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Ensino à Distância Universidade Pedagógica Rua Comandante Augusto Cardoso n 135 Didáctica Geral: Aprender a Ensinar Direitos de autor Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. No caso de reprodução deve ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos autores do mesmo. Universidade Pedagógica Rua Comandante Augusto Cardoso, nº 135 Telefone: 21-320860/2 Telefone: 21 – 306720 Fax: +258 21-322113 Agradecimentos À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na produção dos Módulos. Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados. Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em todo o processo. Ficha Técnica Autor: Daniel Nivagara Desenho Instrucional: Vitorino Guila Revisão Linguística: Orlando Bahule Maquetização: Fátima Alberto Nhantumbo Edição: Anilda Ibrahimo Khan Didáctica Geral : Aprender a ensinar i Índice Visão geral 9 Bem-Vindo ao Módulo “Didáctica Geral: Aprender a ensinar”....................................... 9 Objectivos do curso ........................................................................................................ 10 Quem deve estudar este módulo? ................................................................................... 11 Como está estruturado este módulo? .............................................................................. 11 Ícones de actividade........................................................................................................ 12 Habilidades de estudo ..................................................................................................... 13 Precisa de apoio? ............................................................................................................ 14 Tarefas (avaliação e auto-avaliação)............................................................................... 14 Avaliação ........................................................................................................................ 15 UNIDADE 1 16 DIDÁCTICA – CONCEPTUALIZAÇÃO E RELAÇÃO COM OUTRAS CIÊNCIAS16 Introdução.............................................................................................................. 16 Lição n° 1 17 DIDÁCTICA: ORIGEM ETIMOLÓGICA E CONCEITO ........................................... 17 Introdução.............................................................................................................. 17 Sumário........................................................................................................................... 20 Exercícios........................................................................................................................ 22 Lição n° 2 26 Capacidades didácticas essenciais do professor ............................................................. 26 Introdução.............................................................................................................. 26 Sumário........................................................................................................................... 32 Exercícios........................................................................................................................ 33 Lição n° 3 35 DIDÁCTICA: SUAS RELAÇÕES COM A PEDAGOGIA E OUTRAS CIENCIAS .. 35 Introdução.............................................................................................................. 35 Sumário........................................................................................................................... 39 Exercícios........................................................................................................................ 40 Unidade 2 42 PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM .......................................................... 42 Introdução.............................................................................................................. 42 ii Índice Lição n° 4 44 ORIGENS E DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO PEA ..................................... 44 Introdução.............................................................................................................. 44 Sumário........................................................................................................................... 48 Exercícios........................................................................................................................ 49 Lição n° 5 50 CARACTERÍSTICAS DO PEA..................................................................................... 50 Introdução.............................................................................................................. 50 Sumário........................................................................................................................... 53 Exercícios........................................................................................................................ 54 Lição n° 6 55 CARÁCTER EDUCATIVO DO PEA ........................................................................... 55 Introdução.............................................................................................................. 55 Sumário........................................................................................................................... 58 Exercícios........................................................................................................................ 59 Lição n° 7 60 O PEA DESENVOLVE A PERSONALIDADE E TEM CARÁCTER DIALÉCTICO 60 Introdução.............................................................................................................. 60 Sumário........................................................................................................................... 63 Exercícios........................................................................................................................ 64 Lição n° 8 65 CARÁCTER SISTEMÁTICO E PLANIFICADO DO PEA E AS SUAS REGULARIDADES....................................................................................................... 65 Introdução.............................................................................................................. 65 Sumário........................................................................................................................... 68 Exercícios........................................................................................................................ 69 Lição n° 9 70 RELAÇÃO DIALÉCTICA FUNDAMENTAL DO PEA.............................................. 70 Introdução.............................................................................................................. 70 Sumário........................................................................................................................... 74 Exercícios........................................................................................................................ 80 Unidade 3 82 ESTRUTURA E DINÂMICA DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM.. 82 Introdução.............................................................................................................. 82 Didáctica Geral : Aprender a ensinar iii Lição nº 10 84 FUNÇÃO DIDÁCTICA “INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO“ ..................................... 84 Introdução.............................................................................................................. 84 Sumário........................................................................................................................... 88 Exercícios........................................................................................................................89 Lição nº 11 90 INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO: TAREFAS DO PROFESSOR PARA CONSEGUIR A MOTIVAÇÃO INICIAL ............................................................................................ 90 Introdução.............................................................................................................. 90 Sumário........................................................................................................................... 93 Exercícios........................................................................................................................ 94 Lição nº 12 95 INTRODUÇAO E MOTIVAÇÃO: MOTIVAÇÃO CONTÍNUA E FINAL ................ 95 Introdução.............................................................................................................. 95 Sumário......................................................................................................................... 100 Exercícios...................................................................................................................... 101 Lição nº 13 102 FUNÇÃO DIDÁCTICA MEDIAÇÃO E ASSIMILAÇÃO......................................... 102 Introdução............................................................................................................ 102 Sumário......................................................................................................................... 105 Exercícios...................................................................................................................... 106 Lição nº 14 107 PRINCÍPIOS E AS FONTES DO SABER NA FD M+A............................................ 107 Introdução............................................................................................................ 