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Profa. Patrícia Forestieri UNIDADE I Fundamentos de Ações Preventivas em Saúde A conceituação de saúde e doença é extremamente complexa. Muitas foram as tentativas para defini-las, por isso em cada período histórico é possível encontrar as mais diferentes interpretações. A saúde já foi considerada uma espécie de silêncio orgânico, ou seja, do ponto de vista fisiológico existe um estado de harmonia e equilíbrio funcional em que os diversos sistemas e aparelhos não apresentam sinal de irregularidade. Essa é uma forma de conceber a questão de um ponto de vista apenas individual e clínico, que deixa de lado as dimensões mental e social. O conceito de saúde e doença Além disso, é óbvio que não é possível considerar saudável uma pessoa que esteja com uma infecção ou com qualquer doença em estágio subclínico. O conceito de saúde no dicionário é “o estado do indivíduo cujas funções orgânicas, físicas e mentais se acham em situação normal”. Questões para reflexão... O que é uma situação normal? Qual é a linha divisória entre a normalidade e a anormalidade, entre a sanidade e a insanidade? O que é saúde e o que é doença? O conceito de saúde e doença Fonte: https://catracalivre.com.br/quem- inova/harvard-ensina-como-tornar- pensamento-visivel-na- aprendizagem/ Outra maneira de conceituar saúde foi apresentada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1948: “Saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças” (SEGRE; FERRAZ, 1997, p. 539). Esse conceito tem o mérito de incluir as dimensões mental e social, mas do ponto de vista prático é pouco operacional. O que é um completo estado de bem-estar? Como avaliar esse estado? É muito difícil definir o que é saúde e estabelecer os limites, definindo onde começa a enfermidade. Saúde e enfermidade são dois estados entre os quais o indivíduo flutua toda sua vida, são duas condições estreitamente ligadas por conexões recíprocas. O conceito de saúde e doença Na sociedade primitiva, o pensamento do homem estava sob domínio das representações religiosas/mitológicas e o destino dos indivíduos relacionado às forças sobrenaturais. A interpretação do processo saúde-doença era igualmente associada à ação das forças sobrenaturais, assim, vinculando-se às práticas de caráter mágico/religioso. As concepções acerca do mundo e da saúde-doença foram modificadas e as explicações passaram a utilizar a interpretação dos fenômenos dos pontos de vista químico /físico/mecânico. Teoria Mística Durante a Idade Média, prevaleceu a Teoria dos Miasmas, que considerava que a doença é causada por certos odores venenosos, gases ou resíduos nocivos, que se originavam na atmosfera ou a partir do solo. Essas substâncias seriam posteriormente arrastadas pelo vento até um indivíduo, que acabaria por adoecer. No início do século XIX, no Rio de Janeiro, alguns médicos acreditavam que as epidemias eram provocadas pelos navios estrangeiros, que traziam doenças como cólera, febre amarela e varíola. Concluíram que as enfermidades eram causadas por miasmas, pelo ar corrompido, que, vindo do mar, dos respectivos navios, pairava sobre a cidade. Teoria dos Miasmas O termo “malária” tem origem em mala aria (maus ares): acreditava-se que essa doença era causada pela presença de “mau ar”, pois as populações que mais adoeciam de malária moravam nas zonas pantanosas, que produziam gases. O conceito miasmático foi responsável por medidas de saúde pública que são aplicadas atualmente, tais como o enterro dos mortos, o aterro de excrementos humanos e a coleta de lixo. Obviamente, hoje, estudos demonstram que essas medidas sanitárias são necessárias para combater inúmeras doenças e manter a qualidade da vida da população, ao evitar a contaminação do solo e da água. Teoria dos Miasmas Fonte: https://educalingo.com/ pt/dic-es/miasma A descoberta dos microrganismos, ou seja, dos agentes causadores das doenças, principalmente que causam as doenças transmissíveis, passou a explicar o surgimento delas. Foi chamada de “bacteriológica” devido à descoberta de bactérias, vírus, fungos, entre outros microrganismos; o que levou a comunidade científica a estabelecer esses agentes como causa única do