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SOBRAL METROFOR

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Prévia do material em texto

COMPANHIA CEARENSE DE 
TRANSPORTES METROPOLITANOS 
 
METRÔ DE SOBRAL 
 
AUXILIAR OPERACIONAL 
ASSISTENTE OPERACIONAL 
ASSISTENTE CONDUTOR 
ASSISTENTE CONTROLADOR DE MOVIMENTO 
 
LÍNGUA PORTUGUESA 
Prof. Yvantelmack 
 
MATEMÁTICA 
Prof. Oscar Queiroz 
 
CONHECIMENTOS GERAIS 
Prof. Ávila 
 
 
CONTÉM: 
Teoria 
Dicas 
Exercícios por assunto 
 
 
 
 
 
2019 
 
Copyright 2019 – DIN.CE Edições Técnicas. 
 
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/98. 
Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem autorização expressa e por escrito dos autores e da 
editora. 
 
METROFOR SOBRAL – 240p 
 
 
Capa: 
Irisena 
 
Diagramação: 
Irisena / Carlos 
 
Ilustração: 
Organizadores 
 
Impressão: 
Gráfica DIN.CE 
 
Editoração Gráfica: 
Arisson 
 
Acabamento: 
Joilson / Toião 
 
Revisão: 
Organizadores 
 
Supervisão editorial: 
Vanques de Melo 
 
 
NOTA DA EDITORA: 
As informações e opiniões apresentadas nesta apostila são de inteira responsabilidade dos autores e/ou 
organizadores das respectivas matérias. 
A Editora DIN.CE se responsabiliza apenas pelos vícios do produto no que se refere à sua edição, considerando 
a impressão e apresentação. Vícios de atualização, revisão ou opiniões são de responsabilidade do(s) autor(res) ou 
organizador(res), respondendo este(s) pelas sanções previstas na lei. 
 
NOTA DO(S) AUTOR(ES) ORGANIZADOR(ES) 
A matéria ora apresentada nesta apostila tem como objetivo auxiliar ao candidato na preparação ao cargo 
almejado. Todo o seu conteúdo é abordado de forma objetiva e resumida. O que nem sempre é suficiente para lograr o 
êxito almejado, qual seja, a aprovação. Sendo assim, sugerimos ao candidato que, sempre que possível, busque outras 
fontes de consulta. 
 
ATENÇÃO!! 
Possíveis alterações e correções deste material estarão disponíveis no site: www.editorardince.com.br 
 
ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR: 
Dúvidas, reclamações e sugestões 
(85) 3231.6298/ 9.8632.4802 (WatsApp) 
din.ce@hotmail.com / publicvendas@hotmail.com 
 
 
Rua Barão do Rio Branco, 1620 - Centro 
CEP: 60.025-060 - Fortaleza - Ceará 
 
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preparatório nas respectivas áreas, portanto, confiável e de procedência. Todavia, por se tratar 
de apostila, é um material resumindo, porém, de significativa importância. No entanto, sugerimos, 
como forma de melhor preparo, a leitura de outras fontes tais como livros específicos, resumos e 
exercícios. Nosso objetivo é prepara-lo(a) para uma aprovação. 
Possíveis falhas de impressão ou mesmo de digitação podem ocorrer. Assim, caso o(a) 
prezado(a) constate ou mesmo tenha dúvida em algum conteúdo ou gabarito, entre em contato 
pelo e-mail dos professores ou diretamente pelo da editora din.ce@hotmial.com que lhe 
responderemos imediatamente. 
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correções ou atualizações deste material. 
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NOSSOS PROFESSORES 
Prof. Adeildo Oliveira 
Prof. Augusto Sá 
Prof. Augusto César 
Prof. Àvila Queiroz 
Prof. Brando 
Pro. Italo Trigueiro 
Prof. Ilan Rodrigues 
Prof. Janilson Santos 
Prof. Joanilson Jr. 
Profª. Lúcia Sena 
Prof. Oscar Queiroz 
Profa. Nádia Vasconcelos 
Prof. Pedro Evaristo 
Prof. Sérgio Feitosa 
Prof. Valdeci Cunha 
Prof. Wezeck Nogueira 
Prof. Walber Siqueira 
 
Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se 
condena a si mesmo naquilo que aprova. (Romanos 14) 
Bem aventura o homem que não anda segundo o caminho dos ímpios, nem se detém no 
caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 
Antes tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. (Salmo, 1.2 
e 2) 
 
Por isso vos digo que todas as coisas que pedires, orando, crede receber e tê-las-ei 
(Marcos, 11.24) 
mailto:din.ce@hotmial.com
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mailto:din.ce@hotmail.com
mailto:publicvendas@hotmail.com
 
 
 
 
 
LÍNGUA PORTUGUESA 1 
www.editoradince.com.br. Acesse e veja se há novidades a respeito deste material 
LL ÍÍNNGGUU AA PPOORRTTUUGGUUEESSAA 
Teoria, dicas e exercícios por assunto (inclusive 
de provas da banca UVANET) 
Prof. Ms.Yvantelmack Dantas 
Graduado em Letras e Mestre em Linguística pela Universidade 
Federal do Ceará. 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: 
Compreensão de textos. .................................................. 1 
Reescrita de passagens do texto. .................................... 2 
Denotação e conotação. .................................................. 1 
Ortografia: emprego das letras e acentuação gráfica. ... 13 
Classes de palavras e suas flexões. .............................. 10 
Processo de formação de palavras. ............................... 13 
Verbos: conjugação, emprego dos tempos, modos e vo-
zes verbais. .............................................................. 32 
Concordâncias nominal e verbal. ................................... 50 
Regências nominal e verbal. .......................................... 58 
Emprego do acento indicativo da crase. ........................ 44 
Colocação dos pronomes. .............................................. 25 
Emprego dos sinais de pontuação. ................................ 48 
Semântica: sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, 
polissemia e figuras de linguagem. .......................... 61 
Coletivos. ....................................................................... 53 
Funções sintáticas de termos e de orações. .................. 45 
Processos sintáticos: subordinação e coordenação. ..... 45 
Questões de provas UVANET ...................................... 64 
 
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE 
TEXTOS. 
Os concursos apresentam questões interpretativas 
que têm por finalidade a identificação de um leitor autô-
nomo. Portanto, o candidato deve compreender os níveis 
estruturais da língua por meio da lógica, além de necessi-
tar de um bom léxico internalizado. As frases produzem 
significados diferentes de acordo com o contexto em que 
estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer 
um confronto entre todas as partes que compõem o texto. 
Além disso, é fundamental apreender as informações 
apresentadas por trás do texto e as inferências a que ele 
remete. Este procedimento justifica-se por um texto ser 
sempre produto de uma postura ideológica do autor diante 
de uma temática qualquer. 
 
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO 
Sabe-se que não há associação necessária entre 
significante (expressão gráfica, palavra) e significado, por 
esta ligação representar uma convenção. É baseado 
neste conceito de signo linguístico (significante + signifi-
cado) que se constroem as noções de denotação e cono-
tação. 
O sentido denotativo das palavras é aquele en-
contrado nos dicionários, o chamado sentido verdadeiro, 
real. Já o uso conotativo das palavras é a atribuição de 
um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compre-
ensão, depende do contexto. Sendo assim, estabelece-
se, numa determinada construção frasal, uma nova rela-
ção entre significante e significado. 
Os textos literários exploram bastante as constru-
ções de base conotativa, numa tentativa de extrapolar o 
espaço do texto e provocar reações diferenciadas em 
seus leitores. Ainda com base no signo linguístico, encon-
tra-se o conceito de polissemia (que tem muitas significa-
ções). 
Algumas palavras, dependendo do contexto, as-
sumem múltiplos significados, como, por exemplo, a pala-
vra ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, 
ponto de cruz ... Neste caso, não se está atribuindo um 
sentido fantasiosoà palavra ponto, e sim ampliando sua 
significação através de expressões que lhe completem e 
esclareçam o sentido. 
 
COMO LER E ENTENDER BEM UM TEXTO 
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de lei-
tura: a informativa e de reconhecimento e a interpretativa. 
A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o 
primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extraem-
se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se 
o próximo nível de leitura. Durante a interpretação propri-
amente dita, cabe destacar palavras-chave, passagens 
importantes, bem como usar uma palavra para resumir a 
ideia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento 
aguça a memória visual, favorecendo o entendimento. 
Não se pode desconsiderar que, embora a inter-
pretação seja subjetiva, há limites. A preocupação deve 
ser a captação da essência do texto, a fim de responder 
às interpretações que a banca considerou como pertinen-
tes. No caso de textos literários, é preciso conhecer a 
ligação daquele texto com outras formas de cultura, ou-
tros textos e manifestações de arte da época em que o 
autor viveu. Se não houver esta visão global dos momen-
tos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar 
comprometida. Aqui não se podem dispensar as dicas 
que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na 
identificação do autor. A última fase da interpretação con-
centra-se nas perguntas e opções de resposta. Aqui são 
fundamentais marcações de palavras como não, exceto, 
errada, respectivamente etc. que fazem diferença na 
escolha adequada. 
Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o 
conceito do "mais adequado", isto é, o que responde 
melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma res-
posta pode estar certa para responder à pergunta, mas 
não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora 
por haver uma outra alternativa mais completa. Ainda 
cabe ressaltar que algumas questões apresentam um 
fragmento do texto transcrito para ser a base de análise. 
Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que apa-
rentemente pareça ser perda de tempo. A descontextuali-
zação de palavras ou frases, certas vezes, são também 
um recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a 
frase anterior e a posterior para ter ideia do sentido global 
proposto pelo autor, desta maneira a resposta será mais 
consciente e segura. 
 
NÍVEL LITERAL E INFERENCIAL 
Observe a seguinte frase: 
Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas. 
 
