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Neoplasias císticas As neoplasias císticas são diversos tumores que vão desde os cistos benignos inofensivos a lesões que podem ser precursoras a invasivas, potencialmente letais, cancerígenos. As neoplasias serosas císticas são inteiramente benignas, enquanto outras, como neoplasias papilares intraductais mucinosas e neoplasias císticas mucinosas, são pré-cancerígenas. O sequenciamento recente de todo o exoma identificou alterações genéticas especificas para cada tipo de neoplasia cística. Neoplasias císticas serosas • As neoplasias císticas serosas são neoplasias multicisticas que geralmente ocorrem na cauda do pâncreas. • Se originam de células ductulares/centroacinares, ricas em glicogênio • Comprometem mais indivíduos do gênero feminino (70%), na sexta década de vida. • Os cistos são pequenos (1 a 3 mm), revestidos po células cubicas ricas em glicogênio, e contem um liquido fino, claro e cor de palha • Um terço dos pacientes não apresenta sintomas, e os demais têm dor abdominal • Relacionam-se com a inativação do gene supressor de tumor VHL • O prognostico é muito bom, com cura após ressecção cirúrgica. Neoplasias císticas mucinosas • Cerca de 95% das neoplasias císticas mucinosas surgem em mulheres • Podem ser precursoras de carcinomas invasivos • Geralmente surgem na causa do pâncreas e se apresentam como massas de crescimento lento e indolores • O oncogenes KRAS e os genes supressores de tumores TP53 e RNF43. • O prognostico depende do grau de displasia e de eventual invasão do parênquima adjacente Neoplasia mucinosa papilar intraductal (NIPMs) • São neoplasias produtoras de mucina que comprometem os grandes ductos do pâncreas • Ocorrem mais frequentemente em homens do que em mulheres • Envolvem a cabeça do pâncreas com mais frequência do que a cauda. • Mutações: oncogenes GNAS e JRAS e genes supressores TP53, SMAD4 e RNF43. • Podem progredir para um CA invasivo • Duas características são importantes na distinção entre NIPMs e as neoplasias císticas mucinosas: → ausência do denso estroma “ovariano” visto em neoplasias císticas mucinosas. → envolvimento de um ducto pancreático Morfologia Neoplasias císticas serosas A. Seção transversal de uma neoplasia cística serosa. Apenas uma borda fina de parênquima pancreático normal permanece. Os cistos são relativamente pequenos e contem liquido claro, cor de palha B. Os cistos são revestidos por epitélio cuboide sem atipia. Neoplasias pancreáticas Neoplasias císticas mucinosas • Neoplasia cística mucinosa do pâncreas com displasia de baixo grau • A – Secção transversal de um cisto multinoculado mucinoso na causa do pâncreas. Os cistos são grandes e cheios de mucina espessa. • B – Os cistos são revestidos por epitélio colunar mucinoso, e um denso estroma “ovariano” é observado Neoplasia mucinosa papilar intraductal (NIPMs) • A – seção transversal da cabeça do pâncreas, mostrando uma neoplasia papilarproeminente distendendo o ducto pancreático principal. • B – A neoplasia envolve o ducto pancreático principal (à esquerda) e se estende para dentro dos menores ductos (à direita) Adenocarcinoma de pâncreas Acredita-se que o CA de pâncreas invasivo surja a partir de lesões precursoras não invasivas bem definidas, em pequenos ductos, chamadas de neoplasia intraepitelial pancreática. O CA de pâncreas é uma doença de adultos mais velhos, e 80% dos casos ocorrem em pessoas com idade entre 60 e 80 anos. Correspondendo a 90 a 95% de todos os tumores do órgão. Fatores de risco • Tabagismo (dobra o risco) • A pancreatite crônica e o diabetes melito • Mutações no BRCA2 – 10% dos casos de CA (judeus) • Mutações germinativas em CDKN2A – CA familiar, aumentando a incidência de melanoma. Patogenia • As alterações genéticas e epigenéticas identificadas nas NIPANS são semelhantes aquelas presentes nos canceres invasivos. • NIPANS são frequentemente encontradas no parênquima pancreático adjacente aos carcinomas infiltrativos • NIPANS precedem o desenvolvimento de CA invasivo em cobaias geneticamente modificadas para CA de pâncreas • Relatos de casos isolados documentaram que alguns indivíduos com NIPANS posteriormente desenvolvem CA de pâncreas invasivo. • MUTACAO EM STK11 – inibidor da tripsina • MUTACAO EM PRSS1 – tornam a tripsina resistente à autoinativacao, anulando um importante mecanismo feedback negativo • MUTACAO EM CDKN2A – gene supressor tumoral responsável por codificar a proteína p16, importante função na regulação do ciclo celular. Modelo para progressão da neoplasia intraepitelial pancreática (NIPAN) Modelo para a progressão de ductos normais (extrema esquerda) através de NIpans (centro) para carcinoma invasivo (extrema direita). Postula-se que o encurtamento dos telômeros e as mutações do oncogene KRAS ocorram no início, que a inativação do gene de supressão tumoral CDKN2A que codifica o regulador do ciclo celular p16 sta ocorra em lesões de grau intermediário e que a inativação dos genes de supressão tumoral TP53, SMAD4 e BRCA2 ocorra em lesões de grau superior (NIpan-3). É importante observar que, enquanto há uma sequência temporal geral de mudanças, o acúmulo de mutações múltiplas é mais importante do que sua ocorrência em uma ordem específica. modelo de progressão do câncer pancreático. Postula-se que o encurtamento do telômero e mutações no oncogene K-RAS ocorram em estágios iniciais, que a