhecer quais são os direitos dos pacientes nos serviços de saúde.
  Relacionar os direitos dos pacientes/clientes e a conduta pro� ssional 
do esteticista.
Introdução
No Brasil, em apenas dois anos, houve um aumento de 360% na procura 
por procedimentos estéticos não cirúrgicos (Sociedade Brasileira de Ci-
rurgia Plástica – SBCP). A busca pela beleza sempre foi uma característica 
do ser humano e, com o crescimento do mercado da estética e a maior 
acessibilidade a todas as esferas sociais, a demanda por procedimentos 
cosméticos seguiu o padrão mercadológico. O aumento da demanda teve 
impacto direto sobre o número de clínicas de estética e de profissionais 
esteticistas presentes no mercado de trabalho brasileiro. 
Neste capítulo, vamos explorar as implicações dos direitos dos pa-
cientes/clientes durante a atuação do profissional esteticista, abordando 
a importância da diferenciação na terminologia em relação ao paciente 
ou cliente, assim como as suas implicações legais.
 O significado de paciente e cliente e suas 
implicações na área da saúde 
Quando falamos sobre cuidados na área da saúde, automaticamente pensamos 
em um profi ssional habilitado atendendo às necessidades de um indivíduo que 
busca atendimento clínico. Entretanto, é importante pensar sobre o signifi cado 
de cada palavra e como elas podem induzir modifi cações na percepção e na 
compreensão de determinadas situações.
U2_C09_Bioetica e biossegurança.indd 97 27/10/2017 16:26:16
Como você chama os indivíduos que procuraram pelos seus serviços? 
Pacientes? Clientes? Esse questionamento se faz necessário porque cada uma 
das expressões acima são diferentes, apesar de serem amplamente utilizadas 
como sinônimos. Ainda existe controversa entre o uso dos termos paciente 
e cliente na área da saúde, pois a relação estipulada é implicitamente profis-
sional, em que uma das partes compra um serviço da outra parte envolvida. 
A palavra paciente, originado do Latim patiens, significa sofredor, muito di-
ferentemente ao que encontramos nos dicionários, em que ser paciente significa 
“ter paciência, calma e serenidade”. Já o Dicionário Médico Merriam-Webster 
define que a palavra paciente se refere a “indivíduo enfermo, aguardando 
ou realizando tratamento médico ou cirurgia”. Em sua versão mais atual, o 
dicionário incluiu que o termo também pode significar “cliente para serviço 
médico”. O termo cliente foi inicialmente vinculado ao vocabulário da econo-
mia liberal de mercado, em que o indivíduo que procura atendimento de saúde 
privado é o consumidor de um bem de consumo, ou seja, do acesso à saúde.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde como “um estado 
de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de 
afecções e enfermidades”. Todo indivíduo possui o direito fundamental à 
saúde, assegurado sem distinção de raça, orientação sexual, religião, ideologia 
política ou condição socioeconômica. No século XX, a saúde se baseava em 
pressupostos morfológicos, juntamente com a integridade de órgãos, bom 
desempenho das funções vitais, vigor físico e equilíbrio mental individual. 
Atualmente, a saúde é um valor mais comunitário do que individual, pois ela 
passou a ser considerada como um fator imperativo para a relação do indivíduo 
com o trabalho e a comunidade.
Após 1950, os movimentos em defesa dos direitos humanos aumentaram 
exponencialmente, principalmente com o término da Segunda Guerra Mun-
dial. Esses movimentos foram tão intensos que atingiram toda as esferas da 
sociedade, incluindo os profissionais da saúde e a sua prática clínica. Em 
1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou um manifesto que 
definia os princípios básicos de respeito e de dignidade da pessoa humana. 
No Brasil, os direitos dos pacientes foram incialmente instituídos pelo 
movimento Proposta do Grupo de Brasília, no qual o atual Código de Ética 
Médica se baseia. Após esse primeiro ato para instituir os diretos dos pacientes/
clientes, outros códigos de ética profissionais foram elaborados, visando à 
proteção desses mesmos direitos (BRASIL, 1988).
