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DIDÁTICA 
Vania de Souza Ferreira
A didática e a sua 
contextualização 
histórica: uma abordagem 
sobre o ontem e o hoje 
na arte de ensinar
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a trajetória histórica da didática, observando os seus 
diferentes pressupostos teóricos, filosóficos e sociais.
 � Identificar os principais marcos históricos fundamentais na constituição 
da didática.
 � Analisar as mudanças e os avanços da didática nos dias atuais.
Introdução
A didática está presente na vida de qualquer professor: estratégias de 
sala de aula, formação teórico-prática, metodologias, posturas e ativida-
des diversificadas. Esses e tantos outros fatores importantes constituem 
o fazer pedagógico e desenham os caminhos do conhecimento, que 
procura realizar a mediação entre as teorias educacionais e as práticas 
em sala de aula.
Neste capítulo, você terá a oportunidade de navegar e construir 
conhecimentos sobre a trajetória histórica da didática, percebendo os 
diferentes pensadores e as suas teorias educacionais. Nessa perspectiva, 
poderá também reconhecer os principais marcos históricos de constitui-
ção da didática e, ainda, ponderar sobre as transformações e os avanços 
dos estudos e das práticas didáticas na atualidade.
A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o ontem e o hoje na arte de ensinar
A trajetória histórica da didática: pressupostos 
teóricos, filosóficos e sociais
Não é incomum ouvirmos, quando o assunto é escola ou educação, falas como 
“esse professor sabe muito, mas não sabe ensinar”, ou “essa professora não tem 
didática”, ou ainda “a didática desse professor é muito ruim”. São inúmeras 
as expressões relacionadas às práticas da sala de aula e que reafirmam a sua 
importância e necessidade para o processo de construção do conhecimento. 
É nesse cenário que emerge a didática como o caminho para o saber, ou seja, 
a consumação da teorização. 
Vale ressaltar que a palavra didática surge do grego didaktiké com o abran-
gente significado de “a arte de ensinar tudo a todos”. O termo foi empregado 
pela primeira vez por Ratke, em 1629, e por Comenius, em 1657. Foi a partir 
de Comenius que a didática ganhou força e notoriedade. 
Também foi o grande pensador Comenius quem escreveu, entre diversas 
outras obras, a Didática Magna, uma das mais importantes escritas do cenário 
educacional mundial. Portanto, ele trouxe a prática do ensinar-aprender como 
pauta fundamental para esse contexto. Assim, imaginou ter descoberto um 
método eficaz para se chegar à aprendizagem, de modo ágil e prazeroso. 
Comenius (2001, p. 13) ressalta que:
Nós ousamos prometer uma didática magna, ou seja, uma arte universal 
de ensinar tudo a todos: de ensinar de modo certo para obter resultados; de 
ensinar de modo fácil, portanto sem que docentes e discentes se molestem ou 
enfadem, mas ao contrário, tenham grande alegria; de ensinar de modo sólido, 
não superficialmente, de qualquer maneira, mas para conduzir à verdadeira 
cultura, aos bons costumes, a piedade mais profunda. 
No século XVIII, surgiu outro importante expoente que trouxe conhecimen-
tos revolucionários para a didática: Rousseau. Ele não pode ser considerado 
um sistematizador da educação, mas a sua obra apresenta algo que se tornaria 
fundamental para compreender melhor os processos de ensino-aprendizagem: 
um novo e inovador conceito de infância. Rousseau surgiu como um continua-
dor das ideias dos didatas; porém, com os seus estudos e pesquisas, certamente 
deu um passo muito mais além, colocando em evidência a condição do ser 
criança. Assim, transformou o que era método em um processo natural, que 
aconteceria de maneira tranquila, sem excessos, sem livros e sem nenhuma 
pressa.
Na tentativa de percorrer o conceito e o histórico da didática, é impres-
cindível considerar os aspectos políticos, sociais e culturais, bem como as 
2
A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o ontem e o hoje na arte de ensinar
percepções e construções de alguns pensadores e pensadoras a respeito desse 
conceito em diferentes momentos da história. Inicialmente, Pestalozzi (1826), 
em seus escritos e na sua atuação, deu dimensões sociais à problemática 
educacional. O aspecto metodológico da didática encontra-se sobretudo em 
princípios, e não em regras, transportando-se o foco de atenção às condições 
para o desenvolvimento harmônico do aluno.