inativação do gene supressor de tumor p16 ocorra nos estágios intermediários e que a inativação dos genes supressores de tumor TP53, SMAD4 e BRCA2 ocorra em estágios mais avançados. Note-se que, embora haja uma sequência temporal geral de alterações, o acúmulo de múltiplas mutações é mais importante do que a sua ocorrência em uma ordem específica. NIPan: neoplasia intraepitelial pancreática. Os números que acompanham a sigla na imagem se referem aos graus de NIPans. Alterações moleculares somáticas no adenocarcinoma pancreático invasivo Vários genes são somaticamente mutantes ou epigeneticamente silenciados em cada carcinoma do pâncreas, de acordo com a sua evolução gradual de lesões precursoras, e os padrões de alterações genéticas em carcinomas do pâncreas, como grupo, diferem daqueles observados em outras doenças malignas. • Gene KRAS (cromossomo 12p) é o oncogenes mais frequentemente alterado no CA de pâncreas, com mutações pontuais ativadoras presentes em 90 a 95% dos casos. • Gene CDKN2A (cromossomo 9p) é inativado em 95% dos CA, tornando-se o gene supressor de tumor mais frequentemente inativado nessas neoplasias. • A inativação do gene supressor tumoral TP53 (cromossomo 17p) ocorre em 70% a 75% dos canceres. Morfologia • Aproximadamente 60% dos CA de pâncreas surgem na cabeça da glândula, 15% no corpo e 5% na causa, sendo que em 20% a neoplasia envolve difusamente toda a glândula. Os carcinomas do pâncreas são geralmente rígidos, branco- acizentados, estrelados e com massas mal definidas. • A maioria dos carcinomas da cabeça do pâncreas obstrui o ducto biliar comum distal à medida que este avança pela cabeça do pâncreas. Como consequência, há uma marcada distensão da arvore biliar em cerca de 505 nos pacientes com carcinoma da cabeça do pâncreas, sendo que a maioria deles desenvolve icterícia. • Em marcado contraste, os carcinomas do corpo e cauda do pâncreas não interferem sobre as vias biliares, permanecendo despercebidos durante algum tempo. Podem ser muito volumosos e a maioria se encontra amplamente disseminada no momento em que é descoberta. • Microscopicamente, não há diferença entre os carcinomas da cabeça, corpo e cauda do pâncreas. A aparência é geralmente de um adenocarcinoma moderadamente a pouco diferenciado, formando estruturas tubulares abortivas ou um aglomeradode células, e demonstrando um padrão de crescimento agressivo e profundamente Infiltrativo. Figura 1. Corte transversal da cabeça do pâncreas e do ducto biliar comum exibindo massa mal definida na substância pancreática (cabeças de seta) e a coloração verde resultante da obstrução do ducto e da retenção total do fluxo biliar Figura 2. Glândulas irregulares estão presentes no estroma densamente fibroso, no pâncreas; algumas células inflamatórias também estão presentes. Características do adenocarcinoma pancreático • Os CA de cabeça de pâncreas invadem ducto biliar → icterícia (distensão da arvore biliar) • Produzem intensa resposta desmoplásica • Podem invadir baço, suprarrenais, coluna vertebral, cólon transverso e estomago. • Envolvimento de linfonodos peri pancreáticos, gástricos, mesentéricos, etc. • Metástase para fígado e pulmões • São altamente invasivos Aspectos clínicos • Permanecem silenciosos ate a invasão de estruturas adjacentes. • Principal sintoma: DOR • Icterícia obstrutiva • Perda ponderal • Anorexia • Fraqueza • Tromboflebite migratória (Síndrome de Trousseau) – tromboses que aparecem e desaparecem espontaneamente • Curso breve e progressivo • Cerca de 20% dos tumores não são ressecáveis ao diagnóstico Diagnostico • TC • US endoscópica Triagem • Antígeno carcinoembrionário • Antígeno CA 19.-9 Prognostico • Estagio do CA: TNM • Grau do tumor: diferenciação • Extensão da ressecção: extensão da ressecção e se todo o tumor foi removido ou não • CA pancreático ressecável versus irressecável Ressecável - Se o câncer está apenas no pâncreas (ou se espalhou um pouco além dele) e o cirurgião acredita que todo o tumor pode ser removido, ele é considerado de ressecável. Limite ressecável - Refere-se a alguns tipos de câncer que podem ter atingido os vasos sanguíneos próximos, mas que os médicos acreditam que ainda podem ser removidos completamente com cirurgia. Irressecável - Esses cânceres não podem ser removidos inteiramente por cirurgia. Localmente avançado - Se o câncer ainda não se espalhou para órgãos distantes, mas ainda não pode ser removido completamente com cirurgia, é denominado localmente avançado. Metastático - Se o câncer se espalhou para órgãos distantes, é chamado de metastático (Estágio IV). Resumo O câncer pancreático provavelmente surge de lesões precursoras não invasivas (mais comumente chamadas NIPans) e se desenvolve pelo acúmulo progressivo de mutações características dos oncogenes (p. ex., KRAS) e genes supressores de tumor (p. ex. CKDN2A/p16, TP53 e SMAD4). • Tipicamente, essas neoplasias são adenocarcinomas ductais que produzem intensa resposta desmoplásica. • A maioria dos cânceres pancreáticos é diagnosticada em estágio avançado, o que justifica a alta taxa de mortalidade. • A icterícia obstrutiva é uma característica do carcinoma da cabeça do pâncreas. Muitos pacientes também enfrentam dor debilitante. Referencias Robbins & Cotran - Patologia - Bases Patológicas das Doenças, 8ª ed., Elsevier/Medicina Nacionais, Rio de Janeiro, 2010.
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