Buscar

4 Estudos de Casos em Genética Forense

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DEFINIÇÃO
Exclusão de suspeitos. Identificação positiva. Teste de paternidade com trio completo. Teste de paternidade com duo – mãe ausente – somente suposto pai e filho. Teste de parentesco reverso – na identificação paterna e materna. Discussão de casos extraordinários e históricos.
PROPÓSITO
Imergir no campo da genética forense através das análises de casos de repercussão ocorridos.
Fonte: Motortion Films / Shutterstock
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar casos criminais extraordinários e históricos em genética forense
MÓDULO 2
Descrever casos extraordinários e históricos de paternidade em genética forense
INTRODUÇÃO
O estudo de caso é uma metodologia aplicada que proporciona interatividade no processo de ensino e aprendizagem. A Genética Forense é uma disciplina que se apropria desta metodologia, pois o seu ferramental teórico é completamente voltado às técnicas e aplicações na solução de casos judiciais. Logo, nada melhor do que a análise dos diferentes casos que requerem a Genética Forense para a sua solução, como instrumento da aprendizagem por meio do reconhecimento das técnicas e dos caminhos percorridos por geneticistas forenses até chegarem à solução dos casos.
Fonte: luchschenF / Shutterstock
Neste tema, serão apresentados alguns casos reais e hipotéticos, retratando algo da prática do geneticista forense, exemplos de situações, incluindo casos históricos e extraordinários que ganharam notoriedade dentro da área jurídica e criminal.
Desde o seu primeiro uso na Inglaterra e o seu debut nos Estados Unidos, as análises forenses de DNA seguem capturando a atenção de promotores, advogados de defesa, juízes e jurados, sendo consideradas como o método mais confiável já criado para a identificação humana e o estabelecimento de vínculo genético.
MÓDULO 1
Identificar casos criminais extraordinários e históricos em genética forense
CASOS HISTÓRICOS E EXTRAORDINÁRIOS DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
Na primeira metade da década de 1980, Alec Jeffreys desenvolveu o primeiro teste para identificação humana por DNA através da técnica de Restriction Fragment Length Polymorphism (RFLP), utilizando sondas multilocus capazes de reconhecer mais de uma região no genoma.
Após as aplicações e os testes iniciais no Reino Unido, a tecnologia chegou ao continente americano sob expectativa e desconfiança. Ela seria utilizada para a resolução de casos de maneira confiável?
ALEC JEFFREYS
Geneticista e professor, nascido em 1950, em Oxford, desenvolveu as primeiras técnicas que posteriormente ficaram conhecidas, em seu conjunto, como DNA fingerprinting.
POLIMORFISMO DE COMPRIMENTO DE FRAGMENTOS DE DNA (RFLP)
É obtido através do tratamento do DNA com enzima de restrição; pode ser observado através de uma sequência de passos que tornam a técnica robusta, mas, ao mesmo, tempo trabalhosa.
Fonte: nikdesignt / Shutterstock
CASO Nº 1: O PRIMEIRO USO DA IDENTIFICAÇÃO HUMANA POR DNA NO CAMPO CRIMINAL
Em 21 de novembro de 1983, Lynda Mann, jovem de 15 anos, saiu de casa para visitar um amigo. No entanto, ela não retornou mais, e seu corpo foi encontrado em uma trilha solitária na manhã seguinte.
Um exame post mortem revelou que ela havia sido estuprada e estrangulada. Além disso, uma amostra de sêmen foi recuperada de seu corpo. Infelizmente, qualquer linha de investigação resultante de evidências recuperadas chegou a um beco sem saída e, embora o caso tenha sido deixado em aberto, não havia mais pistas para os investigadores seguirem.
O caso se transformou no que se chama de cold case, isto é, ficou parado, sem solução.
Fonte: anônimo / forensicfiles.fandomLynda Mann
Fonte: anônimo / forensicfiles.fandomDawn Ashworth
Alguns anos depois, em 31 de julho de 1986, outra garota de 15 anos desapareceu, Dawn Ashworth, desta vez enquanto caminhava para casa. Seu exame corporal revelou que a vítima foi estuprada, espancada e estrangulada. O cadáver foi descoberto em uma área arborizada dois dias depois.
O caso anterior de Lynda Mann foi trazido de volta para o centro das atenções quando uma amostra de sêmen foi descoberta no corpo de Dawn. Com novas linhas de investigação e uma midiática onda de interesse, a investigação poderia agora continuar. Inicialmente, a polícia acreditava que o estuprador e assassino fosse Richard Burkland, um rapaz de 17 anos, que parecia ter conhecimento do corpo de Dawn e até admitiu o crime sob interrogatório.
No ano anterior, na Universidade de Leicester, uma nova técnica promissora havia sido desenvolvida por Alec Jeffreys e sua equipe, permitindo que uma única “impressão digital” de DNA fosse produzida a partir de uma amostra de DNA. Ansioso para colocar o novo método em uso, a técnica de impressão digital do DNA foi utilizada, mas apenas para provar que o perfil de DNA de Burkland não correspondia ao das duas amostras de sêmen.
ESTE É UM CASO HISTÓRICO E NOTÁVEL DE EXCLUSÃO, QUANDO O SUSPEITO É INOCENTADO POR PROVA CABAL, ATRAVÉS DA ANÁLISE DE DNA.
Repare que, naquele tipo de investigação usando o DNA das vítimas e do suspeito do crime, houve uma comparação, e o suspeito foi inocentado. Richard Burckland se tornou a primeira pessoa no mundo a ser exonerada de assassinato por meio do uso de perfis de DNA.
