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Capitulo_Racismo e reconhecimento

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Embu das Artes - SP
2018
Marcelo Calegare 
Renan Albuquerque
Organizadores
Processos psicossociais 
na Amazônia: 
reflexões sobre raça, etnia,
saúde mental e educação
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Pós-Graduação e Ação Conjunta
A pós-graduação hoje, no país, passa por um momento de 
desafio. Traduzir todo um esforço de trabalho científico em publica-
ções de qualidade e com impacto é uma atividade de enfrentamen-
to e alta responsabilidade. Não raro que muitos docentes e dis-
centes tenham de dedicar inúmeras horas de suas vidas na labuta 
de revisar dados, coletar amostras e sistematizar procedimentos. 
Trata-se de um ato solidário, por fim.
Outrossim, temos certeza que é a partir do apoio con-
junto, das atividades em grupo e das perspectivas coletivas que 
estamos avançando na seara do trato responsável com a pesquisa 
de qualidade em nosso país. Esperamos, com isso, contribuir para 
a produção de ciência e a formação de quadros profissionais de 
ampla competência.
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C371t CRUZ T, S,
C148m - CALEGARE, Marcelo
A319r - ALBUQUERQUE, Renan
Processos psicossociais na Amazônia: reflexões sobre raça, etnia, 
saúde mental e educação, Marcelo Calegare e Renan Albuquerque 
- organizadores, Alexa Cultural: São Paulo, 2018
14x21cm - 316 páginas
ISBN - 978-85-5467-053-5
1. Antropologia - 2. Psicologia Social - 3. Sociologia - 4. Com-
portamento - I. Índice - II Bibliografia 
 ‘ CDD - 300
Índices para catálogo sistemático:
Psicologia Social
Sociologia
Antropologia
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Direção
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Nathasha Amaro Langermans
Editor
Karel Langermans
Capa
K Langer
Revisão Técnica
Michel Justamend e Renan Albuquerque
Editoração Eletrônica
Alexa Cultural
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
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Racismo, reconhecimento 
social e os efeitos psicossociais
Carlos Vinicius Gomes Melo
Alessandro de Oliveira dos Santos
Introdução
Este texto explora a noção do reconhecimento social de 
Honneth (2015), apresentando suas dimensões (afetivas primá-
rias, do direito e da solidariedade) para a constituição da identi-
dade e integridade humana, a associação entre o desrespeito a es-
tas dimensões e os efeitos psicossociais produzidos pelo racismo 
(preconceito, discriminação e humilhação social). Ao final, o texto 
expõe os benefícios e limitações do uso desta noção para a com-
preensão das relações étnico-raciais brasileiras.
Entendido como um sistema de crenças e de imposição 
de valores e ideologias, o racismo limita e exclui pessoas e grupos 
de acordo com seu pertencimento étnico-racial ao acesso a recur-
sos da sociedade, status e liberdades civis. Ele caracteriza-se por 
ser dinâmico, adaptativo e como uma permanente constelação de 
pensamentos regidos por sistemas de crenças estereotipadas, que 
conduzem a atitudes afetivas e, por sua vez, a comportamentos dis-
criminatórios (BHUI, 2002; CLARK et al., 1999; LIMA; VALA, 2004). 
O racismo pode ser institucional, por induzir, manter e 
condicionar a organização e a ação do Estado, das políticas públi-
cas ou de instituições privadas, produzindo e reproduzindo uma 
hierarquia que garante a exclusão seletiva de grupos conforme seu 
pertencimento étnico-racial. Além disso, garante a produção de ri-
quezas para determinados grupos da sociedade, ao mesmo tempo 
em que ajuda a manter a fragmentação social e a desigualdade em 
outros grupos (GELEDÉS, 2013; LÓPES, 2012). 
O racismo também pode ser ambiental, observado atra-
vés da privatização de territórios, contaminação de solo por resí-
duos tóxicos e exploração desenfreada de recursos naturais, assim 
como pelo desmatamento de flora nativa, em função de megaem-
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preendimentos da monocultura e de grandes obras de infraestru-
tura, como construção de hidrelétricas, que interferem nos cursos 
dos rios e contaminam lençóis freáticos. Fala-se de racismo am-
biental quando tais impactos ambientais causam danos irreversí-
veis na vida de povos indígenas, de remanescentes de quilombos, 
ciganos e de outras populações tradicionais. No ambiente urbano, 
o racismo ambiental se apresenta através da luta de classes, pela 
violência urbana e pobreza que estão concentradas em uma topo-
grafia territorial periférica marginalizada (PACHECO, 2008). Estas 
diferenças territoriais são caracterizadas por aglomerados de po-
pulações não brancas que vivem em condições comparativamente 
reduzidas de direitos, com relação a saneamento, acesso à água 
potável, coleta de lixo, equipamentos urbanos adequados, incluin-
do escolas e postos de saúde, e que estão mais sujeitas a riscos de 
deslizamentos ou de contaminação química, dentre outros índices. 
