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Curso de Ciganologia Por Luciana Saêta Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Índice Introdução A Origem Os ciganos pelo mundo Bandeira Cigana Hino Cigano Datas Comemorativas Espiritualidade Cigana Mediunidade Cigana Santa Sara Kali O Acampamento Cigano Constituição da Tsara Rituais Ciganos A Dança Cigana As Danças Rituais Trajes ciganos dentro da cultura Hierarquia Espiritual nas Tsaras Preceito Energias Os 04 Elementos Os elementos e suas representações Magia de Cada Dia Energia Solar e Lunar Símbolos Fogueiras Bibliografia Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 INTRODUÇÃO O curso de Ciganologia visa trazer conhecimento sobre a cultura cigana e sua relação com as Tsaras atuais, que trabalham a espiritualidade em prol de auxiliar pessoas em suas necessidades. Veremos desde o surgimento das raízes que temos conhecimento deste povo tão sofrido, mas tão persistente, ao que é utilizado nos dias atuais como ensinamento á quem busca conhecer parte desta história da humanidade que por muitas décadas fora escondida. A ORIGEM Sabemos que os ciganos são pessoas que viviam se deslocando de uma terra para outra em busca de garantirem sua sobrevivência. Por isso o apelido de “andarilhos”, na verdade nada mais eram do que nômades, que durante suas andanças, acabavam deixando pelo caminho os mais velhos e doentes, não por maldade, mas porque estes não conseguiriam acompanhar a caravana em suas viagens. Isto apesar de doloroso para seus familiares, ajudava a manter vivos os mais novos, pois garantiam assim o pouco alimento que conseguiam. Esta questão sobre a alimentação era sempre um fator determinante para escolherem para onde iriam, pois precisavam constantemente fugir do frio e suas restrições. Sempre em direção às terras mais quentes, onde a oferta de alimentos seria mais farta. Foi exatamente essas andanças do povo cigano (nômades) que fizeram confusão na cabeça de muitos historiadores. Não se sabia até o século passado de onde os ciganos surgiram. Contudo, hoje não há dúvidas que os ciganos são originários da Índia. Isto se comprova através de estudos linguísticos do Romani, idioma falado pelos ciganos e que tem raízes nas línguas indianas. Também por estudos culturais, existem associações entre a cultura Rom e a cultura indiana. Especificamente no caso dos ciganos, a peregrinação também acontecia por conta de perseguição e escravidão de sua raça. A perseguição mais remota que se tem conhecimento aos ciganos, foi na cidade de Sindi, cidade onde se tem os primeiros relatos históricos da Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 cultura romani e de onde foram capturados a mando de um rei Persa que exigia 10.000 luros, nome atribuído aos ciganos pelos persas, para povoarem novas terras, além de entretenimento. Alguns registros históricos mostram brigas e aprisionamento dos povos ciganos por disputas comerciais com artesãos e tapeceiros locais, o que contribuiu para que os ciganos fossem ainda mais perseguidos e escravizados. Após anos de perseguição e escravidão pela fragilidade e pela cultura, iniciou com a chegada do catolicismo a perseguição por crenças. Os ciganos eram confundidos com os turcos e, por isso, eram tachados de bruxos, feiticeiros e seguidores do demônio, levando a morte de muitos ciganos pela igreja. OS CIGANOS PELO MUNDO Qualquer que seja o ponto de partida, sabe-se que os ciganos se deslocaram do Oriente para o Ocidente até chegarem à Europa no fim do século XIV. Nessa época, os ciganos foram perseguidos pela Inquisição, o tribunal da Igreja Católica que julgava crimes contra a fé. Como conviviam tanto com mouros quanto com cristãos, os ciganos oscilavam do paganismo ao cristianismo, o que bastava para serem acusados de heresia. O pior é que os preconceitos em relação à religiosidade, à cultura e ao modo de vida nômade desse povo não ficaram restritos à Idade Média. Séculos mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os alemães mataram cerca de 400 mil ciganos, vítimas da ideologia nazista que defendia uma raça supostamente pura, a ariana, na Europa. Hoje, calcula-se que existam de 2 a 5 milhões de ciganos no mundo, concentrados principalmente na Europa Central, em países como as Repúblicas Checa e Eslovaca, Hungria, Iugoslávia, Bulgária e Romênia. Durante as andanças pelo mundo, eles influenciaram a cultura de várias regiões. Um bom exemplo vem da Espanha, onde a rica tradição da música e da dança ciganas deu origem ao flamenco. Também foram escravos na Hungria e Transilvânia sob as acusações de roubo, antropofagia e outras violações da lei. Na Boêmia os ciganos tinham Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 a orelha esquerda cortada se aparecessem na região e lá também foram acusados de canibalismo. Em períodos mais recentes, juntamente com os judeus, prevê-se que talvez cerca de meio milhão tenha perecido no Holocausto. Os seus cavalos foram mortos a tiro, os seus nomes alterados (daí que não seja difícil encontrar ciganos com nomes dos gadjes) e as suas mulheres foram esterilizadas. Os seus filhos foram brutalmente retirados às suas famílias e entregues a famílias não-ciganas. Numerosos emigraram para Portugal, indo mais tarde alimentar as chamas da fogueira da Inquisição de D. João II que promulgou leis de punição. Documentos atestam que chegaram na Inglaterra por volta de 1430 e logo se espalharam pelas Ilhas Britânicas, País de Gales, Irlanda e Escócia, onde também foram perseguidos e em 1563 as autoridades ordenam que abandonem o país em três meses sob pena de morte. Acreditando que os ciganos vinham do Egito, os ingleses chamaram os de "gypsies". Trabalhavam como menestréis e mercenários, ferreiros, artistas, e damas de companhia. Na Espanha um decreto de 1449 ordena o desterro de todos os que não tenham ofício reconhecido, nos séculos XVI e XVII são perseguidos e torturados para confessarem seus crimes. Em 1663 Felipe IV os proíbe de se reunirem, de usarem seu idioma, suas roupas e danças. O objetivo era a desculturalização e desintegração como grupo, até que em 1783 sob o reinado de Carlos II fez se uma política mais favorável e foram considerados neo castelhanos. As denominações variam conforme o lugar que estão. Mesmo possuindo uma só origem, o povo cigano, durante perseguições e injustiças ao longo dos séculos, tenta conservar sua cultura e tradição inalteradas até os dias de hoje. Uma prova disto é o romanês, o idioma universal cigano falado pelos clãs no mundo. Atualmente, dentre dezenas de grupos ciganos, os que predominam são os seguintes: Grupo Kalon – falam o calon, são originários do Egito; durante séculos situaram-se na Península Ibérica (Portugal e Espanha) e se espalharam por outros países inclusive da América do Sul deportados ou migrantes. Os Kalons, em algumas situações, tiveram que ocultar sua origem, criando um dialeto próprio, extraído da língua regional. O nomadismo é maior entre esse grupo. Os Rom ou Roma falam a língua romani e são divididos em vários sub grupos com denominações próprias como os Matchuaia (originários da Iugoslávia), Lovara e Churara (Turquia), Moldovano (originários da Rússia), Kalderash (originários da Romênia) Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Marcovitch (Sérvia), . Sinti falam a língua sintó e são mais encontrados na Alemanha, Itália e França, onde também são chamados Manouche. Fazem parte desta divisão as famílias Valshtiké, Estrekárja e Aachkane todas francesas. BANDEIRA CIGANA Em 1971, acontecia na cidade Orpington, Inglaterra, o primeiro Congresso Mundial Romani e lá foieleita e adotada a bandeira representante da etnia Rhomá (ciganos). A bandeira escolhida era da Associação Geral dos Ciganos da Romênia, nas cores verde e azul com uma roda vermelha ao centro de dezesseis aros, referenciando a bandeira indiana, pátria original dos ciganos. A bandeira traz a cor verde embaixo representando a terra, o azul acima representando céu e a roda vermelha que faz referência à roda de 24 aros da bandeira indiana – O Ashoka Chakra. A roda representa o movimento da vida e a evolução. Sua cor vermelha é símbolo de vida e boa sorte. Esse movimento da vida e esse simbolismo vão de encontro as rodas dos vurdá (carroça) que aludi ao nomadismo cigano. Essa bandeira, apesar de conhecida mundialmente como um ícone da cultura rhomá, não é aceita por todos. Na Europa Oriental existem grupos que possuem suas próprias bandeiras e que defendem a ideia de cada grupo étnico possuir sua própria bandeira. Essa bandeira traz o peso do reconhecimento e fortalecimento étnico de um povo. Ela mostra uma identidade e uma conquista pela sua cultura, liberdade e aceitação quanto seres livres. Para quem não é cigano, não foi escravizado, morto e subjugado, não consegue reconhecer a importância representativa dessa conquista. A bandeira tem sido usada como símbolo cigano em muitas Tsaras e outros grupo religiosos, porém, a bandeira é um símbolo recente e de um povo vivo. A utilização da bandeira em templos e cultos se torna erronia quando usada para representar entidades, já que essas não “conheceram” tal bandeira. Existe uma certa hostilidade em alguns grupos ciganos quanto o uso da bandeira para fins litúrgicos, ao mesmo tempo que essas pessoas que Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 praticam tal filosofia são as que defendem e levantam a bandeira de aceitação e humanização desse povo. HINO CIGANO Também no Primeiro Congresso Mundial Romani, ficou decidido o hino cigano. Desde 1971, a canção Djelem, Djelem, como é conhecida no Brasil, foi oficialmente aprovada como hino