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Eloisa de Moura Lopes Eriton Luiz Mainardes Frederico Rodovalho de Oliveira Gilriane Carla Félix da Silva Gestão da Inovação © Universidade Positivo 2018 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Thinkstock / © Shutterstock. Presidente da Divisão de Ensino Reitor Pró-Reitor Coordenação Geral de EAD Coordenação de Metodologia e Tecnologia Autoria Parecer Técnico Supervisão Editorial Projeto Gráfico e Capa Prof. Paulo Arns da Cunha Prof. José Pio Martins Prof. Carlos Longo Prof. Everton Renaud Profa. Roberta Galon Silva Profa. Eloisa de Moura Lopes Prof. Eriton Luiz Mainardes Prof. Frederico Rodovalho de Oliveira Profa. Gilriane Carla Félix da Silva Prof. Alisson Marcelo Laurindo Aline Scaliante Coelho Baggetti Regiane Rosa DTCOM – DIRECT TO COMPANY S/A Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 3Gestão da Inovação Caro aluno, A metodologia da Universidade Positivo apresenta materiais e tecnologias apropriadas que permitem o desenvolvimento e a interação entre alunos, docentes e recursos didáticos e tem por objetivo a comunização bidirecional entre os atores educacionais. O seu livro, que faz parte dessa metodologia, está inserido em um percurso de aprendi- zagem que busca direcionar a construção de seu conhecimento por meio da leitura, da con- textualização teórica-prática e das atividades individuais e colaborativas; e fundamentado nos seguintes propósitos: COMPREENDA SEU LIVRO valorizar suas experiências; incentivar a construção e a reconstrução do conhecimento; estimular a pesquisa; oportunizar a reflexão teórica e aplicação consciente dos temas abordados. Metodologia Gestão da Inovação4 COMPREENDA SEU LIVRO Com base nessa metodologia, o livro apresenta a seguinte estrutura: Percurso Pergunta norteadora Ao final do Contextualizando o cenário, consta uma pergunta que estimulará sua reflexão sobre o cenário apresentado, com foco no desenvolvimento da sua capacidade de análise crítica. Tópicos que serão estudados Descrição dos conteúdos que serão estudados no capítulo. Boxes São caixas em destaque que podem apresentar uma citação, indicações de leitura, de filme, apresentação de um contexto, dicas, curiosidades etc. Recapitulando É o fechamento do capítulo. Visa sinte- tizar o que foi abordado, reto mando os objetivos do capítulo, a pergunta nortea- dora e fornecendo um direcionamento sobre os questionamentos feitos no decorrer do conteúdo. Pausa para refletir São perguntas que o instigam a refletir sobre algum ponto estudado no capítulo. Contextualizando o cenário Contextualização do tema que será estudado no capítulo, como um cenário que o oriente a respeito do assunto, relacionando teoria e prática. Objetivos do capítulo Indicam o que se espera que você aprenda ao final do estudo do capítulo, baseados nas necessida- des de aprendizagem do seu curso. Proposta de atividade Sugestão de atividade para que você desenvolva sua autonomia e siste- matize o que aprendeu no capítulo. Referências bibliográficas São todas as fontes utilizadas no capítulo, incluindo as fontes mencio- nadas nos boxes, adequadas ao Projeto Pedagógico do curso. 5Gestão da Inovação BOXES Assista Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. Biografia Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. Contexto Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstram a situação histórica, social e cultural do assunto. Curiosidade Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. Dica Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. Exemplo Informação que retrata de forma obje tiva determinado assunto abordando a relação teoria-prática. Afirmação Citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo. Esclarecimento Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. 7Gestão da Inovação SUMÁRIO Apresentação 11 Os Autores 12 CAPÍTULO 1 Inovação em organizações empresariais 17 1.1. Conceitos 19 1.1.1. Ciência, tecnologia, pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental 19 1.1.2. Descoberta e invenção 20 1.1.3. O que é (ou não) inovação 21 1.1.4. Inovação como diferencial competitivo para a empresa 22 1.2. Tipos 23 1.2.1. Inovação de produto (bem ou serviço) 24 1.2.2. Inovação de processo 24 1.2.3. Inovação de marketing 25 1.2.4. Inovação organizacional 25 1.3. Abrangência 26 1.3.1. Inovação para o mundo 26 1.3.2. Inovação para o mercado 27 1.3.3. Inovação intraempresarial 27 1.4. Intensidade 27 1.4.1. Inovação incremental 28 1.4.2. Inovação radical 28 1.4.3. Inovação disruptiva 30 Proposta de Atividade 31 Recapitulando 32 Referências 33 Gestão da Inovação8 CAPÍTULO 2 A inovação como estratégia de competitividade 35 2.1. Inovação como estratégia de competitividade e criação de qualidade 37 2.1.1. Relação entre inovação e competitividade 37 2.1.2. As estratégias de preço final e de qualidade 38 2.1.3. A importância da inovação 39 2.1.4. Desafios e oportunidades para o Brasil 40 2.2. Fatores que dificultam o processo de inovação 41 2.2.1. Fatores relativos ao custo 42 2.2.2. Fatores relativos aos conhecimentos 42 2.2.3. Fatores relativos ao mercado 43 2.2.4. Fatores relativos à resistência interna 44 2.3. Fatores que facilitam a inovação 45 2.3.1. Desenvolvimento industrial 45 2.3.2. Políticas de estímulo e financiamento à inovação 47 2.3.3. Leis de incentivos fiscais 47 2.3.4. Proteção do conhecimento (patentes) 48 2.4. Práticas de estímulo à Inovação 48 2.4.1. Estímulo à criatividade 49 2.4.2. Capacitação de Pessoas 49 2.4.3. Comunicação interna 50 2.4.4. Programas de reconhecimento e recompensa 50 Proposta de Atividade 51 Recapitulando 51 Referências 53 CAPÍTULO 3 Indicadores empresariais de inovação e avaliação do processo de inovação 57 Contextualizando o cenário 58 3.1. Esforços 59 3.1.1. Recursos financeiros investidos em atividades inovadoras 60 3.1.2. Recursos humanos em atividades inovadoras 61 3.1.3. Comparações internacionais 62 3.1.4. Indicadores de inovação 63 9Gestão da Inovação 3.2. Processo 65 3.2.1. Etapas do processo de inovação 67 3.2.2. Controle e mensuração de atividades inovadoras 68 3.2.3. Programas de capacitação, reconhecimento e recompensa 69 3.3. Resultados 70 3.3.1. Faturamento advindo de produtos ou serviços novos 71 3.3.2. Patentes 72 3.3.3. Economia de custos a partir de inovação em processos 73 3.3.4. Indicadores estaduais 74 Proposta de Atividade 75 Recapitulando 75 Referências 76 CAPÍTULO 4 Fontes para a implantação da inovação na empresa 79 Contextualizando o cenário 80 4.1. Apoio financeiro 81 4.1.1. Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) 82 4.1.2. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 84 4.1.3. Outras organizações de apoio financeiro 85 4.1.4. Incentivos fiscais à inovação 86 4.2. Apoio técnico-gerencial 87 4.2.1. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) 88 4.2.2. Universidades 88 4.2.3. SEBRAE 89 4.2.4. Outras organizações 90 4.3. Outras formas de apoio 90 4.3.1. Programa InovAtiva 91 4.3.2. Venture Capital91 4.3.3. Apoio a Startups 93 4.3.4. Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) 94 4.4. Organizações de apoio financeiro 95 4.4.1. Organizações estaduais de apoio financeiro 95 4.4.2. Organizações estaduais de apoio técnico-gerencial 97 4.4.3. Outras organizações e iniciativas estaduais 98 4.4.4. Leis estaduais e municipais de apoio à inovação 98 Proposta de Atividade 99 Recapitulando 99 Referências 101 11Gestão da Inovação Olá! No século XXI, vivemos em uma economia do conhecimento, que se molda pelos con- ceitos e aplicações da inovação tanto para a criação e desenvolvimento de produtos, pro- cessos e serviços, como para o marketing e a atividade organizacional. A busca por novos modelos de negócios também se apresenta como uma forma de se manter no mercado ou de se apropriar de oportunidades que possam surgir no mercado, como as que ocorreram devido às mudanças da tecnologia analógica para digital ou, até mesmo, novas tendências de consumo e estilos de vida, em geral. Perceber que em um mundo sem fronteiras, onde a inovação pode estar em qualquer parte, e a competição se dá nos níveis mais elevados e fugazes leva os gestores a uma cor- rida pelo conhecimento técnico e científico para abastecer as organizações. O interesse pela inovação tem aumentado no Brasil. As organizações educacionais oferecem cursos e treinamentos nesse tema. Também, foram criadas políticas públicas de incentivo à inovação que aproximam governo, escola e iniciativa privada a partir de um Sis- tema Nacional de Inovação (SNI), além das Leis de inovação que estão em vigor no país. A inovação estratégica e sustentável edifica o desenvolvimento econômico e finan- ceiro das empresas e, consequentemente, do país, colaborando para a geração do emprego e renda. Uma coisa é certa: a inovação não é algo casual, mas sim o resultado de um trabalho sistêmico, isto é, de um processo passível de aprendizado, organização e gerenciamento. Algumas perguntas são essenciais para a compreensão do tema. Entre elas estão: como inovar pela primeira vez? Como inovar sistematicamente? Quais são os tipos de ino- vação? Estas são algumas das capacidades que vamos desenvolver durante nossos estudos nesta disciplina. Então, preparados para começar? APRESENTAÇÃO Gestão da Inovação12 A Professora Eloisa de Moura Lopes é Doutora em Administração de Empresas pelo PMDA – Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da Universidade Nove de Julho. Sanduíche no SOCIUS – Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações integrado ao ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão da Universi- dade Técnica de Lisboa, Portugal. Possui mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté. É especialista em Administração de Empresas pela FAAP. Graduada em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Contábeis de Guaratinguetá. Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/8183929326742679> Dedico este trabalho aos alunos inovadores. Peço a Deus que o conhecimento adquirido aqui colabore de forma efetiva para o desenvolvimento econômico, a geração do emprego e renda das organizações e do país. Agradeço a Deus pela oportunidade de escrever este material. Que ele colabore para o aprendizado daqueles que por ventura venham a utilizá-lo A AUTORIA 13Gestão da Inovação O Professor Eriton Luiz Mainardes é Graduado em Administração com ênfase em Comér- cio Exterior (UEPG), MBA em Gerenciamento de Projetos (UP) e mestrado em Bioenergia (UEPG), desenvolvendo pesquisas sobre a viabilidade socioeconômica da produção de bio- combustíveis. Atua na área de consultoria em gerenciamento de projetos e na área acadê- mica, tendo experiência no ensino presencial e a distância, em cursos relacionados a área de gestão. Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/2302155483284801> Dedico este trabalho a todos que permanecem comigo em minha jornada, de longe ou de perto, agradeço-os profundamente. A AUTORIA Gestão da Inovação14 O Professor Frederico Rodovalho de Oliveira é Mestre em Agronegócio pela Universi- dade Federal de Goiás. É especialista em Docência na Educação Profissional pelo Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil, SENAI/RJ/CETIQT, e em Gestão de Logística Empresarial, pela Escola Superior Aberta do Brasil, ESAB. É graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Goiás e atualmente desenvolve suas atividades como Coordenador de Gestão de Processos em uma Secretaria de Estado em Goiás. . Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/3067099069915437> Dedico essa disciplina aos interessados em conhecer mais sobre inovação em novos negócios. É interessante perceber que atualmente as ferramentas utilizadas para as críticas são as mesmas disponíveis para os elogios, então aos que pretendem ingressar nesse intrigante mundo, a dica é: saibam inovar e diferenciem-se A AUTORIA 15Gestão da Inovação A Professora Gilriane Carla Félix da Silva é especialista em Gestão de Pessoas pela Universidade Vale do Acaraú (UVA) - concluído em 2011. Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Federal do rio Grande do Norte (UFRN) - concluído em 2009. Microempreendedora individual, possui experiência como tutora de Educação a Distância, orientadora de trabalhos acadêmicos, instrutora de cursos profissionalizantes. Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/3236775621540634> Dedico este trabalho primeiramente a Deus, e a todos aqueles que estão sempre ao meu lado - meu esposo, filha e meus pais. Muito obrigada por todo apoio e confiança. Os amo muito! A AUTORIA 17Inovação OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Conceituar inovação e seus tipos. • Reconhecer o que é e o que não é inovação. • Caracterizar os principais tipos, abrangências e intensidades de inovação. CAPÍTULO 1 Inovação em organizações empresariais Eloisa de Moura Lopes TÓPICOS DE ESTUDO 1 Conceitos 3 Abrangência • Ciência, tecnologia, pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental. • Descoberta e invenção. • O que é (ou não) inovação. • Inovação como diferencial competitivo para a empresa. • Inovação para o mundo. • Inovação para o mercado. • Inovação intraempresarial. 2 Tipos 4 Intensidade • Inovação de produto (bem ou serviço). • Inovação de processo. • Inovação de marketing. • Inovação organizacional. • Inovação incremental. • Inovação radical. • Inovação disruptiva. Inovação18 Contextualizando o cenário A inovação se destaca neste século e sua geração tem recebido atenção de gestores, empreendedores e estudiosos. A inovação está se tornando a força motora das empresas nos mercados globais e seu gerenciamento é umas das prioridades para a sustentabilidade dos negócios empresariais. As empresas líderes têm se distinguido devido às crescentes taxas de incorporação e inves- timento em inovação. O conhecimento tecnológico para inovar tomou dimensões globais de forma ampla e muitas vezes complexas. A competência essencial da organização, os seus recursos e as suas capacidades precisam estar alinhados com sua estratégia para a inovação e, assim, a partir de uma identidade tecnológica, as organizações devem se capacitar para acessar e incorporar a inovação e alavancar os seus negócios (LOPES, 2011). À medida que avançarmos nos estudos dos conceitos de inovação, compreenderemos como a inovação é por si só uma fonte motora para a sustentabilidade dos negócios empresariais no mundo contemporâneo. Diante desse cenário, fica uma pergunta: como a capacidade de inovar pode ser ensinada? 19Inovação 1.1. Conceitos O conceito de inovação mais abrangente e utilizado é o apresentado por meio do Manual de Oslo (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔ- MICO, 2005). Ele foi elaborado com o intuito de ampliar o Manual de Frascati, que apresen- tava apenas as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Nesse sentido, O Manual de Oslo conceitua inovaçãocomo: a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado; a implementação de um processo; um novo método de marketing; um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Antes de avançarmos no tema inova- ção vamos compreender alguns conceitos importantes para o nosso aprendizado como ciência, tecnologia, pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental. 1.1.1. Ciência, tecnologia, pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental A pesquisa básica e a pesquisa aplicada estarão sempre no cotidiano da vida acadê- mica dos estudantes, pesquisadores e professores, seja por meio de trabalhos nas disciplinas cursadas, iniciação científica, trabalho de conclusão de curso ou por outros tipos de pesqui- sas realizadas em laboratórios ou em campo (CARVALHO; REIS; CAVALCANTI, 2011). Pausa para refletir Afinal, qual é a diferença entre pesquisa básica e aplicada? A pesquisa básica é conhecida como a pesquisa pura. Seu objetivo é proporcionar conhecimento útil para a ciência e tecnologia. Não há preocupação com aplicação prática ou comercialização (lucro). No Brasil, a maior parte destas pesquisas são realizadas com fomento ou financiamento público, já que este é um modelo praticado principalmente pelas universidades, mas pode ser implementado também por empresas. © N ic oE lN in o / / b an co d e im ag en s. Inovação20 Sempre que este tipo de pesquisa é realizado, é importante responder perguntas, tais como: por quê? Para quê? Também, devem ser amplamente divulgadas no mundo acadê- mico e para o público em geral por meio de artigos em congressos e revistas cientificas. Quanto à pesquisa aplicada, seu foco está em gerar conhecimento para aplicação prática. Ela é direcionada para a solução de problemas, e tem seus objetivos devem ser pre- viamente definidos. Esse tipo de pesquisa normalmente é subsidiada por instituições finan- ciadoras e pode ser realizadas a curto, médio e longo prazo. Exemplo A invenção da fotocopiadora ocorreu em 1938 por Chester Carlson, mas, a pri- meira fotografia só foi revelada em 1858. A inovadora Haloid-Xerox conseguiu fazer uma foto copiadora somente após uma década (Super interessante, 2016). A pesquisa aplicada muitas vezes está ligada à pesquisa básica, pois colabora para a aplicação das descobertas realizadas por meio das pesquisas puras. Outra característica relevante da pesquisa prática é que ela pode se beneficiar com o estoque de conhecimento disponível em diversas fontes do mundo, prospectando e estudando quanto à sua viabili- dade econômica e social (CARVALHO; REIS; CAVALCANTI, 2011). A tecnologia, por sua vez, pode ser definida como o conhecimento sobre técnicas e as aplicações desses conhecimentos em produtos, processos e métodos (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Já a ciência é o conhecimento cuidadoso e profundo de alguma coisa, ou seja, um conjunto de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pes- quisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, formulados de forma metódica e racional (DICIONÁRIO, 2018). Agora que já sabemos o que significa ciência, tecnologia, pesquisa básica e pesquisa aplicada, vamos compreender o que é descoberta e invenção. 1.1.2. Descoberta e invenção A descoberta se relaciona diretamente com a identificação de alguma coisa nova, ou já existente, mas que ainda não tenha sido explicada por meio de pesquisas científicas. Em outras palavras, a descoberta é a observação de fenômenos novos, ações ou eventos que colaborem para explicar algum conhecimento. 21Inovação O conceito de invenção remete a algo que não tem aplicação comercial: é a criação de novos processos, técnicas e ou produtos inéditos. Sua difusão se dá por meio revis- tas científicas, ou seja, artigos, dissertações, teses. Ela também pode ser registrada sob a forma de patente, e pode ser visualizada e simulada por meio de protótipos e plantas piloto (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Pausa para refletir O que é inovação? 