Com a criação do Código de Ética Médica, várias propostas começaram a 
ser formuladas e amplamente debatidas no cenário nacional, mas foi apenas 
depois de 1986, durante as VIII e IX Conferências Nacionais da Saúde, que 
 Direitos do cliente /paciente98
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os direitos dos pacientes foram efetivamente conquistados. Os direitos dos 
pacientes também estão garantidos na Constituição Brasileira, no Código 
Civil Brasileiro, no Código Penal Brasileiro e, mais recentemente, no Código 
de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1986, 1982).
Nas últimas décadas, houve um aumento expressivo da preocupação com 
os aspectos éticos e legais na área da saúde. O Novo Código Civil Brasileiro 
documenta, de maneira clara e objetiva, os principais conceitos legais de res-
ponsabilidade civil. Os artigos: “Art. 186º – Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou causar prejuízo a 
outrem, fica obrigado a reparar o dano.” e “Art. 1545º – Os médicos, cirurgiões, 
farmacêuticos, parteiras e dentistas são obrigados a satisfazer o dano sempre 
que da imprudência, negligência ou imperícia em atos profissionais, resultar 
em morte, inabilitação de servir ou ferimento” (BRASIL, 2002).
Em nosso país, a saúde é considerada um serviço público e, após a promul-
gação da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, responsável pela adoção do 
Código de Defesa do Consumidor (CDC), o acesso à saúde também passou a 
ser legalmente considerado um bem de consumo. O Artigo 6º do CDC lista os 
direitos básicos de consumidor, entre eles a garantia do direito à informação 
e ainda, no inciso X, a prestação de serviços públicos em geral de maneira 
adequada e eficaz, assegurando, assim, os diretos do usuário na utilização de 
um serviço de saúde (BRASIL, 1990).
O Código de Defesa do Consumidor define no “Art. 2°: Consumidor é 
toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final” e no “Art. 3°: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, 
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonaliza-
dos, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de 
produtos ou prestação de serviços” (BRASIL, 1990). Também dentro do Artigo 
3º, é estipulado que “Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de 
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, 
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. 
Ou seja, para os autores do Código de Defesa do Consumidor, o paciente é o 
CONSUMIDOR para quem se presta um SERVIÇO (atendimento) e o profis-
sional da saúde é o FORNECEDOR, pois está desenvolvendo atividades de 
prestação de serviços mediante remuneração (BRASIL, 1990).
Também é previsto no Artigo 14º, do CDC, que “o fornecedor de serviços 
responde independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos 
causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, 
99 Direitos do cliente /paciente
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bem como por informações insuficientes e inadequadas sobre sua fruição ou 
risco.” (BRASIL, 1990).
Vamos refletir rapidamente sobre o artigo acima: “o fornecedor de serviços 
responde independentemente da existência de culpa [...]”. Você acha que seria 
legalmente aceitável que um profissional da saúde respondesse pela reparação 
dos danos causados ao consumidor, sem a existência de culpa? Ainda mais 
quando considerarmosque os serviços da saúde nem sempre são realizados de 
maneira objetiva, os pacientes/clientes não possuem as mesmas características 
que os outros? Pensando nisso, o Parágrafo 4º desse artigo declara que “a 
responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a 
verificação da culpa”.
Portanto, fica declarado por lei que, na atividade dos profissionais liberais, 
mesmo sendo ela uma atividade de risco, não existe culpa presumida. Entre-
tanto, a análise da existência de culpa também fará uso de informações sobre a 
conduta do profissional da saúde como prestador de serviços, assegurando que 
ela tenha atendido ao que é determinado nos Códigos de Ética Profissionais. 