Na sequência do caso de Dawn Ashworth, a polícia de Leicestershire e o Serviço de Ciência Forense da Inglaterra se uniram para conduzir um projeto no qual quase cinco mil homens locais foram solicitados a fornecer uma amostra de sangue ou saliva para testes de DNA para comparação com o perfil de DNA do suspeito. Em seis meses, milhares de amostras foram colhidas, mas nenhuma correspondência foi encontrada.
No entanto, uma reviravolta aconteceria, quando Ian Kelly foi ouvido em um bar se gabando de receber um valor em dinheiro para dar uma amostra para o perfil de DNA no lugar de um de seus amigos. Esse amigo era Colin Pitchfork, que foi preso em 19 de setembro de 1987.
Fonte: anônimo / WikipediaColin Pitchfork
Uma amostra de DNA foi colhida e comparada às amostras da cena do crime. A verdade logo veio à tona. Ele admitiu o estupro e o assassinato das duas garotas e continuou explicando seus fetiches, um impulso que logo levou à agressão sexual e, finalmente, a assassinato.
NO CASO APRESENTADO, PUDEMOS OBSERVAR:
Fonte: dinosoft / Shutterstock
Correlação entre crimes (estupro e assassinato das duas jovens, com intrevalo de anos).
Fonte: anônimo / flaticon
Exclusão de suspeito inocente.
Fonte: anônimo / flaticon
Inclusão de um suspeito, posteriormente condenado.
Fonte: VoodooDot / Shutterstock
Primeiro rastreio em massa de um grupo populacional por análise de DNA.
CASO Nº 2: O PRIMEIRO GRANDE DESAFIO DO DNA EM UM TRIBUNAL NOS ESTADOS UNIDOS: O POVO CONTRA CASTRO
Em 1987, J. Castro havia sido acusado de assassinar sua vizinha e a filha dela de dois anos, no Bronx, em Nova York.
QUAL ERA A PRINCIPAL EVIDÊNCIA NO CASO?
Fonte: samui / Shutterstock
O laboratório responsável fez a análise e concluiu que a frequência dos alelos identificados de Castro seria de um em 100 milhões. O proeminente Dr. Richard Roberts, colega do famoso James Watson, codescobridor da estrutura dupla-hélice da molécula de DNA, testemunhou na qualidade de expert do Estado. A defesa convidou outro ilustre cientista, Eric Lander, que, posteriormente, passou a liderar o Projeto Genoma Humano para desafiar os critérios de correspondência usados no exame.
Após longa e acalorada batalha judicial, o tribunal excluiu as evidências de DNA. Em momento posterior, Castro se declarou culpado, mas recebeu pena menor do que a que teria recebido se a evidência do DNA fosse originalmente aceita. Naquele período, o uso do DNA em casos judiciais, considerado grande avanço da ciência, passou a ser visto com certo ceticismo por alguns.
Fonte: anônimo / WikipediaEric Lander
JAMES DEWEY WATSON
Biologista molecular que, em 1953, foi coautor, com Francis Crick, de uma publicação histórica propondo a estrutura de dupla-hélice para a molécula de DNA.
VALE RESSALTAR QUE A DECISÃO SE BASEOU EM UM ASPECTO TÉCNICO SOMENTE, E NÃO NA TÉCNICA EM SI. ESTE FOI O PRIMEIRODESAFIO JUDICIAL SIGNIFICATIVO AOS TESTES DE DNA, COM A SUA INTRODUÇÃO NOS TRIBUNAIS, JÁ QUE ANTES NÃO HOUVE CASO DE SIGNIFICATIVA CONTESTAÇÃO.
Em 1989, no curso deste caso, o tribunal determinou que “a teoria e a prática de identificação de DNA são geralmente aceitas pela comunidade científica”. O tribunal determinou que os testes de DNA poderiam ser conduzidos e permitidos como evidência, desde que mostrassem que o sangue no relógio não era dele, mas os testes não podiam ser conduzidos para mostrar que o sangue pertencia a uma das vítimas.
A introdução das técnicas para identificação humana por análise de DNA nos tribunais de países como os Estados Unidos da América foi cercada de desconfiança por significativa parcela da comunidade científica e dos operadores do Direito. Esta objeção se deveu, em parte, à inexistência de regras definidas e padronizadas para os laboratórios envolvidos nestes exames. Este período de crítica contribuiu para o estabelecimento de rígidos critérios para os serviços prestados.
Fonte: Connect world / Shutterstock
Após este caso, o uso forense dos testes de DNA sofreu um revés final. Em 1992, o Conselho Nacional de Pesquisa da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos emitiu um relatório que endossava fortemente a tecnologia do DNA, mas que também criou uma confusão considerável na área de probabilidade de correspondência. A solução proposta criou uma tempestade na comunidade de DNA forense.
O FBI (liderado pelo cientista forense Bruce Budowle) e a maioria dos geneticistas da população atacaram o conceito como pura política e má ciência. O resultado foi um segundo relatório (NRC 2, de 1996). As bases para um relatório tão favorável foram estabelecidas em um artigo da edição de 27 de outubro de 1994 da revista Nature, em coautoria de Bruce Budowle e Eric Lander
PROBABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
Análise estatística que visa esclarecer a correspondência entre uma pessoa e uma amostra.
NESTE CASO, FOI POSSÍVEL OBSERVAR UM EXEMPLO DE CONTESTAÇÃO DE EXAME DE DNA.
CASO Nº 3: O ESTADO VERSUS ANDREWS – ESTADOS UNIDOS
Em um dos primeiros usos do DNA em um caso criminal nos Estados Unidos, em novembro de 1987, o tribunal Orange County, Flórida, condenou Tommy Lee Andrews por estupro após testes genéticos corresponderem ao seu DNA quando comparados a uma amostra de sangue com vestígios de sêmen encontrados em uma vítima de estupro.