Na esteira deste entendimento, A. Santos et al. (2016) defendem 
que a noção de racismo ambiental pode ser ampliada para todos 
os grupos de pertencimento étnico-racial do planeta que vivem em 
situação de desigualdade no acesso aos recursos naturais e de ex-
posição a diferentes formas de risco ambiental nas áreas em que 
vivem.
No Brasil, o racismo está estruturado no quadro insti-
tucional das organizações e das interações entre grupos sociais, 
que decorrem do processo de colonização. No entanto, enquanto o 
racismo e sua herança na estrutura social escravagista podem ser 
historiograficamente compreendidos como os principais deter-
minantes das desigualdades brasileiras, no senso comum, o mito 
da democracia racial é tomado como crença, escamoteando essas 
desigualdades e suas causas. Em contextos onde há a manifesta-
ção sutil e quase imperceptível do racismo, as situações flagrantes 
de ofensas são pouco inteligíveis no âmbito das relações interpes-
soais. Porém, quando são feitas leituras institucionais ou análises 
demográficas, a raça-etnia é um determinante das disparidades 
sociais encontradas, como por exemplo, nos indicadores sobre vio-
lência, sobre acesso a educação, sobre renda familiar e distribuição 
de riquezas, dentre outros fatores.
Lima e Vala (2004) classificam o racismo brasileiro como 
cordial ou sutil, caracterizado por uma polidez superficial que re-
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veste atitudes afetivas e cognitivas negativas e comportamentos 
discriminatórios. Suas atitudes e comportamentos se expressam 
nas relações sociais e interpessoais através de piadas, ditos po-
pulares e brincadeiras de cunho racial com efeitos psicossociais 
sobre a pessoa alvo do racismo. Diferente do racismo clássico, 
abertamente manifestado e observado na forma de preconceito 
flagrante, no racismo indireto não há diretamente os elementos de 
discriminação, de cerceamento de direitos ou de naturalização das 
diferenças (LIMA; VALA, 2004; PETTIGREW; MEERTENS, 1995; 
SANTOS, W. et al., 2006).
Esta feição do racismo característico no Brasil o torna 
uma equação potente na manutenção e ampliação da desigualda-
de social. Tal característica quase ininteligível na manifestação do 
preconceito e discriminação racial estabelece as relações de po-
der no quadro institucional de interações entre grupos sociais. Tal 
quadro de relações remete, espacial e temporalmente, aos domí-
nios da vida social, política, econômica, familiar, intelectual, que, 
por sua vez, influencia diretamente nas constituições de identida-
des, relações interpessoais e reconhecimento social.
O reconhecimento e o não reconhecimento social, indivi-
dual e coletivo,no Brasil sofrem interferência do racismo que, con-
sequentemente, produz efeitos psicossociais em função das viola-
ções, desrespeitos e sentimento de rebaixamento. Produzir esta 
linha de raciocínio auxilia o entendimento sobre os sofrimentos 
causados pelo não reconhecimento social nas relações étnico-ra-
ciais, impactando socialmente nas relações de confiança, respeito 
e estima e, psicologicamente, na construção de autoconfiança, au-
torrespeito e autoestima.
Noção de reconhecimento social segundo Axel Hon-
neth
Para Honneth (2015), a integridade do ser humano sus-
tenta-se em padrões de reconhecimento, pela constituição das 
identidades do “Eu” através das relações de confiança, de respeito 
e de estima social. Quando tal padrão não ocorre, pode-se observar 
o papel dominante do desrespeito ou de reconhecimento recusado 
no desenvolvimento psicológico de autoconfiança, autorrespeito 
e autoestima daqueles que se veem rebaixados. São os desrespei-
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tos nas instâncias relacionais que expressam de forma injusta o 
impedimento dos sujeitos de sua liberdade de ação, infligindo-lhes 
danos à compreensão positiva de si mesmos adquirida de maneira 
intersubjetiva pela socialização.
Segundo essa perspectiva, o reconhecimento das identi-
dades humanas é constituído através de três diferentes dimensões. 
A primeira diz respeito ao reconhecimento emocional nas relações 
primárias de amor e amizade, a segunda, ao reconhecimento do 
respeito cognitivo do direito comum e inalienável a todos e, a ter-
ceira, à estima social ligada a comunidades de valores e solidarie-
dade (HONNETH, 2015).
