Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
- 5 - Embu das Artes - SP 2018 Marcelo Calegare Renan Albuquerque Organizadores Processos psicossociais na Amazônia: reflexões sobre raça, etnia, saúde mental e educação - 7 - Pós-Graduação e Ação Conjunta A pós-graduação hoje, no país, passa por um momento de desafio. Traduzir todo um esforço de trabalho científico em publica- ções de qualidade e com impacto é uma atividade de enfrentamen- to e alta responsabilidade. Não raro que muitos docentes e dis- centes tenham de dedicar inúmeras horas de suas vidas na labuta de revisar dados, coletar amostras e sistematizar procedimentos. Trata-se de um ato solidário, por fim. Outrossim, temos certeza que é a partir do apoio con- junto, das atividades em grupo e das perspectivas coletivas que estamos avançando na seara do trato responsável com a pesquisa de qualidade em nosso país. Esperamos, com isso, contribuir para a produção de ciência e a formação de quadros profissionais de ampla competência. - 8 - C371t CRUZ T, S, C148m - CALEGARE, Marcelo A319r - ALBUQUERQUE, Renan Processos psicossociais na Amazônia: reflexões sobre raça, etnia, saúde mental e educação, Marcelo Calegare e Renan Albuquerque - organizadores, Alexa Cultural: São Paulo, 2018 14x21cm - 316 páginas ISBN - 978-85-5467-053-5 1. Antropologia - 2. Psicologia Social - 3. Sociologia - 4. Com- portamento - I. Índice - II Bibliografia ‘ CDD - 300 Índices para catálogo sistemático: Psicologia Social Sociologia Antropologia Todos os direitos reservados e amparados pela Lei 5.988/73 e Lei 9.610 Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da editora e dos organizadores. Alexa Cultural Ltda Rua Henrique Franchini, 256 Embú das Artes/SP - CEP: 06844-140 alexa@alexacultural.com.br alexacultural@terra.com.br www.alexacultural.com.br www.alexaloja.com Editora da Universidade Federal do Amazonas Avenida Gal. Rodrigo Otávio Jordão Ramos, n. 6200 - Coroado I, Manaus/AM Campus Universitário Senador Arthur Virgilio Filho, Centro de Convivência – Setor Norte Fone: (92) 3305-4291 e 3305-4290 E-mail: ufam.editora@gmail.com © by Alexa Cultural Direção Gladus Corcione Amarop Langermans Nathasha Amaro Langermans Editor Karel Langermans Capa K Langer Revisão Técnica Michel Justamend e Renan Albuquerque Editoração Eletrônica Alexa Cultural Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) - 49 - Racismo, reconhecimento social e os efeitos psicossociais Carlos Vinicius Gomes Melo Alessandro de Oliveira dos Santos Introdução Este texto explora a noção do reconhecimento social de Honneth (2015), apresentando suas dimensões (afetivas primá- rias, do direito e da solidariedade) para a constituição da identi- dade e integridade humana, a associação entre o desrespeito a es- tas dimensões e os efeitos psicossociais produzidos pelo racismo (preconceito, discriminação e humilhação social). Ao final, o texto expõe os benefícios e limitações do uso desta noção para a com- preensão das relações étnico-raciais brasileiras. Entendido como um sistema de crenças e de imposição de valores e ideologias, o racismo limita e exclui pessoas e grupos de acordo com seu pertencimento étnico-racial ao acesso a recur- sos da sociedade, status e liberdades civis. Ele caracteriza-se por ser dinâmico, adaptativo e como uma permanente constelação de pensamentos regidos por sistemas de crenças estereotipadas, que conduzem a atitudes afetivas e, por sua vez, a comportamentos dis- criminatórios (BHUI, 2002; CLARK et al., 1999; LIMA; VALA, 2004). O racismo pode ser institucional, por induzir, manter e condicionar a organização e a ação do Estado, das políticas públi- cas ou de instituições privadas, produzindo e reproduzindo uma hierarquia que garante a exclusão seletiva de grupos conforme seu pertencimento étnico-racial. Além disso, garante a produção de ri- quezas para determinados grupos da sociedade, ao mesmo tempo em que ajuda a manter a fragmentação social e a desigualdade em outros grupos (GELEDÉS, 2013; LÓPES, 2012). O racismo também pode ser ambiental, observado atra- vés da privatização de territórios, contaminação de solo por resí- duos tóxicos e exploração desenfreada de recursos naturais, assim como pelo desmatamento de flora nativa, em função de megaem- - 50 - preendimentos da monocultura e de grandes obras de infraestru- tura, como construção de hidrelétricas, que interferem nos cursos dos rios e contaminam lençóis freáticos. Fala-se de racismo am- biental quando tais impactos ambientais causam danos irreversí- veis na vida de povos indígenas, de remanescentes de quilombos, ciganos e de outras populações tradicionais. No ambiente urbano, o racismo ambiental se apresenta através da luta de classes, pela violência urbana e pobreza que estão concentradas em uma topo- grafia territorial periférica marginalizada (PACHECO, 2008). Estas diferenças territoriais são caracterizadas por aglomerados de po- pulações não brancas que vivem em condições comparativamente reduzidas de direitos, com relação a saneamento, acesso à água potável, coleta de lixo, equipamentos urbanos adequados, incluin- do escolas e postos de saúde, e que estão mais sujeitas a riscos de deslizamentos ou de contaminação química, dentre outros índices. Na esteira deste entendimento, A. Santos et al. (2016) defendem