Neste caso, uma mulher acordou, durante o mês de fevereiro de 1987, com um homem saltando sobre ela portando um objeto cortante. A vítima recebeu vários cortes em seu rosto, pescoço, suas pernas e seus pés. O criminoso a violentou e fugiu, não podendo a vítima reconhecer o seu agressor. Ao ser condenado, a defesa de Andrews apelou, tentando invalidar a análise de DNA, o que foi negado. Andrews foi, então, o primeiro condenado com base na análise de DNA nos Estados Unidos da América.
Fonte: anônimo / forensicfiles.fandomTommy Lee Andrews.
NA APRESENTAÇÃO DO CASO 3, TIVEMOS O RELATO DO USO DO DNA EM UMA SITUAÇÃO DE CRIME SEXUAL, SENDO O PRIMEIRO USO FORA DA EUROPA.
Fonte: Fer Gregory / ShutterstockCadeira elétrica
CASO Nº 4: PRIMEIRO CASO DE CONDENADO NO CORREDOR DA MORTE CUJA CONDENAÇÃO FOI REVOGADA USANDO O DNA
Em 1992, quando a ciência do teste forense de DNA estava em seus primórdios, Bloodsworth foi condenado à morte por estupro e assassinato de uma menina no estado de Maryland, nos Estados Unidos. Ele ganhou sua liberdade depois de fazer um teste de DNA, para comparar com as amostras coletadas de sêmen das roupas intimas da menina. Não houve coincidência nos perfis. O estado de Maryland (EUA) o libertou e pagou US$ 300.000 por prisão indevida.
 SAIBA MAIS
O Projeto Inocência (Innocence Project) é uma organização sem fins lucrativos, comprometida em exonerar indivíduos que alegam terem sido condenados injustamente por meio do uso de testes de DNA e em reformar o sistema de justiça criminal para evitar futuras injustiças. O Innocence Project Brasil, organização sem fins lucrativos, trabalha para reverter condenações de pessoas inocentes no Brasil.
CASO Nº 5: O PRIMEIRO USO DE DNA DE PLANTA EM UM JULGAMENTO POR ASSASSINATO
Em uma manhã de domingo, em maio de 1992, um menino andando de bicicleta se deparou com o corpo nu de uma mulher, deitada de bruços, no mato, perto de um conjunto de árvores. A vítima fora estrangulada até a morte. Nas proximidades, um homem reportou que tinha visto um caminhão branco sair da área apressadamente mais cedo, naquela manhã.
A polícia encontrou um aparelho pager a alguns metros do corpo. Foi registrado por Earl Bogan, mas usado principalmente por seu filho, Mark, que dirigia uma caminhonete branca e morava a aproximadamente 20 minutos da cena do crime. Na carroceria do caminhão, a polícia encontrou duas vagens de uma árvore da região onde o corpo foi localizado. Ainda outras evidências sugeriram que Mark Bogan era o culpado. O suspeito sustentou que uma carona feminina “roubou” o pager do caminhão e fugiu. Ele negou ter estado na área onde o corpo foi encontrado.
Fonte: Atomazul / Shutterstock
Um detetive observou que uma das árvores da área ̶ mais tarde designada como [PV-30] ̶ havia sofrido uma lesão recente em um de seus galhos inferiores. Ele entrou em contato com Timothy Helentjaris, professor de genética molecular da Universidade do Arizona, que comparou o DNA das vagens encontradas no caminhão com o DNA das vagens das árvores de Palo Verde, na cena do crime. Ele também analisou o DNA de outras vagens de Palo Verde coletadas em vários locais do condado e concluiu que as vagens encontradas no caminhão eram originárias de [PV-30].
Ao apelar da resultante condenação por assassinato, Bogan argumentou que o testemunho do professor deveria ter sido excluído. Helentjaris testemunhou no julgamento que as amostras da carroceria “combinavam completamente com [PV-30]”, que ele se sentia “bastante confiante ao concluir que essas duas amostras (...) provavelmente vieram de [PV-30]”, e que ele estava “bastante confortável” ao concluir que o DNA do [PV-30] seria distinguível do de “qualquer árvore que pudesse ser fornecida” a ele. O professor também defendeu que cientistas forenses costumam testemunhar sobre “correspondências” em cabelos, impressões digitais e outros itens sem fornecer estatísticas, e que não houve discordância sobre a aceitação geral das técnicas de laboratório usadas para determinar a “correspondência” de DNA. Assim, o tribunal de apelações confirmou a condenação.
NESTE CASO, FOI APRESENTADA A TIPAGEM DE DNA DE PLANTA COMO FERRAMENTA INVESTIGATIVA.
VOCÊ SABIA
Além de plantas, insetos também são importantes nas análises forenses envolvendo DNA. Na determinação da idade de decomposição de um corpo, identificar a espécie de inseto é um passo importante para estimar a idade das larvas. A análise de DNA também pode ser usada para este fim em uma perícia criminal (CHEN et al., 2004).
CASO Nº 6 – DOIS CASOS RESOLVIDOS COM O APOIO DE BANCO DE DADOS DE DNA PARA GENEALOGIA
No primeiro caso, investigadores da Califórnia carregaram o perfil de um kit de coleta de estupro referente ao caso conhecido como Golden State Killer em um banco de dados de DNA usado para genealogia. Neste caso, foi identificado um assassino e estuprador em série, com dezenas de casos de abuso sexual atribuídos entre 1974 e 1986.
