Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Autores: Profa. Valéria de Carvalho Profa. Ana Chiummo Prof. Gaston H. Concha Profa. Ariela Veloso de Paula Colaboradores: Profa. Mirtes Mariano Prof. Daniel Scodeler Raimundo Geometria Plana Professora conteudista: Dra. Ariela Veloso de Paula Ariela Veloso de Paula é natural de Guaratinguetá (SP) e moradora de Osasco (SP). Ingressou na Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Faenquil) (atual Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo, EEL/USP) em março de 2001, graduando-se com o título de engenheira química em dezembro de 2005. Ingressou no programa de pós-graduação em Engenharia Química, na Escola de Engenharia de Lorena, em Junho de 2006, com a dissertação Seleção de preparações comerciais de lipase para interesterificação da gordura do leite com óleo de soja, conseguindo uma bolsa concedida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Iniciou o doutorado no programa de pós-graduação em Biotecnologia Industrial dando continuidade ao projeto de pesquisa de mestrado. A tese entitulada Reestruturação da gordura de leite por interesterificação enzimática empregando lipase imobilizada: otimização das condições reacionais e operacionais, foi finalizada em dezembro de 2012. Durante a execução do trabalho de doutorado, foi bolsista da Capes e realizou, no âmbito do Programa de doutorado no País com Estágio no Exterior, de setembro/2010 a fevereiro/2011, parte das atividades de seu projeto de doutorado nos laboratórios do Centro de Engenharia de Biossistemas-CEER do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, Portugal. Atualmente é professora na UNIP, trabalhando na Coordenadoria de Estágios em Educação (CEE) da UNIP Interativa. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P324g Paula, Ariela Veloso de Geometria plana / Ariela Veloso de Paula. – São Paulo: Editora Sol, 2012. 96 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-068/12, ISSN 1517-9230. 1. Geometria plana. 2. Aplicativos de informática. 3. Recursos Básicos. I. Título. CDU 514.12 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Profa. Melissa Larrabure Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Cristina Alves Amanda Casale Sumário Geometria Plana APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7 INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 ELEMENTOS BÁSICOS DA GEOMETRIA ....................................................................................................11 1.1 Ponto ..........................................................................................................................................................11 1.2 Reta ............................................................................................................................................................11 1.3 Plano .........................................................................................................................................................11 2 AXIOMAS FUNDAMENTAIS .......................................................................................................................... 12 3 MAIS ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES DE GEOMETRIA PLANA ............................................ 13 4 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS ÂNGULOS ...................................................................... 14 4.1 Partições de um ângulo ..................................................................................................................... 16 4.1.1 Bissetriz de um ângulo ......................................................................................................................... 16 4.1.2 Bissetriz de um ângulo em que o vértice não é acessível ...................................................... 16 4.1.3 Trissecção de um ângulo reto ............................................................................................................ 17 4.2 Ângulo formado por duas retas ..................................................................................................... 18 4.3 Ângulos formados por retas transversais ................................................................................... 19 4.4 Propriedades dos ângulos: retas paralelas cortadas por uma transversal .................... 19 4.5 Teorema de Tales ................................................................................................................................. 20 4.6 Triângulos ................................................................................................................................................ 23 4.6.1 Elementos de um triângulo ................................................................................................................ 23 4.6.2 Classificação dos triângulos ............................................................................................................... 24 4.7 Propriedades dos triângulos ............................................................................................................ 26 4.8 Pontos notáveis dos triângulos ...................................................................................................... 30 4.9 Teorema de Pitágoras ......................................................................................................................... 33 4.10 Teorema de Euclides ......................................................................................................................... 36 Unidade II 5 GEOMETRIA PLANA ........................................................................................................................................ 41 5.1 Quadriláteros .......................................................................................................................................... 41 5.1.1 Classificação dos quadriláteros ......................................................................................................... 