107 Sumário......................................................................................................................... 112 Exercícios...................................................................................................................... 113 Lição nº 15 114 FUNÇÃO DIDÁCTICA DOMÍNIO E CONSOLIDAÇÃO ........................................ 114 Introdução............................................................................................................ 114 Sumário......................................................................................................................... 118 Exercícios...................................................................................................................... 119 Lição nº 16 120 FD “D+C”: FORMAS METÓDICAS PARA O DOMÍNIO E Consolidação ............. 120 Introdução............................................................................................................ 120 iv Índice Sumário......................................................................................................................... 128 Exercícios...................................................................................................................... 129 Lição nº 17 130 FUNÇÃO DIDÁCTICA CONTROLE E AVALIAÇÃO ............................................ 130 Introdução............................................................................................................ 130 Sumário......................................................................................................................... 133 Exercícios...................................................................................................................... 134 Lição nº 18 135 TIPOS E FUNÇÕES DE AVALIAÇÃO...................................................................... 135 Introdução............................................................................................................ 135 Sumário......................................................................................................................... 140 Exercícios...................................................................................................................... 141 Lição nº 19 142 TÉCNICAS/INSTRUMENTOS OU MEIOS DE AVALIAÇÃO................................ 142 Introdução............................................................................................................ 142 Sumário......................................................................................................................... 147 Exercícios...................................................................................................................... 148 Lição nº 20 149 UTILIZACÃO DOS RESULTADOS DE AVALIACÃO DA APRENDIZAGEM.... 149 Introdução............................................................................................................ 149 Sumário......................................................................................................................... 153 Exercícios...................................................................................................................... 154 Lição nº 21 155 UTILIZACÃO DOS RESULTADOS DE AVALIACÃO DA APRENDIZAGEM (Continuação)................................................................................................................ 155 Introdução............................................................................................................ 155 Sumário......................................................................................................................... 159 Exercícios...................................................................................................................... 160 Unidade 4 162 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM .................................... 162 Introdução............................................................................................................ 162 Lição nº 22 164 CONCEITO DE MÉTODO DE ENSINO E APRENDIZAGEM................................ 164 Introdução............................................................................................................ 164 Didáctica Geral : Aprender a ensinar v Sumário......................................................................................................................... 168 Exercícios...................................................................................................................... 170 Lição nº 23 171 CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM................ 171 Introdução............................................................................................................ 171 Sumário......................................................................................................................... 177 Exercícios...................................................................................................................... 178 Lição nº 24 179 CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM (CONTINUAÇÃO) ...................................................................................................... 179 Introdução............................................................................................................ 179 Sumário......................................................................................................................... 185 Exercícios...................................................................................................................... 186 Lição nº 25 187 CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM (CONCLUSÃO) ........................................................................................................... 187 Introdução............................................................................................................ 187 Sumário......................................................................................................................... 194 Exercícios......................................................................................................................195 Unidade 5 196 MEIOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM................................................................ 196 Introdução............................................................................................................ 196 Lição nº 26 197 CONCEITO, FINALIDADES E CRITÉRIOS DE UTILIZAÇÃO DOS MEIOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM....................................................................................... 197 Introdução............................................................................................................ 197 Sumário......................................................................................................................... 201 Exercícios...................................................................................................................... 202 Lição nº 27 203 CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM.......................... 203 Introdução............................................................................................................ 203 Sumário......................................................................................................................... 206 Exercícios...................................................................................................................... 208 Unidade 6 209 FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM.......................... 209 Introdução............................................................................................................ 209 vi Índice Lição nº 28 210 FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM E A IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO ENTRE ELAS............................................... 210 Introdução............................................................................................................ 210 Sumário......................................................................................................................... 215 Exercícios...................................................................................................................... 216 Lição nº 29 217 CONCLUSÃO DAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO ENSINO- APRENDIZAGEM E A IMPORTÂNCIA DA SUA COMBINAÇÃO....................... 217 Introdução............................................................................................................ 217 Exercícios...................................................................................................................... 223 Unidade 7 224 PLANIFICAÇÃO DO PROCESO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ..................... 224 Introdução............................................................................................................ 224 Lição nº 30 225 CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA PLANIFICAÇÃO DO PEA.............................. 225 Introdução............................................................................................................ 225 Sumário......................................................................................................................... 228 Exercícios...................................................................................................................... 