Na pesquisa, foram identificados alguns parentes distantes e, com apoio de uma especialista, a árvore genealógica do criminoso foi reconstituída, permitindo a identificação do suspeito, um ex-policial chamado Joseph James DeAngelo (JOUVENAL, 2018).
Fonte: anônimo / forensicfiles.fandomJoseph James DeAngelo.
Outro caso de repercussão solucionado de forma semelhante, ainda em 2018, foi o “NorCal Rapist”, notabilizado por diversos casos de abuso sexual entre 1991 e 2006 em diferentes condados. Isto se deu após uma amostra de DNA das cenas de crime apresentarem compatibilidade com um parente no GEDmatch (banco de dados genômicos e de genealogia, de fonte aberta via website, que possui base na Flórida) (COLLMAN,2019).
 SAIBA MAIS
Atualmente, diversas empresas oferecem testes envolvendo a análise pessoal de ancestralidade com orientação profissional. Estes testes se baseiam nos princípios de hereditariedade, em que cada indivíduo, com seus 46 cromossomos (considerando uma pessoa sem alterações cromossômicas numéricas), herda ½ (50%) do seu código genético de cada progenitor, no que diz respeito ao material encontrado no núcleo (além deste material, há também o DNA mitocondrial). Assim, o parentesco genético entre dois seres humanos pode ser medido através da frequência e do tamanho de sequências de DNA idênticos que compartilham, herdados de um ancestral comum a ambos. Na realização do exame, o indivíduo pode autorizar que seus dados genéticos passem a fazer parte de bancos de dados, os quais são usados para que pessoas que futuramente façam o exame possam ter seu DNA comparado aos dados alojados no banco de dados.
CASO Nº 7 – O USO DE Y-STR NA RESOLUÇÃO DE CASO CRIMINAL
Os marcadores STR específicos para o cromossomo são amplamente usados em casos forenses, especialmente em situações de agressão sexual. Foi registrado um caso de estupro, em que cinco suspeitos foram investigados. Os resultados estão parcialmente reproduzidos na Tabela 1, a seguir.
MARCADORES STR (SHORT TANDEM REPEATS)
Trata-se de sequências que apresentam repetições com unidade básica de 2-7 pares de base e o polimorfismo fundamentado no número de repetições. Devido ao pequeno tamanho, geralmente menor que 350 pares de base, alelos STR podem ser analisados após amplificação pela técnica PCR.
	Y-STR
	EVIDÊNCIA 1
	EVIDÊNCIA 2
	S1
	S2
	S3
	S4
	S5
	DYS576
	16
	16
	20
	16
	16
	16
	20
	DYS389I
	13
	13
	13
	13
	13
	13
	13
	DYS448
	21
	21
	20
	21
	21
	21
	20
	DYS389II
	29
	29
	31
	29
	29
	29
	29
	DYSI9
	15
	15
	16
	15
	15
	15
	15
	DYS391
	10
	10
	10
	10
	10
	10
	12
	DYS481
	22
	22
	22
	22
	22
	22
	23
	DYS549
	12
	12
	12
	12
	13
	13
	11
	DYS533
	12
	12
	12
	12
	12
	12
	12
	DYS438
	9
	9
	11
	9
	9
	9
	11
	DYS437
	15
	15
	14
	15
	15
	15
	15
	DYS570
	19
	19
	19
	19
	18
	16
	21
	DYS635
	21
	21
	23
	21
	22
	22
	23
Tabela 1 – Resultados parciais (análise de Y-STR), caso 7. Evidência 1 – roupa íntima da vítima; evidência 2 – raspado vaginal da vítima; S1 a S5, suspeitos 1 a 5. Os trechos marcados destacam as exclusões observadas.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Com base nos achados acima, o suspeito S2 foi incluído, e os demais, excluídos.
RESUMINDO
A natureza haploide e a diversidade genética de parte do cromossomo Y são muito úteis na determinação de parentesco e identificações de misturas com componentes masculino e feminino.
RESUMO TEMPORAL
De forma resumida, veja os eventos que marcaram a genética forense:
Década de 80
Alec Jeffreys desenvolveu o primeiro teste para identificação humana por DNA através da técnica de Restriction Fragment Length Polymorphism (RFLP).
1983
Amostra de sêmen encontrada no corpo de Lynda Mann.
1985
Alec Jeffreys e sua equipe desenvolvem uma nova técnica que permitia que uma única “impressão digital” de DNA fosse produzida a partir de uma amostra de DNA.
1986
Amostra de sêmen encontrada no corpo de Dawn Ashworth.
1987
Prisão de Colin Pitchfork, assassino de Lynda Mann e Dawn Ashworth, com base no resultado dos testes realizados com as amostras encontradas nas duas vítimas.
Condenação de Tommy Lee Andrews por estupro em outro caso após testes genéticos corresponderem ao seu DNA.
1989
O tribunal determinou que os testes de DNA poderiam ser conduzidos e permitidos como evidência no caso "o povo contra Castro", desde que mostrassem que o sangue encontrado no relógio do réu não era dele.
1992
O Conselho Nacional de Pesquisa da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos emitiu um relatório endossando fortemente a tecnologia do DNA.
Bloodsworth é condenado à morte por estupro e assassinato e, posteriormente, absolvido graças ao resultado de um teste de DNA, que não encontrou correspondência entre as amostras encontradas nas roupas da vítima e o DNA de Bloodsworth.
É realizado o primeiro teste de DNA de planta em um julgamento de assassinato, levando à condenação de Mark Bogan.
2018
O uso de banco de dados de DNA para genealogia permite a identificação de Joseph James DeAngelo como suspeito de uma série de estupros ocorridos entre 1974 e 1986.