1.1.3. O que é (ou não) inovação Quando o tema é inovação, em primeiro lugar se faz necessário compreender a ori- gem da palavra. Inovação é um termo que vem do latim innovare, que significa fazer algo novo (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). A grande característica da inovação está relacionada com a comercialização, ou seja, a inovação só acontece quando efetivamente a invenção é aceita comercialmente. Desta forma, podemos afirmar que somente empresas podem inovar, pois são elas que comer- cializam os bens (produtos) e serviços que são oferecidos no mercado consumidor (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Davila, Epstein e Shelton (2006) afirmam que existe muita confusão em relação ao conhecimento geral, que conduz à inovação. Isso porque dificuldades na interpretação das regras da inovação podem atrapalhar o seu desenvolvimento. Esses autores lembram que há 40 anos muitas existiam muitas dúvidas sobre o conceito da qualidade e, com o tempo, isso foi superado. Os autores em questão defendem que o mesmo acontecerá com a inova- ção. Assim, os gestores precisam entender a inovação e, ainda, conhecer falsos conceitos ao termo, tais como: • a inovação não requer uma revolução dentre da empresa, mas, precisa de proces- sos de direção criados com o devido cuidado para que a empresa seja capaz de desempenhar todo o trabalho; • a inovação não acontece do nada, mas é necessário que antes de inovar a empresa resolva problemas básicos de gestão. Inovação22 • inovar não é simplesmente uma questão de criatividade e cultura criativa. Para muitas empresas a dificuldade não é encontrar ideias médias ou boas, o problema é selecionar as mais adequadas e colocá-las em prática; • também não adianta estar nos processos e nas ferramentas de tomada de decisão, nesses casos, são importantes, mas, somente isso não resolve o problema, pois, é necessário acompanhar e medir, inclusive as recompensas podem ajudar a levar adiante a inovação. Vale ressaltar que para a invenção é necessário disponibilizar dinheiro, ou seja, finan- ciamento. Também é importante destacar que a empresa pode ter seu próprio depar- tamento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) ou buscar parcerias com centros de pesquisas e universidades. No caso da inovação o objetivo é ganhar dinheiro com a sua comercialização. 1.1.4. Inovação como diferencial competitivo para a empresa A inovação enquanto diferenciação na competitividade organizacional está se desen- volvendo em diversos lugares do mundo. Ou seja, o conhecimento pode estar em qualquer parte. Isso revela novas fontes de diferenciação para competição das empresas que conse- guirem prospectar, acessar e mobilizar esses conhecimentos, antes de seus concorrentes. Para acessar a inovação, desenvolver produtos com melhores desempenhos e agregar maior valor aos serviços, com redução de custos e melhor retorno do capital investido, é importante uma combinação de tecnologias e de competências desenvolvidas em ambien- tes geográficos diferentes, inclusive, muitas vezes fora do próprio setor de atividade indus- trial da organização. Dessa forma, faz-se necessário que as empresas conheçam sua identidade tecnoló- gica para compatibilizarem seus recursos e capacidade a esta nova realidade do cenário competitivo global (LOPES, 2011). Segundo Santos, Doz e Williamson (2004), a empresa necessita detectar o novo conhecimento mais rápido do que os seus concorrentes e, para isso, ela deverá: ter capacidade e recursos para acessar a inovação tecnológica. Isto é, ter aptidão para absorver tecnologias e inovações desenvolvidas externamente à empresa. A inovação depende da boa gestão, principalmente quando surgem escolhas a serem feitas acerca de fontes de acesso. Uma análise aprofundada de inovações tecnológicas ao longo do tempo mostra que,embora existam dificuldades técnicas e barreiras estruturais a superar, a maioria das falhas se deve a alguma inconsistência na forma como o projeto é administrado. Portanto, a inovação vai depender de dois elementos importantes: fonte de informação técnica e competência organizacional (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). 23Inovação Para um melhor entendimento do tema vamos avançar nossos estudos sobre os tipos de inovação. 1.2. Tipos Inovação é um tema muito discutido no século XXI, mas não é nada novo. Schumpeter já a classificava no final do século XIX. Curiosidade Quando nos referimos à inovação, precisamos retornar à obra de Schumpe- ter, economista da escola clássica que destacou a importância da inovação para o desenvol- vimento econômico por meio da evolução tecnológica. Ele foi o primeiro a classificar os tipos de inovação entre 1934 a 1950 (SHUMPETER, 1982). Atualmente, temos diversos tipos de inovação classificados. Para Tidd, Bessant e Pavitt (2008), a inovação pode ser dividida em quatro categorias abrangentes, que eles classificaram como 4Ps da inovação: • inovação em produto: é a mudança em produtos e serviços que uma empresa pode oferecer; • inovação em processo: é a mudança na maneira como os produtos e serviços são criados e entregues; • inovação em posição: é a mudança no contexto em que produtos e serviços são colocados no mercado; • inovação em paradigma: é a mudança nos modelos mentais subjacentes, orien- tando o que a empresa faz. A classificação quanto ao tipo de inovação mais aplicada na atualidade é a do Manual de Oslo, ou seja: inovação em produtos, serviços, processos, marketing e organizacional (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2005). Analisaremos a seguir cada uma delas. Inovação24 1.2.1. Inovação de produto (bem ou serviço) Inovação em produto é a introdução de um bem e/ou serviço que uma empresa pode oferecer de forma totalmente nova ou significativamente melhorada no que se refere à sua forma ou uso. Estas melhorias estão relacionadas às especificações técnicas, compo- nentes de matéria-prima, software ou outras facilidades proporcionadas (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2005). A seguir, a ilustração demonstra a inovação no aparelho de telefone ao longo do tempo. Agora que já sabemos o que é inovação em produto e serviço, vamos abordar a inova- ção em processo. 1.2.2. Inovação de processo Inovação em processo é a mudança na maneira como os produtos e serviços são criados e entregues. Ela se refere a novas tecnologias de operação ou ao aprimora- mento e obtenção de novas tecnologias de produção, assim como a métodos novos ou substancialmente aperfeiçoados para o manuseio e entrega de produtos. Ao lado dá um exemplo de inovação em processo. Os resultados devem alterar significativamente o nível de qualidade do produto ou os custos de produção e entrega (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVI- MENTO ECONÔMICO, 2005). © B ab ic h A le xa nd er // S hu tt er st oc k © Z ap p2 Ph ot o / / S hu tt er st co k. 25Inovação 1.2.3. Inovação de marketing A inovação em marketing consiste na implementação de novos métodos, envolvendo melhorias significativas no design do produto ou embalagem, preço, distribuição e promo- ção. A inovação em marketing tem como finalidade a orientação no sentido das necessida- des do consumidor, abrindo novos mercados ou reposicionando o produto de uma empresa com o objetivo de aumentar as vendas. A característica distintiva de uma ino- vação em marketing, em comparação com outras alterações nos instrumentos de mar- keting de uma empresa, é a implementa- ção de um novo conceito ou estratégia, que represente uma ruptura com os méto- dos utilizados anteriormente. Um exemplo de inovação em marketing é a utilização de diferentes meios de comunicação, como a inserção de produtos em filmes ou programas de televisão (ORGANIZAÇÃO PARA A COO- PERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2005). 1.2.4. Inovação organizacional A inovação organizacional pressupõe a introdução de um novo método nas ativida- des operacionais da empresa, por exemplo, como organizar o trabalho. Quando ocorre a implantação da inovação organizacional na empresa, tem-se o objetivo de melhorar o desempenho organizacional, gerando redução dos custos operacionais na administração, ou oferecer melhores condições de trabalho para as equipes. Busca-se, inclusive, melho- res condições e taxas com fornecedores, a fim de reduzir custos na cadeia produtiva organizacional. Uma inovação organizacional pode ser nova na empresa, mas pode já ser adotada por outras organizações. Por exemplo, a implantação de gestão do conhecimento para melhorar a capacidade organizacional. Uma nova forma de produção, implantação de sis- temas de qualidade, laboratórios de ideias entre outros, também são características desse tipo de inovação. © R aw pi xe l.c om / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) . Inovação26 Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2005) tra- tando-se de inovação organizacional, é necessário implantar novas estruturas gerenciais para melhorar a relação entre as diferentes áreas de trabalho. Dessa forma, a gestão do conhecimento aprimora o aprendizado organizacional, com a implantação de sistemas de relacionamento com fornecedores e clientes, por exemplo, além de inovar os processos de negócios e marketing. 