adoecimento. A concepção unicausal demonstrou de imediato suas limitações. Teoria Unicausal Fonte: https://www.lojabunker.com.br/Microscopio- Biologico-Binocular-com-Optica-Infinita1 A teoria da multicausalidade ou multicausal se consolidou na década de 1960 e tentou substituir o olhar unicausal, considerado inconsistente. Essa nova teoria relaciona as doenças a diversas causas, a diversos fatores, que, se controlados por meio de medidas simples e acessíveis a toda a população, podem diminuir a propagação das doenças. Esse novo olhar atribui não só aos fatores biológicos a responsabilidade pelas doenças, mas também à organização social, ressaltando que as doenças ocorrem por uma somatória de causas, e não apenas pela ação de um agente etiológico. Teoria Multicausal Essa teoria busca uma explicação profunda e relacionada às diferentes condições de vida das diferentes populações. Essa teoria permite compreender como cada sociedade cria um determinado padrão de desgaste ou potencialidades conforme o consumo e o gasto de energia dos indivíduos no processo de reprodução social. Exemplos: formas de produção de trabalho, reprodução social, condições econômicas, etnias, gênero podem determinar o processo “saúde X doença”, e não somente os aspectos biológicos. Teoria da Determinação Social Teoria da Determinação Social Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Modelo-de-Determinantes-Sociais-da-saude- proposto-por-Dahlgren-e-Whitehead_fig1_322813101 IDADE, SEXO E FATORES HEREDITÁRIOS DesempregoAmbiente de trabalho Água e esgoto Serviços sociais de saúde Habitação Educação Produção agrícola e de alimentos CONDIÇÕES DE VIDA E DE TRABALHO História natural da doença é o curso da doença desde o início até sua resolução, na ausência de intervenção: 1. O adoecimento é um processo, isto é, as doenças constituem um conjunto dinâmico de fenômenos e interações que estão sempre se modificando no tempo e no espaço. 2. Os processos de adoecimento são determinados por um conjunto amplo de aspectos que envolvem fenômenos de natureza diversa – biológica, ambiental, cultural, econômica, política, psicológica, emocional etc. 3. A interação entre diferentes disciplinas é indispensável para o conhecimento e a intervenção sobre o comportamento epidemiológico e a evolução clínica das doenças. História natural das doenças Período pré-patogênico: Ao estudar a História Natural das Doenças (HND) de uma doença específica, a primeira tarefa é buscar identificar os vários aspectos que podem estar relacionados à sua ocorrência, isto é, à sua determinação – agente(s) etiológico(s), condições predisponentes, facilitadoras, protetoras etc. Esse componente do modelo se refere ao momento em que ainda não há doença instalada em indivíduos e populações, mas há condições para que ela ocorra e que, portanto, deve ser controlada. História natural das doenças Período pré-patogênico: Tríade epidemiológica das doenças História natural das doenças 1. Hospedeiro 2. Agente 3. Meio Vetor Fonte: autoria própria 1. Hospedeiro esse segundo grupo se refere a aspectos relacionados à suscetibilidade dos indivíduos humanos aos agentes agressores. Refere-se a aspectos como herança genética, traços congênitos, sexo, idade, estado nutricional, condicionamento físico, atividade de trabalho, atividades de lazer, vida sexual, características pessoais de sociabilidade, padrão alimentar, uso de tabaco, álcool ou outras substâncias químicas (psicoativas, farmacológicas), práticas de autocuidado, grau de instrução, características cognitivo-intelectuais,características psicoemocionais, história patológica pregressa, estado de saúde atual, entre outros. História natural das doenças 2. Agente esse grupo de fatores se refere aos elementos externos ao organismo humano que, ao interagirem com ele, podem provocar algum dano ou alteração. O termo, que nas primeiras formulações de história natural se referia basicamente a agentes infecciosos, passou progressivamente a indicar um espectro mais amplo de fatores – substâncias químicas, toxinas, radiação, temperaturas extremas, alterações na qualidade do ar, acidentes, violência, entre outros. História natural das doenças 3. Meio esse grupo diz respeito ao ambiente