que a noção de racismo ambiental pode ser ampliada para todos os grupos de pertencimento étnico-racial do planeta que vivem em situação de desigualdade no acesso aos recursos naturais e de ex- posição a diferentes formas de risco ambiental nas áreas em que vivem. No Brasil, o racismo está estruturado no quadro insti- tucional das organizações e das interações entre grupos sociais, que decorrem do processo de colonização. No entanto, enquanto o racismo e sua herança na estrutura social escravagista podem ser historiograficamente compreendidos como os principais deter- minantes das desigualdades brasileiras, no senso comum, o mito da democracia racial é tomado como crença, escamoteando essas desigualdades e suas causas. Em contextos onde há a manifesta- ção sutil e quase imperceptível do racismo, as situações flagrantes de ofensas são pouco inteligíveis no âmbito das relações interpes- soais. Porém, quando são feitas leituras institucionais ou análises demográficas, a raça-etnia é um determinante das disparidades sociais encontradas, como por exemplo, nos indicadores sobre vio- lência, sobre acesso a educação, sobre renda familiar e distribuição de riquezas, dentre outros fatores. Lima e Vala (2004) classificam o racismo brasileiro como cordial ou sutil, caracterizado por uma polidez superficial que re- - 51 - veste atitudes afetivas e cognitivas negativas e comportamentos discriminatórios. Suas atitudes e comportamentos se expressam nas relações sociais e interpessoais através de piadas, ditos po- pulares e brincadeiras de cunho racial com efeitos psicossociais sobre a pessoa alvo do racismo. Diferente do racismo clássico, abertamente manifestado e observado na forma de preconceito flagrante, no racismo indireto não há diretamente os elementos de discriminação, de cerceamento de direitos ou de naturalização das diferenças (LIMA; VALA, 2004; PETTIGREW; MEERTENS, 1995; SANTOS, W. et al., 2006). Esta feição do racismo característico no Brasil o torna uma equação potente na manutenção e ampliação da desigualda- de social. Tal característica quase ininteligível na manifestação do preconceito e discriminação racial estabelece as relações de po- der no quadro institucional de interações entre grupos sociais. Tal quadro de relações remete, espacial e temporalmente, aos domí- nios da vida social, política, econômica, familiar, intelectual, que, por sua vez, influencia diretamente nas constituições de identida- des, relações interpessoais e reconhecimento social. O reconhecimento e o não reconhecimento social, indivi- dual e coletivo,no Brasil sofrem interferência do racismo que, con- sequentemente, produz efeitos psicossociais em função das viola- ções, desrespeitos e sentimento de rebaixamento. Produzir esta linha de raciocínio auxilia o entendimento sobre os sofrimentos causados pelo não reconhecimento social nas relações étnico-ra- ciais, impactando socialmente nas relações de confiança, respeito e estima e, psicologicamente, na construção de autoconfiança, au- torrespeito e autoestima. Noção de reconhecimento social segundo Axel Hon- neth Para Honneth (2015), a integridade do ser humano sus- tenta-se em padrões de reconhecimento, pela constituição das identidades do “Eu” através das relações de confiança, de respeito e de estima social. Quando tal padrão não ocorre, pode-se observar o papel dominante do desrespeito ou de reconhecimento recusado no desenvolvimento psicológico de autoconfiança, autorrespeito e autoestima daqueles que se veem rebaixados. São os desrespei- - 52 - tos nas instâncias relacionais que expressam de forma injusta o impedimento dos sujeitos de sua liberdade de ação, infligindo-lhes danos à compreensão positiva de si mesmos adquirida de maneira intersubjetiva pela socialização. Segundo essa perspectiva, o reconhecimento das identi- dades humanas é constituído através de três diferentes dimensões. A primeira diz respeito ao reconhecimento emocional nas relações primárias de amor e amizade, a segunda, ao reconhecimento do respeito cognitivo do direito comum e inalienável a todos e, a ter- ceira, à estima social ligada a comunidades de valores e solidarie- dade (HONNETH, 2015). Para Honneth (2015), a base das relações sociais de reco- nhecimento está na primeira dimensão, o nível de reconhecimento que seria estruturante para a autoconfiança e para a identidade pessoal, pois estão estabelecidas através das relações primárias afetivas de amor e amizade. O caráter de assentimento e encoraja- mento afetivo está ligado de maneira necessária à existência cor- poral e é associado ao apego ou ao que os estudiosos de Winnicott1 descrevem como simbiose pelo estado interno de “ser-um”. A par- tir do estágio no qual se demonstram sentimentos de estima espe- cial entre si, implicado na autonomia de desligar-se da dependên- cia simbiótica, se promoveria, psicologicamente, a autoconfiança (HONNETH, 2015). A autoconfiança individual é a base indispen- sável para a participação autônoma na vida. Já a segunda dimensão se refere ao reconhecimento de respeito cognitivo do “direito”. Trata-se do reconhecimento deri- vado da normatização social e da aquisição de direitos e deveres junto à esfera social, o qual é representado pela imputabilidade moral e alienável do direito comum. Nesta dimensão, há o