Dessa forma, a responsabilidade dos profissionais da área da saúde é 
analisada subjetivamente, ficando sob encargo do paciente/cliente produzir 
provas que comprovem a existência de culpa e a consequente reparação dos 
danos causados ao consumidor durante a prestação de serviços. Entretanto, é 
considerado infração ética não esclarecer adequadamente o paciente/cliente 
sobre propósitos, custos e alternativas de tratamento, assim, entende-se que a 
responsabilidade civil do profissional liberal se estende desde o planejamento, 
até a execução e o término do tratamento. 
O Artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor diz que: “Fornecedor é toda pes-
soa física ‘(PROFISSIONAL)’ ou jurídica ‘(CLÍNICA)’, pública (ESTADO) ou privada 
(PARTICULAR), nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que 
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, 
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de 
serviços”. Então podemos concluir que toda vez que o cliente contrata uma clínica de 
estética, a empresa também deve respeitar os direitos do paciente/cliente e responder 
legalmente em nome dos seus profissionais (BRASIL, 1990).
 Direitos do cliente /paciente100
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 Direitos dos pacientes/clientes
A Declaração Universal de Direitos Humanos, formalizada em 1948 pela Or-
ganização das Nações Unidas (ONU), reconhece “que todos os seres humanos 
nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”. Foi por meio dessas noções 
fundamentais de igualdade e de dignidade que se desenvolveu o conceito dos 
direitos dos pacientes, ou seja, o que é devido ao paciente como ser humano, 
além disso, existe grande variação de acordo com o país e as diferentes jurisdi-
ções. No Brasil, o Ministério da Saúde declarou, por intermédio da Portaria nº 
1286, de 26 de outubro de 1993, Art. 8º, e nº 74, de 04 de maio de 1994, quais 
são os direitos básicos do paciente no atendimento da saúde (BRASIL, 1993).
Todos os pacientes têm direito a atendimento humano e respeitoso por 
todos os profissionais da saúde e devem ser devidamente identificados pelo 
seu nome e sobrenome. Ele não deve ser chamado pelo nome da doença, de 
forma genérica, imprópria, desrespeitosa ou preconceituosa. O profissional 
da saúde deve ser identificado por crachá preenchido com nome, função e 
cargo e fornecer, ao paciente, auxílio imediato e oportuno. 
É de responsabilidade do profissional informar ao paciente, de maneira 
clara, sobre o procedimento ao qual vai ser submetido e também sobre a 
sua finalidade. A mesma abordagem é válida para a realização de exames 
laboratoriais. Ademais, o paciente tem direito a informações claras, simples e 
compreensivas, adaptadas à sua condição cultural. Essas informações comtem-
plam o diagnóstico e a abordagem terapêutica, possíveis eventos adversos e 
quais instrumentos serão utilizados. 
O paciente tem o direito de consentir ou recusar qualquer tipo de procedi-
mento, diagnóstico ou abordagem terapêutica. Ele deve consentir, de forma 
livre, voluntária e esclarecida, com informações adequadas para cada situação. 
É de direito do paciente revogar o consentimento previamente fornecido, sem 
que ele sofra punições morais ou legais. 
Para ser legalmente válido, o consentimento deve se basear nas informações 
relevantes e fornecidas pelo profissional ao paciente. O consentimento pode ser 
fornecido de forma escrita ou verbal, desde que o paciente possua condições 
cognitivas, seja maior de idade e totalmente informado sobre a natureza e as 
possíveis consequências da intervenção clínica. 
Caso o procedimento seja experimental ou parte de um projeto de pes-
quisa, o paciente deve ser informado sobre os possíveis riscos, a existência 
de alteração no curso da doença, o possível aumento no seu sofrimento e o 
maior desenvolvimento da sua patologia. Nenhum procedimento experimen-
tal ou de pesquisa deve ser realizado sem o consentimento do paciente, que 
101 Direitos do cliente /paciente
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tem garantido por lei o seu direito de recusa. Em casos de aceite por parte 
do paciente, um termo de consentimento livre e esclarecido, no qual consta 
a descrição de todos os procedimentos aos quais o paciente será submetido, 
deve ser assinado para ter validade legal. Caso o paciente esteja impossibili-
tado de expressar seu consentimento, este deve ser dado por escrito por seus 
familiares ou responsáveis. 