Nela o falante transmite duas informações de ma-
neira explícita: 
a) que ele frequentou um curso superior; 
b) que ele aprendeu algumas coisas. 
Ao ligar essas duas informações com um ―mas‖ 
comunica também de modo implícito sua crítica ao siste-
ma de ensino superior, pois a frase passa a transmitir a 
ideia de que nas faculdades não se aprende nada. 
Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um 
texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que 
parece não estar dizendo: além das informações explici-
http://concursos.uvanet.br/
2 LÍNGUA PORTUGUESA 
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tamente enunciadas, existem outras que ficam subenten-
didas ou pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, 
o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os 
implícitos. 
Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas en-
trelinhas. Caso contrário, ele pode passar por cima de 
significados importantes e decisivos ou – o que é pior – 
pode concordar com coisas que rejeitaria se as percebes-
se. 
Não é preciso dizer que alguns tipos de texto ex-
ploram, com malícia e com intenções falaciosas, esses 
aspectos subentendidos e pressupostos. 
Que são pressupostos? São aquelas ideias não 
expressas de maneira explícita, mas que o leitor pode 
perceber a partir de certas palavras ou expressões conti-
das na frase. 
Assim, quando se diz ―O tempo continua chuvoso‖, 
comunica-se de maneira explícita que no momento da fala 
o tempo é de chuva, mas, ao mesmo tempo, o verbo 
―continuar‖ deixa perceber a informação implícita de que 
antes o tempo já estava chuvoso. 
Na frase ―Pedro deixou de fumar‖ diz-se explicita-
mente que, no momento da fala, Pedro não fuma. O verbo 
―deixar‖, todavia, transmite a informação implícita de que 
Pedro fumava antes. 
A informação explícita pode ser questionada pelo 
ouvinte, que pode ou não concordar com ela. Os pressu-
postos, no entanto, têm que ser verdadeiros ou pelo me-
nos admitidos como verdadeiros, porque é a partir deles 
que se constroem as informações explícitas. Se o pressu-
posto é falso, a informação não tem cabimento. No exem-
plo acima, se Pedro não fumava antes, não tem cabimen-
to afirmar que ele deixou de fumar. 
Na leitura e interpretação de um texto, é muito im-
portante detectar os pressupostos, pois seu uso é um dos 
recursos argumentativos utilizados com vistas a levar o 
ouvinte ou o leitor a aceitar o que está sendo comunicado. 
Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressuposto, o 
falante transforma o ouvinte em cúmplice, uma vez que 
essa ideia não é posta em discussão e todos os argumen-
tos subsequentes só contribuem para confirmá-la. 
Por isso pode-se dizer que o pressuposto aprisiona 
o ouvinte ao sistema de pensamento montado pelo falan-
te. 
A demonstração disso pode ser encontrada em 
muitas dessas ―verdades‖ incontestáveis postas como 
base de muitas alegações do discurso político. 
Tomemos como exemplo a seguinte frase: 
É preciso construir mísseis nucleares para defen-
der o Ocidente de um ataque soviético. 
O conteúdo explícito afirma: 
- a necessidade de construção de mísseis; 
- com a finalidade de defesa contra o ataque sovié-
tico. 
O pressuposto, isto é, o dado que não se põe em 
discussão é: os soviéticos pretendem atacar o Ocidente. 
Os argumentos contra o que foi informado explici-
tamente nessa frase podem ser: 
- os mísseis não são eficientes para conter o ata-
que soviético; 
- uma guerra de mísseis vai destruir o mundo intei-
ro e não apenas os soviéticos; 
- a negociação com os soviéticos é o único meio 
de dissuadi-los de um a taque ao Ocidente. 
Como se pode notar, os argumentos são contrários 
ao que está dito explicitamente, mas todos eles confir-
mam o pressuposto, isto é, todos os argumentos aceitam 
que os soviéticos pretendem atacar o Ocidente. 
A aceitação do pressuposto é o que permite levar 
à frente o debate. Se o ouvinte disser que os soviéticos 
não têm intenção nenhuma de atacar o Ocidente, estará 
negando o pressuposto lançado pelo falante e então a 
possibilidade de diálogo fica comprometida irreparavel-
mente. Qualquer argumento entre os citados não teria 
nenhuma razão de ser. Isso quer dizer que, com pressu-
postos distintos, não é possível o diálogo ou não tem ele 
sentido algum. Pode-se contornar esse problema tornan-
do os pressupostos afirmações explícitas, que então po-
dem ser discutidas. 
Os pressupostos são marcados, nas frases, por 
meio de vários indicadores linguísticos, como, por exem-
plo: 
 
a) certos advérbios 
Os resultados da pesquisa ainda não chegaram 
até nós. 
Pressuposto: Os resultados já deviam ter chega-
do. 
 ou 
Os resultados vão chegar mais tarde. 
 
b) certos verbos 
O caso do contrabando tornou-se público. 
Pressuposto: O caso não era público antes. 
 
c) as orações adjetivas 
Os candidatos a prefeito, que só querem defender 
seus interesses, não pensam no povo. 
Pressuposto: Todos os candidatos a prefeito têm 
interesses individuais. 
Mas a mesma frase poderia ser redigida assim: 
Os candidatos a prefeito que só querem defender 
seus interesses não pensam no povo. 
No caso, o pressuposto seria outro: Nem todos os 
candidatos a prefeito têm interesses individuais. 
No primeiro caso, a oração é explicativa; no se-
gundo, é restritiva. As explicativas pressupõem que o que 
elas expressam refere-se a todos os elementos de um 
dado conjunto; as restritivas, que o que elas dizem con-
cerne a parte dos elementos de um dado conjunto.d) os adjetivos 
Os partidos radicais acabarão com a democracia 
no Brasil. 
Pressuposto: Existem partidos radicais no Brasil. 
 
REESCRITA DE PASSAGENS DO TEXTO 
Reescrever um texto significa moldá-lo, visando a 
perfeição. 
Antes de discorrermos acerca de um assunto tão 
importante, convidamos você, caro (a) usuário (a), a se 
enlevar mediante as palavras do grandioso mestre de 
nossas letras, João Cabral de Melo Neto, que, por meio 
de uma metalinguagem, cumpre bem seu trabalho de lidar 
com as palavras e deixar claro para nós, leitores, quão 
grandioso e magnífico é o exercício da escrita. Voltemo-
nos a elas, portanto: 
 
Catar feijão 
1. 
Catar feijão se limita com escrever: 
joga-se os grãos na água do alguidar 
e as palavras na folha de papel; 
e depois, joga-se fora o que boiar. 
LÍNGUA PORTUGUESA 3 
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Certo, toda palavra boiará no papel, 
água congelada, por chumbo seu verbo: 
pois para catar esse feijão, soprar nele, 
e jogar fora o leve e oco, palha e eco. 
 
2. 
Ora, nesse catar feijão entra um risco: 
o de que entre os grãos pesados entre 
um grão qualquer, pedra ou indigesto, 
um grão imastigável, de quebrar dente. 
Certo não, quando ao catar palavras: 
a pedra dá à frase seu grão mais vivo: 
obstrui a leitura fluviante, flutual, 
açula a atenção, isca-a como o risco. 
Poema intitulado “Catar feijão”, parte consti-
tuinte do livro “Educação pela pedra”, publicado em 
1965. 
A comparação ora estabelecida parece casar per-
feitamente diante daquele momento em que as ideias são 
elencadas. No entanto, é preciso ser hábil para escolher 
palavra por palavra, de modo a fazer com que o discurso 
(as orações, os períodos, os parágrafos) torne-se claro e 
preciso, atendendo às expectativas de nosso interlocutor. 
Dessa forma, como aqueles grãos que boiam fora, desne-
cessários por sinal, algumas palavras também parecem 
não se encaixar, pois por um motivo ou outro acabam 
escapando aos nossos olhos. 
O porquê de escaparem? É simples, haja vista que 
nesse momento essa habilidade antes mencionada entra 
em ação e, em meio a esse ínterim, conhecimentos de 
toda ordem parecem se relacionar, sejam eles de ordem 
ortográfica, semântica, sintática e, sobretudo, aqueles 
indispensáveis a todo bom redator: o conhecimento de 
mundo. 
Dada essa manifestação, é impossível não abordar 
um procedimento, tão útil quanto necessário: a reescrita 
textual. Acredite que, por meio dele, você, enquanto 
emissor, encontrará os grãos pesados entre um grão 
qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de 
quebrar dente. Vale dizer, contudo, que essa reescrita 
não deve se dar somente no âmbito de corrigir aqueles 
possíveis erros... digamos assim... gramaticais. Importan-
tes eles? Sim, sem dúvida alguma, mas não são tudo. 
Cumpre afirmar que a reescrita deve ir além, haja vista 
que nos permite reconhecer aquelas ―falhas‖ que certa-
mente seriam reconhecidas por outra pessoa, sobretudo 
em se tratando do ―teor‖, da ―essência‖ discursiva. 
Tendo em vista que a coesão representa um dos 
principais aspectos na produção textual, muitas vezes, 
mediante a leitura daquilo que escrevemos, constatamos 
que os parágrafos não se encontram assim tão harmonio-
samente ligados como deveriam. Às vezes, uma conjun-
ção ali, um advérbio acolá e um pronome adiante não 
se encontram bem distribuídos. Outras vezes, perce-
bemos uma quebra de simetria (revelada pela falta 
de paralelismo), em que uma ideia poderia ter sido ex-
pressa de outra forma. 
Assim, de modo a constatar como esse aspecto 
assimétrico se manifesta na prática, analise o seguinte 
enunciado: 
A leitura é importante, necessária, útil e traz be-
nefícios a todo emissor que deseja aprimorar ainda mais a 
competência discursiva. 
Inferimos que com o uso de ―traz benefícios‖ houve 
uma quebra de simetria dos adjetivos explicitados (impor-
tante, necessária, útil...). Não que isso seja considerado 
uma falha de grande extensão, mas a ideia ficaria mais 
clara se outro adjetivo tivesse sido utilizado, justamente 
para acompanhar o raciocínio antes firmado, ou seja: 
A leitura é importante, necessária, útil e benéfi-
ca a todo emissor que deseja aprimorar ainda mais a 
competência discursiva. 
Outro aspecto, não menos importante, materializa-
se pela ―abundância‖ de orações intercaladas, as quais 
corroboram para a extensão da ideia, fazendo com que o 
interlocutor perca o ―fio da meada‖ e passe a não enten-
der mais o que se afirma no início da oração. Dessa for-
ma, para que fique um pouco mais claro, analisemos o 
parágrafo que segue, revelando ser um bom exemplo da 
ocorrência em questão: 
A leitura, esse importante instrumento – o qual 
o torna mais culto, mais apto a expressar seus pen-
samentos –, pois amplia significativamente seu voca-
bulário, contribui para o aperfeiçoamento da escrita. 
Tudo aquilo que se afirma acerca da eficácia da 
leitura, ainda que relevante, tornou extensa e cansativa a 
ideia abordada. Dessa forma, retificando a oração, pode-
ríamos obter como essencial somente estes dizeres, os 
quais seguem expressos: 
A leitura contribui para o aperfeiçoamento da 
escrita. 
Mediante os pressupostos aqui elencados, acredi-
tamos ter contribuído de forma significativa para que você 
aprimore ainda mais suas habilidades no que tange à 
construção textual. E que, por meio da reescrita de suas 
ideias, possa ser hábil em jogar fora o leve o oco, assim 
mesmo como ressalta nosso grande mestre, e reelabore 
seu discurso pautando-se na concretude das palavras, 
tornando-as claras, precisas, objetivas. 
 
