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Paracambi 26/11/2014 TEC00205 – RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS TURMA C1/B1 AULA 15 SOLICITAÇÕES SIMPLES (CISALHAMENTO TRANSVERSAL) e SOLICITAÇÃO COMPOSTA (FLEXO-TORÇÃO) Prof. Renata Faísca Prof. Eliane Pires UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL 2 SOLICITAÇÕES SIMPLES (CISALHAMENTO TRANSVERSAL) INTRODUÇÃO • Em geral, as vigas suportam cargas transversais que geram esforço cortante e, também, momento fletor. O esforço cortante V é o resultado de uma distribuição de tensão de cisalhamento transversal que age na seção transversal da viga. • Devido à propriedade complementar de cisalhamento, observe que tensões de cisalhamento longitudinais associadas também agirão ao longo dos planos longitudinais da viga. • A presença do esforço interno V gera simultaneamente tensões de cisalhamento transversal e longitudinal. 3 Corte transversal, mostrando uma seção retangular da viga. 4 Observando tA - Devido à propriedade complementar do cisalhamento, e para gerar o equilíbrio da seção, tensões cisalhantes longitudinais precisam atuar simultaneamente. Observando tB e tc – Não ocorrem tensões cisalhantes nestes pontos, pois não há deslizamento das fibras Considere uma viga carregada transversalmente na qual o esforço cortante V, age na seção transversal, como mostrado na figura. 5 • Fisicamente, explica-se o desenvolvimento das tensões de cisalhamento nos planos longitudinais, considerando que uma viga é composta por três tábuas. • Se as superfícies superior e inferior de cada tábua forem lisas e as tábuas estiverem soltas (a), a aplicação da carga P fará com que as tábuas deslizem livremente uma sobre a outra sem gerar tensão de cisalhamento entre as tábuas. Contudo, todas sofrerão deflexão. Por outro lado, se as tábuas forem coladas entre si (b), as tensões de cisalhamento longitudinais geradas entre elas impedirão o deslizamento de uma sobre a outra e, consequentemente, a viga agirá como um única peça monolítica. t = 0 t ≠ 0 6 • Inclusive, uma aplicação prática considerando este conceito de tensão de cisalhamento são as vigas mistas, que utilizam-se da interação entre materiais diferentes, a partir de conectores de cisalhamento (pinos), para utilizar as características de cada um em benefício estrutural. Capa de concreto Pinos Armadura de tela soldada 7 Considerando uma barra feita de um material com alta capacidade de deformação: Como resultado da tensão cisalhante, desenvolvem-se deformações cisalhantes, que tendem a distorcer (empenar) a seção transversal de maneira bem complexa. A distribuição não-uniforme de tensão cisalhante sobre a seção provoca distorção da seção que não permanece plana, diferente da consideração feita para o momento fletor. 8 Apesar desta constatação, admitiremos que essa deformação é suficientemente pequena quando estivermos trabalhando com vigas esbeltas, onde o comprimento é consideravelmente grande em relação à sua largura. Deformação devida ao Momento Fletor Sem carregamento (Não-deformada) Deformação devida ao Esforço Cortante Flecha Flecha 9 Considere a viga carregada transversalmente A fórmula do cisalhamento será desenvolvida a partir da fórmula da flexão e da relação entre momento fletor e força de cisalhamento (V = dM/dx). 10 Considerando somente as forças axiais atuando nas seções transversais de um elemento de viga de comprimento dx, tem-se: Considerações: O diagrama de corpo livre (DCL) mostra apenas a distribuição de tensão normal que atua no elemento. Essa distribuição é provocada pelos momentos fletores M e (M+dM). O efeitos de V e (V+dV) e W(x) foram excluídos por serem cargas verticais. A fórmula do cisalhamento será desenvolvida a partir da fórmula da flexão: e da relação entre momento fletor e força de cisalhamento (V = dM/dx). 