O paciente deve ter acesso livre ao seu prontuário, que deve ser preenchido 
de forma legível, contendo o conjunto de documentos sobre o seu histórico, 
condição patológica, raciocínio clínico, exames, conduta terapêutica e outras 
anotações clínicas pertinentes ao caso. Se necessário, o paciente pode solicitar 
que seu diagnóstico e seu tratamento sejam fornecidos por escrito, de maneira 
clara e legível, juntamente com a identificação do profissional de saúde e o 
seu registro no respectivo conselho profissional.
Os medicamentos fornecidos ao paciente devem ser acompanhados de bula 
impressa, com data de fabricação e validade, além de receitas com o nome 
genérico do medicamento, com assinatura e com carimbo que contenha o 
número do registro do conselho profissional.
O profissional deve fornecer o acesso às contas detalhadas referentes às 
despesas do tratamento, dos exames, das medicações e de outros procedi-
mentos. O paciente não deve ser discriminado por ser portador de qualquer 
tipo de patologia, especialmente no caso de ser portador de HIV/Aids ou de 
doenças infectocontagiosas. Também é direito do paciente ser acompanhado, 
se desejar, tanto nas consultas como nas internações. 
O paciente tem direto, pelo sigilo profissional, de ter seus segredos resguar-
dados, desde que os mesmos não resultem em riscos a terceiros. Tais segredos 
incluem tudo aquilo que, mesmo desconhecido pelo próprio indivíduo, possa 
ser compreendido pelo profissional da saúde através das informações obtidas 
no histórico do paciente, exames laboratoriais e radiológicos. 
O paciente tem direito à sua segurança e à sua integridade física nos esta-
belecimentos de saúde, sejam eles públicos ou privados. O paciente tem direito 
à indenização no caso de qualquer complicação em suas condições de saúde, 
resultantes de imprudência, negligência ou imperícia dos profissionais da área.
Concluindo, conhecer e reconhecer os direitos do paciente e exercê-los 
durante a sua atuação profissional resultará em melhorias na qualidade dos 
serviços prestados, além de facilitar a sua relação com o seu paciente/cliente. 
 Direitos do cliente /paciente102
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 O paciente como cliente: a conduta profissional 
do esteticista 
Atualmente, existe um código brasileiro de direitos dos pacientes e vários 
textos, entre eles leis, resoluções, declarações e códigos que regem dentro 
da sua esfera de competência quais são esses direitos. Para você ter uma 
visão geral de quais são esses textos, podemos citar a Constituição Federal 
do Brasil, o Código Civil Brasileiro, o Código de Defesa do Consumidor, as 
Declarações Internacionais de Princípios, as Normas do Ministério da Saúde 
e também vários textoslegislativos que são esparsos entre si e abordam o 
tema apenas dentro de um pequeno escopo legal. Essa tridimensionalidade do 
direito, o direito dos pacientes e os deveres do profi ssional resultam em uma 
sobreposição entre cada esfera legal (civil, penal ou consumidor), portanto, 
o paciente, enquanto seu cliente, possui seus direitos assegurados por toda 
legislação atual, dependendo do olhar jurídico que for empregado. 
A partir de agora, o indivíduo que está sob seus cuidados como profissional 
esteticista habilitado também é seu cliente e a sua conduta profissional é fator 
determinante na conquista e na manutenção do usuário dos seus serviços. 
Como um profissional esteticista, você encontrará inúmeros dilemas, sejam 
eles éticos ou legais, e em algumas dessas situações pode existir mais de um 
possível curso de ação. Entretanto, os diretos do paciente sempre serão a sua 
prioridade. Primeiramente, devemos deixar claro que a relação profissional/
paciente se baseia em três pressupostos: a conduta clínica, os aspectos éticos 
e os parâmetros legais. 