229 Lição nº 31 230 IMPORTÂNCIA DA PLANIFICAÇÃO DO PEA (Conclusão).................................. 230 Introdução............................................................................................................ 230 Sumário......................................................................................................................... 235 Exercícios...................................................................................................................... 236 Lição nº 32 237 NÍVEIS DE PLANIFICAÇÃO DO PEA ..................................................................... 237 Introdução............................................................................................................ 237 Sumário......................................................................................................................... 242 Exercícios...................................................................................................................... 242 Lição nº 33 243 COMPONENTES DE PLANIFICAÇÃO DO PEA..................................................... 243 Introdução............................................................................................................ 243 Didáctica Geral : Aprender a ensinar vii Sumário......................................................................................................................... 248 Exercícios...................................................................................................................... 249 Lição nº 34 250 COMPONENTES DE PLANIFICAÇÃO DO PEA (Conclusão) ................................ 250 Introdução............................................................................................................ 250 Sumário......................................................................................................................... 253 Exercícios...................................................................................................................... 254 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 255 Didáctica Geral : Aprender a ensinar 9 Visão geral Bem-Vindo ao Módulo “Didáctica Geral: Aprender a ensinar” A Didáctica Geral é uma das disciplinas que, nos sistemas de formação de professores, se coloca ao centro da formação pedagógica do professor contribuindo significativamente para desenvolver a compreensão da prática de realização do processo de ensino e aprendizagem que favoreça um ensino activo e, ainda, desenvolver a capacidade de reflexão do professor sobre o processo de ensino e aprendizagem e sobre a sua prática, de modo a poder melhorá-los. Espera-se que este módulo traga uma contribuição valiosa na formação de todos que desejam ser professor, e que o mesmo seja guia de actualização do pensamento e pratica pedagógica dos que já são professores e tem, desse modo, a nobre tarefa de fazer com que os saber, saber-fazer e saber ser e estar da humanidade seja apropriados pelos alunos, servindo assim de base para o desenvolvimento das suas personalidades à medida da demanda social, cultural, politica e económica dos países de formação de homens e mulheres com competências significativas para fazer face ao progresso e harmonia da humanidade, a começar pelas instituições e indivíduos. 10 Visão geral Objectivos do curso Objectivos Quando terminar o estudo de Didáctica Geral: aprender a ensinar, será capaz de: Identificar a especificidade (objecto) e as relações da Didáctica com as outras ciências Realizar um processo de ensino-aprendizagem centrado sobre o aluno Praticar, na sua actividade docente, a unidade dialéctica entre as diferentes funções didácticas Explicar as razões que justificam a necessidade de realização, na sua integralidade, das funções didácticas Utilizar métodos e técnicas de ensino que estimulem a participação activa dos alunos Variar os meios de ensino, conforme os objectivos, métodos, conteúdos e as particularidades dos alunos Organizar o ensino de modo variado, responsabilizando os alunos para a realização de múltiplas actividades na sala de aulas ou fora dela capazes de estimular a sua aprendizagem independente e criadora Planificar as aulas, obedecendo aos princípios, componentes e etapas necessários para a planificação do PEA. Didáctica Geral : Aprender a ensinar 11 Quem deve estudar este módulo? Este Módulo destina-se à formação de professores em exercício que possuem a 12a classe ou equivalente e inscritos no Curso à Distância, fornecido pela Universidade Pedagógica. Como está estruturado este módulo? Todos os módulos doscursos produzidos pelo CEAD-Centro de Educação Aberta e a Distância da Universidade Pedagógica – encontram- se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectos- chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Conteúdo do módulo O módulo está estruturado em unidades. Cada unidade inclui uma introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de aprendizagem, um sumario da unidade e uma ou mais actividades para autoavaliação. Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir uma lista bibliográfica indicada no fim do módulo e, ao longo do módulo, existem alguns textos complementares para aprofundar determinados 12 Visão geral assuntos específicos. Tarefas de avaliação e/ou Autoavaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade. Sempre que necessário, utilize folhas individuais para desenvolver as tarefas, apoiando-se nas matérias que precedem cada uma delas. Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este módulo. Ícones de actividade Ao longo deste manual você irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica do texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Acerca dos ícones Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia. Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser enviados - para efeitos de testagem deste modelo, reproduziram-se os ícones adrinka, mas foi-lhes dada uma sombra amarela para os distinguir dos originais). Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada um com uma descrição do seu significado e da forma como nós interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao longo deste curso / módulo. Didáctica Geral : Aprender a ensinar 13 Comprometimento/ perseverança Actividade Resistência, perseverança Auto-avaliação “Qualidade do trabalho” (excelência/ autenticidade) Avaliação / Teste “Aprender através da experiência” Exemplo / Estudo de caso Paz/harmonia Debate Unidade/relações humanas Actividade de grupo Vigilância / preocupação Tome Nota! “Eu mudo ou transformo a minha vida” Objectivos [Ajuda-me] deixa- me ajudar-te” Leitura “Pronto a enfrentar as vicissitudes da vida” (fortitude / preparação) Reflexão “Nó da sabedoria” Terminologia Apoio / encorajamento Dica Habilidades de estudo Caro estudante! Para frequentar com sucesso este módulo terá que buscar, através de uma leitura cuidadosa das fontes de consulta, a maior parte da informação ligada ao assunto abordado. Para o efeito, no fim de cada unidade apresenta-se uma sugestão de livros para uma leitura complementar. Antes de resolver qualquer tarefa ou problema, o estudante deve certificar-se de ter compreendido a questão colocada; 14 Visão geral É importante questionar se as informações colhidas na literatura são relevantes para a abordagem do assunto ou resolução de problemas; Sempre que possível, deve fazer uma sistematização das ideias apresentadas no texto. Desejamos-lhe muitos sucessos! Precisa de apoio? Dúvidas e problemas são comuns ao longo de qualquer estudo. Em caso de dúvida numa matéria tente consultar os manuais sugeridos no fim da lição e disponíveis nos centros de ensino a distância (EAD) mais próximos. Se tiver dúvidas na resolução de algum exercício, procure estudar os exemplos semelhantes apresentados no manual. Se a dúvida persistir, consulte a orientação que aparece no fim dos exercícios. Se a dúvida persistir ainda, veja a resolução do exercício. Sempre que julgar pertinente, pode consultar o tutor que está à sua disposição no centro de EAD mais próximo. Não se esqueça de consultar também colegas da escola que tenham feito o curso de Formação de Professores, vizinhos e até estudantes de universidades que vivam na sua zona e tenham ou estejam a fazer cadeiras relacionadas com a Didáctica Geral. Tarefas (avaliação e auto- avaliação) Ao longo deste módulo irá encontrar várias tarefas que acompanham o seu estudo. Tente sempre solucioná-las. Consulte a resolução para confrontar o seu método e a solução apresentada. O estudante deve promover o hábito de pesquisa e a capacidade de selecção de fontes de informação, tanto na Internet como em livros. Consulte manuais Didáctica Geral : Aprender a ensinar 15 disponíveis e referenciados no fim de cada lição para obter mais informações acerca do conteúdo que esteja a estudar. Se usar livros de outros autores, ou parte deles, na elaboração de algum trabalho deverá citá-los e indicar estes livros na bibliografia. Não se esqueça que usar um conteúdo, livro ou parte do livro em algum trabalho, sem os referenciar, é plágio e pode ser penalizado por isso. As citações e referências são uma forma de reconhecimento e respeito pelo pensamento de outros. Estamos cientes de que o estimado estudante não gostaria de ver uma ideia sua ser usada sem que fosse referenciada, não é? Na medida de possível, procurar alargar competências relacionadas com o conhecimento científico, as quais exigem um desenvolvimento de domínios, como auto-controle da sua aprendizagem. As tarefas colocadas nas actividades de avaliação e de auto-avaliação deverão ser realizadas num caderno à parte ou em folha de formato A4. O estudante deve produzir documentos sobre as tarefas realizadas em suporte diverso, nomeadamente, usando as novas tecnologias e enviá-los ao respectivo Departamento quer através da Internet, quer dos serviços de Correios de Moçambique. Avaliação A avaliação visa não só informar-nos sobre o seu desempenho nas lições, mas também estimulá-lo a rever alguns aspectos e a seguir em frente. Durante o estudo deste módulo o estudante será avaliado com base na realização de actividades e tarefas de auto-avaliação previstas em cada Unidade. O Módulo de Didáctica Geral terá dois testes e um exame final, os quais deverão ser feitos no Centro de Recursos mais próximo, ou em local a ser indicado pela administração do curso. O calendário das avaliações será também apresentado oportunamente. 