Para Candau (1986, p. 12), “[...] didática deve ser compreendida como 
reflexão sistemática em busca de alternativas para os problemas da prática 
pedagógica”. Nessa perspectiva, pode-se dizer que ela compõe a pedagogia. 
Outro importante autor que traduz, no decorrer da história, a sua percepção 
sobre a didática é Libâneo (1992, p. 26):
A didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Investiga os funda-
mentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino. Segundo 
essa ideia, a ela cabe converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em 
objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses obje-
tivos, estabelecendo os vínculos entre o ensino e a aprendizagem. 
De acordo com Masetto (1997), vemos em ensinar, instruir, fazer apren-
der uma reflexão sistemática sobre o processo de ensino-aprendizagem que 
acontece na escola (na aula), buscando alternativas para os problemas da 
prática pedagógica — portanto, tentativas de aproximação ao sentido da 
didática. Nesse cenário, é possível perceber que o processo de reflexão siste-
mática visa ao estudo das teorias de ensino e de aprendizagem associadas ao 
processo educativo realizado no contexto escolar (escola e sala de aula), bem 
como aos resultados obtidos, em busca de alternativas da teoria e da prática. 
Como processo de ensino-aprendizagem, atua em três dimensões: a humana, 
a político-social e a técnica. 
Para Anastasiou e Pimenta (2002), a didática é vista como uma ação 
de ensinar que está inteiramente ligada às relações entre os mais velhos e 
os mais jovens, entre crianças e adultos, na família e nos demais espaços 
sociais e públicos. Já para Martins (2008), a didática é a disciplina que 
busca com preender o processo de ensino em suas múltiplas determinações, 
para intervir nele e reorientá-lo na direção política almejada. Portanto, a 
didática recebe influências dos direcionamentos políticos, mas tem o poder 
de atuar sobre eles. 
Por fim, Morandi (2008), apoiado em Chavellard, afirma que a didática 
descreve as modalidades do trabalho pedagógico sobre e com o saber. Esse 
trabalho transforma um objeto-saber a ser ensinado em um objeto de ensino. 
3
A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o ontem e o hoje na arte de ensinar
Considerando as diferentes concepções defendidas por esses e diversos ou-
tros autores e autoras, encontramos na história da educação períodos históricos 
nos quais emergiram novas tendências educacionais, que foram se sustentando 
e se materializando como importantes correntes didático-pedagógicas. Entre 
elas, destacam-se a pedagogia tradicional, a pedagogia renovada, a pedagogia 
tecnicista e a pedagogia crítica.
Nessa perspectiva, para pensarmos as novas práticas educativas e para 
vislumbrarmos as novas possibilidades didático-pedagógicas, é fundamental 
que façamos um paralelo da didática com essas teorias. Dessa forma, trazer 
as diferentes concepções e os períodos históricos nos ajuda a perceber os 
processos de mudanças e transformações, bem como todos os atravessadores 
que influenciaram — e influenciam — a educação e a didática. 
É fundamental, também, problematizar todas essas teorias de modo a 
refletir sobre a necessidade de diálogo entre elas. Ainda, é importante termos 
a possibilidade de visualizar as tantas oportunidades de apoio e intervenção 
ao sujeito no processo de ensino-aprendizagem, inclusive às crianças.
O processo histórico da didática no Brasil
Compreende-se que, a partir da década de 1980 e maisenfaticamente nos 
anos 1990, foi iniciada uma nova fase na educação, com a perspectiva de uma 
ruptura que favorecesse a urgência em interpretar e compreender a dinâmica 
de ensino-aprendizagem em sua vasta dimensão, integrando ainda os seguin-
tes aspectos: técnico, humano e político. Vale ressaltar que esse movimento 
teve estreita relação com a modificação da perspectiva nos estudos sobre o 
currículo (especialmente nos Estados Unidos e na Europa). O currículo, nessa 
perspectiva, constitui um dispositivo em que se concentram as relações entre 
a sociedade e a escola, assim como entre os saberes, as práticas socialmente 
construídas e os conhecimentos escolares. Podemos dizer que os primeiros 
constituem as origens dos segundos. Em outras palavras, os conhecimentos 
escolares provêm de saberes e de conhecimentos socialmente produzidos nos 
diversos espaços de referência do currículo. 