1.3. Abrangência A inovação tem três abrangências: no mundo, no mercado e na empresa. A ino- vação é mundial quando o produto ou serviço é introduzido no mercado mundial pela primeira vez. Essa abrangência é a mais complexa e pode exigir mais tecnologia no desenvolvimento. A inovação no mercado se dá quando a empresa introduz o produto pela primeira vez no mercado em que atua, apesar dele já existir em outros mercados. Também existe a inovação nas empresas, que se referem às inovação que já existem no mercado, e a empresa começa a oferecê-las em seu portfólio por meio de novos produ- tos, por exemplo. 1.3.1. Inovação para o mundo A inovação é considerada mundial quando uma empresa disponibiliza no mercado algum bem, produto ou serviço inédito, que ainda não havia sido oferecido anteriormente. A inovação com essa abrangência, normalmente, envolve produtos com altas complexida- des e níveis elevados de tecnologia. Esse tipo de inovação necessita de Pesquisa e Desen- volvimento (P&D). A Honda da Amazônia, por exemplo, lançou a primeira moto com motor bicombustí- vel: a CG Titan Mix (CARVALHO; REIS; CAVALCANTI, 2011). As empresas podem optar por criar uma inovação para o mundo, em geral, ou para o mercado específico no qual atuam. 27Inovação 1.3.2. Inovação para o mercado A inovação para o mercado se dá quando a empresa insere no mercado em que atua novos bens e serviços. A empresa pode acessar uma inovação que já está dis- ponível em outros mercados e introduzir no seu próprio mercado. A internet é uma fer- ramenta que colabora com a prospecção em diversas bases tecnológicas para acessar inovação em diversos mercados. Para inovar no mercado, por exemplo, a empresa pode acessar as bases tecnológi- cas disponíveis e prospectar produtos que ela possa oferecer. Ao realizar a prospecção, ela levanta a necessidade de recursos para oferecer o produto desejado em seu mercado e desenvolve mecanismos para desenvolver e oferecer o produto. 1.3.3. Inovação intraempresarial A inovação intraempresarial se refere a produtos ou serviços que já são oferecidos por concorrentes no mercado em que uma empresa atua. Quando essa empresa acrescenta no seu portfólio de bens e serviços esse item, trata-se de uma inovação empresarial. Outras formas de inovação na empresa podem ser, por exemplo, quando há a empresa adquire novas máquinas, que melhoram significativamente sua produção. Isso também se aplicaquando a empresa implementa uma inovação em marketing e inovação organizacional (CARVALHO; REIS; CAVALCANTI, 2011). 1.4. Intensidade A inovação, portanto, é classificada em tipos, como: produtos, serviços, proces- sos, marketing e organizacional. Ela também é classificada quanto à sua abrangência: no mundo, no mercado ou na empresa. Existem ainda classificações quanto à intensidade da inovação: incremental, radical e disruptiva. Segundo Leifer et al., (2000), na economia do conhecimento a relação entre o desen- volvimento dos negócios e a inovação é amplamente compreendida pelas empresas, pois, seguramente, a intensidade da inovação em dois níveis, incremental e radical, é um assunto de conhecimento entre os gestores e acadêmicos. © P an uw at cc n / / S hu tt er st oc k. Inovação28 Além da inovação incremental e radical, tem-se a inovação disruptiva, que busca des- vendar novos mercados e consumidores, que ainda não foram explorados e podem repre- sentar nova fonte de receita para obtenção de lucro, ou criar possibilidades para novos consumidores. 1.4.1. Inovação incremental A inovação incremental é aquela que melhora o produto, processo ou organização da produção dentro da empresa sem alterar a estrutura industrial. Contexto Segundo Leifer et al. (2000), a inovação incremental é responsável por manter a empresa competitiva, atualizando sua plataforma de produtos. A inovação incremental traz melhorias como: maior qualidade na fabricação, engenharia simultânea, redução de tempo de fabricação, entre outros. Portanto, a inovação incremental sempre busca o crescimento técnico, o aumento da produtividade, a redução de custo e a melhoria contínua da qualidade. Além disso, busca mudanças para a ampliação das aplicações de um produto ou processo (LEIFER et al., 2000; FREEMAN, 2000; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2006). 1.4.2. Inovação radical A inovação radical se caracteriza pela introdução de um novo produto, processo ou forma de organização da produção e pode romper com os padrões tecnológicos anteriores, criando novas indústrias, setores e mercados (LEIFER et al., 2000; FREEMAM, 2000; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Segundo Leifer (2000), normalmente as empresas se deparam com um grande pro- blema no que diz respeito à inovação radical, pois os executivos reconhecem a importância da mesma, mas poucos estão familiarizados com o processo que resulta em uma inovação radical: pesquisa e desenvolvimento (P&D) dentro ou fora da empresa. Para esse autor, se o processo de inovação radical não for bem entendido, não se realizará de forma eficaz. Por essa razão, muitas empresas optam por adquirir tecnologia por meio de licenciamento em fontes externas para acessar este tipo de inovação radical. 29Inovação Taxonomia das mudanças tecnológicas Tipo de Mudanças Características Incremental Melhoramento e modificações cotidianas. Radical Saltos descontínuos na tecnologia de produtos e processos. Novo sistema tecnológico Mudanças abrangentes que afetam mais de um setor e dão ori-gem a novas atividades econômicas. Novo paradigma técnico-econômico A inovação como novo paradigma pode afetar toda a economia por meio de mudanças técnicas e organizacionais, pois propor- cionam novas oportunidades nos processos de produtos. Fonte: FREEMAN, 2000. (Adaptado). Segundo Freemam (2000), durante a trajetória da inovação foram surgindo vários ciclos conhecidos como ondas. A primeira onda foi a primeira revolução industrial; a segunda onda foi a segunda revolução industrial; a terceira, a idade da eletricidade; a quarta, a era da produção em massa, marcada pelo fordismo; o quinto ciclo deverá se esgotar à medida que a microeletrônica atingir patamares elevados de difusão e as opor- tunidades de crescimento e investimento começarem a declinar. Tal situação deverá criar maior espaço para os investimentos nas ciências da vida como motor do desenvolvimento da economia. As ondas criaram novos mercados e as empresas vão se adaptando às novas tecnolo- gias, umas como líderes, outras como seguidoras, mas todas precisaram adaptar seus pro- cessos de inovação e impactos. A tabela a seguir mostra que, para cada paradigma, são necessárias infraestruturas físicas e sociais para sua difusão. Ondas longas de mudanças tecnológicas ONDAS CARACTERÍSTICA DE INFRAESTRUTURA DOMINANTE C&T E EDUCAÇÃO TRANSPORTE E COMÉRCIO ENERGIA 1. Primeira revo- lução industrial (1780-1830) Aprender fazendo, sociedade científica. Canais, estradas de carroças. Roda d’água (moinhos). 2. Segunda revo- lução industrial (1830-1880) Engenheiros mecâ- nicos e civis. Estrada de ferro e telégrafo. Energia a vapor. Inovação30 ONDAS CARACTERÍSTICA DE INFRAESTRUTURA DOMINANTE C&T E EDUCAÇÃO TRANSPORTE E COMÉRCIO ENERGIA 3. Idade da eletrici- dade (1880-1930) P&D industrial, química e eletrici- dade, laboratórios nacionais. Ferrovias (aço) e telefone. Eletricidade. 4. Idade da produção em massa – fordismo (1930-1980) P&D indus- trial (empresas e governo) em larga escala. Educação em massa. Rodovias e rádio. Petróleo. 5. Idade da microele- trônica (1980 a ?) Rede de dados, redes globais de P&D; treinamento contínuo. Redes convergentes de telecomunicações em multimídia. Petróleo e gás. 6. Tecnologias ambientais, saúde Biotecnologia, gené- tica, nanotecnologia. Telemática e tele trabalho. Energia renovável. Fonte: FREEMAN, 2000. (Adaptado). Com o grande avanço da ciência em biotecnologia, que aponta que o progresso téc- nico deverá mesclar informações da biologia molecular e outras ciências afins, deverão sur- gir novas dimensões subatômicas da nanotecnologia (TIGRE, 2000). 1.4.3. Inovação disruptiva As inovações disruptivas apresentam novos valores para os consumidores e podem criar novos mercados ou reformular mercados já existentes. Existem dois tipos de inova- ções disruptivas: as de baixo mercado e as de novos mercados. As inovações disruptivas de baixo mercado podem acontecer quando os produtos e serviços existentes são excelen- tes, mas os preços são altos em relação ao que os consumidores podem pagar. Por exem- plo: a mini usina Siderúrgica da Nucor, a rede varejista do Wal-Mart, os fundos mútuos de índice da Vanguard e o modelo de negócio dirigido ao consumidor da Dell (CHRISTENSEN; ANTHONY; ROTH, 2007). Para Christensen (2001), a inovação disruptiva conduz as empresas a um alto grau de sucesso, pois o aproveitamento da oportunidade é ímpar quando são desenvolvidas tecnologias de ruptura, que trazem ao mercado uma proposição de valor muito diferente daquela até então disponível. 