16 UNIDADE 1 UNIDADE 1 DIDÁCTICA – CONCEPTUALIZAÇÃO E RELAÇÃO COM OUTRAS CIÊNCIAS Introdução Caro estudante, ao iniciar esta unidade entra para o módulo de Didáctica Geral, por isso vamos começar por apresentar e discutir o conceito de didáctica, a sua origem etimológica e a importância que tem o estudo desta disciplina para o trabalho do professor na escola e na sala de aulas. Face a isso, esta unidade está estruturada em 3 lições, nas quais temos os seguintes conteúdos: Didáctica: Conceito e Origem etimológica Relação da didáctica com a Pedagogia e outras ciências A partir deste conteúdo, esperamos, caro estudante, dar início ao estudo desta disciplina e despertar em si o interesse de prosseguir, investigando ainda mais os assuntos nele integrados, com vista a melhorar progressivamente a sua actividade docente. Objectivos Ao completar esta unidade, você será capaz de: Identificar a origem etimológica da palavra “Didáctica”. Explicar a relação entre a Didáctica e outrasciências. Demonstrar a importância da Didáctica para o trabalho quotidiano do professor. Didáctica Geral : Aprender a ensinar 17 Lição n° 1 DIDÁCTICA: ORIGEM ETIMOLÓGICA E CONCEITO Introdução Regra geral, as palavras e conceitos possuem uma origem etimológica própria, a partir da qual se pode começar a identificar “o sentido” dessas palavras, mesmo que não expressem de forma clara o significado do conceito tal como o entendemos actualmente no respectivo campo disciplinar. Nesta ordem de ideias, não quisemos começar a estudar este módulo sem termos que partir disso: vermos a origem e o conceito de Didáctica. Objectivos Ao completar esta lição, você será capaz de: Identificar a origem etimológica da palavra “Didáctica”. Explicar as limitações da explicação etimológica para o entendimento actual da actividade do professor. Definir a didáctica, como área disciplinar. Diferenciar a especificidade da Didáctica Geral, no conjunto das Didácticas específicas. Origem etimológica da Didáctica A palavra Didáctica deriva da palavra grega didactos, que significa “instrução”. Visto deste modo, a Didáctica desenvolveu-se como a teoria de instrução. Em sua Didáctica Magna, Coménio (veja no fim da unidade texto complementar sobre a vida e obra de Coménio) qualifica Didáctica como a “arte de instruir”. 18 Lição n 1 Actividade 1 Etimologicamente, a Didáctica é a teoria de instrução. Na sua opinião, seria suficiente qualificarmos a actividade do professor apenas como “instrução”? Como acabou de ver, ao falarmos de instrução, no processo de formação humana, estamos a posicionar-nos principalmente do lado do desenvolvimento, no indivíduo, do: • saber (conhecimentos) • saber fazer (capacidades e habilidades). Quer dizer, deixamos de parte o saber ser (atitudes, valores, convicções), assim como o saber estar (comportamentos e hábitos) que são também importantes para se conseguir o desenvolvimento integral do homem. Alias, quando falamos da Didáctica, um aspecto que merece o nosso maior apreço é o de que o processo didáctico se refere à actividade do professor e, neste sentido, o ensino (e aprendizagem) tem lugar, na sua máxima intensidade e expressão, na sala de aulas, razão pela qual a Didáctica também se designa de “teoria de ensino”. Assim, através dos seus objectivos de formação, o ensino deve incorporar a instrução (saber, saber fazer) e a educação (saber ser e estar). Conceito de Didáctica Então, reconhecendo esta limitação epistemológica, como podemos definir a Didáctica hoje? Actividade 2 1. Antes de responder a questão acima, diga: Onde ouviu, pela primeira vez, ouvir falar desta palavra? 2. Por suas próprias palavras, apresente o conceito de didáctica. Estamos a imaginar que são múltiplas as situações em que os estudantes deste módulo terão ouvido pela primeira vez falar do termo “didáctica”: Didáctica Geral : Aprender a ensinar 19 na escola, na instituição de formação de professores, na conversa entre professores ou trabalhadores da educação, etc. Para estes diferentes casos, pode compreender que a didáctica é uma ciência dimensionada para o humano, que se propõe a ajudar e educar o homem, necessitando, por isso, de se fundamentar nos princípios da educação. Por isso, onde quer que se procure falar e/ou definir a didáctica a sua essência reside na questão de ensino e formação, no mesmo sentido em que deve estar a conceitualização que acabou de apresentar em relação à didáctica. Olhando para outros autores que procuraram apresentar um conceito de didáctica, chegamos à conclusão de haver várias definições. Por exemplo, Libaneo (1994: 25/6) diz que a Didáctica investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter os objectivos sócio políticos e pedagógicos em objectivos de ensino, seleccionar conteúdos e métodos em função desses objectivos, estabelecer os vínculos entre o ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. E se definimos a acção educativa pelo seu carácter intencional, também a acção docente se caracteriza como direcção consciente e intencional do ensino, tendo em vista a instrução e educação dos indivíduos, capacitando-os para o domínio de instrumentos cognitivos e operativos de assimilação da experiência social e culturalmente organizada. Por seu turno, Sant’Anna e Menegolla (2000: 25) numa longa dissertação e com algum sentido de ironia fazem notar que: a A Didáctica não pode ser entendida simplesmente como um rol de princípios, de teorias de ensino ou teorias de aprendizagem. Não pode ser concebida como ciência que somente estabelece uma série de métodos e técnicas de ensino a ser apresentada como solução para todos os problemas no processo de ensino e aprendizagem. b Engenharia educacional. A didáctica não é apenas a rígida e inflexível planificação do ensino, a listagem quantitativa de objectivos que não passam de um rol de intenções e utopias inúteis, desvirtuados pela irrealidade, não é um rol 20 Lição n 1 de conteúdos chamados mínimos, por vezes insignificantes, por sugestões de recursos materiais e humanos, que vão desde o mais simples cartaz até os mais sofisticados meios de c A didáctica não pode ser vista como a orientadora infalível dos fantásticos métodos e técnicas de avaliação, que pretendem medir o conhecimento dos alunos e que capacitam o professor a decidir, “cientificamente”, da atribuição de uma nota que reprova ou promove. A didáctica, nos processos de avaliação, não deve somente estabelecer formulas para medir e quantificar o conhecimento através de um instrumento que, por vezes, não passa de algumas perguntinhas com respostas de múltipla escolha. d A didáctica não visa apenas a métodos, técnicas e meios rígidos e estáticos. Não se constitui somente por um conjunto de princípios que, se aplicados, dariam resultados imediatos e claramente observáveis e mensuráveis. e A didáctica não é uma pura mecanização e manipulação de métodos e técnicas de ensino que, por vezes, são empregues subtilmente ao serviço de ideologias. Ela deve pôr-se ao serviço do educando como uma totalidade pessoal, que compreende os domínios cognitivo (saber), psicomotor (saber fazer) e afectivo (saber ser e estar). Sumário Depois de (re)vistos estes aspectos vê-se que cada um deles aponta uma parte da actividade didáctica, mas que isoladamente não representam o “verdadeiro acto didáctico. Eis porque os autores acima concluem que “a didáctica objectiva resultados, aprendizagens, mudanças significativas de comportamento”; “a didáctica deve ser uma disciplina altamente questionadora da realidade educacional, da escola, do professor, do ensino, das disciplinas e conteúdos, das metodologias, da aprendizagem, da realidade cultural, da política educacional. Ela não é uma disciplina Didáctica Geral : Aprender a ensinar 21 com verdades prontas e acabadas, mas uma disciplina que busca, que investiga o universo da educação. Ela quer saber desencadear novos processos”. Em todo o caso, para todos os autores, emerge a ideia de que o “objecto de estudo da didáctica é o processo de ensino e aprendizagem” em suas relações com finalidades educativas. O que significa que o ensino é “uma pratica humana que compromete moralmente quem a realiza”, assim como é uma pratica social, uma vez que “responde a necessidades, funções e determinações que estão para além das intenções e previsões dos actores directos da mesma. Além disso, a didáctica implica processos de relação e comunicação intencional, portanto, intercâmbios de significados que caracterizam a relação entre professor e alunos e destes entre si. E é dentro desta relação que se faz a regulação e o equilíbrio entre a actividade do professor e do aluno,na medida em que as acções do professor devem ser no sentido de desencadear processos físicos e cognitivos necessários para a aprendizagem do aluno. Logo, a didáctica pode ser definida como “a capacidade de tomar decisões acertadas sobre o que e como ensinar, considerando quem são os nossos alunos e por que o fazemos; considerando ainda quando e onde e com que se ensina”. 