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Agravo de Instrumento

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS
 
Referente
AÇÃO DE USUCAPIÃO ORDINÁRIA 
Proc. nº.  5296910.79.2016.8.09.0051
Agravantes: MANOEL FRANCISCO DE SOUSA
MARIA APARECIDA DE SOUSA
Agravado: JOÃO DE DEUS DE MELO
 
                            MANOEL FRANCISCO DE SOUSA, brasileiro, casado, aposentado, portador da cédula de identidade R.G. n. 150977 SSP/GO e CPF n. 067.128.351-00 e sua esposa MARIA APARECIDA DE SOUSA, brasileira, casada, do lar, portadora do R.G. n. 1.814.966 e inscrita no CPF sob o n. 987.527.821-15, residentes e domiciliados na Rua Matutina, Qd. 9, Lt. 5, S/N, Setor Morada do Sol, Goiânia-GO, CEP: 74475-183, por seus advogados que esta subscreve, procuração em anexo, em obediência à diretriz fixada no art. 77, inc. V, do CPC, indica-o para as intimações que se fizerem necessárias, comparece respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, não se conformando com a decisão interlocutória de fls. 44/45 e com fulcro no art. 99, § 2°, art. 995, parágrafo único c/c art. 1.015, inc. I, todos do Código de Processo Civil, apresentar:
AGRAVO DE INSTRUMENTO
C/C
PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL,
 
em razão das justificativas abaixo evidenciadas.
 Nomes e endereços dos advogados
 
 O Agravante informa o(s) nome(s) e endereço(s) dos advogados habilitados nos autos, aptos a serem intimados dos atos processuais (CPC, art. 1.016, inc. IV): 
DO AGRAVANTE: Dr. Caroline Bittencourt Lemes da Silva , inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado, sob o nº OAB/GO 38.391 e David Álvaro Medeiros Santos Netto, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado, sob o nº 38.405 , com escritório profissional sito na Rua Avenida T-2, nº 3.531 – St. Sol Nascente - Goiânia – GO CEP: 74410-220. Fone: (62) 32363000;
DO AGRAVADO: Deixa de indicar, porquanto ainda não formada a relação processual;
DA TEMPESTIVIDADE
 
                              O recurso deve ser considerado como tempestivo. O patrono da parte Agravante fora intimado da decisão atacada na data de 02 de maio de 2017, consoante se vê da certidão acostada. (CPC, art. 1.017, inc. I).
 
                                      Dessarte, aquele fora intimado em 04 de maio de 2017, por meio do Diário da Justiça nº. 0000 (CPC, art. 231, inc. VII c/c 1.003, § 2º). Desse modo, visto que o lapso de tempo do recurso em espécie é quinzenal (CPC, art. 1.003, § 5º), atesta-se que o prazo processual fora devidamente obedecido.
 
FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO 
a) Preparo
(CPC, art. 1.007, caput c/c art. 1.017, § 1º)
 
                                      O Recorrente deixa de acostar o comprovante de recolhimento do preparo, dado que o tema em vertente diz respeito ao benefício da Gratuidade da Justiça, na hipótese negado.
 
                                      Com efeito, utiliza-se do preceito contido no art. 101, § 1º, do CPC. Assim, figurando dispositivo com essa exceção legal, aplica-se o conteúdo do art. 1.007, caput c/c 1.017, § 1º, do Código de Ritos.
 
b) Peças obrigatórias e facultativas
(CPC, art. 1.017, inc. I e III)
 
                                      O presente Agravo de Instrumento é instruído com cópia integral do processo originário, entre cópias facultativas e obrigatórias, motivo tal que os declara como sendo autênticos e conferidos com os originais, sob as penas da lei.
 
·        Procuração outorgado ao advogado do Agravante com poderes para requerer a Gratuidade da Justiça;
·        Petição Inicial da ação revisional;
·        Pedido de gratuidade da justiça;
·        Decisão interlocutória recorrida;
·        Certidão narrativa de intimação do patrono do Recorrente;
·        Certidões de apontamento de dívidas da Serasa, e SPC;
·        Comprovante da remuneração mensal do Recorrente;
·        Cópia do contrato de honorários com a cláusula ad exitum;
·        Cópia integral do processo.
 