do povo cigano. A letra do hino foi composta por Zarko Jovanovic, cigano sérvio que foi prisioneiro em três campos de concentração durante o holocausto. Na letra da canção Djelem Djelem, ele expressa sua dor e experiência passada no Porajmos em forma de lamento. Exatamente por mostrar a dor da perseguição e todo horror vivido, Djelem Djelem foi escolhida como hino de todo o povo. O título, assim como a letra, já ganhou algumas adaptações. Maneira de adequar aos grupos rhomás de diversos lugares. Alguns exemplos de títulos alternativos são Opre Roma, Romale Shavale, Jelem Jelem, Dzelem Dzelem etc. Alguns gadjes (não ciganos ou forasteiros) em tremenda falta de conhecimento ou respeito tem usado o hino desse povo para apresentações de dança e comemorações em Tsaras ou outros templos. Uma vez que o hino é a expressão da dor passada por milhares de rhoms, dançá-lo é no mínimo desrespeitoso com toda uma nação. As confusões e apropriações culturais estão fazendo religiosos desinformados perderem seus nortes e invadirem espaços que não os pertencem. Ter como base de uma filosofia religiosa um povo lúdico, misterioso e reservado, faz com que o seguidor de tal doutrina se perca na fantasia do ego. LETRA DO HINO CIGANO Em Romani: Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Djelem Djelem Djelem, Djelem lungone dromentsa Maladjilem bhartalé romentsa Ai, ai, romale, ai shavalê (bis) Naís tumengue shavale Patshiv dan man romale Ai, ai, romale, ai shavalê (bis) Vi mande sas romni ay shukar shavê Mudarde mura família Lê katany ande kale Ai, ai, romale, ai shavalê (bis) Shinde muro ilô Pagerde mury luma Ai, ai, romale, ai shavalê (bis) Opré Romá Aven putras nevo dromoro Ai, ai, romale, ai shavalê (bis) Em Português: Caminhei Caminhei Caminhei, caminhei longas estradas Encontrei-me com romá (ciganos) de sorte Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos Obrigado rapazes ciganos Pela festa louvor que me dão Eu também tive mulher e filhos bonitos Mataram minha família Os soldados de uniforme preto Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos Cortaram meu coração Destruíram meu mundo Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos Pra cima Romá (Ciganos) Avante vamos abrir novos caminhos Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos!!! DATAS COMEMORATIVAS Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Para concluir o estudo sobre a História cultural e geográfica dos ciganos, vamos abordar algumas datas culturalmente importante para este povo: 08 de abril – Dia Internacional dos Povos Romani (Ciganos). Foi oficializada em 1990 durante o IV Congresso Mundial Romani, realizado na cidade de Serock, na Polônia. Esta data foi escolhida em homenagem ao I Congresso Mundial Romani, realizado no período de 8 a 12 de abril de 1971, nas proximidades de Londres, Inglaterra. 24 de maio – Dia Nacional do Cigano. Foi instituída por decreto presidencial em 25 de maio de 2006 com o objetivo de dar maior visibilidade aos povos romani que compõem a população brasileira. 25 de maio – Dia Internacional de Santa Sara Kali, padroeira dos povos Romani. Tem maior influência no Brasil e em alguns países europeus. A escolha da data está associada ao dia das Virgens negras, 26 de maio. Pela semelhança da pele e das lendas, Santa Sara foi vinculada ao culto das Virgens Negras, porém, a data de sua celebração e peregrinação acontece um dia antes do dia das Virgens. 2 de agosto – Dia em Memória do Holocausto Cigano. Sua história e os horrores promovidos pelo regime nazista, agravados durante o período da II Guerra Mundial, adquiriram grande visibilidade nas últimas décadas. Porém, ainda é pouco conhecido, reconhecido e divulgado o massacre da população romani e a perseguição étnica sofrida por este grupo neste período. ESPIRITUALIDADE CIGANA A Religião seguida pelos ciganos segundo Yago Giab Kalderash, 52 anos: "Guardamos a sete chaves o segredo de nossa verdadeira religião e os preceitos religiosos que atendem às nossas tradições, até para nos defendermos das perseguições daqueles que nos consideram pagãos e infiéis. Rendemos oferendas, acreditamos nas forças da natureza como demonstrações das divindades, acreditamos que não existe um Paraíso e um inferno determinados como destino final de toda alma vivente na face Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 da Terra. Cremos em Bel-Karrano e Sara, o Pai e a Mãe, o Sol e a Lua, o Dia e a Noite. Bel-Karrano é Pai, soberano e generoso e doador do livre-arbítrio a todos os filhos sem distinção. Conhecemos a Lei de causa e efeito, da ação e reação, assumimos as dores e sofrimentos que nós mesmos geramos. Acredito que o ser humano sofre em razão de seus incorretos pensamentos, sentimentos, palavras e ações. Quero dizer que não transfiro a Bel-Karrano a responsabilidade pelo castigo por meus erros e faltas. Bel-Karrano deve ser louvado e venerado por sua grandeza. Ele é fonte de graças. O costume de nossos antepassados era a conversão à religião dominante do país onde montávamos as nossas tendas e como a maioria dos países era católico, declarávamos seguidores da fé católica, o que sem dúvida facilitava nossa andança por terras europeias e por muitos países da América. Nós éramos (e ainda somos) atormentados pelos não-ciganos por nossos costumes, nossa vida nômade, nosso modo de vida festivo e carregamos injustas famas de falsários, ladrões e não queremos acumular mais uma perseguição por causa da religião, mas no passado foi a principal perseguição, nós morríamos na fogueira, isso complicaria ainda mais a nossa vida. Esta nossa atitude é inteligente e não falsa. Nós fomos duramente castigados por cultuarmos nossas verdadeiras divindades. O que fizemos, então? Colocamos santoscatólicos a modo de disfarce de nossas reais divindades e apaziguamos a ira dos não ciganos e ganhamos inclusive a sua simpatia. Apesar de declararmos seguidores da fé católica e adotarmos muitos de seus preceitos, mandamentos e festas como a comemoração respeitosa da Semana Santa também trazíamos nossas divindades feminina e masculina que não se acomodavam às religiões cristãs. O que fizemos então? Fomos buscar em uma figura feminina considerada santa e cristã. Sara ou Santa Sara, a nossa mais venerada padroeira". MEDIUNIDADE CIGANA A espiritualidade que hoje vemos dentro das Tsaras e em outros segmentos, onde o principal meio de interlocução com as entidades é a incorporação, iniciou na Umbanda. As entidades ciganas ou o culto a espiritualidade cigana não nasceu junto da Umbanda, esse movimento foi acontecendo de forma gradual e teve maior aceitação e reconhecimento como falange na década de 90. Antes disso era comum vermos entidades ciganas Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 interagindo em outras falanges, mas não eram ainda um grupo unificado e coeso. Com o crescimento do número de médiuns e adoradores por essas entidades, formou-se a falange do povo do oriente. As entidades ciganas originalmente trabalham auxiliando seus devotos em assuntos financeiros e amorosos. Os dois segmentos que mais prendem as pessoas, por isso, o culto a essa falange foi crescendo tão rapidamente. Outro motivo pelo qual o culto a falange cigana cresceu tão rapidamente foi a telenovela, que fez mais pessoas criarem afinidade com estas entidades. Esta falange espiritual ganhou corpo e cresceu de tal maneira que iniciaram cultos separados para seu povo e sua santidade, Sara Kali. Temos hoje uma apropriação cultural de uma raça. Um povo que tem sido usado e abusado por aqueles que “brincam de serem ciganos” e não entendem o limite entre religião e raça. Existem diversos ciganos umbandistas e que cultuam a falange cigana dentro da Umbanda, assim como cultuam as outras entidades ali presentes. O que não existe é um reconhecimento da parte dos ciganos por essas entidades como sendo ancestrais deles. O mesmo acontece com indígenas que tem seus cultos e crenças comuns ao seu povo e não veem um caboclo como seu igual. Os ciganos cultuam seus antepassados, porém, sem ofertar frutas, bebidas ou incorporações. Fazem celebrações aos mortos sem torná-los divindades. SANTA SARA KALI A padroeira do povo cigano teve sua canonização em 1712, mas foi omitida pela igreja até o século XX. A catedral de Santa Sara Kali fica em Saint Maries de La Mer, sul da França, onde comemoram com procissões e banhos de mar o dia da santa. As cores de santa Sara são o azul, rosa, branco e dourado, mas é comum ofertarem lenços de diversas cores em troca dos seus feitos. As festividades dos dias 24 e 25 de maio, data que se comemoram mundialmente o dia de Santa Sara Kali, são repletas de adornos de flores e chuvas de pétalas que compõe o caminho por onde a procissão segue. A lenda mais conhecida diz que Sarsa era escrava e foi jogada ao mar junto com Maria Madalena, Maria Jacobé, Maria Salomé, José de Arimatéia e Trofino. Durante a deriva, sem remos e sem provisões, em meio a total desespero por parte de todos, Sara veste seu diklô e clama a Jesus prometendo que se todos sobrevivessem, ela usaria seu lenço até o último Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 de seus dias. Milagrosamente a embarcação ultrapassa as intempéries e atravessa o oceano até Petit-Rhône, a atual Saint Maries de La Mer. Outra lenda diz que Sara Kali seria o próprio Santo Graal. Filha de Jesus e Maria Madalena, Sara teria sido tão perseguida quanto seu pai e por isso fugiram pelo mar, chegando até Petit Rhône. Muitas são as lendas que envolvem a vida de Santa Sara, entretanto, ninguém sabe ao certo onde começou a adoração por ela e como sua imagem surgiu dentro da igreja. Dentre