Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PUC MG Marcos Terra de Souza UM PANORAMA DO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Belo Horizonte 2020 Marcos Terra de Souza UM PANORAMA DO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Direito Empresarial como requisito parcial à obtenção do título de especialista. Belo Horizonte 2020 RESUMO A globalização trouxe em seu esteio um maior movimento das empresas, que buscam a internacionalização para ampliar suas atividades comerciais. O presente trabalho objetiva propor um estudo sobre o panorama nacional de internacionalização das empresas brasileiras. Como método de estudo foi adotada a metodologia qualitativa, através de pesquisa bibliográfica. O objetivo geral será traçar um panorama geral do processo de internacionalização das empresas brasileiras. Já os objetivos específicos serão discorrer sobre as empresas e o processo de internacionalização; discorrer sobre as estratégias necessárias; discorrer sobre as vantagens e desvantagens da internacionalização; analisar os benefícios trazidos pelo processo de internacionalização; analisar as barreiras e dificuldades enfrentadas pelas organizações em tal processo. Devido a necessidade de maiores estudos acerca da internacionalização de empresas nacionais, essa pesquisa se justifica através da observação de como a internacionalização pode trazer vantagens para as empresas, como incentivos para facilidade de obtenção de capital de giro, juros baixos, tarifas bancárias a custo zero, entre outros. Palavras-chave: Internacionalização. Empresas. Estratégias. Competitividade. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Natureza da internacionalização de empresas 12 Figura 2: Principais conceitos das teorias de internacionalização 18 Figura 3: Benefício da internacionalização 23 Figura 4: Plano de internacionalização 26 Figura 4: Fases do processo de internacionalização 27 LISTA DE ABREVIATURA BRIC Brasil, Rússia, Índia e China GRI Grau de internacionalização MPMEs Micro, pequenas e médias empresas MN Modelo de Negócios OMC Organização Mundial do Comércio SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10 2. INTERNACIONALIZAÇÃO ...................................................................................................... 13 3. INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS ......................................................... 21 4. TEORIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO .................................................................................. 24 5. BENEFÍCIOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS .................................................... 34 6. ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS .................................................. 42 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 54 8. REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 58 9. AGRADECIMENTO ............................................................................................................... 61 1. INTRODUÇÃO Todas as atividades existentes procuram por evolução, e assim o é no mundo dos negócios, sendo o crescimento das organizações uma busca constante. A capacidade de crescimento das empresas depende em grande parte do investimento na qualidade, e ela só cresce a partir de gatilhos que tem e desde que consiga promover um bom atendimento, influenciando seu cliente a se tornar fiel bem como a comprar cada vez mais, e assim irá gerar lucros, e consequentemente um maior desempenho no crescimento empresarial. A escolha do tem se justifica eis que todo tipo de negócio busca por evolução e crescimento, bem como expansão e novas oportunidades. No entanto, tal busca enfrenta diversas dificuldades e desafios, o que faz inclusive que muitas organizações desistam de se expandir ou mesmo de suas atividades, e o estudo sobre tal problemática se revela importante para entender o processo de internacionalização que muitas empresas vêm passando. Importante ressaltar que no Brasil o processo de internacionalização ainda ocorre de maneira lenta, sendo um dos motivos o desconhecimento das estratégias necessárias para tal processo. Por tal motivo, justifica-se ainda a escolha do tema, pela necessidade de maiores estudos acerca do assunto. O processo de internacionalização corresponde a empresa a expandir seus negócios para outros países, sendo este um processo gradual e continuo da organização, fora de seu lugar de origem. Este processo de internacionalização pode ocorrer de diversas formas, e para sua efetivação revela-se necessário um bom planejamento estratégico. O objetivo geral a ser alcançado é trazer um panorama do processo de internacionalização das empresas brasileiras, e os objetivos específicos são analisar o processo de internacionalização; discorrer sobre as vantagens e desvantagens da internacionalização; analisar os benefícios trazidos pelo processo de internacionalização; analisar as barreiras e dificuldades enfrentadas pelas organizações em tal processo. De atualíssima relevância tem o tema eis que a escolha do assunto aqui abordado tem origem no fato de que o direito à propriedade é fortemente influenciado pelo instituto da função social da propriedade e como isso vem a afetar o desenvolvimento e progresso econômico do Brasil na medida em que acaba limitando o direito à propriedade e o uso de tais propriedades. O direito à propriedade trata-se de uma conquista relativamente nova na história da humanidade na medida em que só após o advento da Idade Moderna é que a propriedade começou a ser considerada um direito natural do homem. De lá para cá o direito à propriedade passou a ser tutelado e protegido no mundo todo inclusive pelo sistema jurídico, e no Brasil não foi diferente com a tutela das constituições federais, sendo que com a Constituição Federal de 1988 o direito à propriedade passou a servir também a uma função social, o quer veio a relativizar esse direito. Almeja-se com o presente trabalho ajudar a preencher lacunas teóricas e se proceder a um levantamento sobre como o instituto da função social da propriedade veio a relativizar o direito do brasileiro à propriedade, inclusive garantido constitucionalmente, tudo através do fornecimento de conclusões fáticas que, além de seu interesse geral e específico no âmbito das garantias fundamentais e das limitações trazidas pela nova lei trabalhista podem servir de base para futuros trabalhos. 