No último Relatório de Denúncias em Serviços de 
Interesse para a Saúde, publicado pela Agência Nacio-
nal de Vigilância Sanitária (ANVISA) em março de 2017, 
os serviços de estética e embelezamento dominam o 
quadro de reclamações, totalizando 52% de todas as 
denúncias e as reclamações realizadas no ano de 2016. 
Acesse o link a seguir e sabia mais sobre o assunto:
https://goo.gl/o9qJck
103 Direitos do cliente /paciente
U2_C09_Bioetica e biossegurança.indd 103 27/10/2017 16:26:18
O respeito à autonomia do paciente é um dos principais desafios éticos 
que você enfrentará durante o exercício da sua profissão. Na área da saúde, o 
profissional deve reconhecer e respeitar o direito de livre escolha do indivíduo, 
suas crenças pessoais e seus valores, respeitando, dessa forma, a autonomia 
do seu paciente. Esse é o direito fundamental que deve ser estabelecido entre 
o profissional e o paciente.
Os pacientes que procuram tratamento confiam nas suas habilidades como 
profissional esteticista, mas isso não significa que eles automaticamente abri-
ram mão do seu direito de autonomia. Mas considere que, apesar do seu direito 
de autonomia, nem sempre o paciente fará a melhor escolha. E é justamente 
nesses casos em que o conhecimento teórico e prático do profissional são de 
extrema importância para a tomada de decisão, ou seja, você deve explicar, de 
forma clara, fornecendo o máximo de informação possível para o seu paciente, 
possibilitando que ele saiba exatamente quais são os impactos do tratamento 
na sua qualidade de vida.
Tendo em vista que o paciente/cliente possui o direito legal de indenização 
quando for constatado caso de imprudência, negligência ou imperícia durante 
o curso do tratamento estético, procure sempre realizar o procedimento mais 
adequado para o seu paciente, examine-o atentamente e não realize técnicas 
arriscadas, principalmente quando não há justificativa para a realização destas. 
Ademais, não realize procedimentos fora da sua competência profissional ou 
técnicas que ainda não são totalmente dominadas. 
A sua capacidade de aceitar as responsabilidades atribuídas à profissão 
de esteticista deve ser um componente inerente da sua conduta profissional. 
Você é responsável não apenas pelos seus pacientes, mas também pela maneira 
como você se porta quando estiver confrontado por conta de algum problema 
clínico. Como profissionais da área de estética, a maioria dos pacientes que você 
atenderá estará em busca de tratamentos para melhorar a pele, as feições ou o 
corpo e, possivelmente, apresentará algum grau de ansiedade ou desconforto.
Para muitos pacientes, a primeira consulta requer coragem e também alto 
nível de consideração durante a escolha do profissional esteticista. Portanto, é 
necessário que você passe confiança e guie seu paciente de maneira confortável 
e segura durante todo o processo de escolha de tratamento, possibilitando, 
dessa forma, a construção de uma relação profissional/paciente de maneira 
eficaz e duradora. A confiança do paciente possibilita que ele fale mais aber-
tamente sobre as suas preocupações estéticas, permitindo que o esteticista 
faça uso do seu conhecimento para elaborar um plano de tratamento ideal 
para cada situação. 
 Direitos do cliente /paciente104
U2_C09_Bioetica e biossegurança.indd 104 27/10/2017 16:26:18
Sempre escute o paciente de uma maneira aberta e sem julgamentos, assim 
você poderá criar um plano de tratamento especificamente direcionado para 
ele. Além disso, não esqueça de fornecer as informações necessárias sobre o 
tratamento, sendo assim, o paciente poderá exercer o seu direito de escolha e 
de consentimento livre e esclarecido. 
A coexistência da relação profissional com alguma outra afinidade pessoal 
com o paciente, como, por exemplo, familiares e amigos, pode interferir na 
sua capacidade de se concentrar exclusivamente nas necessidades do paciente 
e acabar alterando a sua capacidade de julgamento diante de alguma deter-
minada situação. 
