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09/08/2021 1 Teoria da argumentação jurídica Temas essenciais de língua portuguesa Profa. Dra. Wéllem A. de Freitas Semczuk Unidade de Ensino: 1 Competência da Unidade: Conhecer os temas gerais de língua portuguesa. Resumo: Nesta unidade, buscam-se conhecer os aspectos gerais da comunicação, as abordagens teóricas sobre o ato comunicativo, com ênfase no discurso, o que são gêneros do discurso e suas especificações nos domínios documental e jurídico, bem como os níveis de linguagem e o que caracteriza a linguagem jurídica. Palavras-chave: Linguagem; Comunicação; Discurso; Área jurídica. Título da Teleaula: Temas essenciais de língua portuguesa. Teleaula nº: 1 Contextualização O que é comunicação? Quais as concepções de língua nas perspectivas enunciativas? O que são gêneros textuais/discursivos? Quais são as normas linguísticas e suas diferenças? Há uma linguagem jurídica? Teoria da comunicação Teoria da comunicação Comunicação Concepção racionalista Modelo informacional Transmissão de informações Perspectiva culturalista Troca simbólica Interação Comunicação e linguagem Para que serve a linguagem? “[...] a comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem social.” (BORDENAVE, 1987, p. 19) Basicamente, a linguagem serve para a comunicação e, portanto, para a manutenção das relações sociais. 1 2 3 4 5 6 09/08/2021 2 Tipos de comunicação Comunicação verbal Comunicação não verbal Comunicação escrito Comunicação oral O processo comunicativo (JAKOBSON, 2003) remetente destinatário contexto mensagem contato código codificação decodificação interlocutores Funções da linguagem Funções da linguagem A ideia de que a linguagem tem diferentes funções foi difundida por Roman Jakobson em seu trabalho Linguística e poética, publicado, originalmente, em 1960. A partir dele, Jakobson (2003) defende que em todo ato comunicativo um dos elementos da comunicação terá maior relevância, ou seja, cada elemento determina uma função diferente da linguagem. Diferentes funções da linguagem Função Ênfase Características da linguagem Referencial Contexto Linguagem objetiva, com vistas à tradução da realidade, à informação. Emotiva Emissor Linguagem marcada pela subjetividade, ligada diretamente às impressões do “eu”. Conativa/ Apelativa Receptor Linguagem com tom persuasivo, marcada pelo apelo imperativo. Diferentes funções da linguagem Função Ênfase Características da linguagem Fática Canal Linguagem pouco expressiva, empregada para estabelecer ou manter o contato. Poética Mensa- gem Linguagem marcada pelo cuidado estético, com valorização da forma. Metalinguística Código Linguagem usada para explicar a própria linguagem, em uma atuação conceitual. 7 8 9 10 11 12 09/08/2021 3 Sociointeracionismo Sociointeracionismo Teoria de aprendizagem que se situa no campo da psicologia sócio-histórica. Seu principal teórico é Mikhail Bakhtin. Defende que a linguagem não é meramente um código, mas uma prática social determinada pelas diversas esferas sociais de atividade humana. É a partir dessa ideia que se origina o conceito de gêneros do discurso. Fonte: br.freepik.com Mikhail Bakhtin Sendo a linguagem uma prática social, o ouvinte pode concordar, discordar, completar e até interromper aquele que fala, mostrando, assim, que participa ativamente da interação. Fonte: br.freepik.com Dessa forma, podemos dizer que a teoria sociointeracionista da linguagem inova ao rever três aspectos: o papel do destinatário/receptor/ouvinte na comunicação, dizendo que esse tem um papel ativo, e não passivo; a própria noção de comunicação, que deixa de ser unidirecional e passa a ser dialógica; a noção de língua, que deixa de ser tratada como instrumento de comunicação para ser tratada como um meio de interação social. Análise do discurso Análise do discurso A Análise do Discurso (AD) tem como ponto de partida a conciliação entre três campos disciplinares: a Linguística, o Marxismo e a Psicanálise. Para a AD, não interessa a noção de falante empírico, mas a noção de sujeito. É por meio do discurso que é possível ter acesso a esse sujeito e à sua relação com o real natural e social. 