43 5.2 Polígonos regulares ............................................................................................................................. 46 5.2.1 Propriedades dos polígonos regulares ........................................................................................... 47 5.3 A circunferência e o círculo ............................................................................................................. 49 5.3.1 Definição de circunferência ................................................................................................................50 5.3.2 Elementos da circunferência .............................................................................................................. 50 5.3.3 Posições relativas da reta e na circunferência ............................................................................ 52 5.4 Posições relativas de duas circunferências ................................................................................ 53 5.5 Potência .................................................................................................................................................. 55 5.6 Ângulos em uma circunferência .................................................................................................... 55 6 ÁREAS E PERÍMETROS DE FIGURAS PLANAS ....................................................................................... 57 6.1 Áreas e perímetros ............................................................................................................................... 57 Unidade III 7 GEOMETRIA PLANA EM UM APLICATIVO COMPUTACIONAL LIVRE SOFTwARE LIVRE ........ 67 8 wINGEOM: INSTALAçãO E RECURSOS BÁSICOS ............................................................................... 67 8.1 Construindo triângulos ...................................................................................................................... 70 8.2 Construindo pontos .............................................................................................................................71 8.3 Construindo retas, semirretas e segmentos de retas ............................................................. 72 8.4 Construindo circunferências ............................................................................................................ 73 8.5 Tabelas de comandos no wingeom .............................................................................................. 75 8.6 Construindo polígonos regulares ................................................................................................... 76 8.7 Medindo ângulos ................................................................................................................................ 79 8.8 Construindo retas paralelas e transversais ................................................................................ 80 8.9 Construindo circunferência: raio-centro .................................................................................. 84 7 APresentAção Esta apostila encontra-se dividida em três unidades. Na primeira, explanamos rapidamente como a geometria se faz presente em nosso cotidiano; a seguir, iniciamos nossos estudos apresentando os elementos básicos da geometria. Dando sequência à construção de nossos conhecimentos geométricos, nos dedicamos ao estudo dos ângulos e dos triângulos. Já na segunda unidade, estudamos os quadriláteros, os polígonos, as circunferências e o círculo e finalizamos nos dedicando às áreas e perímetros de figuras planas. Por fim, na terceira unidade, apresentamos um software livre para ser usado no estudo pessoal das geometrias, bem como para servir de ferramenta de futuro trabalho docente na preparação de aulas, de exercícios e de atividades: o wingeom. Recomendamos que o aluno consulte e estude também outros textos, pois sua dedicação como estudante influenciará diretamente sua competência e sucesso profissional. Bons estudos! IntroDução Inúmeras coisas ao nosso redor no cotidiano envolvem conceitos de geometria. Fazemos conexões e estabelecemos linhas entre pontos, associamos distâncias e direções aos objetos, deciframos tamanhos e formas. Tudo o que observamos no mundo está repleto de geometria e aspectos geométricos. As figuras, desde sempre, têm ocupado um valor de destaque na sociedade e na Matemática. Pontos, linhas, quadriláteros, círculos, triângulos e outras inúmeras formas e figuras são a base de toda a geometria com origem na Grécia. Na história da Matemática, aprendemos que, no Egito, as águas do Nilo subiam apagando os limites das propriedades. Todo ano era necessário medir as terras e demarcar os terrenos novamente. Essa habilidade de medir a terra, em grego, denomina-se geometria. Assim, partindo dessa prática, os povos gregos aprenderam a descobrir as relações existentes entre as formas, as figuras e suas propriedades. Na história, também aprendemos que entre os séculos VI e IV a.C., na Grécia, surgiram as escolas científicas e filosóficas mais relevantes da época. Podemos destacar, sem sombra de dúvida, pensadores como Euclides, Pitágoras e Tales de Mileto como os mais significativos desse contexto. A geometria clássica foi o primeiro ramo da Matemática e teve seu ponto culminante com Os Elementos, de Euclides (IV a.C.), em que foram reunidos e formalizados todos os conhecimentos matemáticos da época. A partir de cinco postulados (axiomas), toda a geometria existente foi estruturada e demonstrada, formando um sistema de enunciados que é, até hoje, a base de toda a geometria plana. Nesta disciplina, estudaremos os fundamentos dessa geometria partindo do cotidiano, observando as formas geométricas e descobrindo as relações e propriedades existentes, tão analisadas e conhecidas pelos gregos e tão fascinantes e cativantes para os matemáticos que desejam entender uns dos pilares de todo o conhecimento existente. 