todas as especulações sobre sua história e como começou a idolatria dos ciganos daquela região por ela, vamos a alguns fatores que possibilitariam tal adoração: Sara era negra, tal como os ciganos; Sara foi encontrada “estátua” embaixo da igreja, no barro, assim como umas das lendas de onde os ciganos surgiram; Sara vivia as margens da cidade, assim como os ciganos. Sara era uma chave igualitária de conexão entre o povo cigano e Duvvel (Deus ou criador). Santa Sara ficou muito famosa no Brasil após aparecer como padroeira do povo cigano na novela “Explode coração”. Contudo, a idolatria por esta santa não é comum a todos os ciganos do mundo. Existem diversos clãs que não reconhecem a santidade dela ou são adeptos a outras santas. A história e culto de Santa Sara se intensifica pela semelhança dela com as virgens negras, “divindades” conhecidas por toda Europa. Santa Sara ficou muito conhecida pelos milagres concedidos as mulheres que não conseguiam engravidar e faziam promessas de ofertarem um diklô na gruta de Santa Sara. Outras pediam a Sara que intercedessem por elas perante a Deus para alcançarem suas graças (casamento, filhos, amores). Bom, não precisamos dizer o quanto deu certo tudo isso. Contudo, Santa Sara não é apenas protetora das mulheres de dy chuco (ventre seco), mas também dos perseguidos e humilhados. No Brasil, a semelhança entre Sara Kali e Nossa Senhora Aparecida, fez com que os ciganos adotassem Nossa Senhora como uma “segunda” padroeira. O que levou as comemorações ciganas agregarem mais uma data, o dia 12 de outubro. Outra lenda conta que Sara era a filha de Jesus e Maria Madalena e que teria nascido na Índia, onde Kali, em sânscrito, significa negra, também tem esse significado em romani. A lenda diz que Maria Madalena após ter deixado sua fortuna e sua vida para trás, seguiu junto ao messias e se tornou a mulher mais próxima de Jesus. No livro de Maria Madalena que Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 está no acervo do Vaticano, conta sobre sua vida ao lado de Jesus. O livro da Saga dos Capelinos “Jesus – O divino mestre” do autor Albert Paul Dahoui, conta sobre a filha de Jesus com Maria Madalena, Sara, ser o Santo Graal. Vejamos agora algumas ritualísticas para Sara Kali: Além do tradicional manjar branco com rosas, existem diversos rituais para celebrar ou agradecer a Santa Sara Kali. Antes, por que o manjar? O manjar é um prato antigo que apesar de ter relatos de sua origem ser indiana, suas primeiras receitas são árabes. O manjar inicialmente era um prato salgado e servido somente para a nobreza. No entanto, o manjar também era um prato servido aos enfermos, porém para esse público era posto o açúcar, pois na época o açúcar era considerado medicamento. Com sua chegada na Europa o Manjar ganhou o nome de Blancmanger “comer branco”, e é desse “manger” que o nome se tornou manjar. O prato que era nobre passou a ser ofertado a Sara por causa de seu nome. Sara significa princesa ou nobreza em hebraico e logo foi associado a um prato “a sua altura”. O manjar pode ser feito para diversos fins e de diversas formas e até trabalhados juntos a outros materiais, como os lenços por exemplo. Os lenços nem sempre são dados a Sara em forma de agradecimento por algo conquistado. Algumas vezes em Tsaras ou nas Slavas os lenços são adornos e em outras vezes são elementos ritualísticos. Lenços possuem grande significados dentro dos ritos na espiritualidade cigana, cada cor traz uma representatividade. Além dos rituais para Santa Sara, os lenços também representam as mestrias e compunham muitos de seus rituais. Aqui algumas cores e seus significados dentro das ritualísticas. • Branco – Paz e espiritualidade. • Azul claro – Tranquilidade, serenidade e relaxamento. • Azul escuro – Intuição, filhos, esclarecimento. • Amarelo – Agradecimento, prosperidade, crescimento. • Rosa – Amor, compaixão,autoestima, maternidade. • Vermelho – Agilidade, força, caminho. • Lilás – Amores correspondidos, amor próprio, evolução. • Violeta – Transformação, justiça, cura espiritual. • Verde – Cura física, plenitude, vitalidade. • Laranja – Bençãos, relacionamento, cura emocional, comunicação. • Cinza – Blindagem, desaparecimento. • Preto – Proteção energética. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 O ACAMPAMENTO CIGANO No acampamento, durante o dia, podem-se observar ciganas nas lidas domésticas, outras se dedicando à cartomancia, outras cozinhando, atividades comuns no cotidiano que aqui são improvisadas. Os homens realizam os serviços braçais como descarregar bagagens e mantimentos, buscar água em latões, além de comprar alguns alimentos no centro da cidade. A dança é sagrada nos acampamentos, é o principal modo que eles usam para dizer: “Vencemos a maldade, acabamos com o silêncio e afastamos a solidão. Dançamos para Sara.” CONSTITUIÇÃO DA TSARA Apesar de muito se falar e comparar a vida dos grupos ciganos com a espiritualidade vivida dentro das Tsaras, é essencial que se entenda a diferença e a distância entre os ciganos e a espiritualidade cigana. Não abordaremos a vida dentros das kumpanias, apenas quando objeto de elucidação, justamente para não criar ainda mais enlaçamento entre entidades e cultura. Muitos ciganos de sangue, ainda hoje, não aceitam a espiritualidade dentro das Tsaras. Convivem com ela pela benfeitoria levada a seu povo, pois muitos seguidores da espiritualidade cigana criaram ou participam de ONGs e projetos que visam ajudar e melhorar a vida dentro dos clãs. Isso causou aproximação entre povo e religião. Ambos se beneficiam desses projetos. Os praticantes dessa doutrina adotaram o povo cigano e se intitulam “ciganos de alma”. Essa nova visão fez crescer as contribuições para os acampamentos, levantou recursos, instalou projetos e deu uma nova perspectiva de vida aos ciganos mais pobres que antes viviam esquecidos. Existem diversas teorias dentro da rhoma sobre as entidades ciganas. Alguns acreditam serem ciganos banidos, outros que são apenas entidades se manifestando dentro de uma roupagem específica, há ainda os que não aceitam e não reconhecem tais cultos e entidades. As celebrações, batizados, casamentos etc. realizados dentro de uma Tsara não são reconhecidos pelos grupos ciganos. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Para eles apenas um cigano nascido dentro da Kumpania pode realizar uma celebração em nome de seu povo. Dentro das Tsaras encontramos diversas nomenclaturas e regras que são comuns entre os ciganos de sangue. O que dentro das Tsaras significam cargos na espiritualidade, na rhomá são nomenclaturas existentes que dão classificação, respeito e diferenciação dentro da estrutura cultural. Esses nomes fazem parte dos passos iniciáticos que mostram evolução espiritual. Contudo, o valor e peso dado na religiosidade não dá a ninguém título cigano e não faz de ninguém cigano, seja de alma ou de sangue. Algumas nomenclaturas dentro dos clãs: • Barô – Avô • Barí – Avó • Baba – Avó • Bibi – Tia • Kaku – Sábios • Phurô – Velho • Shuvano – Velho • Shuvani – Velha • Phuri – Velha • Puri Day – Matriarca • Kalinata – Operária • Ratoy – Idem a kalinata RITUAIS CIGANOS Ritual de Nascimento: O cigano preserva muito a sua sorte. Existem várias crenças para mantê-la, da vida uterina até a morte. Diariamente a gestante cigana faz um ritual simples para que a criança ao nascer tenha sorte: ao avistar os primeiros raios de sol, passa a mão em sua barriga; da mesma forma, logo que vê os primeiros raios de luar, ela repete o gesto, desejando sorte e felicidade para o bebê. Esta é a forma dela saudar as forças da natureza e pedir-lhe as bênçãos de suas luzes para a vida que já existe em seu ventre. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 No sétimo dia após o nascimento da criança a mãe dá um banho no bebê, jogando moedas e jóias de ouro e pétalas de rosas em sua água, para que o filho ou filha conheça sempre a fartura, a prosperidade e a riqueza. Após o banho a criança é apresentada á Lua, para que receba a magia de seus ancestrais. O Batizado Cigano: O batismo é um dos momentos mais importantes na vida cigana, tanto quanto o casamento e assim por diante. É motivo de muita festa e com características gerais e peculiares entre todos os clãs que acompanham os hábitos e a tradição familiar e de raça de cada um. Em geral, a criança que será batizada costuma estar vestida todo de branco e deve permanecer junto de seus padrinhos, formados por casais, podendo ser mais de um. Os homens ficam de um lado e as mulheres do outro. O padrinho acompanha e participa de toda a cerimônia batismal permanecendo ao lado de quem está sendo batizado, o tempo todo fazendo parte efetiva de tudo e oferece como presente naquele momento uma moeda de ouro que leva o nome de galby, com o propósito de lhe trazer fortunas e muita sorte, com prosperidade e saúde, assumindo a responsabilidade como um segundo pai. Esse galby será usado no pescoço com uma corrente de ouro para toda a vida. Costuma-se ganhar também um punhal, que na cerimônia se encontra em um lugar específico, onde se mantém o pão, sal, água, óleo, para serem utilizados na cerimônia, seguindo-se de festa que geralmente dura até três dias. Menarca: Este ritual representa a morte da criança e o nascimento da mulher. Adolescência é um conceito inexistente na cultura cigana. A dança mostra que é possível àquela cigana dar continuidade ao nosso povo. A ciganinha ficará em média 12 dias presa com a sua boneca preferida. A quantidade de dias refere-se a idade da criança quando da primeira menstruação. Esse momento é para que se despeça de sua vida na