22 Lição n 1 Exercícios Auto-avaliação 1 Assinale com V ou F conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmações abaixo indicadas : a. A actividade do professor consiste em instruir os alunos b. A actividade do professor consiste em educar os alunos c. A actividade do professor consiste em instruir e simultaneamente educar os alunos d. A didáctica não se fundamenta nos princípios da educação para poder formar o homem e. A capacidade de tomar decisões sobre o que ensinar e como ensinar é multifacetada f. A didáctica questiona e investiga os processos nos quais decorre o ensino e aprendizagem Texto Complementar: Vida e Obra de Jan Amos Komensky (Fonte: "http://pt.wikipedia.org/wiki/Comenius", consultado no dia 10/09/06) Jan Amos Komenský (em português Comenius ou Comênio) (1592, 1670) foi um professor, cientista e escritor checo, considerado o fundador da Didáctica Moderna. Propôs um sistema articulado de ensino, reconhecendo o igual direito de todos os homens ao saber. O maior educador e pedagogo do século XVII produziu obra fecunda e sistemática, cujo principal livro é a DIDÁTICA MAGNA. São suas propostas: • A educação realista e permanente; • Método pedagógico rápido, económico e sem fadiga; • Ensinamento a partir de experiências quotidianas; • Conhecimento de todas as ciências e de todas as artes; • Ensino unificado. Didáctica Geral : Aprender a ensinar 23 Dados biográficos Comenius nasceu em 28 de Março de 1592, na cidade de Uherský Brod (ou Nivnitz), na Morávia, Europa central, região que pertencia ao antigo Reino da Boémia e hoje integra a República Checa. Viveu e estudou na Alemanha e na Polónia. Iniciador da didáctica moderna. A sua importância decorre de ser o autor da Didática Magna, sendo o primeiro educador, no Ocidente, a interessar-se na relação ensino/aprendizagem, tendo em conta a diferença entre o ensinar e o aprender. Era de família eslava e protestante. A família seguia a seita dos Irmãos Morávios, inspirados nas ideias do reformista boémio Jan Huss, estreitamente ligado às Sagradas Escrituras e defensores de uma vida humilde, simples e sem ostentações. Tal educação rígida e piedosa influenciou o espírito de Comenius e o despertou para os estudos teológicos. Perdeu os pais e os irmãos aos 12 anos, sendo educado sem carinho por uma família de seguidores da seita dos Morávios. A sua educação não fugiu aos padrões da época: saber ler, escrever e contar, ensinamentos aprendidos em ambiente rígido, sombrio, onde a figura do professor dominava, as crianças tratadas como pequenos adultos e os conteúdos escolares infalíveis e inquestionáveis. A rispidez no trato e a prática da palmatória eram elementos básicos. Assim, o rigor da escola e a falta de carinho marcaram a vida do órfão Comenius a ponto de inspirar, certamente, os princípios de uma didáctica revolucionária para o século XVII. Na Universidade Calvinista de Herbron, na Alemanha, cursou Teologia e adquiriu boa formação cultural e vasta cultura enciclopédica. Tornou-se pastor, tendo, ainda estudante, começado a escrever: "Problemata Miscelânea" e "Syloge Questiorum Controversum", as primeiras obras. Em Heidelberg, na Alemanha, foi aprimorar os seus estudos de astronomia e matemática. Voltou à Moravia e estabeleceu-se em Prerov, no magistério, ansioso por pôr em prática as suas ideias pedagógicas. Modificaria radicalmente a forma de ensinar artes e ciências na sua escola, destacando-se como professor. Pastor e reformador Ordenado pastor da seita dos Morávios em 1616, aos 26 anos, mudou-se para Fulnek, capital da Morávia, onde se casou e teve filhos. Mas era uma região conturbada pela rebelião nascida de disputas entre católicos e protestantes, estopim da Guerra dos Trinta anos. Os exércitos espanhóis, em 1621, invadiram e incendiaram Fulnek, quase extinguindo a população. Comenius perdeu a família - mulher e dois filhos - na epidemia da peste que brotou, e perdeu a sua biblioteca e os seus escritos. Mudou-se para Polónia em 1628, como a maioria dos Irmãos Morávios, fugindo da perseguição e estabeleceu-se em Lezno, onde retomou as actividades de pastor e de professor. Dedicou-se a escritos religiosos para ajudar a levantar o ânimo de seus irmãos de seita. A sua fama crescia e ganhou simpatizantes na Inglaterra, onde permaneceu quase um ano. 24 Lição n 1 Visitou o reino da Suécia, contratado para promover a reforma do ensino, permanecendo seis anos. Ali encontrou-se com René Descartes, que lá vivia sob a protecção da rainha Cristina. Preocupado com um dos grandes problemas epistemológicos de seu tempo - o método -, publicou em 1627 a Didáctica Checa, traduzida em 1631 para o latim como Didáctica Magna, sua grande obra. Em 1648, doente e desprestigiado entre os seus, estabeleceu-se em Amesterdão, na Holanda, onde se casou de novo em 1649 e retornou o seu trabalho de educador e reformador social. Prestigiado pelas autoridades, viu publicadas todas as suas obras pedagógicas, muitas já famosas. Comenius morreu a 15 de Novembro de 1670, em Amesterdão, famoso e prestigiado, tendo sempre lutado pela fraternidade entre os povos e as igrejas. Foi enterrado em Naarden, onde foi construído um mausoléu. Em 1956, a Conferência Internacional da UNESCO em Nova Deli (Índia) decidiu a publicação de todas as suas obras e apontou-o como um dos primeiros propagadores das ideias que inspiraram - quase 300 anos depois - a fundação da UNESCO. Pedagogia de Comênio Defendia sua pedagogia com a máxima: "Ensinar tudo a todos" que sintetizaria os princípios e fundamentos que permitiriam ao homem colocar-se no mundo como autor. Objectivando a aproximação do homem a Deus, o seu objectivo central era tornar os homens bons cristãos - sábios no pensamento, dotados de fé, capazes de praticar acções virtuosas estendendo-se a todos: ricos, pobres, mulheres, portadores de deficiências. A didáctica é, ao mesmo tempo, processo e tratado: é tanto o acto de ensinar quanto a arte de ensinar. Salientou a importância da educação formal de crianças e preconizou a criação de escolas maternais, pois teriam, desde cedo, a oportunidade de adquirir as noções elementares do que deveriam aprofundar mais tarde. A educação deveria começar pelos sentidos, pois as experiências sensoriais obtidas por meio dos objectos seriam interiorizadas e, mais tarde, interpretadas pela razão. Compreensão, retenção e práticas constituíam a base de seu método didáctico e, por eles, chegar-se-ia às três qualidades: erudição, virtude e religião, correspondendo às três faculdades necessárias - intelecto, vontade e memória. Fundamentos naturais do método de Comenius: - o fim é o mesmo: sabedoria, moral e perfeição; - todos são dotados da mesma natureza humana, apesar de terem inteligências diversas; - a diversidade das inteligências é tão-somente um excesso ou deficiência da harmonia natural; - o melhor momento para remediar excessos e deficiências acontece quando as inteligências são novas. O método tem como preceitos: - tudo o que se deve saber deve ser ensinado; - qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua aplicação prática, uso definido; - deve ensinar-se de maneira directa e clara; - ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas; - explicar primeiro os princípios gerais; - ensinar as coisas em seu devido tempo; Didáctica Geral : Aprender a ensinar 25 A obra de Comenius é um paradigma do saber sobre a educação da infância e juventude, utilizando, para isso, um local privilegiado:a escola. Já a Didáctica Magna apresenta as características fundamentais da escola moderna: - a construção da infância moderna como forma de pedagogização dessa infância por meio da escolaridade formal (até então, as crianças eram tratadas como pequenos adultos); - uma aliança entre a família e a escola, por meio da qual a criança se vai soltando da influência da órbita familiar para a órbita escolar; - uma forma de organização da transmissão dos saberes, baseada no método de instrução simultânea, agrupando-se os alunos; e - a construção de um lugar de educador, de mestre, reservado aos adultos portadores de saberes legítimos. Bibliografia Deixou mais de 200 obras entre as quais: • Labirinto do Mundo (1623) • Didáctica checa (1627) • Guia da Escola Materna (1630) • Porta Aberta das Línguas (1631) • Didacta Magna (versão latina da Didáctica checa) (1631) • Novíssimo Método das Línguas (1647) • Mundo Ilustrado (1651) • Opera didactica omnia ab anno 1627 ad 1657 (1657) • Consulta Universal Sobre o Melhoramento dos Negócios Humanos (1657) • O Anjo da Paz (1667) • A Única Coisa Necessária (1668) 26 Lição n 2 Lição n° 2 Capacidades didácticas essenciais do professor Introdução Na lição anterior terminámos com a ideia de que a didáctica pode ser definida como “a capacidade de tomar decisões acertadas sobre o que e como ensinar, considerando quem são os nossos alunos e porque o fazemos; considerando ainda quando, onde e com que se ensina. Na verdade, o domínio da didáctica pelo professor ajuda-o a ter consciência e domínio dos pressupostos a ter em conta para que se realize o ensino capaz de mobilizar a actividade do aluno para a aprendizagem. Mas o que significa essa capacidade de tomar decisões acertadas sobre o que e como ensinar, a qual, neste caso, inclui o que designamos de capacidades didácticas essenciais ao professor? A presente lição vai precisamente responder a esta questão e, ao completá-la, você