Para Honneth (2015), a base das relações sociais de reco-
nhecimento está na primeira dimensão, o nível de reconhecimento 
que seria estruturante para a autoconfiança e para a identidade 
pessoal, pois estão estabelecidas através das relações primárias 
afetivas de amor e amizade. O caráter de assentimento e encoraja-
mento afetivo está ligado de maneira necessária à existência cor-
poral e é associado ao apego ou ao que os estudiosos de Winnicott1 
descrevem como simbiose pelo estado interno de “ser-um”. A par-
tir do estágio no qual se demonstram sentimentos de estima espe-
cial entre si, implicado na autonomia de desligar-se da dependên-
cia simbiótica, se promoveria, psicologicamente, a autoconfiança 
(HONNETH, 2015). A autoconfiança individual é a base indispen-
sável para a participação autônoma na vida. 
Já a segunda dimensão se refere ao reconhecimento de 
respeito cognitivo do “direito”. Trata-se do reconhecimento deri-
vado da normatização social e da aquisição de direitos e deveres 
junto à esfera social, o qual é representado pela imputabilidade 
moral e alienável do direito comum. Nesta dimensão, há o desen-
volvimento da relação prática do respeito e da autorrelação prática 
de autorrespeito, percebida pela circunstância de que só se pode 
chegar a uma compreensão de si mesmo como portador de direi-
tos positivos com a perspectiva normativa de um “outro generali-
zado”. Tal apropriação se dá pelo reconhecimento dos outros mem-
bros da coletividade como portadores dos mesmos direitos que o 
“eu”. O nível de reconhecimento do direito jurídico ou cognitivo 
1 Donald Winnicott (1986-1971) foi um pediatra e psicanalista inglês referência na área do desenvolvimento 
humano na fase da relação simbiótica mãe-bebê pré-edípica, conhecido também pelas noções de “Self 
verdadeiro e Self falso” e “Objeto de transição”.
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designaria uma relação de respeito mútuo como sujeitos de direi-
to, intermediado por normas socialmente legitimadas. No entanto, 
estas determinações normativas apenas assumem formas de reco-
nhecimento sob as premissas dos princípios morais universalistas 
(HONNETH, 2015). Eis, sob o julgo de direitos universais, o que 
Raz (2004) afirma como dificuldade de conceber o reconhecimen-
to de si e de outros como formas distintas de viver, especialmente 
se estes estão em relações de iniquidade. 
Raz (2004) concebe o “valor” como um laço comum da 
humanidade e a esperança na crença da universalidade, vital para 
a perspectiva de esperança no futuro. Entretanto, essa perspecti-
va valorativa deve admitir a diversidade no interior da universa-
lidade, percebendo os seus limites. Com isso, há a necessidade de 
compreender e conciliar a crença na universalidade com as parcia-
lidades advindas da diversidade real dos valores, fruto das expe-
riências vividas.
O respeito e o autorrespeito são para a relação jurídica o 
que a confiança e a autoconfiança são para a relação primária amo-
rosa. Isto sugere que, da mesma forma que o “amor” pode ser con-
cebido como a expressão de confiança em uma dedicação afetiva, 
os “direitos” podem ser concebidos como significado do respeito 
social (HONNETH, 2015). 
A terceira e última dimensão, resultante das duas primei-
ras formas de reconhecimento trazidas por Honneth (2015), seria 
a do reconhecimento pela estima social que estaria ligada às comu-
nidades de valores e solidariedade. As capacidades e propriedades 
humanas aqui desenvolvidas seriam a individuação e a equaliza-
ção. Ou seja, as relações sociais de estima simétrica ou solidárias 
entre sujeitos individualizados (no sentido de autônomos), mas 
regidos por valores comunitários. Isto significa se reconhecer recí-
proco ao “outro” dessemelhante. Este autorreconhecimento é fun-
damental para a própria constituição, tanto da identidade pessoal 
como também da identidade coletiva e social, à luz de valores que 
tornam esse “outro” significativo para a práxis comum (HONNETH, 
2015). 
A relação solidária, estabelecida entre o si e o “outro”, não 
somente proporciona uma relação de respeito, mas também o in-
teresse afetivo pela particularidade deste outro. Com base neste 
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nível de reconhecimento estabelecido é possível “experienciar” a 
si mesmo neste “outro”, o que vem a ser um fator valioso para a 
estima social. Para Honneth (2015), esta vivência produziria, psi-
cologicamente, além de uma real estima social para com o “outro”, 
uma autorrelação prática de autoestima consigo.
O racismo como desrespeito ao reconhecimento so-
cial 
Como visto, o reconhecimento social da identidade hu-
mana, para Honneth (2015), é constituído sob as dimensões do 
reconhecimento pelas relações afetivas, do reconhecimento pelo 
direito comum a todos e do reconhecimento pela estima social. Po-
rém, quando o reconhecimento é recusado ou desrespeitado, ocor-
re: 1) maus tratos e violações, 2) privação de direitos e exclusão e 
3) degradação pública ou política e ofensas.