2. INTERNACIONALIZAÇÃO No presente capítulo irá se discorrer sobre as empresas e seus processos, em especial após a globalização trazida por fenômenos como a era tecnológica e o advento da internet. A globalização trouxe ainda outro fenômeno, o de aumento da competitividade, e assim, as empresas necessitaram se adaptar e inovar. O longo caminho trilhado pelas empresas visa uma melhor performance das mesmas, inclusive através da compreensão da mudança organizacional como um processo necessário para um melhor rendimento. Como defende Chiavenato (2005, p.35): “Com a nova tecnologia dos processos de produção, de construção e de funcionamento das máquinas, com a crescente legislação destinada a defender e proteger a saúde e a integridade físicado trabalhador, a administração e a gerência das empresas industriais passaram a ser a preocupação maior dos proprietários”. A atual competitividade empresarial, a maior exigência de qualidade de serviços e produtos e a satisfação dos clientes são grandes desafios para as organizações na atualidade, sendo que muitas não conseguem se expandir ou seque se manter no mercado em virtude das dificuldades enfrentadas pelos atuais desafios. No entanto, para as empresas que conseguem se manter no mercado existe ainda a chance de expansão, inclusive internacional. A atualidade é marcada pela competitividade e alta concorrência, em especial entre as organizações, o que torna o consumo um fator de extrema relevância cultural, econômica e financeira, e para que uma empresa não só permaneça no mercado como cresça e se destaque, torna-se necessário que o mesma obtenha vantagem competitiva não só na venda de seu produto ou serviço como com seus fornecedores, na busca por uma qualidade melhor nos produtos, tudo de forma a se destacar das demais organizações e conquistar uma vantagem competitiva (BARBIERI, 2003, p.31). Conforme bem coloca Hayes et al. (2008, p. 243) a concorrência global ficou mais acirrada. Neste contexto, fica claro que a vantagem competitiva passou a ter uma dependência progressiva. Não é exagero afirmar que as empresas para manter a competitividade precisa de fatores como agilidade e qualidade em todos seus processos, revelando-se necessária muita planificação, boas estratégias, ações eficientes e cuidados para que uma empresa cresça e se renove. Desta forma, a qualidade para as empresas é reconhecida como fator decisivo, visto que influenciaria as decisões sobre investimentos, organização da produção e estratégias e políticas de desenvolvimento (GUIMARÃES, 2018, p. 3). Umas das chaves para uma organização alcançar um patamar de conquistas, mantendo a competitividade, é a qualidade, sendo que a competitividade de uma empresa depende essencialmente da qualidade dos bens, atendimento, como também os serviços elaborados pela aludida organização (ZENONE, 2019). Tanto a qualidade dos produtos e serviços é importante quanto a qualidade no atendimento, sendo este inclusive considerado por muitos como o grande diferencial para as empresas, porque por mais que produto ou serviço oferecido for de qualidade, caso a organização não ofereça um excelente atendimento a seus clientes, dificilmente haverá a sua fidelização. As empresas são influenciadas por mudanças em seus contextos socioeconômicos que afetam sua dinâmica externa e interna e como consequência seu planejamento e suas estratégias. Elas também diferem à medida que o tempo passa, para Castells (2006), existe uma diferença clara entre as economias antes e após a segunda Guerra Mundial e as economias da segunda metade do século XX. A diferença está no crescimento e avanço das grandes corporações e na revolução das tecnologias de informação e sua difusão, tanto no âmbito social quanto no econômico, que contribuíram para a formação de uma economia global (BUENO, 2011, p. 61). Importante destacar ainda como vantagem competitiva para as empresas uma boa liderança e profissionais qualificados, além de um bom sistema de gestão. As empresas que buscam evoluir para o mercado internacional devem se atentar a todos esses elementos que em conjunto (qualidade, boa liderança, competitividade), formam a base para a capacidade de ampliação. Em época contemporânea a empresa eficiente é a que aprende. Adjetivos antes utilizados para descrever o trabalho de gerenciamento estão mudando, além de termos, antes retirados da engenharia e finanças, agora são substituídas por vocabulários encontrados nas ciências sociais e humanistas. Não só a linguagem está mudando, mas a perspectiva está mudando de forma constante de gerenciamento para liderança, de produto para consumidores de serviços, de operação rotineira para criatividade inspirada, de repetição de tarefas para inovação em marketing. Portanto, as empresas não podem se dar ao luxo de recompensar as ações rotineiras do que está embutido no “gerenciamento” (GOLDSMITH; LYONS; FREAS, 2003). A necessidade de se manter em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo fez com que as empresas buscassem se expandir, inclusive em um processo crescente e continuado de envolvimento nas operações com outros países fora de sua base de origem. Por internacionalização trata-se do processo de participação crescente nas operações internacionais (SALES et al. 2015). As organizações estão sujeitas e expostas a mudanças, originárias no ambiente externo que, evidentemente, afetarão o mercado, os processos e as pessoas, e a sobrevivência das empresas sujeita-se à sua capacidade de promover, constantemente, ajustes para adequação do ambiente corporativo, legitimando a crescente preocupação das organizações com os fatores internos, que são os que proporcionariam maior competitividade frente ao ambiente externo. Entre tais fatores internos o recrutamento e seleção de profissionais que venham a agregar valor à organização passou a ser mais valorizado (SILVA, 2017). A eficiência é um sistema de administração de recursos, mais que uma simples medida de desempenho. O princípio geral da eficiência é a relação entre esforço e resultado. Quanto menor o esforço necessário para produzir um resultado, mais eficiente é o processo. A antítese da eficiência é o desperdício (MAXIMILIANO, 2004). Diante da competitividade trazida pelo aumento de consumo, as organizações têm buscado crescimento e desenvolvimento para atender, com eficiência e agilidade, as necessidades e exigências de consumidores e sociedade, com o intuito de se destacarem e obterem maior participação no mercado em que atuam, e até uma expansão com sua internacionalização. Com relação a natureza do processo de internacionalização, tem-se que a figura abaixo demonstra no que consiste tal processo e quais as decisões envolvidas na fase inicial do processo, quando a internacionalização é ainda uma teoria a ser colocada em prática. Figura 1: Natureza da internacionalização de empresas Fonte: https://slideplayer.com.br/slide. Com relação a globalização, tem-se que após a criação da OMC (Organização Mundial do Comércio) as barreiras ao livre comércio vieram sendo mitigadas e com isso o planeta foi se transformando em um mercado único, o denominado mercado global. O objetivo maior da globalização seria