CASO HIPOTÉTICO DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
A partir deste ponto, apresentaremos um caso hipotético de identificação criminal (MELGAÇO et al., 2007).
CASO HIPOTÉTICO
Violência sexual contra mulher com vestígios de sêmen detectados no raspado vaginal coletado da vítima.
RESUMO DO CASO
O laudo: o documento em que a análise do material genético é apresentada informa a comparação de marcadores genéticos STR (regiões curtas repetidas  in tandem) presentes nas seguintes amostras:
Fonte: adriaticfoto /shutterstock
EVIDÊNCIA BIOLOGICA (E)
Esfregaço vaginal coletado da vítima.
Fonte: angellodeco /shutterstock
AMOSTRAS REFERÊNCIA
Amostras biológicas (sangue) cedidas pela vítima (V) e pelo principal suspeito (S1).
Os extratos de DNA das amostras foram submetidos à amplificação por PCR com primers para marcadores STR. De acordo com o laudo, os alelos encontrados foram visualizados com auxílio de fluorescência, e a razão de verossimilhança foi determinada, não excluindo (S1) como doador das células espermáticas encontradas na evidência biológica. Os resultados são parcialmente apresentados na Tabela 2
REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR)
A PCR é um método in vitro que sintetiza sequências específicas de DNA. Esta reação utiliza um DNA que é usado como "molde" (template em inglês) e primers, que são oligonucleotídeos (pequenas sequências que complementam o DNA), que hibridam com o molde de DNA para que a molécula seja copiada. A cópia do molde é catalisada pela enzima Taq polimerase. Uma série de ciclos repetitivos faz com que o molde seja separado em suas hemi-hélices, os primers hibridem com o molde, a polimerase catalise a ligação de nucleotídeos para formar uma nova cópia da região de interesse do DNA. Como cada cópia produzida em um ciclo pode servir de molde no próximo ciclo, a cópia do DNA ocorre de forma exponencial. Em aproximadamente 20 ciclos, a concentração de DNA aumenta aproximadamente um milhão de vezes.
	Locus (região analisada)
	Vítima (V)
	Evidência (E)
	Suspeito (S1)
	Observações
	TPOX
	8, 10
	8, 10
	8, 10
	Há coincidência entre o perfil alélico nas três amostras (alelos 8 e 10). Sugestão: observar a intensidade dos picos no eletroferograma para entender os componentes da possível mistura na evidência. Questão a resolver: a amostra E é uma mistura?
	F13A01
	6, 13
	6, 6
	6, 6
	O alelo 13 presente na amostra de V não é verificado no preparado advindo do esfregaço vaginal. Isto pode decorrer do fenômeno conhecido como amplificação diferencial.
NOTA: a amplificação diferencial é um artefato que se caracteriza pela diferença na eficácia de amplificação entre dois alelos (GILL et al, 1997). Problemas no curso dos processos de amplificação e detecção de alelos invalidam o uso deste locus, pois não se pode determinar com absoluta precisão se o material das células espermáticas foi amplificado.
	D13S317
	8, 13
	8, 12, 13
	12, 12
	A determinação dos picos de intensidade das bandas se faz necessária para definir os componentes principal e secundário na mistura e eliminar a hipótese de o alelo 12 encontrado no esfregaço vaginal ser um stutter band (banda fantasma) relativo ao alelo 13 proveniente do DNA de V.
 Tabela 2. Resultados e observações
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
STUTTER BAND
São bandas extras geradas pelo deslizamento da enzima TAQ POLIMERASE, que apresentam uma unidade de repetição a menos que a verdadeira (GILL et al, 1997). Vale ressaltar que tal artefato de técnica é comum nas reações do tipo MULTIPLEX utilizadas.
Amostras parcialmente degradadas podem proporcionar, por exemplo, a amplificação preferencial de alelos e o surgimento das bandas fantasmas (stutterbands). Estas últimas ocorrem em virtude de falhas no processo que geram bandas com uma unidade de repetição a menos que a do alelo original. Deste modo, pode-se equivocadamente interpretar o resultado como um falso heterozigoto ou identificar um alelo erroneamente.
O uso de reações MULTIPLEX empregando corantes fluorescentes associado à detecção automatizada para determinação de alelos STR pela técnica da PCR fornece não só informação qualitativa dos alelos presentes na amostra (tipagem), mas também informação quantitativa referente às intensidades relativas das bandas. Como consequência, isto possibilita aferir a quantidade de DNA amplificado (CLAYTON et al, 1998).
ATENÇÃO
Para a aplicação das análises de DNA na área criminal, geralmente o propósito é testar a hipótese de que uma pessoa é a fonte doadora de uma evidência (amostra biológica). Entre os resultados possíveis desta pesquisa, temos a exclusão, quando se comprova que as amostras possuem origens diferentes; inclusão, quando se observa similaridades e não se pôde concluir exclusão, e, ainda, achados inconclusivos, em que não se concluiu se a hipótese é ou não verdadeira.
OUTROS CASOS CRIMINAIS
Neste vídeo, veremos outros dois casos criminais extraordinários de grande repercussão.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. CONSIDERADO O FUNDADOR DA ÁREA INTERNACIONALMENTE CONHECIDA COMO DNA FINGERPRINTING, O PESQUISADOR QUE COMANDOU O DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS MOLECULARES PARA A IDENTIFICAÇÃO HUMANA POR DNA É:
Francis Crick.
James Watson.
Alec Jeffreys.
Francis Collins.