será capaz de: Objectivos Explicar a importância de : Tomar decisões baseando-se em soluções possíveis diante de cada situação de ensino particular para optar pela mais segura e real Ensinar os alunos a ler criticamente a sociedade, o trabalho, a vida, a realidade Definir os resultados a serem alcançados no ensino Ajustar os métodos e os conteúdos às particularidades dos alunos Didáctica Geral : Aprender a ensinar 27 Seleccionar o que ensinar (o conteúdo) em função da sua relevância para a formação da pessoa na sua integralidade, abrangendo os domínios cognitivo, psicomotor e afectivo Actividade 3 A capacidade de tomar decisões acertadas sobre o que e como ensinar inclui capacidades didácticas essenciais, envolvendo, dentre outros aspectos, o seguinte: a. Capacidade de tomar decisões b. O que ensinar c. Falar e ler d. Aprender a escrever e. Aprender a contar f. Porque ensinar g. Como ensinar h. Quando ensinar i. Com que ensinar j. Onde ensinar, senão na escola? k. O professor que ensina Explique o significado de cada um destes aspectos, sob o ponto de vista do que o professor deve ser capaz como actor didáctico. É interessante que você apresentou as suas ideias sobre os aspectos acima indicados, mesmo sem termos dado grande importância à ordem. O mais essencial são as conclusões a que chegou no sentido em que, para cada um destes aspectos, a capacidade do professor consiste no seguinte: a Capacidade de tomar decisões. A habilidade de tomar decisões é saber escolher as melhores alternativas, decidir-se por aquilo que é melhor para si e para os outros, para o agora e para o futuro. Tomar 28 Lição n 2 decisões é uma das grandes habilidades que toda a pessoa deveria possuir num grau altamente desenvolvido. O professor que sabe tomar decisões não se prende de forma categórica a uma só alternativa. Ele busca muitas soluções possíveis, e, após uma análise profunda e criteriosa, vai optar pela mais segura e real. b O que ensinar. Eis a grande questão que os professores enfrentam no momento em que pretendem ensinar a alguém que está ali para aprender, mas que não tem visão clara do que é necessário aprender. Escolher o que ensinar é, muitas vezes, uma atitude crítica do professor. O que deve ser ensinado para que o aprendizado seja útil à vida? É preciso seleccionar os conteúdos que transformem e acompanhem a vida da criança. Conteúdos que sejam significativos e que surjam da própria realidade em que a criança vive, que não sejam puras abstracções. Devemos deixar a vida jorrar nos programas, nos conteúdos, nos métodos utilizados, no clima de trabalho, nas pessoas presentes. Ensinar não é só ministrar conteúdos que sejam assimilados pelos alunos. Todo o conteúdo deve ser educativo e formador de personalidades. A dimensão da pessoa não se limita ao intelectual. A pessoa também é emoção, sentimentos e habilidades. Por isso o ensino deve ocupar-se da formação da pessoa como totalidade. c Falar e ler: Uma das primeiras necessidades da pessoa é comunicar-se, falar, entender e fazer-se entender. Saber dizer o que pensa, com firmeza e espírito critico, e comunicar-se através da escrita. Aprender a falar, ler e escrever passam a ser os rudimentos da história do ensino, que ainda não foram superados por outras necessidades mais importantes. Aprender a ler, para interpretar, de forma critica e segura, os embustes da propaganda, que criam necessidades incansáveis. Ler criticamente a sociedade, o mundo, o trabalho, a vida, a realidade. Ler a vida na escola, na rua, em casa, na vida social, no desporto, na religião. d Aprender a escrever. A escrita é a comunicação gráfica. Com a escrita a pessoa pode registar ideias, pensamentos, conhecimentos. Didáctica Geral : Aprender a ensinar 29 Porque não ensinar a quem provavelmente abandonará a escola a dar um recado por escrito, a escrever um bilhete aos pais, aos amigos e, futuramente, uma cartinha ao namorado ou namorada, a elaborar um requerimento, a preencher um cheque? A aprendizagem da escrita é um acto educativo e de afirmação pessoal, livrando-o da vergonha de não saber registar o pensamento de forma clara. e Aprender a contar. Assim como o falar e escrever, contar é uma necessidade básica. A matemática é uma ciência imbricada no quotidiano. O número não é uma abstracção, mas concretização da realidade. São infinitas as situações em que se necessita da matemática para a solução de inúmeros problemas. Grande parte da vida é regida pela matemática. Para contar os anos da vida usa-se a matemática. A todo o momento todo o mundo pergunta-se: quanto é possível? Quanto posso fazer? Quanto é necessário? Quanto ganhei? Quanto perdi? E diz: isso é demais; isso é pouco; está faltando; está sobrando; é muito caro; é mais barato; por este preço não é possível; os juros estão muito altos; é melhor comprar lá e não aqui; isso deve ser somado, subtraído, dividido, multiplicado.... f Porque ensinar. Ensinamos, mas não sabemos claramente porque ensinamos; o aluno quer aprender, mas não sabe bem para quê. Ensinar por ensinar, aprender por aprender parecem ser propostas pedagogicamente inconscientes. Ensina-se para difundir a cultura, para converter a ignorância em sabedoria, para adquirir muitos e sábios conhecimentos. Toda a acção educativa visa sempre propósitos definidos. Qualquer actividade deve ser dirigida e orientada em função daquilo que se quer alcançar. As acções docentes e discentes devem agir em função dos objectivos que devem ser alcançados. O primeiro passo a ser dado na acção educativa é a definição dos resultados e propósitos que se querem alcançar: os objectivo determinam as prioridades, indicam o que se pretende e como se pretende. 30 Lição n 2 g Como ensinar. Muitos professores afirmam: Foi assimque me ensinaram, portanto, é assim que ensino. Se sempre foi assim, porque fazer diferente? Diferentemente desse raciocínio, temos que defender que o professor deve ser capaz de seleccionar adequadamente o método didáctico e organizar todos os procedimentos e técnicas, visando propiciar aos alunos a melhor aprendizagem. No ensino, sempre se estabelecem certas prioridades. Para atingi-las, traçam-se estratégias que dirigem toda a acção. Os procedimentos didácticos devem estar intimamente relacionados com os objectivos do ensino, com os conteúdos a serem ensinados e com as características e habilidades dos alunos. O melhor procedimento é aquele que atende às características individuais ou grupais. h Quando ensinar. A habilidade de tomar decisões acertadas sobre quando ensinar parece ser uma proposição sem muito significado. Ensina-se a partir do momento em que a criança ingressa na escola, tendo como referencia a idade e não tanto a maturidade intelectual, psicológica e motora. Ano após ano, segundo uma escala cronológica, vão-se ensinando as mais diversas disciplinas e conteúdos, vai-se povoando a mente da criança com conhecimento, normas, regras, princípios e fórmulas que um dia podem ser úteis, como também podem ser inúteis. Mas, quando a criança está preparada para aprender determinados conteúdos e realizar determinadas tarefas e actividades escolares? Qual a maturidade intelectual e psicológica para entender e analisar determinados conteúdos e ideias? A questão é saber quando a criança está pronta e apta a aprender. Será que a criança, se não souber um conteúdo hoje, não poderá aprendê-lo futuramente na escola ou fora dela? Será que a sociedade, os pais e a escola não querem forçar a criança a aprender coisas que não são do seu interesse e inatingíveis devido à falta de certas habilidades? i Com que ensinar. Os meios e recursos para ensinar auxiliam o professor e o aluno no processo de ensino e aprendizagem. Para Gagné, “ os recursos ou meios para o ensino referem-se aos vários Didáctica Geral : Aprender a ensinar 31 tipos de componentes do ambiente de aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno”. Quem planifica o ensino deve partir de uma análise dos objectivos, dos conteúdos, dos procedimentos e de todas as possibilidades humanas e materiais que o ambiente escolar pode oferecer em termos de meios a empregar no processo de ensino e aprendizagem. Os objectivos de ensino não só determinam os conteúdos e procedimentos, como também os recursos e meios de ensino, pois deles depende, em parte, a consecução daqueles. O ensino fundamenta-se na estimulação, que é favorecida por recursos didácticos que facilitam a aprendizagem. Esses meios despertam o interesse e provocam a discussão e debates, desencadeando perguntas e gerando ideias. j Onde ensinar, senão na escola? A escola sempre foi o habitat do ensino. Sempre se afirmou que é na escola que se deve aprender. A escola, ironicamente, tornou-se o santuário do saber. O aluno, contaminado pela ignorância, tenta nela ingressar para, depois, sair santificado pela auréola do saber. A escola é uma das muitas condições para se aprender, mas não a única, pois a criança adquire maior quantidade de conhecimentos fora da escola: a verdade é que em todo lugar se pode aprender; assim como todas s pessoas podem ensinar de uma ou de outra forma. Parece, neste sentido, claro percebermos que a escola participa no desenvolvimento do saber enquanto instituição e nela o processo é planificado e sistemático. Eis porque, quando falamos de escola como local do ensino, é pertinente colocarmo-nos questões tais como: como se estruturam administrativamente as nossas escolas? Quais as condições das escolas, das salas de aulas, seu mobiliário, da biblioteca, do laboratório, das salas especializadas e seu instrumentos básicos para que se possa ensinar? Sabemos que há