 Os maus-tratos e violações resultam do desrespeito no 
nível de reconhecimento na dedicação efetiva de amor e amizade, 
infligindo violações a integridade corporal e física, o que impacta 
psicologicamente nas relações de confiança com o outro e de au-
toconfiança consigo (HONNETH, 2015). O racismo expresso como 
desrespeito ao primeiro nível de reconhecimento pode ser exem-
plificado com os indicadores comparativos de violência de brancos 
e negros.
Ao traçar o mapa da violência, a partir de dados entre os 
anos de 1998 a 2008, destaca-se que o número de vítimas brancas 
diminuiu na ordem de 22,3%, enquanto, entre os negros, o número 
de vítimas de homicídio aumentou o equivalente a 20,2%. O nú-
mero de homicídios de jovens brancos caiu significativamente no 
período de 2002 a 2008, numa queda de 30%. Já entre os jovens 
negros, os homicídios aumentaram em 13%. Com isso, a diferença 
de mortalidade entre brancos e negros cresceu 43%. Com esse di-
ferencial entre brancos e negros, o assassinado de pessoas negras 
se eleva drasticamente, pois em 2002 morriam proporcionalmente 
45,8% mais negros do que brancos, em 2005, esse indicador foi 
para 77,8% e, em 2008, chegou a atingir 127,6% (WAISELFISZ, 
2011). 
Quando o não reconhecimento ocorre na segunda di-
mensão, pela transgressão no respeito ao direito comum a todos 
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e pela imputabilidade moral, o resultado é a privação de direitos 
e exclusão. A violação à integridademoral culminará em morte 
social, pela exclusão, e na consequente incapacidade de formação 
de juízo moral. Tal desrespeito exclui o sujeito da posse de alguns 
direitos e está associado ao sentimento de não ser possuidor do 
mesmo status (igual valor) de um parceiro de interação. O racismo 
se manifesta como recusa a esta segunda dimensão através, por 
exemplo, dos indicadores de acesso e nível educacional, compara-
tivos entre brancos e negros. 
Segundo dados da Universidade Federal da Bahia (UFBA, 
2010), o analfabetismo dentro da população negra (preta e parda) 
é de 22% do seu total, enquanto que na população branca é de 9%. 
No ensino médio essas taxas desiguais também se apresentam, 
pois em 2011, do total de pessoas negras de 15 a 17 anos, 45,3% 
eram estudantes, enquanto que do total de pessoas brancas, com 
esta mesma faixa etária e nível educacional, 60% eram estudantes 
(IBGE, 2012). Quanto ao total de pessoas negras de 18 a 25 anos 
de idade, 7,7% frequentaram o curso superior, enquanto que do 
total de pessoas brancas esta proporção é de 20,3% (IBGE, 2009). 
Já com o ensino superior concluído, em relação à população de 25 
anos de idade ou mais, em 2008, dentre os negros esta proporção é 
de 4,7% do seu total. Em contrapartida, dentre os brancos, 14,7% 
concluíam o ensino superior (IBGE, 2009).
Por último, quando o reconhecimento social não é res-
peitado na terceira dimensão, ou seja, o da estima social da parti-
cipação na esfera pública, ocorre degradação e ofensa. Este des-
respeito à dignidade e à honra produz recusa pública e política, 
degradação cultural e vexação e sentimento de rebaixamento e 
vergonha pública (HONNETH, 2015). Para ele, a recusa pública e 
política seria a negação de participação como um integrante nas 
decisões e transformações políticas dos ambientes públicos. A de-
gradação cultural estaria como uma degradação valorativa de de-
terminados padrões de autorrealizações, ou seja, uma desqualifi-
cação da honra, dignidade e status de uma pessoa pela sua maneira 
de autorrealização no horizonte de sua própria tradição cultural, 
por ser considerada como de menor valor pela forma de vida ou 
modo de crença. E a vexação e sentimento de rebaixamento e a ver-
gonha pública, seria um sentimento que não se refere apenas à ti-
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midez, mas a um conteúdo emocional que consiste em uma espécie 
de rebaixamento do sentimento do próprio valor, vindo a ser um 
sujeito na experiência de recusa de sua ação e com lesões no seu 
ideal de ego. O que em termos psicológicos interfere nas relações 
sociais de estima e de autoestima (HONNETH, 2015). 
O racismo pode ser ilustrado pela degradação pública 
ou política através de dados de sub-representatividade no cenário 
das decisões políticas dos poderes executivos e legislativos, assim 
como no quadro do rendimento socioeconômico, observando-se 
uma situação indiscutivelmente mais favorável aos brancos com-
parado aos negros.
