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· Como funcionam as eleições para o parlamento britânico e o processo de formação do gabinete? Os membros do parlamento britânico (câmara dos comuns) possuem 650 cadeiras nas eleições gerais e são eleitos pelo voto popular a cada cinco anos (vale ressaltar que o voto é facultativo). O país é dividido em distritos de população quase igual, sendo que cada um deles escolhe apenas um candidato a ser seu representante no parlamento, sendo que o vencedor não precisa necessariamente contar com mais da metade dos votos. Escolhidos os membros da câmara dos comuns, o partido que ficar com pelo menos metade das cadeiras no parlamento, indicará o primeiro ministro, que, por sua vez, irá formar o gabinete, em conjunto com os secretários que ele escolher. Por conta disso, o gabinete em geral é unipartidário, ou seja, todos os secretários são do partido do primeiro ministro. · Por que o sistema eleitoral britânico é considerado desproporcional? Quais partidos costumam ser beneficiados pelas regras e quais são os prejudicados? Exemplifique. O sistema eleitoral britânico é considerado desproporcional, pois os partidos menores, ainda que sejam uma minoria numerosa, não conseguem chegar ao governo, o que faz com que esse sistema se torne bipartidário, apesar de permitir a criação de outros partidos. Esse sistema favorece os dois maiores partidos (conservador e trabalhista), que possuem força aproximadamente igual e sempre um deles que indica o primeiro ministro, o que favorece a governabilidade, pois este sempre terá maioria no parlamento. Esse modelo também força os partidos a adotarem uma postura mais moderada, já que os perdedores nada ganham e os partidos mais radicais não conseguem chegar ao poder, assim, até mesmo os dois maiores partidos são unidirecionais (possuem apenas algumas divergências pontuais e tendem ao centro). Essa desproporcionalidade acontece por conta da maioria fabricada, ou seja, um partido que vence em uma maior quantidade de distritos acaba obtendo mais cadeiras no parlamento do que um partido que obtém uma maior quantidade absoluta de votos espalhados no país e vence em menos distritos. Assim, embora um partido tenha maioria dentre a população, acaba não tendo maioria na câmara dos comuns, ficando sub-representado. Um exemplo de maioria fabricada é o das eleições de 2015, quando o Partido Escocês venceu em 52 distritos (consequentemente obteve o mesmo número de cadeiras no parlamento) e o Partido Liberal, que obteve aproximadamente um milhão de votos a mais, ganhou em apenas 8 distritos, pois obteve votos espalhados pelo país, e acabou ficando sub-representado no parlamento apesar de ter maioria em relação ao Escocês. · Como é a relação do governo central com os governos locais do Reino Unido? E quais as diferenças entre a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns? No Reino Unido, o governo é unitário e centralizado, ou seja, o poder fica concentrado no parlamento britânico, o que torna os governos locais (Escócia, Wales e Irlanda) subordinados ao governo central. Os governos locais são dependentes financeiramente do parlamento britânico e, ainda que executem algumas funções, não têm seu poder garantido pela constituição e não atingem maioria no parlamento. O movimento separatista da Irlanda critica justamente essa falta de autonomia dos governos locais em relação ao central. Quanto ao poder legislativo no Reino Unido, todo o poder é concentrado em uma legislatura unicameral, ainda que seja dividido entre Câmara dos Lordes e Comuns, já que, apenas essa segunda possui poder de fato. Os membros do parlamento (Câmara dos Comuns) são eleitos pelo voto popular e detém de quase todo o poder legislativo. Já os integrantes da Câmara dos Lordes, são membros da nobreza hereditária e são mantidos em seus cargos por questões decorativas e têm o único poder de adiar a entrada em vigor de alguma lei aprovada pelo parlamento em apenas um ano ou, em casos de leis orçamentárias, em apenas um mês, não atuando como casa revisora e nem detendo do poder de veto. · Quais as diferenças entre o sistema constitucional britânico e o brasileiro? E quanto ao sistema partidário? No sistema político britânico, ao contrário do brasileiro, existe uma alta flexibilidade constitucional, já que o país não possui uma constituição escrita por serem mais apegados a costumes do que a leis e as relações de poderes, instituições e direitos fundamentais são definidos em textos legais como a Magna Carta e a Declaração dos Direitos. Assim, qualquer lei no Reino Unido pode ser alterada pelo parlamento se contar apenas com uma maioria simples. Já no Brasil, há uma alta rigidez constitucional por conta da constituição prolixa, que conta com mais de 200 artigos difíceis de serem alterados pois, para propor uma emenda à constituição é necessária a aprovação de um terço dos deputados, ou da assembleia legislativa ou que seja proposta pelo presidente e, para que esta emenda entre em vigor realmente, é necessário que esta obtenha três quintos dos votos do total dos membros de cada casa legislativa. Além disso, no Brasil, há uma instituição de revisão constitucional: o Supremo Tribunal Federal, cujos membros atuam como “guardiões da constituição”, testando a constitucionalidade das legislações. Já no Reino Unido, os parlamentares, apesar de normalmente respeitarem as regras da constituição não escrita, não são ligados a ela formalmente, assim, tudo o que for aprovado por estes terá validade e não haverá uma lei maior contra a qual possam testar a constitucionalidade das decisões. Quanto ao sistema partidário, o Brasil se difere do Reino Unido por dispor de um multipartidarismo, que favorece partidos menores, pois segue o sistema proporcional no qual os partidos que ganham determinada porcentagem de votos nas eleições gerais, ficam com a mesma porcentagem de cadeiras na câmara dos representantes e pouco importa qual foi o candidato mais votado de cada partido. Já no Reino Unido, o sistema de eleições é majoritário, o que favorece a identificação dos candidatos, pois cada partido indica apenas um por distrito. E apesar de existirem diversos outros partidos, apenas dois conseguem chegar ao poder realmente, o que faz com que os partidos menores, apesar de serem uma minoria numerosa, não consigam chegar ao poder e fiquem apenas na oposição.
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