EXERCÍCIOS 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
30 
 
 
O tempo não é experiência. Pode ser escle-
rose. Numa visão ligeira, envelhecer seria 
um caminhar no sentido do futuro - o que 
não corresponde à verdade. Caminhar em 
direção ao futuro é a característica do jo-
vem, ocorrendo envelhecimento quando se 
inicia o processo inverso: a volta ao passado, 
sua preservação, dele se fazendo sempre 
mais dependente. No que envelhece, o risco 
é o hábito - a infindável repetição daquilo 
que foi antes uma resposta criadora. 
O perigo é a tensão inerente ao passado 
em buscar perpetuar-se, oferecendo as 
mesmas respostas a questões que agora são 
outras. Esta, a ameaça do passado. Mas há 
outro ângulo. 
O passado não se acumula somente sob a 
forma de hábito, mas, virtualmente, introduz 
a possibilidade da memória. E se o hábito faz 
com que se repitam mecanicamente respos-
tas caducas, a memória é o potencial criador 
sempre disponível com o qual a história pode 
contar. 
O jovem está, num certo limite, livre de um 
passado que ameace escravizá-lo - simples-
mente por não existir ou por não ter atingido 
a intensidade necessária. Na aparência - 
como se isso não dependesse de uma posi-
ção do espírito - sendo o Brasil um país jo-
vem, estaríamos menos próximos dos peri-
gos da esclerose. Mas com o que podemos 
contar? Já foi dito, de resto, ser o Brasil um 
4 LÍNGUA PORTUGUESA 
www.editoradince.com.br. Acesse e veja se há novidades a respeito deste material 
 
 
35 
 
 
país sem memória. 
Nosso ceticismo destruiria esta considera-
ção - no sentido de levar em conta - com 
relação ao passado. Parece que estamos 
condenados a sempre partir do zero. 
(GOMES, Roberto. Crítica da Razão Tupiniquim. 
Porto Alegre, RS: Mercado Aberto, 7ª ed. 1984) 
 
Em relação às ideias do texto, julgue os itens que se se-
guem. 
001 ( ) O autor estabelece uma visão antitética em rela-
ção ao conceito usual de tempo. 
002 ( ) Envelhecimento é a dependência em relação ao 
passado. 
003 ( ) Pode-se inferir que o jovem, para manter-se fiel a 
suas características, preserva incólumes os valores 
herdados dos antepassados. 
004 ( ) Hábito e memória excluem-se, na medida em que 
o hábito é pura repetição, enquanto a memória abre 
possibilidades criadoras. 
005 ( ) Experiência, esclerose,passado, futuro e enve-
lhecer, no texto, pertencem ao mesmo campo semân-
tico. 
006 ( ) Virtualmente (linha 18) poderia ser substituído 
por potencialmente ou factivelmente, sem alterar subs-
tancialmente o sentido do texto. 
007 ( ) "Sendo o Brasil um país jovem", linhas 29-30, 
instaura uma condição concessiva em relação à ora-
ção seguinte. 
008 ( ) Ceticismo, linha 34, liga-se semanticamente a 
sem memória, na linha 33. 
 
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Em 10 de dezembro de 1948, a Assembléia 
Geral da Organização das Nações Unidas 
(ONU) aprovou a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, ainda como parte das 
atividades inaugurais da organização, funda-
da em 1945, visando construir um tempo 
novo para a humanidade. 
A Declaração está aí, porém quantos a co-
nhecem na íntegra? No Brasil, por exemplo, 
o infeliz e absurdo slogan praticado por mui-
tos, afirmando que ―direitos humanos são 
direitos de bandidos‖, tem servido para a 
justificação de todo tipo de absurdo cometi-
do, negando o que é, na essência, ligado à 
proteção da vida e da dignidade humanas. 
―Todos os seres humanos nascem livres e 
iguais em dignidade e direitos‖, enunciado 
do artigo primeiro, é, em si, um programa 
de trabalho praticamente inesgotável. Os 
desafios da construção solidária — porque 
trabalhada em conjunto, fortalecida, sólida 
— da liberdade e da igualdade, sob as oscila-
ções decorrentes da ordem mundial, passan-
do da bipolaridade para as polaridades difu-
sas ou múltiplas polaridades, demonstram 
que a Declaração estabeleceu apenas dire-
ções, que têm ajudado a humanidade a 
manter-se, minimamente, no caminho da 
sobrevivência. 
Em tempos de violência, tão globalizada 
como a economia, há os que colocam sob 
suspeita e risco o respeito aos direitos hu-
manos. Erro brutal, porque, se faltarem até 
os mínimos que a consciência humana esta-
beleceu para si mesma, não se terá mais a 
 
 
40 
base comum sobre a qual caminhar. 
Roseli Fischmann. Correio Braziliense, 
10/12/2001 (com adaptações). 
 
Em relação às ideias do texto, julgue os itens que se se-
guem. 
009 ( ) Pela argumentação do texto, depreende-se que a 
autora considera a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos uma ideia insuficiente para construir um 
tempo de paz e que deve ser substituída por outro do-
cumento mais radical contra a violência. 
010 ( ) Segundo o texto, a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos é abrangente, mas detalhada e mi-
nuciosa, de modo a oferecer diretrizes específicas e 
concretas para aplicação localizada e imediata. 
011 ( ) De acordo com a argumentação do texto, infere-
se que o conceito de globalização restringe-se aos as-
pectos financeiros e econômicos das diversas nações. 
012 ( ) Conforme o texto, a humanidade, para preservar 
suas possibilidades de sobrevivência, precisa respeitar 
os objetivos mínimos de liberdade e igualdade que es-
tabeleceu para si como uma base comum. 
013 ( ) Infere-se do texto que muitos acreditam que os 
marginais, os delinquentes, os transgressores da lei 
não são dignos de exigirem para si os direitos huma-
nos aplicáveis aos cidadãos honestos. 
 
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A maioria dos comentários sobre crimes 
ou se limitam a pedir de volta o autorita-
rismo ou a culpar a violência do cinema e 
da televisão, por excitar a imaginação 
criminosa dos jovens. Poucos pensam que 
vivemos em uma sociedade que estimula, 
de forma sistemática, a passividade, o 
rancor, a impotência, a inveja e o senti-
mento de nulidade nas pessoas. Não po-
demos interferir na política, porque nos 
ensinaram a perder o gosto pelo bem 
comum; não podemos tentar mudar nos-
sas relações afetivas, porque isso é as-
sunto de cientistas; não podemos, enfim, 
imaginar modos de viver mais dignos, 
mais cooperativos e solidários, porque 
isso é coisa de ―obscurantista, idealista, 
perdedor ou ideólogo fanático‖, e o mun-
do é dos fazedores de dinheiro. 
Somos uma espécie que possui o poder 
da imaginação, da criatividade, da afirma-
ção e da agressividade. Se isso não pode 
aparecer, surge, no lugar, a reação cega 
ao que nos impede de criar, de colocar no 
mundo algo de nossa marca, de nosso 
desejo, de nossa vontade de poder. Quem 
sabe e pode usar — com firmeza, agressi-
vidade, criatividade e afirmatividade — a 
sua capacidade de doar e transformar a 
vida, raramente precisa matar inocentes, 
de maneira bruta. Existem mil outras ma-
neiras de nos sentirmos potentes, de nos 
sentirmos capazes de imprimir um curso à 
vida que não seja pela força das armas, 
da violência física ou da evasão pelas 
drogas, legais ou ilegais, pouco importa. 
Jurandir Freire Costa. In: Quatro autores em 
busca do Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 
43 (com adaptações). 
Acerca das ideias do texto, julgue os seguintes itens. 
LÍNGUA PORTUGUESA 5 
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014 ( ) Muitos acreditam que a censura aos meios de 
comunicação seria uma forma de reduzir a violência 
entre jovens. 
015 ( ) A argumentação do texto põe em confronto atitu-
des possíveis: uma que se caracteriza por passividade 
e impotência, outra, por resistência criativa. 
016 ( ) O trecho ―Não podemos (...) dinheiro‖ (linhas 9-19) 
apresenta exemplificações que funcionam como ar-
gumentos para a afirmação do período que o antece-
de. 
017 ( ) Infere-se do texto que o autor culpa a violência do 
cinema e da televisão pela disseminação da violência 
nos dias atuais. 
018 ( ) De acordo com as ideias defendidas no texto, as 
formas positivas de dar sentido à vida e experimentar 
a sensação de poder vinculam-se à maneira como se 
usa a capacidade de doação e de transformação. 
 
PARÁFRASE 
Em poucas palavras poderíamos dizer que a pará-
frase é a sinonímia frasal. Assim como ocorre de algumas 
palavras apresentarem sentidos bastante aproximados 
(querer/desejar, preceisar/necessitar etc), percebemos a 
ocorrência desse fenômeno entre frases, eis aí a paráfra-
se. Tomemos< por exemplo, a seguinte frase: 
Márcio construiu duas casas no ano passado. 
Como sabemos temos aí o verbo na voz ativa. Se 
transpusermos a frase acima para a voz passiva: 
Duas casas foram construídas por Márcio no ano 
passado. 
alteraremos as relações sintáticas, no entanto 
manteremos as relações semânticas (sentido). Explicando 
melhor: no primeiro exemplo temos um agente (Márcio), 
uma ação (construir) e um paciente (produto da ação: 
duas casas). Todas essas relações se mantêm no segun-
do exemplo. Podemos afirmar então que ambas as frases 
apresentam os mesmos valores semânticos, embora 
apresentem estruturas gramaticais diferentes. Vale lem-
brar que qualquer mudança na estrutura gramatical impli-
cará mudança de sentido por mínima e imperceptível que 
seja, não há; portanto, paráfrases perfeitas. 
Vejamos alguns casos em que ocorre paráfrase: 
 
a) a relação voz ativa/voz passiva: 
Pedro matou João./João foi morto por Pedro. 
 
b) a construção de comparativo de igualdade: 
Pedro é tão bom quanto José./José é tão bom quanto 
Pedro. 
 
c) a construção dos comparativos de superiodade e inferi-
oridade, formulados nos dois sentidos: 
Pedro é mais esperto do que José./José é menos esperto 
que Pedro. 
 
d) a construção com ter/a construção com ser de: 
Pedro tem João como amigo./João é amigo de Pedro. 
 
e) construções nominalizadas/construções não-
nominalizadas: 
Primeiro o coral cantou o hino, depois a banda executou a 
marcha fúnebre./ O canto do hino pelo coral foi seguido 
pela execução da marcha fúnebre pela banda. 
 
f) construção com mesmo: 
Wladimir Zatopek corre 3000 metros no mesmo tempo 
que o irmão do João./O irmão do João corre os 3000 
metros no mesmo tempo que Wladimir Zatopek. 
 
g) paráfrase lexical e estrutural ao mesmo tempo: 
O camelô vendeu-me este descascador de batatas que 
não funciona./Compreido camelô este descascador de 
batatas que não funciona. 
 