Segundo Sardinha (2014), sobre a representatividade 
política à luz do recorte raça/cor nas eleições de 2014, dos 1.627 
candidatos eleitos, 1.229 se declararam brancos (76%). Dos elei-
tos, 342 eram pardos, 51 eram pretos, três amarelos (de origem 
oriental) e dois indígenas. A lógica das urnas é similar a das em-
presas e repartições públicas, pois quanto mais alto o cargo, me-
nor a chance de uma pessoa de cor de pele não branca ocupá-lo. 
Dos 27 governadores eleitos em 2014, 20 são brancos, não haven-
do nenhum preto, pardo ou indígena. No Congresso, de cada 100 
cadeiras, 80 são ocupadas por políticos que se autodefinem como 
brancos. Dos 540 congressistas eleitos, 81 deputados e cinco sena-
dores se declararam pardos e 22 eleitos deputados se identifica-
ram como pretos (SARDINHA, 2014). 
Quanto à distribuição de renda, em um contexto em que 
o poder de capital e de consumo é reconhecido como “valor” para 
uma estima e aceitação social, segundo o IBGE (2009), entre os 
10% mais pobres no Brasil, 25,4% eram brancos, enquanto 73,7%, 
pretos e pardos. Essa relação se inverte entre o 1% dos mais ricos 
do país, composto por 82,7% de pessoas brancas e 15% de cor de 
pele preta e parda. 
Além da recusa e degradação pública e política obser-
vada pelos dados de representatividade política e distribuição de 
renda, o desrespeito à terceira dimensão de reconhecimento se 
apresenta também pelas ofensas raciais. Embora não seja comum 
pelo perfil oculto do racismo brasileiro, a manifestação ofensiva do 
preconceito também ocorre e com o intuito de rebaixar ou atingir 
a integridade ou a dignidade da pessoa alvo da ofensa.
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Como afirmado por Honneth (2015), o desrespeito ou a 
recusa do reconhecimento geram nas interações sociais a ofensa 
e o rebaixamento público. Estas são caracterizadas pelas ofensas 
manifestadas por alguém contra outro e pelo sentimento de rebai-
xamento deste outro alguém frente às ofensas. Quando revelado 
nas relações étnico-raciais, as ofensas e os sentimentos de rebaixa-
mento e vergonha podem ser observados através dos efeitos psi-
cossociais do racismo, descritos por A. Santos et al. (no prelo). Tais 
efeitos se apresentam pelas situações cotidianas de manifestação 
do preconceito e discriminação, com a finalidade de diminuir ou 
depreciar a integridade da pessoa pelo seu pertencimento étnico
-racial, gerando nesta o sentimento de rebaixamento, vergonha e/
ou humilhação social.
Os efeitos psicossociais do racismo e do não reconhe-
cimento 
A. Santos et al. (no prelo) descrevem os efeitos psicosso-
ciais do racismo a partir da análise psicológica e social sobre os fe-
nômenos do preconceito, da discriminação e da humilhação social. 
Para eles, o sentimento de humilhação é o efeito produzido pela 
condição de ser alvo de atitudes preconceituosas e de comporta-
mentos discriminatórios.
Tanto os privilégios quanto as desvantagens materiais 
e simbólicas herdadas, histórico e geracionalmente, são a base 
estrutural das desigualdades sociais de um grupo sobre outros. 
Comas (1970) afirma que a estratificação social na América teve 
como base a discriminação racial, sendo o preconceito baseado em 
mitos raciais, como o “mito do sangue puro” e o “mito da inferiori-
dade dos mestiços”, a justificativa passional para tal estratificação.
O preconceito se refere a um predicado atitudinal, ou 
seja, a uma predisposição para a ação. Trata-se de uma resposta 
emocional de antipatia, ansiedade, raiva, ressentimento, hosti-
lidade, aversão ou repugnância, com base em um julgamento in-
fundado e não facilmente modificável, podendo ser sentido e/ou 
expresso em relação a um grupo ou a uma pessoa que se supõe 
ser membro desse grupo (ALLPORT, 1979; SANTOS, A. et al., [no 
prelo]; STANGOR, 2009). 