beneficiar o consumidor que teria acesso a produtos mais acessíveis. A globalização pode ser definida como a multiplicação e intensificação das relações estabelecidas entre agentes econômicos de diversas partes do mundo, tratando-se de um processo que requer a abertura dos mercados nacionais e a destruição de barreiras separatistas (SALES et al. 2015). Internacionalização é um conceito geral que inclui diferentes atividades, desde exportação de produtos/serviços ou estabelecimento de joint ventures e subsidiárias no exterior, até contratação de empresas e outros tipos de arranjos. A internacionalização beneficia as empresas: diversifica os mercados, favorece a aquisição de novos conhecimentos tecnológicos e estratégias de negócios, bem como impõe maior qualificação à produção e aos serviços, o que tende a estimular a inovação. Esses fatores atuam como fontes de vantagem competitiva para as empresas (GUIMARÃES, 2018, p. 2). A movimentação das empresas desde as últimas décadas do século XX corrobora a opção pelas estratégias de internacionalização, que ocorrem através de quatro aspectos que se relacionam entre si, sendo eles o amplo crescimento do comércio internacional; o aumento do investimento direto estrangeiro; o papel das empresas que passaram por processo de internacionalização como produtoras na economia global; e por fim a formação deredes internacionais (COELHO, 2011, p. 411). Em época contemporânea um dos pressupostos econômicos mais relevantes é o de que o desenvolvimento econômico se encontra atrelado à economia mundial, sendo que duas questões importantes alicerçam esse pressuposto: abertura ao mercado mundial e inovação. Anteriormente, a internacionalização era restrita às grandes empresas, sendo que na atualidade micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) envolvem-se crescentemente no mercado global (GUIMARÃES, 2018). 3. INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS Não se revela possível se explanar sobre a internacionalização de empresas brasileiras sem falar da expansão das empresas de países emergentes e em desenvolvimento. Anteriormente circunscrita à empresas de grande porte e de países desenvolvidos, o contexto contemporâneo revela que a estratégia de internacionalização não se trata mais de fenômeno exclusivo do Norte (COELHO, 2011, p. 411). Segundo Sales et al (2015), na atual ordem econômica mundial, o Brasil aparece como um importante mercado emergente e agente produtor, muito devido à crise econômica de países desenvolvidos que trouxe aos países em desenvolvimento a expectativa de crescimento econômico sustentável. Assim, a internacionalização ganhou contornos globais, com empresas de países emergentes expandindo suas atividades, com a participação crescente de tais empresas nas operações internacionais. Bueno (2011) esclarece que no Brasil, após os anos 2000, a competitividade e a estratégia de gestão das organizações se voltaram cada vez mais para o mercado global. Tal realidade vem a demonstrar a necessidade de as empresas nacionais planejarem suas estratégias de forma a possibilitar a sua. Anteriormente considerado apenas para a instalação de subsidiárias de multinacionais, o Brasil vem marcando o cenário internacional com a expansão de suas empresas, através de processos de aquisição, fusão, parcerias ou instalação de subsidiárias, aumentando sua atuação e operação em diversas partes do planeta, e muito se deve às estratégias adotadas por tais empresas. Há recente e crescente participação das empresas do hemisfério Sul e dos emergentes. A sigla BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), já disseminada senso comum afora, somada a certo reordenamento dos fluxos comerciais, de investimento e financeiros, sinaliza que atualmente novos players, tratados como entrantes tardios, estão ativamente surgindo, com suas dinâmicas e características específicas (COELHO, 2011, p. 411). O aumento do fenômeno da internacionalização é resultado da emergência de um novo paradigma trazido pela denominada nova economia, em que conhecimento e inovação são considerados vantagens por excelência e, assim, motor da economia. Para o autor “o crescimento desse fenômeno resulta da emergência de um novo paradigma que configura a chamada nova economia, em que conhecimento e inovação são considerados uma vantagem comparativa por excelência e, portanto, motor da economia” (GUIMARÃES, 2018). Internacionalização é um conceito geral que inclui diferentes atividades, desde exportação de produtos/serviços ou estabelecimento de joint ventures e subsidiárias no exterior, até contratação de empresas e outros tipos de arranjos, como cooperação entre empresas para desenvolvimento de atividades de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Neste estudo, utilizou- se o sentido geral do conceito, sem limitar as atividades econômicas internacionais a operações comerciais, mas considerando os demais tipos referidos de relações entre empresas (GUIMARÃES, 2018). Mesmo com essa evolução do processo de internacionalização brasileira, é necessário um maior avanço, sobretudo na busca de um diferencial competitivo que permita a inserção mais efetiva das empresas em mercados novos (SALES et al. 2015). A internacionalização de empresas brasileiras constitui área de interesse, considerando-se que ela tende a qualificar as empresas que nela investiram, criando possibilidades e desenvolvimentos de capacidades para a criação de valor, o que contribui para dinamizar a economia (GUIMARÃES, 2018). o comércio internacional possa desempenhar efeito positivo sobre o crescimento econômico, como destacado por Dufrenót, Mignon e Tsangarides (2010), tem-se no caso do Brasil uma sinalização desse efeito, em que se é possível verificar que paralelamente ao crescimento das exportações (taxa de crescimento anual média de 11,2%) constatou-se que o produto interno bruto (PIB real) ao longo de 1995 a 2011 cresceu a uma taxa média anual de 3% ao ano (IBGE, 2013). Ademais, para o mesmo período, o país teve suas importações aumentadas em aproximadamente 9,4% ao ano. Portanto, esses valores demonstram a possível relação positiva entre o comércio internacional (exportações mais importações) e o crescimento econômico brasileiro (SILVA et al 2018, p. 808). 4. TEORIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO No presente capítulo ira-se discorrer sobre as teorias que fundamental a internacionalização de empresas. Muitas teorias foram desenvolvidas acerca do processo de internacionalização, dependendo do enfoque. Aqui serão consideradas as diversas teorias que fundamentam o processo de internacionalização das empresas, como o Modelo de Uppsala, a Teoria Eclética de Internacionalização e a Teoria da Vantagem Competitiva e Teoria do Ciclo Produtivo. A seguir se irá discorrer brevemente sobre cada uma delas. Tais teorias trouxeram valiosa contribuição às análises acerca do processo de internacionalização que compreendem que as características dos decisores e dos aspectos comportamentais são o que vem a definir o padrão das estratégias internacionais. Tem-se ainda que a internacionalização é entendida como fenômeno processual e gradual, demandando para isso diversas etapas até que uma relação de negócio internacional seja considerada apta. (COSTA et al. 2017). O Modelo de Uppsala, segundo Sales et al. (2015) criado por Porter (1991), traz o conceito de que um país depende de maneira direta da capacidade do empresarial constantemente se inovar e modernizar, sendo que tal capacidade se deve a uma série de atributos relacionados pelo autor. As empresas alcançam vantagens competitivas de forma global devido a desafios e pressões, se beneficiando em ter fortes concorrentes domésticos, fornecedores agressivos e clientes locais exigentes. Os atributos relacionados por Sales et al. (2015) e que capacitam as empresas a expandir internacionalmente são: Condições de fatores: a posição da nação em fatores de produção, tais como mão de obra habilitada ou infraestrutura necessária para competir em um dado setor; - Condições de demanda: a natureza da demanda do mercado interno para os produtos e serviços do setor; - Setores industriais correlatos e de apoio: a presença ou ausência no país de indústrias de fornecedores e outros setores correlatos que sejam internacionalmente competitivos; - Estratégia, estrutura e rivalidade: as condições que no país estabelecem a maneira pela qual as empresas são criadas, organizadas e gerenciadas, bem como a natureza da rivalidade interna (SALES et al. 2015). Já a teoria eclética, segundo Costa et al. (2017) buscou realizar uma junção da abordagem econômica com a explicação de outras variáveis intervenientes no processo, buscando compilar as teorias que trazem aspectos como localização, competição monopolista, internacionalização e custos de transação. O modelo traz envolvidas determinantes de produção internacional, sendo sua utilização mais para essa avaliação do que para a análise de padrões de internacionalização em si, o que faz com que seja considerado com pouca capacidade preditiva. A Teoria do Ciclo Produtivo, segundo Costa et al. (2017) analisa que, em função do desenvolvimento do ciclo do produto, o mercado vem a oferecer condições para a expansão,o que acaba por dar origem às multinacionais. Deste modo, a cada etapa do ciclo de vida do produto, a empresa passa a assumir nova fase no processo de internacionalização. A empresa, desse modo, passa por um processo gradual através de estágios como o inicial de realizar operações fora do seu entorno através da exportação. No estágio posterior, a empresa entra na fase de crescimento do produto, sendo as exportações consolidadas até ser realizado o investimento de maneira direta no país estrangeiro. Em um terceiro estágio, ocorre a saturação da produção com a padronização do processo produtivo. No último estágio, o declínio ocorre quando a demanda do país do estágio inicial é inferior a oferta produzida. O Modelo de inovação, trazido por Reid (1981) e Czinkota e Johnston (1985) traz como foco o processo de internacionalização através da perspectiva da inovação, tratando-se a internacionalização de um processo sequencial de aprendizado organizacional através da implementação de estratégias inovadoras, ao se considerar diferentes níveis de comprometimento com o mercado internacional. Assim, tal teoria é caracterizada pela aplicação de recurso gradual e incremental, já que o novo mercado é uma nova alternativa, requerendo planejamento e reconhecimento das atividades internacionais (COSTA et al. 2017). Existem pontos importantes que devem ser observados na internacionalização, independente da teoria adotada em tal processo, sendo que muitos deles se revelam imprescindíveis para qualquer plano de expansão que possua uma empresa, como é o caso de recursos disponíveis. Assim, a avaliação prévia das necessidades e dos recursos disponíveis ao processo de internacionalização revelam-se fundamentais. A internacionalização (e não processo) é parte da natureza da estratégia organizacional. Assim, as empresas nascidas globais sinalizam para a mudança paradigmática quanto ao entendimento de dois constructos importantes nos estudos em administração: estratégia internacional e processo de internacionalização. Há uma convergência teórica a indicar que essas matérias devem ser vistas como estratégia organizacional, uma vez que negócios internacionais fazem parte das demandas na competição na arena global (COSTA et al. 2017). Conforme já explanado, as teorias acerca do processo de internacionalização são diversos, sendo que Kovacs, Moraes e Oliveira (2011, p. 323) identifica os mais relevantes conceitos-chave de seis teorias de internacionalização: Ciclo de Vida do Produto (CVP), Uppsala, Paradigma Eclético, Modelo Diamante, Escolha Adaptativa e Visão Baseada em Recursos (RBV). A figura abaixo demonstra a relevância da observação das teorias com base nas intersecções entre seus conceitos-chave. Figura 2: Principais conceitos das teorias de internacionalização Fonte: https://www.scielo.br Da tabela acima pode-se perceber que - independente da teoria de internacionalização, eis que este sequer é o foco do estudo - a localização é um quesito presente na maior parte das teorias existentes, ressaltando-se que mesmo nas que não aparecem na figura acima, como a de Vantagem Competitiva, traz a localização como um de seus principais motes. Tem-se então, que entre os conceitos chaves, a localização revela-se como a principal. Os recursos tangíveis também se revelam primordiais em grande parte das teorias existentes, o que é justificável, eis que sem recursos não se revela possível colocar em prática qualquer plano de expansão, que exigem recursos para sua efetivação. O processo estratégico internacional não depende apenas de especificidades do mercado, de vantagens particulares da firma ou de um arranjo de fatores que se manifestam segundo critérios objetivos de decisão e escolha dos modos de entrada. A implementação unilateral pelo entrante no mercado estrangeiro não garante que a firma possa obter sucesso no mercado internacional, haja vista que a decisão por uma dessas vantagens comparativas poderá comprometer o resultado O processo inclui também a escolha de relacionamentos que produzam maior vantagem a acessos a recursos valiosos em toda sua cadeia, como clientes, fornecedores, distribuidores e agências governamentais (COSTA et al. 2017). Importante esclarecer que não obstante os conceitos chaves trazidos pela figura acima demonstrem que determinados conceitos devem estar presentes na maior parte das teorias de internacionalização, permanecendo