desen- volvimento da relação prática do respeito e da autorrelação prática de autorrespeito, percebida pela circunstância de que só se pode chegar a uma compreensão de si mesmo como portador de direi- tos positivos com a perspectiva normativa de um “outro generali- zado”. Tal apropriação se dá pelo reconhecimento dos outros mem- bros da coletividade como portadores dos mesmos direitos que o “eu”. O nível de reconhecimento do direito jurídico ou cognitivo 1 Donald Winnicott (1986-1971) foi um pediatra e psicanalista inglês referência na área do desenvolvimento humano na fase da relação simbiótica mãe-bebê pré-edípica, conhecido também pelas noções de “Self verdadeiro e Self falso” e “Objeto de transição”. - 53 - designaria uma relação de respeito mútuo como sujeitos de direi- to, intermediado por normas socialmente legitimadas. No entanto, estas determinações normativas apenas assumem formas de reco- nhecimento sob as premissas dos princípios morais universalistas (HONNETH, 2015). Eis, sob o julgo de direitos universais, o que Raz (2004) afirma como dificuldade de conceber o reconhecimen- to de si e de outros como formas distintas de viver, especialmente se estes estão em relações de iniquidade. Raz (2004) concebe o “valor” como um laço comum da humanidade e a esperança na crença da universalidade, vital para a perspectiva de esperança no futuro. Entretanto, essa perspecti- va valorativa deve admitir a diversidade no interior da universa- lidade, percebendo os seus limites. Com isso, há a necessidade de compreender e conciliar a crença na universalidade com as parcia- lidades advindas da diversidade real dos valores, fruto das expe- riências vividas. O respeito e o autorrespeito são para a relação jurídica o que a confiança e a autoconfiança são para a relação primária amo- rosa. Isto sugere que, da mesma forma que o “amor” pode ser con- cebido como a expressão de confiança em uma dedicação afetiva, os “direitos” podem ser concebidos como significado do respeito social (HONNETH, 2015). A terceira e última dimensão, resultante das duas primei- ras formas de reconhecimento trazidas por Honneth (2015), seria a do reconhecimento pela estima social que estaria ligada às comu- nidades de valores e solidariedade. As capacidades e propriedades humanas aqui desenvolvidas seriam a individuação e a equaliza- ção. Ou seja, as relações sociais de estima simétrica ou solidárias entre sujeitos individualizados (no sentido de autônomos), mas regidos por valores comunitários. Isto significa se reconhecer recí- proco ao “outro” dessemelhante. Este autorreconhecimento é fun- damental para a própria constituição, tanto da identidade pessoal como também da identidade coletiva e social, à luz de valores que tornam esse “outro” significativo para a práxis comum (HONNETH, 2015). A relação solidária, estabelecida entre o si e o “outro”, não somente proporciona uma relação de respeito, mas também o in- teresse afetivo pela particularidade deste outro. Com base neste - 54 - nível de reconhecimento estabelecido é possível “experienciar” a si mesmo neste “outro”, o que vem a ser um fator valioso para a estima social. Para Honneth (2015), esta vivência produziria, psi- cologicamente, além de uma real estima social para com o “outro”, uma autorrelação prática de autoestima consigo. O racismo como desrespeito ao reconhecimento so- cial Como visto, o reconhecimento social da identidade hu- mana, para Honneth (2015), é constituído sob as dimensões do reconhecimento pelas relações afetivas, do reconhecimento pelo direito comum a todos e do reconhecimento pela estima social. Po- rém, quando o reconhecimento é recusado ou desrespeitado, ocor- re: 1) maus tratos e violações, 2) privação de direitos e exclusão e 3) degradação pública ou política e ofensas. Os maus-tratos e violações resultam do desrespeito no nível de reconhecimento na dedicação efetiva de amor e amizade, infligindo violações a integridade corporal e física, o que impacta psicologicamente nas relações de confiança com o outro e de au- toconfiança consigo (HONNETH, 2015). O racismo expresso como desrespeito ao primeiro nível de reconhecimento pode ser exem- plificado com os indicadores comparativos de violência de brancos e negros. Ao traçar o mapa da violência, a partir de dados entre os anos de 1998 a 2008, destaca-se que o número de vítimas brancas diminuiu na ordem de 22,3%, enquanto, entre os negros, o número de vítimas de homicídio aumentou o equivalente a 20,2%. O nú- mero de homicídios de jovens brancos caiu significativamente no período de 2002 a 2008, numa queda de 30%. Já entre os jovens negros, os homicídios aumentaram em 13%. Com isso, a diferença de mortalidade entre brancos e negros cresceu 43%. Com esse di- ferencial entre brancos e negros, o assassinado de pessoas negras se eleva drasticamente, pois em 2002 morriam proporcionalmente 45,8% mais negros do que brancos, em 2005, esse indicador foi para 77,8% e, em 2008, chegou a atingir 127,6% (WAISELFISZ, 2011). Quando o não reconhecimento ocorre na segunda di- mensão, pela transgressão no respeito ao direito comum a todos - 55 - e pela imputabilidade moral, o resultado é a privação de direitos e exclusão. A violação à integridademoral culminará em morte social, pela exclusão, e na consequente incapacidade