𝜎 = 𝑀𝑦 𝐼 11 Considerando o segmento superior do elemento, seccionado a uma distância y’ da Linha Neutra (LN) e que possui largura t na seção transversal e área A’. A’ = parte superior da área da seção transversal do elemento, definida pela seção onde t é medido. Onde: = distância até o centróide de A’, medida a partir da linha neutra 12 Impondo o equilíbrio das forças atuando na direção axial x, tem-se: Os momentos resultantes de cada lado do elemento diferem por dM, a condição ∑ Fx=0 não será satisfeita, a menos que a tensão cisalhante longitudinal t atue sobre a face inferior e sobre a área t dx. 13 Aplicando a condição de equilíbrio das forças horizontais, admitindo que a tensão cisalhante seja constante ao longo de toda a área t dx e usando a fórmula de flexão, tem-se: Usando a fórmula da flexão σ σ’ 𝑀 + 𝑑𝑀 𝐼 𝑦𝑑𝐴 − 𝑀 𝐼 𝑦𝑑𝐴 + 𝜏 𝑡𝑑𝑥 = 0 𝐴′𝐴′ 14 Então: Resolvendo para t temos: Sabendo que: V= dM/dx Momento de 1ª ordem da área A’ em torno da linha neutra, denotado por Q. A localização do centróide da área A’ é dada por: Que também pode ser escrita como: A’ = parte superior (ou inferior) da área da seção transversal do elemento, definida pela seção onde t é medido. = distância até o centróide de A’, medida a partir da linha neutra. Onde: Momento de 1ª ordem da área A’ em torno da LN 15 A fórmula do cisalhamento fica: 𝜏 = tensão cisalhante no ponto localizado a uma distância y’ da linha neutra do elemento, supõe-se que seja média ao longo da largura t; V = esforço cortante resultante; I = Momento de inércia de toda área da seção transversal, calculado em torno da linha neutra; A’ = parte superior (ou inferior) da área da seção transversal do elemento, definida pela seção onde t é medido; = distância do ponto em questão até o centróide de A’, medida a partir da linha neutra. Momento de 1ª ordem da área A’ em torno da Linha Neutra; 16 t = largura da seção transversal do elemento, medida no ponto onde 𝜏 deve ser determinada. Onde: 17 Cálculo de Q A tensão de cisalhamento (𝝉) é determinada no ponto P; Q = momento da área da seção transversal que está acima ou abaixo do ponto P em que a tensão de cisalhamento (𝝉) deve ser determinada. Tensão de Cisalhamento em Vigas com Seção Transversal Prismática Retangular ou quadrada A distribuição de tensão cisalhante ao longo de toda a seção transversal é determinada a partir da tensão cisalhante a uma altura arbitrária y da Linha Neutra (LN). 18 Calculando Q = Momento de 1ª ordem da área A’ em relação a LN: A’ 19 Aplicando à fórmula do cisalhamento ou Tem-se: Equação do segundo grau 20 A partir da fórmula: Verifica-se: A tensão cisalhante sobre a seção transversal é parabólica. A intensidade varia de zero nas partes superior e inferior (y=±h/2) ao valor máximo na linha neutra (y=0). Eq do 2º grau 21 Se y=0, ou seja, na LN, pode-se calcular tmax: Note que tmax é 50% maior que a tensão cisalhante média estudada. A Note que tmax é 50% maior que a tensão cisalhante média estudada. 22 𝜎𝑧 = 𝑀𝑥𝑦 𝐼 Fig 2. viga sujeita a flexão pura (só há momento fletor), mostrando a distribuição linear da tensão de flexão (𝜎𝑧) (tensões normais de tração e de compressão), que é máxima nas extremidades superior e inferior da seção transversal e nula na LN. M M Fig1. viga sujeita ao cisalhamento puro (só há esforço cortante), mostrando a distribuição não linear da tensão de cisalhamento, que é máxima na LN e nula nas extremidades superior e inferior da seção transversal. Tensão de cisalhamento (𝜏) X Tensão de flexão (𝜎) y z x É importante lembrar que: Para cada t que atua na seção transversal, há um correspondente t atuando no sentido longitudinal da vigaSe a viga for cortada por um plano longitudinal através de seu eixo neutro, a tensão cisalhante máxima ocorrerá nesse plano 23 Neste caso, a distribuição de tensão de cisalhamento varia parabolicamente ao longo da altura da viga. A tensão cisalhante varia levemente ao longo da alma. Ocorre aumento da seção cisalhante na junção da aba com a alma, visto que a espessura da seção transversal muda de b para tw. Por comparação, a alma suporta significativamente mais força cortante que as