                                      Diante disso, pleiteia-se o processamento do presente recurso, sendo o mesmo distribuído a uma das Câmaras Cíveis deste Egrégio Tribunal de Justiça (CPC, art. 1.016, caput), para que seja, inicialmente, e com urgência, submetido à análise do pedido de tutela recursal (CPC, art. 1.019, inc. I).
 Por fim, requer o Agravante seja-lhe concedida as benesses da assistência judiciária gratuita, nos termos da declaração anexa, pelo que deixam de efetuar o preparo do recurso ora manejado, nos termos dos Artigos 82 e 98, § 1º , inciso VIII do Código de Processo Civil.
Termos em que,
Pede deferimento.
Caroline Bittencourt Lemes da Silva 
OAB/GO 38.391 
David Álvaro Medeiros Santos Netto
OAB/GO 38.405
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
PRECLARO DESEMBARGADOR
 
Agravantes: MANOEL FRANCISCO DE SOUSA
MARIA APARECIDA DE SOUSA
Agravado: JOÃO DE DEUS DE MELO
Vara de origem: 18ª VARA CÍVEL E AMBIENTAL
 
 
 RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO
DOS FATOS E DO DIREITO
(CPC, art. 1.016, inc. II)
 
1 - Considerações do processado
 
                              O Agravante ajuizou Ação Revisional em desfavor da Agravada. O propósito era o de reavaliar a legalidade dos encargos contratuais que lhes foram impostos, decorrente do contrato de abertura de crédito fixo nº 112233. Referida ação fora distribuída ao Juízo da 00ª Vara Cível da Cidade.
 
                                      Na referida ação, na petição inicial, o Agravante, por seu patrono, na forma do que dispõe o art. 99, caput c/c art. 105, caput, do CPC, asseverou não estava em condições de pagar as custas do processos e os honorários de advogado, por ser hipossuficiente na forma da lei. Além disso, trouxe à baila, naquela ocasião inicial do processo, com a peça vestibular, vários documentos comprobatórios da referida hipossuficiência, novamente aqui carreados.
 
                                      Certo é que inexiste, no caso, presunção legal quanto à hipossuficiência do Recorrente (CPC, art. 98). Todavia, indiscutível que os aludidos documentos eram suficientes a comprovarem, na ocasião, a impossibilidade de pagamento de despesas processuais.      
 
                                      Conclusos os autos, ao apreciar a regularidade formal da peça vestibular, o magistrado de piso, antes ouvindo-se o Recorrente (CPC, art. 99, § 2º), indeferiu o pedido em comento.
 
                                      Colhe-se da decisão guerreada, fundamento de que não houve comprovação cabal da miserabilidade. Ademais, sustentou que tal benefício somente seria cabível em casos excepcionais, ainda assim mediante comprovação inconteste.
 
2 - Da decisão recorrida
 
                                      De boa conduta processual que evidenciemos, de pronto, a decisão interlocutória atacada, para que esta Relatoria possa melhor conduzir-se na análise do presente recurso.
 
                                      Decidiu o senhor magistrado, na fl 45, processante do feito, em seu último ato processual, ora hostilizado: 
 
“In casu, verifica-se que a parte autora foi intimada para acostar aos autos comprovantes de seus rendimentos, todavia, deixou de cumprir a determinação, sendo que os documentos acostados no evento de nº 8, arquivo 1, são insuficientes para comprovação do estado de hipossuficiência, fato que impõe o indeferimento do pedido de assistência judiciária.
Ex positis, INDEFIRO o pedido de assistência judiciária.”
   Eis, pois, a decisão interlocutória guerreada, a qual, sem sombra de dúvidas, permissa venia, merece ser reformada.
 