Desse modo, é de máxima importância que você compreenda o processo 
ocorrido na segunda metade do século XX, que reflete na prática de ensino dos 
docentes até os dias atuais. Entre 1960 e 1970, eram sinônimos de qualidade 
na prática de ensino:
 � abordagem tecnicista;
 � construção de planejamentos rígidos;
4
A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o ontem e o hoje na arte de ensinar
 � domínio de sala de aula;
 � enorme valorização das técnicas;
 � valorização enfática nos recursos didáticos, etc.
Em 1980, ocorreu o grande marco no desenvolvimento da didática:
 � ocasião do Encontro de Didática e Prática de Ensino – ENDIPE;
 � enorme produção acadêmica;
 � professores discutindo a sua própria prática;
 � o aluno é visto como um ser historicamente concebido, etc. 
De 1990 até os dias atuais, o processo didático e a prática de ensino-
-aprendizagem se fortalecem:
 � a didática passa a ser tema de interesse de grandes pesquisas;
 � busca-se a compreensão do cotidiano e do fazer pedagógico;
 � o professor é visto como agente reflexivo, pesquisador e transformador;
 � a didática é assumida como disciplina prática, etc.
Enfim, a didática — e tudo o mais que a atravessa — busca a compreensão, 
a análise e o entendimento dos fatos associados ao campo dos conhecimentos 
pedagógicos. Assim, no decorrer da história, vai-se ampliando e transformando, 
dadas as inúmeras pesquisas e os mais diversos pensadores, que se debruçam 
a discutir, problematizar e levantar novas formas de ensinar e aprender. 
Você sabia que a didática é considerada uma ciência que estuda os saberes necessários 
à prática docente e é um dos principais instrumentos para a formação do professor? É 
nela que os docentes se baseiam para adquirir os ensinamentos necessários à prática.
De acordo com Libâneo (1992, p. 26), “[...] a didática trata da teoria geral do ensino”. 
Como disciplina, é entendida como um estudo sistematizado, intencional, de investi-
gação e de prática (LIBÂNEO, 1992). A didática, como importante área da pedagogia, 
procura pesquisar e estudar o fenômeno do “como ensinar”. As recentes modificações 
nos sistemas escolares e especialmente na área de formação de professores configuram 
uma “explosão didática”. A sua ressignificação aponta para um balanço do ensino 
como prática social, ou seja, elas têm provocado consideráveis transformações na 
prática social de ensinar.
5
A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o ontem e o hoje na arte de ensinar
Principais marcos históricos que foram 
fundamentais na constituição da didática
A didática se manifesta nas práticas sociais de várias maneiras: enquanto 
disciplina, enquanto campo do conhecimento, enquanto ação humana, en-
quanto organização institucional, etc. De acordo com Araújo (2008), como 
disciplina, a didática é desenvolvida em cursos de graduação, licenciaturas e 
cursos de formação de professores, de modo a oferecer as ferramentas teórico-
-práticas necessárias para que o futuro docente possa lecionar em sala de aula. 
Enquanto área do conhecimento, aponta os grupos que pesquisam a didática 
e constroem saberes específicos nessa área. Como ação humana, expressa a 
preocupação dos seres humanos em preparar o ensino, organizar as aulas, 
escolher as metodologias próprias para ensinar determinado conteúdo. Como 
organização institucional, busca técnicas e metodologias que organizem os 
processos institucionais de ensino-aprendizagem, para que estes favoreçam 
o processo de construção do conhecimento. 
Para compreender os principais marcos históricos que foram fundamentais 
na constituição da didática, é necessário compreender que, embora muitos 
filósofos tenham se debruçado sobre a educação de modo geral, foi a partir do 
século XII que surgiram os primeiros tratados sistemáticos sobre os processos 
de ensinar e aprender. São exemplos marcantes, apontados por Araújo (2008):
 � Eruditio didascalia, de Hugo de San Victor, no século XII;
 � De disciplinis, de Juan Luis Vives, no século XVI;
 � Aporiam didactici principio, de Wolfgang Ratke, no século XVII.
Certamente, todas essas obras foram fundamentais para as compreensões, 
mudanças e evoluções em suas respectivas épocas. Contudo, é preciso reafir-
mar que nenhuma delas apresenta tanta notoriedade e grandiosidade como a 
Didáctica Magna, de João Amós Comenius, publicada em 1657. Tanta reper-
cussão possivelmente se deve pela complexidade e pela audácia da proposta, 
apresentada ali como o tratado que propunha ensinar tudo a todos.