abas. Tensão de Cisalhamento em Vigas de Abas Largas 24 A viga mostrada na figura é feita de duas tábuas. Determinar a tensão cisalhante máxima na cola necessária para manter as tábuas unidas ao longo da junção. Os apoios B e C exercem somente reações verticais sobre a viga. Exemplo 1 25 Cisalhamento Interno: As reações dos apoios e o diagrama de força cortante (DEC) da viga são mostrados na figura. Vê-se que a força cortante máxima na viga é de 19,5 kN. Solução Exemplo 1 DEC (kN) 8 26 Propriedades da Seção: O centróide e, portanto, a linha neutra serão determinados pelo eixo de referência situado na parte inferior da área da seção transversal: (0,150 + 0,030 2 ) (0,150/2) 27 Propriedades da Seção: O momento de inércia, calculado em torno da linha neutra é: Teoria dos eixos paralelos 𝐼 = 𝐼 + 𝐴𝑑2 0,150 + 0,030/2 28 Propriedades da Seção: A tábua superior (aba) está presa à inferior (alma) pela cola, que é aplicada sobre a espessura t = 0,03 m. Consequentemente, A’ é definida como a área do topo (aba ou mesa) da tábua: 29 120 mm 𝑄 = 0,180𝑚 − 0,015𝑚 − 0,120𝑚 0,03m .0,150m 𝑄 = 0,045𝑚 0,0045𝑚2 → 𝑄 = 0,2025(10−3)𝑚3 60 mm Tensão de Cisalhamento: aplicando a fórmula de cisalhamento, temos: OBS: É a resistência da cola a esta tensão de cisalhamento horizontal ou lateral que impede as tábuas de deslizar sobre o apoio C. (Resposta) 30 31 Ensaio de cisalhamento em vigas 32 Ensaio de cisalhamento em vigas https://www.youtube.com/watch?v=8jp8TfUay7A 33 SOLICITAÇÃO COMPOSTA (FLEXO-TORÇÃO) Tensões provocadas por cargas combinadas Na maioria das vezes, a seção transversal de um elemento está sujeita a vários tipos de cargas simultaneamente. O método da superposição, se aplicável, pode ser usado para determinar a distribuição da tensão resultante provocada pelas cargas. Para aplicar a superposição, é preciso determinar a distribuição de tensão devido a cada carga e, então, essas distribuições são superpostas para determinar a distribuição de tensão resultante. O princípio da superposição pode ser usado desde que exista uma relação linear entre a tensão e as cargas. A geometria do elemento não deve sofrer mudança significativa quando as cargas são aplicadas. Isso é necessário para assegurar que a tensão resultante seja obtida pelo somatório das tensões e não pelo somatório das cargas, pois estas atuam sobre diferentes áreas ou seções. 34 Esforços Simples Esforço Normal - Tende a promover variação da distância que separa as seções, permanecendo as mesmas paralelas uma à outra. O esforço normal será positivo quando de tração, ou seja, quando tender a afastar duas seções infinitamente próximas, e negativo quando de compressão. 35 Esforço Cortante - Tende a promover o deslizamento relativo de uma seção em relação à outra. O esforço cortante será positivo quando, calculado pelas forças situadas do lado esquerdo da seção, tiver o sentido positivo do eixo y e quando calculado pelas forças situadas do lado direito da seção, tiver o sentido negativo do eixo y. 36 𝑽 Momento Torsor - Tende a promover uma rotação relativa entre 2 seções infinitamente próximas em torno de um eixo que lhes é perpendicular, passando pelo seu centro de gravidade O momento torsor é positivo quando o vetor de seta dupla que o representa estiver tracionando a seção. 37 Momento Fletor - Tende a provocar uma rotação da seção em torno de um eixo situado em seu próprio plano. O efeito de pode ser assimilado ao binário, isto provoca uma tendência de alongamento em uma das partes da seção e encurtamento na outra, deixando a peça fletida. 38 Resumo Esforço normal Esforço cortante/ cisalhante Momento fletor Momento torsor 39 Esforços internos As componentes internas das forças devem agir passando pelo centróide da seção transversal, já as componentes internas dos momentos devem ser calculadas em torno dos eixos do centróide, os quais representam os eixos principais de inércia para a seção transversal. 