13 14 15 16 17 18 09/08/2021 4 Formação imaginária [...] são determinadas por dois mecanismos: a capacidade de o sujeito se antecipar ao seu interlocutor, ou seja, de se colocar no lugar dele para saber como dirigir seu discurso; e as relações de força que são determinadas historicamente e que determinam o lugar de onde se fala. Antecipação Colocar-se no lugar do outro Saber como dirigir seu discurso Análise do discurso A importância da AD está em propor um novo olhar sobre o discurso capaz de identificar as diferentes ideologias que marcam uma sociedade e que sustentam os seus discursos, uma vez que, ao interpretar um discurso, a AD deseja saber não O QUE é dito, mas sim COMO algo é dito. Exercício Exercício 2 p. 22-23 No início dos estudos de comunicação, predominou, por muito tempo, o modelo teórico da comunicação ou paradigma informacional. Nesse modelo, o que caracteriza a mensagem e qual é a sua função? a) A mensagem é um conjunto de trocas simbólicas e sua função é influenciar o destinatário. b) A mensagem é um conjunto de informações e sua função é influenciar o destinatário. c) A mensagem é um conjunto de informações e sua função é ensinar algo ao destinatário. d) A mensagem é um conjunto de trocas simbólicas e sua função é emocionar o destinatário. e) A mensagem é um conjunto de informações e sua função é emocionar o destinatário. Atividade de interação 1 Atividade de interação 1 • Sobre a linguística enunciativa. Qual a importância da teoria da Análise do Discurso para a sua área? Fonte: Shutterstock.com 19 20 21 22 23 24 09/08/2021 5 Gêneros textuais/discursivos As ideias do russo Mikhail Bakhtin Fonte: www.parabolablog.com.br Os textos devem ser abordados considerando o seu funcionamento e o seu contexto de produção, tanto para a leitura como para a produção. “São textos materializados em situações comunicativas recorrentes, encontrados em nossa vida diária e que apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos, e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas.” (MARINS, 2017, p.1550) O que são gêneros textuais/discursivos? 27 O que são gêneros discursivos? Não é um modelo estanque, com estruturas rígidas; Não se pode tratar independentemente de sua realidade social e de suas relações com as atividades humanas; Sua determinação não se dá pela forma, se dá pela função. Não é fruto de invenção individual; Necessário para interação, interlocução humana. 28 As três dimensões que definem um gênero • Os conteúdos que são dizíveis em um gênero. Conteúdo temático • Unidades linguísticas selecionadas.Estilo verbal • Estrutura particular dos textos. Construção composicional 29 Domínios discursivos documental e jurídico 25 26 27 28 29 30 09/08/2021 6 O que são domínios discursivos? 31 “[...] esferas ou campos de atividade humana – já que toda atividade humana se entretece de discursos – são a instância organizadora da produção, circulação, recepção dos textos/enunciados em gêneros de discurso específicos em nossa sociedade” (ROJO, 2014, [s.p.]). Fonte: br.freepik.com Domínios discursivos documental e jurídico Textos cuja finalidade é desencadear ou registrar alguma ação que tenha valor legal. Eles são geralmente realizados em suportes específicos, por pessoas que foram investidas de autoridade para realizarem atos jurídicos. Isso está relacionado ao que chamamos de fé- pública, ao qual o escrevente do cartório está investido. Domínios discursivos documental e jurídico Ainda que esses dois domínios se cruzem com frequência no uso cotidiano da língua, eles apresentam algumas diferençasque os separam: 33 Domínios discursivos jurídicos Textos que compõem um processo judicial e seus atores têm necessariamente representação jurídica. Exemplos: petição, sentença, lei, recurso, decisão judicial. Domínios discursivos documental e jurídico 34 Domínios discursivos documental Textos que podem compor um processo judicial, como uma prova, por exemplo, mas não necessariamente, uma vez que seus atores não precisam ser investidos de autoridade jurídica e que se compõem também de textos que funcionam em outras esferas da vida pública, como a esfera política. Exemplos: cartas formais, atas, ofícios, abaixo- assinados. Revisitando a norma culta Preconceito linguístico 36 Não encontra base científica em estudos aprofundados sobre a língua e frequentemente, produzem desvalorização de certos usos da língua, isto é, de certas variedades linguísticas. Fonte: br.freepik.com 31 32 33 34 35 36 09/08/2021 7 Norma padrão Conjunto de regras codificadas da língua. 