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ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de atividade individual Disciplina: Direito Societário - Sociedade Anônima Módulo: Módulo 5 Aluno: Renata Vannucy Dantas Gonçalves Turma: PGO_DSSAPOSEAD-36_14022022_2 Tarefa: Atividade Individual Parecer Ementa: A EMPRESA solicitou uma análise sobre eventuais pontos de convergência e de divergência com relação a situação da mesma e de um acionista possuidor de ações de fruição em frente a um cenário de cisão total da companhia. Em resumo, a companhia de capital aberto funcionou regularmente por determinado tempo até se encontrar em uma situação econômica, financeira e patrimonial desgastada, fazendo-a requerer a sua recuperação judicial. Após ver o encerramento formal da recuperação judicial com o reequilíbrio da atividade empresarial, o Conselho de Administração propôs uma cisão total da empresa, o que foi aprovado em assembleia geral extraordinária. O protocolo e a justificação previam uma conversão total do patrimônio em três pessoas jurídicas novas e distintas, criadas para receber o patrimônio da companhia cindida a ser extinta. Um detalhe importante é que a cisão trará redução patrimonial e que os acionistas serão reembolsados parcialmente. Nesse contexto, um dos acionistas se apresentou na condição de ter amortizado o investimento feito no passado, detendo no seu poder ações de fruição. A partir do exposto, o Conselho questiona como deverá proceder em relação ao titular da ação de fruição. INTRODUÇÃO: Para a elaboração deste parecer analisaresmos os termos da Lei das Sociedades Anônimas que trará luz às questões de cisão de empresas, conselho de administração, efeitos de amortização, direitos e deveres de acionistas detentores de ações de fruição etc. Nos embasaremos também em outras legislações vigentes para entendermos melhor os ensinamentos, os princípios e as doutrinas relacionados às sociedades de capital aberto e fechado bem como seus conceitos; e também abordaremos as muitas características de uma cisão de companhia, seu conceito, processo e efeito. Sociedade Anônima: Segundo ensina o doutrinador Spencer Vampré, a sociedade anônima é 2 “A sociedade, sem firma social, onde todos os sócios respondem somente pelo valor das ações, que subscrevem, ou que lhes são cedidas, as quais, por sua vez, podem ceder-se livremente”. No Brasil as Sociedades Anônimas são regulamentadas pela Lei das Sociedades Anônimas, nº 6.404/76 que recebe o endosso do Código Civil, Lei 10.406/02, que inclusive deve ser aplicado quando há um cenário de omissão da lei especial. Podemos enfatizar quatro características das sociedades anônimas: a) capital social – item necessário para a formação e funcionamento da empresa, pode ser composto de bens materiais ou imateriais, e dividida em ações; b) livre cessibilidade de capital – pode-se transmitir as ações para terceiros e pode ser categorizada como sendo de capital aberto ou capital fechado (veremos seus conceitos mais adiante); c) responsabilidade limitada dos acionistas – a responsabilidade dos acionistas se limita ao preço de emissão das ações que os mesmos subscreverem, após valor integralizado, o sócio deixa de ter responsabilidade patrimonial sob a empresa em caso do empreendimento não ser bem sucedido; e d) essência mercantil – na Lei da Sociedade Anônima, diz-se que a empresa está sujeita à falência e pode requerer a recuperação judicial, qualquer que seja seu objeto, como lemos abaixo: Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. § 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio”. Sociedade de Capital Aberto Esta modalidade de sociedade pode obter recursos com investidores em geral pela oferta de valores imobiliários – que são “títulos de crédito emitidos pela sociedade anônima com o objetivo de captar esses recursos. São alguns exemplos de valores mobiliários: ações, debêntures, bônus de subscrição, partes beneficiárias”. Como este modelo adquire seus recurso no mercado de capitais, ele está sujeito à fiscalização governamental, e para seu perfeito funcionamento, deve estar registrada na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Além da CVM como órgão fiscalizador e regulador das Sociedades Abertas, temos também alguns artigos da própria Lei das Sociedades Anônimas que mencionam inúmeras medidas protetivas do mercado. Sociedade de Capital Fechado: A Sociedade Anônima de capital fechado caracteriza-se por pertencer a um pequeno grupo restrito de acioniostas, ela não oferece participações de sociedades à investidores no formato de ações a serem negociadas na bolsa de valores. Neste modelo de companhia, a um novo sócio só é possível ingressar se um dos proprietários decidir vender a sua a esta pessoa. Ações: Neste caso em específico estamos analisando uma sociedade anônima de capital aberto, ou seja, uma sociedade que faz comercialização de suas ações no mercado de valores. Todavia, cada ação é muito importante pra empresa já que elas constituem o capital social da mesma. De acorco com os Art 16, 17 e 44 § 5º da LSA, as ações podem dividir-se em: a) Ações ordinárias são as comuns, de emissão obrigatória pela companhia e que dá acesso à direitos comuns que são atribuídos a qualquer acionista, sem vantagens ou restrições; b) Ações preferenciais que dão direito às mesmas coisas que as ações ordinárias acrescidas de preferências e vantagens distintas, que podem ser positivias ou negativas, ou seja, direitos ou obrigações, podendo ter ou não direito a voto; c) Ações de fruição, que é o foco da nossa análise neste parecer, são aquelas que representam uma espécie de ação que pode ter natureza ordinária ou preferencial, mas que se torna de fruição em razão de sua correspondente amortização. De acordo com o doutrinador Gladson Mamede: “A ação de fruição é o resultado do procedimento de amortização. Seus titulares, embora detenham títulos de participação na sociedade, já foram reembolsados pelo investimento