40 São as componentes internas da força normal e da força cortante (tangencial) resultantes, bem como as componentes dos momentos fletor e torsor. Tensão normal média Calculada a partir da componente da tensão associada ao esforço interno. Para cada caso, representa o efeito como uma distribuição de tensão que age sobre toda a área da seção transversal ou mostra a tensão sobre um elemento do material localizado em um ponto específico na seção transversal. 41 Tensão normal Tensão de Cisalhamento devido ao esforço cortante 𝝉 = 𝑽𝑸 𝑰𝒕 𝝈 = 𝑵 𝑨 A tensão normal é associada a uma distribuição uniforme do esforço normal sobre a área da seção, e é determinada por: A tensão de cisalhamento é associada a uma distribuição uniforme do esforço cortante em um elemento submetido a flexão, e é determinada pela fórmula de cisalhamento: 42 Tensão de Flexão A distribuição de tensão é determinada pela fórmula da flexão: Para eixos e tubos circulares, o esforço de momento torsor gera uma distribuição de tensão de cisalhamento que varia linearmente do eixo que passa pelo centróide da seção transversal até um valor máximo nas fibras mais afastadas desse eixo. A distribuição de tensão de cisalhamento é determinada pela fórmula de torção: 𝝉 = 𝑻𝝆 𝑱 𝝈 = 𝑴𝒚 𝒍 Para elementos retos, a tensão de flexão é gerada pelo esforço de momento fletor, e varia linearmente de zero, no eixo longitudinal que passa pelo centróide da seção transversal, a um valor máximo positivo (normal de tração) a um valor máximo negativo (normal de compressão) nas fibras mais afastadas desse eixo. Tensão de Cisalhamento devido ao momento torsor Superposição • Uma vez calculadas as componentes da tensão normal e da tensão de cisalhamento para cada tipo de esforço interno, usa-se o princípio da superposição para determinar as componentes das resultantes dessas tensões. • Representam-se os resultados em um elemento material localizado num dado ponto da seção transversal ou se mostram os resultados na forma de uma distribuição de tensão sobre toda a área da seção transversal. 43 A haste maciça tem raio de 0,75 pol. Se for submetida ao carregamento mostrado, qual será o estado de tensão no ponto A? Exemplo 1 44 Solução exemplo 1 Esforços internos: a haste é secionada através do ponto A. Usando o diagrama de corpo livre (DCL) do segmento AB, determina-se a resultante dos esforços internos pelas 6 equações de equilíbrio: y My = Ty = Mx= Mz= 45 Para visualizar melhor as distribuições de tensão devida a cada uma desses esforços internos consideraremos as resultantes iguais,porém opostas, que atuam sobre AC. 46 Esforço Normal (N = 500 lb) – A distribuição de tensão normal no ponto A fica: 1ksi =1000 psi 47 = N Esforço Cortante (V = 800 lb) – A distribuição de tensão cisalhante no ponto A fica: A’ = parte superior (ou inferior) da área da seção transversal do elemento, definida pela seção onde t é medido; = distância até o centróide de A’, medida a partir do eixo neutro Onde: 48 Para o ponto A, Q é determinada pela área semicircular sombreada: Onde: Q = Momento de 1ª ordem da área em torno da linha neutra. I = Momento de inércia de toda área da seção transversal, calculado em torno da linha neutra; t = Diâmetro (neste caso). V = O centro de gravidade de um semicírculo 𝑦 ′ é: 𝑄 = 4 ∙ 0,75 3𝜋 ∙ 1 2 ∙ 𝜋 ∙ 0,752 = 0,3183 ∙ 0,8836 𝑸 = 𝟎, 𝟐𝟖𝟏𝟑 𝒑𝒐𝒍𝟑 49 (Tabelado) 𝑄 = 𝑦 ́𝐴´ Então: O Momento de Inércia I da área circular 1ksi =1000 psi 50 Momentos Fletores – Para a componente Mx= 8.000 lb.pol, o ponto A localizado no eixo neutro, a tensão normal fica: = Mx 51 Momentos Fletores – Para a componente Mz= 7000 lb.pol, o ponto A localizado no eixo neutro, a tensão normal fica: c = r = 0,75 pol 1ksi =1000 psi Momento de inércia (I) da área circular é: 𝜎𝐴 = 𝑀𝑐 𝐼 = 7000𝑙𝑏 ∙ 𝑝𝑜𝑙 0,75 ∙ 𝑝𝑜𝑙 1 4𝜋 0,75 ∙ 𝑝𝑜𝑙 4 = 21126 𝑝𝑠𝑖 52 = Mz Momento Torsor – Para a componente My= Ty =11.200 lb.pol, no ponto A, o raio r = c = 0,75 pol. Então a tensão cisalhante fica: 53 = My= Ty Resultado da Superposição 54
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