37 Está na “gramática”. Norma culta Conjunto de regras linguísticas factualmente usadas pelos falantes cultos. 38 Está no “uso”. Adequação da linguagem A linguagem deve ser adequada ao contexto comunicativo. 39 Isso exige conhecimentos relativos ao sistema da língua e à sua norma. Registro formal x Registro informal Linguagem formal: Nível maior de cuidado e organização, com atendimento aos padrões normativos da língua. Linguagem informal: Nível maior de espontaneidade, com incidência de expressões e construções coloquiais. 40 Linguagem jurídica Linguagem jurídica Na área jurídica faz-se o uso constante da linguagem formal, tanto na oralidade quanto na escrita; É característico dos textos jurídicos o uso de termos técnicos e em latim; Verifica-se que a área jurídica possui uma linguagem própria, que a especifica em relação à linguagem usual, seja em razão de expressões ímpares, seja em virtude da consagração de um termo com sentido distinto daquele comumente utilizado. 37 38 39 40 41 42 09/08/2021 8 Linguagem jurídica Pode ser caracterizada como: Linguagem de grupo Linguagem técnica Linguagem tradicional “Juridiquês” O termo juridiquês surgiu para denominar o uso excessivo de rebuscamentos, termos técnicos e expressões latinas em documentos do domínio discursivo jurídico, que acaba prejudicando a leitura e compreensão desses documentos. Trata-se de uma crítica à prática jurídica, que valoriza essa linguagem que dificulta o acesso da população em geral aos recursos e mecanismos do Direito. Críticas à linguagem jurídica Em primeiro lugar, a linguagem jurídica não é compreendida por um não jurista/leigo, de modo que, ainda que a mensagem (letra de lei ou mesmo uma decisão judicial) seja transmitida para um público culto, ela corre o risco de ser recebida como um jargão. Em segundo lugar, faz parte dos signos anunciadores certas palavras que só encontram sentido se amparadas pelo olhar jurídico, as quais podem ser denominadas de termos de pertinência jurídica exclusiva. Situação-problema Situação-problema Para solucionar esse problema, como será sua abordagem? Você atua em um escritório de advocacia especializado em mediação de conflitos. Um dos estagiários supervisionados por você foi incumbido de redigir a versão preliminar de um parecer sobre um caso em análise. No entanto, ao ler o documento, você percebeu um rebuscamento excessivo na linguagem, o que dificultou a compreensão do conteúdo. Assim, você precisa orientá-lo para uma revisão do documento. Problematizando a Situação-Problema • Cada texto, ao ser elaborado, deve atender às especificidades do domínio discursivo de que faz parte. • Os gêneros discursivos jurídicos apresentam características próprias da área em que circulam, como certas terminologias. • A norma culta deve orientar a redação de textos jurídicos, dada a formalidade que lhes é inerente. • O “juridiquês”, marcado pelo rebuscamento excessivo da linguagem, deve ser evitado. 43 44 45 46 47 48 09/08/2021 9 Resolvendo a Situação-Problema Estratégias gerais para a resolução: • análise colaborativa do texto; • execução de nova seleção lexical; • revisão linguística do parecer... Todo texto deve ser claro e correto, atentando-se às marcas linguístico-enunciativas do gênero em que se enquadra. Atividade de interação 2 Atividade de interação 2 • Sobre a linguagem jurídica. Você acredita que é importante encontrar um equilíbrio entre a linguagem formal e a acessibilidade ao texto jurídico? Fonte: Shutterstock.com Revisão final Revisão final Comunicação: teoria comunicativa, elementos e tipos de comunicação. Funções da linguagem. Teorias do discurso: Sociointeracionismo e Análise do Discurso. Gêneros textuais/discursivos; Os domínios discursivos jurídicos e documentais; A linguagem jurídica. Fonte: Freepek.com Referências BAKHTIN, M./VOLOSHINOV, V.N. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1979. BERTAGNOLI, Danuza Lopes; CARVALHO, Fernanda Lara de. Teoria e argumentação jurídica. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é comunicação. 1. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. JAKOBSON, Roman. Lingüística e comunicação. 15. ed. Trad. Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. São Paulo: Cultrix, 1995. 49 50 51 52 53 54
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