escolas que não têm livros, mapas, giz, etc. São questões sobre as quais a didáctica deve reflectir. k O professor que ensina. Deve-se encarar o “mestre” não apenas como explicador de matérias, mas como educador apto a desempenhar a sua complexa função de estimular, orientar e 32 Lição n 2 controlar com habilidade o processo educativo e a aprendizagem dos seus alunos, com vistas a um real e positivo rendimento para os indivíduos e para a sociedade. O professor compromete-se a defender e testemunhar a verdade e a vida dos outros. Segundo Gusdorf, do professor exige-se “que não se limite a apresentar-se como homem de um determinado saber, mas como testemunha da verdade e afirmador dos valores”. A responsabilidade principal do professor é com a verdade. A verdade e o saber não são dados de modo definitivo e acabado. Devem ser procurados. Por isso o professor não é aquele que nos dá a verdade feita e pronta, porque ele não é apenas um reprodutor ou repetidor da verdade. Ele é o que abre uma perspectiva sobre a verdade, o exemplo de um caminho para o verdadeiro que ele designa. Porque a verdade é sobretudo o caminho da verdade. Sumário As situações didácticas, ou seja, aquelas em que se presume que ocorra o ensino aprendizagem, devido à sua complexidade, requerem do professor a tomada de decisões em função da realidade do que se vive na aula concreta, mas também tendo em conta as particularidades dos alunos, os meios de ensino, o conteúdo, os objectivos. Ao mesmo tempo que o professor deve ser alguém que se questiona sobre os propósitos e alcance da sua actividade, o acto didáctico recomenda que se questione sobre onde decorre o processo de ensino e aprendizagem. Ao mesmo tempo, ainda, o professor deve ser aquele que não se limita apenas a dar verdades feitas e prontas, mas sim abre uma perspectiva sobre a verdade, mostrando aos alunos o caminho para chegar a essa verdade. Angelo Realce Angelo Realce Angelo Nota Didáctica Geral : Aprender a ensinar 33 Exercícios Auto-avaliação 2 Assinale com V ou F conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmações abaixo indicadas : a. Quem planifica o ensino deve partir de uma análise dos objectivos, dos conteúdos, dos procedimentos e de todas as possibilidades humanas e materiais que o ambiente escolar pode oferecer em termos de meios a empregar no processo de ensino e aprendizagem b. O professor compromete-se a defender e testemunhar a verdade e a vida dos outros c. A didáctica e o professor, em particular, não devem reflectir sobre as condições em que decorre o PEA, o importante é que os alunos aprendam. d. Num determinado nível de escolaridade pode-se ensinar todo o tipo de conteúdo aos alunos, desde que se tenham meios de ensino adequados e um professor competente sob o ponto de vista metodológico e. O conteúdo de ensino deve ser aproveitado pelo professor nas suas potencialidades educativas e instrutivas, não devendo, por isso, o professor se limitar em fazer com que os alunos assimilem esse conteúdo. Angelo Realce Didáctica Geral : Aprender a ensinar 35 Lição n° 3 DIDÁCTICA: SUAS RELAÇÕES COM A PEDAGOGIA E OUTRAS CIENCIAS Introdução A didáctica é uma ciência pedagógica, por isso mantém uma relação com a pedagogia. Mas também vemos que devido à complexidade do processo de ensino e aprendizagem, de um lado, e, por outro, tendo em conta o carácter interdisciplinar de quase todos os ramos de saber, a didáctica mantém relações com outras ciências. De facto, a actuação do professor com o propósito de ensinar exige dele um agir tendo em conta não somente as habilidades didácticas, mas também pedagógicas e um certo sentido psicológico, sociológico, biológico, filosófico, etc. Neste sentido, o professor deve municiar-se de conhecimentos destas disciplinas: o agir didáctico é ao mesmo tempo pedagógico, biológico, sociológico, filosófico, etc. ObjectivosAo nos propormos nesta lição discutir a questão de relação da didáctica com outras disciplinas, esperamos que, ao completá-la, você seja capaz de: • Explicar a contribuição das outras ciências (pedagogia, psicologia, biologia, sociologia, filosofia) para a actividade didáctica do professor • Redefinir o campo específico de investigação da didáctica, tendo em conta as especificidades de objecto de estudo das outras ciências com as quais tem elação • Diferenciar o objecto de estudo da Didáctica Geral daquele das 36 Lição n 3 Didácticas específicas. Actividade 3 1. De que forma a didáctica se relaciona com a pedagógica e outras ciências? 2. Qual é o objecto especifico da didáctica dentro da investigação pedagógica? 3. Diferencie a Didáctica Geral das Didácticas Especificas. Respondendo à primeira questão, com certeza que deve ter pensado que a dependência da Didáctica em relação à Pedagogia se verifica na impossibilidade de se especificarem os objectivos da instrução, das matérias e dos métodos, fora de uma concepção de mundo, de uma opção metodológica geral e uma concepção de praxis pedagógica, uma vez que essas tarefas pertencem ao campo do pedagógico. É verdade que a finalidade imediata do processo didáctico é o ensino de determinadas matérias e de habilidades cognitivas conexas. Todavia, por se tratar de matérias ou temas de ensino, implicando, portanto, dimensão formativa, a eles se sobrepõem objectivos e tarefas mais amplos, determinados social e pedagogicamente. Daí considerar-se a didáctica como disciplina de intersecção entre a teoria educacional e as metodologias específicas das matérias que se esclarecem e se particularizam sob características comuns, básicas, da actividade pedagógica e, em particular, do processo de ensino e aprendizagem. Em outras palavras, a didáctica opera a interligação entre a teoria e a prática. Ela engloba um conjunto de conhecimentos que entrelaçam contribuições de diferentes esferas científicas (teoria da educação, teoria do conhecimento, psicologia, sociologia, etc.), junto com requisitos de operacionalização. Noutros termos, a Pedagogia investiga a natureza das finalidades da educação como processo social, no seio de uma determinada sociedade, Didáctica Geral : Aprender a ensinar 37 bem como as metodologias apropriadas para a formação dos indivíduos, tendo em vista o seu desenvolvimento humano para tarefas na vida em sociedade. Quando falamos das finalidades da educação no seio de uma determinada sociedade, queremos dizer que o entendimento dos objectivos, conteúdos e métodos da educação se modifica conforme as concepções de homem e da sociedade que, em cada contexto económico e social de um momento da história humana, caracterizam o modo de pensar, o modo de agir e os interesses das classes e grupos sociais. Portanto, a Pedagogia é sempre uma concepção da direcção do processo educativo subordinada a uma concepção político-social. Sendo a educação escolar uma actividade social que, através de instituições próprias, visa a assimilação dos conhecimentos e experiências humanas acumuladas no decorrer da história, tendo em vista a formação dos indivíduos enquanto seres sociais, cabe à Pedagogia intervir nesse processo de assimilação, orientando-o para finalidades sociais e políticas e criando um conjunto de condições metodológicas e organizativas para viabilizá-lo no âmbito da escola. Neste sentido, a Didáctica assegura o fazer pedagógico na escola, na sua dimensão político-social e técnica; é, por isso, uma disciplina eminentemente pedagógica. Chegados a este ponto, estamos certos também que foi fácil relembrar a tarefa e o objecto específicos da didáctica. A didáctica é, pois, uma das disciplinas da Pedagogia que estuda o processo de ensino através dos seus componentes - os conteúdos escolares, o ensino e a aprendizagem - para, com base numa teoria da educação, formular directrizes orientadoras da actividade profissional dos professores. Definindo-se como mediação escolar dos objectivos e conteúdos do ensino, a Didáctica investiga as condições e formas que vigoram no ensino e, ao mesmo tempo, os factores reais (sociais, políticos, culturais, psicossociais) condicionantes das relações entre a docência e a aprendizagem. Ou seja, destacando a instrução e o ensino como elementos primordiais do processo pedagógico escolar, traduz objectivos sociais e políticos em objectivos de ensino, selecciona e organiza os conteúdos e métodos e, ao estabelecer as conexões entre ensino e aprendizagem, indica princípios e directrizes que irão regular a acção didáctica. 