8 Se pensarmos que nosso espaço, em termos simples, é tridimensional1, podemos descobrir nele as origens de todos os conceitos que fundamentam a geometria plana. Assim, se imaginarmos, por exemplo, figuras sólidas (corpos) como uma caixa de sapatos, uma lata de refrigerante e uma bola, como representados a seguir, descobriremos que crianças manifestam alguma dificuldade para identificar as diferenças existentes entre figuras planas e os corpos tridimensionais. Figura 1 Por esse motivo, partiremos desses sólidos geométricos, de modo que, ao nos referirmos a uma figura, será como que se observássemos a forma resultante de se “carimbar” cada uma das faces ou lados dos objetos acima numa folha de papel. Por exemplo, ao “carimbarmos” o lado pelo qual tiramos o lacre da latinha de refrigerante, teremos representado uma figura plana, correspondente a essa face do corpo geométrico. Podemos observar, na figura a seguir, como resultam em formas geométricas diferentes cada vez que utilizamos um sólido com características também diferentes, ao projetar uma das faces desse sólido no plano. Assim, na figura, representamos o resultado desse exercício: Um retângulo e um quadrado Um retângulo e um círculo Um círculo Figura 2 Dessa forma, podemos agora apresentar alguns elementos clássicos que compõem os fundamentos da geometria plana. Se partirmos, por exemplo, da caixa de sapatos, podemos definir de forma intuitiva três conceitos importantíssimos da geometria plana clássica. Temos que, ao estender de forma indefinida 1 Possui três dimensões: altura, largura e profundidade. Na geometria plana, nosso foco será o espaço bidimensional, os objetos possuirão apenas altura e comprimento. 9 a tampa da caixa, a figura geométrica que se define é o plano. Da mesma maneira, a linha que intercepta os planos da caixa de sapatos, pode ser definida como uma reta. As interseções das três linhas laterais, que são as “quinas” da caixa de sapatos, podem ser chamadas de vértices, e esses vértices representam o que conheceremos matematicamente como ponto, na geometria plana. Mais adiante, apresentaremos uma breve definição desses conceitos e como eles se representam na geometria plana. É importante notar que são inúmeras as formas geométricas que podemos observar ao “mover ou manipular” corpos sólidos e ao representá-los no plano em uma folha de papel. Vejamos exemplos dessas representações em que, partindo de diferentes sólidos, podemos obter variadas figuras planas correspondentes às facesdos sólidos. Figura 3 - Figuras Planas Nesta disciplina, Geometria Plana e Aplicativos da Informática, teremos a oportunidade de identificar, estudar e analisar as principais características e propriedades dessas figuras geométricas. 11 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana Unidade I 1 eLeMentos BÁsICos DA GeoMetrIA O ponto, a reta e o plano são os três entes geométricos e os elementos fundamentais da geometria plana. 1.1 Ponto Imagine uma praia na qual estão presentes infinitos pequenos grãos de areia. O grão de areia é a menor partícula e pode lhe auxiliar a compreender o conceito de ponto. O ponto é um objeto geométrico que não tem altura, comprimento ou largura, ou seja, é unidimensional. É a menor unidade de medida da geometria. Quando é necessário representá-lo, são utilizadas letras maiúsculas do nosso alfabeto (A, B, C...). 1.2 reta Uma reta é formada por infinitos pontos colineares, alinhados e unidos. Trata-se de um objeto geométrico infinito, pois não possui origem nem fim. Por um ponto, passam infinitas retas e para se traçar uma reta são necessários apenas dois pontos distintos. A representação de uma reta é realizada por letras minúsculas do nosso alfabeto (a, b, c...). 1.3 Plano Um plano é um objeto geométrico formado por infinitas retas e infinitos pontos. Para traçar um plano, três pontos não alinhados são necessários. O plano tem duas dimensões, por isso é chamado de bidimensional, sendo representado por uma letra minúscula do alfabeto grego, geralmente α ou β. Um plano pode ainda ser representado por três pontos distintos do plano ou por retas paralelas. É importante lembrarmos que, apesar de não possuírem nenhum ponto em comum, as retas paralelas são coplanares. Agora que já sabemos o conceito de ponto, reta e plano, ficará mais fácil de identificarmos cada um deles na representação geométrica a seguir: Plano α α A Ponto A Reta r Figura 4 12 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Lembrete O ponto, a reta e o plano são os três entes geométricos e os elementos fundamentais da geometria plana. Para melhor fixar esses conceitos, imagine uma mesa de bilhar (figura a seguir). Ela representa o plano, os tacos representam as retas e as bolas, os pontos. Figura 5 2 AXIoMAs FunDAMentAIs Você sabe o que é um axioma? Por definição, é uma verdade universal aceita sem discussão. Apresentamos a seguir alguns axiomas fundamentais da geometria plana: • Dois pontos determinam uma reta única. • Duas retas com dois pontos em comuns são coincidentes. • Uma linha quebrada é formada por vários segmentos e linhas retas. • Qualquer linha não reta e não quebrada é considerada curva. • Dados dois pontos de um plano, a reta que os contém está contida no plano. • Três pontos definem um único plano. • Duas retas paralelas não se cruzam. • Duas retas que se cruzam o fazem em um único ponto. • Duas retas não paralelas têm pelo menos um ponto em comum em que se cruzam. 13 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana • Uma reta paralela a um plano não o corta. • Se uma reta não é paralela a um plano, corta-o em um único ponto. • Dois planos paralelos não têm nenhum ponto em comum. • Dois planos não paralelos se interceptam em uma reta. • Uma reta é perpendicular a um plano se também o for a toda reta do plano que essa reta corta. • A distância entre dois pontos é a longitude do segmento que as une. • A distância entre duas retas paralelas é a longitude de um segmento perpendicular a ambas. • A distância entre duas retas que se cruzam se mede sobre uma terceira perpendicular a ambas. • A distância entre um ponto e um plano se mede sobre uma perpendicular ao plano que passe pelo ponto. • A distância entre dois planos se mede sobre uma perpendicular a ambos. Esses axiomas se fundamentam no sistema da geometria de Euclides e são perfeitamente válidos para tudo o que faremos nesta disciplina. Não nos podemos esquecer de que os postulados se fundamentam em axiomas, e axiomas não precisam de demonstração, são verdades aceitas a priori. 