no âmago das teorias, nem todos os doutrinadores concordam com a disposição e mesmo com os elementos chaves trazidos. Importante ressaltar a relevância da abertura comercial para o crescimento econômico dos países, eis que poderá ela trazer melhor alocação dos recursos entre os setores produtivos, atuando ainda como facilitador da aquisição de insumos, tecnologias e bens, o que faz elevar a produtividade da economia. O comércio internacional age nos mercados de capitais, o que faz com que cada país possa melhorar a captação de recursos para financiamento de capital doméstico, podendo ainda vir a gerar vantagens de economias de escala, como consequência do acesso ao mercado mundial (SILVA et al. 2018, p. 815). As teorias são cortes alternativos de uma realidade multifacetada, que apresentam visões parciais. Cabe ao pesquisador utilizá-las, umas contra as outras, objetivando o ganho de insights provenientes de perspectivas múltiplas e das análises comparativas, selecionando-as e trabalhando nos seus relacionamentos, que oferecem oportunidades por meio das suas tensões, oposições, e contradições ao tentarem explicar o mesmo fenômeno (KOVACS; MORAES; OLIVEIRA, 2011, p. 323). Todas atividades em uma empresa, seja de que natureza ou propósito for, consomem recursos e geram produtos e serviços, sendo que a maneira de cada empresa executar as atividades sofre influência direta das crenças e valores implícitos nas regras, atitudes, comportamentos, hábitos e costumes que caracterizam as relações humanas na organização. Desta forma, a cultura organizacional vem a impactar os níveis de eficiência e eficácia das atividades executadas naquela determinada empresa, ao determinarem o grau de importância das variáveis inerentes às atividades (CROZATTI, 1998). Tem-se, portanto, que as empresa, na atualidade, ganharam uma relevância nunca vista, além da tutela e proteção do Poder Público, a ainda uma obrigatoriedade de que a mesma venha a alcançar um fim social. No presente capítulo foi explanado sobre as principais teorias de internacionalização existentes na doutrina atual, e pode-se perceber que não existe um consenso entre quais as teorias existentes e nem sobre quais os elementos essenciais a cada teoria e ao próprio processo de internacionalização. No capítulo seguinte será explanado sobre os benefícios trazidos não só para as empresas como para os países que trazem a internacionalização de suas empresas. 5. BENEFÍCIOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS O fenômeno da internacionalização beneficia as empresas em diversos aspectos, como na diversificação dos mercados, no favorecimento da aquisição de novos conhecimentos, tanto com relação as tecnologias como em estratégias de negócios. Ainda como benefício, impõe maior qualificação à produção e aos serviços, o que serve de estímulo a inovação, sendo que tais fatores trazem maior vantagem competitiva para as empresas (GUIMARÃES, 2018). Para Sales et al. (2015) os avanços tecnológicos, de comunicação, monitoramento e controle, vistos como efeitos da globalização, permitem a expansão da propensão à mobilidade intrínseca ao capital, maximizando assim a competitividade. Importante destacar que as empresas internacionalizadas estão surgindo em grande número em todo o mundo, e elas tendem a ser mais dinâmicas e terem um crescimento mais rápido do que as empresas estritamente nacionais (DALBOSCO; FLORIANI,2016, p. 478). Conforme as empresas aumentam o denominado grau de internacionalização (GRI), o que pode ocorrer pelos seus diversos estágios de desenvolvimento internacional, ou pela variação de recursos, oportunidades mercadológicas, capacidades gerenciais que podem gerar diferenças entre empresas ou dentro da organização em diferentes momentos, denota-se, que venha a ocorrer o desenvolvimento de novas competências internacionais nestas empresas (DALBOSCO; FLORIANI, 2016, p. 478). Apesar do baixo desempenho, a quase totalidade dos respondentes avaliou positivamente os benefícios da internacionalização, concordando com as afirmações apresentadas: “aumenta valor da marca pela presença no exterior”; “melhora a imagem no mercado nacional”; “aumenta a competitividade em face de concorrentes domésticos”; “potencializa a capacidade de inovação tecnológica”; “favorece o desenvolvimento de novos produtos e segmentos”, entre outras indicações positivas. Conclui-se que uma percepção positiva a respeito da internacionalização não é capaz sozinha de estimular ações proativas. Essa é uma questão a ser mais bem investigada; no entanto, hipóteses avaliando o papel de variáveis como “baixo nível da inovação”, “dificuldades regulatórias e burocráticas”, “isolamento econômico do país”, poderiam ser consideradas (GUIMARÃES, 2018, p. 9). Entre os benefícios trazidos pela internacionalização destacam-se sua relevância no combate à inflação ao facilitar a entrada de produtos importados, bem como o aumento da exportação de produtos de origem brasileira. Outros benefícios foram de as empresas nacionais desenvolverem maior competitividade mercadológica no exterior, passando o consumidor brasileiro a ter acesso a produtos importados. Outras vantagens é o desenvolvimento tecnológico, melhoria do relacionamento com outros países e a abertura para diferentes culturas (SALES et al. 2015). O que é apontado como o maior benefício do processo de expansão de empresas para o mercado internacional seja o desenvolvimento do crescimento econômico de tal instituição. Entre as correntes que defendem que o comércio internacional afeta o desenvolvimento econômico está a corrente que afirma que a abertura comercial vem a promover o crescimento econômico e social, baseando-se para isso nas teorias das vantagens comparativas. Já a teoria do crescimento endógeno defende que o comércio exterior afeta de maneira positiva a renda per capita e o crescimento através de difusão tecnológica e economias de escala das diferentes nações (SILVA et al. 2018, p.808). Por outro lado, uma segunda corrente afirma que é possível que o comércio internacional deteriore os termos de troca1 e afete negativamente o crescimento de economias que não consigam incorporar as inovações, conforme argumentado por Grossman e Helpman (1991). Kim e Lin (2009) corroboram tal argumento, e afirmam que países desenvolvidos se beneficiam mais das atividades voltadas ao comércio externo que os países em desenvolvimento. Embora alguns estudos empíricos não concordem que o comércio internacional possa desempenhar efeito positivo sobre o crescimento econômico (SILVA et al. 2018, p.808). Entre os benefícios trazidos pelo processo de internacionalização das empresas, tem-se em especial no que se refere à contribuição da internacionalização para elevar o nível da inovação, sendo o grau de inovação contidos nos produtos e serviços um