que põe em contato os agentes agressores e seus potenciais hospedeiros. Compreende aspectos ambientais como condições climáticas, topográficas e socioestruturais (tipo de ocupação do espaço urbano e domiciliar, composição e dinâmica demográfica e familiar, condições médico-sanitárias da população), seja como veículo de transmissão de um agente infeccioso (água, ar, alimentos, vetores). Em um sentido mais abrangente, incorporam-se aspectos como desenvolvimento econômico, padrões culturais (valores e normas sociais), modo de vida (urbano, rural), condições de trabalho e alimentação. História natural das doenças Vetor é todo ser vivo capaz de transmitir um agente infectante, de maneira ativa ou passiva. Agente infectante qualquer parasita, protozoário, vírus, bactéria que pode infectar o hospedeiro. Transmissão ativa ocorre quando o vetor é infectado e infecta outra espécie de organismo. Transmissão passiva ocorre quando o vetor não é infectado pelo agente infectante, mas causa a infecção de outra espécie de organismo. História natural das doenças Após essa primeira parte, a proposta é debater com seu tutor como uma doença como a dengue, por exemplo, que está presente no dia a dia da imensa maioria da população brasileira se comporta em relação à tríade epidemiológica das doenças. Nesse processo, quem são e como se relacionam hospedeiro, agente, meio e vetor? Interatividade Nesse processo de adoecimento por dengue, podemos concluir que a tríade epidemiológica das doenças se aplica pela interação de todos os elementos: Hospedeiro – ser humano. Agente – é um vírus RNA. Arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviridae. São conhecidos quatro tipos: 1, 2, 3 e 4. Meio – condições sanitárias precárias, acúmulo de vasos, pneus ou tudo que acumule água para que o mosquito se reproduza. Vetor – são mosquitos do gênero Aedes. A espécie Aedes aegypti é a mais importante na transmissão da doença e também pode ser transmissora da febre amarela urbana. Resposta Como o nome indica, esse componente do esquema produz e relaciona conhecimentos sobre um processo patogênico em toda sua extensão e dimensões, desde as primeiras alterações funcionais e morfológicas até seus possíveis desfechos. Nessa perspectiva, o modelo de HND distingue dois subcomponentes. No primeiro, já existe algum tipo de alteração patológica em curso, mas ainda sem expressão clínica (período patogênico precoce). No segundo, a doença já é perceptível pelo indivíduo afetado, com sinais e sintomas que caracterizam um quadro clínico (patologia precoce). Período patogênico Divide esses dois períodos, o chamado “horizonte clínico”, que, uma vez ultrapassado, muda substancialmente o modo como o processo patológico é experimentado pelas pessoas e trabalhado nas práticas de saúde. Período patogênico Esse subcomponente se relaciona às alterações celulares, teciduais e funcionais que ocorrem nos indivíduos afetados por uma doença antes de se produzirem sinais ou sintomas observáveis. Antes de ultrapassar o horizonte clínico, um processo patogênico instalado já conduz a uma nova condição às relações entre um organismo individual e suas interações com o meio, com outros indivíduos, com agentes de outras doenças. Em algumas situações, parte dos indivíduos acometidos evolui dessa fase de patogenia precoce para uma resolução do problema sem ultrapassar o horizonte clínico, isto é, progride espontaneamente para a remissão ou o controle total da doença. Período patogênico pré-clínico Nesse momento, busca-se identificar a síndrome característica de uma doença, com os sinais e os sintomas mais frequentes e seus possíveis desdobramentos clínicos. Desfecho todas as doenças caminham para algum desfecho. O desfecho pode desencadear: Período patogênico clínico Remissão/cura Cronificação ÓbitoSequela Níveis de prevenção Fonte: livro-texto Período pré-patogênico Prevenção secundária Período patogênico Desfecho Prevenção primária Agente Meio Hospedeiro Prevenção terciária Morte Cura Cronificação Sequela Doença avançada Horizonte clínico Patogenia precoce A prevenção primária se refere a ações relacionadas aos determinantes de adoecimentos ou agravos que incidem sobre indivíduos e comunidades de modo a impedir