3 MAIs ALGuns ConCeItos IMPortAntes De GeoMetrIA PLAnA Neste item do livro texto, apresentaremos mais alguns conceitos importantes que facilitarão o aprendizado. Já sabemos o que é uma reta, mas qual a definição de semirreta? E segmento de reta? Semirreta é uma linha que tem início, mas não tem fim, enquanto o segmento de reta é uma reta que possui origem e fim. Observe a figura a seguir, que pode auxiliar nessa definição: Semirreta Segmento de reta Figura 6 Além disso, é importante que se tenha claro o conceito de ângulo: é a união de duas semirretas diferentes, não opostas e de mesma origem. O ponto de origem é chamado vértice desse ângulo. A seguir, pode-se observar a representação de um ângulo de origem P. Ângulo LadoVértice Lad o P Figura 7 14 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 4 CArACterÍstICAs e ProPrIeDADes Dos ÂnGuLos Agora que já se sabe a definição de ângulo, vamos estudar suas características e principais propriedades. Um ângulo é denominado côncavo quando mede mais de 180º, e convexo quando mede menos de 180º. Quando duas retas se cortam, formam quatro ângulos iguais, dois a dois (aqueles que são opostos pelo vértice), e suplementares, dois a dois (aqueles cuja soma é 180º). Quando dois ângulos possuem um lado em comum, dizemos que são consecutivos. Na ilustração a seguir, mostramos uma representação desses tipos de ângulos: β Côncavo α Convexo α α β β Oposto pelo vértice β α Consecutivo Figura 8 Quando um ângulo é inferior a 90°, é chamado agudo; quando é superior a 90º e menor que 180º, é chamado obtuso; se o ângulo for de 90º, é chamado reto, e sua representação é dada por duas semirretas perpendiculares. Um ângulo raso ou estendido é aquele cuja medida é 180º; o ângulo completo é aquele que mede 360°; um ângulo é denominado nulo quando medir 0º. Dois ângulos são chamados suplementares, se somam 180º, e complementares, se somam 90º. Dois ângulos são replementares quando a soma de suas medidas for 360º. Para uma melhor compreensão, observe a ilustração a seguir, que representa todos esses ângulos. 15 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana < 90º > 90º 90º Agudo Obtuso Reto 180 360º 0º Nulo Completo Raso α Complementares 360º Replementares α β Suplementares β Figura 9 Quando traçamos duas retas perpendiculares (t e u) aos lados de um ângulo (r e s), estas formam um ângulo igual ao que é dado e suplementar. Quando traçamos duas retas paralelas (t e u) aos lados (r e s) de um ângulo, estas formam um ângulo igual ao que é dado e suplementar. Essas propriedades podem ser visualizadas a seguir: r sα β t α u sα r αβ u t Figura 10 Lembrete Quando um ângulo é inferior a 90°, é chamado agudo; quando superior a 90º e menor que 180º, é chamado obtuso; se o ângulo for de 90º, é chamado reto. 16 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 4.1 Partições de um ângulo 4.1.1 Bissetriz de um ângulo O que é a bissetriz de um ângulo? Bissetriz nada mais é do que a linha que divide um ângulo emduas partes iguais e, portanto, é equidistante dos lados que formam o ângulo. Na figura, a bissetriz b dividiu o ângulo A em dois ângulos iguais (α/2). A 2 α 2 α b Figura 11 Para traçar a bissetriz de um ângulo, é preciso desenhar um arco de raio qualquer centrado no vértice. Esse arco intercepta os lados nos pontos M e N. Em seguida, centre o compasso em M e trace um arco de circunferência maior do que a metade do segmento MN, a fim de evitar imprecisões; centre o compasso em N e trace o mesmo arco anterior. A interseção dos arcos determina o ponto Q. A bissetriz (b) do ângulo A passa pelo vértice e pelo ponto Q. A N M Q b Figura 12 4.1.2 Bissetriz de um ângulo em que o vértice não é acessível Para encontrar a bissetriz de um ângulo em que o vértice não é acessível, primeiro traçamos duas retas r’ e s’ paralelas com as respectivas retas, r e s, de modo que a distância d entre os dois pares de paralelas é a mesma. A bissetriz b procurada é a mediatriz de r’s’. d d s´ s r r´ b Figura 13 17 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana Outra forma de se determinar essa bissetriz será desenhando um segmento arbitrário MN que tem uma extremidade em cada uma das retas dadas, r e s. Depois, traçam-se as bissetrizes dos quatro ângulos formados em M e N. Essas bissetrizes se cortam nos pontos da bissetriz procurada, porque, sendo a interseção de bissetrizes, cada um dos pontos é equidistante das três retas. M b r s N Figura 14 4.1.3 Trissecção de um ângulo reto Dividir um ângulo reto (90º) em três partes iguais significa fazer uma trissecção do ângulo. Em geometria, essa construção geométrica não é possível em nenhum outro ângulo. Para fazer a trissecção de um ângulo reto, primeiro traçamos um arco de raio arbitrário com centro no vértice, que corta os lados do ângulo nos pontos M e N, como mostra a ilustração a seguir. Em seguida, desenhamos outro arco de igual raio com centro em N. Os pontos P, A e N definem um triângulo equilátero; logo, o ângulo PAN mede 60º. Assim, o ângulo MAP é complementar e, portanto, mede 30º. Se desenharmos um terceiro arco com o mesmo raio e com centro em M, temos o ponto Q. Verificamos que PAQ e QAN são ângulos de 30º e consequentemente realizamos a trissecção do ângulo reto. NA M P Q b B NA M P Q Figura 15 Podemos aproveitar essa construção para desenhar o ângulo de 45º, pois se prolongamos os arcos AP e AQ, vemos que eles se cortam no ponto B, que pertence à bissetriz do ângulo reto inicial. Portanto, temos o desenho do ângulo de 45º. Podemos também desenhar de forma direta os ângulo de 60º e 30º, e, para isso, basta construir um triângulo equilátero PAN e a respectiva bissetriz. 