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Intoxicação exógena A intoxicação exógena ocorre quando há uma exposição a um agente tóxico (direto: a substância tóxica em si ou indireto: o produto metabolizado da substância) que causa agressão ao organismo. Vias de administração 1. Via oral: ● Mais comum para ingestão de agentes tóxicos. ● Ocorre a passagem desse agente pelo trânsito intestinal. ● Em alguns casos: o agente tóxico pode ser neutralizado pelo pH do estômago e pode ter seus níveis de toxicidade reduzidos, por outro lado, certas substâncias podem ter seus níveis de toxicidade aumentados (toxicocinética) 2. Via cutânea: Organofosforados (muito lipossolúveis). 3. Via inalatória: As células epiteliais tentam expulsar o agente através de mecanismos como tosse, espirro, porém se essa partícula for muito pequena, poderá alcançar os alvéolos e rapidamente atingir as grandes circulações. Epidemiologia É um problema de saúde pública que a partir de 2011 se tornou de notificação compulsória. Podem ser: - Não intencionais. - Intencionais: ● Suicídio ➔ Geralmente acontece por ingestão de medicamentos que são tóxicos porém a resposta do organismo do paciente vai depender da dose que ele ingeriu e da associação a outros medicamentos. ➔ Pode ser letal ou ter baixa letalidade. ● Homicídio - Óbito Podem levar ao óbito. Atendimento inicial da intoxicação exógena aguda Toda intoxicação suspeita ou confirmada deve ser tratada como potencialmente grave e a abordagem deve ser rápida e criteriosa, visto que mesmo os pacientes que não apresentam sintomas inicialmente podem evoluir mal. Primeiro passo → Breve Exame Físico 1. Identificar medidas imediatas para estabilizar e evitar piora. a) Sinais vitais b) Nível e estado de consciência c) Pupilas: diâmetro e reatividade à luz d) Temperatura e umidade da pele e) Oximetria de pulso f) Dextro g) ECG e monitorização cardíaca S/N h) Manter vias aéreas pérvias, IOT S/N i) Acesso venoso calibroso (coleta sg para exames) 2. Se intoxicação alcoólica (o álcool faz desidratação e sequestro de tiamina) ou hipoglicêmica - Administração tiamina e glicose IV se alto nível de consciência. 3. Se intoxicação por opióides - Administração naloxona se exposição a rebaixamento do nível de consciência, depressão respiratória e pupilas mióticas puntiformes. 4. Procurar sinais de trauma, infecção, marcas de agulha ou edema de extremidade. Diagnóstico da intoxicação 1. História da exposição - 5W ● Who? ➔ Dados relacionados ao paciente. ● What ➔ Substância utilizada ● When ➔ Horário da exposição ● Where ➔ Local da ocorrência ● Why ➔ Motivo da exposição. - Informações podem estar distorcidas ou omitidas especialmente em: homicídios, suicídios, uso de drogas ilícitas, abortamento ou maus tratos. - Paciente, se atentar à: ● Comorbidades; ● Medicações em uso; ● Tentativa de suicídio anterior; ● Ocupações; ● Acesso à substância; ● Uso de drogas na gravidez; - Agente tóxico: qual e quantidade. ● Trazer frascos ou embalagens. - Tempo de exposição (exposição repetida). - Local: Descrever a cena ● Frascos, embalagens, posição do paciente, carta ou nota de despedida em suicídio. ● Medicamentos usados por familiares - Motivo: circunstância da exposição: ● Tentativa de suicídio? ● Homicídio. ● Acidente. ● Abuso de drogas. ● Outras. 2. Exame físico - Odores característicos (p.ex. hálito etílico por conta do aldeído) - Achados cutâneos: ● Sudorese / Secura de mucosas ● Vermelhidão / Palidez / Cianose ● Desidratação / Edema - Temperatura (hipo ou hipertermia). - Alterações da pupila: ● Miose ● Midríase ● Anisocoria - Alterações do reflexo pupilar. - Alterações da consciência: ● Agitação. ● Sedação. ● Confusão mental. ● Alucinação. ● Delírio. ● Desorientação. - Anormalidades neurológicas ● Convulsão. ● Síncope. ● Alteração de reflexos. ● Alteração do tônus muscular. ● Fasciculações. ● Movimentos anormais. - Alterações cardiovasculares: ● Bradicardia. ● Taquicardia. ● Hipertensão. ● Hipotensão. ● Arritmias. - Anormalidades respiratórias: ● Bradipnéia. ● Taquipnéia. ● Ruídos adventícios pulmonares. - Achados do aparelho respiratório: ● Sialorréia. ● Vômitos. ● Hematêmese. ● Diarreia. ● Rigidez abdominal. ● Aumento ou diminuição dos ruídos hidroaéreos. Os sinais presentes podem determinar uma síndrome tóxica: - Sedativo-hipnótica. - Opióide. - Colinérgica. - Anticolinérgica. - Adrenérgica. - Serotoninérgica. - Extrapiramidal. 