38 Lição n 3 Conforme o esquema acima, a Didáctica Geral estabelece relação com as Didácticas especiais ou seja, Metodologias de Ensino de Disciplinas específicas (ex.: Matemática, Línguas, etc.). De facto, as Metodologias das diferentes disciplinas analisam as questões de ensino de uma determinada disciplina, enquanto que a Didáctica Geral tem um objecto de natureza geral: abstrai-se das particularidades das distintas disciplinas e generaliza as manifestações e leis especiais do ensino e aprendizagem nas diferentes disciplinas e formas de ensino. Assim, as Didácticas ou Metodologias especificas são uma base importante para a Didáctica Geral, e esta, por sua vez, generaliza os resultados de estudo sobre o ensino das disciplinas específicas. Finalmente, no que diz respeito às outras disciplinas, constatamos que a relação da Didáctica Geral com estas disciplinas se explica da seguinte maneira: a A Psicologia indica à Didáctica as oportunidades que melhor favorecem a expansão/desenvolvimento da personalidade, bem como os processos que melhor garantem a efectivação da aprendizagem. Didáctica Geral Outras disciplinas: Filosofia, Sociolofia, Biologia Psicologia Didácticas específicas Pedagogia Didáctica Geral : Aprender a ensinar 39 b A Biologia orienta sobre o desenvolvimento físico e os índices de fadiga dos alunos. c A Sociologia indica as formas de trabalho que permitem desenvolver a solidariedade, a liderança, a responsabilidade. d A Filosofia actua na integração das demais ciências que servem de base à Didáctica, coordenando-as numa visão que tem por fim explicar o educando como um ser completo que necessita de atendimento adequado, personalizado, de forma que se possam efectivar os propósitos da educação. Sumário A complexidade do trabalho do professor está na sua capacidade de poder planificar, realizar e avaliar o processo de ensino-aprendizagem, com garantia de que os seus alunos aprendam, desenvolvam o saber, saber fazer e saber ser/estar. Igualmente vemos que esta complexidade se refere, em parte, ao facto de que o professor deve ensinar a partir de uma concepção da direcção do processo educativo subordinada a uma concepção político-social, agindo, portanto, como pedagogo. Ao mesmo tempo o professor deve: • Respeitar a individualidade dos seus alunos e as condições que melhor favorecem a expansão/desenvolvimento da personalidade bem como os processos que melhor garantem a efectivação da aprendizagem • Orientar-se sobre o desenvolvimento físico e os índices de fadiga dos alunos e, a partir disso, por exemplo, conceder aos alunos intervalos depois de um período significativo de trabalho para permitir o repouso dos estudantes, programar actividades em função das capacidades de resistência física dos alunos, etc. • Criar formas de trabalho na sala de aulas e na escola que permitem desenvolver a solidariedade, a liderança, a 40 Lição n 3 responsabilidade nos alunos, tendo em conta o carácter social da sua actividade e da natureza dos alunos e dele mesmo. • Visionar o educando como um ser completo que necessita de atendimento adequado, personalizado, de forma que se possamefectivar os propósitos da educação Exercícios Auto-avaliação 3 Agrupe em dois conjuntos as afirmações que se seguem, segundo sejam verdadeiras ou falsas: a. O professor competente requer um sentido e tacto pedagógico, didáctico, psicológico, filosófico; b. Ao considerar importante que os alunos tenham necessidade e direito à pausa ao longo do trabalho, o professor revela a consideração da psicologia c. A filosofia instiga o professor a visualizar o aluno como um todo, a procurar ensiná-lo conforme as metas que se pretendem em termos do tipo de personalidade a desenvolver d. A didáctica geral generaliza os resultados de estudo sobre o ensino das disciplinas específicas e. Se quiser olhar para a contribuição das diversas disciplinas no seu acto didáctico, o professor jamais cumprirá a sua tarefa; por isso, o melhor é planificar bem as suas aulas e ensinar convenientemente, porque desta forma, qualquer aluno irá aprender. Didáctica Geral : Aprender a ensinar 41 Respostas aos Exercícios de Auto-avaliação Ordem Afirmações verdadeiras Afirmações falsas Auto-Avaliação 1 c), e) e f) a), b) e d) Auto-Avaliação 2 a), b) e e) c) e d) Auto-Avaliação 3 a), b), c) e d) a) 42 Unidade 2 Unidade 2 PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Introdução Bem-vindo à segunda unidade da disciplina de Didáctica Geral. Esta unidade está programada para ( ) horas de estudo, dentro das quais irá aprender sobre a origem e o desenvolvimento histórico do processo de ensino-aprendizagem e, em seguida, apresentam-se as características do processo de ensino-aprendizagem a ser analisadas tendo em conta a sua prática e a da sua escola quanto à realização do PEA. Igualmente nesta unidade, antes de aprender a interacção entre as categorias didácticas, terá oportunidade de discutir a relação dialéctica fundamental no PEA. Em função do que acabamos de dizer, esta unidade comporta quatro secções, nomeadamente: Origens e desenvolvimento histórico do PEA Características do PEA A relação professor-alunos: a relação dialéctica fundamental do PEA Em cada uma das secções são propostas actividades a realizar individualmente, podendo também discutir com os seus colegas do curso. Porque a realização destas actividades é fundamental para a sua aprendizagem, faça o favor de ler e relê-las cuidadosamente para compreender a essência do que lhe é pedido: Nossa esperança é que encare estas actividades como condição essencial para a sua aprendizagem e desenvolvimento das suas competências pedagógico- didácticas, requeridas para um ensino moderno, centrado no aprendiz. Didáctica Geral : Aprender a ensinar 43 No fim da unidade, encontrará um exercício de auto-avaliação, cujas respostas colocamos no fim do módulo para servirem de instrumento de apoio para o seu auto controle das respostas dadas por si às questões colocadas no exercício de auto-avaliação. Por isso, primeiro resolva sozinho os exercícios e só depois é que pode consultar as respostas dadas no fim do módulo, de forma que no caso dos exercícios em que não acertou a resposta aconselhamos-lhe a reler o exercício, estudar a matéria correspondente na unidade e, certificar-se dos seus erros, a fim de aprender a resolver correctamente o exercício. Objectivos Ao completar esta unidade, você será capaz de: Distinguir as principais características do processo de ensino- aprendizagem Reflectir sobre a realização das características do PEA na sua própria prática docente e a dos seus colegas da escola Aplicar na sua prática docente a interacção dialéctica entre as categorias didácticas Justificar a necessidade de realização de um processo de ensino e aprendizagem centrado nos alunos, com todas as suas implicações psicopedagógico-didácticas Construir seu ponto de vista sobre as implicações psicopedagógico- didácticas referidas na alínea anterior na prática quotidiana do professor. 44 Lição n 4 Lição n° 4 ORIGENS E DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO PEA Introdução Educação versus processo de ensino-aprendizagem, eis o binómio que nos colocamos quando imaginamos a actividade do professor. E nesta ordem de ideias, se é verdade que se compreende que um professor ao ensinar deve também educar, resta saber se o processo de ensino- aprendizagem existiu sempre, ou vem depois de alguns passos de desenvolvimento da educação, logo que esta se tornou numa necessidade com a sedentarização e o surgimento do modo de vida social dos homens. Objectivos Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Comparar as características da educação na sociedade primitiva com as da educação na sociedade de divisão de trabalho Identificar as particularidades de uma educação com carácter intencional Explicar a problemática fundamental da didáctica Relacionar o desenvolvimento do património sócio-cultural e técnico- científico com o surgimento do processo de ensino-aprendizagem Já ouviu falar varias vezes do termo “educação” e terá tido a ocasião de se questionar sobre o seu conceito e significado no desenvolvimento da sociedade. Na sociedade primitiva (de caçadores e recolectores) todos os adultos educavam todas as crianças directamente no processo mesmo da vida e Didáctica Geral : Aprender a ensinar 45 do trabalho e do trabalho junto com os adultos. Mas a medida que o trabalho se desenvolvia, começa a haver excedentes de produção e, assim, aparece a divisão de trabalho e, consequentemente, a especialização do trabalho: por exemplo, o ferreiro faz a enxada para o agricultor e recebia parte da sua produção. Na sequência disso, aumenta o património sócio cultural e técnico- científico da humanidade e torna-se cada vez mais complicado todos os adultos «ensinarem tudo a todas as crianças». Assim, surgem pessoas especializadas em educação das crianças e criam-se situações específicas de educação; e, neste sentido, surge o processo de ensino-aprendizagem como processo organizado e intencional para a educação das crianças Actividade 1 Compare a educação na sociedade primitiva com a que é realizada na sociedade em que surge a divisão do trabalho Exacto, na sociedade primitiva a educação tinha um carácter informal, todos ensinavam a todas as crianças, enquanto que com a especialização do trabalho, surgem pessoas e situações específicas em que se realiza a educação, o que caracteriza o processo de ensino e aprendizagem. Mais precisamente, podemos distinguir a educação da sociedade primitiva e a da sociedade em que surge a especialização do trabalho da seguinte forma: Características da educação Na sociedade Primitiva Na sociedade de divisão de trabalho A educação/formação do homem dependia dos seguintes factores: A simples imitação aos adultos A educação é organizada, razão pela qual toma o carácter de processo de ensino-aprendizagem, o que implica: Carácter intencional do PEA 46 Lição n 4 (por isso, era espontânea) A transmissão oral A influência do meio Os exercícios no próprio processo de trabalho Colocação prévia de objectivos e tarefas de ensino Elaboração de conteúdos e métodos de ensino/educação Designação de homens especiais (alunos e professores/educadores com características próprias) Estabelecimento da duração e de locais especiais para a realização do PEA Estabelecimento do controlo (avaliação) sobre o processo da sua realização A educação/formação do homem dependia dos seguintes factores: A simples imitação aos adultos (por isso, era espontânea) A transmissão oral A influência do meio Os exercícios no próprio processo de trabalho A educação é organizada, razão pela qual toma o carácter de processo de ensino-aprendizagem, o que implica: Carácter intencional
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