os processos patogênicos antes que eles ocorram. O período pré-patogênico diz respeito às ações voltadas à intervenção sobre os agentes patógenos e seus vetores, sobre os hospedeiros ou indivíduos e comunidades, e sobre o meio que os expõe a esses patógenos. A prevenção primária se subdivide, por sua vez, em dois níveis: a promoção da saúde e a proteção específica. Os limites entre esses dois níveis, como aliás entre os diversos componentes do modelo de HND, são relativamente arbitrários. Prevenção primária Nível 1 promoção da saúde: Esse primeiro nível de prevenção se refere a ações que incidem sobre melhorias gerais nas condições de vida de indivíduos, famílias e comunidades; beneficiando a saúde e a qualidade de vida de modo geral, dificultando um grande número de processos patogênicos. Exemplos: saneamento básico, coleta de lixo adequada, boas condições de moradia, nutrição, trabalho e transporte, acesso a serviços, informações e insumos em educação, saúde, lazer, cultura, entre tantos outros. O objetivo da promoção da saúde é dar informação e condições para que possa ser colocada em prática no nível seguinte. Prevenção primária Proteção específica nível 2: Esse nível de prevenção se refere a ações que incidem no período pré-patogênico, isto é, ações que querem se antecipar à instalação dos processos patogênicos. Exemplos de proteção específica: vacinação, prática regular de exercícios físicos, alimentação balanceada, manter higiene pessoal, uso de equipamentos de proteção individual. O objetivo é colocar em prática os conceitos da promoção da saúde a fim de evitar o aparecimento e o desenvolvimento de doenças. Prevenção primária A prevenção secundária atua no período patogênico, isto é, nas situações em que o processo saúde-doença já está instalado. Ela visa, fundamentalmente, a dois objetivos. 1. Propiciar a melhor evolução clínica para os indivíduos afetados, conduzindo ao máximo o processo para os melhores desfechos, de preferência evitando a transposição do horizonte clínico ou, pelo menos, minimizando a sintomatologia; 2. Interromper ou reduzir a disseminação do problema a outros indivíduos. Para alcançar esses objetivos, são definidos também dois níveis de prevenção de fase secundária. Prevenção secundária Diagnóstico precoce e tratamento imediato nível 3: As medidas desse nível devem detectar o mais rapidamente possível processos patogênicos instalados. Assim, mesmo antes de um agravo em curso cruzar o horizonte clínico, já é possível, em muitos casos, diagnosticar e adotar medidas protetoras para os indivíduos afetados e para terceiros. Exemplos de ações de diagnóstico precoce são os rastreamentos, ou seja, realização de exames, busca ativa e início do tratamento assim que houver confirmação da doença. Muito útil em pacientes com históricosfamiliares de doenças como hipertensão ou diabetes, por exemplo, que podem estar desenvolvendo a doença, mas são assintomáticos. Prevenção secundária Limitação de incapacidade nível 4: Refere-se às medidas aplicadas aos casos que já ultrapassaram o horizonte clínico, encontrando-se o processo de adoecimento plenamente instalado. O impacto das ações de prevenção nesse nível tende a ser menor, mas nem por isso menos relevante. O objetivo é cuidar dos casos com os mais eficazes e adequados recursos para que o curso clínico possa tender, o máximo possível, para a cura total ou com poucas sequelas, ou reduzir e retardar ao máximo as complicações clínicas nos casos de condições crônicas. Prevenção secundária Reabilitação nível 5: Refere-se ao momento em que o processo saúde-doença alcançou um fim ou uma forma estável de longo prazo, a cura com sequelas ou a cronificação, as quais também necessitam de cuidados preventivos específicos. O objetivo é conseguir que as limitações impostas pela condição provocada pelo adoecimento ou agravo prejudiquem o mínimo possível o cotidiano e a qualidade de vida das pessoas, das famílias e das comunidades afetadas. Prevenção terciária O alcance desse objetivo requer esforços que podem passar por medidas de reabilitação física, como no caso de restrições funcionais, sequelas neuromotoras ou necessidade de uso de próteses; apoios de caráter psicoemocional, como