18 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 P A N 60º P A N Q 30º Figura 16 A ilustração indica como obter os ângulos de 60º e 30º utilizando o compasso. Da mesma forma, podemos utilizar a trissecção de um ângulo reto para construir os ângulos 60º, 30º, 75º e 15º, como mostra a ilustração a seguir. NA M P 60º NA M Q 30º NA M P 15º Q NA M P 75º Q Figura 17 4.2 Ângulo formado por duas retas Quando duas retas r e t se cortam, formam quatro ângulos iguais, dois a dois, por serem opostos pelo vértice e suplementares também dois a dois. t r α Figura 18 19 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana 4.3 Ângulos formados por retas transversais Na interseção de duas retas paralelas por uma transversal, como indica a ilustração, obtemos oito ângulos, sendo quatro em cada ponto de interseção. L1 L2 L1 // L2 Figura 19 São ângulos correspondentes, ou seja, que possuem a mesma medida, aqueles que têm a mesma posição em ambos os grupos de quatro ângulos. Na ilustração a seguir, chamaremos de ângulos alternos internos os pares de ângulos formados por (3 e 4) e (5 e 6) e de ângulos alternos externos os pares de ângulos formados por (1 e 2) e (7 e 8). L2 L1 3 4 65 L2 L1 12 7 8 Ângulos alternos internos Ângulos alternos externos Figura 20 4.4 Propriedades dos ângulos: retas paralelas cortadas por uma transversal Observe a figura a seguir. Podemos verificar que os pares de ângulos (1 e 5), (2 e 6), (3 e 7) e (4 e 8) possuem a mesma posição em relação às paralelas e, portanto, são congruentes, ou seja, têm a mesma medida. Além disso, podemos observar também que se os pares de ângulos (1 e 3), (2 e 4), (5 e 7) e (6 e 8) são opostos pelo vértice, são congruentes, ou seja, têm a mesma medida. L2 L1 3 4 56 2 1 7 8 Figura 21 20 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Finalmente, podemos concluir que, segundo a representação na ilustração anterior, os ângulos que possuem a mesma posição e aqueles que são opostos pelo vértice formam os grupos de ângulos congruentes. Assim, os grupos de ângulos 1, 3, 5 e 7 são congruentes. Da mesma maneira, o grupo de ângulos formados pelos ângulos 2, 4, 6 e 8 também possuem a mesma medida, conforme indicado a seguir: L2 L1 3 4 2 1 7 8 56 Figura 22 observação Imagine o “z” de Zorro (figura a seguir). Sempre que o aluno ver um “z” irá se lembrar desta propriedade e será capaz de fazer o uso correto dela. Figura 23 4.5 teorema de tales Um teorema é uma afirmação que pode ser provada e que tem grande importância matemática. Dentre os principais teoremas da Matemática, destaca-se o Teorema de Tales, que estabelece proporções que relacionam retas paralelas e transversais. Esse importante teorema foi estabelecido por Tales de Mileto, que defendia a ideia de que os raios solares que chegavam à Terra estavam na posição inclinada. O teorema mostra que, em um plano, um feixe de retas paralelas cortado por retas transversais forma segmentos proporcionais. Contudo, o que entendemos por “um feixe de retas paralelas” e por “retas transversais”? Seguem algumas definições que facilitarão a compreensão: 21 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana • um feixe de retas paralelas é um conjunto de retas coplanares (ou seja, que pertencem ao mesmo plano) paralelas entre si; • retas transversais de um feixe de retas paralelas são retas pertencentes ao plano do feixe que concorrem com todas as retas do feixe; • os pontos das transversais que estão numa mesma reta do feixe são denominados pontos correspondentes. Observe a figura a seguir. As retas r, s e t formam um feixe de retas paralelas, enquanto as retas a e b são transversais ao feixe de retas paralelas formado pelas retas r, s e t. Na figura, são pontos correspondentes: A e A’, B e B’, C e C’. Os segmentos AB e A’B’, BC e B’C’, AC e A’C’ são denominados segmentos correspondentes das transversais a e b. A A’ B B’ C C’ a b r s t Figura 24 O Teorema de Tales diz que: “Se duas retas são transversais de um feixe de retas paralelas, então a razão entre dois segmentos quaisquer de uma das transversais é igual à razão entre os respectivos segmentos correspondentes da outra transversal”. Considerando a figura anterior, pelo teorema de Tales, o segmento AB está para o segmento BC, assim como o segmento A’B’ está para o segmento B’C’. Também é possível afirmar que o segmento AC está para o segmento AB, assim como o segmento A’C’ está para o segmento A’B’ e, ainda, queo segmento AC está para o segmento BC, assim como o segmento A’C’ está para o segmento B’C’. Assim, na figura anterior, estabelecemos as seguintes proporcionalidades: AB A’B’------- = ------- BC B’C’ ou AC A’C’------- = ------- AB A’B’ ou AC A’C’------- = ------- BC B’C’ Exemplo de aplicação Vamos aplicar o teorema de Tales na figura a seguir para encontrarmos os valores dos segmentos AB e BC, que são desconhecidos. Observe que na figura há um feixe de retas paralelas cortado por retas transversais, e, portanto, há a formação de segmentos proporcionais. 22 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 A A’ B B’ C C’ a b r s t 2x+2 4 4x-2 6 Figura 25 Pelo teorema de Tales, vale a seguinte proporcionalidade: 2x + 2 4-------------- = ---- 4x - 2 6 Por meio de uma multiplicação cruzada, obtemos: (2x + 2) . 6 = 4 . (4x - 2) Logo: 12x + 12 = 16x - 8 12x - 16x = - 8 - 12 -4x = -20 4x = 20 x = 20------- 4 = 5 Portanto, o segmento AB mede 2x + 2 = 10 + 2 = 2 e no segmento BC = 4x - 2 = 20 - 2 = 18 BC = 18 Vejamos outro exemplo: na figura, temos que DC // AB e DC = 8cm, AB = 12cm e BC = 3cm. Então, qual é o valor de CE? E D A B C X Figura 26 Sabemos que, por semelhança de triângulos, temos: DC EC------- = ------ AB EB Se se supuser que CE = x, temos: 8 x-------- = ------------ x = 6 12 x + 3’ 23 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana saiba mais Tales de Mileto era filósofo, geômetra, astrônomo, físico, político e comerciante. Acredita-se que tenha nascido no ano 625 a.C. Que tal pesquisar e conhecer mais sobre esse grande contribuidor da geometria? Leia: Filosofias da matemática, de Jairo José da Silva, Editora UNESP, 2007. O romance das equações algébricas, de Gilberto Geraldo Garbi, Editora Livraria da Física, 2009. 