infância, mostre coragem e amadureça para a vida adulta. A menina será alimentada com comidas especiais de Lilith. No último dia será tatuada com o nome do clã a qual pertence. Sentirá dores porque a pele será perfurada e sangrará e o sangue menstrual e o Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 sangue do corpo significam pureza. Terá que demonstrar força e não poderá chorar. Deverá mostrar a coragem das mulheres ciganas. A dança realizada após esses 12 dias é uma dança de feminilidade. Elas fazem os movimentos graciosos e omitem a força como uma moldura para seus movimentos corporais. Depois da dança a menina joga a boneca no chão e completa-se o ciclo da dança e mais um ciclo de sua vida. O Casamento Cigano: Os casamentos ciganos cumprem uma espécie de acordo entre a família da noiva e a família do noivo. A família da noiva oferece o dote, que pode ser pago em cavalos, joias, dinheiro, ou outros bens da família. Na cama de casados dos noivos, é colocado o dinheiro oferecido pelas famílias, e quem visita a casa também costuma contribuir com dinheiro para a nova vida dos noivos. A maioria dos casamentos são celebrados especialmente em janeiro, pois é mais favorável para a proteção da mulher, porque este mês é dedicado a celebrar a deusa Lilith, primeira mulher de Adão e defensora das mulheres. O mês de janeiro é também considerado o mês da fertilidade. Os convites são entregues em mão juntamente com um doce ou com flores. É prática comum a noiva levar consigo, grãos de cereais ou certas ervas como um ritual de fertilidade. O bolo de casamento é tipicamente feito com mel, sementes de sésamo e marmelo, simbolizando o bom e o mau que poderá aparecer pela vida afora. As ciganas mais antigas preparam a noiva e os alimentos para a festa e durante o preparativo compartilham a felicidade da união. Durante a festa é servida uma bebida envolta em um tecido vermelho que é guardada desde o nascimentopelos pais do menino e é aberta nesta festa. A noiva oferece um cravo vermelho e recebe dinheiro em troca. Quem dirige a cerimônia do casamento é o patriarca do clã. Ele recita orações quando corta delicadamente os pulsos dos noivos com uma lâmina. Depois os junta para consumar a "união de sangue". Os convidados gritam "Brau!" (Viva!). Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Então o pai da noiva faz essa declaração ao pai do rapaz: - Sardento murrachá en surisardento, sararakêsa gadiá avelato. Gardiá sararakessa aveia tu borí. Nassunakaí nai galbi kaídalto umassi morrorat" (Eu te dei a minha filha em casamento, mas um dia posso pegá-la de novo. Se cuidares dela terás nora. Não é dinheiro e nem ouro que te dou, mas sim um sangue meu). Os jurados aplaudem no momento em que o pai do rapaz beija a noiva do filho. O patriarca da cerimônia fala nesse momento: - Messolaráu kessim pekakoabiaú me sai putráu o abiau, sarmé likau ke pukinel laxiar. (Eu testemunho que estou presente neste casamento e mais tarde posso ver o final dele. Como ele está vendo, diz o patriarca olhando para o pai da noiva, a filha está paga). O patriarca beija os cônjuges. Os convidados batem palmas e gritam novamente Brau! Eles já estão casados. A orquestra começa a tocar várias "kaiaskê romanês" (músicas de entretenimento). Começa a grande festa de três dias e três noites. Uma das músicas do repertório é "Nonô nanê gaji" (Não queremos mulheres não-ciganas). No terceiro dia após a cerimônia de casamento é dada uma trégua na grande festa: os convidados esperam o resultado do ritual do desvirginamento. Os recém-casados manterão relações sexuais aguardados por uma comissão de parentes. A cerimônia tem versões diferentes conforme as tribos. Há comunidades ciganas em que o desvirginamento é feito pela matriarca. A matriarca rompe o hímen e provoca o sangramento. Passa-se um pano para que se manche de sangue, uma prova da pureza da moça que é dada ao marido. Quando é realizado pelo marido, os ciganos mais velhos aguardam do lado de fora da Tsara (tenda) e, consumado o casamento, passa-se um pano branco para recolher o sangue. Se não houver sangramento ou qualquer prova concreta de que a moça é virgem, o noivo pode decidir se a aceita ou não. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 A frase de recusa é: - Ertinangê ke me tigenauas godiabuki. (Senhores desculpem-me. Nem eu sabia o que estava acontecendo). Nesse caso o casamento é desfeito e se instala um clima de guerra entre as famílias: a moça é punida com uma violenta surra do pai que tem de devolver o ouro pago pelo casamento. Se o rapaz quiser a noiva apesar dela não ser virgem, ele comunica à comissão: - "Apô kanai vai cheibari melaula gadiá sarçi" (Já que ela não foi "moça", eu aceito do jeito que ela é). Nesse caso, o pai está impedido de dar uma surra na filha, mas tem de devolver o ouro ou o dinheiro recebido pelo casamento do mesmo jeito. Em todo caso, fica com a reputação manchada. Afinal, para os ciganos, a virgindade é o símbolo da honra da família. Ritual de luto – Pomana Para os Ciganos, a morte, ou luto pelo desaparecimento de uma pessoa da família, dura em geral muito tempo. Para os Ciganos, prevalece o costume e a tradição de queimar o carroção, ou a tenda, ou o trailer onde o cigano ou cigana vivia e os objetos pertencentes a eles também. Se morar em apartamento ou casa, só queimam os seus pertences. Os ciganos acreditam na vida após a morte e seguem todos os rituais para aliviar a dor de seus antepassados que partiram. Costumam colocar no caixão da pessoa morta uma moeda, para que ela possa pagar o "canoeiro" a travessia do grande rio que separa a vida da morte. Antigamente, costumava-se enterrar as pessoas com bens de maior valor, mas devido ao grande número de violação de túmulos este costume hoje em dia, já teve que ser modificado. Os ciganos não encomendam missa para seus entes queridos, mas oferecem uma cerimônia própria com um ritual cigano, que tem muita água, flores, frutas e suas comidas prediletas, onde esperam que a alma da pessoa falecida, compartilhe a cerimônia e se liberte gradativamente das coisas da Terra. As cerimônias fúnebres são chamadas "Pomana" e são feitas periodicamente até completar um ano de morte do cigano ou cigana. Os ciganos costumam fazer oferendas aos seus antepassados também nos túmulos. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Como o povo cigano acredita na vida após a morte, é costume fazer todos os rituais de purificação da alma para que ela se livre do seu Karma dado na terra e assim, siga em paz seu caminho de luz. Durante um ano, todos os dias quando se colocam a mesa para as refeições, coloca-se também um lugar mesa com um prato, representando a pessoa que já se foi. Eles acreditam que durante um ano, o espírito da pessoa, ainda fica ao lado da família e principalmente na hora das refeições, que é um momento muito importante para o povo cigano. Os ciganos da Europa, acreditam que quando se escuta um pio de uma coruja distante é sinal que uma pessoa muito próxima a nós irá morrer, porém se o pio da coruja é alto e forte, uma pessoa distante passará entre os mundos dos vivos e dos mortos. Quando uma pessoa anciã de um Clã Cigano está doente e sua morte foi prevista, é avisado a todos os seus parentes de longe e de perto, não importa onde esteja, a vida, a doença e a morte do mais velho é prioridade sobre todos os outros assuntos e entre todos os Clãs Ciganos. Neste caso, várias providências serão tomadas em favor do doente. O doente nunca ficará sozinho, até o seu último suspiro. Este momento é de muita união dentro do Clã cigano, onde todos o ajudam. Mas é um momento que se manifesta muito pouca emoção, em relação ao doente. Quando acontece a morte, os ciganos acreditam que seu espírito ficará entre o mundo dos vivos e dos mortos até que seja feito o enterro. Eles acreditam que tem que se facilitar a passagem para o mundo dos mortos, e para isso é feito um ritual, chamando um Kakú (feiticeiro cigano) e uma Shuvani (feiticeira cigana). Esse ritual é feito no silêncio das florestas e próximo a água corrente, sem que ninguém do Clã saiba, somente uma pessoa responsável pela família. Outro costume e tradição cigana é feita com uma pequena fogueira acesa, bem distante do fogo da cozinha, assim que a pessoa morre, esse fogo deverá ser feito de uma forma que não se apague. Coloca-se em suas chamas, tomilho, sálvia, alecrim e eucalipto, porém deve seguir essa ordem. O nome da pessoa morta deverá ser repetido 09 vezes, enquanto o Kakú ou a Shuvani, dão sete voltas em sentido anti-horário em torno da fogueira e depois o fogo deve se apagar sozinho e lentamente. Feito o enterro, todos participam dos rituais da Pomana (feito após a morte e enterro) este ritual é em homenagem ao morto. Nesse ritual, todas as comidas prediletas da pessoa falecida serão servidas de forma cuidadosa, Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 preparada e decorada para tal evento, e o lugar do morto á mesa estará assegurado. A partir desse momento, o morto será lembrado, e sua memória reverenciada por todos, afinal eles acreditam, que o espírito da pessoa morta, ainda esteja protegendo todos do Clã, sendo ele um mensageiro. Acreditam também que a pessoa continua rodeando e amparando aqueles que deixaram no mundo dos vivos. Após o funeral, que deve ser feito perto de um rio , ou mar ou lago; o mais velho do Clã, coloca um pão e uma vela apagada na água do rio, ou lago e deixa ir embora, como se fosse a despedida do espírito e pedindo que esse espírito, encontre a paz e a luz nesse caminho. Após tudo feito e 3 dias depois, os Ciganos fazem uma festa em homenagem a pessoa morta, com tudo o que apessoa gostava e muitas flores e cores. Mesmo com tristeza, eles dançam e cantam seus lamentos ciganos com alegria, para quem se foi não ficar triste também. A DANÇA CIGANA O som do violino corta a noite. Ele acorda os espíritos ciganos que vêm da Espanha, onde moram em castelos de pedras ou nas praças de touros. Pandeiros, palmas, castanholas, cânticos de amor e ciúme, apologias de liberdade e lamentos dos sofrimentos desse anoitecer nas moradas ciganas. Saias vermelhas, xales negros, pulseiras prateadas como a Lua - Deusa de todos os ciganos. E, enquanto aumentam os cantos e se esquentam as dançarinas em torno da grande fogueira, vão os ciganos resgatar a poderosa e eterna magia dos clãs - a dança cigana para reviver e ensinar pelos movimentos dos corpos tradições milenares desconhecidas no mundo gadje. A dança cigana consiste em uma sequência de movimentos corporais sinuosos, executados com passos cadenciados, ao som e ao ritmo da música flamenca. Tecnicamente esta dança possui movimentos-forma bem definidos, que vão desde a realização de deslocamentos que lembram o desdobrar-se das serpentes, até a inserção de movimentos de ballet clássico e formas geométricas presentes na natureza. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Primordialmente, as danças ciganas e, em especial, as ritualísticas têm no corpo o local da expressão divina. Para os ciganos, Deus é multifacetário, de modo que se manifesta através das "faces da eternidade", ou seja, mitologicamente. Como Deus é, para os Ciganos, a personificação dos fenômenos naturais, a relação com a natureza é alquímica. Os ritmos ciganos são geralmente acompanhados de palmas e sapateados, ao som de guitarras, violas, violinos, acordeões, címbalos, castanholas e pandeiros, o que nos dá uma grande alegria. A dança é sedutora. Dependendo do grupo de origem, as ciganas podem dançar portando objetos como pandeiros ornamentados com longas fitas coloridas, lenços esvoaçantes, leques ou flores, roupas bordadas. O homem, quando dança com a mulher, apenas reforça a presença feminina, protegendo-a. Não há toques. Nenhum contato físico entre os pares. Em grupo, os homens preferencialmente dançam reunidos, em movimentos com passos marcados. AS DANÇAS RITUAIS A dança é uma criação em movimento, a dança cigana conserva ainda hoje o mesmo significado que possuía nos tempos dos nossos ancestrais: os ciganos antigos e os ciganos da atualidade buscam atingir, através do aprofundamento da consciência, o contato com as forças superiores do universo. As danças rituais buscam agradar ao criador, o conservador da vida que simboliza a eterna transformação do universo. A dança ritual nasceu de nossos ancestrais que a partir da ligação com Bel Karrano e Lilith gerou um movimento primordial, um gesto. Essa criação nós chamamos de uma dança Geratriz. A origem do mundo é o sopro divino, a voz, o alento de vida, a palavra que designa o nome das coisas, dando-lhes identidade e resgatando-os do caos. Nosso povo tem uma filiação corporal e espiritual com o criador. Então, espírito, respiração, alento, alma, sopro universal. Reproduzimos em uma dança a vivência pessoal da criação do mundo. A dança do Deus Bel Karrano, tem o objetivo de induzir a vivência da criação desde a semente primordial ao triunfo do amor, despertando em cada um de nós a exaltação Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 à vida. É uma dança de devoção e de agradecimento. Essa dança tem a base primordial que parte dos cinco elementos que são: a água, a terra, o fogo, o ar e o éter. Cada um destes elementos tem movimentos específicos na dança que os simbolizam. De modo geral, o ar é dançado com os movimentos de véus; a água recebe ondulações de mãos, o movimento da sereia, o parto; a terra vem com o movimento de representação do crescimento de uma árvore; o fogo é representado por movimentos de serpente e ondulatórios de quadril ou pela roupa vermelha se algum homem faz parte da dança. A Lua é a personificação da dança e das transformações, simbolizando a eterna mutação do universo, que consiste na cíclica destruição e criação. O processo é a morte e a ressurreição, eterna renovação da vida. A Dança ritual da Transformação é realizada diferente das outras, durante o dia. Mas deve ser um dia claro e de muito Sol. Dentro de nós mesmos, a ação da Lua seria a de morrer para nosso velho corpo e renascer a um novo ciclo da vida. Claro e iluminado. A dança tem por tema a atividade da eterna transformação. São cinco as atividades divinas da Lua: • O ritmo de mudança do universo. • A conservação, baseada no equilíbrio e na medida dos movimentos. • A destruição das formas já superadas, mediante o fogo interior. • A eterna renovação. • A encarnação da vida. Chama a atenção que a deusa e mãe de todos os ciganos, Lilith seja, ao mesmo tempo, a deusa da conservação e das mudanças. Os passos da dança induzem as mudanças. Os pés e não as mãos são essenciais nessa dança. Serão passos que suavemente pisarão na maldade, esmagando lentamente a crueldade. A dança total completa a vitória sobre as forças da destruição. Levantar os pés para o alto em movimentos suaves representa o equilíbrio e o impulso de ascensão. A dança simboliza a criação e a destruição cíclica do mundo ... A dança de Lilith é um movimento que destrói para gerar o processo de criação. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Para cada momento de morte e recriação existe uma dança. Temos o nascimento - a vida - depois, a menarca, quando morre a criança e nasce a mulher, a dança do enlace - quando morre a filha e nasce a esposa e a dança do luto que é a morte nesse mundo, mas o nascimento junto a mãe Lilith e Bel Karrano. TRAJES CIGANOS DENTRO DA CULTURA Suas roupas representam um dos aspectos mais importantes de sua cultura, pois além do significado próprio das vestes dentro dos costumes ciganos, traduzem também uma obediência às tradições do passado. É uma das formas de mantê-las vivas ao longo do tempo. Veremos algumas características: As mulheres usam saias longas, geralmente até os tornozelos, numa demonstração de recato e ao mesmo tempo sedução. Acham desnecessário expor o corpo no pressuposto de que tudo que é muito fácil é desvalorizado. Nunca mostram suas coxas, nem mesmo suas canelas, isto é considerado uma afronta, uma falta de respeito. É visto pelos homens e mulheres do clã como falta de pudor. As blusas não possuem decotes ousados, as saias são rodadas e fartas, usando as ciganas mais ricas várias saias sobrepostas. O colorido é o forte atrativo de suas roupas. Muitas gostam de xales, fitas, rendas, possuindo um significado simbólico dentro de cada família cigana. As mulheres casadas usam o Diklô (lenço cigano). Este costume começou com Santa Sara Kali, santa e padroeira desse povo que como diz uma de suas lendas, estariam em uma barca sem remos e sem provisões Maria Madalena, Maria Jacobina, Maria Salomé, José de Arimatéa e Sara, uma serva egípcia. Desesperadas, as três Marias começaram a orar e a chorar. Sara retirou seu diklô (lenço) da cabeça, chamou por Jesus Cristo e prometeu que se todos se salvassem, ela seria serva de Jesus e jamais andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito. Sara cumpriu a promessa que fez no barco até o final dos seus dias, vivendo como devota de Jesus e sempre com seu diklô na cabeça. É por isso que, em sinal de respeito, as mulheres usam um lenço na cabeça quando vão em peregrinação até uma imagem de Santa Sara. A tradição diz que um cigano ou cigana que precisa de uma benção de sua santa Protetora, deve fazer seu pedido seja no altar da santa ou Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 simplesmenteolhando para as estrelas e pronunciar "Dalto Schukar Dlklô", que significa "te darei um lenço bonito", e quando realizada a benção, no dia 24 de Maio esse cigano(a) ofertará um lindo lenço em agradecimento ao seu pedido. Além de ser protetora dos ciganos, Sara é, em especial, protetora das mulheres que querem engravidar ou que querem ter um bom parto. Há muitos anos, as ciganas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a Santa Sara, pedindo que engravidassem. Se isso ocorresse, elas iriam à cripta da Santa, em Saintes-Maries-de-La-Mer, e ali depositariam o mais lindo diklô que encontrassem. Neste local existem milhares de lenços, deixados por ciganas que receberam esta graça. E, como ter filhos é uma das maiores bênçãos entre os ciganos, é costume dar um diklô para as meninas quando começam a menstruar, dignificando a nova fase como mulher, e é muito gentil dar um belo diklô de presente a uma recém-casada. É por isso também que, entre muitas famílias, as ciganas casadas usam um lenço na cabeça, pois o lenço é o símbolo da aliança entre uma cigana e seu marido. O lenço não precisa cobrir todo o cabelo, mas apanhar um tanto do cabelo. Se uma mulher casada retira o lenço em público ou deixa de usá-lo isto é encarado como de mau agouro, desrespeito ao marido ou chamamento de viuvez. As joias são usadas por ambos os sexos. Cordões de ouro, colares, pulseiras, anéis fazem parte da indumentária cigana como sinal de poderio econômico e elementos de proteção. A roupa dos homens também é bem cuidada, compondo um visual elegante e ostensivo. Camisas bordadas, de mangas largas, calças confortáveis e botas são complementadas com cinturões largos ou longas faixas de tecido colorido presas à cintura. Alguns usam chapéus de aba larga e lenços na cabeça ou no pescoço. HIERARQUIA ESPIRITUAL NAS TSARAS As Tsaras que hoje trabalham com a espiritualidade cigana, ou seja, com os espíritos ciganos, que hoje se encontram em evolução no plano astral, seguem rituais para que seus trabalhos tenham seriedade, e principalmente que auxiliem na evolução espiritual dos que as buscam. O trabalho começa pelos próprios médiuns da Tsara, para se tornarem aptos a cuidarem de outras pessoas. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Esses rituais que elevam a hierarquia e responsabilidade dos médiuns são denominados Khértia Drom. Nele estão as energizações, batismo, iniciação e kalinatura. O ciclo completo dentro desses passos iniciáticos leva cerca de 5 anos, mas pode conter algumas variações e exceções. Aqui os mesmos nomes vistos anteriormente, porém, na visão espiritual. • Melichs – Ajudante ou auxiliar em romani (ambos os sexos). É o cargo ou função de todos os novatos dentro de uma Tsara. Enquanto nas comunidades cigana os melichs são crianças ajudam em tarefas fáceis ou auxiliam os mais velhos, nas tsaras essa função está designada a todo novato que ainda não iniciou seus passos iniciáticos, e por isso não podem executar tarefas espirituais. Aos melichs estão reservadas tarefa, como: dar recados, servirem comidas e tchaios, cuidarem dos aparatos mediúnicos e ajudarem aos ciganos quando chegam. Darem os recados, limparem e arrumarem os ambientes, acenderem cigarros e servirem os vinhos. • Kalinata/Ratói – Homens e mulheres que já estão nos seus processos iniciáticos. Tem a função de fazer com que tudo aconteça dentro da casa espiritual. A segurança espiritual, limpeza, preparo de banhos, fogueiras, altares e supervisionam o trabalho dos melichs. Kalinata significa operária e ratói servidor. Essas pessoas são as mais cobradas dentro de suas tarefas, pois passarão por rituais futuros, onde desempenharão tarefas de maiores responsabilidades espirituais, por isso, durante o ano que passam dentro deste cargo fazem todo tipo de trabalho, primeiro para encontrarem suas aptidões espirituais e depois, para terem maior prática e aprimoramento nas suas funções. • Manouches – Nome de um clã cigano que em português quer dizer feiticeira. Após os processos da iniciação algumas mulheres podem ser chanceladas, como Manouches. Essas atenderão aos chamados espirituais e trabalharão no preparo de magias, poções, pós, elixires e trabalhos espirituais para ajudar as pessoas. • Puri Day – Matriarca. As puris assim como as manouches, são cargos exclusivos das mulheres. Diferente dos acampamentos, as Puris em Tsaras não precisam serem mulheres solteiras e nem virgens para executarem suas funções. As Puris trabalham como madrinhas de todos os novatos, auxiliando, ensinando e dando a eles orientação dentro das Tsaras. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 • Shuvani – Sacerdotiza. As shuvanis cuidam de toda evolução do Khérthia Drom dos mais novos na Tsara. As energizações, batizados, iniciações e kalinaturas podem ser feitas por uma shuvani. Os homens ao contrário das mulheres não passam por tantos processos para chegarem ao cargo de Jtsi (soldado), liderança espiritual dentro das tsaras. Os homens se dividem entre preparo de fogueira, Khris ratori, Khérthia Drom, buscar ervas, porém, nada disso exige do homem um cargo acima do Ratói. • Barô - são velhos ou avôs e é normalmente o cigano do líder da casa espiritual. • Bábas – As avós ou velhas. São anciães, como os barôs e podem ser as ciganas que dirigem a casa espiritual. Essas funções, cargos e nomenclaturas são parte da identidade cultural de um povo. Conhece-las e usá-las não fazem dos médiuns de uma Tsara ciganos e não faz dos ciganos seu povo. PRECEITO Toda filosofia, seita, culto, religião, tem regras. Desde as mais antigas religiões até as mais atuais, têm seus preceitos e resguardos, necessários para funcionamento das práticas de tal culto. Todos, sem exceção, devem cumprir as regras da casa, afinal, as regras já existiam quando os médiuns chegaram e permanecerão após a partida dele. Mas o que quer dizer Preceito? A palavra “Preceito” (originária do latim praeceptum) é concebida como um comando ou proibição de realizar uma determinada ação. Dentro das religiões, é uma regra, um comando a ser seguido, como exigência para participar de determinadas dinâmicas religiosas. Os preceitos são orientações importantes para nortear e conectar o ser numa dinâmica mais profunda com sua espiritualidade. Essas regras nada tem a ver com punição ou provas de autoridade, tão pouco são em vão. Essa abstinência de certos hábitos rotineiros traz, além de edificação espiritual, autoconhecimento e certeza ao praticante sobre o caminho que está trilhando. Seguir preceitos em prol de “algo maior”, “auxílio aos outros”, “desenvolver a espiritualidade” sempre elevam o Ser e o faz desafiar e reconhecer seus Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 próprios limites. Numa ótica litúrgica, preceitos têm, portanto, o objetivo de potencializar a ligação do fiel com seu Sagrado. Por que se deve cumprir os preceitos? Bem distante de ser apenas uma “besteira”, os preceitos são depurativos da mente, do espírito e do corpo. Os preceitos não são opcionais. Têm um porquê e têm fundamentos. Aliás, existem vários fundamentos por trás disso; e, uma vez entendidos, fica mais fácil respeitar e cumprir o preceito sem achar que é um sacrifício ou um exagero. Confira algumas explicações de se fazer os preceitos: • O motivo fisiológico: Certos alimentos trazem peso ao corpo, exigindo maior esforço do corpo físico até iniciar a digestão desses alimentos. Quanto mais denso esse alimento for, mais demorado será para recuperação energética do Ser; • Motivo mental: Assim como alguns elementos trazem peso e desconforto ao corpo, outros trazem cansaço e tiram a concentração, trazendo dificuldade na ancoragem espiritual; • Motivo espiritual: Bebidas alcoólicas e outros elementosviciosos abaixam a vibração energética do corpo possibilitando conexão com outras energias de baixa frequência. O que pode acarretar problemas para todo o corpo mediúnico. Agora vamos entender sobre os elementos mais comuns nos preceitos espirituais. • Carne vermelha: Demora até 24h para o corpo fazer digestão completa desse alimento. A carne vermelha, apodrece dentro do corpo antes de ser completamente liberado do organismo. Durante esse período espíritos densos que se alimentam de tal energia (carne putrificada) podem se vincular a você para se alimentarem do que está em seu organismo; • Sexo: Aqui temos dois pontos a serem analisados: Primeiro, entender que para casais que praticam o sexo dentro de sua relação de maneira saudável, estão conectados e essa energia os liga. Para que essa conexão seja desfeita precisa de dias, algumas horas de preceito não farão diferença para quem tem um relacionamento. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Segundo, o sexo praticado com bebida, drogas, por pessoas que não tem sentimentos ou alguma sinergia que vibre amor, será sempre obsidiado por espíritos viciados em sexo. Esse sexo sim, deve ser evitado para as práticas religiosas, pois além de abaixar a vibração de quem o pratica, ainda cria um elo entre os encarnados e desencarnados que estiveram juntos em tal ato. • Energético: Algumas bebidas e comidas, como o café, o chocolate, o guaraná e a cola (refrigerante), possuem substâncias energéticas que aceleram a vibração do organismo, não permitindo que a pessoa tenha concentração e relaxamento para o trabalho mediúnico. Ainda vale ressaltar que outros preceitos podem ser exigidos para certas dinâmicas específicas. Mas também há bastante equívoco e lenda dentro das práticas religiosas referente aos preceitos, como por exemplo: não comer feijão. O feijão apesar de ser preto (motivos pelo qual algumas casas incluem o feijão no preceito), porém feijão é um vegetal e somente entrou como preceito por ser da cor do café, da coca-cola e do chocolate. Pura falta de informação. O chocolate entrou na lista de alimentos não permitidos por ser energético, mas o chocolate quando comido um pequeno pedaço libera substâncias no corpo que remetem a felicidade, alegria e tranquilidade, ou seja, na dose certa deveria até ser recomendado nas Tsaras e centros. Outro ponto que deve ser levado em consideração é o tempo de preceito exigido pelas casas espirituais, pois mostram falta de fundamento e desconexão entre o ato e a funcionalidade do mesmo. Em nosso corpo o líquor ou líquido cefalorraquidiano, que se renova a cada 8 horas, renovando com ele nossa energia e campo vibração. Assim sendo, preceitos acima de 8 horas serviriam apenas para carne, já que o álcool demora meses para ser eliminado do corpo e o sexo somente deve ser evitado quando não feito por um casal já consolidado. A “quebra” do preceito pode acarretar uma desordem espiritual no dia da masina (encontro dos médiuns da Tsara para trabalharem a espiritualidade cigana) , mas o maior problema trazido pela falta de cumprimento de tais regras são os “amigos” espirituais que se acoplam a você e passam a te usar energeticamente para ganhos próprios, impedindo que você conquiste algo a médio e longo prazo em sua vida. ENERGIAS Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 Para entender como montar o altar de uma Tsara ou conjurar as proteções necessárias em dias de masina (reunião), precisa antes entender como manipular as energias e usá-las em benefício próprio ou do grupo. Lembre- se, qualquer pensamento pode criar vida. Se não souber conduzir essas energias de forma correta, pode trazer grande prejuízo para sua Tsara. O universo te presenteou com muitas fontes energéticas. Energia natural, energia elementar, divina e muitas outras. Cada energia possui seu próprio caminho, suas