31Inovação Christensen e Anthony (2007) afirmam que ao se identificar os padrões possíveis para separar as estratégias de inovação de alto potencial, daquelas de baixo potencial, o cami- nho para um maior potencial em um novo e promissor negócio é uma inovação disruptiva que traga soluções convenientes, baratas e simples para atingir os consumidores situados no segmento inferior de um mercado já existente. Ainda, alternativamente, existe a pos- sibilidade de uma inovação que traga o mesmo tipo de solução para os não-consumidores, os quais não dispõem do conhecimento, do poder aquisitivo ou da capacidade de, por si mesmos, utilizar alguma função importante. A teoria da inovação disruptiva está relacionada às situações nas quais novas empre- sas podem criar inovações relativamente simples, convenientes e de baixo custo para pro- ver crescimento. A teoria afirma que as grandes empresas têm muita possibilidade de derrubar as empresas entrantes quando se trata da inovação sustentadora. Mas essas empresas, que já se posicionaram no mercado, muitas vezes, não conseguem competir quando as novas empresas vêm com inovações disruptivas (CHRISTENSEN; ANTHONY; ROTH, 2007). As inovações disruptivas de novo mercado acontecem quando as características dos produtos que existem limitam o número de consumidoresem potencial, fazendo com que o consumo aconteça de forma inconveniente e centralizada, por exemplo: a câmera Kodak, o telefone da Bell, o rádio transistor da Sony, a fotocopiadora da Xérox, o PC da Apple e o comércio online da e-Bay. Esses são exemplos de empresas que ofereceram produtos ou serviços que antes eram muito difíceis para serem realizados ou adquiridos, pois exi- giam muito dinheiro ou muito conhecimento por parte dos consumidores (CHRISTENSEN; ANTHONY; ROTH, 2007). Agora que já sabemos o que é inovação, quais são os tipos de inovação, abrangência e intensidade da inovação, veja a proposta de atividade a seguir. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um resumo desse capítulo em uma página destacando as principais ideias abordadas ao longo do capí- tulo. Ao produzir seu resumo, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Inovação32 Recapitulando O objetivo desse capítulo é estudar os conceitos, classificações, tipos, abrangência e intensidade da inovação. Analisamos também, a diferença entre invenção e inovação. Nesse sentido podemos afirmar que a inovação está dividida em tipos, como: produtos (serviços), processos, marketing e organizacional. Também, quanto à abrangência, a inova- ção pode ser graduada em: para o mundo, mercado e empresa. A intensidade da inovação pode ser incremental, radical e disruptiva. A inovação incremental e disruptiva já estão bem delineadas e as empresas já as praticam, por exem- plo, na gestão da qualidade. Fizemos uma reflexão sobre a importância da inovação para as empresas e para o desenvolvimento econômico do país e do mundo. Além disso, avançamos na discussão acerca da inovação como elemento fundamental para a competitividade e sustentabilidade dos negócios empresariais. Diante do que aprendemos neste capítulo já podemos responder à pergunta central deste capítulo: será que a capacidade de inovar é algo que pode ser ensinado? Podemos responder que sim, pois a inovação é a comercialização da invenção. Diante de tudo que estudamos neste capítulo, podemos afirmar que inovar pode ser aprendido, desde que a empresa trabalhe muito e sistematicamente para aplicar inovação em sua gestão. 33Inovação Referências CARVALHO, G.H; REIS, R. D.; CAVALCANTI, B. M. Gestão da Inovação. Editora Aymará, Curitiba, 2011. CHRISTENSEN, C. M; ANTHONY, D. S; ROTH, A. E. O futuro da inovação: usando teoria da inovação para prever mudanças no mercado. 1 edição. Rio de Janeiro: editora Elsevier, 2007. 322 p. DAVILA, T., ESPTEIN, M. J. SHELTON, R. La innovación que si funciona: cómo gestionarla, medirla y obtener benefício real de ella. Editora Deusto, 2006. 324 p. FREEMAN, C.; SOETE, L. The economics of industrial innovation. Cambridge: The MIT Press, 2000. HAMEL, G.; SAYAGO, A. Derrubando as muralhas que cercam a criatividade empresarial. Série: Gestão orientada para resultados. Implementando a Inovação. Editora Campus, 29-39, 2007. LEIFER, R.; McDERMONTT, C. M.; O’CONNOR, G. C.; PETERS, L. S.; RICE, M. P.; VERYZER, R. W. Radical innovation: how mature companies can outsmart upstarts. Har- vard Business School Press. Boston, Massachusettes, 2000. LOPES, M. E. Gestão da Inovação Aberta: modelo de acesso à inovação tecnológica. Tese. Universidade Nove de Julho. 2011. ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: Manual de Oslo, 2005: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3º edição, 2005. Disponível em: <www.mct.gov.br/upd_blob/0026/26032.pdf>. Acesso em: 25/20/10. SANTOS, J.; DOZ, Y.; WILLIAMSON P. Ys your innovation process global? MIT Sloan Management Review. Cambridge, vol. 45. n.4, p.31-37, 2004. ______. O desafio metanacional: como as empresas podem vencer na economia do Conhecimento. 1 edição. 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Rio de Janeiro. 4º edição. 2006. 282, p. 35Inovação OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Conhecer as especificidades das empresas relacionadas com a resistência à inovação. • Reconhecer o potencial e a possibilidade da utilização da inovação como estratégia de competitividade na empresa para enfrentar os desafios e aproveitar as oportu- nidades no Brasil. • Identificar fatores que facilitam e dificultam a implantação da inovação. CAPÍTULO 2 A inovação como estratégia de competitividade Frederico Rodovalho de Oliveira TÓPICOS DE ESTUDO 1 Inovação como estratégia de compe- titividade e criação de qualidade 3 Fatores que facilitam a inovação • Relação entre inovação e competitividade. • As estratégias de preço final e de qualidade. • A importância da inovação. • Desafios e oportunidades para o Brasil. • Desenvolvimento industrial. • Políticas de estímulo e financiamento à inovação. • Leis de incentivos fiscais. • Proteção do conhecimento (patentes). 2 Fatores que dificultam o processo de inovação 4 Práticas de estímulo à Inovação • Fatores relativos ao custo. • Fatores relativos aos conhecimentos. • Fatores relativos ao mercado. • Fatores relativos à resistência interna. • Estímulo à criatividade. • Capacitação de Pessoas. • Comunicação interna. • Programas de reconhecimento e recompensa. Inovação36 Contextualizando o cenário O cenário político e econômico do Brasil entre 2014 e 2018 mostra-se, no mínimo, interes- sante. Como se sabe, a partir de 2014 se estabeleceu uma crise econômica severa. O que mais afetou a população nesse período foi o elevado índice de desemprego e a redução no consumo das famílias. Dessa forma, diante de tal cenário econômico, as empresas se viram obrigadas a procurar novas formas de sobrevivência em um momento tão conturbado. Diante de tais dificulda- des, surge um questionamento: não seria agora o momento de as empresas inovarem? São momentos assim que geram o interesse de compreender quais são as razões que impedem o avanço da inovação dentro das empresas. Algo está acontecendo que limita a busca cons- tante por novas alternativas. Como seres curiosos que somos, precisamos entender quais são esses fatores limitadores. Assim, cada vez mais, devemos conhecer os processos de negó- cio e saber identificar quais seriam as melhores oportunidades do momento. O Brasil precisa avançar em inovação. Esse recurso tão valioso acontece através da motivação das pessoas. E como forma de instigar o pensamento devemos refletir sobre o seguinte tema: Quais são os principais fatores que levam as empresas a obterem diferenciais competitivos por meio de ações inovadoras? 37Inovação 2.1. Inovação como estratégia de competitividade e criação de qualidade As empresas estão buscando cada vez mais se diferenciarem umas das outras e uma ferramenta interessante para a obtenção dessa vantagem competitiva é o marketing de diferenciação. Segundo Kotler (1999), o conceito de marketing de diferenciação pode ser definido como um conjunto de estratégias de divulgação que consegue transformar uma marca ou uma empresa reconhecida por suas particularidades diante da concorrência. Como se sabe, nós clientes, estamos cada vez mais exigentes, e o mercado consumidornão aceita falhas dos fornecedores. Mesmo assim, ainda enfrentamos problemas com serviços/ produtos que ficam abaixo de nossas expectativas. Conto et al. (2016) afirmam que as empresas precisam apresentar produtos novos ou melhorados constantemente, pois aquilo que era muito bom ontem, hoje já não atende às exigências do mercado. Amanhã, provavelmente, já estará fora da lista de desejos dos con- sumidores. Para os autores, os mercados são afetados por uma dinâmica que é impactada por fatores como a condição socioeconômica dos consumidores e a própria capacidade de inovação das empresas. 2.1.1. Relação entre inovação e competitividade Para Conto et al. (2016) as empresas que possuem capacidade para inovar mostram- -se mais aptas para o mercado competitivo. A busca por vantagens competitivas, que em sua definição é uma característica que uma empresa possui, e que a diferencia da concor- rência, mostra-se dependente da seu capacidade de promover inovações. Levando em consideração que o ato de inovar é um processo de aprendizado acumulativo, que ultra- passa a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o manual de OSLO (1990), define que o requi- sito mínimo para definir uma inovação é que o produto, processo, método de marketing ou organizacional sejam novos ou melhorados para a empresa e que tenham sido implemen- tada no mercado. Os aspectos que envolvem inovação e gestão devem estar intimamente relacionados com as definições estratégicas das empresas. Isso porque, com o objetivo de obter vanta- gens competitivas para a empresa, existe a necessidade de unir decisões do dia a dia com ações que busquem novas formas de inovação. Para Reis (2008), o processo de gestão da inovação exige criatividade e ideias ao longo do tempo, de forma contínua e sistemática, e o processo de inovação requer da empresa conhecimento a respeito do mercado no qual atuará, de forma a minimizar os riscos de uma inovação mal sucedida. Inovação38 Para Tidd e Bressant (2011), o processo de inovação é divido em etapas e se iniciam pela busca por novas ideias. Depois vem a fase de seleção de possíveis ideias e, posterior- mente, há a fase de implementação, que definirá como as ideias serão postas em prática. Finalmente, chega-se à fase de obtenção dos resultados a partir da ideia inicial. Para Tidd e Bressant (2011), cada fase tem seus próprios desafios e exigências, que vão permitir a dife- renciação competitiva da empresa no mercado consumidor. 