que fizeram na companhia, vale dizer, pelos valores desembolsados para a realização daquelas ações. (...) Essa amortização pode ser integral ou parcial, podendo abranger todas as classes de ações ou só uma delas, sendo que as ações integralmente amortizadas podem ser substituídas por ações de fruição.” Entendemos então que, em nosso caso analisado, o acionista de fruição não tem mais investimento societário efetivo na sociedade, pois o montante que ele deu à época da integralização do capital social da sociedade já foi devolvido a ele. Além disso, a empresa de capital aberto enfrentou um processo de recuperação judicial, que foi encerrado formalmente para o reequilíbrio da atividade empresarial, nos termos do que dispõe o art. 63, da lei 11.101/2005. Cisão: Falaremos agora sobre os conceitos e processos de uma reorganização societária no modo cisão, porém há também as modalidades de transformação (mudança no tipo de sociedade que independe de sua dissolução ou liquidação), incorporação (uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, garantindo-lhes todos os direitos e obrigações) e fusão (uma ou mais sociedades se unem para criar uma sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações). A reorganização societária no formato cisão resume-se à modificação na estrutura de uma sociedade que tem como objetivo suprir os interesses dos acionistas e investidores em busca de maior lucro, mudança de seguimento ou reestruturação da organização, além de buscar a alteração e adaptação da mesma às novas formas de atuação no mercado. Neste modelo, a empresa cede parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, criadas para isto ou já existentes no mercado, o que acarretará na extinção da empresa cindida. Quanto à responsabilidade pela empresa, no Art. 233 da LSA, lê-se: “Art. 233. Na cisão com extinção da companhia cindida,as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas 4 obrigações da companhia extinta. Parágrafo único. O ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida, mas, nesse caso, qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação dos atos da cisão.” Ou seja, a sociedade que receber em parte ou em sua integralidade o patrimônio da empresa que sofreu a cisão, responderá solidariamente pelas responsabilidas da mesma. E no caso da sociedade cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimônio, essas responderão solidariamente pelas obrigações da primeira, desde que anteriores à cisão. Devemos mencionar ainda que, no processo de cisão da sociedade, os direitos dos acionistas adquiridos continuam com a aquisição das ações, há uma relação de direitos essenciais dos acionistas, como lemos no Art. 109 da LSA, que explicita o direito de participação dos lucros sociais, e do acervo em caso de liquidação, direito de fiscalização, direito de preferência na subscrição de ações além de valores mobiliários e direito de retirada. Vale ressaltar que os direitos acima mencionados não podem ser suprimidos nem pela assembleia geral, nem pelo estatuto da sociedade. Vale ressaltar as três privações do titular da ação de fruição que independe de assembleias ou acordos estatutários, a saber: a) as ações amortizadas concorrerão ao acervo líquido somente depois da quitação com as ações não amortizadas; b) na hipótese de reembolso, o valor que as ações amortizadas receberão deve ser compensado; e c) não há direito ao recebimento de juros sobre o capital próprio, por não existir mais capital integralizado. Considerações Finais: Esse parecer objetiva não poderia focar na ação de fruição sem mancionar outros temas tão relevantes e em concordância com ela, por isso falamos um pouco sobre as sociedades anônimas, entidades de capital fechado e aberto e sua funcionalidade. Através de assembleias gerias ou pelo estatuto social conseguimos decidir qual o melhor momento para se realizar uma quitação por meio de amortização das ações de alguns sócios investidores. Devemos nos lembrar que a amortização diminui a dívida societária por meio do pagamento em parte ou gradual do valor liquidado das ações, o que significa que a empresa faz a análise dos valores das ações calculando naquele momento como seria o cenário caso a liquidação da empresa acontecesse naquele instante, e com esse cálculo devolve-se ao acionista o valor do seu investimento. A análise aqui apresentada nos permite concluir que o acionista de fruição não mais tem investimento na sociedade já que o valor que por ele foi entregue à empresa já lhe foi devolvido. Não nos esquecendo também que essa empresa passou pelo processo de recuperação judicial, processo esse que encerrou-se de maneira formal com o equilibrio da atividade empresarial. Conclui-se então que o acionista das ações de fruição não tem direito ao reembolso parcial dos acionistas, uma vez que já recebeu anteriormente o montante equivalente ao investimento feito na época da amortização das suas ações, ou seja, já recebeu antecipadamente o valor patrimonial correspondente às suas ações. Referências Bibliográficas: Lei das Sociedades Anônimas - Lei nº 6.404/1976 - <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 1 Mar 2022. Lei de Recuperação Judicial e Falência – Lei nº <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm>. Acesso em: 4 Mar 2022. MEMEDE, Gladson. Direito Empresarial Brasileiro - Direito Societário - Sociedades Simples e Empresárias - 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2018. <https://forumturbo.org/wp-content/uploads/wpforo/attachments/2/4619-Direito-Societrio- Sociedades-Simples-e-Empresrias-Gladston-Mamede-2019.pdf> Acesso em 4 Mar 2022. NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercia e de empresa, Vol 1: Teoria geral da empresa e direito societário / Ricardo Negrão / 12Edição – São Paulo: Saraiva, 2015. VAMPRÉ, Spencer. Tratado elementar de direito comercial. Rio de Janeiro.: F. Briguiet, 1992 Atividade individual
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