PERÍFRASE 
A perífrase consiste, basicamente, em dizer o 
mesmo com mais palavras. Assim temos perífrase nas 
relações entre: 
a. Tempos simples e compostos 
Paulo comprara um carro. 
Paulo havia comprado um carro. 
 
b. Adjetivo e locução adjetiva 
Minha irmã tem um gênio diabólico. 
Minha irmã tem um gênio de diabo 
 
c. Adjetivo e oração subordinada adjetiva 
Pessoas provenientes das camadas sociais inferiores. 
Pessoas que provêm das camadas sociais inferiores. 
 
d. Antonomásias 
Tiradentes morreu enforcado. 
O mártir da independência morreu enforcado. 
 
Não é possível fazermos uma lista exaustiva dos 
casos de perífrase, portanto, lembremos do princípio: 
dizer o mesmo com mais palavras. 
 
RESUMO 
O resumo consiste em reduzir o texto às informa-
ções principais nele contidas, em certa medida, é o con-
trário da perífrase. É evidente que um resumo não mante-
rá os mesmos sentidos do texto original, no entanto ele 
deve dar uma ideia clara daquilo que é central no texto 
resumido. Veja o texto seguinte: 
Acompanhado por seus assistentes, o famoso ci-
rurgião, personalidade respeitada em todo o mundo, de-
sembarcou, nas primeiras horas da manhã, na cidade de 
Santos, convidado pelas mais altas autoridades do país. 
Poderíamos resumi-lo em: 
O famoso cirurgião desembarcou na cidade de 
Santos. 
Observe que expressões explicativas, adverbiais, 
apositivas constituem especificações importantes para o 
texto, no entanto dispensáveis no resumo. Resumindo: o 
resumo mantém as ideias originais do texto sem seus 
acessórios. 
 
EXERCÍCIOS 
1 
 
 
 
5 
Um traço que deve caracterizar o ser 
humano, ainda não embrutecido pela pró-
pria fraqueza ou pela realidade tremenda, 
é a liberdade que ele se reserva de opor ao 
evento defeituoso, à situação decepcionan-
6 LÍNGUA PORTUGUESA 
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55 
 
te, uma força contraditória. Essa força 
poderia chamar-se esperança; esperança 
de que aquilo que não é, que não existe, 
possa vir a ser; uma espera, no sonho, de 
que algo se mova para a frente, para o 
futuro, tornando realidade aquilo que pre-
cisa acontecer, aquilo que tem de passar a 
existir. 
Essa força talvez pudesse ser chamada, 
também, de sonho. Mas esse também 
seria um nome inadequado, porque um 
sonho escapa a nosso controle, impõe-se a 
nós tanto quanto se insinua sobre nós essa 
realidade manca ou sufocante que precisa 
ser mudada. E é necessário termos o con-
trole dessa mudança, algum controle. So-
nhar, apenas, não serve. 
Estaríamos mais perto do nome adequa-
do a essa força de contradição se pensás-
semos na imaginação, essa capacidade de 
superar os limites frequentemente medío-
cres da realidade e penetrar no mundo do 
possível. Mas a imaginação necessária à 
execução daquilo que deve vir a existir não 
é a imaginação digamos comum, aquela 
que se alimenta apenas da vontade subje-
tiva da pessoa e se volta unicamente para 
seu restrito campo individual. Tem de ser 
uma imaginação exigente, capaz de pro-
longar o real existente na direção do futu-
ro, das possibilidades; capaz de antecipar 
este futuro como projeção de um presente 
a partir daquilo que neste existe e é passí-
vel de ser transformado. Mais: de ser me-
lhorado. 
Essa imaginação exigente tem um no-
me: é a imaginação utópica, ponto de con-
tato entre a vida e o sonho. É ela que, até 
hoje pelo menos, sempre esteve presente 
nas sociedades humanas, apresentando-se 
como o elemento de impulso das inven-
ções, das descobertas, mas, também, das 
revoluções. É ela que aponta para a pe-
quena brecha por onde o sucesso pode 
surgir, é ela que mantém em pé a crença 
em uma outra vida. Explodindo os quadros 
minimizadores da rotina, dos hábitos circu-
lares, é ela que, militando pelo otimismo, 
levanta a única hipótese capaz de nos 
manter vivos: mudar de vida. 
Teixeira Coelho. O que é utopia. São Paulo: 
Brasiliense, 1980, p. 7-9 (com adaptações). 
 
Julgue se os itens seguintes apresentam, por meio de 
estruturas gramaticalmente corretas, informações do 
texto. 
019 ( ) São traços característicos da juventude: a liberda-
de, a oposição à frágil realidade e a força contraditória 
de suas ações, além do sonho e da utopia. 
020 ( ) Poder-se-ia chamar de esperança essa força que 
move o ser humano para a frente, para o futuro, em 
busca daquilo que precisaria acontecer, daquilo que 
passaria a existir. 
021 ( ) Deveria-se nomear a imaginação comum de exi-
gente, referindo à capacidade de superar os limites 
reais e de penetrar no mundo possível, do restrito 
campo individual. 
022 ( ) É possível intitular-se de imaginação exigente a 
capacidade de antecipar um futuro mais promissor, a 
partir da projeção de um presente transformado. 
023 ( ) Ponto de contato entre vida e sonho, a imagina-
ção utópica esteve sempre presente nas sociedades 
humanas, como elemento de impulso das invenções, 
das descobertas e das revoluções. 
 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
10 
Todos os direitos humanos são universais, 
indivisíveis, interdependentes e inter-
relacionados. Esses são alguns dos princípios 
fundamentais da Declaração de Viena sobre 
os Direitos Humanos, fruto de conferência 
realizada naquela cidade, em 1993. A partir 
dessa conferência, várias ações para o forta-
lecimento da cooperação internacional na 
área de direitos humanos vêm sendo consi-
deradas como essenciais para a realização 
plena da cidadania nos planos nacional e 
internacional. 
Com base na visão atual dos direitos huma-
nos, julgue os itens que se seguem. 
024 ( ) Já não se pode mais justificar a inobservância dos 
direitos humanos com base em argumentos como o do 
relativismo cultural ou o de que os direitos humanos 
são valores ocidentais. 
025 ( ) Não é possível garantir os direitos civis sem que 
haja a garantia dos direitos sociais. É preciso entender 
que os direitos humanos, apesar de separados por ar-
tigos, em declarações, convenções e pactos, devem 
transmitir a noção do conjunto de condições para a 
sobrevivência e a dignidade do homem. 
026 ( ) O direito ao desenvolvimento é também um direito 
humano e deve ser realizado de modo a satisfazer 
equitativamente as necessidades ambientais e de de-
senvolvimento de gerações presentes e futuras. 
027 ( ) A existência generalizada de situações de extre-
ma pobreza e a insanidade econômica destrutiva que 
prioriza o lucro a qualquer custo inibem o pleno e efe-
tivo exercício dos direitos humanos. 
028 ( ) No Brasil, país dos mais violentos e com graves 
problemas no campo da preservação dos direitos hu-
manos, tem havido ações no sentido de mudança 
desse quadro, constituindo exemplo disso a criação de 
uma Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. 
 
1 
 
 
 
5 
A educação vem a ser um dos eixos funda-
mentais da construção da cidadania e da 
afirmação positiva de uma nação perante as 
demais. No Brasil, os padrões educacionais da 
população, ainda bastante limitados, vêm 
sofrendo alterações positivas e negativas nos 
últimos anos. 
A respeito dessa matéria, julgue os itens 
abaixo. 
029 ( ) A herança histórica da escravidão, o crescente 
endividamento social interno e o desleixo das elites 
em relação à incorporação positiva daqueles posicio-
nados na base da pirâmide social geraram a perver-
são de se dotar o país com um sofisticado sistema de 
pós-graduação ao lado de uma educação básica ca-
rente. 
030 ( ) Apesar dos esforços da sociedade e do Estado 
nas últimas décadas, os índices de analfabetismo for-
mal permaneceram estagnados. 
LÍNGUA PORTUGUESA 7 
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031 ( ) A educação superior de bom nível está localizada, 
predominantemente, nas instituições públicas, mas a 
relação se invertequando se trata da educação bási-
ca. 
032 ( ) O sistema de avaliação implantado pelo Exame 
Nacional de Cursos (Provão), apesar das críticas que 
vêm sendo feitas à sua concepção e à sua metodolo-
gia, vem permitindo a construção de uma certa radio-
grafia dos resultados dos investimentos feitos pela so-
ciedade e pelo Estado. 
 