Outro componente essencial na conduta profissional é o respeito pela 
dignidade do paciente. Nesse quesito, utilizaremos a linguagem como exem-
plo de conduta profissional e a sua importância para a relação profissional/
paciente. Alguns indivíduos já se sentem desconfortáveis apenas pelo fato de 
estarem na situação de paciente (talvez isso já tenha acontecido com você) 
e esse desconforto pode ser agravado por conta da linguagem utilizada para 
explicar o procedimento ou até mesmo pelos possíveis eventos adversos após 
o tratamento. 
Tenha sempre em mente que nem todos os indivíduos possuem o mesmo 
nível de escolaridade e conhecimento, logo, o uso de terminologia muito 
técnica pode não apenas assustar o paciente, mas também fazer com que ele 
se sinta inferior a você, que é o profissional responsável pelo seu bem-estar. 
O uso de linguagem adequada também é importante, portanto, evite utilizar 
gírias ao explicar o procedimento para o seu paciente. 
Possuir uma conduta profissional requer um balanço adequado entre o 
distanciamento profissional e o comportamento casual. Leve sempre em 
consideração a sua imagem pessoal e a imagem que ela passa para o seu pa-
ciente. Embora seja normal conversar com paciente sobre aspectos pessoais, 
principalmente no início da construção da relação profissional/paciente, tendo 
como objetivo deixar o paciente mais à vontade ou até mesmo para estabelecer 
um certo grau de confiança entre os lados, fornecer, de forma excessiva, 
informações pessoais pode gerar uma situação desconfortável. 
Nos dias de hoje, a qualificação profissional é necessária, não apenas para 
melhorar a sua prática clínica, mas também para reassegurar o seu paciente das 
suas habilidades como profissional esteticista. É dever do profissional estar 
sempre atualizado com novas técnicas e novos equipamentos e também é direito 
do paciente questionar as competências clínicas do esteticista. Atualmente, os 
procedimentos estéticos estão altamente sofisticados, eficazes e acessíveis. 
Entretanto, o aumento do acesso a esses procedimentos também acarretou o 
105 Direitos do cliente /paciente
U2_C09_Bioetica e biossegurança.indd 105 27/10/2017 16:26:18
aumento de procedimentos sem indicações e de alto risco, geralmente motivado 
pela pressão social e também pela eterna busca por beleza. 
O desejo inato de ter uma boa aparência é um dos motivos que leva o 
paciente a buscar tratamentos estéticos, mas é de responsabilidade do pro-
fissional detectar a real necessidade do procedimento, sem ser influenciado 
pelas demandas do paciente. No caso de um paciente que apresenta grau 
excessivo de preocupações estéticas, é importante que você questione as reais 
motivações para o tratamento em questão, se o paciente já realizou outros 
tratamentos estéticos e com qual frequência e também se existe histórico de 
transtornos psiquiátricos. 
Nos últimos anos, o Transtorno Dismórfico Corporal apresentouaumento na 
sua incidência, independentemente do gênero, faixa etária e classe socioeconô-
mica. Esse transtorno é definido pela OMS como um excesso de preocupação 
ou distorção exagerada de um aspecto estético mínimo ou imaginário.
Portanto, o entendimento da motivação do paciente que procura o tratamento 
estético é fundamental, pois ela pode ser resultante de pressão externa (familiar 
e social) e são esses pacientes que apresentam o menor nível de satisfação 
com os resultados do tratamento estético. 
Você também deve avaliar qual a expectativa do paciente com o tratamento 
estético. Pacientes que são socialmente ajustados geralmente apresentam 
expectativas realistas e se beneficiam com o tratamento estético. Em contra-
partida, os pacientes que estão enfrentando alguma forma de pressão social 
tendem a apresentar expectativas irreais e, consequentemente, baixo grau de 
satisfação após o procedimento estético. Para evitar problemas relacionados 
às expectativas dos pacientes, é fundamental que você não prometa resultados 
excelentes.