de formação de juízo moral. Tal desrespeito exclui o sujeito da posse de alguns direitos e está associado ao sentimento de não ser possuidor do mesmo status (igual valor) de um parceiro de interação. O racismo se manifesta como recusa a esta segunda dimensão através, por exemplo, dos indicadores de acesso e nível educacional, compara- tivos entre brancos e negros. Segundo dados da Universidade Federal da Bahia (UFBA, 2010), o analfabetismo dentro da população negra (preta e parda) é de 22% do seu total, enquanto que na população branca é de 9%. No ensino médio essas taxas desiguais também se apresentam, pois em 2011, do total de pessoas negras de 15 a 17 anos, 45,3% eram estudantes, enquanto que do total de pessoas brancas, com esta mesma faixa etária e nível educacional, 60% eram estudantes (IBGE, 2012). Quanto ao total de pessoas negras de 18 a 25 anos de idade, 7,7% frequentaram o curso superior, enquanto que do total de pessoas brancas esta proporção é de 20,3% (IBGE, 2009). Já com o ensino superior concluído, em relação à população de 25 anos de idade ou mais, em 2008, dentre os negros esta proporção é de 4,7% do seu total. Em contrapartida, dentre os brancos, 14,7% concluíam o ensino superior (IBGE, 2009). Por último, quando o reconhecimento social não é res- peitado na terceira dimensão, ou seja, o da estima social da parti- cipação na esfera pública, ocorre degradação e ofensa. Este des- respeito à dignidade e à honra produz recusa pública e política, degradação cultural e vexação e sentimento de rebaixamento e vergonha pública (HONNETH, 2015). Para ele, a recusa pública e política seria a negação de participação como um integrante nas decisões e transformações políticas dos ambientes públicos. A de- gradação cultural estaria como uma degradação valorativa de de- terminados padrões de autorrealizações, ou seja, uma desqualifi- cação da honra, dignidade e status de uma pessoa pela sua maneira de autorrealização no horizonte de sua própria tradição cultural, por ser considerada como de menor valor pela forma de vida ou modo de crença. E a vexação e sentimento de rebaixamento e a ver- gonha pública, seria um sentimento que não se refere apenas à ti- - 56 - midez, mas a um conteúdo emocional que consiste em uma espécie de rebaixamento do sentimento do próprio valor, vindo a ser um sujeito na experiência de recusa de sua ação e com lesões no seu ideal de ego. O que em termos psicológicos interfere nas relações sociais de estima e de autoestima (HONNETH, 2015). O racismo pode ser ilustrado pela degradação pública ou política através de dados de sub-representatividade no cenário das decisões políticas dos poderes executivos e legislativos, assim como no quadro do rendimento socioeconômico, observando-se uma situação indiscutivelmente mais favorável aos brancos com- parado aos negros. Segundo Sardinha (2014), sobre a representatividade política à luz do recorte raça/cor nas eleições de 2014, dos 1.627 candidatos eleitos, 1.229 se declararam brancos (76%). Dos elei- tos, 342 eram pardos, 51 eram pretos, três amarelos (de origem oriental) e dois indígenas. A lógica das urnas é similar a das em- presas e repartições públicas, pois quanto mais alto o cargo, me- nor a chance de uma pessoa de cor de pele não branca ocupá-lo. Dos 27 governadores eleitos em 2014, 20 são brancos, não haven- do nenhum preto, pardo ou indígena. No Congresso, de cada 100 cadeiras, 80 são ocupadas por políticos que se autodefinem como brancos. Dos 540 congressistas eleitos, 81 deputados e cinco sena- dores se declararam pardos e 22 eleitos deputados se identifica- ram como pretos (SARDINHA, 2014). Quanto à distribuição de renda, em um contexto em que o poder de capital e de consumo é reconhecido como “valor” para uma estima e aceitação social, segundo o IBGE (2009), entre os 10% mais pobres no Brasil, 25,4% eram brancos, enquanto 73,7%, pretos e pardos. Essa relação se inverte entre o 1% dos mais ricos do país, composto por 82,7% de pessoas brancas e 15% de cor de pele preta e parda. Além da recusa e degradação pública e política obser- vada pelos dados de representatividade política e distribuição de renda, o desrespeito à terceira dimensão de reconhecimento se apresenta também pelas ofensas raciais. Embora não seja comum pelo perfil oculto do racismo brasileiro, a manifestação ofensiva do preconceito também ocorre e com o intuito de rebaixar ou atingir a integridade ou a dignidade da pessoa alvo da ofensa. - 57 - Como afirmado por Honneth (2015), o desrespeito ou a recusa do reconhecimento geram nas interações sociais a ofensa e o rebaixamento público. Estas são caracterizadas pelas ofensas manifestadas por alguém contra outro e pelo sentimento de rebai- xamento deste outro alguém frente às ofensas. Quando revelado nas relações étnico-raciais, as ofensas e os sentimentos de rebaixa- mento e vergonha podem ser observados através dos efeitos psi- cossociais do racismo, descritos por A. Santos et al. (no prelo). Tais efeitos se apresentam pelas situações cotidianas de manifestação do preconceito e discriminação, com a finalidade de diminuir ou depreciar a integridade da pessoa pelo seu pertencimento étnico -racial, gerando nesta o sentimento de rebaixamento, vergonha e/ ou humilhação social. Os efeitos psicossociais do racismo