Para Adorno et al. (1965), o preconceito está diretamen-
te relacionado a uma tendência fascista presentes no etnocentris-
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mo, antissemitismo e discriminação política e religiosa, manifes-
tado como autoritarismo e personalidade autoritária. Para eles, o 
autoritarismo, é uma inclinação a colocar-se em situação de domi-
nação e/ou submissão frente a um sujeito de autoridade por con-
formar-se acriticamente às normas. Esta predisposição, segundo 
eles, organiza a personalidade do indivíduo e suas condutas com 
base em ideologias autoritárias da estrutura social. A rigidez ou es-
tereotipia são usadas para manejar um excesso de ansiedade para 
a organização do “ego”, motivado pela necessidade de dar sentido 
ao mundo que o rodeia e pela necessidade de aceitação social. Os 
autores ainda destacam que as personalidades estruturadas com 
traços fascistas têm características neuróticas narcisistas2, trazen-
do como resultado uma tendência ao sadomasoquismo, ou seja, 
tendência por relações que se estabeleçam pela imposição do so-
frimento físico ou moral. 
Para analisar o preconceito, nesta perspectiva, a psico-
dinâmica sobre o indivíduo necessita ser compreendida também 
pela psicodinâmica do grupo, pois as condutas individuais são ex-
plicadas pelas circunstâncias sociaisantecedentes e concomitan-
tes. Para os autores, este fenômeno deve ser entendido analisando-
se a ideologia, a sociedade e a personalidade no mesmo nível, por 
esta última ser um produto social (ADORNO et al., 1965).
Conforme o desencorajamento social de sua demonstra-
ção, as pessoas tentem a inibir ou controlar a expressão de atitu-
des preconceituosas para não serem condenadas pelas convenções 
morais e legais. Pelo gerenciamento desta impressão, as pessoas 
não se afirmam com preconceito, porém, mesmo com essa inibição 
ou controle do preconceito, a atitude preconceituosa perdura, ope-
rando de forma sutil e indireta os comportamentos discriminató-
rios (SANTOS, W. et al., 2006).
Por causa da possibilidade de controle do preconceito, 
Gouveia et al. (2011) afirmam que a maioria dos estudos sobre o 
fenômeno tem como indicadores a correlação com outras variá-
veis. Por exemplo, é possível fazer correlação na investigação sobre 
o preconceito com a Escala de Motivação Interna e Externa para 
Responder Sem Preconceito. Ela é composta por um conjunto de 
afirmações que possibilita mapear as regulações de controle e ini-
2 Para a psicanálise se trata de um estado neurótico profundo, que dificulta ou impossibilita a capacidade 
de empatia para com outras pessoas (STRATTON; HAYES, 2003). 
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bição da expressão do preconceito que são motivados por razões 
externas ou internas. Os esforços de controle por razões externas 
são motivados pela normativa social, pela avaliação negativa de pa-
res e pela desejabilidade social. Já as razões internas são motiva-
das através do autovalor pelo autoconceito e autoimagem, ou seja, 
quando, por exemplo, devido valores pessoais o indivíduo crer ser 
errado usar estereótipos. Segundo os autores, quanto maior for à 
motivação interna para o controle do preconceito, menor será o 
nível de preconceito, já que quando o oposto, maior será o nível de 
preconceito (PALMA; MAROCO, 2009). 
Gouveia et al. (2011) ainda expõe algumas outras medi-
das que contribuem na investigação sobre o preconceito, como por 
exemplo, a escala de fascismo (Adorno et al., 1965), a de adesão a 
valores tradicionais3, de contato social4, dentre outras.
A discriminação, descrito por A. Santos et al. (no prelo) 
como um efeito psicossocial do racismo, cria, mantém ou reforça 
vantagens para alguns grupos e seus membros, à custa de desvan-
tagens para outros grupos/membros. Refere-se à diferenciação 
nas formas de tratamento e de acesso aos bens públicos e priva-
dos e é derivada do estereótipo e do preconceito (ALLPORT, 1979; 
THORNICROFT et al., 2007). Blank, Dabady e Citro (2004) afirmam 
que a maioria dos discursos sobre a presença da discriminação 
(especificamente, sobre a discriminação étnico-racial) a assume 
como um fenômeno que ocorre em um momento e em um proces-
so isolado individualmente. Contudo, para os autores, a discrimi-
nação pode ter efeitos cumulativos de desvantagens e desigual-
dades, tanto individualmente como também pelas gerações. Esta 
definição teórico-conceitual de Blank, Dabady e Citro (2004) sobre 
a discriminação pode ajudar a compreender o caráter cumulativo 
e geracional das desvantagens apresentadas tanto no desrespeito 
ao reconhecimento social pela degradação e ofensa (HONNETH, 
2015), como pela humilhação social (GONÇALVES FILHO, 1998, 
2004, 2005, 2007). 
Por sua vez, humilhação social é um conceito, desen-
volvido por Gonçalves Filho (1998, 2005, 2007), que diz respeito 
3 GOUVEIA, V. V. et al. Correlatos valorativos das motivações para responder sem preconceito. Psicol. 
Reflex. Crit., v. 19, n. 3, p. 422-432, 2006.