Parte inferior do formulário
Parte superior do formulário
2. 2. NA REAÇÃO DA PCR (REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE), FREQUENTEMENTE EMPREGADA EM LABORATÓRIOS DE GENÉTICA FORENSE, PODE OCORRER O FENÔMENO CHAMADO AMPLIFICAÇÃO DIFERENCIAL. A RESPEITO DESSE FENÔMENO, PODE-SE AFIRMAR
É um artefato caracterizado pela diferença na eficácia de amplificação entre dois alelos em dado locus.
É um artefato em que se observa a duplicação dos alelos tipados.
É um recurso para otimizar a tipagem de alguns marcadores.
É uma fase da PCR.
Parte inferior do formulário
GABARITO
1. Considerado o fundador da área internacionalmente conhecida como DNA Fingerprinting, o pesquisador que comandou o desenvolvimento de ferramentas moleculares para a identificação humana por DNA é:
A alternativa "C " está correta.
Na primeira metade da década de 1980, Alec Jeffreys desenvolveu o primeiro teste para identificação humana por DNA, através da técnica de RFLP.
2. 2. Na reação da PCR (reação em cadeia da polimerase), frequentemente empregada em laboratórios de genética forense, pode ocorrer o fenômeno chamado amplificação diferencial. A respeito desse fenômeno, pode-se afirmar
A alternativa "A " está correta.
A amplificação diferencial pode ser definida como a diferença no grau de amplificação de alelos dentro de um sistema coamplificado, ou seja, neste caso, observa-se a variação no padrão ou na intensidade dos alelos, o que deve ser criteriosamente observado polo analisador responsável. Embora este artefato seja importante, ele não provoca a duplicação de alelos.
MÓDULO 2
Descrever casos extraordinários e históricos de paternidade em genética forense
TESTES DE DNA
Ao longo do tempo, diferentes técnicas têm sido criadas e aplicadas para a identificação de cada indivíduo.
Fonte: Marina Sun / shutterstock
FÓRMULA MATEMÁTICA
No século XIX, foi criada uma fórmula matemática que agrupava medidas de partes do corpo da pessoa, resultando em um número único e exclusivo. Lógico que isso caiu logo em desuso.
Fonte: Iaremenko Sergii / shutterstock
IMPRESSÃO DIGITAL
Ainda no século XIX, em 1880, a impressão digital foi apresentada como método único de identificação individual. Ela é empregada até hoje como forma de identificação, inclusive de gêmeos univitelinos.
Fonte: Billion Photos / shutterstock
ESTRUTURA DO DNA
Porém, foi a descoberta da estrutura do DNA e a sua aplicação para identificação de pessoas que trouxe contribuição efetiva na esfera criminal e de paternidade, no âmbito familiar. Com os exames de DNA, é possível confirmar ou refutar a paternidade de qualquer indivíduo, bastando, para isso, que amostras sejam fornecidas dos supostos: pai, filho e mãe.
Neste módulo, vamos observar como os testes de DNA começaram a contribuir em casos de investigação de paternidade e de outros vínculos genéticos.
CASO Nº 1: PRIMEIRO USO DO DNA FINGERPRINTING – A SUA ESTREIA FOI EM UM CASO DE IMIGRAÇÃO
Em artigo publicado na Revista Nature, no ano de 1985, Jeffreys e colaboradores descreveram o uso de regiões minissatélites no DNA humano com potencial para uso na identificação pessoal e no estabelecimento de vínculo familiar. Segundo a publicação, estas regiões também podem ser usadas para resolver disputas de imigração decorrentes da falta de prova de relações familiares.
O caso refere-se ao jovem chamado Andrew, um garoto de 13 anos nascido na Grã-Bretanha, que havia sido parado no aeroporto de Heathrow, voltando ao Reino Unido depois de uma viagem a Gana para visitar seu pai.
Fonte: anônimo / WikipediaAlec Jeffreys
Fonte: isak55 / ShutterstockDNA FINGERPRINTING.
Na ocorrência, as autoridades de imigração pensaram que seu passaporte havia sido adulterado ou forjado. Para piorar as coisas, Andrew se referiu à Christiana Sarbah, a mulher que supostamente era sua mãe, como tia ̶ um hábito comum em sua cultura ̶ , mesmo que ela fosse genuinamente a mãe dele.
Os funcionários se recusaram a acreditar que Andrew realmente era filho dela e pensaram que ele era um sobrinho tentando entrar ilegalmente no Reino Unido. Na época, havia alguns testes genéticos básicos que podiam dizer se as pessoas eram amplamente relacionadas à mesma família, mas não conseguiam descobrir as relações entre pais e filhos. E, para tornar as coisas ainda mais complicadas, não estava claro quem realmente era o pai do garoto.
Como último esforço, Jeffreys produziu o perfil de DNA de Andrew, de sua mãe e dos três outros filhos que eram definitivamente dela: David, Joyce e Diana. Os resultados foram completamente convincentes: o menino era inegavelmente filho de sua mãe. Os dados foram apresentados ao tribunal de imigração do Ministério do Interior, que recuou imediatamente.
CASO Nº 2: INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE COM SUPOSTO PAI FALECIDO
No ano de 2008, um caso de investigação de paternidade, com suposto pai falecido – análise de restos mortais do de cujus (suposto pai – SP) e possível filha (F). O extrato de DNA foi preparado a partir de amostra de sangue venoso de F e ossada de SP.
Procedeu-se a análise de loci. A enzima de restrição utilizada em todas as preparações foi a Hae III. As corridas eletroforéticas do DNA foram feitas em agarose a 1% e tampão TAE, e as sondas utilizadas foram reconhecidas pelo sistema de quimiluminescência. Todas as análises foram feitas em duplicata.