fator estratégico de competitividade dentro da realidade do mundo globalizado; na teoria, empresas que inovam tendem a possuir capacidades e condições mais favoráveis que as demais para a sua inserção em mercados internacionais (GUIMARÃES, 2018, p. 11). A figura abaixo traz tabelado todos os benefícios que as empresas auferem ao aderir ao processo de internacionalização de seus produtos e serviços: Figura 3: Benefício da internacionalização Fonte: https://slideplayer.com.br Conforme pode se verificar no presente capítulo, os benefícios para as empresas que direcionam seus negócios para o mercado exterior são inúmeros, tendo como principais a inovação e a vantagem competitiva que tais empresas adquirem, o que no contexto econômico e comercial pode representar a capacidade de sobrevivência desta empresa. Importante destacar que as empresas, assim como a propriedade, possuem interesse público, ou seja, sua existência possui relevância social e econômica não só em um contexto privado como ainda público. Assim, além da tutela do Estado, as empresas contam ainda com uma função social. Com relação ao interesse público, como bem coloca Carvalhosa (2013) tendo por pressuposto o caráter institucional da companhia, o regime de proteção estatal do interesse público caracteriza-se pela imposição das empresas de determinadas condutas no mercado, e para isso atribui-se jurisdição administrativa sobre as sociedades abertas, ne medida em que possuem ela capital aberto na Bovespa, é considerada pelo Estado como uma instituição de interesse social relevante, motivo pelo qual conta com determinada proteção do Poder Público. Conforme coloca Coelho (2014): Em consonância com a definição de um regime econômico de inspiração neoliberal, pela Constituição, o legislador ordinário estabeleceu mecanismos de amparo à liberdade de competição e de iniciativa. Estes mecanismos, basicamente, configuram a coibição de práticas empresariais incompatíveis com o referido regime, as quais se encontram agrupadas em duas categorias: infração à ordem econômica e concorrência desleal. No capítulo seguinte será discorrido sobre as estratégias de internacionalização que podem e devem ser adotadas pelas empresas que pretendem ampliar seus negócios além da fronteira da nacionalidade. 6. ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS O processo de internacionalização, além de ser um processo gradual e contínuo, demanda um bom planejamento e a adoção de estratégias, em especial de empresas inseridas em uma economia emergente, como é o caso do Brasil. Tem-se ainda que diversos passos são necessários antes da empresa se expandir além do mercado nacional, efetivamente. O movimento de globalização que veio ocorrendo e se acentuando desde o final do século XX faz com que as empresas estejam cada vez mais incentivadas a aderir ao fenômeno da internacionalização, sendo que a estratégia usada pela empresa é de fundamental importância para o seu sucesso de seu processo de expansão além das fronteiras de seu país (SALES et al. 2015). Além de toda estratégia que a empresa deve adotar para sua internacionalização, importante esclarecer que o incentivo do poder público e o apoio do governo também é um importante elemento para a efetivação da internacionalização de uma empresa. Importante frisar que não obstante as inúmeras vantagens para as empresas que resolvem investir na internacionalização, existem diversos obstáculos que devem ser contornados não só no processo de expansão internacional como ainda na fase de planejamento e estudos preliminares. Restrições como à importação é apenas uma das problemáticas a serem enfrentadas pelas empresas que querem empreender no mercado global. Devem-se contornar as restrições estabelecidas sobre a importação em diversos países, como, cultura de distribuição da mercadoria, a imposição de elevadas alíquotas tarifárias, de cotas e até barreiras sanitárias. Incentivos por parte do Estado à exportação são de suma importância para o aumento das exportações, sendo conceituados como os fatores que influenciam a decisão das empresas para iniciar, desenvolver e manter operações internacionais. A internacionalização trás algumas vantagens, mas a maior delas é permitir o embate direto com outras realidades, outros concorrentes e outras exigências, aumentando assim a competitividade. (SALES et al. 2015). Com relação a internacionalizaçãode empresas, tem-se que o primeiro passo é elaborar um plano de ação, de maneira que o processo em si venha a ocorrer de maneira eficaz e bem sucedida. Pela tabela abaixo, resta evidente que o planejamento é uma fase imprescindível para o sucesso do processo de internacionalização. Figura 4: Plano de internacionalização Fonte: https://image.slidesharecdn.com Conforme se verifica do esquema acima, o processo de internacionalização de uma empresa deve começar pelo planejamento de estratégias e ações que venham a possibilitar a internacionalização, sendo este passo imprescindível para o sucesso da exportação de produtos ou serviços da empresa que pretende empreender no mercado global. Muitas empresas consideram que apenas ter o capital para investir no mercado externo é suficiente para que a estratégia de internacionalização seja eficaz, no entanto, a própria estratégia deve ser muito bem estruturada, de forma que a empresa não só consiga se colocar no mercado internacional como ainda consiga se manter em um mercado altamente competitivo, em que não só os consumidores como o mercado em si costuma ser mais exigente em termos de qualidade que o mercado interno brasileiro. Com relação a evolução de estratégia de internacionalização das empresas, tem-se que a tabela abaixo demonstra as fases evolutivas que uma empresa deve atravessar para que o seu processo de internacionalização ocorra a contento e traga benefícios para a empresa que adentra o mercado global. Figura 5: Fases do processo de internacionalização Fonte: https://slideplayer.com.br O esquema acima demonstra que a internacionalização de uma empresa não é uma tarefa única, mas sim engloba diversas fases, todas devidamente planejadas, para que a internacionalização venha a ocorrer e se efetivar, podendo muitas vezes levar um lapso de tempo e investimentos consideráveis. As problemáticas enfrentadas pelas empresas que querem se internacionalizar são de diversas ordens. De acordo com Sales et al. (2015), existem diversos complicadores para a evolução do processo de internacionalização, como os obstáculos legais e administrativos, conflitos de culturas e necessidade de adaptação ao tipo de mercado. Tais questões devem ser sanadas para que o processo de internacionalização não encontre barreiras que impeça seu acontecimento. Importante aqui frisar que tais obstáculos para a internacionalização não devem ser supervalorizados nem vistos como