PROCESSOS COESIVOS (COESÃO E COERÊN-
CIA) 
Um texto não é um aglomerado de frases. Para 
que um conjunto de frases constitua um texto é necessá-
rio que elas mantenham entre si uma ligação de sentido 
(coerência) e uma ligação material indicativa da ligação 
de sentido (coesão). É evidente que coerência e coesão 
são interdependentes, isto é, uma não existe sem a outra, 
dizendo de outro modo uma é causa e consequência da 
outra. Para realizarmos a ligação entre as diferentes par-
tes do texto dispomos de diversos meios, um dos mais 
importantes é a referência, apontar para o que já foi dito 
ou para o que seria dito é o princípio básico da referência. 
A classe de palavra que melhor desempenha essa 
função é a dos pronomes, contudo outras classes também 
podem desempenhar essa função. Vejamos alguns casos 
importantes. 
 
a) a elipse – consiste em substituir, por nada, um termo 
ou expressão já apresentada. 
Muitos homens não sabem o que fazer com o dinheiro 
que têm, outros Ø não têm dinheiro para fazer o que 
sabem. 
 
c) a sinonímia – consiste em substituir, por um sinônimo, 
um termo ou expressão já citada. 
Um matador de aluguel foi preso em Jaguaruana. A 
polícia afirma que o pistoleiro é o responsável pela morte 
do prefeito daquela cidade. 
 
d) a hiponímia e a hiperonímia – acontecem quando 
substituímos um termo ou expressão por outra de sentido 
mais amplo (hiperônimo) ou mais restrito (hipônimo). 
Vimos o carro do ministro aproximar-se. Alguns 
minutos depois, o veículo estacionava diante do Palácio 
do Governo. 
O professor mandou os alunos desenharem qua-
drados, retângulos e trapézios. Os quadriláteros en-
contravam-se empilhados uns sobre os outros na mesa 
dianteira da sala... 
 
e) os pronomes – essas palavras são as que mais se 
prestam para a referência, na verdade a natureza do 
pronome é referencial. 
Os pais têm a esperança de que seus filhos lhes darão 
um futuro melhor que seu presente. 
Quando um elemento coesivo faz referência a dois 
ou mais elementos de tal modo que não possamos espe-
cificar a qual dos dois a referência é feita, temos ambi-
guidade. 
 
Sempre que viajava para a casa de Cristina, Marí-
lia levava seus livros. (a quem pertencem os livros? A 
Cristina ou a Marília?) 
Quando diversos elementos de coesão fazem refe-
rência a um mesmo termo ou expressão, temos uma 
cadeia coesiva. 
O escorpião sempre exerceu um estranho fascínio 
sobre os homens. Ø Já foi venerado por alguns povos da 
antiguidade e tem sua forma associada a um dos signos 
zodiacais. Sua capacidade de sobreviver até dois anos 
sem se alimentar, encerrado num vidro de laboratório, 
confere-lhe alguns recordes entre os seres vivos. Sua 
antiguidade também causa admiração: ele existe há cerca 
de 400 milhões de anos – e Ø pouco mudou desde 
aquela época. Quando molestado, Ø desfere uma terrí-
vel ferroada com o aguilhão que tem dependurado na 
extremidade de sua cauda anelada. 
No texto acima, os elementos coesivos destacados 
referem-se todos ao termo O escorpião constituindo uma 
cadeia coesiva. 
Quando o referente de um elemento coesivo já foi 
citado, temos referência anafórica (anáfora); quando o 
referente surge no texto depois do elemento coesivo te-
mos referência catafórica (catáfora). 
Morreremos no auge de nossa sabedoria. Essa 
angústia sempre nos acompanhará. (anáfora). 
Esta angústia sempre nos acompanhará: morre-
remos no auge de nossa sabedoria. (catáfora) 
 
EXERCÍCIOS 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
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30 
 
 
 
 
35 
 
 
Píndaro nos preveniu de que o futuro é 
muralha espessa, além da qual não pode-
mos vislumbrar um só segundo. O poeta 
tanto admirava a força, a agilidade e a 
coragem de seus contemporâneos nas 
competições dos estádios quanto compre-
endia a fragilidade dos seres humanos no 
curto instante da vida. Dele é a constata-
ção de que o homem é apenas o sonho de 
uma sombra. Apesar de tudo, ele se conso-
lará no mesmo poema: e como a vida é 
bela! 
O século XX, que para alguns foi curto, 
para outros foi dilatado em seu sofrimento. 
Foi o século da mais renhida luta entre a 
opressão totalitária e a dignidade dos seres 
humanos. É provável que nele não tenha 
havido um só dia sem algum confronto 
bélico. Mas, em que século os seres huma-
nos conheceram a paz? 
Todos os tempos são opressivos, mas o 
nosso tempo é o mais pesado de todos, e 
não só porque nele nos toca viver. A tecno-
logia nunca serviu tanto à tortura, ao vili-
pêndio e à morte quanto serve hoje. Não 
há mais liberdade em nenhum lugar do 
mundo: os satélites nos ouvem e nos se-
guem pelas câmeras de televisão, pelo 
telefone celular, pelo uso do cartão de cré-
dito, pelo desenho de nossos olhos. Po-
demos morrer, ao atender a uma chamada 
telefônica, e grilhões explosíveis por con-
trole remoto impedem aos prisioneiros um 
direito sempre reconhecido, o de buscar a 
própria liberdade. 
Mauro Santayana. Sonhos e sombras. In: Cor-
reio Braziliense. ―Opinião‖, 1.º/1/2003 (com 
adaptações). 
 
8 LÍNGUA PORTUGUESA 
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Com relação ao emprego das estruturas linguísticas do 
texto acima julgue os itens a seguir. 
033 ( ) Pelo emprego dos pronomes na primeira pessoa 
do plural —―nos‖ (linhas 1, 23 e 27), ―nosso‖ (linha 
22) e ―nossos‖ (linha 30) — e da forma verbal ―Po-
demos‖ (linhas 30-31) o autor procura compartilhar as 
ideias com o leitor, inserindo-o no texto. 
034 ( ) As expressões ―O poeta‖ (linha 3), ―Dele‖ (linha 8) 
e ―ele‖ (linha 10) constituem uma cadeia anafórica re-
lativa a um mesmo referente: ―Píndaro‖ (linha 1). 
035 ( ) Ao se substituir ―quanto‖ (linha 6) por como, o 
período torna-se incoerente. 
036 ( ) Nas linhas 19-20, subentende-se da interrogação 
a ideia de que, em nenhum século, os seres humanos 
conheceram a paz. 
 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
10 
 
 
A grande crise econômica dos anos 80 reduziu 
a taxa de crescimento dos países centrais à 
metade do que foram nos vinte anos que se 
seguiram à Segunda Guerra Mundial, levou os 
países em desenvolvimento a terem sua ren-
da estagnada por 15 anos e intensificou o 
colapso dos regimes estatistas do bloco sovié-
tico. Quando dizemos que esta grande crise 
teve como causa fundamental a crise do Esta-
do - uma crise fiscal do Estado, uma crise do 
modo de intervenção do Estado no econômico 
e no social e uma crise da forma burocrática 
de administrar o Estado - está pressuposto 
Julgue os itens a seguir quanto à possibilidade ou não de 
darem continuidade ao texto que acima. 
037 ( ) o sistema econômico no capitalismo contemporâ-
neo, cuja coordenação é de fato realizada não apenas 
pelo mercado, como quer tal neoliberalismo conserva-
dor desse notável economista neoclássico, mas tam-
bém pelo Estado. 
038 ( ) que o Estado, além de garantir a ordem interna, a 
estabilidade da moeda e o funcionamento dos merca-
dos, tem um papel fundamental de coordenação eco-
nômica. 
039 ( ) de que o primeiro coordena a economia por meio 
de trocas, o segundo, por meio de transferências para 
os setores que esse não logra remunerar adequada-
mente segundo o julgamento político da sociedade. 
040 ( ) que, quando haveria uma crise importante no 
sistema, sua origem deverá ser encontrada ou no 
mercado, ou no Estado. 
041 ( ) de que o mercado é o mecanismo de alocação 
eficiente de recursos por excelência, mas mesmo nes-
ta tarefa sua ação deixa muitas vezes a desejar, dada 
não apenas a formação de monopólios, mas princi-
palmente a existência de economias externas que es-
capam ao mecanismo dos preços. 
(Adaptado de LuizCarlos Bresser Pereira) 
 
TEXTO 
 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
A força da História 
A História caprichosamente ofereceu aos 
brasileiros um símbolo de forte densidade, 
o de Tiradentes, para concretizar o mito do 
herói nacional. O lado generoso do chefe 
da rebelião anticolonial vem do transbor-
damento de seus objetivos, no sentido de 
tornar coletiva a aspiração de ruptura e de 
liberdade. Não apenas um ato de particular 
conveniência no mundo das relações hu-
10 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
25 
manas, mas uma articulação de vulto naci-
onal. 
Enquanto os ativistas da Inconfidência 
(Tiradentes o maior e o mais lúcido de 
todos) e os ideólogos lidavam com catego-
rias universais, que pressupunham os inte-
resses da coletividade brasileira, outros 
aderentes circunstanciais, os magnatas e 
os devedores da fazenda Real, ingressa-
ram no processo de luta a fim de resguar-
dar vantagens particulares. 
Com efeito, a figura de Tiradentes implan-
ta, na memória e no coração da nacionali-
dade, o sentimento de poder e de grande-
za que torna cada um de nós um íntimo 
dos seres sobrenaturais, um parceiro dos 
deuses. 
(Fábio Lucas, Luzes e trevas – Minas Gerais no século 
XVIII. Belo Horizonte: UFMG, 1998, p. 150-1; com 
adaptações) 
042 ( ) O primeiro período sintático do texto constitui a 
frase-núcleo, a ideia central a ser desenvolvida no res-
tante do texto. 
043 ( ) O primeiro período sintático do texto admite a 
seguinte paráfrase: Ao concretizar o mito do herói na-
cional, Tiradentes ofereceu à História e aos brasileiros 
um símbolo de forte densidade. 
044 ( ) As seguintes expressões do texto têm ―Tiraden-
tes‖ como referente: ―herói nacional‖ (linha 4), ―chefe 
da rebelião anticolonial‖ (linhas 4-5), ―vulto nacio-
nal‖ (linha 10) e ―ativistas da Inconfidência‖ (linha 
12). 
045 ( ) As ideias de ―coletiva a aspiração de ruptura e de 
liberdade‖ (linhas 7-8), ―articulação de vulto nacional‖ 
(linhas 10-11), ―categorias universais‖ (linhas 14-15) e 
―interesses da coletividade brasileira‖ (linhas 15-16) 
desenvolvem e explicam a ideia de ―transbordamento 
de seus objetivos‖. (linhas 5-6). 
046 ( ) O segundo parágrafo estrutura-se sobre uma 
oposição: ativistas e ideólogos versus magnatas e 
devedores, correspondendo, respectivamente, a ―in-
teresses da coletividade‖ e ―vantagens particula-
res‖. 
 