em mutilações físicas, alterações psicomotoras ou dificuldades emocionais que interfiram na autoimagem, na identidade, no equilíbrio mental ou na sociabilidade dos afetados; até apoios de alcance social, como readaptação no trabalho, apoio previdenciário, ajustes no ambiente doméstico, suporte jurídico contra ações discriminatórias etc. Prevenção terciária Períodos e níveis de prevenção Fonte: autoria própria PERÍODO PRÉ-PATOGÊNICO PREVENÇÃO PRIMÁRIA N.1 – Promoção da saúde N.2 – Proteção específica PERÍODO PATOGÊNICO PREVENÇÃO SECUNDÁRIA N.3 – Diagnóstico e tratamento precoce N.4 – Limitação dos danos PREVENÇÃO TERCIÁRIA N.5 – Reabilitação O movimento histórico de desenvolvimento de conceitos e práticas da medicina preventiva e da saúde pública foi apontando, ao longo tempo, novas necessidades de conceitos e práticas. A reconstrução, em pleno curso, do antigo conceito de promoção da saúde é um dos mais expressivos exemplos desse processo. Como visto, por promoção da saúde, entende-se, segundo o modelo de Leavell e Clark, o primeiro nível de prevenção, o mais abrangente e não específico da fase primária. Uma nova promoção da saúde A partir da década de 1970, porém, promoção da saúde passou a ser também a expressão utilizada como o norte de um importante movimento de ideias e ações com vistas à renovação das práticas de saúde. Em sua nova acepção, a promoção da saúde guarda estreita relação com os aspectos relacionados ao nível de prevenção do modelo HND, mas introduz mudanças significativas. Primeiro porque expande o alcance das ações originariamente associadas a esse nível e depois porque busca modificar os próprios fundamentos e métodos dessas ações. Uma nova promoção da saúde Em 1978, a OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) organizaram a 1ª Conferência sobre Cuidados Primários em Saúde, na cidade de Alma-Ata. Na Declaração de Alma-Ata, essa orientação na direção do fortalecimento das práticas de prevenção e atenção primária, especialmente no que se refere ao nível da promoção da saúde, foi reforçada pelas recomendações feitas para as políticas de saúde dos países signatários. Essas recomendações priorizavam oito itens: Uma nova promoção da saúde 1. Educação dirigida a problemas de saúde prevalentes e métodos para prevenção e controle. 2. Promoção do suprimento de alimentos e nutrição adequada. 3. Abastecimento de água e saneamento básico apropriados. 4. Atenção materno-infantil, incluindo o planejamento familiar. 5. Imunização contra as principais doenças infecciosas. 6. Prevenção e controle de doenças endêmicas. 7. Tratamento apropriado de doenças comuns e acidentes. 8. Distribuição de medicamentos básicos. Uma nova promoção da saúde Foram sistematizados a partir de então alguns princípios para a nova promoção da saúde: Concepção holística de saúde. Intersetorialidade. Empoderamento. Participação social. Equidade. Ações multiestratégicas. Sustentabilidade. Uma nova promoção da saúde A proposta é refletir e debater com seu tutor quais os possíveis locais de atuação profissional de um fisioterapeuta de acordo com os níveis de prevenção apreendidos ao longo desta aula. A ideia é esquematizar onde e quais atividades esse profissional desempenhará nos níveis 1, 2, 3, 4 e 5. Interatividade O fisioterapeuta está apto a desenvolver sua prática profissional em todos os níveis de prevenção. Podemos observar locais e possibilidades de atuação em cada um dos níveis: Nível 1 – em Unidades Básicas de Saúde, desenvolvendo atividades educativas à população. Nível 2 – em escolas, clubes, academias, empresas, propondo exercícios preventivos, adequações de postura, de mobiliário. Nível 3 – em clínicas e laboratórios fazendo diagnóstico cinesiológico-funcional e iniciando tratamentos em casos iniciais. Nível 4 – em hospitais, casas de repouso, clínicas, evitando a piora do quadro clínico. Nível 5 – em clínicas e hospitais especializados participando do processo de reabilitação. Resposta Os termos infecção e doença são muitas vezes utilizados como sinônimos, mas apresentam diferenças em seus significados. Infecção consiste na invasão ou colonização do corpo por microrganismos patogênicos; a doença ocorre quando uma infecção leva à alteração