3. Exames complementares e toxicológicos - Gerais: depende do agente ● Exames laboratoriais: perfil de ureia, creatinina, potássio, sódio. ● ECG. ● Imagem: RX/TC. ● EDA - Toxicológicos (intoxicação aguda). Tratamento O tratamento adequado depende do agente envolvido, sua toxicidade e o tempo de exposição deste agente ao indivíduo. 1. Suporte clínico: Monitorização contínua dos sinais vitais, avaliar o que pode ocorrer nas 24h seguintes à exposição). 2. Medidas específicas de descontaminação: - Visa remoção do agente tóxico para diminuir sua absorção - Procedimentos de acordo com a via de exposição: ● Cutânea ➔ Retirar roupas contaminadas ➔ Lavar a superfície exposta com água abundante. ● Respiratória ➔ Remover vítima do local. ➔ Admt O2 umidificado. ● Ocular ➔ Colírio anestésico ➔ Lavagem com SF0,9% ou água filtrada (medial para externo) o Avaliação pelo Oftalmologista 3. Descontaminação - lavagem gástrica: a. Trato Gastrointestinal: - Avaliar nível de consciência antes de iniciar - Considerar IOT para proteção de via aérea S/N - Consiste na infusão e aspiração de soro fisiológico a 0,9% através da sonda nasogástrica ou orogástrica com o objetivo de retirar a substância ingerida. - Grande risco de aspiração: avaliar risco x benefício. - Contraindicações: ● Ingestão de cáusticos e solventes. ● Na ocasião de risco de perfuração e sangramento - Usar sonda de grosso calibre ● 18 a 22 adulto/ 10 a 14 criança. - Paciente em decúbito lateral esquerdo (diminui esvaziamento gástrico). - Infundi e retira o volume de SF 0,9% - Volume pela idade - Lava até volume total ou quando líquido límpido ● Criança: 10 ml/kg: Total: Escolares 4 a 5L / Lactentes 2 a 3L / RN 0,5L? ● Adultos: 250ml por vez: Total: 6 a 8L ou até líquido límpido. b. Descontaminação - carvão ativado. - Admt VO sem necessidade de sonda - Maioria em dose única - Doses múltiplas: ● Exposição a agentes de ação prolongada. ● Agentes de circulação enterohepática. - Crianças 1g/kg suspensão com água ou SF0,9% 4 a 8 ml/g. - Adultos 50g em 250ml de água ou SF0,9%. - Múltiplas doses: 4/4hs com catártico na terceira dose. - Contraindicações: ● RN / Gestantes / Pacientes debilitados ● Cirurgia abdominal recente ● Admt de antídotos VO ● Ingesta de cáusticos ou solventes ● Obstrução intestinal ● Substância que não é absorvida efetivamente pelo carvão: Ácidos / álcalis / Álcoois / Ferro. - Complicações do uso: ● Constipação e impactação intestinal. ● Broncoaspiração. c. Descontaminação - lavagem intestinal - Administração de polietilenoglicol por sonda naso enteral para induzir a eliminação do agente pelas fezes. - Raro usar ● Pacotes de drogas. ● Grande quantidade de substância tóxica não absorvida pelo CA: Ferro / Lítio. - Contraindicações: ● Íleo paralítico. ● Perfuração GI. ● Hemorragia GI. ● Instabilidade hemodinâmica. - Doses: Polietilenoglicol ● Crianças 9m a 6a: 500ml/h ● Crianças 6a a 12a: 1000ml/h ● Adolescentes e adultos: 1500 a 2000 ml/h. d. Descontaminação - antídotos - Atenuam ou neutralizam ações e efeitos do tóxico. - Não é a primeira conduta na maioria (Suporte e sintomáticos). e. Medidas de eliminação: - Potencializa eliminação do tóxico ● CA múltipla dose: ➔ Fenobarbital. ➔ Dapsona. ➔ Carbamazepina ● Alcalinização urinária: ➔ Potencializa excreção urinária de agentes. ➔ CI: Insuficiência respiratória, edema pulmonar ou cerebral e doenças cardíacas. ➔ Hemodiálise e hemoperfusão (raro uso).
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