2.1.2. As estratégias de preço final e de qualidade A análise entre determinação de preço e qualidade é bem explicada por meio da estra- tégia de Preço-Qualidade apresentada na figura abaixo. Nela percebe-se que uma variação comum em diversos segmentos do mercado precisa ser entendida como um fato especial, que merece atenção pela empresa, na fase de determinação de preços. O uso da matriz serve como um ponto de início na definição da estratégia para a determinação de preços. Estratégia de Preço-Qualidade PREÇO Q U A LI D A D E Alta Média Baixa Alta Estratégia Premium Estratégia de Alto Valor Estratégia de Valor Supremo Média Estratégia de Preço Alto Estratégia de Preço Médio Estratégia de Valor Médio Baixa Estratégia de Desconto Estratégia de Falsa Economia Estratégia de Economia Fonte: KOTLER, 1999. Carvalho et al. (2011) esclarecem que as estratégias organizacionais, que são apre- sentadas em verde, devem ser o alvo das empresas, pois são elas que permitirão a con- tinuidade das empresas no mercado. As estratégias em azul têm como característica sua temporalidade, pois são usadas para que as empresas consigam entrar em determina- dos mercados competitivos e conquistem novos clientes. As estratégias em vermelho são as que devem ser evitadas, pois são utilizadas apenas em situações adversas e não geram valor para as empresas. 39Inovação Pausa para refletir O fator preço é relevante para a determinação de qual produto deve ser consumido, mas será que os consumidores atualmente estão observando somente o fator preço? Será que existem outros fatores que alteram a percepção de qualidade dos produtos adquiridos pelos clientes? 2.1.3. A importância da inovação Inovação não é simplesmente uma ideia. A inovação é composta por fatores que, integrados, produzem resultados para as organizações. A condição para que a inovação exista deve estar inserida em um contexto maior, pois são necessários diversos eventos para que se alcance o sucesso. Fatores que promovem a inovação INOVAÇÃO INSPIRAÇÃO VISÃO ANÁLISE CRIATIVIDADE DESENVOLVIMENTO TRABALHO EM EQUIPE SUCESSO Para Carvalho et al. (2011) a importância da inovação é essencial em um cenário com- petitivo, pois as empresas devem buscar a melhoria no desempenho de suas ações por meio de ações inovadoras, que possibilitem melhorias como o aumento da demanda por produtos e serviços, e que elevem sua posição dentro do mercado competitivo, reduzindo custos, ampliando suas margens de lucro e, consequentemente, aumentando a habilidade de continuar inovando. O processo para alcançar a inovação necessita de disciplina, pois segue um roteiro determinado que pressupõe o uso de práticas de trabalho que vão desde a ideia inicial até o lançamento do produto no mercado. © T ru eff el pi x // Sh ut te rs to ck . Inovação40 2.1.4. Desafios e oportunidades para o Brasil Segundo Cruz (2010), quando se trata de inovação as empresas no Brasil, dão maior ênfase a estratégias que buscam o crescimento das vendas e ampliação do mercado con- sumidor. Para os empresários brasileiros, os gastos com ciência e tecnologia (C&T) não devem ser vistos como custos, mas sim como investimento para um futuro melhor. Apesar de existirem alguns avanços relacionados à inovação, o que se percebe é que o desempenho das empresas inovadoras brasileiras ainda se mostra baixo, com uma taxa de inovação de 36%, segundo dados da Pesquisa de Inovação (PINTEC), indicando que o grande desafio das empresas está relacionado com a produção de inovações patenteáveis, que produzam produtos ou serviços rentáveis (PINTEC, 2014). A figura a seguir apresenta os países e seus respectivos investimentos em recursos humanos e financeiros. Merece destaque o fato de que o Brasil não aparece no levanta- mento, indicando o quanto o país necessita investir nessa área. Investimentos em recursos humanos e financeiros para P&D, 2015 15 10 5 0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 CHL MEX* ZAF* LVA TUR POL GRC RUS SVK ITA HUN PRT IRL GBR NOR NLD ESTLUX NZL ESP CAN*CZE ISL BEL FRA* SVNAUS* USA DEU CHN JPN SWE DNKFIN CHE AUT ISR* KOR R&D volumes (million 2010 USD) * 275 100.000 200.000 300.000 400.000 462.766 Fonte: OCDE, 2015. (Adaptado). A situação do investimento em P&D aponta para o grande desafio que o Brasil pre- cisa enfrentar. Conforme apresentado na figura acima, o país não está investindo em P&D e, consequentemente, está ficando para trás em relação aos países analisados. Para Cruz (2010) é preciso desenvolver um ambiente que promova o estímulo em pesquisa e inova- ção, pois tal desafio mostra-se complexo, e não deve ser analisado somente em função de valores investidos, mas deve-se observar também os resultados obtidos pelas ações de ino- vação. Afinal, nem sempre a inovação envolve vultuosos investimentos financeiros. Quanto aos investimentos financeiros, merecem destaque as ações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) voltadas para o financiamento de inovações. O banco possui uma linha de incentivo à inovação chamada de Plano Inova Empresa, a qual © D TC O M 41Inovação fornece recursos para inovação em vários segmentos, considerados estratégicos para o Governo Federal. O incentivo se dá através de chamadas públicas, que selecionam projetos que contarão com recursos oferecidos pelo banco por meio da Financiadora de Inovação e pesquisa (FINEP) e por outros órgãos públicosque participam de ações similares. Caldeira (2014) afirma que uma alternativa interessante para incentivar ações de ino- vação para as empresas são os chamados ecossistemas de inovação, que são basicamente um conjunto de atores e recursos unidos para implantar ações de inovação. Esses ecossis- temas geralmente são constituídos por empreendedores, investidores, pesquisadores, uni- versidades, entre outros, e agem com objetivo de fortalecer a articulação, conectividade e a cooperação entre os envolvidos, buscando incentivar a inovação. 2.2. Fatores que dificultam o processo de inovação Os fatores que causam dificuldades no processo de inovação são comumente classifi- cados em aspectos internos e externos à organização. Os aspectos externos estão relacio- nados a problemas com “governo, mercado, tecnologia, propriedade intelectual, relações societárias, relações sindicais, fornecedores e interorganizacionais”, (COSTA-SOUZA; BRUNO-FARIA, p. 119, 2013). Os fatores internos, por sua vez, estão relacionados diretamente com (DONHA; GUIMARÃES, 2017): • o tamanho e a idade da empresa; • o desempenho passado; • sua estratégia de diversificação; • exportações; • estratégia de redução de custos; • mecanismos de proteção; • ausência de gestão por resultados; • planejamento estratégico ineficiente; • falta de pessoal qualificado e de espírito de equipe; • ausência de cultura e motivação para a inovação; • senso de acomodação; • falta de aprendizado contínuo; • falta de tempo por alta carga de trabalho; Inovação42 • existência de projetos de longo prazo; • falta de recursos financeiros; • e falta de tolerância à falhas entre outros. Diante da identificação de falhas que podem afetar os processos de inovação, deve- -se procurar compreender de que maneira diversos fatores impactam na obtenção e implementação de novas ideias e deve-se buscar analisar como evitar que tais falhas inter- rompam os processos de inovação. 2.2.1. Fatores relativos ao custo As dificuldades encontradas ao acesso dos recursos financeiros, tão relevantes para a inovação, mostram-se como fator limitante para a execução de tarefas necessárias para a implementação de novas ideias a serem postas em prática. Fatores econômicos mostram- -se barreiras importantes, pois se relacionam diretamente aos riscos inerentes do negócio, e para os investidores, tais riscos são percebidos como elevados. Assista O vídeo “As pessoas sempre vão investir em duas coisas: diminuir custos e inova- ção” (SEBRAE SP/2015) analisa como gerenciar melhor os custos para inovação. Os altos custos iniciais, que são exigidos pelas ações inovações, também limitam o acesso a recursos financeiros, e além disso, fatores como planejamento mal elaborado e falta de interesse organizacional, acabam criando mais restrições ao acesso dos recursos financeiros (BELTRAME et al., 2013). 2.2.2. Fatores relativos aos conhecimentos Na visão de Fernandes (2015), para que ocorra inovação, é fundamental que sejam cumpridas algumas exigências organizacionais, tais como desenvolver uma visão cria- tiva, que servirá para a definição e criação de metas direcionadoras. Outra exigência está relacionada com o ambiente criativo, que permitiria que novas ideias surgissem e fos- sem desenvolvidas. Caso essas exigências não sejam atendidas, ocorrerão falhas nesse ambiente organizacional, criando dificuldades para a obtenção de soluções para os proble- mas que afetam a empresa como um todo. 43Inovação Definido por Gonçalves et al. (2011), o conhecimento é um processo sistemático que se baseia em “identificação, captura, classificação, validação, armazenagem, dis- seminação, compartilhamento e criação de conhecimento útil” (FERNANDES et al., p. 225, 2015), que deve ser promovido continuamente para que não se percam oportunida- des de negócio para as organizações. 