O desenvolvimento da conduta profissional e a construção de uma relação 
saudável entre você e o seu paciente se baseia não apenas nas suas habilidades 
clínicas e etiqueta, mas também em valores éticos e morais. O desenvolvimento 
dos seus próprios princípios morais e éticos permitirão que você identifique os 
direitos do seu paciente enquanto seu cliente e esse reconhecimento permitirá 
que você não apenas beneficie seu paciente/cliente, mas também respeite os 
seus direitos ao longo de toda a interação entre as partes envolvidas. 
 Direitos do cliente /paciente106
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Nos últimos anos, Walter começou a ficar mais preocupado com as suas rugas de 
expressão, principalmente as localizadas na fronte e ao redor dos olhos. Outros indi-
víduos, em geral, acham que Walter é mais velho do que sua verdadeira idade, o que o 
deixa constrangido e atualmente começou a afetar sua autoconfiança. Recentemente, 
Walter deixou de socializar e também faltou vários dias de trabalho. Rafaela, a esposa 
de Walter, está preocupada e sugere que ele pense sobre fazer algumas aplicações 
de toxina botulínica para reduzir a aparência das rugas faciais.
Inicialmente, Walter reluta, pois ele acredita que outras pessoas farão piadas se desco-
brirem que ele realizou tratamento estético, entretanto, Rafaela consegue convencê-lo 
e marca uma consulta com um profissional esteticista para discutirem as opções de 
tratamento. Eles vão juntos para a primeira consulta de Walter, porém, o esteticista 
que o atenderia não está trabalhando e ele então é repassado para uma consulta com 
um profissional recém formado, que apenas possui experiência na aplicação de toxina 
botulínica para o tratamento de hiperhidrose (suor excessivo). 
Vamos considerar que o profissional, por não ter experiência com esse tipo de 
procedimento facial, está apto a realizar o tratamento? Não! É direito do paciente e 
dever do profissional sempre atuar dentro das suas competências, ou seja, você jamais 
pode realizar um procedimento pela primeira vez, sem treinamento supervisionado 
por outro profissional habilitado. O profissional que realizou a consulta deveria ter 
informado a Walter que não possuía conhecimento prévio para esse tipo de tratamento 
ou então ter procurado outro esteticista para acompanhá-lo. 
Entenda e saiba mais sobre o Transtorno Dismórfico 
Corporal, assim você poderá identificar com maior 
facilidade qual a verdadeira importância do trata-
mento cosmético para o seu paciente. Acesse o link: 
https://goo.gl/CMDDTf
107 Direitos do cliente /paciente
U2_C09_Bioetica e biossegurança.indd 107 27/10/2017 16:26:19
1. Segundo o Código de 
Defesa do Consumidor:
a) Consumidor é toda pessoa física 
que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final.
b) Consumidor é toda pessoa 
física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produto ou serviço 
como destinatário final.
c) Consumidor é toda pessoa 
jurídica que adquire ou 
utiliza produto ou serviço 
como destinatário final.
d) Consumidor é toda a empresa 
que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final.
e) Consumidor é quem 
compra algum produto.
2. Segundo a Portaria nº 1286, de 
26 de outubro de 1993, Art. 8º, 
e nº 74, de 04 de maio de 1994, 
marque a afirmativa correta sobre 
os direitos básicos do paciente no 
atendimento da saúde. 
a) O profissionais da saúde 
podem chamar os pacientes 
por termos pejorativos.
b) O paciente não pode ter acesso 
livre ao seu prontuário, somente 
médicos e profissionais da saúde.
c) O paciente tem o direito de 
consentir ou recusar qualquer 
tipo de procedimento, 
diagnósticos ou abordagens 
terapêuticas.
d) O paciente não pode acessar 
as contas detalhadas referentes 
às despesas do tratamento.
e) Nenhuma das alternativas 
anteriores.
3. Em caso de imprudência 
ou imperícia do profissional 
da saúde, o paciente:
a) Não tem direito a indenização.
b) Somente tem direito a 
indenização por parte do 
estabelecimento/clínica.
c) Somente tem direito a 
indenização por parte do 
profissional da saúde.
d) Tem direito à indenização no 
caso de qualquer complicação 
em suas condições de saúde.
e) Tem direito a indenização 
somente em casos muito graves.