Em seus estudos, Comenius traça reflexões sobre a divisão social do tra-
balho, que vai se tornando forte característica de seu tempo. Para ele, foram 
quatro as modalidades de escolas: a escola do regaço materno, a escola da 
língua nacional, a escola latina e a academia ou universidade. 
Outro aspecto que, sem dúvida, precisa estar listado como um marco 
histórico na constituição da didática refere-se às teorizações de Rousseau. O 
pensador ajudou a desenhar o caminho da didática de modo marcante, apre-
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A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o ontem e o hoje na arte de ensinar
sentando algo que influenciaria todos os estudos subsequentes. A valorização 
da infância por ele defendida está carregada de consequências para a pesquisa 
e a ação pedagógicas, mas estas vão ainda aguardar mais de um século para 
se concretizarem. 
Enquanto Comenius, ao seguir as "pegadas da natureza", pensava em "domar 
as paixões das crianças", Rousseau partiu da premissa da bondade natural do 
homem, corrompido pela sociedade. É em sua obra O Contrato Social que ele 
discute a reforma da sociedade, tão necessária quanto a reforma da educação. 
Foi por essa vertente de seu pensamento que participou da renovação ideológica 
que precedeu à Revolução Francesa. Para Damis (1988, 1988, p. 13):
Há uma evolução da Didática em paralelo com a história da educação, visto 
que, desde os jesuítas, passando por Comênio, Rousseau, Herbart, Dewey, 
Snyders, Paulo Freire, Saviani, dentre outros, a educação escolar percorreu 
um longo caminho do ponto de vista de sua teoria e prática. Vivenciada 
através de uma prática social específica — a pedagogia —, esta educação 
organizou o processo de ensinar-aprender através da relação professor aluno 
e sistematizou um conteúdo e uma forma de ensinar (transmitir-assimilar) o 
saber erudito produzido pela humanidade. 
Observa-se que, desse modo, a educação foi ganhando forças, e a pedagogia 
foi se sustentando como ciência particular, desvinculando-se aos poucos da 
filosofia e da teologia e se reafirmando no cenário educacional. As histórias 
da pedagogia e da didática se misturam no tempo. Em alguns momentos, ao 
resgatarmos os estudos que compõem a história da pedagogia, muitas vezes 
nos referimos a teólogos e filósofos, entre outros. Algo similar acontece quando 
contamos a história da didática. 
Foram muitos os marcos históricos que contribuíram para que a didática 
evoluísse e chegasse onde chegou. Destacam-se os seguintes nomes:
 � Jean Jacques Rousseau (1712–1778) foi um pensadorque procurou 
interpretar essas aspirações, propondo uma concepção nova do ensino, 
com base nas necessidades e nos interesses imediatos da criança.
 � Henrique Pestalozzi (1746–1827) deu grande importância ao ensino 
como meio de educação e desenvolvimento das capacidades humanas.
 � Johann Friedrich Herbart (1766–1841) foi um pedagogo alemão com 
grande influência e relevância na didática e na prática docente. Para 
ele, o fim da educação é a moralidade; a instrução é introduzir ideias 
corretas na mente do homem.
7
A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o ontem e o hoje na arte de ensinar
 � A. Diesterweg (1790–1866), um didata alemão, estudou e pesquisou 
sobre o desenvolvimento do professor.
 � John Dewey (1859–1952) foi um destacado representante de uma das 
tendências do pragmatismo didático. Na didática, a sua maior contri-
buição está no ensino laboral e na relação do ensino com a vida.
 � Paulo Freire (1921–1997) é sem dúvida um dos maiores pedagogos do 
século XX. Como aconteceu em outras épocas, grandes pedagogos se 
converterem também em grades didatas — ou ainda, grandes didatas 
se tornaram grandes pedagogos.
Enfim, é preciso ressaltar que a didática, desde a sua origem, como qual-
quer outra ciência particular, estuda e pesquisa o seu próprio objeto e, dentro 
dele, o campo de ação. No decorrer da história, muitos foram os estudos e 
as pesquisas que se instituíram como marcos evolutivos e contribuíram para 
a ampliação, renovação e o alcance dos processos didáticos, bem como das 
transformações da educação. 