4.6 triângulos Neste tópico, falaremos sobre uma das figuras geométricas mais amplamente utilizadas e estudadas na Matemática: os triângulos. O que é um triângulo? Imagine três pontos A, B e C não colineares (não alinhados). A reunião dos segmentos AB, AC e BC chama-se triângulo ABC. Triângulo ABC = ∆ABC 4.6.1 Elementos de um triângulo Os triângulos possuem elementos que o formam e que devem estar claramente definidos: Vértices: os pontos A, B e C são os vértices do ∆ABC. Lados: os segmentos AB (de medida c), AC (de medida b) e BC (de medida a) são os lados do triângulo. Ângulos: os ângulos BA^ C ou Â, AB^ C ou B^ , AC^ B ou C^ , são os ângulos do ∆ABC. C ^ A ^ B ^ c ab A B C Figura 27 Dizemos que os lados BC, AC e AB e os ângulos A^ , B^ e C^ são, respectivamente, opostos. 24 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 4.6.2 Classificação dos triângulos Como mencionamos, os triângulos são polígonos de três lados, e podemos classificá-los de três maneiras: segundo seus lados, segundo a medida de seus ângulos e segundo o número de eixos de simetrias que possuem. 4.6.2.1 Classificação dos triângulos segundo a medida de seus lados Segundo a medida de seus lados, os triângulos podem ser classificados em equiláteros, isósceles ou escalenos. • Equilátero: se, e somente se, tiver todos os lados congruentes (iguais). Nesse caso, a medida de cada ângulo interno de um triângulo equilátero será 60º. C A B AB = BC = AC Figura 28 - Triângulo equilátero • Isósceles: se, e somente se, tiver dois lados congruentes (iguais). Nesse caso, observe que apenas os ângulos da base são congruentes (iguais). C A B AC = BC Figura 29 - Triângulo isósceles • Escaleno: se, e somente se, dois quaisquer dos lados não forem congruentes. Em outras palavras, podemos afirmar que um triângulo escaleno é aquele que possui todos os lados diferentes entre si. C A B Figura 30 - Triângulo escaleno 25 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana 4.6.2.2 Classificação segundo a medida de seus ângulos Segundo a medida de seus ângulos, os triângulos podem ser classificados em acutângulos, retângulos ou obtusângulos. • Acutângulo: todos os seus ângulos são agudos (menores que 90º). C A B Ângulos agudos Figura 31 • Retângulo: um de seus ângulos é um ângulo reto (de 90º). C A B AB ⊥ AC Figura 32 • Obtusângulo: um de seus ângulos é maior que um ângulo reto. C B A Ângulo maior que um ângulo reto Figura 33 4.6.2.3 Classificação segundo a medida de seus eixos de simetrias Segundo a medida de seus eixos de simetrias, os triângulos podem se apresentar com apenas um eixo de simetria, mais de um ou nenhum eixo de simetria. Contudo, o que é um eixo de simetria? Em geometria, ele é uma linha que divide uma figura em partes simétricas, isto é, partes iguais. 26 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 • Só um eixo de simetria: dois lados iguais. Figura 34 • Mais de um eixo de simetria: neste caso, temos três lados iguais. Figura 35 • Nenhum eixo de simetria: todos os lados são diferentes. Figura 36 Agora que já vimos como os triângulos são classificados, vamos estudar quais são suas principais propriedades. 4.7 Propriedades dos triângulos Primeira propriedade: “A soma dos três ângulos interiores de um triângulo é 180º”. Podemos verificar isso de forma simples: 1. Desenhe um triângulo qualquer, como indica a figura a seguir. 27 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana Figura 37 2. Pinte cada um dos ângulos com cores diferentes. Figura 38 3. Marque os pontos médios de dois lados da figura anterior. Figura 39 4. Dobre na linha que une ambos os pontos médios, como indica a figura anterior. Figura 40 28 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 5. Dobre pelas linhas descontínuas dos outros vértices até formar um ângulo de 180º. Figura 41 Observe que os ângulos formam um ângulo de 180º. Segunda propriedade (a desigualdade triangular): “Em todo triângulo, a medida de cada lado é menor que a soma dos outros dois”. A verificação dessa propriedade é evidente quando construímos um triângulo. 1. Desenhe um triângulo ABC, como indica a figura a seguir: C BA Figura 42 2. Meça os três lados do triângulo. C BA 10 cm9 cm 8 cm < 10 cm + 9 cm 10 cm < 9 cm + 8 cm 9 cm < 8 cm + 10 cm Figura 43 É importante observar que, em todo triângulo, cada lado é menor que a soma dos outros dois lados. Observe a figura que mostra essa propriedade: 29 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana C A B b a c a < b + c b < a + c <==> | b - c | < a < b + c c < a + b C ^ A ^ B ^ Figura 44 Terceira propriedade (igualdade e semelhança de triângulos): “Dois triângulos são iguais se têm seus três lados e os três ângulos correspondentes iguais”. A C B M P N Figura 45 Na ilustração, os triângulos ABC e MNP são iguais. Numericamente, temos: os triângulos ABC e PNM são triângulos iguais. B CA 6 cm 10 cm 8 cm 60º 30º 10 cm 8 cm 6 cm 60º M N P 30º Figura 46 Dois triângulos são semelhantes quando têm os lados diretamente proporcionais e os ângulos correspondentes iguais. A C B M P N Figura 47 30 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Em nosso exemplo, os triângulos ABC e MNP são semelhantes. Quarta propriedade (desigualdades nos triângulos): “Ao maior lado de um triângulo, opõe-se o maior ângulo”. É importante observar que, se dois lados de um triângulo não são congruentes, então os ângulos opostos a eles não são congruentes. Além disso, o maior lado do triângulo estará oposto ao maior ângulo. BC > AC ==> BA^ C > AB^ C BA^ C > AB^ C ==> BC > AC C AB c b a Figura 48 4.8 Pontos notáveis dos triângulos Os pontos notáveis são alguns pontos importantes de um triângulo. São eles: baricentro, incentro, circuncentro e ortocentro. Vamos estudá-los: • Ortocentro (H): o ponto de interseção (cruzamento) das alturas de um triângulo é seu ortocentro. A altura de um triângulo é o segmento de reta que é