e do não reconhe- cimento A. Santos et al. (no prelo) descrevem os efeitos psicosso- ciais do racismo a partir da análise psicológica e social sobre os fe- nômenos do preconceito, da discriminação e da humilhação social. Para eles, o sentimento de humilhação é o efeito produzido pela condição de ser alvo de atitudes preconceituosas e de comporta- mentos discriminatórios. Tanto os privilégios quanto as desvantagens materiais e simbólicas herdadas, histórico e geracionalmente, são a base estrutural das desigualdades sociais de um grupo sobre outros. Comas (1970) afirma que a estratificação social na América teve como base a discriminação racial, sendo o preconceito baseado em mitos raciais, como o “mito do sangue puro” e o “mito da inferiori- dade dos mestiços”, a justificativa passional para tal estratificação. O preconceito se refere a um predicado atitudinal, ou seja, a uma predisposição para a ação. Trata-se de uma resposta emocional de antipatia, ansiedade, raiva, ressentimento, hosti- lidade, aversão ou repugnância, com base em um julgamento in- fundado e não facilmente modificável, podendo ser sentido e/ou expresso em relação a um grupo ou a uma pessoa que se supõe ser membro desse grupo (ALLPORT, 1979; SANTOS, A. et al., [no prelo]; STANGOR, 2009). Para Adorno et al. (1965), o preconceito está diretamen- te relacionado a uma tendência fascista presentes no etnocentris- - 58 - mo, antissemitismo e discriminação política e religiosa, manifes- tado como autoritarismo e personalidade autoritária. Para eles, o autoritarismo, é uma inclinação a colocar-se em situação de domi- nação e/ou submissão frente a um sujeito de autoridade por con- formar-se acriticamente às normas. Esta predisposição, segundo eles, organiza a personalidade do indivíduo e suas condutas com base em ideologias autoritárias da estrutura social. A rigidez ou es- tereotipia são usadas para manejar um excesso de ansiedade para a organização do “ego”, motivado pela necessidade de dar sentido ao mundo que o rodeia e pela necessidade de aceitação social. Os autores ainda destacam que as personalidades estruturadas com traços fascistas têm características neuróticas narcisistas2, trazen- do como resultado uma tendência ao sadomasoquismo, ou seja, tendência por relações que se estabeleçam pela imposição do so- frimento físico ou moral. Para analisar o preconceito, nesta perspectiva, a psico- dinâmica sobre o indivíduo necessita ser compreendida também pela psicodinâmica do grupo, pois as condutas individuais são ex- plicadas pelas circunstâncias sociaisantecedentes e concomitan- tes. Para os autores, este fenômeno deve ser entendido analisando- se a ideologia, a sociedade e a personalidade no mesmo nível, por esta última ser um produto social (ADORNO et al., 1965). Conforme o desencorajamento social de sua demonstra- ção, as pessoas tentem a inibir ou controlar a expressão de atitu- des preconceituosas para não serem condenadas pelas convenções morais e legais. Pelo gerenciamento desta impressão, as pessoas não se afirmam com preconceito, porém, mesmo com essa inibição ou controle do preconceito, a atitude preconceituosa perdura, ope- rando de forma sutil e indireta os comportamentos discriminató- rios (SANTOS, W. et al., 2006). Por causa da possibilidade de controle do preconceito, Gouveia et al. (2011) afirmam que a maioria dos estudos sobre o fenômeno tem como indicadores a correlação com outras variá- veis. Por exemplo, é possível fazer correlação na investigação sobre o preconceito com a Escala de Motivação Interna e Externa para Responder Sem Preconceito. Ela é composta por um conjunto de afirmações que possibilita mapear as regulações de controle e ini- 2 Para a psicanálise se trata de um estado neurótico profundo, que dificulta ou impossibilita a capacidade de empatia para com outras pessoas (STRATTON; HAYES, 2003). - 59 - bição da expressão do preconceito que são motivados por razões externas ou internas. Os esforços de controle por razões externas são motivados pela normativa social, pela avaliação negativa de pa- res e pela desejabilidade social. Já as razões internas são motiva- das através do autovalor pelo autoconceito e autoimagem, ou seja, quando, por exemplo, devido valores pessoais o indivíduo crer ser errado usar estereótipos. Segundo os autores, quanto maior for à motivação interna para o controle do preconceito, menor será o nível de preconceito, já que quando o oposto, maior será o nível de preconceito (PALMA; MAROCO, 2009). Gouveia et al. (2011) ainda expõe algumas outras medi- das que contribuem na investigação sobre o preconceito, como por exemplo, a escala de fascismo (Adorno et al., 1965), a de adesão a valores tradicionais3, de contato social4, dentre outras. A discriminação, descrito por A. Santos et al. (no prelo) como um efeito psicossocial do racismo, cria, mantém ou reforça vantagens para alguns grupos e seus membros, à custa de desvan- tagens para outros grupos/membros. Refere-se à diferenciação nas formas de tratamento e de acesso aos bens públicos e priva- dos e é derivada do estereótipo e do preconceito (ALLPORT, 1979; THORNICROFT et al., 2007). Blank, Dabady e Citro (2004) afirmam que a maioria dos discursos sobre a presença da discriminação (especificamente, sobre a discriminação étnico-racial) a