A didática é uma disciplina obrigatória no currículo dos cursos de licenciatura no 
Brasil desde o início do século XX — um marco para os processos de formação de 
professores e para a educação brasileira. A disciplina de didática investiga, de acordo 
com Libâneo (1992), os fundamentos, as condições e os modos de realização da 
instrução e do ensino. Assim, busca-se revelar, no decorrer da história, elementos e 
características que marcaram formas de pensar o ensino e a aprendizagem no âmbito 
dessa disciplina, principalmente no que se refere às questões relacionadas a como 
ensinar e ao trabalho docente.
Mudanças e avanços da didática na atualidade
Para falarmos das transformações e dos avanços da didática na contemporanei-
dade, é fundamental considerarmos o fato de que, com a redemocratização do 
Brasil, passou a ser necessária uma formação diferenciada do corpo docente. 
Portanto, passou-se a buscar a formação política do professor, percebendo a 
educação como ato político e social. Nesse novo cenário da educação e da 
didática, o professor passou a ser visto como agente intelectual transformador, 
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A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o ontem e o hoje na arte de ensinar
cujo trabalho deveria ser orientado por determinada ética valorativa e cuja a 
prática precisaria ser abrangente e eficaz. 
Pensar na didática para a atualidade requer pensar nos diferentes movi-
mentos que a sociedade produz e nas diversas demandas que emergem a todo 
tempo. Requer também compreender as muitas dimensões que atravessam os 
sujeitos e, ainda, os múltiplos contextos nos quais eles estão inseridos. São 
características dos novos tempos o ensino-aprendizagem e a prática educativa 
vistos como prática social; nesses aspectos, a didática precisa se reinventar e 
propor novos alcances, novas propostas e novos vieses. 
Em um novo cenário, a didática é convocada a debater a formação dos 
professores, com questões que giram em torno da discussão sobre como se 
ensina a ensinar, ou mesmo sobre quais são os saberes necessários ao exercício 
da docência. Nessa perspectiva, é importante considerar o que diz Marin, 
Penna e Rodrigues (2012):
A Didática não é um receituário que deve informar a prática de ensino, mas 
uma área de conhecimento para a compreensão dessa prática, valendo-se da 
teoria como hipóteses de análise e compreensão. Trata-se de compreender as 
situações de ensino, não para prescrever a prática, mas para ampliar o domínio 
sobre ela, e assim contribuir nos processos de formação dos professores em 
todos os âmbitos. 
Hoje, no processo educacional, o professor não é mais o eixo da ação 
educativa, como se pensava anos atrás. Concebe-se o educando na contem-
poraneidade como ser ativo, procedente das experiências vivenciadas em seus 
múltiplos aspectos de conhecimento, tornando-se assim o centro da prática 
pedagógica. Ao professor cabe o papel de mediar a cultura elaborada. 
Em suma, o ensino-aprendizagem é uma atividade dinâmica e criativa, 
um acontecimento eminente, interpessoal e social, que ocorre na mobilização 
mental da subjetividade e da experiência sociocultural concreta, como sugere 
Libâneo (1992). Na perspectiva de pensar os processos inovadores da didática 
na atualidade, emerge uma proposta que tem se firmado cada vez mais como 
transformadora e eficaz junto à prática docente e à construção do conhecimento: 
são as metodologias ativas.
As metodologias ativas se configuram como uma inovadora prática do-
cente, a qual consiste em um processo amplo que possui como principal 
característica a inserção do estudante como agente principal e responsável 
pela sua aprendizagem. É necessário ressaltar que o processo de construção 
do conhecimento, devido a diversos fatores (como a agilidade na produção de 
9
A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o ontem e o hoje na arte de ensinar
conhecimento, a provisoriedade das verdades construídas no saber científico 
e, principalmente, a facilidade de acesso à vasta gama de informação), deixou 
de ser baseado na mera transmissão de conhecimentos. 
Nesse contexto, as metodologias ativas surgem como proposta para 
focar o processo de ensino-aprendizagem na busca da participação ativa 
de todos os envolvidos, centrados na realidade em que estão inseridos. 
O estudante torna-se protagonista no processo de construção de seu co-
nhecimento, sendo responsável por sua trajetória e pelo alcance de seus 
objetivos. Assim, ele deve ser capaz de autogerenciar e autogovernar o 
seu processo de formação.
São exemplos de metodologias ativas:
Flipped classroom – sala de aula invertida
Na sala de aula invertida, os alunos fazem uma leitura prévia do conteúdo, fora da sala 
de aula. Durante a aula, o professor aproveita o tempo para discussões em grupos e 
realização de exercícios e projetos.