TIPOLOGIA TEXTUAL. 
Observe os dois textos que seguem: 
Texto 1 
1 
 
 
5 
 
 
 
10 
 
 
 
 
15 
A mata que cobria uma das margens de um rio 
estava em chamas. Um escorpião, vendo que iria 
morrer carbonizado, pede a um sapo, que se 
preparava para ir para a outra margem, que o 
leve nas costas. O sapo recusa-se, dizendo que 
o escorpião poderia picá-lo, este diz que não 
haveria nenhuma razão para isso, pois se o 
aguilhoasse, morreria afogado. Continua dizendo 
que ele poderia estar tranquilo, pois aferroá-lo 
era ir contra sua própria vida. O sapo consente, 
então, em transportá-lo. O escorpião pica-o. 
Sentindo a ação do veneno, o sapo indaga o 
porquê daquela atitude, já que ambos iriam mor-
rer. O escorpião responde que não podia resistir 
à vontade de ferroar os outros. 
 
Texto 2 
 A índole das pessoas é imutável. Nenhuma cir-
cunstância pode alterar a natureza do ser huma-
no. 
LÍNGUA PORTUGUESA 9 
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Os dois textos dizem basicamente a mesma coisa. 
Expressam o ponto de vista daqueles que não crêem na 
possibilidade de transformação do homem por meio do 
processo educativo, dos que acreditam que as condições 
em que o ser humano vive não exercem nenhum papel no 
forjamento de suas características. Se os dois textos são 
semelhantes do ponto de vista do conteúdo, são comple-
tamente diferentes no que diz respeito à composição. Em 
que reside essa diferença? O primeiro é mais concreto e o 
segundo, mais abstrato. 
Antes de prosseguirmos, vamos precisar o signifi-
cado dos termos concreto e abstrato. Nossa tradição 
gramatical ensina que concretude e abstração são propri-
edades dos substantivos: concreto é o que existe por si 
mesmo num dado universo de discurso; abstrato, o que 
só tem existência própria num outro ser. Enquanto ho-
mem, mulher, fada, e saci têm existência própria num 
dado universo de discurso (por exemplo, a fada no uni-
verso dos contos maravilhosos), orgulho, amor e ira só 
existem nas pessoas orgulhosas, que amam ou ficam 
iradas, não tendo, portanto, existência própria. 
Poderíamos alterar esse conceito e dizer que é 
concreto o que remete a algo presente no mundo natural, 
entendendo como mundo natural os mundo criados pela 
linguagem (assim não só casa pertence ao mundo natu-
ral, mas também saci, pois é ele um ser que é parte do 
mundo natural delineado pelo nosso folclore). Abstrato 
seria, então, o que remete a algo não presente no mundo 
natural ( a tristeza, a imutabilidade, o ódio). Esse conceito 
não se restringe aos substantivos, mas se estende aos 
adjetivos e verbos: vermelho e abanar-se apresentam, do 
ponto de vista manifestado acima, mais concretude do 
que tolerante e invejar. Na verdade, concreto e abstrato 
não são dois pólos absolutamente opostos, mas formam 
um contínuo que vai do mais concreto ao mais abstrato. 
Voltemos aos nossos textos. O primeiro é mais 
concreto. Será chamado texto figurativo, pois é constituí-
do de figuras, que são, então, termos concretos, ou seja, 
que remetem a algo presente no mundo natural. No pri-
meiro texto, temos mata, rio, escorpião, picar, carboniza-
do, etc. O segundo é mais abstrato. Será denominado 
texto temático, pois é organizado com temas, que são, 
pois, termos abstratos, isto é, que não remetem a algo 
presente no mundo natural, mas a categorias explicativas 
do que nele existe. No segundo texto, trabalhamos com 
termos como índole, imutável, circunstância, natureza. 
Os textos dividem-se, pois, em duas grandes cate-
gorias: os figurativos e os temáticos. Uma observação 
impõe-se. Quando falamos textos figurativos e temáticos, 
pensamos em textos predominantemente, mas não exclu-
sivamente, compostos de figuras ou temas. Com efeito, 
num texto figurativo podem aparecer termos abstratos e 
num temático, termos concretos. O que importa é que no 
figurativo predominam os concretos e no temático, os 
abstratos. 
Esses textos têm finalidades completamente dife-
rentes. Os figurativos servem para simular, representar, 
figurar o mundo e as ações do homem. Têm pois uma 
função representativa. Graciliano Ramos representa com 
Fabiano e Sinhá Vitória, cujos maiores desejos eram, 
respectivamente, falar com seu Tomás da bolandeira e ter 
uma cama de couro como a dele, tantos fabianos e sinhás 
vitórias que, despossuídos de todos os bens materiais e 
espirituais estão colocados num nível infra-humano. 
Os textos temáticos têm uma função predicativa, 
isto é, destinam-se a explicar, a interpretar, a dar sentido 
ao mundo. 
Muitas vezes, textos figurativos e temáticos ver-
sam sobre o mesmo assunto, um representando-o o outro 
explicando-o. Assim, o mito de Narciso, que narra a histó-
ria de um belo moço, que, condenado a apaixonar-se por 
si mesmo, quando visse sua imagem, enamora-se de si 
mesmo no momento em que, curvando-se para tomar 
água numa fonte, vê sua imagem refletida, é um texto 
figurativo. Ele simula a atitude narcisística. Já o texto de 
Freud sobre o narcisismo explica uma determinada dire-
ção da libido. 
Sob todo texto figurativo há temas. As figuras en-
cadeiam-se nele com vistas a manifestar um dado tema. 
Assim, a compreensão desse tipo de texto passa pela 
apreensão dos temas subjacentes. São eles que dão 
sentido ao texto figurativo. Não se pode entender o texto 
abaixo sem apreender o tema do eternizar a vida, igno-
rando sua fugacidade. 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
10 
―As rosas amo dos jardins de Adônis, 
Essas volucres amo, Lídia, rosas 
Que em o dia em que nascem 
Em esse dia morrem. 
A luz para elas é eterna, porque 
Nascem nascido já o sol, e acabam 
Antes que Apolodeixe 
O seu curso visível. 
Assim façamos nossa vida um dia, 
Inscientes, Lídia, voluntariamente 
Que há noites antes e após 
O pouco que duramos. 
PESSOA, Fernando. Odes de Ricardo Reis. 
Lisboa: Ática, p.30 
Depois dos conceitos de texto temático e figurati-
vo, deve-se introduzir o de narratividade. Deve ser enten-
dida a narratividade como uma transformação de estado. 
Assim, em ―a amizade de Escobar fez-se grande e fecun-
da‖, temos um enunciado narrativo porque ocorre a trans-
formação de um estado de amizade ainda pequena para 
um estado de amizade grande e fecunda. 
Há dois tipos de transformações narrativas: a de 
aquisição e a de perda. A primeira é aquela em que se 
passa a ter algo; a segunda é aquela em que se é despo-
jado de algo que se tem. Por exemplo. 
a) ―O Padre Cabral recebera na véspera um reca-
do do internúcio; foi ter com ele, e soube que, por decreto 
pontifício, acabava de ser nomeado protonotário apostóli-
co.‖ Aqui ha várias aquisições: o saber relativo ao recado, 
o saber concernete à nomeação, a obtenção do título. 
b) ―Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma 
sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha chácara 
do Catumbi.‖ Aqui temos uma perda: a passagem da vida 
à não-vida. 
Ao longo de nossa vida, entramos em contacto 
com múltiplos tipos de texto: poesia e prosa; literários e 
utilitários; políticos, religiosos e jornalísticos, etc. Podem-
se fazer muitas classificações de textos. Cada uma delas 
tem base num dado critério. 
Nossa tradição escolar usa bastante uma determi-
nada classificação e com base nela pretende que os alu-
nos aprendam a redigir três tipos de textos: a dissertação, 
a narração e a descrição. No entanto, embora muito utili-
zados, o conhecimento de cada um desses tipos é intuiti-
vo. Eles não são definidos com muito rigor. Apesar disso, 
nas provas e nos vestibulares exige-se que os alunos 
componham redações utilizando, com precisão, cada um 
deles. Com base nos conceitos expostos acima (figura, 
tema e narratividade) vamos delinear as característica 
básicas desses tipos de texto com que, em geral, a escola 
trabalha. 
Antes de começar a estudar cada um deles, é pre-
ciso ressaltar que dificilmente eles são encontrados em 
10 LÍNGUA PORTUGUESA 
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estado puro. Pode haver uma escala de narração, descri-
ção e dissertação num mesmo texto. 
A primeira característica para elaborar a distinção 
é a oposição temáticoXfigurativo. A dissertação é um 
texto temático, enquanto a narração e a descrição são 
figurativos. A segunda característica a ser levada em 
conta é a narratividade. Tanto a dissertação quanto a 
narração apresentam mudanças de situação. Já a descri-
ção não. Ao contrário, ela mostra propriedades e aspectos 
simultâneos do que é descrito, considerados, pois numa 
única situação. É preciso detalhar o que foi dito. 
 
Observe o texto que segue: 
 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
10 
―Mozart no céu 
No dia 5 de dezembro de 1791, Wolfgang 
Amadeus Mozart entrou no céu, como um 
artista de circo, fazendo piruetas extraordi-
nárias sobre um mirabolante cavalo branco. 
Os anjinhos atônitos diziam: Que foi? Que 
foi? 
Melodias jamais ouvidas voavam nas linhas 
suplementares superiores da pauta. 
Um momento se suspendeu a contemplação 
inefável. 
A Virgem beijou-o na testa 
E desde então Wolfgang Amadeus Mozart foi 
o mais moço dos anjos.‖ 
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983. p. 255. 
Observe que: 
a) o texto é figurativo, pois fala de Mozart, piruetas, 
anjinhos, branco, pauta, melodias, Virgem, etc. 
b) contém um conjunto de transformações de es-
tado (a passagem da não-presença à presença no céu, 
alteração da atitude de contemplação inefável, etc.); 
c) as mudanças relatadas estão organizadas de tal 
maneira que entre elas existem relações de concomitân-
cia, anterioridade e posterioridade (por exemplo, a entra-
da de Mozart no céu é anterior ao beijo da Virgem; ser o 
mais moço dos anjos é posterior a esse beijo; o vôo das 
melodias é concomitante à entrada de Mozart no céu). 
Por essas razões, o texto acima é uma narração. 
As três características do texto narrativo são: 
a) é figurativo; 
b) mostra transformações de estado; 
c) apresenta variações de concomitância, anterio-
ridade e posterioridade entre os episódios relatados. 
Essas relações temporais (concomitância, anterio-
ridade e posterioridade) são sempre necessárias à consti-
tuição de uma narração, mesmo que sua linearidade este-
ja alterada no texto. O leitor, para compreender a narrati-
va, precisa reconstituir essas relações: saber o que acon-
teceu antes, ao mesmo tempo e depois. 
Note que estamos distinguindo narratividade e nar-
ração. A primeira é uma transformação de situação, que 
pode estar presente também no texto dissertativo. A se-
gunda é um texto figurativo em que há transformações. 
A narração tem a finalidade de constituir um simu-
lacro da ação do homem no mundo. 
Há basicamente dois modos de narrar: em 3ª pes-
soa e em 1ª. No primeiro, o narrador se ausenta do texto; 
no segundo, introduz-se nele dizendo eu. 
No trecho abaixo o narrador não está presente.è 
um texto em 3ª pessoa: 
Um crioulo trouxe o café. Rubião pegou na xícara 
e, enquanto lhe deitava o açúcar, ia disfarçadamente 
mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, 
eram os metais que amava de coração; não gostava de 
bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de 
preço, e assim se explica este par de figuras que aqui 
está na sala, um Menfistófeles e um Fausto. Tivesse, 
porém, de escolher, escolheria a bandeja, - primor de 
argentaria, execução fina e acabada.‖ 
ASSIS, Machado de. Obras completas. Rio de Janeiro: 
Nova Aguilar, 1979 V 1, p.643. 
 