barreiras, eis que todo processo de expansão ou inovação traz intrínsecos problemas ou dificuldades que devem ser devidamente enfrentados para que a expansão global possa ocorrer. A exportação é o modo de entrada mais apropriado para as empresas que estão se internacionalizando pela primeira vez e buscam reduzir os riscos, pois exige menos comprometimento da empresa (Kotabe e Helsen, 2000). Normalmente, a empresa começa a vender para o mercado interno e depois começa a exportar. Uma exportação indireta representa o uso de intermediários para conectar a empresa com clientes no exterior. A empresa começa a exportar com baixos investimentos em capital fixo, reduz os custos de arranque e os riscos (Root, 1994), tem pouco controle sobre a forma como seus produtos são vendidos no exterior e, portanto, depende da capacidade do intermediário de atuar no mercado-alvo (Kotabe e Helsen, 2000). De forma geral, as empresas adotam uma abordagem passiva, pois ainda estão trabalhando da mesma maneira que operavam em seus países de origem. Mesmo que esse comportamento não seja obrigatório, o uso de exportação indireta representa uma maneira de reduzir a necessidade de mudar as atividades da empresa, pois ela ainda pode realizar as mesmas atividades, assim como bens e informações ainda podem ser trocados da mesma maneira: a venda é feita no mercado interno. Na exportação indireta, um novo cliente é adicionado ao processo de venda existente (NUNES; STEINBRUCH, 2019, p. 207). Atendo-se ao tema específico da exportação, é fundamental que na base do processo de internacionalização haja a avaliação da capacidade exportadora da empresa e não apenas da capacidade de produção (SALES et al. 2015). Assim, revela-se que o planejamento é imprescindível para que o processo de internacionalização atinja o sucesso. Segundo Guimarães (2018, p. 3) o processo de internacionalização requer estratégias mais elaboradas para inovar e para consolidar-se internacionalmente. Um dos fatores estratégicos da internacionalização de empresas é a inovação, sendo comum a relação entre a internacionalização e o processo de inovação. Sendo o mercado global considerado um ambiente volátil, a internacionalização de uma empresa pela adoção de qualquer tipo de estratégia pode estar relacionada à necessidade de inovação ou adaptação de seu Modelo de Negócios (MN) de maneira a melhor se adequar a contextos específicos de mercados internacionais (NUNES; STEINBRUCH, 2019, p. 207). Um MN é a forma pela qual as empresas podem comercializar novas ideias e tecnologias, e o modelo que explica como a mesma tecnologia pode ser comercializada de duas formas diferentes, levando a dois resultados diferentes (Chesbrough, 2010). Internamente, é motivado pelo capital social da empresa, pois ajuda a alcançar objetivos, incluindo recursos e capacidades aparentes e potenciais. Externamente, é motivado pela demanda do mercado, pelo avanço tecnológico e pelo ambiente econômico. A criação de valor pode ir além da inovação schumpeteriana, da (re)configuração de Porter da cadeia de valor, da formação de redes estratégicas entre as firmas e da exploração das competências centrais da empresa (Zoot, Amit e Massa, 2011). Pode ser criado valor por meio de um MN inovador (NUNES; STEINBRUCH, 2019, p. 207). Uma estratégia bastante adotada pelas empresas que buscam se internacionalizar é a aliança estratégica. Segundo Dalbosco e Floriani (2016, p. 493), dentro dessa visão, as alianças estratégicas ou joint-ventures são fundamentais para a inserção da empresa no mercado mundial, visando à sua atuação comercial Portanto, verifica-se que a adoção de estratégias revela-se fundamental para que o processo de internacionalização venha a alcançar resultados positivos. Uma das estratégias que pode ser utilizada pelas empresas que pretendem empreender além do mercado nacional é o incentivo público. A principal estratégia do programa foi incentivar as indústrias nacionais a participarem de feiras e rodadas de negociações em vários países e o objetivo era aumentar a participação das empresas brasileiras no mercado mundial. Segundo o Supervisor da empresa, essa iniciativa e o incentivo governamental foram decisivos para a empresa começar a exportar. A empresa utilizou a modalidade de internacionalização defensiva e se lançou no mercado internacional com o objetivo de se proteger da alta tributação no mercado interno tornando- se assim mais competitiva, levando em consideração os incentivos do governo para a exportação. Dentro do mercado nacional 46% do preço do seu produto são advindos de impostos (SALES et al. 2015). A competitividade das empresas brasileiras e a visão da gestão passaram a ser cada vez mais voltadas para o mercado global, o que demonstra a necessidade de que tais empresas planejem suas estratégias, contemplando a possibilidade de sua internacionalização. O Brasil vem marcando o contexto empresarial internacional com a expansão de suas empresas, através de processos de aquisição, fusão, parcerias ou instalação de subsidiárias, aumentando sua atuação e operação no mercado internacional (BUENO, 2011, p. 61). 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo teve por escopo proceder ao estudo sobre o panorama geral do processo de internacionalização das empresas, em todos seus aspectos, em especial com relação as empresas brasileiras.O tema da internacionalização das empresas brasileiras se mostrou deveras relevante eis que recentemente e com relativo atraso em comparação a outros países, o Brasil passou a contar com um número cada vez maior de empresas que buscam a expansão além das fronteiras do país. Mostrou-se necessário para o correto e amplo entendimento do tema da internacionalização das empresas, o estudo sobre o processo de internacionalização em si, a internacionalização dentro do contexto das empresas brasileiras, as teorias de internacionalização existentes na atualidade, os benefícios da internacionalização e as estratégias que devem ser adotadas pelas empresas que pretendem aderir á internacionalização. Buscou-se ao longo da realização do presente trabalho demonstrar a importância que tem o processo de internacionalização para as empresas, eis que na atualidade as empresas que se destacam e obtém vantagem competitiva são aquelas que inovam, e assim concluiu-se que o processo de expansão das empresas para além das fronteiras nacionais é necessário para as empresas que não só querem se expandir como se manter no mercado, e mesmo as de pequeno porte devem procurar a internacionalização. Para o processo de internacionalização são necessários diversas medidas, estratégias e investimentos, o que revela que não basta a empresa querer inovar e se expandir, tendo ela que possuir os requisitos necessários, como recursos a serem aplicados, de forma que a internacionalização