perpendicular a um lado e contém o vértice oposto a esse lado. Denotamos ortocentro pela letra H, como indica a figura a seguir. C BA Hb Ha Hc H Figura 49 • Baricentro (G): o ponto de interseção (cruzamento) das três medianas de um triângulo é seu baricentro. Denomina-se mediana de um triângulo o segmento que liga um vértice ao ponto médio do lado oposto a esse vértice. As três medianas de um triângulo interceptam- se em um mesmo ponto que divide cada mediana em duas partes tais, que a parte que contém o vértice é o dobro da outra. Na figura, G é o baricentro do triângulo ABC. 31 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana C BA M1M2 M3 G Figura 50 • Circuncentro (O): é o ponto de interseção das mediatrizes dos lados de um triângulo. A mediatriz de um segmento de reta é a reta perpendicular ao segmento que passa pelo seu ponto médio. Na figura a seguir, m1, m2 e m3 são mediatrizes dos lados BC, AC e AB, respectivamente. As mediatrizes dos lados de um triângulo interceptam-se em um mesmo ponto (circuncentro), que está a igual distância dos vértices do triângulo. O circuncentro é o centro da circunferência circunscrita ao triângulo. C BA m1m2 m3 O Figura 51 • Incentro (S): é o ponto de interseção das três bissetrizes internas de um triângulo. A bissetriz do ângulo interno de um triângulo é o segmento de reta que divide o ângulo interno em duas metades iguais. Na figura a seguir, S1, S2 e S3 são bissetrizes dos ângulos A, B e C, respectivamente. O incentro é o centro da circunferência inscrita no triângulo. As três bissetrizes internas de um triângulo interceptam-se em um mesmo ponto, que está a igual distância dos lados do triângulo. 32 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 C BA S1 S2 S3 S C A B S Figura 52 Finalmente, podemos escrever que as retas e pontos notáveis de um triângulo são: • as mediatrizes m1, m2 e m3, que se cortam em um ponto chamado circuncentro O, centro da circunferência circunscrita ao triângulo ABC; • as medianas M1, M2 e M3, que se cortam no baricentro, G, centro de gravidade do triângulo ABC; • as bissetrizes, s1, s2 e s3, que se cortam no incentro, S, centro da circunferência inscrita do triângulo ABC; • as alturas, h1, h2 e h3, que se cortam no ortocentro, H, do triângulo ABC. observação No triângulo retângulo, o circuncentro é o ponto médio da hipotenusa. B C A G S H O m2 m1 m3 Figura 53 - Retas e pontos notáveis de um triângulo 33 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana 4.9 teorema de Pitágoras O Teorema de Pitágoras é considerado uma das principais descobertas da Matemática e descreve uma relação existente no triângulo retângulo. Ele possui esse nome porque sua descoberta é atribuída à Escola Pitagórica. Anteriormente, na Mesopotâmia e no Egito antigo, se conheciam trios de valores que correspondem aos lados de um triângulo, usados para resolver problemas relacionados ao referido triângulo, tal como indicam alguns papiros, mas não existem documentos históricos que mostrem essa relação. Alguns historiadores encontraram evidências, na Pirâmide de Kefren, datadas do século XXVI a.C., de que a primeira grande pirâmide foi construída com base no chamado triângulo sagrado egípcio, de proporções 3 – 4 – 5, indicando que as antigas civilizações já conheciam a utilização dessas relações matemáticas. Vejamos o triângulo a seguir: 3 cm 3 4 5 5 cm 4 cm Figura 54 Observe que o quadrado maior, desenhado sobre a hipotenusa, contém tantos pequenos quadrados como o total de pequenos quadrados desenhados nos catetos do triângulo. O quadrado formado na hipotenusa do triângulo retângulo contém 25 pequenos quadrados e os quadrados formados sobre os catetos do triângulo retângulo contêm 9 e 16 pequenos quadrados respectivamente. Assim, vemos que se cumpre a seguinte relação: 52 = 32 + 22 25= 9 + 16 25 = 25 34 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 saiba mais Saiba um pouco mais sobre o Teorema de Pitágoras. Visite: <http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm25/pitagoras/dirhpitagoras. htm> e <http://www.urcamp.tche.br/matematica/trabalhos/pitagoras. pdf>. Acesso em 03 ago. 2012. Enunciado do Teorema de Pitágoras: “em um triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos”. Em outras palavras, o Teorema de Pitágoras estabelece a seguinte relação: a2 + b2 = c2 , em que a e b são os catetos e c representa a hipotenusa do triângulo retângulo. Assim, se um triângulo tem lados a, b e c, com os lados a e b formando um ângulo de 90º (ângulo reto), como indica a figura, temos que os lados a, b se chamam catetos do triângulo, e o lado oposto ao ângulo reto se chama hipotenusa c,do triângulo retângulo. B C Ab ca a2 + b2 = c2 90º Figura 55 Veremos a seguir algumas aplicações simples de como usar o Teorema de Pitágoras para determinar, por exemplo, a altura de um triângulo equilátero, a diagonal de um quadrado e também a apótema de um hexágono regular. Cálculo da altura de um triângulo equilátero Seja o triângulo equilátero ABC de altura h. Observamos que essa altura divide o triângulo ABC em dois triângulos retângulos, em que as hipotenusas são AC e AD. Como sabemos, a altura AH divide a base BC em duas partes iguais. Se aplicamos o Teorema de Pitágoras no ∆CAH ou ∆HAB, temos: a = b = c. Logo: 35 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana h a b h a a2 2 2 2 2 2 2 2 + = → + = h a a a a a2 2 2 2 2 2 2 4 3 4 = − = − = h a = 3 2 : altura triângulo equilátero B A C c b a H h Figura 56 Em todo triângulo equilátero, temos que a altura fica determinada pela relação: h a = 3 2 Cálculo da diagonal de um quadrado A diagonal de um quadrado divide este em dois triângulos retângulos iguais, de forma que a diagonal é a hipotenusa de ambos os triângulos. Podemos calcular assim: d a a a2 2 2 22= + = d a a= =2 22 a aa a d Figura 57 Cálculo do apótema deum hexágono regular Apótema é o segmento de reta que, partindo do centro geométrico da figura, é perpendicular a um dos seus lados. 