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CURSO INTENSIVO PARA RESIDÊNCIAS T R A N SV E R SA L LEGISLAÇÃO DO SUS PROFESSOR Carlos Ambrosio da Cruz Santos Graduado em Administração pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Coach com formação pela Sociedade Latino Americana de Coaching (SLAC). Consultor em Marketing Digital. Atualmente é Edi- tor-Chefe na Empresa Residências Saúde. ORGANIZADORA Natale Oliveira de Souza Mestre em Saúde Coletiva pela UEFS. Graduada pela UEFS em 1998, pós-gra duada em Gestão em Saúde, Saúde Pública, Urgência e Emergência, Auditoria de Sistemas, Enfermagem do Trabalho e Direito Sanitário. Atua como Coach, Mentora e Consultora/Professora e Palestrante na área de Concursos Públicos/Residên cias. Funcionária pú- blica da Prefeitura Municipal de Salvador – Aten- ção Básica. Conta com 16 aprovações em concur- sos e seleções públicas, dentre elas: Progra ma de Interiorização dos Profissionais de Saúde, lotada em Minas; Consultora do Programa Nacional de Controle da Dengue (OPAS), lotada em Brasília; Consultora Internacional do Programa Melhoria da Qualidade em Saúde pelo Banco Mun dial, lotada em Salvador. Governo do estado da Bahia – SESAB, Prefeitura Muni cipal de Aracaju, Prefeitura Munici- pal de Salvador, Professora da Universidade Fede- ral de Sergipe UFS, Educadora/FIOCRUZ, dentre outros. 2020 © Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora. Intensivo para residências: legislação do SUS Thalita Galeão Fabrício Sawczen Fabrício Sawczen Pedro Muxfeldt Caio Vinicius Menezes Nunes Paulo Costa Lima Sandra de Quadros Uzêda Silvio José Albergaria da Silva Título | Editor | Projeto gráfico e diagramação| Capa | Revisor Ortográfico | Conselho Editorial | Editora Sanar S.A R. Alceu Amoroso Lima, 172 - Salvador Office & Pool, 3ro Andar - Caminho das Árvores CEP 41820-770, Salvador - BA Tel.: 0800 337 6262 atendimento@sanar.com www.sanarsaude.com Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP) Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846 C957il Cruz, Carlos. Intensivo para Residências: Legislação do SUS / Carlos Cruz. - 1. ed. - Salvador, BA : Editora Sanar, 2020. 108 p.; il.. E-Book: PDF. ISBN 978-65-86246-66-7 1. Medicina. 2. Residências. 3. Sistema Único. 4. SUS. 5. Transversal. I. Título. II. Assunto. III. Cruz, Carlos. CDD 614 CDU 614 ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO 1. Saúde Pública, Medicina Preventiva. 2. Saúde Pública. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CRUZ, Carlos. Intensivo para Residências: Legislação do SUS. 1. ed. Salvador, BA: Editora Sanar, 2020. EBook (PDF). ISBN 978-65-86246-66-7. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Conceitos sobre política pública Figura 2. Principais problemas de saúde da população na República velha. Figura 3. Caracteríticas das CAPs Figura 4. Principais acontecimentos no ambito da saúde, na Era Vargas Figura 5. Eixos básicos da VIII CNS Figura 6. Saúde como direito de todos Figura 7. Conceitos importantes para o SUS Figura 8. Esquematização do artigo 197 Figura 9. Esquematização do artigo 198 Figura 10. Organização regionalizada e hierarquizada Figura 11. Recursos do Orçamento da saúde Figura 12. Esquematização do artigo 199 Figura 13. Participação do capital estrangeiro na assistência à saúde Figura 14. Atribuições do SUS Figura 15. Ações executadas pelo SUS Figura 16. Critérios para transferência de recursos Figura 17. Dever de garantir á saúde Figura 18. Campo de atuação do SUS Figura 19. Definição de vigilância sanitária Figura 20. Definição de vigilância epidemiológica Figura 21. SUBSistema de Atenção à Saúde Indigena Figura 22. Especificidade do SASI Figura 23. Direito ao acompanhante da parturiente Figura 24. Sobre a rede privada Figura 25. Participação do capital estrangeiro na saúde Figura 26. Caráter complementar da participação da iniciativa privada no SUS Figura 27. Política de RH do SUS Figura 28. Orçamento da seguridade social Figura 29. Fiscalização do Sistema Nacional de Auditoria Figura 30. Planejamento e Orçamento no SUS Figura 31. Disposição inicial da Lei 8.142/90 Figura 32. Instâncias colegiadas do SUS Figura 33. Definição de conselho de saúde Figura 34. Definição de conselho de saúde Figura 35. Requisitos para recebimento de recursos Figura 36. Definição de RENASES Figura 37. Definição de RENAME Figura 38. Requisito para acesso à assistência farmacêutica Figura 39. Disposições da Resolução 453 Figura 40. Definição de conselho de saúde Figura 41. Sobre a instituição dos Conselhos Figura 42. Critério para reformulação e instituição dos conselhos Figura 43. Forma de organização dos Conselhos de saúde Figura 44. Composição dos conselhos de saúde Figura 45. Princípio da paridade SUMÁRIO Apresentação .................................................................................... 7 Legislação do SUS ............................................................................ 8 1. Evolução histórica das Políticas de Saúde no Brasil ............... 9 2. Constituição Federal de 1988 (Artigos 196 ao 200) ............... 28 3. Lei Orgânica da Saúde 8.080/90 ............................................. 41 4. Lei Orgânica 8.142/90 ................................................................ 73 5. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011 ................................ 82 6. Resolução 453/12 ........................................................................ 96 Gabarito ............................................................................................. 105 Referências ....................................................................................... 106 Olá, futuro (a) residente! É com um prazer enorme que iniciamos aqui a nossa caminhada rumo à sua aprovação. Tendo como objetivo ajudá-lo(a) nesse processo, elaboramos uma super aula abordando os principais temas da Legislação do SUS. Ao longo desse material, abordaremos os principais assuntos cobrados nos processos seletivos para residência multiprofissional em todo o país. Começaremos abordando a história das Políticas de Saúde no Bra- sil e seguiremos em uma ordem lógica, para facilitar o seu entendimento. Sendo assim, seguindo com os assuntos: Constituição Federal de 1988, Leis Orgânicas da Saúde 8.080/90 e 8.142/90, Resolução 453/12 e Decreto 7.508/11. O nosso foco nessa aula é fornecer um conteúdo direcionado, utilizando uma linguagem clara e explicativa que seja de fácil entendimento. Ao final da leitura, esperamos que o conteúdo passado seja assimilado de forma definitiva e ao longo do texto, serão utilizados diversos recursos que faci- litam a apreensão e memorização dos tópicos mais importantes. Fique esperto que, ao final do curso, você poderá revisar todo o conteúdo dessa disciplina com uma videoaula, além de aulas com questões comen- tadas das provas anteriores, e simulados, para você colocar em prática tudo o que aprendeu. APRESENTAÇÃO 8Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS LEGISLAÇÃO DO SUS O sistema de saúde brasileiro é considerado o maior sistema de saúde gratuito de todo o mundo. Não é à toa que é conhecido como Sistema Úni- co de Saúde, o famoso SUS. O Brasil é um país com proporções continentais e isso é, de fato, um pro- blema enorme para operacionalizar um sistema de forma única em todo o vasto território. Nesse sentido, é fundamental que haja um escopo legal que garanta, ou pelo menos tente garantir, que o SUS seja o mesmo em todo território nacional e em todos os aspectos. Mas o que isso tem a ver com a nossa aula para Residências? Como todos sabem, a Legislaçãodo SUS é cobrada com uma frequência enorme nos processos seletivos para as Residências Multiprofissionais em todo o país. Afinal, quem quer ser um residente precisa entender que trabalhará no SUS. Aqui já trago uma dica muito importante: lembre-se sempre que, embora a legislação exista e deva ser cumprida, nem sempre as coisas são como deveriam, portanto você pode conhecer uma realidade bem diferente do ideal do SUS, mas precisa ter a convicção de que na prova o que vale é o que está na Lei, ou seja, o SUS ideal e não o real. Dito isso, partiremos para a nossa jornada pelo vasto sistema legal do SUS, focando nos marcos que mais são cobrados em provas e traçando uma linha lógica de acontecimentos. 9Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL Vamos iniciar a nossa viagem através da Legislação do SUS, mas para sa- bermos quem somos exatamente, precisamos conhecer o nosso passado, não é verdade? A história da atenção à saúde no Brasil é muito ampla e, por isso, focare- mos no que mais é cobrado em Residências Multiprofissionais. Para a análise da realidade hoje existente, é necessário conhecer os deter- minantes históricos envolvidos neste processo. Assim como nós somos frutos do nosso passado e da nossa história, o setor da saúde também sofreu as influências de todo o contexto político-social pelo qual o Brasil passou ao longo do tempo. Não há como entender o SUS que temos sem fazer uma viagem no tem- po. Para entendermos o nosso sistema de saúde, suas dificuldades e avanços, precisamos fazer uma breve visita ao passado e perceber como as ações e serviços de saúde eram ofertados antes da criação de um sistema para todos. Em um determinado momento, a história das Políticas de Saúde no Brasil e o SUS passam a se complementar. Afinal, o grande objetivo é entender o processo de criação do nosso Sistema Único de Saúde, como ele é hoje. Para falar da história das Políticas de Saúde no Brasil, didaticamente di- vidimos os mesmos períodos dos livros de história, sinalizando o contex- to político, social e sanitário de cada época. Desta forma, você perceberá 10Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS que toda oferta de serviços e ações de saúde estão ligados a estes fato- res, facilitando assim a apreensão do conteúdo. Devemos notar que há uma certa mistura entre saúde pública, políticas de saúde e sistema de saúde. Vamos ser mais diretos: até 1988, não existia um sistema de saúde público, ou seja, nada de SUS. A atenção à Saúde Pública não era exatamente pública, confuso né? Tá, havia ações pontuais, mas não era o suficiente para atender às principais mazelas da população. Nem vamos falar de políticas aqui ainda, ok? Vamos conhecer alguns conceitos de política pública: Figura 1 - Conceitos sobre política pública Expressão da postura do poder público em face dos problemas da sociedade; Organização da ação do Estado para atendimento de uma demanda específica da sociedade; “Programas de ação do governo” que devem “visar a realização de objetivos definidos, expressando a seleção de prioridades, a reserva de meios necessários à sua consecução e o intervalo de tempo em que se espera o atingimento dos resultados”; Devem ser a expressão pura e genuína do interesse geral da sociedade. PO LÍ TI CA P ÚB LI CA Fonte: Autoria própria, 2020. Para que possamos seguir com nosso entendimento acerca da evolução histórica das Políticas de Saúde de forma mais objetiva, vamos analisar os períodos históricos. 11Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Sabendo que somente após a Constituição de 1988 a Saúde passa a ser dever do Estado, podemos afirmar que, antes da Constituição Federal de 1988, o Brasil não possuía uma Política de Saúde organizada e nem volta- da para a população – as ações eram realizadas, apenas, com interesse econômico e de acordo com o modo de produção. A saúde era EXCLUDENTE e CONTRIBUTIVA, ou seja, apenas quem podia pagar a medicina privada e quem contribuía com a Previdência social (Ins- tituto Nacional da Previdência Social – INPS) tinha acesso. À outra parte da população cabia o atendimento nas Santas Casas de Misericórdia. 1.1 A SAÚDE NA COLÔNIA E NO IMPÉRIO Imagine você que na época do Brasil Colônia, mais precisamente por volta de 1789, enquanto na Europa surgia um dos maiores movimentos por aqui- sição de direitos que o mundo já presenciou (a Revolução Francesa), nós tínhamos apenas quatro médicos trabalhando no Rio de Janeiro. Diante dessa inexistência de assistência médica no país, alastravam-se os chamados boticários. Aos boticários cabia a manipulação das fórmu- las prescritas pelos médicos, mas a verdade é que eles próprios tomavam a iniciativa de indicá-los. Como nos contam os livros de história, sabemos que a família real por- tuguesa desembarcou no Brasil em 1808 e nesse mesmo período temos dois importantes acontecimentos para a saúde pública brasileira: • Fundação do Colégio Médico-Cirúrgico no Real Hospital Militar da Ci- dade de Salvador; • Criação da Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro, anexa ao Real Hospital Militar. 12Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Com a chegada da corte portuguesa por aqui e sua instalação provisó- ria, o Rio de Janeiro passou a ser um dos locais mais importantes do país, tanto comercial quanto administrativamente. Dessa forma, foi necessá- rio uma atenção especial para a situação sanitária, principalmente dos portos. Rapidamente foram criados centros de formação de médicos, que até então eram quase inexistentes em razão, em parte, da proibição de ensino superior nas colônias. Assim, por ordem real, foram fundadas as academias médico-cirúrgicas, no Rio de Janeiro e na Bahia, na primeira década do século XIX, logo transformadas nas duas primeiras escolas de medicina do país. ACERTE O ALVO! Até 1850 as atividades de saúde pública estavam limi- tadas ao seguinte: • Delegação das atribuições sanitárias às juntas muni- cipais; • Controle de navios e saúde dos portos. Na época do Brasil colônia, era nítido que o interesse do ponto de vista da saúde estava limitado ao estabelecimento de um controle sanitário mínimo da capital do Império, tendência que se alongou por quase um século. 13Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Nem se pensava ainda em um conjunto de problemas de saúde da popu- lação, o que demandava ações de saúde. Eram aqueles que estavam dire- tamente ligados ao interesse ECONÔMICO! Emerge o modelo assisten- cial SANITARISTA/CAMPANHISTA, considerado o primeiro modelo de atenção no Brasil. As suas ações eram voltadas para grupos específicos e ações pontuais. 1.2 INÍCIO DA REPÚBLICA - 1889 ATÉ 1930 (REPÚBLICA VELHA) Primeira República, República Velha, fim do Império, enfim… como a ban- ca quiser chamar. O fato é que em 1889 foi proclamada a República no Bra- sil e a saúde continuava sendo excludente e com pouquíssimas ações. Mas, junto com a República, vieram diversos anseios de mudanças, na eco- nomia, na política e muito mais, embalados principalmente pelo avanço do modo de produção capitalista. Contudo, o Brasil ainda era predominante- mente um país agrário-exportador e que oferecia condições desumanas de trabalho aos operários, bem como condição de vida horrível nos cen- tros urbanos. Nesse cenário, houve o desencadeamento de uma série de movimentos operários, diante da falta de condições de trabalho e de garantias traba- lhistas, levando a duas greves gerais no país, uma em 1917 e outra em 1919. Elas resultaram em embriões de legislação trabalhista e previdenciária. Não havia no Brasil um modelo de atenção focado em ações de promoção e prevenção da saúde, as cidades ficavam vulneráveis às doenças trans- missíveis, grandes epidemias e doenças pestilenciais, na sua maioria causadas pela imigração, migração, formação de aglomerados sem as condiçõessanitárias adequadas. 14Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Na República Velha, os principais problemas de saúde da população eram: Figura 2 - Principais problemas de saúde da população na República velha. Febre Amarela Sífilis Varíola Tuberculose Endemas rurais Fonte: Autoria própria, 2020. Em 1903, Oswaldo Cruz foi nomeado diretor geral de Saúde Pública, car- go que corresponde atualmente ao de Ministro da Saúde. Sua meta era erradicar a epidemia de febre-amarela na cidade do Rio de Janeiro. Foi criado um verdadeiro exército de 1.500 pessoas que passaram a exercer atividades de desinfecção no combate ao mosquito, vetor da febre-ama- rela. A falta de esclarecimentos e as arbitrariedades cometidas pelos “guardas-sanitários” causam revolta na população. Em outubro de 1904, foi publicada a Lei 1.261, que instituiu a vacinação an- tivaríola obrigatória para todo o território nacional. Diante da truculência e da falta de respeito ocorrida durante a vacinação obrigatória, a popula- ção se revoltou, nascendo a chamada Revolta da Vacina. Mesmo com tanta dificuldade, esse período, que fortaleceu o modelo de atenção campanhista sanitarista, alcançou feitos notáveis: • Erradicação da febre amarela da cidade do Rio de Janeiro • Organização da diretoria geral de Saúde Pública • Registro demográfico, possibilitando conhecer a composição e os fa- tos vitais de importância da população • Introdução do laboratório como auxiliar do diagnóstico etiológico 15Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS • Fabricação organizada de produtos profiláticos para uso em massa • Em 1920, Carlos Chagas reestruturou o Departamento Nacional de Saúde, então ligado ao Ministério da Justiça, e introduziu a propaganda e a educação sanitária na técnica rotineira de ação, inovando o modelo campanhista de Oswaldo Cruz, que era puramente fiscal e policial 1.3 O NASCIMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL A partir da expansão do comércio exterior, o Brasil começou um forte pro- cesso de industrialização. Tal processo foi acompanhado de uma urbani- zação crescente e da utilização de imigrantes, especialmente europeus (italianos e portugueses), como mão-de-obra nas indústrias, visto que já possuíam grande experiência neste setor, que já era muito desenvolvido na Europa. Os operários na época não tinham quaisquer garantias trabalhistas, tais como férias, jornada de trabalho definida, pensão ou aposentadoria. Os imigrantes, especialmente os italianos, traziam consigo a história do movimento operário na Europa e dos direitos trabalhistas que já tinham sido conquistados pelos trabalhadores europeus. Desta forma, procura- ram mobilizar e organizar a classe operária no Brasil na luta pelas con- quistas dos seus direitos. Em 24 de janeiro de 1923, foi aprovado pelo Congresso Nacional a Lei Eloy Chaves, marco inicial da Previdência Social no Brasil. Através desta lei fo- ram instituídas as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs). 16Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS ACERTE O ALVO! Podemos afirmar que a Lei Eloy Chaves, em 1923, é o marco da Previdência Social no Brasil, ou seja, é o pri- meiro momento que o estado faz a assunção de ações específicas para este grupo, através da instituição das caixas de aposentadorias e pensões (CAPs). Figura 3 - Caracteríticas das CAPs Formulada por instituição ou grandes empresas; Ofertavam aposentadorias e pensões; Serviços funerários, socorro médico para a família, medicamento por preço especial; Assistência por acidente de trabalho; Financiamento e gestão: trabalhador e empregador; Ca ra ct er ís tic as d as C AP s Assistência médica para o empregado e família; Primeira CAPs foi a dos ferroviários; e a segunda, dos marítimos. Fonte: Autoria própria, 2020. 17Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 1.4 ERA VARGAS – 1930 A 1964 Podemos falar sobre a Era Vargas através de um recorte de 34 anos, en- globando suas duas passagens pelo Governo Federal, em 1930 (golpe mi- litar) e 1951 (voto popular). Foi um período muito importante para as polí- ticas voltadas para a área da saúde. O primeiro governo Vargas é reconhecido pela literatura como um marco na configuração de políticas sociais no Brasil. As mudanças institucio- nais que ocorreram a partir de 1930 moldaram a política pública brasileira, estabelecendo um arcabouço jurídico e material que conformaria o siste- ma de proteção social até um período recente. Em 1933, as CAPs são UNIFICADAS e são criados os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), garantindo benefícios assegurados aos associados, tais como: • Aposentadoria; • Pensão em caso de morte: para os membros de suas famílias ou para os beneficiários; • Assistência médica e hospitalar; • Socorros farmacêuticos, mediante indenização pelo preço do custo acrescido das despesas de administração. Os IAPs surgem da necessidade política do Estado estender os benefícios da Previdência a todas as categorias do operariado urbano organizado; • O primeiro IAP foi o dos MARÍTIMOS – IAPM; • Seu FINANCIAMENTO era TRIPARTITE (o governo assumiu a GESTÃO financeira). 18Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Em 1941, aconteceu a I Conferência Nacional de Saúde, e a criação do Ser- viço Especial de Saúde Pública (SESP) ocorreu durante a 2ª Guerra Mun- dial, como consequência do convênio firmado entre os governos brasilei- ro e norte-americano durante a guerra, em 1942. A SESP tinha como atribuições centrais, naquele momento, sanear a Amazônia e a região do vale do rio Doce, onde se produziam borracha e minério de ferro, matérias-primas estratégicas para o esforço de guerra americano, tendo em vista os altos índices de malária e febre amarela que atingiam os trabalhadores desta região. Além disso, teve um importante papel no declínio da mortalidade infantil por doenças imunopreveníveis. A unificação das CAPs, criadas em 1923, em IAPs no ano de 1933 é um dos fatos mais importantes da história da Previdência no país. Observem que, com a criação dos IAPs, o governo assume a GESTÃO financeira. Os bene- fícios passam a ser por CATEGORIAS PROFISSIONAIS DO OPERARIADO URBANO. O acesso aos serviços de saúde continua sendo CONTRIBUTI- VO e EXCLUDENTE. O modelo sanitarista/campanhista ainda é o predo- minante 19Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Principais acontecimentos no âmbito da Saúde: Figura 4 - Principais acontecimentos no ambito da saúde, na Era Vargas A Saúde Pública passa a ser institucionalizada pelo Ministério da Educação e Saúde e a medicina previdenciária pelo Ministério do Trabalho ; A Educação Sanitária passa a ser valorizada e as campanhas de controle de doenças executas pelo Departamento Nacional de Saúde – DNS; Unificação das CAP em IAPS (Institutos de Aposentadorias e Pensões) – 1933; Criação do Serviço Especial de Saúde Pública – SESP (1942); Ações concentradas na área de campanhas sanitárias (mater- no-infantil, tuberculose, hanseníase); Manutenção de Postos e Centros de Saúde para os não previ- denciários; Regulamentação das Leis Sindicais e surgimento dos IAPS (Institutos de Aposentadorias e Pensões) por categorias. Fonte: Autoria própria, 2020. 1.5 AUTORITARISMO – 1964 A 1984 O regime militar que se instala a partir de 1964, de caráter ditatorial e re- pressivo, procura utilizar-se de forças policiais e do Exército e dos atos de exceção para se impor. O governo militar implantou reformas institu- 20Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS cionais que afetaram profundamente a saúde pública e a medicina previ- denciária. O regime autoritário, instaurado após o golpe militar de 1964, trouxe, como consequência imediata para as políticas de saúde no Brasil, um total esvaziamento da participação da sociedade nos rumos da Previdência. De outro lado, também provocou uma centralizaçãocrescente da autoridade decisória, marcada pela criação do Instituto Nacional de Previdência So- cial (INPS), resultado da fusão dos vários IAPS, em 1966. As políticas de saúde do primeiro período da ditadura, que compreendeu a fase do “milagre brasileiro”, entre 1968 e 1974, foram caracterizadas por uma síntese, produto de reorganizações setoriais do sanitarismo campa- nhista do início do século e do modelo de atenção médica previdenciária do período populista. Foi criada uma estrutura considerável em torno da Previdência Social, com uma clara vinculação aos interesses do capital nacional e internacio- nal. Neste sentido, o Estado passa a ser o grande gerenciador do sistema de seguro social, na medida em que aumentou o seu poder nas frentes econômica e política, pelo aumento nas alíquotas e também no controle governamental através da extinção da participação dos usuários na ges- tão do sistema, antes permitida na vigência das CAPs e dos IAPs. O sistema foi se tornando cada vez mais complexo tanto do ponto de vista administrativo quanto financeiro dentro da estrutura do INPS, que aca- bou levando à criação de uma estrutura própria administrativa, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), em 1977. O período do autoritarismo tem como uma de suas marcas a edificação do modelo médico privatista como hegemônico. 21Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS O modelo médico privatista tem como foco a DOENÇA E O DOENTE, não atuan- do sobre as necessidades reais da população. Grandes hospitais são criados para atendimento daqueles que contribuíam, fortalecendo o caráter EXCLU- DENTE das ações e serviços de saúde e ratificando o perfil contributivo. O mo- delo sanitarista não deixa de existir. Em 1978, foi realizada no Cazaquistão, na cidade de Alma-Ata, a Confe- rência Internacional sobre a Atenção Primária à Saúde, sendo o ponto culminante na discussão contra a elitização da prática médica, bem como contra a inacessibilidade dos serviços médicos às grandes massas popu- lacionais. Na conferência, reafirmou-se ser a saúde um dos direitos fun- damentais do homem, sob a responsabilidade política dos governos, e reconhece-se a sua determinação Intersetorial. ACERTE O ALVO! A conferência de Alma-Ata, em 1978, foi a primeira con- ferência que trouxe para discussão a atenção primária, e o resultado de suas discussões dispararam no mundo um olhar diferenciado para a forma de ofertar ações e serviços de saúde. Podemos dizer que as primeiras ações descentralizadas no Brasil, as AIS (ações integra- das em saúde), que nascem entre 1983/84, são o marco inicial da Atenção Primária no Brasil. 22Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Principais acontecimentos históricos no período do autoritarismo: 1966: Fusão dos IAPs, o que resultou na criação do Instituto Nacional de Previdência So- cial (INPS). 