3 - Da justiça gratuida
 
COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA 
 
                                       A controvérsia restringe-se quanto à possibilidade de deferimento da Gratuidade da Justiça, máxime em face do Recorrente valer-se de advogado particular.
                                      Antes de tudo, porém, urge asseverar que a Lei nº 1.060/50, até então principal legislação correspondente, a regular os benefícios da justiça gratuita, apesar da vigência do novo CPC, ainda permaneceem vigor, embora parcialmente.
                                      Com esse enfoque, disciplina a Legislação Adjetiva Civil, in verbis:
 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Art. 1.072 -  Revogam-se:
( . . . )
III - os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei no 1.060, de 5 de fevereiro de 1950;
 
                                       Nesse compasso, com a vigência do CPC, há, apenas, uma revogação limitada, o que se denota da doutrina infra: 
5. A Lei 1.060/1950. Até a edição do CPC/2015, a Lei 1.060/1960 constituía a principal base normativa do benefício da justiça gratuita. Essa lei não foi completamente revogada pelo CPC/2015, sobretudo porque há nela disposições que se relacionam à assistência judiciária [ ... ]         
                                     
                                      De mais a mais, a Constituição Federal afirma que tal benefício passou a constituir-se em verdadeira garantia constitucional. Nessa diretriz, estabelece o inciso LXXIV, de seu art. 5º, em observância ao devido processo legal.
                                      No caso em tela, não se vislumbra qualquer indício de boa situação financeira do Agravante.
                                      Com efeito, aquele acostara diante dos extratos juntados do casal, do ÚNICO BANCO, o qual recebem a sua aposentadoria, ênfase que é aposentadoria é a única forma de renda do casal, pois não exercem mais nenhuma atividade remunerativa.
                                  Lado outro, vê-se que a remuneração mensal do Casal Recorrente é, tão só, o equivalente 2 (dois) salários-mínimos. Para além disso, os extratos bancários, todos acostados, também demonstram saldo insuficiente, há mais de 1 (um) ano. Nos mesmos, igualmente, revelam-se que se utilizou do cheque especial e crédito direto ao consumidor (CDC).
                                      Noutro giro, consabido que o acesso ao Judiciário é amplo, voltado, também, lógico, às pessoas jurídicas. 
                                      De outro compasso, é inarredável que a decisão atacada é carente de fundamentação. Assim, necessária a indicação precisa da irrelevância dos documentos, afirmados como indicativos da hipossuficiência (CPC, art. 99, § 2º c/c art. 5º, caput, da Lei 1.060/50). Assim não o fez.
                                      Ao contrário disso, sob pena de ferir-se princípios constitucionais, como os da razoabilidade e o da proporcionalidade, a restrição de direitos deve ser vista com bastante cautela.
                                      Nesse diapasão, o Magistrado a quo tão somente poderia indeferir o pedido, quando absolutamente seguro que a parte, em verdade, teria condições de arcar com as custas e despesas judiciais. Não foi o caso.
                                      Da mesma maneira, registre-se que a parte contrária poderá requerer, a qualquer momento, durante a instrução processual, a revogação de tais benefícios. Contudo, desde que demonstre, cabalmente, a existência de bastantes recursos financeiros da parte adversa. (CPC, art. 100, caput)
                                      Ao contrário do entendimento em testilha, às veras, quando alegada pela parte, existe uma presunção legal de insuficiência financeira, em benefício da mesma (CPC, art. 99, § 3°). 
Nesse passo, sem dúvidas a decisão guerreada buscara inverter esse gozo, previsto em lei processual. É dizer, o julgador, seguramente, com a devida vênia, não faz distinção entre a miserabilidade jurídica e a insuficiência material ou indigência.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. PESSOA FÍSICA. APOSENTADO. DECLARAÇÃO DE POBREZA.
I. Decisão agravada que indeferiu o benefício da gratuidade de plano sem oportunizar à parte o preenchimento dos requisitos legais. II. Compatibilidade do art. 5º, LXXIV, da CF, com o art. 4º, § 1º, da Lei nº 1.060/50. Presunção decorrente da declaração de hipossuficiência financeira que deve ser elidida por prova em contrário. III. Hipótese em que o agravante é aposentado, recebendo benefício previdenciário mensal em valor inferior a 3 (três) salários-mínimos. Existência de nove contratos de empréstimo consignados. Certidão extraída de página do site da Receita Federal no sentido de que, perante a base de dados daquele órgão, não consta declaração de imposto de renda do agravante dos anos de 2019 a 2021. Contratação de advogado particular que não obsta a concessão do benefício. Embora não tenha sido observado, em 1ª instância, o disposto no §2º, do art. 99, do NCPC, há nos autos elementos suficientes para comprovar a incapacidade financeira do requerente do benefício da assistência judiciária, a qual deve ser concedida. Precedentes. Benefício concedido. Decisão reformada. Agravo provido. [ ... ]
 