assume como um fenômeno que ocorre em um momento e em um proces- so isolado individualmente. Contudo, para os autores, a discrimi- nação pode ter efeitos cumulativos de desvantagens e desigual- dades, tanto individualmente como também pelas gerações. Esta definição teórico-conceitual de Blank, Dabady e Citro (2004) sobre a discriminação pode ajudar a compreender o caráter cumulativo e geracional das desvantagens apresentadas tanto no desrespeito ao reconhecimento social pela degradação e ofensa (HONNETH, 2015), como pela humilhação social (GONÇALVES FILHO, 1998, 2004, 2005, 2007). Por sua vez, humilhação social é um conceito, desen- volvido por Gonçalves Filho (1998, 2005, 2007), que diz respeito 3 GOUVEIA, V. V. et al. Correlatos valorativos das motivações para responder sem preconceito. Psicol. Reflex. Crit., v. 19, n. 3, p. 422-432, 2006. 4 VASCONCELOS, T. C. et al. Preconceito e intenção em manter contato social: Evidências acerca dos valores humanos. Psico-USF, v. 9, p. 147-154. 2004. - 60 - ao sentimento de rebaixamento e vergonha pública, ligados a re- lações de dominação e opressão, que impede o direito à cidadania e é capaz de produzir a depreciação da integridade das pessoas rebaixadas. A humilhação social ou política é um problema social e temporal que abarca vários mediadores, atingindo os indivíduos no tempo presente. No entanto, este sentimento ou condição já ha- via atingido outros indivíduos de sua ancestralidade/ascendência familiar, étnico-racial, grupal, de classe, de nação ou de povo. Ainda que a humilhação se apresente como um sentimento de uma pes- soa é um fenômeno eminentemente social, não podendo ser anali- sado de forma isolada ou individualizada. Gonçalves Filho (2004) descreve ainda que a humilhação é a angustia fruto dos vários golpes físicos de maus-tratos (violên- cia material) e dos contínuos golpes morais sob a linguagem de inferiorização (violência simbólica), que está associada a um am- biente político de dominação e que age de forma crônica como sen- timento de não possuir direitos. Tal nível de desigualdade política produz exclusão, degra- dação e invisibilidade pública, que, por sua vez, gera o sofrimento combustível para o sentimento de rebaixamento e servilismo a uma suposta autoridade. No caso brasileiro, por várias gerações, este sofrimento começou por golpes de espoliação e servidão so- bre nativos, africanos e depois por imigrantes baixo-assalariados, através das violações da terra, perda de bens, ofensas contra cren- ças e ritos, trabalho forçado, dominação nos engenhos e depois nas fazendas e fábricas. Assim, o sentimento de rebaixamento se torna a moeda de troca na tensa relação entre soberbos e subordinados, concretizada nas relações escravocratas entre “senhores” e “escra- vos”, herança para a atual relação empregatícia entre “patronato” e “proletariado”, que se deram, no passado, e ainda se dão, no pre- sente, sob estratificação étnico-racial (GONÇALVES FIILHO, 2004). Com base nas definições de Honneth (2015) e de Gonçal- ves Filho (1998, 2004, 2005, 2007), é possível fazer uma relação entre o desrespeito na terceira dimensão do reconhecimento, pela degradação e ofensa, e o conceito de humilhação social. Am- bos se caracterizam pelo sentimento de rebaixamento e vergonha pública e são ocasionados pelo não reconhecimento ou pelo seu desrespeito. Este sentimento é derivado de privações de direito - 61 - à cidadania, sendo vivenciadas tanto na história pessoal como na desvantagem histórica, cumulativa e geracional. A. Santos et al. (no prelo) destacam que o racismo é um processo que se transforma histórica e contextualmente nas rela- ções entre indivíduos na vida cotidiana. Estas relações pode ser a expressão das formas como Honneth (2015) reflete sobre os reco- nhecimentos afetivos, do direito comum e da solidariedade ética, assim como os desrespeitos por via dos maus-tratos, da privação de direitos e exclusão e da degradação e ofensa étnico-racial fruto do racismo. O desrespeito vivenciado pela desigualdade de recursos ambientais, materiais, simbólicos e valorativos fazem com que, por exemplo, os negros busquem, consciente ou inconscientemente, uma identificação com a supremacia racial branca. Disto decorre o fenômeno do branqueamento e com este o sentimento de an- gústia e frustração pelo não autorreconhecimento neste ideal de ego branco imposto e incorporado (SANTOS, A. et al., [no prelo]). A vulnerabilidade psicológica descrita agora, decorrente do racismo, pode se relacionar ao que Honneth (2015) descreve como violação às dimensões de reconhecimentos, impossibilitando a constituição saudável das autorrelações de autoconfiança, autorrespeito e au- toestima consigo mesmo. Assim, de um modo geral, é possível analisar que o ele- mento afetivo do racismo, vigente no preconceito, está diretamen- te ligado ao julgamento regido pela atitude de desconfiança e a manifestação dos indicadores de violência no homicídio de bran- cos e negros. Já o elemento comportamental do racismo, relativo à discriminação, é orientado pelo desrespeito que se manifesta como privação de direitos e exclusão, apresentado nos indicado- res educacionais comparativos entre brancos e negros. E,por fim, o elemento valorativo, exemplificado pelos indicadores de repre- sentatividade