Fonte: KateStudio / Shutterstock
ENZIMAS DE RESTRIÇÃO
Enzimas que desempenham função de clivagem (corte) da molécula de DNA em pontos específicos, em reconhecimento a determinadas sequências de nucleotídeos.
Foram utilizadas seis sondas polimórficas para a investigação de seis diferentes cromossomos do genoma humano. Os loci examinados foram: D1S7, D2S44, D4S163, D5S110, D6S132 e D7S467 (tabela 3), reconhecidos, respectivamente, com as sondas MS1, YNH24, SLI604, LH1, SLI1090 e SLI989.
	Locus:
do DNA /
SONDA
	F
	SP
	FREQUÊNCIA
%
	ÍNDICE DE
PATERNIDADE
	D1S7 /
MS1
	7,20p
10,52m
	7,20p
3,87
	3,250
	7,69
	D2S44 /
YNH24
	1,59p
1,79m
	1,59p
3,31
	10,960
	2,28
	D4S163 /
SLI604
	3,56p
11,13m
	3,56p
3,75
	6,780
	3,68
	D5S110 /
LHI
	3,11p
3,75m
	3,11p
2,79
	7,100
	3,52
	D6S132 /
SLI1090
	3,26p
2,74m
	3,26p
1,16
	4,610
	5,42
	D7S467 /
SLI989
	3,75p
4,33m
	3,75p
3,24
	3,620
	6,91
	ÍNDICE DE PATERNIDADE ACUMULADO:                                                                        8.506,07
PROBABILIDADE DE PATERNIDADE:                                                                                 99,99%
Tabela 3. Resultado das tipagens genéticas. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Nesse exemplo, foram usados marcadores altamente polimórficos, tendo atingido índice de paternidade de 99,99% a favor da inclusão do SP. Os casos envolvendo análise de DNA obtido a partir de ossos geralmente envolvem desafios técnicos, incluindo material degradado. A escolha dos marcadores adequados também é fundamental para que se obtenha um resultado robusto e consistente.
CASO Nº 3: INVESTIGAÇÃO DE VÍNCULO GENÉTICO (SP FALECIDO)
No ano de 2015, outro caso de paternidade envolvendo suposto pai (SP) falecido foi judicialmente executado, resultando em exclusão. No caso em tela, uma jovem (F) e sua mãe (M) alegavam que um homem (SP), falecido na década anterior, seria o pai de F. Após a autorização judicial, os restos mortais foram exumados e analisados, bem como amostras de raspado bucal de F e M.
Marcadores genéticos utilizados: HUMTPOX, HUMF13B, D13S253, D18S51, D5S818, D21S11, HUMCSF1PO, D3S1358, D16S539, HUMF13A01, HUMvWA, HUMFIBRA/FGA, D13S317, HUMTH01, D7S820 e D13S317. Os resultados são apresentados, parcialmente, na tabela 4.
	LOCUS
	SP
	F
	M
	TPOX
	11/12
	5/8
	5/8
	F13B
	8/9
	8/10
	6/10
	D19S253
	11/12
	7/10
	10/12
	D18S51
	15/17
	12/17
	12/14
	D5S818
	12/13
	11/12
	11/12
	D21S11
	30/30
	30/32.2
	32.2/32.2
	CSF1 PO
	12/12
	10/12
	10/11
	D3S1358
	15/16
	15/16
	15/15
	D16S539
	8/9
	10/13
	10/12
	F13A01
	7/7
	5/7
	5/6
	vWA
	16/16
	16/17
	16/16
	FGA
	21/23
	18/26
	24/26
	D13S317
	11/12
	10/11
	10/12
	T11O1
	6/7
	9/9.3
	7/9
	D7S820
	10/12
	8/10
	7/10
	D13S317
	11/12
	10/11
	10/12
Tabela 4 – Resultado parcial referente às tipagens do caso 2. As regiões destacadas em vermelho indicam os marcadores genéticos nos quais se detectou a exclusão da alegada paternidade.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Dentre os 16 marcadores do genoma analisados, podemos observar, com destaque em vermelho na tabela 4, que, em 7 deles, obrigatoriamente, o SP não apresentou o APO – Alelo Paterno Obrigatório. Este resultado obedece a regra de, no mínimo, três exclusões para certificar que o referido homem não possui o vínculo biológico com F, conforme atribuído a ele no caso.
Fonte illion Photos / Shutterstock
CASO Nº 4: INVESTIGAÇÃO DE VÍNCULO GENÉTICO PARA CONFIRMAR A PATERNIDADE NA AUSÊNCIA DA MÃE
Fonte: Dabarti CGI / Shutterstock
Marcadores genéticos utilizados: 15 marcadores autossômicos e o marcador sexual amelogenina, que é capaz de distinguir os cromossomos X e Y. Os resultados são apresentados na Tabela 5.
	Loci
	Filho (P)
	Suposto pai (SP)
	CSF1PO
	8-10
	10-12
	TPOX
	11-11
	8-8
	TH01
	9-9.3
	6-6
	Vwa
	15-19
	16-18
	D16S539
	9-12
	9-10
	D7S820
	12-12
	11-12
	D13S317
	11-12
	9-13
	D3S1358
	15-18
	15-16
	D8S1179
	12-14
	13-15
	D55818
	11-12
	7-12
	D21S11
	28-30
	28-29
	D18S51
	15-19
	14-17
	D19S433
	13.2-15
	13.2-14
	D2S1338
	21-24
	22-24
	FGA
	23-23
	20-22
	Amelogenina
	XY
	XY
Tabela 5 – Resultados para análise de paternidade envolvendo filho (aqui chamado pela inicial P) e o suposto pai (SP).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
No caso em tela, P e SP possuem o perfil XY, logo o seu sexo biológico é masculino.