Neste outro o narrador conta o que acontece com 
ele. Por isso, diz eu. 
―Marcela amou-me durante quinze meses e onze 
contos de réis, nada menos. Meu pai, logo que teve a 
aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou 
que o caso excedia as raias de um capricho juvenil.‖ 
ASSIS, Machado de. Obras completas. Rio de Janeiro: 
Nova Aguilar, 1979 V 1, p.536 
Não é indiferente narrar em 1ª ou 3ª pessoa. Cada 
um desses modos cria um determinado efeito de sentido. 
Narrar em 3ª pessoa dá objetividade ao texto; contar em 
1ª pessoa confere subjetividade ao texto. Se o texto é 
construído em 3ª pessoa, os fatos parecem narrar-se por 
si mesmos, parecem ser do jeito que são, parece que 
ninguém interferiu neles. Por isso, o texto científico não 
admite a 1ª pessoa. Se alguém dissesse: ―Eu afirmo que 
a Terra é redonda‖, poderia dar a entender que esse é um 
ponto de vista particular. Mas no enunciado ―A Terra é 
redonda‖ deixa-se implícito que isso é uma verdade uni-
versal. Nada é gratuito na composição dos textos. 
Observe agora o texto que segue: 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
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25 
 
 
 
―O fogo crescia ímpetos de entusiasmo, 
como alegrado dos próprios clarões, des-
feiteando a noite com a vergasta das laba-
redas. 
Sobre o pátio, sobre o jardim, por toda a 
circunvizinhança choviam fagulhas, con-
trastando a mansidão da queda com os 
tempestuosos arrojos do incêndio. Por toda 
a parte caiam escórias incineradas, que a 
atmosfera flagrante repetia para longe 
como folhas secas de imensa árvore sacu-
dida. (...) 
 Às vezes, a um novo alento das chamas, a 
coluna ardente desenvolvia-se muito, e 
avistavam-se as árvores terrificadas, imó-
veis, as mais próximas crestadas pelas 
ondas de ar tórrido que o incêndio despe-
dia. As alamedas, subitamente esclareci-
das, multiplicavam as caras lívidas, olhan-
do. Na rua, ouvia-se arquejar pressurosa-
mente uma bomba a vapor; as manguei-
ras, como intermináveis serpentes, insinu-
avam-se pelo chão, colavam-se às pare-
des, desapareciam por uma janela. Nas 
cimalhas, destacando-se em silhueta, so-
bre as cores terríveis do incêndio, moviam- 
se os bombeiros.‖ 
POMPÉIA, Raul.O Ateneu. Rio de Janeiro: 
Tecnoprint, 1965. p.185. (Edições de Ouro) 
Esse texto que descreve o incêndio no Ateneu, 
apresenta as seguintes características: 
a) é figurativo, pois fala de pátio, jardim, fagulhas, 
crestado, colar-se, etc.; 
b) todas as frases apresentam ocorrências simul-
tâneas (ao mesmo tempo que se multiplicavam caras 
lívidas, ouvia-se o arquejar de uma bomba a vapor); por 
isso, não existem no relato relações de anterioridade e 
LÍNGUA PORTUGUESA 11 
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posterioridade (por não haver esse tipo de relação crono-
lógica, a sequência dos enunciados poderia ser alterada); 
c) não há no texto transformações de estado (por 
exemplo, nada indica a passagem da ausência do fogo 
para sua presença: o incêndio já está lá); 
d)ainda que o texto apresente ações e processos 
verbais, todos eles estão no pretérito imperfeito, que indi-
ca concomitância durativa em relação a um marco pretéri-
to instalado no texto (no caso, um dia do passado em que 
ocorreu o incêndio) e, por isso, não indicam nenhuma 
transformação. 
Por essas características, pode-se dizer que o tex-
to em questão é descritivo. Descrição é o tipo de texto em 
que se expõem características de seres e fatos concretos 
(pessoas, objetos, situações, etc.) considerados fora da 
relação de anterioridade e posterioridade. Constrói um 
simulacro do mundo. 
As características do texto descritivo são: 
a) é figurativo; 
b) não relata mudanças de situação, mas proprie-
dades e aspectos simultâneos dos elementos descritos, 
considerados, pois, numa única situação; 
c) como o que se apresenta numa situação é si-
multâneo, a concomitância é a única relação presente 
num texto descritivo. 
A característica fundamental da descrição é a ine-
xistência de progressão temporal, isto é, que o que se diz 
é simultâneo e que, portanto, não se pode estabelecer 
relação de anterioridade e posterioridade entre os enunci-
ados. Numa descrição, podem perfeitamente ser expostos 
movimentos e ações, desde que sejam simultâneos, não 
indicando, pois, progressão de uma situação anterior a 
uma posterior. Uma das marcas linguísticas da descrição 
é o predomínio absoluto de verbos no presente e no pre-
térito imperfeito do indicativo, uma vez que ambos indi-
cam concomitância, o primeiro em relação ao momento 
da fala, o segundo em relação a um momento pretérito 
instalado no texto. O segundo indica uma simultaneidade 
durativa em relação ao passado. 
Para transformar uma descrição numa narração 
basta introduzir nela a indicação de passagem de um 
estado antecedente para um subsequente. Por exemplo, 
se na primeira frase do texto acima trocarmos o pretérito 
imperfeito ―crescia‖ pelo pretérito perfeito ―cresceu‖ já 
estaremos introduzindo uma transformação de estado: o 
fogo passou de pequeno a grande. 
 
Observe o texto que segue: 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
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15 
 
 
 
 
―E a História do Brasil é, para Paulo Prado, 
o desenvolvimento desordenado dessas 
obsessões – a luxúria e a cobiça – que do-
minam o espírito e o corpo de suas vítimas. 
Dos excessos da vida sensual ficaram tra-
ços no caráter do brasileiro, pois ‗os fenô-
menos de comportamento não se limitam a 
funções sensoriais e vegetativas; esten-
dem-se até o domínio da inteligência e dos 
sentimentos. Produzem no organismo per-
turbações somáticas e psíquicas, acompa-
nhadas de uma profunda fadiga, que facil-
mente toma aspectos patológicos, indo do 
nojo até o ódio‘. Como ao lado da sensuali-
dade havia a cobiça, a luta entre esses 
apetites iria criar uma raça triste: ‗a triste-
za sucedeu à intensa vida sexual do colono, 
desviado para as perversões eróticas, de 
um fundo acentuadamente atávico‘; de 
20 
 
 
outro lado, a cobiça não permite saciedade 
e ‗no anseio da procura afanosa, na desilu-
são do ouro, esse sentimento é também 
melancólico, pela inutilidade do esforço e 
pelo ressaibo da desilusão‘.‖ 
LEITE, Dante Moreira. O caráter nacional brasi-
leiro: história de uma ideologia. 3ªed. São Paulo: 
Pioneira, 1976. p.263. 
Esse texto explica a concepção de Paulo Prado de 
que a História do Brasil é o desenvolvimento da luxúria e 
da cobiça e que isso deixou traços no caráter nacional. 
Observe que: 
a) o texto é temático, pois analisa e observa o 
mundo, usando, para tanto, termos abstratos. 
Fala ele de desenvolvimento, obsessões, luxú-
ria, cobiça, perversões, eróticas, somáticas, 
psíquicas, etc. (sua função é explicar fatos da 
realidade); 
b) o texto apresenta mudanças de situação, em 
geral implícitas (por exemplo, da inexistência 
de uma raça triste à sua existência, pela luta 
entre a luxúria e a cobiça; a passagem de um 
estado de intensa vida sexual a um estado de 
tristeza); 
c) a progressão temporal dos enunciados não tem 
qualquer importância, pois o que interessa no 
texto são as relações de causalidade (o brasi-
leiro é triste porque...). 
Esse é um texto dissertativo. Dissertação é o tipo 
de texto que se destina a analisar, interpretar e explicar os 
dados da realidade. Suas características são: 
a) é temático; 
b) apresenta mudanças de situação; 
c) não têm nele maior importância as relações de 
anterioridade e posterioridade dos enunciados, 
mas sim suas relações lógicas: analogia, perti-
nência, causalidade, coexistência, implicação, 
correspondência, etc. 
Resumindo, podemos dizer que os textos narrati-
vos e descritivos são figurativos. Os primeiros mostram as 
mudanças de estado de um ser particular, com os enunci-
ados encadeados numa progressão temporal, isto é, nu-
ma relação de anterioridade e posterioridade. Os segun-
dos expõem propriedades e aspectos de um ser ou um 
fato particular organizados numa relação de simultaneida-
de. 
O texto dissertativo é temático. Busca explicar e 
ordenar a realidade. Por isso, trabalha com conceitos 
abstratos, com modelos gerais, muitas vezes abstraídos 
do tempo e do espaço. Nele, as relações de anterioridade 
e posterioridade ombreiam-se com as demais relações 
lógicas. A dissertação também aborda mudanças de es-
tado, mas o faz de maneira diferente da narração. En-
quanto o centro desta é o relato das mudanças, o daquela 
é a explicação e a interpretação das transformações rela-
tadas. 
O estudo das características dos textos narrativos, 
descritivos e dissertativos tem uma dupla função: de um 
lado, determinar o tipo de texto que se analisa ajuda a 
compreender melhor os sentidos que ele veicula, uma vez 
que cada uma das classes de texto se destina a apresen-
tar significados de uma certa maneira; de outro, tomar 
consciência das diferenças constitutivas dos diversos 
tipos de texto auxilia a tornar a produção textual mais 
eficiente. Assim, o estabelecimento de uma tipologia tex-
tual não concerne somente à recepção do texto, mas 
também a sua produção. Esse duplo objetivo deve ficar 
bem marcado para que não se pense que o ensino da 
12 LÍNGUA PORTUGUESA 
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leitura e o da redação são coisas completamente diver-
sas. Ao contrário, são indissociáveis. Embora de pontos 
de vista diferentes, os mecanismos são levados em conta 
tanto no ato de ler quanto no de redigir. 
Há um último ponto a discutir. Geralmente se pen-
sa que é só na dissertação que o produtor do texto mani-
festa um ponto de vista sobre um determinado assunto. 
Isso é errôneo. Também na descrição e na narração es-
tão presentes os pontos de vista de quem elabora o texto. 
O que varia é a maneira como esses pontos de vista são 
manifestados em cada tipo de texto. No texto dissertativo, 
por ser um texto temático, eles são expressos explícita e 
diretamente. Assim por exemplo: 
 