política e de distribuição de renda, se associa ao sentimento de rebaixamento ou humilhação que é norteado pela degradação e ofensas preconceituosas desferida contra a estima de determinados grupos e pessoas. À guisa de crítica Em um contexto no qual o racismo opera pelo precon- ceito sutil e discriminação indireta, o benefício de utilizar a noção - 62 - de reconhecimento social de Honneth (2015) na leitura sobre as violações de direitos vivenciadas nas relações étnico-raciais está na capacidade de elucidação do fenômeno dos efeitos psicossociais gerados pelo racismo através do processo de socialização no Brasil. Assim, as relações sociais e interpessoais se configuram no que é ou não é reconhecido socialmente como confiável, respeitado e es- timado. O assentimento social, promovido através destas relações de confiança, respeito e estima, influencia e, consequentemente, introjeta-se como identidades, concebendo-se pelos elementos so- ciais valorativos atribuídos enquanto autoconfiança, autorrespeito e autoestima. No entanto, atinente à utilização deste referencial da Teoria Crítica da Sociedade, há uma possível limitação para enten- der das relações étnico-raciais brasileiras, em especial, tratando-se de experiências de algumas comunidades indígenas. Tal limite se apresenta, pois Honneth (2015) concebe o reconhecimento social através do desenvolvimento da identidade pela individuação do “Eu”. Este, contudo, é um fenômeno questionável quanto à sua uni- versalidade. Essa reflexão surgiu a partir da apresentação do trabalho Reconhecimento social e produção de sofrimento: refletindo sobre a atuação dos/as psicólogos/as no tema das relações raciais, ocorrido no dia 12 de abril de 2017, em Manaus/AM. Uma estudante da Uni- versidade Federal do Amazonas, de ascendência indígena tukano, interpelou sobre a premissa epistemológica da noção do reconhe- cimento de Axel Honneth utilizada. Ela expõe que para a cultura dela e de muitas comunidades indígenas, o aprisionamento do ser e um “Eu” individualizado é sinônimo de sofrimento, não sendo então um fenômeno aspirado. Esse questionamento leva a Dumont (1985), quando ele afirma que a linguagem de percepção do mundo e de viver nele, produto da modernidade, é o que faz o humano moderno ser de- finido pelo isolamento individual do “Eu”. Ele ainda alega que esta configuração de humano direciona toda a força psicológica, orien- tada pela meritocracia e ética protestante, como estímulo para integração das pessoas em uma sociedade hegemônica moderna estruturada pela divisão social do trabalho. Elias (1994) destaca que este humano singular e multifacetado produto do pressuposto - 63 - estrutural da modernidade, é resultado do longo processo de subs- tituição de regulação externa pela regulação interna da conduta, edificando um tipo humano uniforme e universal, seja na concep- ção de sua organização afetiva, racional ou valorativa. Com base na reflexão sobre este “Eu” individual, implíci- to na noção de reconhecimento social adotada, faz-se necessária uma suspeita crítica racional-acadêmica ante a realidade das di- versas experiências no âmbito das relações étnico-raciais, pois há a tendência de apropriação de tais experiências por um conceito, através de um juízo sintético e universal da realidade. Por ser considerada uma das principais teorias contem- porâneas sobre o reconhecimento social, esta noção pode ser uti- lizada como uma qualificada referência clássica da teoria social crítica para discutir a linguagem dos direitos de cidadania (COSTA, 2016). Contudo, a psicologia brasileira também necessita orientar- se sob uma postura crítica e de comunicação que melhor aproprie sua atuação junto às populações assistidas. Os seus cientistas e profissionais devem considerar, além das epistemologias clássicas, o processo de colonização que moldou a modernização brasileira e os efeitos decorrentes das suas relações sociais de desigualda- de. Como crítica, esta atitude precisa ser de respeito e estima na apreensão teórico-conceitual das diversas realidades, sejam elas de cosmologias tradicionais ou modernas e suas experiências de conceber o mundo, viver nele e construí-lo. Assim, recomenda-se para os/as profissionais da psico- logia compreender o fenômeno do não reconhecimento social e do racismo também sob as perspectivas do pós-colonialismo la- tino-americano e africano, da perspectiva do indigenocentrismo, do movimento negro brasileiro, do feminismo negro brasileiro, do mulherismo africano e outras que vão além dos entendimentos he- gemônicos comumente usados pelo método e filosofia acadêmica. Referências ADORNO, T. W.; FRENKEL-BRUNSWIK, E.; LEVINSON, D. J.; SAN- FORD, R. N. (Eds.). La personalidade autoritaria. Tradução de D. Cimbler & A. Cymler. Buenos Aires, Argentina: Proyéccion, 1965. ALLPORT, G. W. The nature of prejudice. New York: Basic Books, 1979. - 64 - BHUI, K. Race and Racial Discourse. In: _____. (Ed). Racism and mental health: prejudice and suffering. London: British Library Cataloguing in Publication Data, 2002. BLANK, R. M.; DABADY, M.; CITRO, C. F. Mensuring racial discrim- ination: panel on methods for assessing discrimination. Washing- ton, DC: National Research Council, 2004. CLARK, R. et al. Racism as a Stressor for African Americans: A Bio- psychosocial Model. American Psychologist Associacion PsycNet, v. 54, n. 10, p. 805-816, 1999. Disponível em: <http://psycnet.apa. org/journals/amp/54/10/805.pdf>. Acesso em: 18 jul 2017. COMAS, J. Os mitos raciais. In: _____ et al. (Orgs.). Raça e Ciência. v.1. São Paulo: Perspectiva, 1970. COSTA, J. F. A. Cidadania, reconhecimento e proteção social: um estudo sobre serviços socioassistenciais na cidade de São Paulo. 