CONFORME DESTACADO EM NEGRITO, SETE DOS MARCADORES AUTOSSÔMICOS USADOS NÃO APRESENTARAM COINCIDÊNCIA ENTRE O SP E O ALEGADO FILHO, CARACTERIZANDO RESULTADO DE EXCLUSÃO.
Fonte: Connect world / Shutterstock
OUTROS CASOS DE PATERNIDADE
Neste vídeo, veremos outros dois casos notórios de paternidade em genética forense.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. AO ANALISAR 16 MARCADORES GENÉTICOS EM UM TESTE DE PATERNIDADE, A EXCLUSÃO SERÁ CONSIDERADA SOMENTE QUANDO:
Pelo menos um dos marcadores analisados não apresentar o APO – Alelo Paterno Obrigatório.
Até três marcadores analisados não apresentarem o APO – Alelo Paterno Obrigatório.
Pelo menos três marcadores analisados não apresentarem o APO – Alelo Paterno Obrigatório.
Todos os marcadores analisados não apresentarem o APO – Alelo Paterno Obrigatório.
Parte inferior do formulário
Parte superior do formulário
2. CONSIDERE UM CASO DE ANÁLISE DE PATERNIDADE EM QUE UMA MULHER TENTA PROVAR QUE DETERMINADO HOMEM É SEU PAI, ATRAVÉS DE EXAME DE DNA, EM AUSÊNCIA DE MÃE. APÓS AS COLETAS DE AMOSTRAS E DOS TESTES REALIZADOS COM 11 MARCADORES, O RESULTADO APRESENTADO FOI DE EXCLUSÃO, NÃO SE CONFIRMANDO A PATERNIDADE. OBSERVE A TABELA DE RESULTADOS E IDENTIFIQUE QUAIS OS LOCI QUE CARACTERIZARAM A EXCLUSÃO DE PATERNIDADE:
	LOCI
	SUPOSTO PAI
	FILHA
	TPOX
	10/12
	10/11
	D19S253
	15/15
	15/16
	D18S51
	8/9
	10/13
	D5S818
	11/13
	12/13
	D21S11
	30/30
	30/32.2
	CSF1PO
	17/25
	23/24
	D3S1358
	15/15
	14/15
	D16S539
	8/9
	10/11
	D13S317
	12/12
	10/11
	THO1
	6/8.3
	7/9
	D7S820
	10.2/10.2
	10.2/12
 ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA TABELA UTILIZE A ROLAGEM HORIZONTAL
TPOX; D19S253; D5S818; D21S11; D3S1358
D18S51; CSF1PO; D16S539; D13S317; THO1
TPOX; D19S253; D18S51; D5S818; D21S11
D3S1358; D16S539; D13S317; THO1; D7S820
Parte inferior do formulário
GABARITO
1. Ao analisar 16 marcadores genéticos em um teste de paternidade, a exclusão será considerada somente quando:
A alternativa "C " está correta.
A regra de exclusão diz que são necessárias, no mínimo, três exclusões para certificar que o suposto pai não possui o vínculo biológico com o suposto filho.
2. Considere um caso de análise de paternidade em que uma mulher tenta provar que determinado homem é seu pai, através de exame de DNA, em ausência de mãe. Após as coletas de amostras e dos testes realizados com 11 marcadores, o resultado apresentado foi de exclusão, não se confirmando a paternidade. Observe a tabela de resultados e identifique quais os loci que caracterizaram a exclusão de paternidade:
	LOCI
	SUPOSTO PAI
	FILHA
	TPOX
	10/12
	10/11
	D19S253
	15/15
	15/16
	D18S51
	8/9
	10/13
	D5S818
	11/13
	12/13
	D21S11
	30/30
	30/32.2
	CSF1PO
	17/25
	23/24
	D3S1358
	15/15
	14/15
	D16S539
	8/9
	10/11
	D13S317
	12/12
	10/11
	THO1
	6/8.3
	7/9
	D7S820
	10.2/10.2
	10.2/12
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A alternativa "B " está correta.
Os loci que caracterizam a exclusão são aqueles em que o alelo paterno obrigatório (APO) não ocorre na filha.
CONCLUSÃO
Fonte: Fer Gregory / Shutterstock
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito já foi feito em relação à identificação humana por DNA; logo, o que se esperar então para o futuro? Uma das grandes descobertas do final do século XX, a identificação humana por DNA revolucionou as investigações forenses. A tecnologia original de Alec Jeffreys, publicada na década de 1980, agora vista como obsoleta para uso forense, passou por importantes desenvolvimentos em termos da metodologia básica.
A criação de perfil de DNA agrega forte valor científico à evidência e fortalece, principalmente, a credibilidade do sistema jurídico. Os bancos de dados de DNA e outras ferramentas úteis também agregam valor e aumentam a eficácia. À medida que a técnica se tornava mais sensível, o manuseio, simples e automatizado, e o tratamento estatístico, direto, a identificação de perfis de DNA, ou DNA fingerprints, como o método foi logo chamado, entraram nos laboratórios de rotina forense em todo o mundo.
O que se observa atualmente como tendência é a publicação de técnicas e marcadores cada vez mais robustos, rápidos e capazes de analisar quantidades diminutas de DNA. Em relação ao futuro desta área, o renomado Dr. John Butler, diretor assistente para ciências forenses do National Institute of Standards and Technology (NIST), relata, em seu artigo The future of forensic DNA analysis, de 2015, que os testes para análise forense de DNA tendem a ser cada vez mais rápidos, altamente sensíveis e capazes de promover conclusões mais robustas.

Continue navegando