4. Marque a definição correta para o 
Transtorno Dismórfico Corporal:
a) Excesso de preocupação 
ou distorção exagerada 
de um aspecto estético 
mínimo ou imaginário.
b) Distorção de uma parte 
específica do corpo.
c) Distorção mental do 
que é estética.
d) Transtorno relacionado 
à forma do corpo.
e) Indivíduo que realiza muitos 
procedimentos estéticos.
5. Segundo o Código de Defesa do 
Consumidor, o profissional da saúde 
e o paciente são, respectivamente:
a) Ambos consumidores.
b) Fornecedor de um 
serviço e consumidor.
c) Consumidor e fornecedor 
de serviço.
d) Ambos fornecedores de serviço.
e) Autônomo e fornecedor 
de serviço.
 Direitos do cliente /paciente108
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BRASIL. Ministério da Saúde. Conferência Nacional de Saúde: IX relatório final. Brasília, 
DF: Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1992. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Conferência Nacional de Saúde: VIII relatório final. Brasília, 
DF: Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1986. 
BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Código de ética médica. Rio de Janeiro: CRE-
MERJ, 1988. 
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor 
e dá outras providências. Brasília, DF, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 17 out. 2017.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF, 2002. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso 
em: 17 out. 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.286, de 26 de outubro de 1993. Brasília, DF, 1993. 
Disponível em: <http://www.lex.com.br/doc_4362_portaria_N_1286_DE_26_DE_OU-
TUBRO_DE_1993>. Acesso em: 17 out. 2017.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração universal dos direitos humanos. Brasí-
lia, 1948. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.
pdf>. Acesso em: 17 out. 2017. 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Constituição da Organização Mundial da Saúde 
(OMS/WHO). Nova Iorque, 1946. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/
index.php/OMS-Organiza%C3%A7%C3%A3o-Mundial-da-Sa%C3%BAde/constituicao-
-da-organizacao-mundial-da-saude-omswho.html>. Acesso em: 17 out. 2017.
Leituras recomendadas
AMESTOY, S. C.; SCHWARTZ, E.; THOFEHRN, M. B. A humanização do trabalho para 
os profissionais de enfermagem. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 19, n. 4, 
p. 444-449, 2006.
CARVALHO, J. C. C.; FARIAS, R. S. Do culto à beleza ao direito à estética: problemas 
abertos para uma filosofia jurídica da complexidade. Cadernos de Graduação: Ciências 
Humanas e Sociais: FACIPE, Recife,v. 1, n. 2, p. 75-83, nov. 2013.
KREISCHER, E. D. et al. Os direitos do paciente segundo o posicionamento de médicos 
e enfermeiros: pesquisa exploratória. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 
49, n. 4, p. 625-638, dez. 1996 . 
109 Direitos do cliente /paciente
U2_C09_Bioetica e biossegurança.indd 109 27/10/2017 16:26:20
MORI, A. T. Expectativas com relação aos resultados estéticos dos tratamentos odontoló-
gicos. 2003. Dissertação (Mestrado em Deontologia e Odontologia Legal)- Faculdade 
de Odontologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.
SAITO, D. Y. T. et al. Usuário, cliente ou paciente?: qual o termo mais utilizado pelos 
estudantes de enfermagem?. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 22, n. 1, 
p. 175-183, mar. 2013. 
SEGRE, M.; FERRAZ, F. C. O conceito de saúde. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 
31, n. 5, p. 538-542, out. 1997. 
SOAR FILHO, E. J. A interação médico-cliente. Revista da Associação Médica Brasileira, 
São Paulo, v. 44, n. 1, p. 35-42, 1998.
 Direitos do cliente /paciente110
U2_C09_Bioetica e biossegurança.indd 110 27/10/2017 16:26:21

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