no estado de saúde. Doença é um estado anormal, no qual parte ou todo o organismo se encontra incapaz de realizar as suas funções normais. Uma infecção pode existir na ausência de doença detectável. Exemplo: o corpo pode estar infectado pelo vírus que causa a Aids sem que haja a manifestação de qualquer sintoma da doença. Epidemiologia geral das doenças transmissíveis Uma vez que o microrganismo supera as defesas do hospedeiro, o desenvolvimento da doença tem uma sequência, que tende a ser similar, independentemente se a doença é aguda ou crônica. Principais terminologias relacionadas ao desenvolvimento das doenças. Período de incubação intervalo entre a infecção inicial e o surgimento dos primeiros sinais ou sintomas. O tempo de incubação depende do microrganismo específico que está envolvido, de sua virulência, do número de microrganismos infectantes e da resistência do hospedeiro. Desenvolvimento da doença Período prodrômico período de tempo relativamente curto que se segue ao período de incubação de algumas doenças. Ele é caracterizado pelo surgimento de sintomas precoces e leves de doença, como dores generalizadas e indisposição geral. Período de doença o hospedeiro exibe sinais e sintomas claros, como febre, calafrios, dores musculares, sensibilidade à luz, dor de garganta (faringite), edema dos linfonodos (linfadenopatia) e distúrbios gastrintestinais. Nessa fase, o número de leucócitos pode aumentar ou diminuir. Em geral, as respostas imunes e outros mecanismos de defesa do paciente destroem o patógeno, o que demarca o fim do período de doença. Desenvolvimento da doença Período de declínio os sinais e os sintomas diminuem de intensidade. A febre diminui, assim como a sensação de indisposição. Nessa fase, que pode durar de menos de 24 horas a vários dias, o hospedeiro se encontra vulnerável a infecções secundárias. Período de convalescência a pessoa restaura a sua força e o corpo retorna ao estado anterior à doença. Segue a recuperação. Desenvolvimento da doença Reservatórios de infecção para que uma doença se perpetue, é necessária a existência deuma fonte contínua do organismo causador da doença. Essa fonte pode ser um organismo vivo ou um objeto inanimado que fornece ao patógeno condições adequadas de sobrevivência e multiplicação, assim como a oportunidade de ser transmitido. Esses reservatórios podem ser seres humanos, animais ou inanimados. Reservatórios humanos o principal reservatório vivo de doenças humanas é o próprio corpo humano. Muitas pessoas abrigam patógenos e os transmitem direta ou indiretamente para outros indivíduos. Pessoas que apresentam sinais e sintomas de uma doença são capazes de transmiti-la; além disso, alguns indivíduos podem abrigar e transmitir patógenos para outros indivíduos sem apresentarem nenhum sinal de doença. Disseminação da infecção Reservatórios animais as doenças que ocorrem principalmente em animais domésticos e silvestres e podem ser transmissíveis aos seres humanos são chamadas de zoonoses, como a raiva, por exemplo. A transmissão aos seres humanos pode ocorrer por contato direto com animais infectados, por contato direto com detritos de animais domésticos, pela contaminação de água ou alimentos, pelo ar; através de couros, pelos ou penas contaminadas; pelo consumo de produtos derivados de animais infectados ou por insetos. Disseminação da infecção Reservatórios inanimados os principais reservatórios inanimados de doenças infecciosas são a água e o solo. O solo contém patógenos, como os fungos, que causam micoses, incluindo as tíneas e as infecções sistêmicas; o Clostridium botulinum, a bactéria que causa o botulismo; e o Clostridium tetani, agente etiológico do tétano. A água contaminada por fezes de seres humanos e de outros animais é um reservatório para patógenos, como o Vibrio cholerae, que causa o cólera; o Cryptosporidium, que causa diarreia; e a Salmonella typhi, que causa a febre tifoide. Alimentos preparados ou armazenados de modo inadequado também compõem esse grupo. Disseminação da infecção Os agentes etiológicos das doenças podem ser transmitidos do reservatório de infecção para um hospedeiro suscetível por três vias principais: contato, veículos e vetores. Transmissão por