36 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Sendo OA e OB o raio do hexágono, e OH o apótema do mesmo, forma-se o triângulo equilátero AOB, em que o apótema divide-se em dois triângulos retângulos iguais, sendo ele um cateto comum de ambos os triângulos. O apótema será determinado por: OH OB HB2 2 2= − OH OB HB= −2 2 A BH O Figura 58 4.10 teorema de euclides Esse teorema tem dois enunciados que são conhecidos como Teorema da Altura e Teorema do Cateto. • O Teorema da Altura diz que: “o quadrado da altura sobre a hipotenusa é igual ao produto das projeções dos catetos sobre a hipotenusa”. Na figura a seguir, observe que h representa a altura sobre a hipotenusa, enquanto m e n representam as projeções dos catetos sobre a hipotenusa. C BA c nm h ab Figura 59 Assim, considerando-se a figura anterior, podemos afirmar que: hipotenusa2 = projeção de a . projeção de b h2 = m . n h = m n. 37 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana • O Teorema do Cateto diz que “o quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa pela projeção do cateto sobre a hipotenusa”. Seja b o cateto do triângulo da figura a seguir, b’ é a projeção desse cateto sobre a hipotenusa c. Assim, b b c= ’ . . C BA c b’ a’ h b a Figura 60 Em termos simples, isso significa que a projeção do cateto do triângulo retângulo e a hipotenusa deste determinam a seguinte relação: Cateto2 = projeção do cateto . hipotenusa Logo, substituindo temos: b2 = b’. c Da mesma forma temos: a2 = a’. c resumo As civilizações antigas já usavam a geometria no seu cotidiano. Antes de Cristo, a Mesopotâmia, o Egito utilizavam seus conhecimentos geométricos para a construção de obras, para controlar as enchentes, para remarcar os limites das propriedades agrícolas, para construir pirâmides etc. Nesta primeira unidade, explanamos rapidamente como a geometria se faz presente em nosso cotidiano. Em seguida, iniciamos nossos estudos apresentando os elementos básicos da geometria. O estudo da geometria se baseia em dois princípios: os conceitos sobre ponto, reta e plano e os chamados axiomas ou postulados, que são aceitos sem demonstração porque funcionam na prática. Estudamos o Teorema de Tales, que possui diversas aplicações no cotidiano, constituindo uma importante ferramenta da geometria no cálculo de distâncias e nas relações envolvendo semelhança entre triângulos. 38 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Finalmente, estudamos também os ângulos e triângulos e aprendemos sobre um dos teoremas mais utilizados na geometria: o Teorema de Pitágoras. exercícios Questão 1. (prova de Matemática, Enade 2008). A R U P Q T M S B DC Figura 61 Uma professora do Ensino Fundamental resolveu utilizar, em suas aulas, a construção de um avião de papel para explorar alguns conceitos e propriedades da geometria plana. Utilizando uma folha de papel retangular, os estudantes deveriam começar fazendo as dobras na folha ao longo dos segmentos de reta indicados nessa figura. As seguintes condições, segundo instruções da professora, devem ser satisfeitas: • a reta determinada por M e U é a mediatriz do segmento AB; • AC, BD e AB são segmentos congruentes; • PT e TQ são segmentos congruentes; • PD e BD são segmentos congruentes. A partir da análise da figura, um estudante afirmou o seguinte: O triângulo PQD é obtusângulo porque o triângulo PQT é equilátero. Com relação ao que foi afirmado pelo estudante, assinale a opção correta. A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. B) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma justificativa correta da primeira. C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é falsa. 39 Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Geometria Plana D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é verdadeira. E) Ambas as asserções são proposições falsas. Resposta correta: alternativa C. Resolução do exercício De acordo com o enunciado, podemos verificar que o triângulo ACB é retângulo em A. Logo, os ângulos C e B valem 45o, pois os segmentos AC e AB são congruentes. Então, ABDC é um quadrado que tem suas diagonais AD e BC interceptando-se em T, formando ângulos de 90o. Sendo assim, o ângulo T do triângulo PTQ é retângulo, e os ângulos P e Q são iguais a 45o, pois PT e TQ são segmentos congruentes, formando um triângulo isósceles. Conclui-se que o triângulo PQD é obtusângulo, mas o triângulo PTQ não é equilátero. Logo, a primeira proposição é verdadeira, e a segunda proposição é falsa. A, B, D e E – alternativas incorretas. Justificativa. De acordo com a discussão anterior, a primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é falsa. C – alternativa correta. Justificativa: de acordo com a discussão anterior, a primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é falsa. Questão 2. (prova de Matemática, Enade 2005). É comum alunos do Ensino Médio conhecerem a demonstração do Teorema de Pitágoras feita no livro I de Os Elementos de Euclides. Nela, usa-se o fato de que todo triângulo retângulo ABC, de catetos a e b e hipotenusa c, está inscrito em um semicírculo. Demonstra-se que as projeções m e n de AB e AC sobre a hipotenusa satisfazem a relação mn = h2 em que h é a altura do triângulo. Por meio das relações de proporcionalidade entre os lados dos triângulos ABD, CAD e CBA, prova-se que a2 + b2 = c2. A B D C m n h Figura 62 40 Unidade I Re vi sã o: C ris tin a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 0/ 08 /2 01 2 Além de demonstrar o Teorema de Pitágoras, o professor pode, ainda, com essa estratégia, demonstrar que: I. É possível construir, com régua e compasso, a média geométrica entre dois números reais m e n. II. É possível construir, com régua e compasso, um quadrado de mesma área que a de um retângulo de lados m e n. III. Todos os triângulos retângulos que aparecem na figura são semelhantes. Assinale a opção correta. A) Apenas um item está certo. B) Apenas os itens I e II estão certos. C) Apenas os itens I e III estão certos. D) Apenas os itens II e III estão certos. E) Todos os itens estão certos. Resolução desta questão na plataforma.
Compartilhar