2016. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde- 08022017-100738/>. Acesso em: 2017-07-19. DUMONT, L. O Individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de Janeiro: Rocco, 1985. ELIAS, N. A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar, 1994. GELEDÉS. Racismo Institucional: uma abordagem teórica. Geledés - Instituto da Mulher Negra, 2013. Disponível em: http://www. seppir.gov.br/publicacoes/publicacoes-recentes <https://www. geledes.org.br/tag/racismo-institucional-uma-abordagem-teori- ca/#gs.G0D=NRQ>. Acesso em: 18 jul. 2017. GONÇALVES FILHO, J. M. Humilhação social: um problema político em psicologia. Psicologia USP, v. 9, n. 2, p.11-67, 1998. ______. Prefácio: a invisibilidade pública. In: COSTA, F. B. Homens in- visíveis: relatos de uma humilhação social. São Paulo: Globo, 2004. p. 09-47. ______. Problemas de método em Psicologia Social: algumas no- tas sobre a humilhação política e o pesquisador participante. In: BOCK, A. M. B. (Org.). Psicologia e o compromisso social. 2. ed., São Paulo: Cortez, 2005. p. 193-239. - 65 - ______. Humilhação social: humilhação política. In: SOUZA, B. P. (Org.). Orientação à queixa escolar. 2. ed., São Paulo: Casa do Psicó- logo, 2007. p. 01-30. GOUVEIA, V. V. et al. Motivações para responder sem preconceito: evidências de uma medida frente a gays e lésbicas. Psicologia: Re- flexão e Crítica, v. 24, n. 3, p. 458-466, 2011. HONNETH, A. Luta por reconhecimento: gramática moral dos con- flitos sociais. São Paulo: editora 34, 2015. INSTITUTO Brasileiro Geografia e Estatística. Raça ou cor –Brasil –2009. In: Sínteses de indicadores sociais: Uma análise das con- dições de vida da população brasileira. (2009). Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicao- devida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2009/indic_so- ciais2009.pdf ______. Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Brasília: IBGE, 2012. Disponível em: < http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv62715.pdf>.Acesso em: 30 mar. 2014. LIMA, M. E. O.; VALA, J. As novas formas de expressão do preconcei- to e do racismo. Estudos em Psicologia, v. 9, n. 3, p. 401-411, 2004. LÓPES, L. C. O conceito de racismo institucional: aplicações no campo da saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 16, n. 40, p.121-134, jan./mar. 2012. PACHECO, T. Racismo Ambiental: expropriação do território e ne- gação da cidadania. SUPERINTENDÊNCIA DE RECURSOS HÍDRI- COS (Org.). Justiça pelas Águas: enfrentamento ao Racismo Am- biental. Salvador: Superintendência de Recursos Hídricos, 2008. p.11-23. Disponível em: <http://racismoambiental.net.br/textos -e-artigos/racismo-ambiental-expropriacao-do-territorio-e-nega- cao-da-cidadania-2/>. Acesso em: 16 mar. 2017. PALMA, T.; MAROCO, J. Escalas de motivação interna e motivação externa para responder sem preconceito: estudo de validação cru- zada da versão portuguesa. Psicologia, Saúde & Doenças, v. 10, n. 2, p. 267-275, 2009. PETTIGREW, T. F.; MEERTENS, R. W. Subtle and blatant prejudice - 66 - in western Europe. European Journal of Social Psychology, n. 25, p. 203-226, 1995. RAZ, J. Valor, respeito e apego. São Paulo: Martins Fontes, 2004. (Justiça e Direito) SANTOS, A. O. et al. Racismo ambiental e lutas por reconhecimento dos povos de floresta da Amazônia. Global Journal of Community Psychology Practice, v. 7, n. 1, mar. 2016. Disponível em: <http:// www.gjcpp.org/en/article.php?issue=21&article=117>. Acesso em: 16 mar. 2017. ______ et al. Efeitos psicossociais do racismo e juventude negra. Re- vista da ABPN, 2017. No prelo. SANTOS, W. S. et al. Escala de Racismo Moderno: adaptação ao contexto brasileiro. Psicologia em Estudo, v. 11, n. 3, p. 637-645, set./dez. 2006. SARDINHA, E. Só 3% dos eleitos em 2014 se declaram negros. Con- gresso em foco, Brasília, 18 dez. 2014. Disponível em: <http://con- gressoemfoco.uol.com.br/noticias/so-3-dos-eleitos-em-2014-se- declaram-negros/>. Acesso em: 18 jul. 2017. STANGOR, C. The Study of Stereotyping, Prejudice, and Discrimina- tion Within Social Psychology: A Quick History of Theory and Re- search. In: NELSON, T. D. (Ed.). Handbook of prejudice, stereotyp- ing, and discrimination. New York: Taylor & Francis Group, 2009. p. 1-22. STRATTON, P.; HAYES, N. Dicionário de psicologia. Tradução de Es- méria Rovai. São Paulo: Pioneira, Thomson Learning, 2003. THORNICROFT, G. et al. Stigma: ignorance, prejudice or discrimi- nation? British Journal of Psychiatry, v. 190, n. 3, p.192-193, 2007. UNIVERSIDADE Federal da Bahia. Faculdade de Medicina. Progra- ma de Atenção à Saúde da População Negra - PRONEGRO. Salva- dor: UFBA, 2010. Disponível em: <http://www.medicina.ufba.br/ pronegro/pronegro.pdf >. Acesso em: 18 jul. 2017. WAISELFISZ, J. J. Mapa da violência 2011: os jovens do Brasil. São Paulo: Instituto Sangari; Brasília: Ministério da Justiça, 2011.
Compartilhar