Problem Based Learning – Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL)
Essa metodologia ativa de ensino-aprendizagem se utiliza de problemas da realidade 
para mobilizar o aprendizado.
Aprendizagem Baseada em Times (TBL)
A TBL contempla a formação de times pelos estudantes, que, gerenciados pelo pro-
fessor, devem se responsabilizar pela autoaprendizagem e pelo desenvolvimento da 
aprendizagem do grupo.
Peer Instruction – Instrução por Pares ou Instrução pelos Colegas (IpC)
É um ensino para a compreensão, que se baseia no estudo prévio de matérias disponibi-
lizadas pelo professor e na apresentação de questões conceituais para serem discutidas. 
O objetivo é promover a aprendizagem de conceitos fundamentais utilizando-se da 
interação entre os estudantes.
World Café
Os participantes sentam em grupos e, após as explicações em relação ao pro-
cesso de trabalho, será iniciada uma conversação sobre um tema ou pergunta 
predefinidos.
Design Thinking
Busca diversos ângulos e perspectivas para a solução de problemas, priorizando o 
trabalho colaborativo em equipes multidisciplinares, atrás de soluções inovadoras.
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A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o ontem e o hoje na arte de ensinar
Os avanços na área da didática têm contribuído muito para a transformação 
do currículo escolar. Este, por sua vez, para ser eficaz e ter qualidade, deve 
possibilitar a formação continuada dos professores, perceber o aluno como 
principal agente no processo de aprendizagem e fazer uso inteligente das 
novas tecnologias. Além disso, deve estimulara utilização de metodologias 
que sejam significativas e que alcancem os diferentes tipos de alunos, de 
modo a proporcionar a participação destes como sujeitos do processo educa-
tivo. Não basta incluir algumas aulas de informática e vídeo, é preciso criar 
situações de aprendizagem em que o aluno construa autonomia e motivação 
na sua utilização. Finalmente, para que isso seja possível, é necessário um 
planejamento de ensino que una os profissionais da educação nesse processo 
(professores, coordenadores, agentes educacionais, diretores), ou seja, um 
trabalho em equipe. Assim se compreendem as novas propostas didáticas e 
se constrói uma educação para os novos tempos.
Oficinas
Ela prevê momentos de interação e troca de saberes a partir de uma horizontalidade na 
construção do saber inacabado. A sua dinâmica toma como base o pensamento de Paulo 
Freire no que diz respeito à dialética/dialogicidade na relação entre educador e educando.
Gamificação
A gamificação utiliza elementos encontrados em jogos e os insere em contextos 
diferentes, buscando transportar o aspecto lúdico e motivacional de games para 
outros ambientes.
Grupo de Verbalização e Grupo de Observação (GVGO)
É muito utilizada com grande quantidade de participantes, pois exige que o grupo 
maior seja dividido em dois subgrupos. Um subgrupo (GV) interno formará um 
círculo, um subgrupo (GO) externo formará um semicírculo e ficará ao redor das 
paredes da sala.
Dramatização
A dramatização na escola tem como finalidade buscar a participação, o estímulo, o 
convívio social, além do crescimento cultural e da linguagem oral e corporal.
11
A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o ontem e o hoje na arte de ensinar
Na metodologia denominada World Café, as ideias-chave são anotadas em uma folha 
de papel, da forma como os participantes julgarem melhor. Terminado o tempo da 
primeira rodada (20 a 30 minutos), os participantes do grupo, exceto um (chamado 
de host ou anfitrião), deverão mudar para outros grupos. Aquele que permaneceu 
tem a responsabilidade de receber os novos companheiros, apresentar o que foi 
sintetizado e estimular que sejam compartilhadas as conversações experimentadas 
nos outros grupos. 
Nesse momento se inicia o processo de polinização cruzada, que acontece durante 
todas as demais rodadas do World Café. É importante delimitar o tempo para o 
consenso do grupo (3 min). Esse conteúdo deverá ser incorporado ao registro 
daquele grupo. Terminada aquela rodada, novamente os participantes (menos o 
host) mudam de mesa e, dependendo do objetivo, continuam na mesma questão 
ou recebem um novo detalhamento ou novo foco. Todos os participantes, exceto 
o host, deverão percorrer todos os grupos.
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