JUSTIÇA GRAUTITA.
Pedido indeferido. Postulante, supervisora de vendas, sem condições de arcar com as custas processuais, sem prejuízo da própria subsistência. O fato de ter nomeado advogado particular não obsta a obtenção do benefício da gratuidade, especialmente porque os honorários foram contratados com a cláusula ad exitum. Recurso provido. [ ... ]
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO.
Pedido de assistência judiciária indeferido na origem. Demonstração da alegada hipossuficiência para arcar com as custas do processo. O fato de a parte haver contratado advogado particular não é impeditivo para a gratuidade da justiça. Decisão reformada. Recurso conhecido e provido. [ ... ]
 
                                      De mais a mais, em determinados casos, comprovada por meio de declaração de hipossuficiência econômica, tem a jurisprudência o seguinte entendimento:
DECISÃO MONOCRÁTICA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA. DIREITO FUNDAMENTAL PREVISTO NO ART.
5º, LXXIV, DA CF E NO ART. 98 DO CPC/2015. PARTE POSTULANTE QUE COMPROVOU, POR DOCUMENTAÇÃO IDÔNEA, OS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. RECURSO PROVIDO.
(TJPR - 18ª C.Cível - 0003585-44.2020.8.16.0000 - Campina Grande do Sul - Rel.: DESEMBARGADOR ESPEDITO REIS DO AMARAL - J. 25.02.2020)
 
                                      Com efeito, a extensa prova documental, colhida com a a vestibular, sobejamente permitem superar quaisquer argumentos pela ausência de pobreza, na acepção jurídica do termo. É indissociável a existência de todos os requisitos legais à concessão da gratuidade da justiça.
 
DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Ex positis, requer que os Nobres Desembargadores recebam o presente Agravo de instrumento e que seja conhecido e provido, para que seja reformada a decisão do Juízo "a quo" a fim de conceder os benefícios da Justiça Gratuita a Agravante. 
A. Seja o presente Agravo de Instrumento recebido e distribuído incontinentemente;
B. Seja deferido o efeito ativo ao presente agravo de instrumento para suspender os efeitos da decisão interlocutória, determinando o prosseguimento do feito sem o recolhimento das custas e despesas processuais; 
C. Seja dado provimento ao presente recursos a fim de reformar a r. Decisão agravada, deferindo a gratuidade da Justiça, nos termos dos requerimentos formulados pela Agravante na declaração de pobreza firmada e juntada aos autos, e pelos motivos expostos nos corpos deste recuso; 
D. Deixa de recolher custas recursais, considerando não ter condições de arcaar com as custas processuais, nos moldes da declaração de pobreza firmada e juntada aos autos, requerendo, desde já, o benefício da gratuidade da justiça, nos termos do artigo 5°, inciso LXXIV da Constituição Ferderal e art. 98 do CPC.
Neste termo
Pede deferimento
Goiânia-Go
 05 de abril de 2022
Advogadas Associadas;
· Ana Clara Borges
OAB n° 11.111
· Brunna Guimarães
OAB n° 22.222
· Gabriela Meirelles
OAB n° 33.33
· Ihalita L. Bailona
OAB/GO n° 44.444
Avenida T-2, nº 3.531 – St. Sol Nascente - Goiânia – GO CEP: 74410-220. Fone: (62) 32363000

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