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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE XXXX Processo n XXXXX Partido Político Frente Brasileira Ubida, já qualificado nos autos de Ação Direta de Inconstitucionalidade nº... que tramita perante o Tribunal de Justiça de XXXX, que move em face do Decreto n. 1968 editado pelo Governador do Estado Senhor..., também qualificado, vem respeitosamente e tempestivamente, por intermédio de seu advogado que ao final assina, interpor RECURSO EXTRAORDINÁRIO com fundamento no artigo 102, III, a e c da Constituição Federal (CF) e artigo 1.029 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC) pelas razões que seguem. Requer o recebimento e processamento do presente recurso, com a intimação da parte recorrida para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias na forma do artigo 1.030 do CPC, após que seja admitido com seu envio ao Supremo Tribunal Federal (artigo 1.034 do CPC). Requer ainda a juntada das custas nos moldes do artigo 1.007 do CPC. Nestes termos, pede deferimento. Goiânia 20 de Outubro de 2021. Luiz Gabriel Biano Marciano OAB Nº XXXX RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Recorrente: Frente Brasileira Unida Recorrido: Governador do Estado de XXXX Origem do processo: Tribunal de Justiça de XXXX N. origem: XXXX Excelso Supremo Tribunal Federal Colenda Turma Ínclitos Ministros Em que pese o respeitável saber jurídico do Plenário do Tribunal de XXX, a decisão proferida não foi acertada, apesar de não haver obscuridade, omissão ou contradição, é equivocada, e que não apenas as disposições do Decreto são inconstitucionais como também a própria interpretação dada pelo Tribunal de Justiça é incompatível com o ordenamento jurídico nacional, por não restar nenhuma medida judicial pertinente é que se interpõe o Recurso Extraordinário. I- Síntese fática Por conta de intensa movimentação popular, em protestos que chegaram a reunir mais de UM MILHÃO de pessoas nas ruas de diversas cidades do Estado, e que culminaram em atos de violência, vandalismo e depredação de patrimônio público e particular. O Governador do Estado de XXX edita o Decreto nº 1968. A pretexto de disciplinar a participação da população em protestos de caráter público, e de garantir a finalidade pacífica dos movimentos, o Decreto dispõe que, além da prévia comunicação às autoridades, o aviso deve conter a identificação completa de todos os participantes do evento, sob pena de desfazimento da manifestação. Além disso, prevê a revista pessoal de todos, como forma de preservar a segurança dos participantes e do restante da população. Desse modo, foi ajuizada Ação Direta de Inconstitucionalidade, perante o Tribunal de Justiça do Estado, alegando a violação a normas da Constituição do Estado referentes a direitos e garantias individuais e coletivos que são de reprodução obrigatória pela Constituição Federal. Ocorre que o Plenário do Tribunal de Justiça local, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado, de declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos do Decreto estadual, por entender compatíveis as previsões constantes daquele ato com a Constituição do Estado, na interpretação que restou prevalecente na corte. Alguns dos Desembargadores registraram em seus votos, ainda, a impossibilidade de propositura de ação direta tendo por objeto um decreto estadual. Apesar de não haver obscuridade, omissão ou contradição, a decisão proferida em única instância é equivocada, por não restar nenhuma medida judicial pertinente é que se interpõe o presente Recurso Extraordinário. II – DO CABIMENTO, DA TEMPESTIVIDADE E DO PREPARO Conforme dispõe o artigo 1.029 do CPC é cabível recurso extraordinário nos casos previstos na Constituição Federal, artigo 321 do Regimento Interno do STF e também o artigo 102, III, alínea a e c, prevê que o Supremo Tribunal Federal é o competente para processar e julgar, “mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta constituição e c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição”, tendo em vista que o Plenário do Tribunal de Justiça de Minas Gerais julgou improcedente ADI estadual n. ..., e pelo princípio da unirrecorribilidade, por haver apenas um tipo recursal para cada decisão, por não haver outro meio eficaz, é perfeitamente cabível o Recurso Extraordinário sendo o Supremo Tribunal Federal competente para processar e julgar. Quanto a tempestividade, tem-se que o recurso extraordinário é tempestivo visto que o prazo de interposição dos recursos é de 15 dias (artigo 1.003, § 5º do CPC), sendo contados na forma