2.2.3. Fatores relativos ao mercado As empresas estão competindo em mercados altamente competitivos e esse ambiente não é o mais propício para ações radicais. Para que ocorra uma diferencia- ção entre empresas do mesmo segmento de mercado, o aumento do nível de serviço, que pode ser entendido como um fator- -chave dos valores que a empresas oferece aos seus clientes, e cujo objetivo é o de assegurar sua fidelidade, mostra-se uma ferra- menta altamente relevante, pois assim cria-se a possibilidade de um relacionamento dura- douro entre os atores do mercado. © R om an K in g / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) . © c he re zo ff / / S hu tt er st oc k. Inovação44 Dentro do conceito de fatores, que são relacionados ao mercado, surge a possibili- dade de criação de parcerias entre empresas e stakeholders (clientes, fornecedores, par- ceiros comerciais, entre outros). Essa estratégia apresenta-se como uma possível solução para a redução de barreiras impostas pelo mercado competidor, pois percebe-se que esse relacionamento tem um fator motivacional relevante para a busca da inovação: o desen- volvimento a partir da proximidade entre os atores envolvidos no processo. Dessa forma, é grande a chance de surgirem recursos, sejam eles humanos, financeiros, ou outros quais- quer, que possibilitarão a criação de estruturas de colaboração entre a empresa e os parcei- ros de negócio. 2.2.4. Fatores relativos à resistência interna O processo de mudança tem por finalidade causar transformações na estrutura, na estratégia e nas pessoas que compõem uma organização. Uma das reações mais naturais do ser humano é resistir a mudanças. Fatores como a impossibilidade de conhecer o futuro, dificuldades em compreender as fases de transição do estado atual para o novo e experiên- cias anteriores negativas criam um ambiente propício para o surgimento de barreiras no processo de inovação. Em algumas situações pontuais, o pro- cesso de resistência pode ter um fator posi- tivo, pois é capaz de fomentar discussões a respeito de decisões que necessitam ser tomadas, criando uma oportunidade para o surgimento de melhores escolhas. O fator resistência também possui um aspecto negativo: quando percebe-se que as críticas chegam ao ponto de impedir a continuidade do processo de mudança. Pausa para refletir Será que as pessoas são de fato tão resistentes a mudanças? Ou será que essa dificuldade em aceitar o novo acontece por falta de explicações consistentes? Reflita como seria o melhor modo de informar às pessoas a respeito de mudanças em seu ambiente de trabalho. © R aw pi xe l.c om / / S hu tt er st oc k. 45Inovação 2.3. Fatores que facilitam a inovação Planejar uma estratégia eficiente e oferecer um ambiente adequado são os dois pila- res fundamentais para a busca de inovações. Ações como o planejamento de boas estra- tégias, criação de equipes com pessoas capacitadas e motivadas, cultura organizacional voltada para a inovação, adequação da estrutura funcional a serviço da estratégia e defini- ção de processos são fatores que incentivam o desenvolvimento de ideias inovadoras. O processo de inovação passa por diversas etapas e seu início se dá pela criação de uma vantagem estratégica no mercado, procurando áreas nas quais a inovação terá maior poder de ação. A fase das pesquisas, na qual é possível descobrir um público desconhe- cido e quais serão suas necessidades, representa a segunda etapa do processo de inovação. Após as pesquisas, o passo seguinte é representado pelo insight, que é o resultado de um processo de análise e desenvolvimento da inovação. A fase seguinte do processo é identificada pelo desenvolvimento efetivo da inovação, no qual ocorre a definição do design, a engenharia, a prototipagem e os testes, que resul- tarão em um novo produto ou serviço. Em seguida tem-se o processo de planejamento de negócios, que realiza a preparação do mercado para os clientes escolherem a inovação, e por último tem-se a venda, que representa o retorno financeiroobtido pelo sucesso do pro- duto ou serviço. 2.3.1. Desenvolvimento industrial O desenvolvimento industrial se dá por meio de investimentos que buscam a promo- ção da competitividade com objetivo de incentivar o crescimento sustentado da economia como um todo. Assim, é possível estabelecer um novo nível para o potencial econômico do Brasil. Merece destaque a importância dos programas de financiamento, que são direcio- nados para a ampliação e modernização da capacidade produtiva das empresas. O surgimento do conceito de Indústria 4.0 apresenta a quarta revolução industrial. Tal revolução apresenta novas tecnologias que são inseridas no centro de todas etapas dos processos produtivos. Assista Assista ao vídeo “O que é Indústria 4.0?” (2016). do canal do Sebrae no Youtube. Ele apresenta e discute o conceito da indústria 4.0. Inovação46 Para Costa (2017), a inovação irá compor a estratégia de desenvolvimento e cresci- mento econômico das empresas. Para ele essa nova fase é o resultado da integração de tecnologias digitais, combinadas com ideias inovadoras. Segundo pesquisa realizada pela PWC a tecno- logia digital revolucionará a forma como a produção industrial é feita, eliminando custos e aumentando a possibilidade de novos ganhos. Essa transforma- ção representará imensos desafios para as empresas, que deverão investir no desenvolvimento de compe- tências e na cultura organizacional. A figura a seguir representa a combinação das tecnologias que estarão disponíveis para dar suporte à indústria 4.0. O ponto principal são as novas ferramentas tecnológicas dis- poníveis para o uso. Combinação de diversas tecnologias estabelecidas e emergentes para indústria 4.0 segundo a PWC Da ta & An alyt ics como capacidade essencial Indústria 4.0 1. Dig itiz ação e integração das cad eias de valor verticale ho rizontal 2. D igitização das ofertas de produtos e serviços 3. Mo de los d e ne gõ ci o digit ais e a ce ss o a cl ie nt es Plataforma loT Dispositivos móveis Computação em nuvem Realidade aumentada Caracterização do perfil dos clientes e interação com clientes em vários níveis Big data, analytics e algoritmos avançados Sensores inteligentes Impressão 3D Detecção e autenticação de fraude Interfaces avançadas homem-máquina Tecnologias de detecção de localização Fonte: Indústria 4.0: Digitização como vantagem competitiva no Brasil. (Adaptado). © L ut si na T at ia na / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) . © D TC O M 47Inovação Da perspectiva da indústria merece destaque o fato de que, apesar da crise financeira que estagnou a economia do país a partir de 2014, o segmento industrial, que sofreu com a redução do consumo das famílias, apresenta indícios de recuperação de sua atividade. A indústria 4.0 mostra-se como um segmento capaz de promover o crescimento da produ- ção, do emprego e da renda (SARTI e HIRATUKA, 2011). 2.3.2. Políticas de estímulo e financiamento à inovação As políticas de apoio e financiamento à inovação podem ser divididas em dois grupos. O primeiro é conceituado como apoio indireto e o segundo como apoio direto. Cassiolato e Lastres (2005) afirmam que o apoio indireto pode ser representado por incentivos fis- cais, que nada mais são do que a redução ou isenção de tributos. O quadro abaixo descreve quais as fontes de financiamento mais buscadas para P&D no Brasil. Fontes de financiamento das atividades de P&D segundo setor de atividade e origem de recursos – Brasil – 2008 (em % do total) Setor de Atividade Recursos Próprios Recursos de Ter- ceiros: privados Recursos de ter- ceiros: públicos Total 76,3 4,3 19,4 Indústria de Transformação 88,0 0,8 11,2 Serviços 47,8 12,6 39,6 Fonte: IBGE, Pintec 2008. Para Cassiolato e Lastres (2005) um padrão de financiamento baseado em crédito cria a obrigação de pensar em políticas de incentivo à inovação, que buscarão apoio nas políticas de desenvolvimento industrial do país. Dessa forma, o padrão de financiamento dos gastos em pesquisa e desenvolvimento refletem o padrão do investimento, apontando que essa realidade é mais perceptível nos gastos realizados com recursos próprios das empresas do setor privado. 2.3.3. Leis de incentivos fiscais No dia 22 de novembro de 2005 o governo federal publicou no diário oficial a Lei 11.169, lei que ficou conhecida como lei do bem. No seu objeto ficou definido, entre outras coisas que, as empresas poderiam ter “dedução, para fins de cálculo do Imposto sobre a Inovação48 Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), dos gastos realizados no período de apuração com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica” (CORAZZA, p. 40, 2015). Pausa para refletir A lei nº 11.169 trouxe vários incentivos para a pesquisa e inovação das empresas no Brasil. De acordo com o que a lei propunha ela de fato conseguiu aumentar a competitividade das empresas no mercado? 