Texto 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
10 
 
 
 
―Apesar do empenho inegável que o sr. de-
dica à tarefa de desmantelar os partidos, 
abater as entidades empresariais e os sindi-
catos, sufocar as organizações culturais e 
intimidar a imprensa, prevalecendo-se dadesordem ideológica de nossa época, açam-
barcando a torto e a direito bandeiras, que 
vão do moralismo mais tacanho à ecologia, 
inspirando-se em estereótipos aqui do fa-
cismo, acolá da social-democracia, mas lan-
çando sempre uma névoa cintilante de con-
fusão sobre a sociedade - apesar disso tudo 
o sr. é obrigado a ouvir vozes capazes de 
dizer não.‖ 
FRIAS FILHO, Otávio. Carta aberta ao sr. presidente da 
República. Folha de São Paulo, São Paulo, 25/4/91, p.1. 
Numa descrição, quem faz o texto manifesta seus 
pontos de vista, entre outros recursos, pela adjetivação 
escolhida e pelos aspectos selecionados. Observe no 
texto abaixo como há uma reticência do produtor em rela-
ção ao Gallery: 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
―Saindo-se dele (do pequeno hall de entra-
da), há uma encruzilhada. À direita, por 
uma escada, sobe-se ao bufê. Pela esquer-
da, entra-se no bar e, depois, no restauran-
te. (Um belo piano-bar, onde o cantor Jorge 
Rodrigues, acompanhado ao teclado por 
Pachá, enleva pares românticos, com sua 
voz de Bob Short. É um bom restaurante, no 
qual os cristais, como as porcelanas, são 
finos e os talheres, a exemplo dos preços, 
são pesados.) Em frente, vai à boate. Há 
telas, esculturas, grades, colunas e tapeça-
rias por todos os lados, formando um ambi-
ente que é um misto de trem fantasma, 
museu e boate.‖ 
VEJA EM SÃO PAULO. São Paulo: Ed. Abril, 6-
12/5/1991, p. 17-18 
Na narração há muitos meios de manifestar pontos 
de vista, um deles é a seleção de figuras. Dizer ―sem 
terras ocupam terreno na zona leste‖ expressa uma visão 
de mundo diferente de ―Bando de desocupados invade 
propriedade na zona leste‖. Quando se narra a história de 
um presidente que dizia trabalhar pelos pobres e caçar 
marajás e que aprovava um generosa doação do Tesouro 
aos usineiros e que admitia que um ministro mantivesse 
uma acumulação irregular de cargos, o confronto entre o 
dizer e o fazer revela um ponto de vista sobre esse presi-
dente. 
Aqui estão algumas características do dissertar, do 
narrar e do descrever. Essas características não constitu-
em uma fôrma que limita o engenho humano. Ao contrá-
rio, o homem serve-se delas para criar textos muito varia-
dos. Misturando diferentes tipos, forja o novo o inusitado. 
A criatividade consiste em juntar ingredientes idênticos de 
maneira diferente. No poema ―O ferrageiro de Carmona‖, 
de João Cabral, o ferrageiro ensina ao poeta que há duas 
maneiras de trabalhar o ferro: a fundição e o forjamento. 
Na primeira, é uma fôrma que dá forma ao ferro; na se-
gunda, é a mão do homem. O ferrageiro diz que o ferro 
não deve fundir-se, pois o verdadeiro trabalho com o ferro 
é o forjamento. 
 
1 
 
 
 
5 
―Só trabalho em ferro forjado 
que é quando se trabalha o ferro: 
então, corpo a corpo com ele, 
domo-o, dobro-o, até o onde eu quero. 
O ferro fundido é sem luta, 
é só derramá-lo na fôrma. 
Não há nele a queda-de-braço 
e o cara-a-cara de uma forja.‖. 
MELO NETO, João Cabral de. ―O ferrageiro de Carmo-
na‖. In _____. Crime na calle Relator. Rio de Janeiro: 
Nova Fronteira, 1987, p. 31-32. 
O fero é figura da linguagem. Não se trabalha com 
ela por meio de fôrmas, mas, num cara-a-cara, domando-
a, dobrando-a, até que ela expresse o sentido que se 
quer. O estudo dos tipos não pode ser usado para cercar 
a criação (o forjamento), mas para ajudá-la. O trabalho 
pedagógico não é um freio à experimentação, mas um 
acicate a ela. A importância da tipologia é permitir uma 
melhor expressão dos sentidos e não restringi-la. 
Talvez este texto suscite muitas dúvidas, muitas 
questões, muitas perguntas. Mas como dizia Guimarães 
Rosa: ―Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, 
é só fazer outras maiores perguntas‖. 
FIORIN, José Luiz (1991). ―Tipologia dos textos‖. In LOPES, 
Harry Vieira et alii (org.) Língua Portuguesa – O currículo e a 
compreensão da realidade. São Paulo, Secretaria de Estado de 
Educação/Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, 
1991: 33-42. 
 
EXERCÍCIOS 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
25 
 
 
 
A Revolução Industrial provocou a dissoci-
ação entre dois pensamentos: o científico e 
tecnológico e o humanista. A partir do 
século XIX, a liberdade do homem começa 
a ser identificada com a eficiência em do-
minar e transformar a natureza em bens e 
serviços. O conceito de liberdade começa a 
ser sinônimo de consumo. Perde importân-
cia a prática das artes e consolidam-se a 
ciência e a tecnologia. Relega-se a preocu-
pação ética. A procura da liberdade social 
se faz sem considerar-se sua distribuição. 
A militância política passa a ser tolerada, 
mas como opção pessoal de cada um. 
Essa ruptura teve o importante papel de 
contribuir para a revolução do conheci-
mento científico e tecnológico. A sociedade 
humana se transformou, com a eficiência 
técnica e a consequente redução do tempo 
social necessário à produção dos bens de 
sobrevivência. 
O privilégio da eficiência na dominação da 
natureza gerou, contudo, as distorções 
hoje conhecidas: em vez de usar o tempo 
livre para a prática da liberdade, o homem 
reorganizou seu projeto e refez seu objeti-
vo no sentido de ampliar o consumo. O 
avanço técnico e científico, de instrumento 
LÍNGUA PORTUGUESA 13 
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30 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
40 
 
da liberdade, adquiriu autonomia e passou 
a determinar uma estrutura social opressi-
va, que servisse ao avanço técnico e cien-
tífico. A liberdade identificou-se com a 
ideia de consumo. Os meios de produção, 
que surgiram no avanço técnico, visam 
ampliar o nível dos meios de produção. 
Graças a essa especialização e priorização, 
foi possível obter-se o elevado nível do 
potencial-de-liberdade que o final do sécu-
lo XX oferece à humanidade. O sistema 
capitalista permitiu que o homem atingisse 
as vésperas da liberdade em relação ao 
trabalho alienado, às doenças e à escas-
sez. Mas não consegue permitir que o po-
tencial criado pela ciência e tecnologia seja 
usado com a eficiência desejada. 
(Cristovam Buarque, Na fronteira do futuro. 
Brasília: EDUnB, 1989, p. 13; com adaptações) 
 
Julgue os itens abaixo, relativos às ideias do texto 
047 ( ) O conceito de ―liberdade‖ é tomado como sinôni-
mo de consumo e de eficiência no domínio e na trans-
formação da natureza em bens e serviços. 
048 ( ) O autor sugere que o sistema capitalista apresen-
ta a seguinte correlação: quanto mais tempo livre, 
mais consumo, mais lazer e menos opressão. 
049 ( ) Depreende-se do primeiro parágrafo que a ética 
foi abolida a partir do século XIX. 
050 ( ) No segundo parágrafo, a expressão ―Essa ruptu-
ra‖ retoma e resume a ideia central do parágrafo ante-
rior. 
051 ( ) O emprego da expressão ―as vésperas da liber-
dade‖ (linha 41) sugere que a humanidade ainda não 
atingiu a liberdade desejada. 
 
Quanto à organização do texto, julgue os itens a seguir. 
052 ( ) A argumentação do texto estrutura-se em três 
eixos principais: ciência e tecnologia, busca da liber-
dade e militância política. 
053 ( ) A tese para esse texto argumentativo pode assim 
ser resumida: nem todo ―potencial-de-liberdade‖ gera 
liberdade com a eficiência desejada. 
054 ( ) Para organizar o texto, predominantemente argu-
mentativo, o autor recorre a ilustrações temáticas e 
trechos descritivos sobre condições das sociedades. 
055 ( ) A ideia de melhor aproveitamento do tempo como 
resultado da eficiência técnica é um argumento utiliza-
do para provar a necessidade de lazer e descanso dos 
homens. 
056 ( ) O fragmento a seguir, caso fosse utilizado como 
continuidade do texto, manteria a coerência da argu-
mentação: Existe, assim, uma ambiguidade entre a 
ampliação dos horizontes da liberdade e os resulta-
dos, de fato, alcançados pelo homem. 
 
PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS 
A língua portuguesa dispõe de diferentes proces-
sos de combinação de morfemas para formar novas pala-
vras. Para compreender

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