do artigo 219 do CPC, em dias úteis. O recuso encontra-se devidamente preparado, conforme guia de custas e recibos anexos, preenchendo o requisito disposto no artigo 1.007 do CPC. Preenchidos todos os pressupostos recursais de admissibilidade, tem-se que o presente recurso deve ser recebido e processado. III - PRELIMINAR: PREQUESTIONAMENTO E REPERCUSSÃO GERAL Sabe que o recurso extraordinário é recurso de fundamentação vinculada, devendo haver comprovação de prequestionamento e repercussão geral que deve ser demonstrada conforme dispõe artigo 1.035, § 2º do CPC. O prequestionamento se dá pelo esgotamento das medidas judiciais e instâncias recursais, em que pese a decisão do Plenário não haver obscuridade, omissão ou contradição, a decisão proferida em única instância é equivocada, e afronta não só a Constituição Estadual como fere diretamente a Constituição Federal, pois são normas de reprodução obrigatória, e toda essa questão foi ventilada na Ação Direta de Inconstitucionalidade, pressupondo assim que o tema já foi diretamente questionado. Em relação a Repercussão Geral, na forma do artigo 1.035, § 1º do CPC, tem-se que todo o tema debatido refleti diretamente com uma questão relevante do ponto de vista, político, social e jurídico, pois o objeto da ação visa proteger direito constitucionalmente e em pactos que o Brasil faz parte que é o direito de Reunião e liberdade de manifestação e pensamento. IV - DAS RAZÕES O objeto da ação direta de inconstitucionalidade estadual é Decreto nº 1968 que foi editado pelo Governador do Estado de xxxx a pretexto de disciplinar a participação da população em protestos de caráter público, e de garantir a finalidade pacífica dos movimentos, o Decreto dispõe que, além da prévia comunicação às autoridades, o aviso deve conter a identificação completa de todos os participantes do evento, sob pena de desfazimento da manifestação. Além disso, prevê a revista pessoal de todos, como forma de preservar a segurança dos participantes e do restante da população. Ocorre que, é direito tutelado pela Constituição Federal, e como norma de reprodução obrigatória também é tutelado pela Constituição Estadual, primeiramente o direito de reunião previsto como direitos e garantias individuais e coletivos não pela Constituição (artigo 5º XVI da CF) como pelo Pacto de São José da Costa Rica em seu artigo 15 do (Decreto 678/1992)é norma de eficácia plena e não depende de regulamentação, os requisitos é que deve ser pacifico, sem armas, que não frustre outra marcada anteriormente para mesmo local e data, e é independente de autorização, e para isso a única exigência é o prévio aviso, o Decreto editado pelo governador traz outras exigências como forma de inibir as manifestações, não há como saber quantas e quais pessoas participarão dos movimentos, que em sua maioria tem sua chamada por meio das redes sociais. O Supremo Tribunal entende que pode haver revista pessoal, desde que seja á indivíduos suspeitos, não é humanamente possível revistar todos os manifestantes que queiram aderir ao movimento, dessa forma tal Decreto visa inibir, coibir e até mesmo negar o direito constitucional de reunião e liberdade de expressar o pensamento e opinião (artigo 5º inciso IV da CF), portanto, o Decreto1968 e nem mesma a decisão do plenário do Tribunal de Justiça não razoável e muito menos proporcional, referindo o princípio da razoabilidade e proporcionalidade, e ainda o direito de liberdade previsto no caput do artigo 5º da CF. Ademais, o artigo 15 do Decreto 678/1992 prevê que as restrições ao direito de reunião se dará por lei, e a Constituição Federal já prevê os momentos que é permitida essa restrição que é em Estado de Sítio e em Estado de Defesa (artigos 139, IV e 136, I, a da CF). E por fim a dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III da CF) dos manifestantes estão sendo violadas, pois esse Decreto visa impedir, cercear o direito dos cidadãos em manifestar seus direitos de pensamento e reunião. Portanto, deve ser declarado inconstitucional. V- DOS REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto, requer-se a Vossa Excelência o recebimento e o provimento do presente recurso extraordinário para declarar a inconstitucionalidade do Decreto 1968 do Estado de xxxx, por afrontar a Constituição Federal que garante o direito de liberdade, liberdade de pensamento, e o direito de reunião que está sendo cerceado, coibido através do referido Decreto. Nestes termos pede deferimento. Goiânia, 20 de outubro de 2021 Luiz Gabriel Biano Marciano OAB Nº XXXX
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