1967: Reforma Administrativa Federal, ficou estabelecido que o Ministério da Saúde se- ria o responsável pela formulação e coordenação da Política Nacional de Saúde, que até então não havia saído do papel. Ficaram as seguintes áreas de competência: Política Na- cional de Saúde, atividades médicas e paramédicas, ação preventiva em geral, vigilância sanitária de fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos, controle de drogas, medi- camentos e alimentos e pesquisa médico-sanitária. 1969: Organizado, pela Fundação SESP, o sistema de notificação de algumas doenças transmissíveis, prioritariamente aquelas passíveis de controle por meio de programas de vacinação. 1969: Criação, pela Fundação SESP, do Boletim Epidemiológico. 1970: Reorganização administrativa do Ministério da Saúde, criando a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), subordinada à Secretaria de Saúde Pública 1970: Criação da Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística da Saúde (DNEES), no Departamento de Profilaxia e Controle de Doenças. 1972: Previdência para autônomos e empregadas domésticas. 1973: Previdência para trabalhadores rurais - FUNRURAL. 1974: Reforma na qual as Secretarias de Saúde e de Assistência Médica foram engloba- das, passando a constituir a Secretaria Nacional de Saúde, para reforçar o conceito de que não existia dicotomia entre Saúde Pública e Assistência Médica. 1974: Criação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) 1977: Criação do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS); 1978: Conferência de Alma-Ata, em que germinou o debate entre vários países sobre a importância da atenção primária à saúde e que impulsionou o debate de um novo modelo de saúde no Brasil; 1981: Instituição do Plano CONASP (Conselho Consultivo de Administração da Saúde Pre- videnciária). O plano se dividia em três grandes grupos de programas, um deles eram as Ações Integradas de Saúde (AIS); 1983: Criação das AIS. Essa foi uma das primeiras experiências com um sistema de saúde mais integrado e articulado (RONCALI, 2003). 23Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 1.6 FIM DA DITADURA E NOVA REPÚBLICA (1985-1988) Após um longo processo de autoritarismo no âmbito da Política, o que para a saúde representou avanços e retrocessos, a população clamava por mudanças em diversos setores da sociedade. Em 1985, com movimento das Diretas Já e a eleição de Tancredo Neves, chega ao fim o regime militar, gerando diversos movimentos sociais, inclu- sive na área de saúde, que culminaram com a criação das associações dos secretários de saúde estaduais (CONASS) ou municipais (CONASEMS), e com a grande mobilização nacional por ocasião da realização da VIII Con- ferência Nacional de Saúde em 1986, que lançou as bases da reforma sanitária e do Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS). 1.6.1 REFORMA SANITÁRIA, VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE E A CONSTITUIÇÃO DE 1988 A partir de 1974, o Estado autoritário começa a perder força e o então pre- sidente Geisel começa um processo de abertura gradual de alguns seto- res, como a imprensa, e realização de eleições legislativas. Nesse mesmo período, ganha força um movimento por melhores condições em vários setores da sociedade, dentre os quais o setor de saúde. O movimento denominado de Reforma Sanitária Brasileira pode ser con- siderado um movimento dentro do movimento. Confuso? Mas, é isso mes- mo. A Reforma Sanitária fazia parte de um escopo maior de propostas de redemocratização de instituições, de busca por condições dignas de ci- dadania e para a saúde, foi um amplo debate sobre o seu financiamento, gratuidade e extensão de atendimento. A Reforma Sanitária Brasileira sempre foi mais do que uma reforma do setor de saúde. 24Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS ACERTE O ALVO! A VIII CNS foi o marco da reforma sanitária e foi mais do que uma reforma setorial. O movimento sanitário emer- giu juntamente com outros, todos solicitando o resgate da dívida social do período da DITADURA MILITAR. O processo de reivindicações constantes e as mudanças necessárias fo- ram acontecendo de forma gradual, através de ações como o Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-SAÚDE), o Plano de Reo- rientação da Assistência Médica no Âmbito da Previdência Social (Plano CONASP), as Ações Integradas de Saúde (AIS) e teve como o marco mais importante a VIII Conferência Nacional de Saúde. Em 1986, foi organizada a VIII Conferência Nacional de Saúde, conside- rada como o auge da Reforma Sanitária Brasileira. Essa foi a primeira a contar com a participação da sociedade civil. Tal conferência foi realizada sobre três eixos básicos: Figura 5 - eixos básicos da VIII CNS Saúde como direito inerente à cidadania; Reformulação do Sistema Nacional de Saúde; Financiamento do Setor Saúde. Fonte: Autoria própria, 2020. A partir da participação de tantos setores da sociedade na conferência, ficou claro que a população estava cada vez mais ativa na busca pelos seusdireitos e estavam lançadas as bases para uma construção de um Sistema Único de Saúde, transformado em normas, a partir da Assem- bleia Constituinte de 1987. 25Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS O relatório final da VIII Conferência Nacional de Saúde registrou a presen- ça de mais de 4 mil pessoas e, dentre as reivindicações pautadas, se des- taca no novo conceito ampliado de saúde, que mais tarde foi instituciona- lizado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelo artigo 3º da Lei Orgânica da Saúde - 8.080/90. Fatos sobre a Reforma Sanitária: Grande marco da Reforma Sanitária Brasileira; Participação pela primeira vez dos usuários; Discutiu e aprovou a unificação do sistema de saúde; Conceito ampliado de saúde; Saúde como direito de cidadania e dever do Estado; Mudança das bases de organização, deliberação e representação das Conferên- cias Nacionais de Saúde. 1.7 O NASCIMENTO DO SUS (PERÍODO PÓS- CONSTITUINTE) Apesar do SUS ter sido definido pela Constituição de 1988, ele somente foi regulamentado em 19 de setembro de 1990 através da Lei 8.080. Esta lei define o modelo operacional do SUS, propondo a sua forma de organi- zação e de funcionamento. 26Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS ACERTE O ALVO! A saúde passa a ser definida de forma mais abrangente, de acordo com o art. 3º da lei 8.080/90: “A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, ativi- dade física o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais”. O SUS é concebido como o conjunto de ações e serviços de saúde, presta- dos por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Públi- co. A iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter complementar. O Sistema Único de Saúde, garantido pela Constituição e regulado pela LOS, prevê um sistema com princípios doutrinários e organizativos. Os princípios doutrinários dizem respeito às ideias filosóficas que permeiam a implementação do sistema e personificam o conceito ampliado de saú- de e o princípio do direito à saúde. Por fim, agora entendemos a construção histórica das políticas de saúde no Brasil e o nascimento do SUS, vamos falar sobre a Constituição Fede- ral de 1988. Assista agora a Pocket Aula sobre a Evolução das Políticas Públicas de Saúde clicando no ícone ao lado https://sanar.link/aula_transv_6855 27 ANOTAÇÕES 28Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 (ARTIGOS 196 AO 200) A Constituição Federal de 1988 foi um marco muito importante para o nosso país, foi a primeira Carta Magna promulgada após muitos anos em que a população viveu sob a égide de um governo ditatorial. Além disso, cabe ressaltar a grande importância desse marco jurídico no âmbito da Saúde Pública no Brasil. Antes da promulgação da Constituição de 1988, a saúde no Brasil tinha caráter predominantemente excludente, ou seja, apenas uma parte da população que, em sua maioria, era contribuinte da Previdência possuía acesso aos serviços de saúde. Somente a partir de 1988 e, efetivamente, após os anos 1990, com a promulgação das Leis Orgânicas da Saúde, o Estado passa a tutelar a saúde e ser responsável por promover o acesso da população aos serviços de saúde. A Constituição Federal de 1988 foi a primeira Carta Magna que dedicou um capítulo para tratar exclusivamente da Saúde, inserindo-a no orça- mento da Seguridade Social juntamente com a Previdência e a Assistên- cia Social, formando assim o chamado tripé da Seguridade Social. 29Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Vamos analisar os artigos constitucionais que dão vida ao SUS, começan- do com o artigo 196: Figura 6 - Saúde como direito de todos garantido mediante que visem à redução do risco de doença e de outros agravos ; políticas sociais e econômicas; RecuperaçãoProteçãoPromoção A saúde é direito de todos e dever do Estado ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua Fonte: Autoria própria, 2020. O primeiro artigo constitucional da Saúde traz a obrigação do Estado e deixa claro que a SAÚDE é um Direito de Todos. Além disso, relaciona a existência de um sistema de saúde a uma política social e econômica. Va- mos analisar alguns conceitos importantes: Figura 7 - Conceitos importantes para o SUS Acesso universal e igualitário: Promoção da saúde: Proteção: Todos têm direito ao acesso a bens e serviços de saúde, que são considerados essenciais. Sem distinção de raça, cor, gênero, idade, ou seja, todos são iguais perante a lei; Intervenção nos determinantes sociais em saúde, conceito alinhado com a qualidade de vida; Ações de vigilância em saúde, intervenção sobre o processo saúde-doença. Fonte: Autoria própria, 2020. 30Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Figura 8 - Esquematização do artigo 197 São de relevância pública cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua as ações e serviços de saúde ControleFiscalizaçãoRegulamentação Artigo 197 - Constituição Federal de 1988 R F C devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Fonte: Autoria própria, 2020. O artigo 197 da CF de 1988 vem para fortalecer a OBRIGAÇÃO do Estado fren- te às ações e serviços de saúde. Por este motivo, deixa explicitada na própria Constituição a obrigação do poder público na criação de uma lei (LEIS ORGÂ- NICAS) que regulamente, fiscalize e controle as ações de serviços de SAÚDE ACERTE O ALVO! O artigo 196 responsabiliza o Estado pela saúde da po- pulação, enquanto o 197 deixa claro que a Saúde é de re- levância pública. Agora vamos ver o artigo que direciona toda a organização sistêmica do SUS. 31Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Figura 9 - Esquematização do artigo 198 As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada ART. 198 constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preven- tivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III. Participação da comunidade. Fonte: Autoria própria, 2020. Descentralização - não significa outra coisa senão a transferência de atri- buições em maior ou menor número dos órgãos centrais para os órgãos locais ou para pessoas físicas ou jurídicas. Centralização é a convergência de atribuições, em maior ou menor número, para órgãos centrais. Figura 10 - Organização regionalizada e hierarquizada Rede regionalizada e hierarquizada Atenção Primária Atenção Terciária Atenção Secundária Sistema de atenção A Sistema organizado em rede Fonte: Autoria própria, 2020. 32Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Esta pirâmide é a forma de demonstrar a regionalização e a hierarquização descrita no art. 198 da CF/88. Vale ressaltar que atualmente falamos em uma REDE mais capilarizada e articulada, como será descrito quando discutirmos o Decreto 7.508/90 e a RAS. Veja que a pirâmide está dividida em níveis de complexidade crescentes, como explicitado em texto constitucional. ATENÇÃO PRIMÁRIA: A Política Nacional de Atenção Básica (Portaria 2.436/17) considera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária à Saúde - APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes. Neste ní- vel, as ações e serviços de saúde são executados pelas seguintes equipes: Equipe de Saúde da Família (eSF), Equipe da Atenção Básica (eAB), Equi- pe de Saúde Bucal (eSB), Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), Estratégia de AgentesComunitários de Saúde (EACS), dentre outros espaços da REDE que estão mais próximos da comunidade e por este motivo deve existir vínculo e corresponsabilidade. ATENÇÃO SECUNDÁRIA: neste nível as ações são executadas pelas es- pecialidades ou clínicas de especialistas. Observe que quanto maior a complexidade, mais afastados da comunidade os profissionais estão. ATENÇÃO TERCIÁRIA: nível onde as ações são executadas nos hospitais de grande porte e hospitais universitários. 33Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Artigo 198 – Parágrafos 1º, 2º e 3º § 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da: Figura 11 - Recursos do Orçamento da saúde Seguridade Social da União dos Estados do Distrito Federal dos Municípios, além de outras fontes. Fonte: Autoria própria, 2020. O financiamento do SUS é compartilhado entre as três esferas de gestão, não sendo exclusivamente responsabilidade da União. § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (CONTRAPAR- TIDA) I. No caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento); II. No caso dos Estados e Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; III. no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecada- ção dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tra- tam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. 34Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá: I. os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; II. os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde desti- nados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Esta- dos destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progres- siva redução das disparidades regionais; III. as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agen- tes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às ende- mias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financei- ra complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial. § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos espe- cíficos, fixados em lei, para o seu exercício. 35Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS O artigo 198 pode ser considerado o mais denso dos artigos constitucionais do setor saúde. Ele traz em seu caput (introdução) a forma de organização do SUS e nos seus incisos as diretrizes que o Sistema Único de Saúde deverá seguir. Algumas dicas para você! • Toda diretriz é um princípio do SUS, mas nem todo princípio é uma diretriz (veremos todos os princípios no art. 7º da LOS 8080/90); • São apenas três diretrizes; • Sempre que perguntarem em prova a forma de organização do SUS: regiona- lizada e hierarquizada, em níveis de complexidade crescentes. Artigo 199 - A assistência à saúde é livre à iniciativa privada Figura 12 - Esquematização do artigo 199 As instituições privadas tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. mediante contrato de direito público ou convênio; segundo diretrizes deste; Poderão participar de forma complementar do Sistema Único de Saúde Fonte: Autoria própria, 2020. § 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no país, salvo nos casos pre- vistos em lei. 36Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Atente ao parágrafo terceiro do artigo 199 da Constituição Federal. Em 2015 houve alteração do artigo 23 da Lei 8.080/90 pela Lei 13.907/15, que regula- menta os artigos da Constituição. A alteração do texto do artigo supracitado da Lei traz que é permitida a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros (...) Em princípio, preciso que você fixe PARA NÃO CAIR EM PEGADINHA. De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 199, o Brasil não pode receber recursos de empresas ou capital estrangeiro, salvo em casos previsto em lei. A nova redação do art. 23 da LOS 8080/90 traz a se- guinte afirmativa: “é permitida a participação direta ou indireta, inclusive controle, de empresas ou capital estrangeiro na assistência à saúde nos seguintes casos (...)” Figura 13 - Participação do capital estrangeiro na assistência à saúde De acordo com a C/F de 88 - em seu Art. 199 A participação de empresas e do capital estrangeiro: É VEDADA De acordo com a LOS 8080/90 - em seu art. 23 A participação de empresas e do capital estrangeiro: É PERMITIDA Fonte: Autoria própria, 2020. § 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de trans- plante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de co- mercialização. 37Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS MUITA ATENÇÃO PARA O ART 199 DA CF/88: Ele traz o direito que a iniciativa privada tem de ofertar serviços de saúde; Não esqueça que a rede privada pode participar do SUS em caráter complementar, sendo pré-requisito para isso: insuficiência de recursos públicos na área da saúde; Observe que esse tipo de ação se dará através de contrato ou convênio, tendo pre- ferência as instituições filantrópicas e sem fins lucrativos; O sistema público, em nenhuma hipótese, poderá destinar recursos financeiros a instituições com fins lucrativos; Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I. Controlar e fiscalizar II. Executar as ações de III. Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV. Participar da formulação da política e da execução das ações de sane- amento básico; V. Incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; VI. Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido: Procedimentos de interesse para a saúde.Produtos Substâncias Vigilância sanitária Vigilância epidemiológica Saúde do trabalhador O controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; 38Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS VII. Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioa- tivos; VIII. Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 01. Antes da Constituição Federal de 1988, a Saúde no Brasil não era considerada um direito social, sendo os serviços de saúde ofertados somente para aquelesque podiam pagar pela assistência médica privada. Acerca das competências e atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS), qual item reflete corretamente o que dispõe a Constituição Federal de 1988? 🅐 Formulação da política de sangue e hemoderivados. 🅑 Participar da formulação da política e da fiscalização das ações de saneamento básico. 🅒 Executar as ações de vigilância sanitária, epidemiológica, am- biental, bem como as de saúde do trabalhador. 🅓 Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos. Clique aqui para ver o gabarito da questão. 39Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 02. A Constituição Brasileira em seu artigo 196 define saúde como direito de todos e dever do Estado, a ser garantido mediante polí- ticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação da saúde. Esse artigo, na prática, significou: 🅐 a criação do Ministério da Saúde 🅑 a base fundamental para a criação do Sistema Único de Saúde 🅒 a criação de Unidades Básicas de Saúde 🅓 definição de Saúde de acordo com a Organização Mundial da Saúde e a criação do Conselho Nacional de Saúde Clique aqui para ver o gabarito da questão. Assista agora a Pocket Aula sobre a Constituição Federal clicando no ícone ao lado https://sanar.link/aula_transv_6876 40 ANOTAÇÕES 41Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 3. LEI ORGÂNICA DA SAÚDE 8.080/90 A Lei 8.080 é considerada a primeira Lei Orgânica da Saúde, que veio para regulamentar os artigos constitucionais inerentes à saúde. A Lei 8.080 foi votada em 19 de setembro de 1990. Essa lei aborda as con- dições para promover, proteger e recuperar a saúde, além da organiza- ção e o funcionamento dos serviços também relacionados à saúde. A lei regula o serviço de saúde em todo âmbito nacional, agregando todas as ações e serviços de saúde, inclusive os que são prestados pela iniciativa privada. Já vi questões de prova que perguntam se a iniciativa privada também deve se- guir a Lei Orgânica da Saúde 8.080 e a resposta é sim. Tanto serviços públicos quanto os serviços prestados pela iniciativa privada deverão estar de acordo com as legislações que tratam sobre o SUS, sendo a Constituição Federal, a Lei Orgânica da Saúde e demais marcos jurídicos. Por meio da Lei 8.080/90, as ações de saúde passaram a ser regulamen- tadas em todo o território nacional. A participação da iniciativa privada no SUS é aceita em caráter comple- mentar com prioridade das entidades filantrópicas sobre as privadas lu- crativas. A descentralização político-administrativa é reforçada na forma da municipalização dos serviços e das ações de saúde, com redistribuição de atribuições e recursos em direção aos municípios. 42Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS A partir desta lei, observamos que algumas das atribuições do SUS são: Figura 14 - Atribuições do SUS Assistência terapêutica integral; Assistência farmacêutica; Controle e fiscalização de alimentos, água e bebidas para o consumo humano; Formação de Recursos humanos para área da saúde; Fonte: Autoria própria, 2020. Execução das ações de: Figura 15 - Ações executadas pelo SUS Saúde do trabalhador; Vigilância epidemiológica Vigilância nutricional Vigilância sanitária Ex ec uç ão d as aç õe s d e Fonte: Autoria própria, 2020. 43Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS A Lei 8.080 também trata da gestão dos recursos financeiros, condicio- nando a existência de conta específica para os recursos da saúde e a fis- calização da movimentação bancária pelo Conselho Municipal de Saúde. Esta conta é denominada FUNDO DE SAÚDE; Define os critérios para a transferência de recursos, de forma regular e automática: Figura 16 - Critérios para transferência de recursos Desempenho técnico e econômico-financeiro no período anterior e nível de participação orçamentária para a saúde; Além de definir que o Plano Municipal de Saúde é a base das atividades e da programação de cada nível de direção do SUS. Perfil demográfico e epidemiológico; Características quantitativas e qualitativas da rede; Fonte: Autoria própria, 2020. Um tema fundamental tratado nesta lei é a garantia da gratuidade das ações e dos serviços nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados. Além disso, dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. O Artigo 1º da Lei 8.080 traz que ela regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados, isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado. 44Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Vamos aos principais pontos dos artigos mais cobrados • A lei regula em todo território nacional e traz todo o contexto de orga- nização do SUS. • A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na: Figura 17 - Dever de garantir á saúde No estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário; Às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. Formulação e execução de políticas econômicas e sociais; Que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos; Fonte: Autoria própria, 2020. ACERTE O ALVO! O artigo segundo regulamenta o artigo 196 da CF/88. Observe que há mudanças na escrita, mas o contexto é o mesmo: responsabilização do Estado perante as ações e serviços de saúde, necessidade de uma política social e econômica com o objetivo de reduzir risco de doenças e agravos, com o tipo de acesso para todos (universal e igualitário) para as ações já mencionadas e descritas na aula anterior. 45Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Para gravar o art. 196 da CF/88 e o Art. 2ª da LOS, basta fazer as seguintes perguntas, exemplo: A saúde é direito de quem? Dever de quem? O que deve ser implementada? Qual o objetivo? de todos do Estado uma Política Econô-mica e Social Reduzir o risco de doenças e outros agra- vos Com que tipo de acesso? Para que tipo de ações? Universal e igualitário Promoção, proteção e recuperação As bancas adoram afirmar que o dever do Estado de garantir acesso à Saúde exclui o dever das empresas e da Sociedade em geral, mas a partir de hoje, você vai sempre lembrar que o dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade. Uma das reivindicações advindas lá da VIII Conferência Nacional de Saú- de foi o conceito ampliado de Saúde. A Lei 8.080/90 adotou o novo con- ceito, que afirma: Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do país, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. 46Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS O conceito ampliado de saúde foi uma das solicitações da VIII CNS. Obser- ve que a saúde deixa de ser um conceito estanque – ausência de doenças - e passa a agregar fatores determinantes e condicionantes. Observe que, em sua maioria, estão ligados a outros setores do poder público. Logo, para que haja condições adequadas de saúde, existe a necessidade de fomentar ações intersetoriais. Este conceito também é conhecido como conceito social, conceito subjetivo e qualidade de vida. Ainda corroborando com o conceito ampliado de saúde, a lei afirma quedizem respeito também à saúde as ações que se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. Um conceito super querido das bancas de provas é do próprio SUS, que é definido no 4º artigo da Lei 8.080/90, como: O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público. Ações e serviços das 3 esferas de governo; Ações e serviços da administração direta e indireta; Fundações Mantidas pelo Poder Pública; SUS 47Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Estão incluídas nas: Ações e serviços do SUS. Instituições públicas federais, estaduais e municipais de: Controle de qualidade Pesquisa e produção de insumos, Medicamentos inclusive de sangue e hemoderivados, equipamentos para a saúde. Observe que o sistema de saúde é o conjunto de ações prestadas por todas as esferas de governo, incluindo a administração direta e a indireta. Podemos notar que a Lei 8.080/90 vem sempre regulamentando os arti- gos constitucionais, às vezes com o teor muito parecido. Não é diferente quando se trata da participação da iniciativa privada no SUS, conforme vimos no artigo 199 da CF, ela é livre, fato corroborado pelo parágrafo 2º do artigo 4º da LOS 8.080. A iniciativa privada pode participar do SUS, em caráter complementar, tendo prioridade as instituições filantrópicas e sem fins lucrativos. Mas existe um pré-requisito para a contratação ou convênio com a rede privada: • Haver insuficiência de recursos da rede pública. A Lei 8.080/90 possui um total de 54 artigos e todos são muito importan- tes, afinal ela é a lei que regulamenta o SUS. Mas destaco para vocês que os artigos 5º, 6º e 7º são os mais cobrados nas provas e digo mais, trago verdades! 48Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS A Lei 8.080/90 traz que o SUS possui três objetivos: • a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinan- tes da saúde; • a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social; • a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, pro- teção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. 03. Durante uma conferência sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) aos discentes dos cursos da área da saúde, o ministrante apontou os objetivos deste sistema visando a disseminar o co- nhecimento. Corresponde a um objetivo do SUS 🅐 realizar a recuperação do paciente por meio de atividades de promoção nos diferentes níveis de atenção. 🅑 divulgar fatores determinantes para a saúde da população. 🅒 promover política de saúde envolvendo os campos econômicos, mas não os sociais. 🅓 oferecer assistência por meio de promoção e terapêuticas, vi- sando a reduzir as intervenções preventivas da saúde da população. 🅔 evitar a divulgação de fatores condicionantes para a saúde da população. Clique aqui para ver o gabarito da questão. 49Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Além dos três objetivos, o SUS possui um vasto campo de atuação, con- forme veremos a seguir. Estão incluídas no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): Figura 18 - Campo de atuação do SUS de vigilância sanitária; de vigilância epidemiológica; de saúde do trabalhador; e de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; a ex ec uç ão d e aç õe s: Fonte: Autoria própria, 2020. Também fazem parte do campo de atuação do SUS: a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico; a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde; a vigilância nutricional e a orientação alimentar; a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho; a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insu- mos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde; a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; (pense em um item que cai; as bancas adoram trocar humano por animal ou acrescentar o consumo animal). a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico; a formulação e execução da política de sangue e seus derivados. 50Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Agora a cereja do bolo deste artigo, as definições das vigilâncias. Presta bastante atenção que com certeza você verá na sua prova. Figura 19 - Definição de vigilância sanitária Vigilância Sanitária Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. Fonte: Autoria própria, 2020. Figura 20 - Definição de vigilância epidemiológica Vigilância Epidemiológica Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. A Lei 8.080 também reservou espaço para a saúde do trabalhador. Algu- mas vezes, você poderá encontrar na prova a definição de vigilância em saúde do trabalhador, não hesite em marcar. 51Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS De acordo com a Lei 8.080, a saúde do trabalhador consiste em um con- junto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epide- miológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos tra- balhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo: • assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; • participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho; • participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das condições de pro- dução, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apre- sentam riscos à saúde do trabalhador; • avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; • informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissio- nal e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; • participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas; • revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no proces- so de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e • a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão compe- tente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambientede trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores. 52Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS A vigilância sanitária sempre virá ligada à produção de bens e serviços ligados à saúde. A vigilância epidemiológica sempre estará ligada aos fatores deter- minantes e condicionantes da saúde, enquanto a saúde do trabalhador envolve ações de ambas vigilâncias. Agora chegamos ao artigo que mais é cobrado em provas quando o assun- to é a Lei 8.080/90. O artigo 7º que traz os quatorze princípios do SUS. universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recur- sos e a orientação programática; participação da comunidade; entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; integralidade de assistência ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;descentralização político-admi- nistrativa, com direção única em cada esfera de governo: regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; 53Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, acompanha- mento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras Continuando com a nossa discussão sobre a Lei Orgânica 8.080/90, ve- remos que as ações e serviços de saúde executados pelo SUS, seja dire- tamente ou mediante participação complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente. ACERTE O ALVO! Este artigo traduz a forma de organização do SUS! Ques- tão constante em provas. Como o SUS é organizado? • Regionalizado; • Hierarquizado; • Em níveis de complexidade crescente. 54Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS A direção do Sistema Único de Saúde é única, sendo exercida em cada es- fera de governo pelos seguintes órgãos: União - Ministério da Saúde Estados e DF - Secretaria de saúde ou órgão equivalente. Municípios - Secretaria de saúde ou órgão equivalente Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver, em con- junto, as ações e os serviços de saúde que lhes correspondam. • Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da direção única e os respectivos atos constitutivos disporão sobre sua observância. • No nível municipal, o Sistema Único de Saúde poderá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recursos, técnicas e práti- cas voltadas para a cobertura total das ações de saúde. A Lei 8.080 prevê a criação de comissões intersetoriais, ou seja, um traba- lho em conjunto com outros setores. Essas comissões serão de âmbito nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil. As comissões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde. 55Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS A articulação das políticas e programas, a cargo das comissões interseto- riais, abrangerá, em especial, as seguintes atividades: • Alimentação e nutrição; • Saneamento e meio ambiente; • Vigilância Sanitária e farmacoepidemiologia; • Recursos humanos; • Ciência e tecnologia • Saúde do trabalhador Ações intersetoriais são aquelas de interesse da saúde, mas não são do campo de atuação do SUS e, por esse motivo, devem ser articuladas com outros setores. A Lei 8.080/90 também trata sobre as Comissões Intergestores Biparti- te e Tripartite. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gestores, quanto aos aspec- tos operacionais do Sistema Único de Saúde (SUS). A atuação das Comissões Intergestores Bipartite - CIB e Tripartite - CIT, terá por objetivo: I. Decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e administrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com a definição da política consubstanciada em planos de saúde, aprovados pelos conselhos de saúde; II. Definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermunicipal, a res- peito da organização das redes de ações e serviços de saúde, prin- cipalmente no tocante à governança institucional e à integração das ações e serviços dos entes federados; 56Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS III. Fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, integra- ção de territórios, referência e contrarreferência e demais aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os entes federados. A Lei 8.080/90 dispõe ainda sobre o CONASS e CONASEMS. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Na- cional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) são: • Reconhecidos como entidades representativas dos entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função social, na forma do regulamen- to. A Lei 8.080/90 traz em seu texto as competências e atribuições de cada esfera de gestão (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) no tocan- te ao SUS. Tais atribuições estão listados nos artigos 15 a 19. Não é tão cobrado em residências, mas caso tenha um tempo disponível é interes- sante ler todas elas. Artigo 15 Traz as competências e atribuições comuns Artigo 16 Elenca as competências e atribuições da União Artigo 17 Traz as competências e atribuições do Estado Artigo 18 Elenca as competências e atribuições dos Municípios Artigo 19 Por fim, prevê que ao Distrito Federal compete às atribuições definidas para Esta-dos e Municípios. Alguns subsistemas da Saúde ganharam espaço na Lei 8.080/90, incluin- do o da Atenção à Saúde Indígena. 57Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indígena - SASI, compo- nente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990, com o qual funcionará em perfeita integração. Figura 21 - SUBSistema de Atenção à Saúde Indigena SASI Funcionará articulado ao SUS. Criado e definido pela Lei 8.080 e pela Lei 8.142/90. Componente do SUS Fonte: Autoria própria, 2020. O financiamento do SASI é de responsabilidade da União (recursos pró- prios), podendo estados, municípios, instituições governamentais e não governamentais atuar complementarmente no custeio e execução das ações. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que se deve pautar por uma aborda- gem diferenciada e global, contemplando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição, habitação, meio ambiente, demarca- ção de terras, educação sanitária e integraçãoinstitucional. 58Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Figura 22 - Especificidade do SASI SASI deve levar em consideração A realidade local Especificidades da cultura Fonte: Autoria própria, 2020. Atendimento através de abordagem diferenciada e global Contemplando os aspectos de assistência à saúde Saneamento básico Meio ambiente Nutrição Demarcação de terras Habitação Educação sanitária Integração institucional. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá ser como o SUS: 59Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Descentralizado Hierarquizado Regionalizado O subsistema terá como base os Distritos Sanitários Especiais Indíge- nas – DSEIS. O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as populações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento necessário em todos os níveis, sem discriminações. Outro subsistema importante é o de Internação Domiciliar, que foi incluí- do na Lei 8.080 a partir de 2002. Na modalidade de assistência de atendi- mento e internação domiciliares, incluem-se principalmente os procedi- mentos: Médicos De enfermagem Fisioterapêuticos Psicológicos e de Assistência Social Entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes em seu do- micílio. 60Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS O atendimento e a internação domiciliares serão realizados por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina: Preventiva Terapêutica Reabilitadora O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser realizados por indicação médica, com expressa concordância do paciente e de sua família. Um importante subsistema incluído em 2005, sobretudo para a atenção integral à Saúde da Mulher, é o de acompanhamento durante o trabalho de parto, parto e pós-parto. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede pró- pria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à partu- riente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, sendo esse acompanhante indicado pela parturiente. Figura 23 - Direito ao acompanhante da parturiente O SUS + rede conveniada são obrigados de 01 acompanhante a permitir a presença escolhido pela parturiente durante todo o trabalho de parto, parto e pós-parto IMEDIATO. Fonte: Autoria própria, 2020. 61Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS A Lei 8.080 também reservou um capítulo para tratar sobre a assistência terapêutica e incorporação de tecnologia em saúde. Um dos itens mais importantes e que costuma ser cobrado em provas é a definição dos pro- tocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas. São adotadas as seguintes definições: Protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de con- trole clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resul- tados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS. Assuntos recorrentes em provas, estudaremos agora sobre os serviços privados de assistência à saúde e da participação em caráter complemen- tar. O que são serviços privados de assistência à saúde? Figura 24 - Sobre a rede privada Rede Privada Iniciativa própria De profissionais liberais Legalmente habilitados Pessoas jurídicas de direito PRIVADO Atuam na promoção, proteção e recuperação da saúde. Fonte: Autoria própria, 2020. 62Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS A assistência à saúde é livre à iniciativa privada, que pode participar do SUS em caráter complementar quando forem comprovadas insuficiên- cia de recursos na rede pública para atendimento integral da população. É permitida a participação direta ou indireta, inclusive controle, de empre- sas ou de capital estrangeiro na assistência à saúde nos seguintes casos: 1. Doações de organismos internacionais vinculados à Organização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de financia- mento e empréstimos; 2. Pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou explorar: » Hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, policlí- nica, clínica geral e clínica especializada; » Ações e pesquisas de planejamento familiar; 3. Serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social; e 4. Demais casos previstos em legislação específica. Lembra que o artigo 199 da Constituição afirma que é vedada a participação de empresas e capital estrangeiro na assistência à saúde no Brasil, exceto em casos previstos em lei? Pois é, essas são as exceções, são as previsões legais de tal participação. 63Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Figura 25 - Participação do capital estrangeiro na saúde É PERMITIDA a participação De empresas ou de capitais estrangeiros DIRETA OU INDIRETA INCLUSIVE NO CONTROLE Nos seguintes casos: Na assistência à saúde Doações de Organismos internacionais ligadas à ONU; Pessoas Jurídicas destina- das a instalar, operacionali- zar ou explorar; Serviços de saúde man- tidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atendimento de seus empregados . Demais casos previstos em legislação específica Fonte: Autoria própria, 2020. A participação complementar dos serviços privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público. As entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do Sistema Único de Saúde (SUS). 64Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS Figura 26 - Caráter complementar da participação da iniciativa privada no SUS Caráter Complementar Contrato/ Convênio com a Rede Privada. Terão preferência as instituições filantrópicas e sem fins lucrativos. Obedecidas as Normas do Direito Público. Os serviços contratados serão submetidos aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde Os critérios e valores serão definidos pelo MS, aprovados pelo CNS. Os serviços contratados serão submetidos às normas técnicas e administrativas Fonte: Autoria própria, 2020. Os critérios e valores para a remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, pelo Ministério da Saúde e apro- vados no Conselho Nacional de Saúde. Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de pagamento da remuneração, a direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) deve- rá fundamentar seu ato em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qualidade de execução dos serviços contratados. Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técnicas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do contrato. Aos proprietários, administradores e dirigentes de entidades ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). 65Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS A política de recursos humanos no SUS e o financiamento também ganha- ram uma seção especial no âmbito da Lei 8.080/90. A política de recursos humanos na área da saúde será formalizada e exe- cutada, articuladamente, pelas diferentes esferas de governo, em cum- primento dos seguintes objetivos: Figura 27 - Política de RH do SUS Política de RH na área da SAÚDE Será formalizada e executada de forma articulada. Entre as
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