contato é a disseminação de uma doença por contato direto, indireto ou por gotículas. A transmissão por contato direto, também conhecida como transmissão pessoa a pessoa, consiste na transmissão direta de um agente via contato físico entre sua fonte e um hospedeiro suscetível, sem o envolvimento de nenhum objeto intermediário. Exemplos: toque, beijo e relação sexual. Transmissão de doenças Fonte: https://escolaeducacao.com .br/infeccao/ Transmissão por veículo consiste na transmissão de agentes de doenças através de meios como a água, os alimentos ou o ar. Outros meios incluem o sangue e outros líquidos corporais, os fármacos e os fluidos intravenosos. Na transmissão pela água, os patógenos, em geral, são disseminados por águas contaminadas com esgoto não tratado ou tratado de maneira inadequada. Doenças transmissíveis dessa forma incluem a cólera e a leptospirose. Na transmissão por alimentos, os patógenos, em geral, são transmissíveis por alimentos malcozidos, malrefrigerados ou preparados em condições sanitárias impróprias. Transmissão de doenças Transmissão por vetores os artrópodes formam o grupo mais importante de vetores de doenças – animais que transportam patógenos de um hospedeiro para outro. Os vetores artrópodes podem transmitir doenças por dois mecanismos: Transmissão mecânica que faz o transporte passivo de patógenos nas patas ou outras partes do corpo do inseto. Se o inseto entrar em contato com o alimento de um hospedeiro, os patógenos podem ser transferidos ao alimento e, posteriormente, serem ingeridos; Transmissão biológica, o artrópode pica uma pessoa ou animal infectado e ingere sangue contaminado; os patógenos, então, reproduzem-se no vetor, e o aumento do número de patógenos multiplica as chances de eles serem transmitidos para outro hospedeiro. Transmissão de doenças Membranas mucosas: A maioria dos patógenos entra no hospedeiro via mucosas dos tratos gastrintestinal e respiratório. O trato respiratório é a porta de entrada mais fácil e frequentemente utilizada pelos microrganismos infecciosos. O trato urogenital é a porta de entrada de patógenos que são sexualmente transmissíveis. Portas de entrada Pele: A pele íntegra é impenetrável para a maioria dos microrganismos. Alguns micróbios podem ter acesso ao corpo por aberturas na pele, como folículos pilosos e ductos sudoríparos. A conjuntiva é uma membrana mucosa delicada que reveste as pálpebras e cobre a parte branca dos globos oculares. Embora seja uma barreira relativamente eficiente contra infecções, certas doenças como a conjuntivite podem ser adquiridas pela conjuntiva. Portas de entrada Via parenteral: Alguns microrganismos podem ter acesso ao corpo quando são depositados diretamente nos tecidos sob a pele ou nas membranas mucosas, quando essas barreiras são penetradas ou danificadas. Essa rota é chamada de via parenteral. Perfurações, injeções, mordidas, cortes, ferimentos, cirurgias e rompimento da pele ou das membranas mucosas por edemas ou ressecamentos podem estabelecer vias parenterais. O HIV, os vírus que causam hepatites e as bactérias que causam tétano podem ser transmitidos parenteralmente. Portas de entrada Da mesma forma que os microrganismos penetram no corpo através de uma via preferencial, eles também deixam o organismo através de vias específicas, chamadas de portas de saída, em secreções, excreções, corrimentos ou tecidos que descamam. Em geral, as portas de saída estão relacionadas à parte do corpo que foi infectada, e os micróbios tendem a usar a mesma porta para entrada e saída. As portas de saída permitem que os patógenos se disseminem por uma população, movendo-se de um hospedeiro suscetível para outro. Esse tipo de informação sobre a disseminação de uma doença é muito importante para os epidemiologistas. Portas de saída As portas de saída mais comuns são os tratos gastrintestinais e respiratório. Muitos patógenos que vivem no trato respiratório deixam o organismo através de descargas nasais e bucais, expelidas durante a tosse ou o espirro. Os patógenos que causam tuberculose, coqueluche, pneumonias, meningite meningocócica, varicela, sarampo, varíola e gripe são eliminados pela via respiratória. Outros patógenos saem pela via