peculiaridades. Nunca, mas nunca brinque com as energias. Lembre-se que tudo o que há em sua volta começa apenas com um átomo, ou seja, tudo vem da energia. Manipular as energias de maneira correta é dominar e manipular o mundo ao seu redor. Vamos entender algumas especificações de cada tipo de fonte energética: • Energia natural – É a energia limpa que nasce na natureza. Os animais, plantas, cristais, água, terra. As energias lunar, solar e telúrica também podem se encaixar aqui. • Energia elementar – É a energia que provém dos quatro elementos e seus elementares. Gnomos, Fadas, Orgs, 33 Salamandras, Dragões, Duendes, Fadas, Ondinas e Sílfides. Aqui também entram os quatro elementos básicos. • Energia planetária – Energia liberada pelos planetas e outros corpos celestes. Eclipses, estrelas cadentes, constelações, sol e lua. • Energia divina – Toda energia emanada dos deuses e deusas de qualquer cultura, religião ou panteões. • Energia pessoal – Energia sexual, maior fonte de poder dos Homens. Aqui temos ainda os chacras, o Ki e o pensamento. Para entender sobre o manuseio das energias você precisa saber antes sobre como essas energias te afetam em diferentes níveis e como consegue se beneficiar ao conseguir controlar cada uma delas de maneira correta. Começando pelo yin e yang, onde os dois trabalham nossas polaridades e somente junto podem nos trazer o equilíbrio. As diferenças e especificações do Yin e Yang: A parte Yin em nós trabalha nosso lado feminino. É nossa parte maternal. Nos leva de encontro ao Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 dinheiro, a multiplicação e a espiritualidade. A leveza, os sentimentos, o lado esquerdo e a energia lunar. Está associado a água. O lado Yang atua no nosso masculino. É nossa parte paternal, racional e exata. Nos guia para o sucesso, o brilho e para comunicação. Está associado ao fogo e ao nosso lado direito. Trabalha na energia solar. Todos temos os dois lados, assim como as magias, as firmezas e os altares, possuímos essas polaridades e elas devem sempre serem levadas em consideração para um trabalho espiritual. Essas polaridades também são encontradas nos quatro elementos, no qual água e terra são femininas e, por tanto, 34 trabalham na polaridade yin, e ar e fogo são energias masculinas atuantes na polaridade yang. As polaridades, tal qual os elementos, devem ser bem decorados em suas funções, pois a maior parte dos rituais são feitos buscando o equilíbrio entre essas forças. Pessoas que vivem em uma polaridade, seja qual for seu gênero, terá problemas com o excesso de algumas funções em sua vida e com falta de outras, pois estão vibrando apenas em um dos polos. OS 04 ELEMENTOS Os elementos básicos são: água, terra, ar, fogo e éter. Esses elementos estão incorporados em toda matéria orgânica e não orgânicas em nosso planeta, porém, antes dos elementos temos os Átomos, que nada são além de energia em constante vibração. Tudo se inicia com os átomos e com controle dele conseguimos adentrar campos vibracionais, ter intuições, conectar com pessoas e entidades. Tudo começa com energia. Como no início dos estudos religiosos não tinha a concordância das teorias trazidas pela física quântica, muito do que se experenciava virava “fenômeno espiritual”. Ainda hoje, muitos religiosos que não estudam e não se empenham para entender a mecânica por trás de seu corpo num transe mediúnico ou no momento de uma leitura oracular, dirá que é algo sobrenatural. Contudo, muito do que acontece conosco nestes momentos são possíveis a quase todo mundo. Uns mais e outros menos, com intensidade diferentes, mas ainda assim... é algo que organicamente qualquer ser humano pode se treinar tal aptidão. Muitos foram os homens que dominaram os diferentes tipos de energia e se tornaram alquimistas famosos em seus tempos. Assim como as bruxas e suas feitiçarias.Vamos entender um pouco mais sobre os elementos, seus poderes e campos de Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 atuação. Uma explicação de como os 4 elementos foram associados aos pontos cardeais... Num dado momento da história, o Velho Mundo, que é o hemisfério norte, mais exatamente na antiga EURÁSIA, que depois foi dividida geograficamente em Europa e Ásia, o Homem peregrinava e era nômade. Com o tempo, se tornou sedentário e se estabeleceu em determinadas regiões. Através dos eventos da natureza, o Homem passou a se situar e a entender os pontos cardeais, sempre como base onde está o Norte. NORTE – TERRA SUL – FOGO LESTE – AR OESTE – ÁGUA Geograficamente, o Homem estava nessa região do Planeta, no centro da Eurásia. Quanto mais ele ia para o Norte, mais frio ficava e mais Terra havia, assim como mais montanhas. Logo, associou o NORTE com a TERRA e assim se reportava a estes seres deste elemento, se voltando ao Norte. Na Linhagem Nórdica (que compreende os países escandinavos, Alemanha e parte da Grã-Bretanha) se tinha NILFHEIM, Mundo do Gelo e que também compreendia parte do mundo dos Mortos. Quando o Homem caminhava para o SUL, ficava mais quente, pois se aproximava da linha do Equador e se sabia que iria até o Norte da África, onde era muito quente, logo, associou o SUL com o FOGO. Na Linhagem Nórdica, se tinha MUSPELLHEIM, Mundo dos Gigantes do Fogo. Quando o Homem caminhava para o LESTE, se aproximava dos imensos desertos do Oriente Médio, onde se ventava muito. Ao contrário do NORTE / FRIO e SUL / CALOR, no LESTE fazia ambas temperaturas nos desertos. Logo, associou o LESTE com o AR. Na linha Nórdica, era JÖTUNHEIM, Gigantes também do Gelo, mas que se dispersavam com o Vento. Finalmente, quando o Homem ia para o OESTE, ele saía no oceano Atlântico, o maior Oceano descoberto e conhecido até então, muito maior que o Mediterrâneo e o Índico. Ainda não tinha descoberto as Américas, não sabia que o Mundo Novo existia, embora claro, o continente americano existia e tinha suas civilizações pré-colombianas como os Astecas, Maias, Incas etc. Tanto que estas civilizações não seguiam essa regra. Então, como Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 no Oeste só tinha ÁGUA, relacionou o OESTE com a ÁGUA, que também tinha suas variações de temperatura. Mas e quem vive no hemisfério Sul? Pois é, aqui é o contrário. Quanto mais ao Norte, mais quente, quanto mais ao Sul, mais frio. O Oceano está no Leste, e os ventos e frentes frias veem do Oeste. Como há mais população e mais continentes no Hemisfério Norte, e este sistema é muito antigo, podemos segui-lo. Cada elemento possui uma função e um campo de atuação. Possuem também seres elementares que habitam cada um desses elementos, como reinos. Nas Tsaras não são necessários conhecimentos sobre os cultos das devas e dos elementares, porém, muitos líderes e até mesmo diversas entidades, utilizando do conhecimento de seus médiuns, fazem uso de tal prática. No livro “Do outro lado do espelho” de Carlos A. Baccelli, mostra os elementares como seres humanoides que estão entre os dois mundos, dos vivos e dos mortos. São seres em evolução que estão, de alguma forma, vinculados a um reino (elemento). OS ELEMENTOS E SUAS REPRESENTAÇÕES • Água – Oeste. Emoções e sentimentos (Sangue) Representação: Água e outros líquidos • Ar – Leste. Pensamentos e raciocínio (Vida) Representação: Incenso, pena, vento etc. • Terra – Norte. Corpo físico e estabilidade (Corpo) Representação: Cristais, sal grosso, pedras, plantas etc. • Fogo – Sul. Ação e dinamismo (Espírito) Representação: Vela, fogueira, enxofre etc. Diversas filosofias e cultos religiosos utilizam dos 04 elementos para execução de ritos e magias, porém existem variações nas conexões entre os pontos cardeais e os elementos correspondentes de cada um. É comum que sua maioria utilize da simbologia nórdica, mas não será errado se Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 basear em outras. Outra maneira de potencializar seus rituais a nível energético causando efeito mais rápido e mais assertivo é se utilizando dos dias da semana. Cada dia tem uma vibração, um raio, uma cor, um Deus, um mestre cigano, e por isso é importante saber sobre as peculiaridades de cada dia, pois dará mais poder a você e mais especificidade para a energia dos seus rituais. Quanto maior o foco e o afunilamento, melhor e mais rápido o resultado. MAGIA DE CADA DIA Os ciganos utilizam muito em suas magias a orientação da energia do dia correspondente. Os dias da semana receberam suas nomenclaturas de acordo com crendices de diferentes povos, contudo, grande parte das civilizações deram nomes aos dias em associação aos planetas com base na astrologia helenística, em sua maioria na idade média. A influência de cada dia: • Domingo/Domingo Regido pelo Sol e vibrando no raio cósmico azul, o domingo é um dia de singular energia, pois traz a benevolência, a calma e a evolução ao Ser. O Sol atrai o sucesso, as vitórias e a positividade. O dia de domingo é perfeito para gastar seu tempo com você mesmo aprimorando seu Eu e abrindo espaço para suas novas conquistas. O azul remete a racionalidade, foco, assertividade e inteligência. A junção dessas duas forças no mesmo dia é perfeita para quem deseja crescer na vida. • Segunda-feira/Lunes Regido pela Lua e vibrando no raio amarelo, a segunda-feira é um dia propício para magias voltadas para sentimentos e emoções, além de incitar o aprimoramento pessoal. A lua tem força maternal e acolhedora que juntando ao desenvolvimento e sabedoria do amarelo, fazem da segunda-feira um ótimo dia para os rituais de orientação, encantamentos, fortalecimento emocional e seus potenciais extra-sensoriais. • Terça-feira/Martes Regido por Marte e vibrando no raio rosa, este dia é bom para feitiços que envolvam paixões, impulsividade, disputas e iniciativas. A cor rosa que trabalha o instinto e os amores e Marte que traz força, vigor e objetividade, tornam a terça-feira um dia especial para correr atrás do que se deseja. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 • Quarta-feira/Miércoles Regido pelo Deus de mesmo nome e na frequência do raio laranja na espiritualidade cigana. Nas quartas são propícias as magias que tragam evolução espiritual, paz e harmonia nas relações de qualquer tipo. Dia bom para cuidar dos altares. • Quinta-feira/Jueves Regido pelo grande Deus Júpiter e vibrando no raio verde, as quintas-feiras são ótimas quando o assunto é prosperidade, cura e verdade. Júpiter favorece a expansão, alegrias e a generosidade enquanto o verde nos traz saúde, esclarecimento e vigor. Essa junção torna a quinta- feira um dia fantástico para investimentos, novos projetos, buscar conhecimento religioso ou filosófico, além de festas e eventos que proporcionem bem-estar e sociabilidade. • Sexta-feira/Viernes Regido pela deusa Vênus e na frequência do raio rubidourado, a sexta-feira tem a energia dos amores vorazes, beleza e reconciliações. Sob a regência de Vênus você pode trabalhar doença emocionais, feridas amorosas, autoestima e vida social. • Sábado/Sábado Sob a regência de Saturno e na vibração do raio violeta, o sábado é um dia que provoca transformações, quebra de rotina, mudanças de estilo e fechamento de ciclos na vida. Saturno fala em superação, avaliação e trabalho. Age nas finalizações e nas conquistas pelo tempo. Tudo isso vinculado a cor violeta que age nas mudanças, transmutações, justiça e desenvolvimento interior, fazem do sábado um dia bom para quase tudo que alguém necessita, podendo trabalhar desde mudanças pessoais até troca de parceiro ou religião. O universo te abençoa diariamentelhe dando diversas fontes energética, das quais se pode desfrutar livremente se souber como dominar e como utilizar o campo energético de cada uma dessas fontes de luz e poder. ENERGIA SOLAR E LUNAR A última dualidade energética que falaremos nesta parte do curso serão as energias solar e lunar. Ambas são fontes de luz e poder e agregam sentido a diversos feitiços. É deveras importante ter conhecimento sobre essas polaridades. Suas forças, horários, encantamentos são decisivos na hora de preparar e ofertar algum ritual. É muito comum vermos nas Tsaras, ciganas Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 trabalharem com a energia lunar e os homens com a energia solar. Contudo, isso não é regra. O que determinará o tipo de energia a ser utilizada será o trabalho, a personalidade do consulente e a finalidade da ritualística, então, não se prenda a verdades absolutas. A energia solar é única, não sofre alterações por conta de fases, como a Lua, porém, sofre alteração pelo horário. Sua energia pode ser crescente, do nascer do Sol até o meio dia, ou pode ser decrescente, após o meio dia indo até o pôr do Sol. Durante a ascensão do Sol você pode fazer rituais, trabalhos, energizações, magias etc. para tudo que deseja atingir abundância em sua vida ou de seus clientes e médiuns, pois a força do Sol está subindo e ganhando força. Nesse horário também é o melhor para encantar ciganos homens e exercitar o desenvolvimento dos médiuns homens de sua casa. Após seu ápice, ao meio dia, o Sol continua sua essência de brilho, luz, sucesso, porém, com uma energia decrescente. Nesse turno usamos o Sol para conquistar o que desejamos, mas também para diminuição da intensidade, agitação, descontrole em alguns aspectos. Pessoas que estejam agitadas, energias que estão dispersas e tudo que esteja em exagero devem ser trabalhados nesse período, pois terão a vibração solar, mas com intensidade mais contida. A energia solar é masculina, vibrante e avassaladora. Uma força quente atuante na polaridade Yang e com os elementos 41 masculinos, Ar e Fogo. Traz vigor, intensidade, prosperidade. A energia do Sol nos causa inquietude, nos leva ao alcance do sucesso, da ascensão e do poder. Utilizamos está força para tudo o que desejamos abundar. Diferente da energia solar, a lunar traz consigo variações bastante específicas. Forças atuantes em diferentes cenários que darão sentidos completamente diferente ao seu trabalho. Grande parte dos rituais e eventos ciganos são elaborados de acordo com a fase da Lua. Na cultura Romani (alguns clãs) é comum dar para a Lua a função de madrinha das crianças para serem guiadas e terem sorte na vida. A Lua tem polaridade feminina e está associada a energia Yin. Nela os encantamentos e magias são potencializados com a força dos elementos femininos, Água e Terra. Sob a influência lunar as ritualísticas que envolvem amores, sentimentos, artes, maternidade, pensamentos, sedução, ganham maior ênfase e poder. Por ter uma energia matriarcal e acolhedora, a Lua auxilia na resolução de conflitos familiares e nos relacionamentos de qualquer espécie. A Lua trará ainda uma boa energia para auxiliar nos problemas de autoestima, timidez e ego. Para encantamentos, desenvolvimentos e energizações femininas, a energia lunar é a mais indicada, pois nela está a força das matriarcas para o Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 povo cigano. Muitas mestras ciganas trabalham com a energia lunar e até se vestem de acordo a fase da Lua. A energia lunar se divide em quatro fases, nova, crescente, cheia e minguante. Cada uma das fases da Lua tem seu momento de ascendência nos primeiros dias da fase em questão. Após o quarto dia começa a decrescer a força da fase vigente e entra na vibração da próxima fase. • Lua nova: Semeadura. Energia boa para finalizar projetos inacabados, iniciar projetos novos e rituais para encontrar novos rumos na vida. Esse é um momento transitório entre o fim da escuridão e o retorno da luz. Momento de germinação e introspecção para se permitir encontrar novos caminhos. Período bom para introspecção. • Lua crescente: Desenvolvimento. Momento de expandir algo já iniciado. Nesta fase da lua são indicadas magias para algo prosperar, seja saúde, amor ou dinheiro. Aqui o Homem está mais sociável e confiante, por isso é a fase mais indicada para ir em busca do que se deseja. Período bom para reconexão com a espiritualidade. • Lua cheia: Expressão. Ideal para encantamentos. Essa fase da Lua auxilia em todos os projetos que desejamos tornar público. Melhor fase para atrair a atenção e o foco dos outros. Essa, nesta fase, é a hora de explodir, de ter sucesso e de se expor. Na Lua cheia tudo fica ais intenso, o que faz dela uma ótima fase para “ajeitar’ a situação amorosa. Ao contrário do que se pensa, nesta fase da Lua não devemos mexer com ervas. Período bom para socializar. • Lua minguante: Introspecção. Ótima fase para tratamentos de saúde, preparo de unguentos, medicações, poções e outras magias para saúde, pois durante a Lua cheia as ervas retêm seus princípios ativos e aqui estão ainda reclusos. Nesta fase trabalhamos com banimentos, blindagens, proteções e transformações. Nada além disso. SÍMBOLOS Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 A cultura cigana carrega muitos mistérios. Entender sobre a simbologia de alguns objetos é estar um pouco mais dentro dessa espiritualidade e dessa cultura. Ao longo dos tempos muitas destas simbologias se perderam e outras foram mesclando com a cultura de outros povos e recebendo significações diversas, as vezes até contrárias a simbologia cigana original. Aqui veremos alguns objetos que ainda possuem atribuições espirituais e funcionam como amuletos dentro das Tsaras e altares. Essas representações podem receber alterações nas suas significâncias de acordo com a mestria seguida pelo mentor da Tsara. LUA: Simboliza a magia e os mistérios. Conecta com a magia, o poder feminino e a cura. Usada pelas ciganas para conquista de poder, intuição e beleza, a Lua se tornou madrinha das mulheres Romani. É comum realizações de rituais para a Lua para maior intuição, vidência e encantamento, entre as mulheres. FERRADURA: Simboliza sorte e movimento. É usada para atrair energia positiva, sorte e abertura de caminhos. Muito usada em banhos para atrair sorte e prosperidade. Também usada nas proteções e encantamentos de guardiões. ESTRELA DE 6 PONTAS: Simboliza proteção. Símbolo dos grandes chefes ciganos, simboliza igualdade, sucesso e evolução interior. A junção das duas pirâmides mostra a igualdade sobre o que está acima e abaixo. Está associada a grandes alquimistas e reis do passado. ESTRELA DE 5 PONTAS: Simboliza evolução. É usada para proteção, intuição, magia e êxito. A plenitude, junção entre o Homem e os elementos. TREVO: Simboliza boa sorte. Encontrar trevos de quatro folhas ou tê-los em seu altar atraem felicidades e fortuna. O trevo está relacionado aos elementares da Terra também, dando maior conexão com o elemento. TAÇA: Simboliza a união e receptividade. A taça também está associada ao feminino e a comunhão. Usada em muitos rituais e celebrações representando o selamento entre os participantes. Licensed to Julia Pimentel Marinho - julia.pimentel.13@live.com - 182.797.437-07 RODA: Simboliza a Sansara, ir e vir, o caminho a ser percorrido, ciclo da vida e da morte. É representada pela roda dos vurduns (carroças) e pela sansara (viagem). A roda também é usada para rituais de transmutações, evolução e mudança de vida. PUNHAL: Simboliza a força e o poder, vitória e superação. Usado em rituais de magias, cerimonias de casamentos e noivados, sendo feito um corte no punho e amarrado com
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