4 VASCONCELOS, T. C. et al. Preconceito e intenção em manter contato social: Evidências acerca dos 
valores humanos. Psico-USF, v. 9, p. 147-154. 2004.
- 60 -
ao sentimento de rebaixamento e vergonha pública, ligados a re-
lações de dominação e opressão, que impede o direito à cidadania 
e é capaz de produzir a depreciação da integridade das pessoas 
rebaixadas. A humilhação social ou política é um problema social 
e temporal que abarca vários mediadores, atingindo os indivíduos 
no tempo presente. No entanto, este sentimento ou condição já ha-
via atingido outros indivíduos de sua ancestralidade/ascendência 
familiar, étnico-racial, grupal, de classe, de nação ou de povo. Ainda 
que a humilhação se apresente como um sentimento de uma pes-
soa é um fenômeno eminentemente social, não podendo ser anali-
sado de forma isolada ou individualizada. 
Gonçalves Filho (2004) descreve ainda que a humilhação 
é a angustia fruto dos vários golpes físicos de maus-tratos (violên-
cia material) e dos contínuos golpes morais sob a linguagem de 
inferiorização (violência simbólica), que está associada a um am-
biente político de dominação e que age de forma crônica como sen-
timento de não possuir direitos.
Tal nível de desigualdade política produz exclusão, degra-
dação e invisibilidade pública, que, por sua vez, gera o sofrimento 
combustível para o sentimento de rebaixamento e servilismo a 
uma suposta autoridade. No caso brasileiro, por várias gerações, 
este sofrimento começou por golpes de espoliação e servidão so-
bre nativos, africanos e depois por imigrantes baixo-assalariados, 
através das violações da terra, perda de bens, ofensas contra cren-
ças e ritos, trabalho forçado, dominação nos engenhos e depois nas 
fazendas e fábricas. Assim, o sentimento de rebaixamento se torna 
a moeda de troca na tensa relação entre soberbos e subordinados, 
concretizada nas relações escravocratas entre “senhores” e “escra-
vos”, herança para a atual relação empregatícia entre “patronato” 
e “proletariado”, que se deram, no passado, e ainda se dão, no pre-
sente, sob estratificação étnico-racial (GONÇALVES FIILHO, 2004).
Com base nas definições de Honneth (2015) e de Gonçal-
ves Filho (1998, 2004, 2005, 2007), é possível fazer uma relação 
entre o desrespeito na terceira dimensão do reconhecimento, pela 
degradação e ofensa, e o conceito de humilhação social. Am-
bos se caracterizam pelo sentimento de rebaixamento e vergonha 
pública e são ocasionados pelo não reconhecimento ou pelo seu 
desrespeito. Este sentimento é derivado de privações de direito 
- 61 -
à cidadania, sendo vivenciadas tanto na história pessoal como na 
desvantagem histórica, cumulativa e geracional. 
A. Santos et al. (no prelo) destacam que o racismo é um 
processo que se transforma histórica e contextualmente nas rela-
ções entre indivíduos na vida cotidiana. Estas relações pode ser a 
expressão das formas como Honneth (2015) reflete sobre os reco-
nhecimentos afetivos, do direito comum e da solidariedade ética, 
assim como os desrespeitos por via dos maus-tratos, da privação 
de direitos e exclusão e da degradação e ofensa étnico-racial fruto 
do racismo.
O desrespeito vivenciado pela desigualdade de recursos 
ambientais, materiais, simbólicos e valorativos fazem com que, por 
exemplo, os negros busquem, consciente ou inconscientemente, 
uma identificação com a supremacia racial branca. Disto decorre 
o fenômeno do branqueamento e com este o sentimento de an-
gústia e frustração pelo não autorreconhecimento neste ideal de 
ego branco imposto e incorporado (SANTOS, A. et al., [no prelo]). A 
vulnerabilidade psicológica descrita agora, decorrente do racismo, 
pode se relacionar ao que Honneth (2015) descreve como violação 
às dimensões de reconhecimentos, impossibilitando a constituição 
saudável das autorrelações de autoconfiança, autorrespeito e au-
toestima consigo mesmo.
Assim, de um modo geral, é possível analisar que o ele-
mento afetivo do racismo, vigente no preconceito, está diretamen-
te ligado ao julgamento regido pela atitude de desconfiança e a 
manifestação dos indicadores de violência no homicídio de bran-
cos e negros. Já o elemento comportamental do racismo, relativo 
à discriminação, é orientado pelo desrespeito que se manifesta 
como privação de direitos e exclusão, apresentado nos indicado-
res educacionais comparativos entre brancos e negros. E,por fim, 
o elemento valorativo, exemplificado pelos indicadores de repre-
sentatividade política e de distribuição de renda, se associa ao 
sentimento de rebaixamento ou humilhação que é norteado pela 
degradação e ofensas preconceituosas desferida contra a estima 
de determinados grupos e pessoas.