gastrintestinal, nas fezes ou na saliva. A saliva também pode conter patógenos, como os que causam a raiva, a caxumba e a mononuclose infecciosa. O trato urogenital também é uma importante via de saída, assim como a urina. Portas de saída Imunidade inata: Todos os dias, o corpo humano trava uma batalha com patógenos microbianos que precisam de um lugar para viver. Primeira linha de defesa: A primeira linha de defesa mantém os patógenos fora do corpo ou os neutraliza antes que uma infecção se inicie. A pele, as membranas mucosas e determinadas substâncias antimicrobianas são parte dessas defesas. Tipos de imunidade Segunda linha de defesa: Retarda ou limita as infecções quando a primeira linha de defesa falha. Ela inclui proteínas que produzem inflamação, febre, além de fagócitos e células NK que atacam e destroem as células tumorais e aquelas infectadas por vírus. Terceira linha de defesa: A terceira linha de defesa inclui os linfócitos, que têm como alvo a destruição de patógenos específicos, quando as defesas de segunda linha falham em controlar as infecções. Incluem um componente de memória que permite ao corpo responder de forma mais eficiente ao mesmo patógeno no futuro. Tipos de imunidade A primeira e a segunda linhas de defesas fazem parte do sistema imune inato, enquanto a terceira linha de defesa é chamada de sistema imune adaptativo. Muitos leucócitos (glóbulos brancos) coordenam os esforçosno controle das infecções na segunda e na terceira linhas da defesa imune. Primeira linha de defesa: pele e membranas mucosas: A pele e as membranas mucosas são a primeira linha de defesa do corpo contra os patógenos do ambiente. Essa função resulta de fatores químicos e físicos. Os fatores físicos incluem: barreiras à entrada e os processos que removem os patógenos da superfície do corpo. Tipos de imunidade Os fatores químicos podem desempenhar funções importantes como: As glândulas sebáceas da pele produzem uma substância oleosa, chamada de sebo, que impede que os pelos fiquem ressecados ou quebradiços; O pH ligeiramente ácido da saliva (6,55-6,85) inibe alguns micróbios; A acidez bastante elevada do suco gástrico (pH 1,2-3,0) é suficiente para destruir as bactérias e a maioria das toxinas bacterianas; As secreções vaginais desempenham uma função na atividade antibacteriana; A urina tem pH ácido (em média 6) que inibe os micróbios. Tipos de imunidade Segunda linha de defesa: Quando os patógenos ultrapassam a primeira linha de defesa, encontram uma segunda linha, que inclui células defensivas, como as células fagocíticas, inflamação, febre e substâncias antimicrobianas. Conceitos importantes Fagócitos: a fagocitose consiste na ingestão de microrganismos ou outras substâncias por uma célula. Aqui, a fagocitose é discutida como um meio pelo qual as células do corpo humano se opõem à infecção como parte da segunda linha de defesa. Tipos de imunidade Inflamação: a inflamação tem as seguintes funções: a) Destruir o agente causador, se possível, e removê-lo do corpo com seus derivados; caso a destruição não seja possível, limitar os efeitos no corpo, confinando ou isolando o agente causador e seus derivados; b) Reparar ou substituir o tecido afetado pelo agente causador ou seus derivados. Tipos de imunidade Febre: a causa mais frequente de febre é a infecção por bactérias (ou por suas toxinas) ou vírus, aumentando a temperatura corporal de maneira anormal. Até certo ponto, a febre é considerada uma defesa contra a doença. Antígenos: são substâncias que provocam a produção de anticorpos. Muitos antígenos são proteínas ou grandes polissacarídeos; estes desempenham funções importantes na resposta do sistema imune. Anticorpos: são proteínas produzidas em resposta a um antígeno e podem reconhecer e se ligar a ele. Uma bactéria ou vírus pode apresentar vários epítopos, os quais desencadeiam a produção de diferentes anticorpos. Tipos de imunidade SEGRE, M.; FERRAZ, F. C. O conceito de saúde. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 31, n. 5, p. 538-542, out. 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v31n5/2334.pdf. Acesso em: 6 jan. 2020. Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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