2.3.4. Proteção do conhecimento (patentes) Na era do conhecimento e do compartilhamento de informações, que se dão através de recursos tecnológicos, o tema proteção do conhecimento surge com extrema relevân- cia, pois o que se percebe é que as empresas precisam manter segredo sobre os mais diver- sos assuntos. Essas informações confidenciais geram capacidades de diferenciação em mercados altamente competitivos. Os conhecimentos produzidos por empresas, como as patentes, softwares>, desenhos industriais e marcas, que representam sua propriedade intelectual, a qual é entendida como o direito sobre um bem intangível móvel. Assista Confira o vídeo “Cenário da proteção do conhecimento no Brasil vem melho- rando, diz Carlos Pacheco” (CNI/2016) que apresenta uma explicação sobre proteção do conhecimento. Desta forma, ela corresponde ao direito de exclusividade sobre criações intelectuais, por um determinado período de tempo estabelecido. 2.4. Práticas de estímulo à Inovação O processo de inovação está relacionado com transformações de caráter tecnoló- gico, os quais incidem diretamente sobre a produção ou produto. Na abordagem de Rocha Neto (1997), os processos de inovação possuem um viés essencialmente econômico, que compreendem a apropriação comercial de conhecimento técnico-científico para o 49Inovação desenvolvimento de bens e serviços utilizados pela sociedade. Segundo o autor, compreen- dem a introdução de novos produtos ou serviços no mercado por meio de conhecimentos, práticas organizacionais, técnicas e processos de produção. As fontes de conhecimentos relativas ao processo de produção de inovações estão localizadas dentro e fora das organizações. Isso significa dizer que tal interatividade se dá por meio da contribuição dos agentes sociais e econômicos que são detentores de diferen- tes tipos de informação e conhecimento. Para que ocorra a divulgação das ações inovado- ras é preciso iniciar na organização um processo de compartilhamento de informações que deverá ultrapassar os limites do departamento de P&D. 2.4.1. Estímulo à criatividade A criatividade segundo Dewes et al. (2012) é considerada como um fenômeno de natureza cognitiva, e o ato de inovar é um efeito proporcionado por processos mentais, cujo objetivo é produzir novas ideias com valor mercadológico. O ato criativo se desenvolve através de um processo que deixa a pessoa sensível a um problema ou situação, forçan- do-a a procurar por soluções através da criação de hipóteses que dizem respeito ao pro- blema. Posteriormente são realizados os testes destas hipóteses e, por fim, a comunicação dos resultados obtidos. Para Dewes et al. (2012), existem dois elos que ligam a criatividade às atividades eco- nômicas. O primeiro se relaciona com a prestação de apoio aos processos produtivos, o qual serve para mudar o que era feito para um modo mais econômico e prático. O outro elo, a criatividade, passa a oferecer maior valor agregadoao cliente, seja por meio da oferta de novos produtos, pela modificação de um produto existente, ou até mesmo atra- vés da alteração na maneira de vender o produto. 2.4.2. Capacitação de Pessoas O mercado consumidor está caracterizado mais pelas constantes mudanças radi- cais do que pelo seu poder de barganha. Fatores como tecnologia, novas formas organi- zacionais e capacidade de gerar e absorver inovações são diferenciais competitivos que devem ser interiorizados pelas empresas (LEMOS, 2009). O processo de desenvolvimento de ideias não segue um pensamento linear, ele se mostra descontínuo e irregular, apresen- tando alguns momentos de inovação e outros de total inércia, mas que podem influenciar de forma relevante diversos setores da economia. As inovações, além de não obedecerem a um padrão regular e contínuo, ainda possuem elevado grau de incerteza. Inovação50 Assim, chega-se a um importante aspecto no processo de compreensão das formas de produção e transmissão de conhecimento, pois percebe-se que existem diversas possibili- dades de acesso e troca de informações que são fornecidas por tecnologias de informação e devem estar disponíveis de forma igualitária para todos os agentes envolvidos nos processos. 2.4.3. Comunicação interna Um dos grandes desafios de setores responsáveis pela comunicação e marketing das empresas é apresentar o valor que a comunicação interna possui para a alta gestão. Assim, além do ato de inovar ser de extrema importância, o planejamento e o direcionamento das ações da empresa mostram-se também muito relevantes, pois ao unir esses três recursos surge uma alternativa eficiente para a busca de um processo de comunicação interna efi- caz (MARCHIORI, 2010). Motivar os funcionários para que fiquem alinhados com a estratégia da empresa deve ser um processo contínuo, e a melhor maneira de gerar comprometimento é por meio das atitudes que a organização adota para proporcionar o diálogo com os funcionários. As melhores ferramentas para o processo de comunicação interna em ordem de relevân- cia são: intranet, rede social corporativa, e-mail, reuniões, mural, manual do colaborador, caixa de sugestões, perfil comportamental, revista da empresa e videoconferência (MAR- CHIORI, p. 151, 2010). 2.4.4. Programas de reconhecimento e recompensa O processo de reconhecimento e recompensa necessariamente deve ser precedido por um processo de avaliação. De acordo com Gillen (2000), as empresas utilizam diversos recur- sos para criar métodos de avaliação. Entre esses métodos, alguns são realizados pelos geren- tes, que elabora o documento e compartilha o resultado da avaliação com a pessoa avaliada. Os métodos de recompensa que algumas empresas adotam em seus critérios de ava- liação utilizam a remuneração separada por níveis de desempenho. É importante destacar que qualquer que seja a forma adotada de avaliação pela empresa, o que realmente merece atenção é a eficácia dada ao sistema de avaliação, pois um sistema falho tira toda credibili- dade da empresa e do avaliador. Para Gillen (2000), as empresas necessitam desenvolver estratégias que incentivem a motivação de seus colaboradores, sendo necessário ir além da recompensa financeira. Isso porque alguns fatores são tão importantes quanto as recompensas tradicionais. Entre 51Inovação esses fatores estão o reconhecimento social, planos de crescimento de carreira e compen- sações inteligentes e personalizadas que promovem um ambiente saudável e melhoram o clima organizacional da empresa. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore uma apre- sentação no Power Point destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua apresentação, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Dicas: Utilize como tópicos principais para sua apresentação os seguintes temas: Inovação e com- petitividade; Fatores que promovem a inovação (positivos e negativos); Práticas que estimu- lam a Inovação. Elabore a apresentação com no máximo 10 slides. Recapitulando O objetivo principal das empresas está diretamente relacionado com a obtenção de lucros e o fator inovação mostra-se um diferencial para gerar vantagens competitivas diante da concorrência. Assim, o que se percebe é que o processo de inovação é composto por diversos fatores. Imaginar que somente boas ideias serão são capazes de serem convertidas em lucros é um pensamento que infelizmente não representa a realidade do mercado. Considerar como fator de diferenciação de mercado o uso de estratégias que afetam somente os pre- ços não é suficiente para fidelizar os clientes pois essa ação que não tem poder para ser mantida por longos períodos de tempo. Os clientes estão atentos a diversos fatores que envolvem um produto, e imaginar que somente um aspecto será o fator chave para a deci- são de compra representa uma visão restrita por parte das empresas. Quando buscam uma inovação, as pessoas geralmente escolhem uma situação que seja cômoda ao invés de uma mudança radical, mas isso não significa que não seja possí- vel implantar ações que transformem o estado atual. O que é relevante destacar com rela- ção a mudanças é a possibilidade de melhoria com relação ao que existia anteriormente. Para serem aceitas, essas vantagens precisam ser muito bem esclarecidas, pois caso não sejam trabalhadas de maneira eficiente, as pessoas criarão barreiras para a aceitação das inovações. Inovação52 Com relação ao aporte governamental para projetos de inovação, merecem destaque as ações propostas pelo governo federal por meio da lei nº 11.169, mais conhecida como lei do bem. Ao longo dos anos, essa legislação se mostrou muito importante para a inova- ção, pois desde sua implantação houve um aumento de mais de oito vezes no número de empresas que aderiram ao programa de incentivo fiscal. Isso indica que tal política pública é relevante para a inovação no Brasil. 53Inovação Referências BELTRAME, T. F. et al. Gestão da Inovação e barreiras para implementação de suas prá- ticas. XXXIII Encontro Nacional de Engenharia da Produção. Salvador: Brasil, 2013. CALDEIRA, J. P. Os desafios para a inovação no Brasil. 2014. Disponível em: <jornalggn. com.br/noticia/os-desafios-para-a-inovacao-no-brasil>. Acesso em: 14/09/2018. CARVALHO, H. G. Gestão da inovação. Hélio Gomes de Carvalho, Dácio Roberto dos Reis, Márcia Beatriz Cavalcante. Curitiba: Aymará, 2011. CASSIOLATO, J. 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Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Ciências Econômicas, Pro- grama de Pós-Graduação em Economia, Porto Alegre, 2015. COSTA, C., Indústria 4.0: o futuro da indústria nacional. POSGERE, v. 1, n. 4, p.5-14 set 2017. Número especial automação. Disponível em: <seer.spo.ifsp.edu.br/index.php/
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