À guisa de crítica
Em um contexto no qual o racismo opera pelo precon-
ceito sutil e discriminação indireta, o benefício de utilizar a noção 
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de reconhecimento social de Honneth (2015) na leitura sobre as 
violações de direitos vivenciadas nas relações étnico-raciais está 
na capacidade de elucidação do fenômeno dos efeitos psicossociais 
gerados pelo racismo através do processo de socialização no Brasil. 
Assim, as relações sociais e interpessoais se configuram no que é 
ou não é reconhecido socialmente como confiável, respeitado e es-
timado. O assentimento social, promovido através destas relações 
de confiança, respeito e estima, influencia e, consequentemente, 
introjeta-se como identidades, concebendo-se pelos elementos so-
ciais valorativos atribuídos enquanto autoconfiança, autorrespeito 
e autoestima. 
No entanto, atinente à utilização deste referencial da 
Teoria Crítica da Sociedade, há uma possível limitação para enten-
der das relações étnico-raciais brasileiras, em especial, tratando-se 
de experiências de algumas comunidades indígenas. Tal limite se 
apresenta, pois Honneth (2015) concebe o reconhecimento social 
através do desenvolvimento da identidade pela individuação do 
“Eu”. Este, contudo, é um fenômeno questionável quanto à sua uni-
versalidade. 
Essa reflexão surgiu a partir da apresentação do trabalho 
Reconhecimento social e produção de sofrimento: refletindo sobre a 
atuação dos/as psicólogos/as no tema das relações raciais, ocorrido 
no dia 12 de abril de 2017, em Manaus/AM. Uma estudante da Uni-
versidade Federal do Amazonas, de ascendência indígena tukano, 
interpelou sobre a premissa epistemológica da noção do reconhe-
cimento de Axel Honneth utilizada. Ela expõe que para a cultura 
dela e de muitas comunidades indígenas, o aprisionamento do ser 
e um “Eu” individualizado é sinônimo de sofrimento, não sendo 
então um fenômeno aspirado.
Esse questionamento leva a Dumont (1985), quando ele 
afirma que a linguagem de percepção do mundo e de viver nele, 
produto da modernidade, é o que faz o humano moderno ser de-
finido pelo isolamento individual do “Eu”. Ele ainda alega que esta 
configuração de humano direciona toda a força psicológica, orien-
tada pela meritocracia e ética protestante, como estímulo para 
integração das pessoas em uma sociedade hegemônica moderna 
estruturada pela divisão social do trabalho. Elias (1994) destaca 
que este humano singular e multifacetado produto do pressuposto 
- 63 -
estrutural da modernidade, é resultado do longo processo de subs-
tituição de regulação externa pela regulação interna da conduta, 
edificando um tipo humano uniforme e universal, seja na concep-
ção de sua organização afetiva, racional ou valorativa.
Com base na reflexão sobre este “Eu” individual, implíci-
to na noção de reconhecimento social adotada, faz-se necessária 
uma suspeita crítica racional-acadêmica ante a realidade das di-
versas experiências no âmbito das relações étnico-raciais, pois há 
a tendência de apropriação de tais experiências por um conceito, 
através de um juízo sintético e universal da realidade. 
Por ser considerada uma das principais teorias contem-
porâneas sobre o reconhecimento social, esta noção pode ser uti-
lizada como uma qualificada referência clássica da teoria social 
crítica para discutir a linguagem dos direitos de cidadania (COSTA, 
2016). Contudo, a psicologia brasileira também necessita orientar-
se sob uma postura crítica e de comunicação que melhor aproprie 
sua atuação junto às populações assistidas. Os seus cientistas e 
profissionais devem considerar, além das epistemologias clássicas, 
o processo de colonização que moldou a modernização brasileira 
e os efeitos decorrentes das suas relações sociais de desigualda-
de. Como crítica, esta atitude precisa ser de respeito e estima na 
apreensão teórico-conceitual das diversas realidades, sejam elas 
de cosmologias tradicionais ou modernas e suas experiências de 
conceber o mundo, viver nele e construí-lo. 
Assim, recomenda-se para os/as profissionais da psico-
logia compreender o fenômeno do não reconhecimento social e 
do racismo também sob as perspectivas do pós-colonialismo la-
tino-americano e africano, da perspectiva do indigenocentrismo, 
do movimento negro brasileiro, do feminismo negro brasileiro, do 
mulherismo africano e outras que vão além dos entendimentos he-
gemônicos comumente usados pelo método e filosofia acadêmica.
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