possa se efetivar. Deve a empresa que pretende se internacionalizar, se preparar de todas as formas, inclusive nos processos anteriores a internacionalização em si, como o planejamento. Deve ainda tal empresa respeitar os passos e as fases necessárias para que o processo de internacionalização e seu ingresso no mercado internacional ocorra de maneira eficaz e com benefícios não só para a empresa que se internacionalizou, como para o seu país de origem e a economia em geral. De tudo o analisado, conclui-se que os benefícios para as empresas que querem empreender se internacionalizar são inúmeros, conforme demonstrado no capítulo 4, no entanto, sobrevivem no mercado global apenas as empresas que contaram, além dos investimentos sólidos, com um bom planejamento e plano de ação. Conclui-se ainda que todas as empresas podem se internacionalizar, mesmo as pequenas e médias, mas para que a empresa alcance sucesso em seu empreendimento internacional, deve se cercar de todas as medidas e processos necessários para o processo de internacionalização, em especial bom planejamento e estratégias. Conclui-se, por fim, que o processo de internacionalização, apesar de apresentar riscos como toda demanda ou processo de inovação, deve ser buscada por todas as empresas que busquem não só a vantagem competitiva como ainda apenas se manter no mercado, eis que na atualidade a inovação e a expansão são imprescindíveis para as empresas se manterem no mercado altamente competitivo como o contemporâneo. 8. REFERÊNCIAS BARBIERI, Carlos José. Organizações inovadoras: estudos e casos brasileiros. 2ª ed. Rio de Janeiro, 2004. BUENO, Janaína Maria. ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS EMERGENTES: UM ESTUDO COMPARATIVO DE CASOS BRASILEIROS. São Paulo, v. 3, n. 2, pp. 59 – 87, 2011. Disponível em: file:///C:/Users/Studio/Downloads/79-379-1-PB.pdf. Acesso em: 28 jul. 2020. CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. COELHO, Cláudio Carneiro Bezerra Pinto. COMPLIANCE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: UMA NECESSIDADE PARA O BRASIL. Revista de Direito da Faculdade Guanambi, [s.l.], v. 3, n. 01, p.75-95, 2014. Semestral. Centro de Educação Superior de Guanambi (CESG). http://dx.doi.org/10.29293/rdfg.v3i01. Disponível em: <http://revistas.faculdadeguanambi.edu.br/index.php/Revistadedireito/issue/vie w/7/8>. Acesso em: 18 jul. 2020. COELHO, Diego Bonaldo. Novas reflexões sobre a internacionalização das empresas brasileiras. Rev. adm. empres., São Paulo, v. 51, n. 4, p. 411-412, Aug. 2011. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 75902011000400008&lng=en&nrm=iso>. access on 27 July 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-75902011000400008. COSTA, Lúcia de Fátima Lúcio Gomes da. Escolas teóricas do processo de internacionalização: uma visão epistemológica. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/cebape/v15n4/1679-3951-cebape-15-04-960.pdf. Acesso em: 27 jul. 2020. CROZATTI, Jaime. Modelo de gestão cultural organizacional: conceitos e interações. Cad. estud. São Paulo, n. 18, p. 01 a 20 de agosto de 1998. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 92511998000200004&lng=en&nrm=iso>. acesso em 24 jul. 2020. DALBOSCO, Inocencia Boita; FLORIANI, Dinora Eliete. GRAU DE INTERNACIONALIZAÇÃO, COMPETÊNCIAS. INTERNACIONAIS, E DESEMPENHO ORGANIZACIONAL DA PME: ESTUDOS DE CASO NO SUL DO BRASIL. REAd. Rev. eletrôn. adm. (Porto Alegre), Porto Alegre, v. 22, n. 2, p. 478-509, Aug. 2016. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 23112016000200478&lng=en&nrm=iso>. access on 29 July 2020. GOLDSMITH, Marshall; LYONS, Laurence; FREAS, Alyssa. Coaching – o exercício da liderança. Rio de Janeiro: Elsevier: DBM, 2003. GUIMARÃES, Sonia Karam. INTERNACIONALIZAÇÃO DE MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS INOVADORAS NO BRASIL Desafios do novo paradigma de desenvolvimento. 2018. HAYES, R.; PISANO, H.;UPTON,D.; WHEELWRIGTH, STEVEN C. Produção, estratégia e Tecnologia: Em busca da Vantagem Competitiva. 2ª. ed. São Paulo: Artmed, 2008. KOVACS, Érica Piros; MORAES, Walter Fernando Araújo de; OLIVEIRA, Brigitte Renata Bezerra de. Características da localização no processo de internacionalização de empresas. Rev. adm. empres., São Paulo, v. 51, n. 4, p. 320-335, ago. 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 75902011000400002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 29 jul. 2020. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 434 p. ISBN 85-224-3627-4. MURGI, Rafael. A INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS NA AMÉRICA DO SUL: IMPACTOS DA POLÍTICA EXTERNA RECENTE E DA INTEGRAÇÃO REGIONAL. 2014. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/279756/1/Murgi_Rafael_M.pdf . Acesso em: 27 jul. 2020. NUNES, Moema Pereira; STEINBRUCH, Fernanda Kalil. Internacionalização e a Necessidade de Inovação em Modelos de Negócios - Uma Abordagem Teórica. BBR, Braz. Bus. Rev., Vitória, v. 6, n. 3, p. 207-221, May 2019. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808- 23862019000300207&lng=en&nrm=iso>. access on 29 July 2020. PEROBELLI, Fernando Salgueiro et al. Impactos Econômicos do Aumento das Exportações Brasileiras de Produtos Agrícolas e Agroindustriais para Diferentes Destinos. Rev. Econ. Sociol. Rural, Brasília , v. 55, n. 2, p. 343-366, June 2017. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 20032017000200343&lng=en&nrm=iso>. access on 07 Aug. 2020. https://doi.org/10.1590/1234-56781806-94790550208. SALES, Gislaine Ferreira. O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS: ANÁLISE DA ESTRATÉGIA DE UMA EMPRESA DO SUL DE MINAS. 2015. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos15/19722196.pdf. Acesso em: 28 jul. 2020. SILVA, Fernanda Aparecida et al. Comércio internacional e crescimento econômico: uma análise considerando os setores e a assimetria de crescimento dos estados. Nova econ., Belo Horizonte, v. 28, n. 3, p. 807-848, Dec. 2018. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 63512018000300807&lng=en&nrm=iso>.access on 29 July 2020. STAL, E. Internacionalização de empresas brasileiras e o papel da inovação na construção de vantagens competitivas. INMR - Innovation & Management Review, v. 7, n. 3, p. 120-149, 9 nov. 2010. ZENONE, LUIZ CLAUDIO. CRM (Customer Relationship Management): Marketing de Relacionamento, Fidelização de Clientes e Pós-Vendas. Ed. Actual, São Paulo, 2019. 9. AGRADECIMENTO À Deus, pelo dom da vida, pela ajuda e proteção. Aos meus pais, que me ensinaram a viver. Os amo, incondicionalmente. A minha esposa e minha filha Helena, obrigado pelo companheirismo, amor e apoio em todas as horas. Aos meus estimados mestres que me guiaram e me incentivaram durante esses anos a conquistar meus ideais pessoais, acadêmicos e profissionais.
Compartilhar